Buscar

DIREITO CIVIL IV AULA 11

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

DIREITO CIVIL IV
Aula 11 – Aquisição da propriedade móvel
O CC/02, disciplina como modo de aquisição da propriedade móvel: usucapião, ocupação, achado do tesouro, tradição, especificação, confusão juntamente com a comistão e a adjunção;
1) DA OCUPAÇÃO (art. 1263, CC)
É modo de aquisição originária da propriedade móvel, consistente “na tomada da posse de coisa sem dono, com a intenção de se tornar proprietário”. 
São coisas sem dono: res nullius (coisa de ninguém) e res derelicta (abandonadas)
Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa ;ocupação defesa por lei
Contudo, cabe dizer que “abandono” não se presume – deve ocorrer de forma clara a vontade do proprietário de se despojar do que lhe pertence;
O CC/16, tratava como modalidades de ocupação - a caça, a pesca, invenção(descoberta/1.234) e do tesouro .
2) DA USUCAPIÃO (1.260, CC)
Nesta modalidade de aquisição de propriedade móvel, não se demonstra a mesma importância do que a de imóveis. Aqui há a previsão de prazo mais reduzidos pelo CC/02;
Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente durante três anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade. (
Art. 1.261. Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos, produzirá usucapião, independentemente de título ou boa-fé. (tr 
Obs.: polêmica sobre a possibilidade de usucapião de bens furtados ou roubados pelo adquirente de boa-fé.
 A jurisprudência vem entendendo que há, sim, possibilidade de o adquirente de boa-fé usucapir o bem, desde que não una sua posse a da pessoa que praticou o crime
BEM MÓVEL - USUCAPIÃO - INEXISTÊNCIA DE CONTROVÉRSIA ACERCA DO DECURSO DO PRAZO DA PRESCRIÇÃO AQUISITIVA - AINDA QUE SE TRATE DE BEM PRODUTO DE FURTO PODE- SE RECONHECER A USUCAPIÃO PARA A AQUISIÇÃO DO DOMÍNIO DA "RES" - RECURSO IMPROVIDO. (Proc. APL 697516520098260000 SP 0069751-65.2009.8.26.0000; 13/06/2011)
3) DA TRADIÇÃO (1.267 e 1268, CC)
O contrato por si só não transfere a propriedade, gerando apenas obrigações - a aquisição do domínio de bem móvel só ocorrerá se lhe seguir a tradição;
Assim consiste, na entrega da coisa do alienante ao adquirente, com a intenção de lhe transferir o domínio, em complementação do contrato; (o
Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição.
Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente continua a possuir pelo constituto possessório; quando cede ao adquirente o direito à restituição da coisa, que se encontra em poder de terceiro; ou quando o adquirente já está na posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico.
a entrega torna-se pública a transferência)
A tradição, pode ser real, simbólica, ou ficta – não pode ser feita por quem não é proprietário (art. 1.268) – exceto quando oferecida ao público, em leilão ou estabelecimento comercial, for transferida em circunstâncias tais que ao adquirente de boa-fé, como a qualquer pessoa, o alienante se figurar dono;
 A aquisição a non dominio, é negócio inexistente, perante o verdadeiro proprietário, mas se aquele vem a ratificá-la, ou se o vendedor se torna proprietário, fica convalescido o ato
4) DA ESPECIFICAÇÃO (1.269, CC)
Ocorre quando alguém trabalhando em matéria–prima, obtém espécie nova - assim esta será do especificador, se a matéria era sua, ainda que só em parte e não se puder restituir à forma anterior;
A matéria será do especificador, se pertencia inteiramente a ele, passando ele a ser dono da espécie nova – mas obtendo espécie nova, a redução à forma anterior for possível sem qualquer dano, opera-se o restabelecimento do status quo, à custa do especificador, devolvendo-se ao verdadeiro dono o que lhe pertencia;
Mas se a matéria não for do especificador e a restituição à forma anterior se mostrar impossível (esculturas, construções realizadas com mármore e cimentos alheios) – dependerá a solução da boa-fé ou da má-fé do especificador
Art. 1.270. Se toda a matéria for alheia, e não se puder reduzir à forma precedente, será do especificador de boa-fé a espécie nova.
§ 1º Sendo praticável a redução, ou quando impraticável, se a espécie nova se obteve de má-fé, pertencerá ao dono da matéria-prima.
§ 2º Em qualquer caso, inclusive o da pintura em relação à tela, da escultura, escritura e outro qualquer trabalho gráfico em relação à matéria-prima, a espécie nova será do especificador, se o seu valor exceder consideravelmente o da matéria-prima
5) DA CONFUSÃO, COMISTÃO, E ADJUNÇÃO
confusão: é a mistura de coisas líquidas;
Comistão: a mistura de coisa sólidas ou secas;
Adjunção: é a justaposição de uma coisa a outra;
Se as coisas pertencem a donos diversos e foram misturadas “sem o consentimento deles”, continuam a pertencer-lhes – sendo possível separar a matéria-prima sem deterioração;
Mas sendo indiviso o todo, a espécie nova pertencerá aos donos da matéria-prima, cada qual com o seu quinhão proporcional ao valor do seu material;
Mas se uma das coisas puder ser considerada principal, em relação as outras, a propriedade da espécie nova será atribuída ao dono da coisa principal, mas no entanto caberá a este a obrigação de indenizar os outros (1272, §§1º e 2º)
No caso de má-fé será aplicado o disposto no art. 1.273, CC
PERDA DA PROPRIEDADE
O direito de propriedade, em decorrência da sua perpetuidade só poderá ser perdido: pela vontade do dono (alienação, renúncia, abandono) ou por causa legal (perecimento, usucapião, desapropriação e etc.) – art. 1.275 CC
1) alienação: ocorrerá por meio de um contrato, ou seja negócio jurídico bilateral pelo qual o titular transfere a propriedade a outra pessoa, podendo ser:
A título oneroso (compra e venda);
A título gratuito (doação);
Voluntária (dação em pagamento);
Compulsória (arrematação);
Decorrer de um ato potestativo (independe da vontade do proprietário art. 505, CC);
Em qualquer caso, quanto aos efeitos da perda da propriedade imóvel serão subordinados ao “registro” do título transmissivo (1275, § único);
2) renúncia: trata-se de ato unilateral onde o titular abre mão de seus direitos sobre a coisa de forma “expressa”;
 Deverá ser registrado no Registro de imóveis competente o ato renunciativo de imóvel (1275, § único) – é exigido escritura pública para a renuncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no país (108, CC).
A renuncia de sucessão aberta, também deverá constar expressamente em instrumento publico ou ser tomada por termo nos autos (1.806, CC)
3) abandono: trata-se de ato unilateral, onde o titular abre mão de seus direitos sobre a coisa – não há manifestação expressa – caracterizada pela intenção (animus) de não mas ter a coisa pra si;
 A simples negligência não configura abandono que não se presume, os requisitos do abandono são: a derrelição da coisa e o propósito de não a ter mais para si;
Efeitos do abandono em zona urbana: quando o imóvel for abandonado, qualquer pessoa poderá dele apossar-se, mas poderá ocorrer o disposto no art. 1.276 CC: O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à do Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições.
Mas durante esse tempo há a possibilidade do proprietário arrepender-se no decurso de tal prazo, podendo nesse caso “reivindicar” o imóvel das mãos alheias pois a sua condição de dono somente se extinguirá quando findo o prazo;
Abandono de imóvel na zona rural: O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas circunstâncias, poderá ser arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade da União, onde quer que ele se localize. (1276, § 1º);
O §2º, determina a presunção absoluta de abandono, quando o proprietário deixa de satisfazer os
ônus fiscais
Perda pelo perecimento da coisa
 decorre pela “perda do objeto” – quando a coisa perece os respectivos proprietários perdem o poder que tinham sobre eles.
Disposto no art. 1.275, IV – elas decorrem em regra “de ato involuntário” de fenômenos naturais (incêndio, terremoto, raio e outras catástrofes) – no entanto também pode resultar em “ato voluntário”;
Perda da propriedade mediante desapropriação (1.275, V, CC)
Trata-se de modo involuntário de perda do domínio - é um instituto de direito público fundado no direito constitucional e regulado pelo direito administrativo, mas com reflexo no direito civil;
O art. 1.228, § 3º: “O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente.”
Já o § 4º, do mesmo artigo criou uma nova espécie de desapropriação: “O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante.”

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais