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A sociologia da educação

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A sociologia da educação é uma disciplina que estuda os processos sociais do ensino e da aprendizagem. Tanto os processos institucionais e organizacionais nos quais a sociedade se baseia para prover educação a seus integrantes, como as relações sociais que marcam o desenvolvimento dos indivíduos neste processo são analisados por esta disciplina.
O estudo de sociedades culturalmente diferentes oferece ferramentas importantes nesta análise. O conhecimento de como diferentes culturas se reproduzem e educam seus indivíduos permite uma aproximação dos processos mais estruturais que compõem a educação de uma forma mais ampla. A sociologia da educação é a extensão da sociologia que estuda a realidade socioeducacional. Oportuniza aos pesquisadores compreender que a educação se dá no contexto da sociedade, e não apenas na sala de aula, caracterizando a relação que há entre ser humano, sociedade e educação através de diferentes teorias sociológicas. Segundo Durkheim, a sociologia da educação serveria para os futuros professores para uma nova moral laica e racionalista, sem influência religiosa. A sociologia da educação começou a se consolidar por Marx e Engels, como o pensamento sobre as sociedades de seu tempo, criando uma relação de educação e produção. As concepções deles têm como início a revolução industrial, criando a educação politécnica, que combina a instituição escolar com o trabalho produtivo, acreditando que dessa relação nasceria um dos mais poderosos meios de transformação social. Em suma, a sociologia foi criada pela necessidade do sistema capitalista, fazendo a junção do conhecimento ao trabalho para assim ter uma obtenção maior de lucro no trabalho e na produção
Fonte: wikipedia
Émile Durkheim - O criador da sociologia da educação 
Para o sociólogo francês, a principal função do professor é formar cidadãos capazes de contribuir para a harmonia social
Márcio Ferrari 
Foto: Bettmann/Corbis
Em cada aluno há dois seres inseparáveis, porém distintos. Um deles seria o que o sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917) chamou de individual. Tal porção do sujeito – o jovem bruto –, segundo ele, é formada pelos estados mentais de cada pessoa. O desenvolvimento dessa metade do homem foi a principal função da educação até o século 19. Principalmente por meio da psicologia, entendida então como a ciência do indivíduo, os professores tentavam construir nos estudantes os valores e a moral. A caracterização do segundo ser foi o que deu projeção a Durkheim. "Ele ampliou o foco conhecido até então, considerando e estimulando também o que concebeu como o outro lado dos alunos, algo formado por um sistema de idéias que exprimem, dentro das pessoas, a sociedade de que fazem parte", explica Dermeval Saviani, professor emérito da Universidade Estadual de Campinas.
Dessa forma, Durkheim acreditava que a sociedade seria mais beneficiada pelo processo educativo. Para ele, "a educação é uma socialização da jovem geração pela geração adulta". E quanto mais eficiente for o processo, melhor será o desenvolvimento da comunidade em que a escola esteja inserida.
Nessa concepção durkheimiana – também chamada de funcionalista –, as consciências individuais são formadas pela sociedade. Ela é oposta ao idealismo, de acordo com o qual a sociedade é moldada pelo "espírito" ou pela consciência humana. "A construção do ser social, feita em boa parte pela educação, é a assimilação pelo indivíduo de uma série de normas e princípios – sejam morais, religiosos, éticos ou de comportamento – que baliza a conduta do indivíduo num grupo. O homem, mais do que formador da sociedade, é um produto dela", escreveu Durkheim.
Essa teoria, além de caracterizar a educação como um bem social, a relacionou pela primeira vez às normas sociais e à cultura local, diminuindo o valor que as capacidades individuais têm na constituição de um desenvolvimento coletivo. "Todo o passado da humanidade contribuiu para fazer o conjunto de máximas que dirigem os diferentes modelos de educação, cada uma com as características que lhe são próprias. As sociedades cristãs da Idade Média, por exemplo, não teriam sobrevivido se tivessem dado ao pensamento racional o lugar que lhe é dado atualmente", exemplificou o pensador. 
Ensino público e laico
Durkheim não desenvolveu métodos pedagógicos, mas suas idéias ajudaram a compreender o significado social do trabalho do professor, tirando a educação escolar da perspectiva individualista, sempre limitada pelo psicologismo idealista – influenciado pelas escolas filosóficas alemãs de Kant (1724-1804) e Hegel (1770-1831). 
"Segundo Durkheim, o papel da ação educativa é formar um cidadão que tomará parte do espaço público, não somente o desenvolvimento individual do aluno", explica José Sérgio Fonseca de Carvalho, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).
Biografia
Émile Durkheim nasceu em 1858, em Épinal, no noroeste da França, próximo à fronteira com a Alemanha. Era filho de judeus e optou por não seguir o caminho do rabinato, como era costume na sua família. Mais tarde declarou-se agnóstico. Depois de formar-se, lecionou pedagogia e ciências sociais na Faculdade de Letras de Bordeaux, de 1887 a 1902. A cátedra de ciências sociais foi a primeira em uma universidade francesa e foi concedida justamente àquele que criaria a Escola Sociológica Francesa. Seus alunos eram, sobretudo, professores do ensino primário. Durkheim não repartiu o seu tempo nem o pensamento entre duas atividades distintas por mero acaso. Abordou a educação como um fato social. "Estou convicto de que não há método mais apropriado para pôr em evidência a verdadeira natureza da educação", declarou. A partir de 1902, foi auxiliar de Ferdinand Buisson na cadeira de ciência da educação na Sorbonne e o sucedeu em 1906. Estava plenamente preparado para o posto, pois não parara de dedicar-se aos problemas do ensino. Dentro da educação moral, psicologia da criança ou história das doutrinas pedagógicas, não há campos que ele não tenha explorado. Suas obras mais famosas são A Divisão do Trabalho Social e O Suicídio. Morreu em 1917, supostamente pela tristeza de ter perdido o filho na Primeira Guerra Mundial, no ano anterior.
Nas palavras de Durkheim, "a educação tem por objetivo suscitar e desenvolver na criança estados físicos e morais que são requeridos pela sociedade política no seu conjunto". Tais exigências, com forte influência no processo de ensino, estão relacionadas à religião, às normas e sanções, à ação política, ao grau de desenvolvimento das ciências e até mesmo ao estado de progresso da indústria local. 
Se a educação for desligada das causas históricas, ela se tornará apenas exercício da vontade e do desenvolvimento individual, o que para ele era incompreensível: "Como é que o indivíduo pode pretender reconstruir, por meio do único esforço da sua reflexão privada, o que não é obra do pensamento individual?" E ele mesmo respondeu: "O indivíduo só poderá agir na medida em que aprender a conhecer o contexto em que está inserido, a saber, quais são suas origens e as condições de que depende. E não poderá sabê-lo sem ir à escola, começando por observar a matéria bruta que está lá representada". Por tudo isso, Durkheim é também considerado um dos mentores dos ideais republicanos de uma educação pública, monopolizada pelo Estado e laica, liberta da influência do clero romano. 
Autoridade do professor 
Durkheim sugeria que a ação educativa funcionasse de forma normativa. A criança estaria pronta para assimilar conhecimentos – e o professor bem preparado, dominando as circunstâncias. "A criança deve exercitar-se a reconhecer [a autoridade] na palavra do educador e a submeter-se ao seu ascendente; é por meio dessa condição que saberá, mais tarde, encontrá-la na sua consciência e aí se conformar a ela", propôs ele. "Em Durkheim, a autonomia da vontade só existe como obediência consentida", diz Heloísa Fernandes, da Faculdade de Ciências Sociais da USP. O sociólogo francês foi criticado por Jean Piaget (1896-1980) e PierreBourdieu (1930-2002), defensores da idéia de que a criança determina seus juízos e relações apenas com estímulos de seus educadores, sem que estes exerçam, necessariamente, força autoritária sobre ela.
Durkheim e a educação: padrão social
Sala de aula na França: adultos como 
responsáveis pela socialização dos jovens. 
Foto: Bert Hardy/Getty Images
A elaboração, adoção e socialização dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs)foi uma grande conquista para a educação brasileira. Houve padronização na indicação dos conteúdos curriculares e uma clara demonstração do que o governo espera dos jovens que deixarão os bancos escolares nos próximos anos. Para o professor Dermeval Saviani, da Unicamp, esse fato tem certa relação com as concepções de Durkheim. "Os currículos são sugeridos para todos. Esses documentos mostram as necessidades da sociedade. Agora, cabe aos estabelecimentos de ensino pegar essas indicações e moldá-las aos estudantes", explica. "A idéia de fundo é colocar as pessoas certas nos lugares certos, onde a comunidade precisa", diz.
Tempo de mudanças
A segunda metade do século 19 marca o nascimento de algumas ciências humanas, como antropologia, sociologia, psicanálise e lingüística. Charles Darwin (1809-1882), Karl Marx (1818-1883) e Sigmund Freud (1856-1939), para citar apenas alguns clássicos, estavam formulando as idéias que reorientariam o pensamento mundial mais tarde, assim como fez Durkheim no campo da sociologia. A França vivia um período de conflitos – parte da região da Lorena, onde Durkheim nasceu, foi tomada pela Alemanha em 1871, o que levou à guerra entre os dois países. Nesse mesmo ano, foi proclamada a Terceira República Francesa, que implantou medidas políticas inovadoras, como a instituição da lei do divórcio. Na educação, devido também à influência das concepções de Durkheim, a Terceira República trouxe a obrigatoriedade escolar para crianças de 6 a 13 anos e a proibição do ensino religioso nas escolas públicas, ideais que até hoje estão entre os pilares educacionais naquele país. Tais transformações foram fundamentais para a preocupação de Durkheim com a formação de professores para a nova escola laica republicana. Ele viveu também no período da chamada Segunda Revolução Industrial, quando o motor de combustão interna, o dínamo, a eletricidade, o telégrafo e o petróleo tomaram a atenção do mundo todo. Morreu durante a Primeira Guerra Mundial, no ano da Revolução Russa.
Para pensar
Durkheim dizia que a criança, ao nascer, trazia consigo só a sua natureza de indivíduo. "A sociedade encontra-se, a cada nova geração, na presença de uma tábua rasa sobre a qual é necessário construir novamente", escreveu. Os professores, como parte responsável pelo desenvolvimento dos indivíduos, têm um papel determinante e delicado. Devem transmitir os conhecimentos adquiridos, com cuidado para não tirar a autonomia de pensamento dos jovens. A proposta de Durkheim levará o aluno a avançar sozinho? Esse modelo de formação externa contraria a independência nos estudos? Ou será uma condição para que a educação cumpra seu papel social e político?
A Evolução Pedagógica, Émile Durkheim, 325 págs., Ed. Artmed, tel. 0800-703-3444 (edição esgotada) 
Durkheim, José Albertino Rodrigues (org.), 208 págs., Ed. Ática, tel. 0800-115-152, 27,50 reais 
Educação e Sociologia, Émile Durkheim, 132 págs., Edições 70, tel. (11) 3107-0017 (Livraria Portugal, importadora), 47 reais 
Sintoma Social Dominante e Moralização Infantil, Heloísa Rodrigues Fernandes, 219 págs., Edusp e Ed. Escuta, tel. (11) 3865-8950, 33,70 reais 
http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/criador-sociologia-educacao-423124.shtml acesso em 10/11/2010 16:36
WEBER E A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO I
Weber não privilegiou em sua análise sobre a sociedade capitalista a ocorrência de uma relação harmoniosa entre os indivíduos. Reconheceu, inclusive, a ocorrência de uma luta latente pela existência entre os indivíduos e a denominou de seleção social. O sociólogo diferenciou os termos seleção, seleção social e seleção biológica. A luta pela existência entre os indivíduos, quando não é intencional, é denominada seleção; quando se relaciona às chances que os indivíduos têm na vida, é denominada seleção social. A seleção biológica é a que se relaciona às chances de sobrevivência decorrentes do patrimônio genético de cada indivíduo. A seleção é permanente nas sociedades, e não existem meios de eliminá-la globalmente, a não ser teórica ou utopicamente. O autor entende que, a longo prazo, toda luta acarreta a seleção dos indivíduos possuidores de determinadas qualidades pessoais, e que o fator sorte também contribui para o êxito ou fracasso. A educação é um elemento importante por favorecer o êxito do indivíduo na seleção social. Um outro aspecto destacado pelo autor consiste em considerar a educação como uma relação associativa, tal como qualquer relação social, orientada racionalmente a um fim que pode criar valores diferentes dos intencionados. A educação pressupõe uma associação entre os indivíduos, e estes visam a um determinado objetivo. A adesão entre seus membros costuma acontecer de forma voluntária. Mas o resultado da ação de seus membros, em determinadas circunstâncias, pode ser heterogêneo, pois à “relação associativa segue-se, em regra, uma relação comunitária mais complexa que a abrange. É claro que isso ocorre apenas numa parte das relações associativas, a saber, naquelas em que a ação social pressupõe algum contato ‘pessoal’, e não puramente de ‘negócio’ ”(WEBER, 1997, p.280). Neste último caso, não são levadas em conta as qualidades pessoais do indivíduo em virtude do caráter econômico da troca de ações. Isso ocorre com freqüência em comunidades puramente econômicas e naquelas que possuem fins puramente políticos. A relação comunitária que se caracteriza pelo sentimento do indivíduo de pertencer ao mesmo grupo se distingue da participação num mercado. Mas “cria relações associativas entre os participantes individuais na troca e numa relação social (de ‘concorrência’, sobretudo) entre os que pretendem trocar e que, por isso, têm de orientar o seu comportamento pelo dos outros participantes” (WEBER, 1997, p.35). Existem relações associativas nas quais a admissão se dá em virtude de determinadas qualificações específicas dos indivíduos, que são examinadas e precisam do consentimento dos demais membros. “Nesse caso, os membros costumam examinar não apenas as funções e a capacidade do candidato individual, naquilo que diz respeito às finalidades expressas da associação, mas também seu ‘ser’, o valor de sua personalidade global” (WEBER, 1997, p280 e 281). Esse processo seletivo ocorre nos diversos tipos de associação,([1]) inclusive na educação. As características de personalidade ajudam a legitimar a admissão de um determinado indivíduo ante o mundo externo. O indivíduo, por participar de uma determinada ação social, pode obter benefícios não previstos nos fins específicos de uma determinada associação. “Por isso, é um fenômeno cotidiano o fato de que essas pessoas pertençam a uma associação religiosa, estudantil, política ou outra qualquer, apesar de indiferentes aos interesses nela cultivados, simplesmente por causa das ‘legitimações’ e ‘conexões’ economicamente aproveitáveis que elas propiciam” (WEBER, 1997, p.281). A obtenção de vantagens econômicas leva os indivíduos a circunscrevê-la a um grupo reduzido de pessoas, pois, quanto mais reduzido o grupo de uma associação que lhes possibilite legitimações e conexões economicamente aproveitáveis, maior é o prestígio social dos seus membros. Nas formações comunitárias as pessoas se distinguem por suas qualificações adquiridas com a educação ou a prática. Essas qualificações orientam a vida dos indivíduos de forma cavalheiresca, ascética, etc. A ação social, quando assume a forma de uma relação associativa, constitui uma corporação. A monopolização de uma profissão ocorre quando um grupo de pessoas adquire direitos plenos em relação a ela. Esses direitos sãoadquiridos mediante uma preparação de acordo com as normas da profissão, a comprovação da qualificação e a prestação de determinados serviços em determinados períodos de carência. As relações associativas hierárquicas das associações estudantis, as ordens cavalheirescas, as corporações de artesãos e as exigências de qualificação dos funcionários e empregados modernos são os exemplos, destacados pelo autor, de limitação da oferta de pretendentes às prebendas e ao resguardo de honras da posição profissional. [1] O autor cita as seitas religiosas e as uniões de caráter social. 
FONTE: http://pt.shvoong.com/social-sciences/1701934-weber-sociologia-da-educa%C3%A7%C3%A3o/
WEBER E A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO II
Weber constatou que determinadas formas de educação estamentais tendem a criar profissões qualificadas De uma maneira geral, as profissões pressupõem um mínimo de instrução e possibilidades contínuas de aquisição. As escolhas das profissões podem ser determinadas pela tradição (profissão hereditária), por uma consideração racional (renda) e por motivos afetivos. Como anteriormente mencionado, a educação é um elemento que contribui, para a seleção social e possui finalidades distintas de acordo com o tipo de dominação existente numa determinada sociedade. Convém ressaltar que a dominação ocorre em diferentes instituições, inclusive na escola. A esse respeito, o autor esclareceu que O âmbito da influência com caráter de dominação sobre as relações sociais e os fenômenos culturais é muito maior do que parece à primeira vista. Por exemplo, é a dominação que se exerce na escola que se reflete nas formas de linguagem oral e escrita consideradas ortodoxas. Os dialetos que funcionam como linguagem oficial das associações políticas autocéfalas, portanto, de seus regentes, vieram a ser formas ortodoxas de linguagem oral e escrita e levaram às separações ‘nacionais’ (por exemplo, entre a Alemanha e a Holanda). Mas a dominação exercida pelos pais e pela escola estende-se para muito além da influência sobre aqueles bens culturais (aparentemente apenas) formais até a formação do caráter dos jovens e com isso dos homens (WEBER, 1997 p.172). Nessa citação, Weber, atribui um importante papel às famílias no processo de socialização das crianças. Em Economia e Sociedade, o autor, ao se referir às formas de criação dos direitos subjetivos, fez uma menção à importância da família na educação dos jovens e das crianças. Ele enfatizou que o repúdio ao divórcio nas classes médias estava relacionado às dificuldades que a desagregação familiar traz para a educação das crianças e jovens([1]). Com o refinamento da cultura, tornam-se, cada vez mais, maiores as exigências dos indivíduos quanto ao cuidado dos filhos por parte dos casais. Dessa forma, o autor torna explícita que a sua abordagem da educação não se restringe à instituição escolar. ([1]) Para o autor, a família é tanto uma fonte de valores irracionais instituídos por regra geral como um apoio ao indivíduo.
	sociologia da educação de Pierre Bourdieu
	
	
	Escrito por ZÉU BARBOSA    
	Sex, 15 de Janeiro de 2010 18:07 
	Pierre Bourdieu viveu entre 1930 e 2002 e, na qualidade de Sociólogo, ao criticar, ao mesmo tempo, o objetivismo e o subjetivismo, aborda a herança familiar como importante fator de sucesso ou insucesso escolar; consequentemente, afirma que a escola é reprodutora de desigualdades sociais. Mas há quem aponte limitações a essa concepção.
Bourdieu foi um renomado sociólogo; filho de funcionário da empresa de correios, nasceu em Denguin (comuna francesa na região administrativa da Aquitânia) e, ao completar 28 anos de idade, passa a ser assistente na Universidade de Algéria, quando produz seus primeiros trabalhos sobre transformações sociais, inovando o debate na Sociologia da Educação. Este notável cientista contemporâneo constrói suas teorias a partir de múltiplas fontes teóricas, como as de Kant, Mauss, Austin, Norbert Elias, Lévi-Strauss, além das de Marx, Weber e Durkheim. Aposenta-se como diretor de estudos da Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales.
Epistemologicamente, critica a forma como o sujeito é tratado pelos sistemas institucionalizados, que apresentam fórmulas prontas para serem postas em prática pelos atores sociais; o que representa o objetivismo. Ao mesmo tempo, se afasta do modelo subjetivista, em que o indivíduo age de modo exclusivo com suas escolhas, preferências e atitudes. Assim, Bourdieu busca a superação de um dilema clássico do pensamento sociológico: a oposição objetivismo x subjetivismo.
É nesta perspectiva que o autor dirige seu foco para a carga cultural ou herança familiar como vetor do sucesso ou insucesso da pessoa nas fronteiras internas da escola. Os gostos, etiqueta, maneiras de se dirigir a outrem, religiosidade, enfim, os costumes diferenciam o aluno no que tange ao tratamento que ele recebe no âmbito do sistema educacional. Em outras palavras, uma pessoa de habitus requintados e linguagem refinada se sobressai e alcança melhores posições na escola e, com efeito, no mundo profissional. A verdade desta hipótese frustra pessoas menos favorecidas e avoluma as estatísticas de reprovação e evasão escolares, confirmando a assertiva de que a educação formal é uma extensão da educação doméstica e que esta influencia diretamente naquela, principalmente no tocante ao desempenho do aluno.
Temos hoje uma escola baseada no pensamento de Durkheim? Ou estamos apenas tentando criar um novo modelo de educação a partir daquilo que cremos ser o essencial para cada indivíduo na sociedade? Durkheim suscitava que a criança deveria ser desenvolvida em seus estados físicos e morais os quais eram requeridos pela sociedade política e mais, acrescentava que estes estariam relacionados à religião, normas, sanções e ação política, entretanto, percebo que a sociedade atual se divide aos que possuem acesso a este modelo de educação, aos que o cultivam, e aqueles que o almejam. Por isso me pergunto se estamos dentro deste contexto ou não. Pesquisando percebi que meu pensamento vai de encontro às idéias de Pierre Bourdie,pois não vejo a escola como fomentadora do nivelamento social ou do desenvolvimento do indivíduo em sua obra bruta. Me questiono se estamos inseridos no contexto de Durkheim pois em alguns aspectos vejo que alguns fatores são decisivos para que este indivíduo “bruto” seja lapidado e devolvido à sociedade para então fazer parte dela. Hoje tais fatores de desenvolvimento devem-se ao capital econômico familiar, estruturação como ser pertencente a um meio ou ao próprio núcleo familiar, sua carga cultural e o que se espera do mundo a partir da escola.
A sociologia da educação de Bourdieu continua sendo festejada nos dias atuais porque lança um novo modelo para explicar a escola e a educação, diferentemente da forma como eram entendidas até a primeira metade do Século XX. O sistema de ensino que garantiria oportunidades iguais entre todos os cidadãos – em que as pessoas que se destacariam por seus méritos, avançariam em suas carreiras escolares e, consequentemente, mobilizar-se-iam socialmente – é desmascarado, teórica e empiricamente, por Bourdieu. Pesquisas fomentadas pelos governos inglês, francês e norteamericano fornecem dados mais do que suficientes para Bourdieu provar que, em vez de oportunidades, meritocracia e justiça social, a escola reproduz e legitima desigualdades sociais, passando a ser vista como promotora de privilégios sociais.
Mas para afirmar que a escola reproduz e legitima desigualdades sociais, Bourdieu relaciona diretamente, também, o capital econômico das famílias como fator preponderante para o êxito ou frustração na vida escolar. Essa relação com a classe social do aluno custa a Bourdieu observações contrárias por parte de outros cientistas – a exemplo de Percheron, Lahire, Singly, Charlot – os quais afirmam que membros de famílias de diferentes classes sociais atingem posições iguais na escola e no mercado de trabalho; assim como, dentre os filhos de famílias de mesma classe,uns se frustram enquanto outros se sobressaem. Afinal, toda regra tem sua exceção.
A transversalidade do tema objeto do presente trabalho é de uma amplitude tão significativa que impede a exposição de considerações finais, exigindo-se apenas que diversos públicos reconheçam a importância do despertar de Pierre Bourdieu para a quebra do paradigma representado pelas instituições (como modelos prontos) que engessam também os sujeitos das sociedades afetadas. Assim, acaba superando a dualidade entre objetivismo e subjetivismo à medida que revela o indivíduo como um ser essencialmente social, com costumes reconhecidos e exigidos pela sociedade em que está inserido, cujo sistema educacional promove privilégios, reproduzindo e legitimando desigualdades sociais. Na mesma direção, é necessário compreender que as críticas ou observações contrárias sevem de equilíbrio ao desenvolvimento do tema ao passo que enriquecem o debate, levantando dúvidas e fomentando a produção de novos textos, artigos ou monografias. 
Referências Bibliográficas 
 
NOGUEIRA, Cláudio Marques Marques; NOGUEIRA, Maria Aalice - Educação & Sociedade, ano XXIII, no 78, Abril/2002;
http://www.textolivre.com.br/ensaios/22570-a-sociologia-da-educacao-de-pierre-bourdieu
Como pareceria o mundo hoje, se Karl Marx tivesse realizado seu projeto de vida original? É que o jovem Marx se considerava um porta nato, e alguns produtos de suas inspirações poéticas chegaram até nós. Eles trazem títulos altamente líricos, algo como "Canto dos elfos", "Canto dos gnomos" ou "Canto das sereias", ou seja, trata-se de fúteis cantilenas mitológicas. Uma poesia particularmente comovedora, ainda que profundamente triste, é intitulada "Tragédia do destino". Vale citar algumas estrofes:
"A menina está ali tão reservada, 
tão silente e pálida; 
a alma, como um anjo delicada, 
está turva e abatida... 
Tão suave, tão fiel ela era, 
devotada ao céu, 
da inocência imagem pura, 
que a Graça teceu. 
Aí chega um nobre senhor 
sobre portentoso cavalo, 
nos olhos um mar de amor 
e flechas de fogo. 
Feriu-a no peito tão fundo; 
mas ele tem de partir, 
em gritos de guerra bramando: 
nada o pode impedir". 
Mas Marx também encontra outro tom:
"Os mundos uivam o próprio canto fúnebre. 
e nós somos macacos de um Deus frio". 
Após essa amostra, surge a pergunta se a poesia alemã perdeu muito com a decisão de Marx, ainda que sob profusos sofrimentos da alma, de abdicar da carreira poética. Em todo caso, o pai, um advogado bem-sucedido, exprime-se assim: "Lamentaria ver você como um poetinha." Sugere, entretanto, que o filho escreva uma "ode em grande estilo" sobre a Batalha de Waterloo. Os pósteros, porém, dependendo de se enxergar no marxismo a salvação ou a perdição do mundo, sentem-se aliviados ou angustiados por Marx ter desistido, após longo tempo, de cavalgar o Pégaso.
Karl Marx nasce em 1818, em Trier, "a menor e mais desgraçada aldeia, cheia de mexericos e ridículos endeusamentos locais". De sua juventude não se sabe nada de significativo. Interessante é no máximo observar que o futuro ateísta fanático tenha escrito um ensaio de conclusão do curso secundário sobre o tema "A Unificação dos Crentes em Cristo". Depois, quando segue para Bonn a fim de estudar Direito, encontra notoriamente dificuldades em lidar com as coisas exteriores. Em todo caso, assim lhe escreve a mãe apreensiva: "Você não deve considerar de modo algum uma fraqueza feminina, se eu agora estiver curiosa para saber como tem administrado sua vida doméstica, se a economia representa também algum papel, o que é uma necessidade inevitável tanto para grandes como para pequenas casas. Permito-me assim observar, querido Karl, que você nunca deve considerar limpeza e ordem coisas secundárias, pois disso depende a saúde e o bem-estar. Observe rigorosamente que seu quarto seja lavado. E lave-se você também, querido Karl, semanalmente com esponja e sabonete." Essa advertência certamente não é sem fundamento, pois as condições sob as quais Marx conduz seus estudos são tudo menos ordeiras: ingressa em uma corporação e, se as notícias sobre isso procedem, é ferido em um duelo. É encarcerado por "perturbar a ordem com alarido noturno e bebedeira". É indiciado por "porte ilegal de arma". Acumula dívida sobre dívida. Não obstante, fica noivo de Jenny von Westphalen, se bem que a nobre família da noiva só tenha aceito o zé-ninguém com hesitação. Até seu pai o adverte sobre o "exagero e exaltação do amor de uma índole poética" de ligar-se a uma mulher.
Após dois semestres, Marx continua seus estudos em Berlim, mas também lá se evidencia que ele não é nenhum estudante modelar. Seu pai tem razão em se queixar. "Desordem, divagação apática por todas as áreas do saber, meditação indolente junto da sedenta lamparina de azeite; embrutecimento erudito em robe de chambre em vez de embrutecimento junto da caneca de cerveja, insociabilidade repugnante com menosprezo total pelas boas maneiras", tudo isso ele censura no filho. Marx assiste apenas a poucas aulas, e mesmo essas antes do âmbito da Filosofia e da História do que do âmbito do Direito. Por semestres inteiros quase não freqüenta a universidade. De qualquer modo ele se forma aos 23 anos com um trabalho sobre um tema filosófico, em Jena, sem nem sequer ter estado lá por uma única hora. Mas esses acontecimentos não o impressionam. Para ele mais importante é pertencer ao "Clube do Doutor", uma agremiação de jovens discípulos de Hegel, e lá discutir dia e noite. Seus amigos atestam que ele é um "arsenal de pensamentos", uma "alma-danada de idéias". Ao mesmo tempo escreve "um novo sistema metafísico fundamental". Naturalmente, quer se tornar professor; mas desiste quando vê que seus amigos, os hegelianos de esquerda, quase sem exceção naufragavam no governo reacionário.
Em vez disso, Marx torna-se redator no Jornal Renano, de tendência liberal, publicado em Colônia. Essa atividade força-o a ocupar-se com problemas concretos de natureza política e econômica. Ele redige a folha em um espírito intrépido e liberal. Porém, recusa rudemente o comunismo, do qual mais tarde deveria tornar-se o cabeça. Após breve tempo, contudo, tem de suspender sua atividade de editor sob pressão policial. O jornal – "a meretriz do Reno", como o rei prussiano havia por bem chamá-lo – deixa de ser publicado.
Depois de ter-se casado com sua noiva de longos anos, Marx dirigi-se para Paris, onde edita juntamente com seu amigo Arnold Ruge os Anuários Franco-Germânicos. Por um tempo vive juntamente com a família Ruge em uma "comunidade comunista", que porém logo se desagregaria devido à incompatibilidade de gênios. Em Paris, Marx entra em contato com Heine e com socialistas franceses. Mas também sua permanência nesta cidade não é muito longa. A pedido do governo prussiano é expulso da França e estabelece-se provisoriamente em Bruxelas, onde funda o primeiro partido comunista do mundo (com 17 membros). Marx vai por pouco tempo para Londres, retornando então durante a Revolução de 1848 – por ocasião da qual escreve O Manifesto Comunista –, à França e à Alemanha a fim de promover seus planos revolucionários. Em Colônia, funda o Novo Jornal Renano. Mas é novamente expulso e vive até seus últimos dias, com apenas algumas interrupções para breves viagens ao continente, em Londres. Porém, todos esses anos em Paris e Bruxelas são cheios de contendas amargas e não particularmente tolerantes conduzidas contra revolucionários dissidentes; há também um trabalho intensivo em manuscritos filosóficos e econômicos, os quais em grande parte só serão publicados após sua morte.
Em Londres, Marx vive em situações muito limitadas com uma família que se multiplica com rapidez. Freqüentemente padecem necessidades. A fundação de um jornal fracassa. Marx tem de levar a vida em grande parte por meio de donativos, sobretudo de seu amigo Friedrich Engels. As condições de moradia são na maioria das vezes catastróficas; ocasionalmente, até a mobília é penhorada. Ocorre inclusive de Marx nem sequer poder sairde casa por sua roupa ter sido penhorada. As doenças perseguem a família; apenas algumas das crianças sobrevivem aos primeiros anos. Pressionado por dívidas, Marx pensa em declarar bancarrota; apenas o fiel amigo Engels consegue impedir esse ato extremo. A senhora Jenny desespera-se freqüentemente e deseja para si e suas crianças antes a morte do que viver uma vida tão miserável. Acresce que Marx se envolve em um caso amoroso com a empregada doméstica, que não fica sem conseqüências e prejudica sensivelmente o clima doméstico já afetado pela miséria financeira. Continuam também as desavenças com os correligionários. Apesar de tudo, Marx trabalha ferreamente, ainda que interrompido por períodos de inatividade causada por esgotamento, em sua obra-prima, O Capital. Ele consegue enfim publicar o primeiro volume; como quase não aparecem comentários, ele mesmo escreve críticas positivas e negativas. Em 1883 porém, antes que a obra de três volumes esteja completa, Marx morre aos 65 anos.
O aspecto e a personalidade de Marx são descritos por um amigo russo de modo bem intuitivo, ainda que sua magnífica barba seja esquecida: "Ele representa o tipo de homem constituído por energia, força de vontade e convicção inflexível, um tipo que também segundo a aparência era extremamente estranho. Uma grossa juba negra sobre a cabeça, as mãos cobertas pelos pêlos, o paletó abotoado totalmente, possuía contudo o aspecto de um homem que tem o direito e o poder de atrair a atenção, por mais esquisitos que parecessem seu aspecto e seu comportamento. Seus movimentos eram desastrados, porém ousados e altivos; suas maneiras iam frontalmente de encontro a toda forma de sociabilidade. Mas eram orgulhosas, com um laivo de desprezo, e sua voz aguda, que suava como metal, combinava-se estranhamente com os juízos radicais que fazia sobre homens e coisas. Não falava senão em palavras imperativas, intolerantes contra toda resistência, que aliás eram ainda intensificadas por um tom que me tocava quase dolorosamente e que impregnava tudo o que falava. Esse tom expressava a firme convicção de sua missão de dominar os espíritos e de prescrever-lhes leis. Diante de mim estava a encarnação de um ditador democrático, assim como se fosse em momentos de fantasia."
Desde o início de sua atividade filosófica, Marx insere-se na maior disputa espiritual de seu tempo, determinada pela vultosa figura de Hegel, cujo pensamento ele chama de "a filosofia atual do mundo". Inicialmente, Marx dedica-se a Hegel com paixão para, depois, distanciar-se dele com tanto maior aspereza.
Sua crítica inicia-se pela concepção da história de Hegel. Para este, a história não é uma mera seqüência casual de acontecimentos, mas um suceder racional que se desenvolve segundo um princípio imanente, ou seja, uma dialética interna. O decisivo nisso é que o verdadeiro sujeito da história não são os homens que agem. Na história antes dominaria um espírito que tudo abrange, ao qual Hegel designa como "espírito do mundo" ou "espírito absoluto" ou mesmo" Deus". Esse, o Deus que vem-a-ser, realiza no curso da história sua autoconsciência. Ele chega, por meio dos diferentes momentos do processo histórico, a si mesmo.
Hegel era da opinião de que em seu tempo e em seu próprio sistema o espírito absoluto teria, após todos seus descaminhos através da história, finalmente alcançado seu objetivo: a perfeita autoconsciência. "O espírito universal chegou ora até aqui. A última filosofia é o resultado de todas as anteriores; nada está perdido, todos os princípios foram preservados. Esta idéia concreta é o resultado dos esforços do espírito por quase 2500 anos, seu fervoroso trabalho, de reconhecer-se." Portanto, após o surgimento da filosofia hegeliana, não pode haver mais nada realmente inconcebível. Esse é o sentido da conhecida frase do Prefácio à Filosofia do Direito: "O que é racional é real; e o que é real é racional." Razão e realidade chegaram portanto, segundo Hegel, finalmente à adequação uma com a outra; elas foram verdadeiramente conciliadas. O espírito absoluto compreendeu a si mesmo como a realidade total e a realidade total como manifestação sua.
Aqui entra o protesto de Marx. Aquele pensamento de Hegel, de que a realidade toda tinha de ser entendida a partir de um espírito absoluto, consiste para ele em um injustificado "misticismo". Pois assim se filosofa a partir de um ponto acima da realidade factual, não a partir dessa mesma. Em oposição a isso a decidida exigência de Marx – de colocar a filosofia, ora de ponta-cabeça, de volta sobre os pés – é que a visão da realidade deveria ser invertida. A realidade deste mundo não deve ser explicada com base em uma realidade divina. Contrariamente, o ponto de partida do pensamento tem de ser a realidade concreta. Esse pensamento imprime à filosofia de Marx seu cunho ateísta. "A missão da história é, após o além da verdade ter desaparecido, estabelecer a verdade do aquém."
Quando Hegel afirma que a realidade estaria conciliada com a razão, ele não poderia, segundo Marx, ter em vista a realidade concreta. Em Hegel, tudo se passa no âmbito do mero pensamento. Mesmo a realidade sobre a qual ele fala, é a mera realidade pensada. Para Marx, porém, a realidade factual mostra-se contraditória, inconcebível e portanto não conciliada com a razão. Todo o empenho filosófico de Hegel fracassa porque ele não é capaz de incluir essa realidade efetiva em seu pensar, por mais abrangente que esse seja. "O mundo é portanto um mundo dilacerado, que se opõe a uma filosofia fechada em sua própria totalidade."
Para Marx, portanto, a realidade concreta é a realidade do homem. "As pressuposições com as quais iniciamos são os indivíduos reais." A filosofia como Marx a postula – em contraposição a Hegel e em concordância com Feuerbach – é uma filosofia da existência humana. "A raiz do homem é o próprio homem." Marx denomina sua filosofia por isso mesmo de "humanismo real". O real primeiro e originário para o homem é o próprio homem. É dele, portanto, que o novo pensar também tem de partir.
Mas o que é o homem? O significativo aqui é que Marx não considera o homem, como o faz Hegel, essencialmente a partir de sua faculdade de conhecer. Ao contrário, trata-se decisivamente da práxis humana, da ação concreta. "Na práxis, o homem tem de comprovar a verdade, isto é, a realidade, o poder e a mundanalidade de seu pensamento." "Parte-se do homem real que age."
É da essência da práxis humana que ela se realize na relação com o outro. Se Feuerbach queria conceber o homem como indivíduo isolado, Marx ressalta com toda clareza: o homem vive desde sempre em uma sociedade que o supera. "O indivíduo é o ser social." "O homem, isto é o mundo do homem: Estado, sociedade." Essa natureza social constitui para Marx o ponto de partida para toda reflexão subseqüente. Assim deve-se entender a muito discutida frase: "Não é a consciência do homem que determina seu ser, mas é seu ser social que determina sua consciência."
Mas por que meio se constitui a sociedade humana? Marx responde: basicamente, não por meio da consciência comum, mas por meio do trabalho comum. Pois o homem é originariamente um ser econômico. As relações econômicas e particularmente as forças produtivas a elas subjacentes são a base (ou a "infra-estrutura") de sua existência. Apenas na medida em que essas relações econômicas se modificam, também se desenvolvem os modos da consciência, que representam a "superestrutura ideológica". Desta superestrutura fazem parte o Estado, as leis, as idéias, a moral, a arte, a religião e similares. Na base econômica reencontram-se também aquelas leis do desenvolvimento histórico, como as que Hegel atribuiu ao espírito. As relações econômicas desdobram-se de modo dialético, mais precisamente, no conflito de classes. Por isso, para Marx, a história é principalmente a história das lutas de classes.
Até aqui tudo poderia parecer como uma das muitas teorias antropológicas e histórico-filosóficas, em que a história da filosofia é bastante rica, isto é, até interessante masrealmente apenas mais uma interpretação entre muitas outras. Por que, então, o que Marx diz é tão estimulante? Como se explica que seu pensamento tenha determinado tão amplamente o tempo seguinte? Isso reside obviamente em que Marx não se detém no âmbito do pensamento puro, mas que se põe a trabalhar decisivamente na transformação da realidade:"Os filósofos têm apenas interpretado diversamente o mundo; trata-se de modificá-lo."
Nessa intenção, Marx empreende uma crítica de seu tempo. Observa que em seus dias a verdadeira essência do homem, sua liberdade e independência, "a atividade livre e consciente", não se podem fazer valer. Por toda parte o homem é tirado a si mesmo. Por toda parte perdeu as autênticas possibilidades humanas de existência. Esse é o sentido daquilo que Marx chama de "auto-alienação" do homem. Ela significa uma permanente "depreciação do mundo do homem".
Também aqui Marx recorre às relações econômicas. A auto-alienação do homem tem sua raiz em uma alienação do trabalhador do produto de seu trabalho: este não pertence àquele para seu usufruto, mas ao empregador. O produto do trabalho torna-se uma "mercadoria", isto é, uma coisa estranha ou alheia ao trabalhador, que o coloca em posição de dependência, porque ele precisa compará-la para poder subsistir. "O objeto que o trabalho produz, seu produto, apresenta-se a ele como uma essência estranha, como um poder independente do produtor." Da mesma forma também o trabalho se torna "trabalho alienado": não a ele imposto de sua autoconservação; o trabalho torna-se, em sentido próprio, "trabalho forçado". Esse desenvolvimento atinge sua culminância no capitalismo, no qual o capital assume a função de um poder separado dos homens.
A alienação do produto do trabalho conduz também a uma "alienação do homem". Isso não vale apenas para a "luta de inimigos entre capitalista e trabalhador". As relações interpessoais em geral perdem cada vez mais a sua imediação. Elas são mediadas pelas mercadorias e pelo dinheiro, "a meretriz universal". Enfim, os próprios proletários assumem caráter de mercadoria; sua força de trabalho é comercializada no mercado de trabalho, no qual se encontra à mercê do arbítrio dos compradores. Seu "mundo interior" torna-se "cada vez mais pobre"; sua "destinação humana e sua dignidade" perdem-se cada vez mais. O trabalhador é "o homem extraviado de si mesmo"; sua existência é "a perda total do homem"; sua essência é uma "essência desumanizada".
Mas, no ápice desse desenvolvimento – o que Marx crê poder demonstrar –, tem de sobrevir a guinada. Ela se torna possível desde que o proletariado se conscientize de sua alienação. Ele se compreende então como "a miséria consciente de sua miséria espiritual e física, a desumanização que, consciente de sua desumanização, supera por isso a si mesma". Concretamente, segundo os prognósticos de Marx, chega-se a uma concentração do capital nas mãos de poucos, a um crescente desemprego e empobrecimento das massas. Com isso, porém, o capital torna-se seu próprio coveiro. Pois a essa concentração de capital devem seguir-se, segundo "leis infalíveis" – com necessidade histórica, cientificamente reconhecida e dialética –, a subversão e a revolução. A missão dessa revolução é "transformar o homem em homem", para que "o homem seja o ser supremo para o homem". Trata-se de "derrubar todas as relações em que o homem é um ser degradado, escravizado, abandonado e desprezado". Importa realizar "o verdadeiro reino da liberdade", desenfronhar o homem em "toda a riqueza de sua essência" e, com isso, superar definitivamente a alienação.
Marx considera tudo isso tarefa do movimento comunista. É chegado o tempo do "comunismo como superação positiva da propriedade privada enquanto auto-alienação do homem e por isso como apropriação real da essência humana por meio de e para o homem; por isso, como regresso – perfeito, consciente e dentro da riqueza total do desenvolvimento até aqui –, do homem para si mesmo enquanto homem social, ou seja, humano. Esse comunismo é a verdadeira dissolução do antagonismo entre o homem e a natureza e entre o homem e o homem. A verdadeira solução do conflito entre liberdade e necessidade. Ele é o enigma decifrado da história, a verdadeira realização da essência do homem". Com o comunismo, "encerra-se a pré-história da sociedade humana" e inicia-se a sociedade "realmente humana". Mas sobre como essa sociedade comunista deve ser, Marx não nos dá nenhuma informação adicional.
http://www.mundodosfilosofos.com.br/marx.htm

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