Buscar

Resumo Aula 01 a 10 Abordagem Sociopsicológica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 58 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AULA 01
O que é violência.
O fenômeno da violência é abordado a partir de duas perspectivas: uma psicológica e outra sociológica.
Este fenômeno muitas vezes aparece na forma de defesa do indivíduo ou povo e de outras surge absolutamente destrutiva como o crime e as guerras. Entretanto, ao pensarmos sobre a violência, algumas questões se tornam evidentes:
Relacional: Envolve a relação de um indivíduo com outro (ou outros) ou a relação de indivíduo com a cultura (a própria ou uma na qual não se identifique);
Primórdios das civilizações humanas:
Características psicológicas e emocionais dos indivíduos: Neste sentido, a violência é um fenômeno complexo que abrange tanto fatores biológicos e psicológicos e, portanto, relativos ao ser humano enquanto um ser individual quanto a fatores sociais, históricos e políticos, isto é, relacionados ao contexto cultural e político onde os seres humanos estão inseridos.
IMPORTANTE:
Devemos compreender a importância da relação entre indivíduo e sociedade para a formação, a manutenção e a alteração no que se refere tanto ao ser humano quanto ao grupo social que pertence.
Aspectos individuais: biológicos e psicológicos;
Aspectos políticos;
Aspectos sociais e culturais.
Cultura: 
Refere-se ao modo de vida do ser humano, construído por ele com o objetivo adaptativo de satisfação de suas necessidades. Então o conceito de cultura abarca desde comportamentos, instrumentos de trabalho, vestuário, organização política, arte, religião, conhecimento do senso comum, conhecimento científico, linguagem, música etc.
Processo de produção cultural: 
Ocorre a partir da apropriação pelo ser humano do mundo natural que o cerca, na sua transformação para satisfazer as suas necessidades e na transmissão do conhecimento produzido para as novas gerações. Tal mecanismo incrementa o relacionamento social, a partir do momento em que os seres humanos percebem que juntos conseguem resistir melhor aos outros predadores (sobrevivência) do que individualmente, dando início a construção das comunidades, vilas, aldeias e cidade.
A partir do momento em que os indivíduos entenderam que agrupados conseguiam alcançar objetivos comuns, surgiu a necessidade de melhor organização dessas atividades, com a criação de funções e tarefas e o sequenciamento destas provocando um melhor rendimento.”
Construção dos grupos sociais:
A cooperação e organização hierárquica das tarefas e a sua conservação e permanência, constituíram os grupos sociais. Com esta organização em grupos, a humanidade ampliou gradativamente o seu potencial de intervenção no mundo natural, acarretando a construção de sociedades cada vez mais complexas. Por exemplo, se a necessidade de segurança e defesa produziu o estabelecimento de agrupamentos humanos, a necessidade de reprodução biológica e cultural acarretou a formação das famílias e a necessidade de alimentação delimitou o início do processo econômico.
Sociedade: 
É um grupo social que se estabelece em um determinado território, com uma mesma identidade. É onde se produzem fenômenos sociais, se estabelecem vínculos de solidariedade e instituições econômicas, culturais, políticas e/ou religiosas que visam atender as suas necessidades. 
A existência humana é produto da socialização do meio cultural. Ao mesmo tempo em que o homem aumenta o seu potencial de intervenção no mundo, dialeticamente este mundo transformado retorna para cada indivíduo da espécie transformando a sua existência. É exatamente neste ponto que o ser humano rompe com as barreiras do determinismo biológico e ganha a especificidade que lhe diferencia de todas as outras espécies: a produção e a transmissão da cultura.
A humanidade, à medida que foi dominando a arte da agricultura, teve a possibilidade de se fixar em uma única região. Aliado ao surgimento da hierarquização das atividades entre o grupo (homens, mulheres, jovens e anciãos), acarretou a produção excedente de alimentos que permitiu ao ser humano momentos de ócio criativo e a fabricação de novas ferramentas para lidar com as diversas problemáticas cotidianas, alimentando o processo de criação cultural.
A cultura do homem lhe serve de diferentes modos: adapta-o como espécie biológica a seu meio ambiente e assegura a unidade de sobrevivência do grupo social.
O arranjo social dos grupos humanos torna-se fundamental para a sobrevivência da espécie.
O homem como produtor de cultura:
Fixação Territorial: Sobrevivência do grupo;
Totalidade: Porque é muito mais do que a soma dos indivíduos, constituindo um sistema complexo onde todas as partes encontram-se relacionadas de tal forma que uma mudança, em alguma delas, acarreta a transformação em todo o resto;
Temporalidade Existencial: O Grupo social ultrapassa a existência de seus membros;
Características  Específicas: Toda cultura imprime características distintas em sua obra social, de tal modo que é possível verificá-la até mesmo na obra individual de seus integrantes;
Grupo de Pessoas sob Normas Comuns: Possuem normas comuns, produzem fenômenos sociais e possui uma cultura comum, o que permite o surgimento de uma consciência coletiva de sua unidade e historicidade;
Busca pelo Bem Comum Preponderante: É uma unidade funcional e operante, onde o interesse comum subordina o interesse individual de seus membros.
Interação Social Contínua: É contínua, permanente e diversificada, produzindo relações e papéis sociais complexos.
Cooperação dos Integrantes: A cooperação torna-se valor fundante do grupo e assumido pelos seus integrantes para a sua manutenção e sobrevivência;
Universalidade: Porque está presente em todos os recantos do mundo.
Transmissão de valores: 
É um processo de socialização para garantir a unidade e permanência da pessoa. Além dos valores, existe a transmissão das crenças e sentimentos prescritos pelo grupo para cada nova pessoa que começa a fazer parte dele. Este processo inicia na família e depois dentro dos grupos nos quais o indivíduo participa, como os amigos e a escola. Solidariedade, cooperação e respeito ao outro são valores fundamentais para a sobrevivência do grupo, pois garantem as bases para a sua convivência pacífica.
Em sociedades mais simples, os sentimentos de solidariedade e cooperação são suficientes para garantir a ordem do grupo social e manter os laços. Tal fato ocorre porque em sociedades menores são mais fácil todos os membros se conhecerem e se relacionarem entre si.
Da necessidade das normas de convívio:
Nas sociedades mais complexas, tais sentimentos não garantem a convivência pacífica; é necessário o desenvolvimento dos sentimentos de direito e dever para com o grupo enquanto totalidade e, também, para cada associado.
A assunção do sentimento de compromisso com o grupo e com cada membro é fundamental para a manutenção da ordem, principalmente em sociedades muito grandes e complexas como a nossa. Devido à impossibilidade de relacionamento de todos os membros entre si, o estabelecimento de um laço produtivo e pacífico com o outro fica dificultado. Isto ocorre porque é difícil reconhecermos ou percebermos a existência dos direitos de outra pessoa se ela não pertence ao nosso círculo de relações pessoais.
Neste contexto, surge a instituição do Direito com a afirmação de um corpo de normas amplamente aceito e considerado ideal naquele momento histórico específico, e que deve valer para todos os membros de uma sociedade, visando a garantia da ordem e da paz social.
Diferenças entre valores morais e normas jurídicas:
Apesar de possuírem uma origem semelhante, a diferença entre os valores morais e as normas jurídicas.
Os valores morais permanecem na dimensão simbólica do ser humano.
As normas legais são sistematizadas, organizadas e consolidadas enquanto documento concreto, onde constam, inclusive, punições ou sanções para quem não cumprir o que está na letra da lei.
Resumo:
Ao longo dos tempos, os seres humanos, percebendo a importância da convivência em grupo para garantir a própria sobrevivência, percebeu também a importância da criaçãode normas de conduta para os membros do grupo. A complexificação destas relações tornou indispensável a criação de códigos de conduta oficiais, surgindo a norma jurídica.  
A complexidade do ser humano:
A importância na normatização do que é esperado e do que é inadequado aos membros de uma sociedade é evidenciada a partir da reflexão sobre a complexidade fundamental do ser humano. Somos seres biológicos, racionais, emocionais que dependem do outro para a sua existência.
Apesar de já termos rompido com o determinismo biológico devido a nossa evolução cerebral e neurológica, o que possibilitou a construção de todo o conhecimento humano... Possuímos, como os outros animais, aspectos de difícil controle como as emoções.  
O ser Humano e suas emoções:
	As emoções trazem significado aos relacionamentos, embasando a construção normativa já mencionada, e são importantes no processo adaptativo. Por exemplo: quando é necessário se defender de algum risco iminente ou lutar por algum ideal que se acredita.
	Deste modo, as emoções fazem parte do nosso processo evolutivo enquanto espécie, pois, ao incrementarem a vida humana, permitem uma adaptação melhor do ser humano ao seu meio.
Distinção das emoções:
Emoções básicas: Estão presentes desde o nascimento. Dentre as básicas, o medo e a agressividade (ou raiva) são elementares para a adaptação humana.
O medo nos permite ter cautela com possíveis riscos à nossa vida;
A agressividade é uma emoção poderosa que nos faz lutar desde os primeiros segundos da nossa existência para sobreviver e impulsiona o movimento de ir adiante buscando aquilo que se precisa para saciar as necessidades. E é neste ponto que podem surgir conflitos.
Resumo: Verificamos como ocorreu, durante a evolução humana, a organização dos indivíduos em grupos e como, a partir da complexificação das organizações sociais, foi importante a criação das normas de conduta para a manutenção e a sobrevivência do grupo...
O ser Humano e suas emoções – violência:
	Como os seres humanos não são regidos somente pela razão, mas também pela sua emocionalidade que traz benefícios adaptativos, mas que também podem incitar conflitos de interesse e violência, as normas de conduta são importantes para minimizar tais conflitos e a possível violência decorrente. 
Violência: 
É uma ação voluntária, realizada por uma pessoa ou grupo de pessoas, e que traz prejuízos a outro indivíduo ou grupo no que tange à sua existência física, material, psicológica ou moral. Neste sentido, quando abordamos o aspecto violento de uma ação, este deve ser caracterizado por uma intencionalidade de quem produz a ação violenta para atingir a outra pessoa.
Refletindo sobre o fenômeno da violência:
A reflexão de tal fenômeno pode não ser tão simples. Isto porque o fenômeno não é abstrato, ou seja, para podermos compreendê-lo devemos contextualizá-lo histórica, social e culturalmente. Portanto, torna-se importante buscar na Sociologia e na Psicologia parâmetros conceituais para entendimento do tema.
Sociologia: 
É uma disciplina que possui como objeto de estudo o fato/fenômeno social e seus condicionantes históricos, e aborda a temática através do estudo dos aspectos políticos, econômicos e sociais que afetarão o fenômeno violento. Exemplos desta abordagem são a relação entre pobreza e criminalidade, desigualdade social e violência, a cultura da violência entre outros. Ou seja, a Sociologia vai abordar o fenômeno violento a partir de um olhar mais abrangente, refletindo sobre como a estrutura, a organização e o funcionamento da sociedade alimentam, ou não, a violência e o crime.
Psicologia: 
É uma disciplina que estuda o ser humano como um ente que possui características singulares, representações, valores e crenças, emoções, e que entende o ser humano como alguém dotado de um mundo interior em constante relação com o mundo exterior (ou realidade social). Desta forma, pensar este “mundo interior humano” torna-se fundamental para construir um conhecimento mais abrangente sobre qualquer fato social, visto que tudo o que compõem o “mundo interior” de cada ente humano afeta sua conduta nas relações interpessoais.
IMPORTANTE:
As condutas que transgridem as valorações morais da sociedade são definidas como crimes no Direito.
O Direito é um elemento(a) fundamental na sociedade atual. Ele emerge da conscientização de que devemos conviver apoiados em regras que passam a valer como leis. 
AULA 02
Fundamentos da Psicologia.
Emoções: 
Surgem como reação a eventos importantes da nossa vida. São fundamentais para a vida humana porque dão um colorido às situações vividas pelos indivíduos e facilitam a adaptação dos seres humanos ao ambiente.
Como exemplo de situações adaptativas existe o medo. Tal emoção é poderosa e aparece em circunstâncias na qual a pessoa está sob algum tipo de risco, como estar diante de um animal feroz ou em risco de desemprego. Desta forma, o medo suscita um comportamento de fuga ou luta da situação arriscada.
Possuem as seguintes funções:
Função Enfrentamento: 
Ajuda na adaptação do organismo ao meio, seja desencadeando comportamentos para se proteger (fugir, lutar, vomitar substâncias tóxicas), seja para construir ou manter relações sociais. As emoções servem para: proteção, destruição, reprodução, reunião, afiliação, rejeição, exploração, orientação. Servem para nos preparar para uma resposta automática às tarefas fundamentais da vida;
Função Social: 
Comunicam aos outros os nossos sentimentos, influem no modo como os outros nos tratam, promovem e facilitam a interação social, criam, mantêm e dissolvem nossos relacionamentos.
Dimensões das emoções:
Subjetivas: 
Porque nos fazem sentir de determinada forma – raiva, medo etc. São diferentes dos sentimentos. Os sentimentos são uma parte da emoção. 	Indivíduos que agem intempestivamente, em virtude da emoção.
Biológicas: 
Desperta reações biológicas, respostas mobilizadoras que preparam o corpo para adaptar-se às situações que enfrentamos.
Sociais:
Porque são expressas através de sinais faciais, gestos e posturas reconhecíveis pelas pessoas em geral e comunicam aos outros a qualidade e a intensidade da emoção.
São agentes de um propósito:
Uma vez acionadas, geram sentimentos, ativam o corpo para a ação, provocam estados motivacionais e se expressam publicamente.
As emoções são consideradas fenômenos psicológicos que unem e coordenam quatro aspectos da experiência das pessoas: sentimento, ativação de um comportamento, propósito ou objetivo e expressão.
Exemplo de como funciona a emoção com suas quatro dimensões:
Sentimentos: 
Proporciona ao indivíduo a experiência pessoal da situação vivida, que possui significado e importância pessoal. O aspecto do sentimento possui raízes na aprendizagem que adquirimos ao longo da vida. Consciência do fenômeno. (Experiência Subjetiva, Consciência do Fenômeno e Relativo à Aprendizagem).
EXEMPLO: A situação de ganhar um carro em um concurso para uma pessoa que possui dois carros e para aquela que não possui nenhum. Para quem já possui dois carros ganhar outro possivelmente não terá a importância ou o significado que tem para aquela que não possui nenhum automóvel.
Excitação corporal:
A excitação corporal inclui nossa ativação biológica ou fisiológica, pois são esses componentes que preparam e regulam o corpo para a ação. Respostas motoras. (Ativação Fisiológica, Preparação do Corpo para Ação e Respostas Motoras).
EXEMPLO: Quando sentimos raiva uma série de processos ocorre no nosso corpo como: alta frequência de batimentos cardíacos, postura de alerta, punhos cerrados etc.
Social-Expressivo:
É o aspecto comunicativo da emoção. Através de posturas, gestos, expressões faciais, tornamos públicas nossas experiências particulares e mostramos aos outros como estamos nos sentindo. (Comunicação Interpessoal, Expressão Facial e Expressão Vocal).
Sentido de Propósito:
Ativa o comportamento para a busca de metas, ou seja, para a execução da ação necessária para o manejo das circunstâncias emocionaisenfrentadas. (Estado de ativação de um comportamento direcionado para uma meta).
Sentimentos e reações:
Na Psicologia, há a discussão teórica sobre o que tem mais peso para o desencadeamento das emoções: se a emoção é um processo biológico ou se é aprendida durante a vida.
Atualmente, a Psicologia considera que as duas correntes teóricas são fundamentais para se entender as emoções. Neste sentido, os seres humanos possuem dois sistemas sincrônicos que causam a emoção: um é o cognitivo e o outro é o biológico. O sistema biológico está presente desde o nascimento, é espontâneo e fisiológico e reage involuntariamente a estímulos emocionais; o outro é um sistema cognitivo com base nas experiências de aprendizagem durante a vida e que reage interpretativa e socialmente.
Teóricos da corrente biológica
Argumentam que as reações emocionais independem da aprendizagem (ou cognição) das diversas situações que ocorrem na nossa vida e que a partir delas entendemos a situação que estamos vivenciando. As emoções podem ocorrer sem um processo cognitivo prévio, como acontece com bebês muito pequenos. 
EXEMPLO: 
Mesmo crianças muito pequenas respondem emocionalmente a certos eventos apesar de limitações de aprendizagem: o bebê de 3 semanas sorri em resposta à voz humana; o bebê de 2 meses exprime raiva em resposta à dor.
Teóricos da corrente cognitiva
Acreditam que a aprendizagem ocorrida durante a vida é mais importante para o desencadeamento das emoções e que influenciam inclusive, as alterações orgânicas do nosso corpo. 
EXEMPLO: Somente sentimos medo de um leão ou de uma cobra porque aprendemos o mal que estes animais podem nos causar. 
Ao termos consciência do que é uma cobra e o que é um leão, sentimos medo e isto causa uma série de alterações orgânicas no nosso organismo para podermos realizar a ação mais adequada no momento e que nos permita sobreviver à circunstância.
Desta forma, pode-se dizer que existem emoções básicas ou primárias (ou aquelas que existem desde o nascimento do indivíduo) e outras que são secundárias, ou seja, aquelas que aprendemos ao longo da vida.
Raiva ou a agressividade:
São emoções primárias ou básicas é considerada uma emoção universal. Surge da restrição, da traição da confiança, de uma rejeição, de uma crítica injustificada, da falta de consideração ou outras situações. Ela é ativada devido à interpretação do organismo a respeito de uma interferência de uma força externa sobre os padrões de bem-estar da pessoa. É a emoção mais passional e torna as pessoas mais sensíveis e perceptíveis às injustiças. Pode ativar o comportamento de luta e controle para superar ou corrigir a restrição não legítima.
A raiva pode ter a uma função positiva, através da assertividade, para causas sociais (movimentos sociais) ou como sinal de alerta (“Eu estou falando sério!”), mas pode, também, servir a uma função negativa e com alto potencial destrutivo, tornando-se a emoção mais perigosa (agressão, destruição de patrimônio, desencadeando a violência etc.).
Definição de agressão ou fenômeno violento:
É qualquer comportamento que tem a intenção de causar danos físicos ou psicológicos em outro organismo ou objeto causando dano a alguém. Ela não é necessariamente física e pode ser dirigida a alvos não humanos.
Tipos e formas de agressão:
Agressão hostil: 
Derivada de estados emocionais fortes, como raiva, e tem como objetivo básico causar dano à pessoa ou objeto para satisfazer impulsos hostis;
Agressão instrumental: 
Visa prejudicar, magoar, ferir alguém como um meio de atingir a um objetivo.
Agressão simbólica: 
Que não é física, podendo ocorrer através de humilhações e agressões verbais;
Agressão sancionada: 
Aquela que é aceitável socialmente. Por exemplo, matar em legítima defesa, ou matar na guerra.
Fatores que influenciam a agressão:
Fatores sociais: 
Considera que inúmeras circunstâncias ambientais aumentam a probabilidade de manifestação de comportamento agressivo. Algumas destacamos a seguir:
O efeito das armas: 
Defende que a presença de “pistas” agressivas no ambiente (armas) podem incentivar comportamentos agressivos a partir de situações de frustração/raiva;
A provocação direta: 
O ataque direto, físico ou verbal, constitui uma das influências mais óbvias sobre o comportamento agressivo, pois a provocação tende a gerar o sentimento de reciprocidade;
Obediência à autoridade: 
Na realização de atos agressivos, a assunção ou não da responsabilidade (atribuição de causalidade) é outro fator relevante. Na “agressão legitimada”, onde os agentes se sentem meros executores de ordens superiores ou como veículos para obtenção de um fim ou uma meta, a atribuição de causalidade não é pessoal (exemplo: guerra e nazismo).
Desindividuação (ausência de sentimento de individualidade distinta ou autoconsciência): 
Quando as pessoas não podem ser identificadas, elas são mais propensas a exibir condutas antissociais. A desindividuação reduziria a preocupação com a avaliação dos outros, haja vista a ausência ou a diminuição da singularização do sujeito.
Família: 
Influência de um ambiente familiar violento para a produção de comportamentos violentos nos filhos – “violência gera violência”.
Normas sociais: 
“Regulamentação”/valorização de comportamentos sociais que deverão ser emitidos nas determinadas situações, sendo considerados adequados ou não.
Fatores ambientais: 
Calor e superpopulação;
Fatores pessoais: 
Traços comportamentais mais suscetíveis à emissão de comportamentos agressivos
Padrão de comportamento tipo A. 
Os indivíduos que se enquadram neste padrão costumam possuir os seguintes traços: 
São extremamente competitivos; 
Estão sempre com pressa; 
São irritadiços e hostis;
A influência de filmes e programas de televisão violentos (o impacto nas crianças, nos adultos): 
Apesar dos resultados das pesquisas realizadas neste âmbito não serem conclusivas, tomados em conjunto apontam para a conclusão de que a excessiva exposição à violência na mídia pode ser um fator importante desencadeante de comportamentos agressivos, seja pela aprendizagem social ou pela imitação devido a uma identificação com personagens.
Algumas explicações para o fenômeno são:
Não é o conteúdo violento em si que causa a violência, mas a excitação fisiológica que ele produz; 
A visão de violência desinibe, acaba por ser naturalizada como comportamento social; 
As imagens da mídia evocam imitação; 
Disseminação de novas técnicas de violência pela mídia, como nos seriados; 
Consequências emocionais causadas pela exposição a conteúdos violentos, causando a dessensibilização ou naturalização do mesmo; 
A observação de pensamentos agressivos exerce influência nos pensamentos ou cognições dos telespectadores de diferentes formas.
Fatores que influenciam a agressão – Distinção de um comportamento agressivo “normal” de um comportamento patológico:
Faz-se necessário diferenciar o ato agressivo “normal” de um comportamento violento de um indivíduo com Transtorno de Personalidade Antissocial ou psicopatia. Podemos dizer que um ato violento é um comportamento antissocial porque vai contra, gera danos sociais para todos os envolvidos. Entretanto, chamar um comportamento de antissocial não significa dizer que a pessoa que o emitiu é um psicopata ou sociopata, onde a agressividade é considerada como patológica, pois faz parte de um transtorno de personalidade.
IMPORTANTE:
Como já mencionado anteriormente, o termo antissocial também é aplicado erroneamente a pessoas com aversão ao convívio social, introvertidas, tímidas ou reservadas ou até mesmo violentas. Clinicamente, antissocial aplica-se a atitudes graves contrárias e prejudiciais à sociedade e não a inibições ou preferências pessoais. E a sua avaliação só pode ser feita por psicólogos ou psiquiatras e também considera o histórico familiar e pessoal.
O Transtorno de Personalidade Antissocial (antissocial personality disorder) aplica-se aos indivíduos com 18 anos ou mais. 
Configura-se como um padrão invasivode desrespeito e violação dos direitos dos outros, indicado por pelo menos três dos seguintes critérios:
Fracasso em conformar-se às normas sociais com relação a comportamentos legais, indicado pela execução repetida de atos que constituem motivo de detenção;
Propensão para enganar, indicada por mentir repetidamente, usar nomes falsos ou ludibriar os outros para obter vantagens pessoais ou prazer;
Impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro;
Irritabilidade e agressividade, indicadas por repetidas lutas corporais ou agressões físicas;
Desrespeito irresponsável pela segurança própria ou alheia;
Irresponsabilidade consistente, indicada por um repetido fracasso em manter um comportamento laboral consistente ou honrar obrigações financeiras;
Ausência de remorso, indicada por indiferença ou racionalização por ter ferido, maltratado ou roubado outra pessoa.
AULA 03
Fundamentos de Psicologia Social.
Como percebemos o mundo e as outras pessoas?
O nosso processo de socialização, ou seja, a forma como interiorizamos os valores prescritos pela sociedade, desde o momento do nascimento, irá influenciar a construção de ideias sobre o mundo que, consequentemente, irão afetar a nossa percepção sobre os acontecimentos.
O convívio social:
O convívio social foi importante para a evolução humana e para que o homem se tornasse a espécie dominante do planeta. Constatamos ainda, como, a partir da organização da espécie humana em grupos, ocorre o processo de construção da cultura e a importância do processo de socialização para a sua transmissão.
No contato com o ambiente social, construímos uma ideia de quem nós somos, o nosso autoconceito e tendemos a categorizar o ambiente de forma a facilitar nossa relação com ele.
Por exemplo: classificamos as pessoas e os grupos através de rótulos (sexo, idade etc.): fulano é agressivo; mulheres são emotivas; velhos são conservadores.
Processo de socialização:
É constituído por uma intensa troca social, um vivo intercâmbio entre pessoas e estímulos sociais (escola, família, outras instituições, classes, grupos étnicos etc.) e, nessa interação, coletamos, processamos e chegamos a determinados julgamentos sobre esta informação.
Autoconceito:
É a imagem que construímos de nós mesmos a partir da comparação com outras pessoas e é de extrema relevância para diversas situações sociais envolvendo nosso contato/relação com o meio externo. 
Aquilo que pensamos de nós mesmos afetará a forma como percebemos a realidade à nossa volta e como percebemos as outras pessoas.
Refere-se à ideia que temos sobre o nosso complexo e multifacetado “eu”. É formado através da percepção de nós mesmos, da comparação com outras pessoas e da percepção de como nos relacionamos com outras pessoas.  Esta percepção estará impregnada por características tais como: sexo, hábitos, ideias sobre o mundo, atributos físicos, posicionamento político, estado civil etc.
Fatores que influem no processo perceptivo:
Seletividade Perceptiva:
Ocorre quando percebemos apenas uma parte da realidade, em virtude de fatores subjetivos. Uma situação em que a seletividade é evidenciada acontece na percepção predominante de coisas boas naquelas pessoas de quem gostamos e na percepção predominante de aspectos ruins naqueles de quem não gostamos.
Neste sentido a percepção de características negativas acaba alimentando crenças que fortalecem o preconceito de uns contra os outros.
Fatores Contemporâneos:
Refere-se a elementos situacionais relativos ao contexto ou 
estados psicológico/fisiológico do percebedor em um determinado momento, tais como: fome, sede, cansaço, pobreza, depressão etc. 
Exemplo:
O empregado ansioso com medo de perder o emprego percebe, em comportamentos irrelevantes de seu chefe, sinais de descontentamento e de possível perda do emprego.
Experiência Prévia:
Refere-se à facilidade na percepção de circunstâncias que já tenhamos vivenciado anteriormente.  
Exemplo:
Ao andar em um shopping center conhecido, nós achamos mais facilmente as lojas devido à familiaridade do meio do que em um shopping onde nunca fomos.
Defesa Perceptiva:
Refere-se a um bloqueio na conscientização de estímulos emocionalmente perturbadores.  
Exemplo:
Quando alguém realiza uma crítica contra algum comportamento que tivemos e não percebemos a crítica.
Condicionamento:
Refere-se à facilidade de perceber circunstâncias a partir das consequências que aquela determinada situação ou experiência proporcionou à pessoa.
Acentuação Perceptiva:
Ocorre quando percebemos algo como maior em função de seu 
valor subjetivo. 
Exemplo:
Quando uma pessoa que amamos nos trata mal, sentimos o fato como maior do que quando um desconhecido nos trata da mesma forma.
A percepção de pessoas:
	A percepção de coisas ocorre de forma diferente da percepção de pessoas, porque, como nós, os outros também são capazes de perceber e porque temos a tendência de julgar as intenções aos outros.
Processos que afetam a percepção de outras pessoas:
Apesar dos erros de julgamento, parece que todos os seres humanos constroem uma “teoria implícita da personalidade” para entender o comportamento de outras pessoas e saber lidar com elas. Não há dúvidas de que certas pessoas parecem ter mais habilidades do que outras nesse processo. Entretanto, um grande problema é a inexistência de um critério geral que determine a veracidade de nossos julgamentos sobre outrem. Se de um lado a avaliação e o julgamento são importantes para a interação social, por outro podem gerar preconceitos e discriminação.
O processo de percepção e de julgamento relativo às pessoas também são fortemente influenciados pelas primeiras impressões ou informações que obtemos delas. Tais impressões, corretas ou não, alimentam nossas crenças sobre elas e direcionam nossos comportamentos na interação com esse indivíduo.
É devido a esta lógica que temos a tendência de reforçar as características positivas nas pessoas de quem gostamos e de reforçar os elementos negativos naquelas que não temos afinidade.
Nesta construção de uma ideia sobre uma pessoa, somos fortemente influenciados pelos “esquemas sociais” que funcionam como bases de ideias mentais a partir das quais estruturamos, organizamos e assimilamos novas informações que recebemos do meio.
IMPORTANTE:
Não podemos pautar a nossa relação com os outros pelos critérios unicamente impressões pessoais.
Esquemas sociais:
Coleção organizada de crenças e sentimentos acerca de algum aspecto do mundo.
EXEMPLO:
Possuímos esquemas sociais sobre profissões (engenheiros, médicos, políticos, artistas), sobre nós mesmos (tímido, extrovertido, alegre), sobre o comportamento predominante em determinados grupos (religiosos, torcidas) etc. Ou seja, sabemos como identificar um médico e o que esperar dele e, a partir desta ideia, nos comportamos de determinada forma. Da mesma forma, temos expectativas específicas sobre uma pessoa tímida ou alegre, sobre um padre ou um político.
Portanto, um esquema social funciona como uma categoria (ou etiqueta) a partir da qual atribuímos algumas particularidades às coisas e/ou pessoas, e que nos permite lidar com a realidade. A função deste processo psicológico está em saber como proceder diante das expectativas com relação àquele ou aquilo que tem determinada “etiqueta”. Neste sentido, quando somos apresentados a uma pessoa imediatamente ativamos esquemas sociais relativos às características dela e, com base nisso, formamos nossas primeiras impressões que vão determinar o reforço de características positivas e/ou negativas sobre o indivíduo.
Resumindo, ao nos relacionarmos com alguém, temos a tendência em formar uma série de impressões interligadas e coerentes sobre esta pessoa, que são parte nas primeiras impressões que ela nos causa e parte nas expectativas que nossos esquemas nos fornecem, compondo uma espécie de “teoria da personalidade” sobre ela. Após a formação desta “teoria”, buscamos avidamente elementos que a confirmam e “fechamos os olhos” para aquiloque vai de encontro com o que pensamos.
Preconceito, estereótipo e discriminação:
	A ideia de se problematizar o preconceito, enquanto fenômeno social surge, na década de 1920, pois até então, partia-se da premissa de que haviam efetivamente diferenças genéticas relacionadas às raças humanas, onde umas seriam inferiores as outras. Tais teorias científicas justificavam o preconceito a partir de causas evolutivas, limitações da capacidade intelectual ou um excessivo ímpeto sexual.
	A partir dos anos 1930, o preconceito passa a ser encarado como injustificado ou irracional, sendo influenciado por normas sociais e produto de interesses grupais ou como inevitável consequência do processo de categorização social. Explicitando: a partir daí, as teorias sobre a incapacidade ou a inferioridade de outras raças começam a ser entendidas como um fenômeno social com o objetivo de submeter tais pessoas aos grupos dominantes.
	Então, preconceito, estereótipo, discriminação, racismo, sexismo ou segregacionismo dizem respeito a atitudes ou comportamentos negativos direcionados a indivíduos ou grupos, baseados em um julgamento prévio que é mantido mesmo diante dos fatos que o contradigam.
Estereótipos:
São consideradas crenças acerca de certos atributos (geralmente traços de personalidade) ou sobre comportamentos costumeiros de grupos ou pessoas. Estas crenças sobre características de pessoas que atribuímos aos indivíduos ou grupos constituem a base cognitiva do preconceito.
Podem ser corretos ou incorretos, positivos, negativos ou neutros. Entretanto devemos considerar que, apesar de, em um primeiro momento, facilitarem nossa reação diante do mundo, podem levar a generalizações incorretas e indevidas, principalmente quando não se consegue perceber os traços e as características individuais que estão por trás dos estereótipos. Este comportamento pode gerar relações conflituosas e comportamentos inadequados e desarmônicos.
Diferença entre preconceito e discriminação:
Preconceito:
São ideias e sentimentos hostis ou negativos com relação a um determinado grupo, não levando necessariamente a atos ou a comportamentos persecutórios ou violentos.
Discriminação: 
Pode ser considerada como o comportamento consequente do preconceito, como por exemplo, expressões verbais hostis, condutas agressivas etc.
Comportamento: percepção, expectativas, emoções/sentimentos/desejos, crenças e valores, e necessidades.
Causas do preconceito:
Competição e conflitos políticos e econômicos:
Conflitos ligados ao status social, ao poder político, ao acesso a recursos limitados e ao desemprego fornecem fermento para a hostilidade, onde podem surgir tentativas de depreciar o grupo adversário, inclusive através de estimulação de crenças preconceituosas.
“Bode expiatório”:
Prega que indivíduos, quando frustrados ou infelizes, tendem a deslocar sua agressividade para grupos que não possuem poder e por quem nutrem sentimentos de repulsa.
Fatores de personalidade:
Algumas pessoas, em função do tipo de educação recebida em casa, estariam mais predispostas a se tornarem preconceituosas. Estudos na Rússia, África do Sul e Estados Unidos confirmam que pessoas com a personalidade autoritária são predispostas a manifestação de preconceitos e discriminação. Este tipo de personalidade pode ser resultado de uma educação muito disciplinar e punitiva, com pais manipuladores de manifestação de afeto para conseguirem respostas de obediência. Isto tornaria as crianças inseguras, dependentes e muito ambivalentes para com seus próprios pais (amor e ódio). Tal ódio reprimido afloraria mais tarde dirigido a grupos minoritários e desprotegidos.
Aprendizagem Social:
Enfatiza que estereótipos e preconceitos fariam parte de um pacote maior de normas sociais, que seriam as crenças de um determinado grupo sobre os comportamentos corretos e incorretos, aceitáveis e permitidas. Tais crenças e comportamentos seriam transmitidos de geração a geração através da educação familiar, escolar, nos grupos na mídia etc.
Conformidade com o grupo:
Neste caso, as pessoas de tanto vivenciarem relações de desigualdade entre os grupos, sexos etc., passam a naturalizar tais comportamentos, conformando-se com a situação reinante. Na conformidade, cedemos à pressão social para sermos aceitos, para não sofrermos punições ou por realmente acreditarmos na veracidade das crenças disseminadas no nosso meio cultural.
AULA 04
Sociologia da Violência
Violência:
	O que entendemos como violência é diferente para cada pessoa (roubo, insulto no trabalho, etc), pois é que todos os fenômenos citados dizem respeito como a sociedade está organizada, como ela constrói suas normas e como ela realiza o controle no cumprimento desta norma.
Segundo Loureiro e Lisboa (1993):
O estudo da violência confunde-se com o estudo da organização social, isto é, com a capacidade dos agrupamentos humanos em definirem valores, normas e regras que estruturam a vida social. A análise da violência e do crime refere-se a um campo social regido por valores e regras coletivas cuja transgressão, considerada como podendo pôr em causa o equilíbrio precário da estrutura social, é susceptível de ser punida com maior ou menor severidade.
A direção da violência:
	Pode-se dizer que a violência não possui um sentido único e universal, mas aquele que lhe é atribuído de acordo com o momento histórico e político no qual o conceito é utilizado. Ou seja, o que é determinado como violência somente pode ser pensado em relação às normas sociais, onde ambos estão atravessados pela história, cultura e política. Então: a análise da violência e da criminalidade remete, assim, aos fundamentos da própria organização da sociedade e para a problemática da mudança social. (ibid.)
A violência e o crime não existem por si mesmos, mas sempre em relação a algo estabelecido como o que é correto e o que não deve ser feito, seja normatizado enquanto consenso social ou no âmbito da ética seja tipificado enquanto lei. Ou seja, a violência e o crime existem no campo da transgressão à norma.
Transgressão à norma:
Esta norma surge a partir de um contrato social em um determinado contexto, onde o consenso sobre o que deve ser tipificado ou não, não se refere à maioria do grupo social, mas por aquelas pessoas que possuem o poder de decisão naquela sociedade.
Questionamentos da direção da violência: 
Se o que é normalizado é definido por alguns em detrimento de outros, o que faz com que a sociedade inteira incorpore aquela lei como sua e não cometa nenhuma transgressão?
A norma construída socialmente é disseminada de tal forma que se torna naturalizada; segui-la seria algo “natural” a fazer porque é a ordem “natural” das coisas.
	EXEMPLO:
Desde que nascemos aceitamos que existem a hora de acordar, de almoçar, de trabalhar ou estudar, de voltar para casa, de jantar, de brincar, de fazer o dever de casa, de lazer etc. 
Esta forma de lidar com o tempo é natural? Não. Foi construída pela humanidade há milhares de anos e transmitida às gerações como a forma correta de organização do tempo.
Por que, mesmo sabendo os horários de maior intensidade do fluxo do tráfego, permanecemos com o mesmo horário de trabalho?
Por que não é possível escalonar horários diferenciados de início e término de trabalho para minimizar os transtornos do trânsito e melhorar a qualidade da mobilidade urbana?
Quem determinou que se deve começar a trabalhar entre 7 e 9h da manhã e terminar entre 17 e 18h?
Normatização social:
A organização do tempo social se tornou tão naturalizada que a aceitamos como correta sem discutir suas implicações na nossa vida cotidiana. Ela se tornou uma instituição social.
Este exemplo pode elucidar como levamos nossa vida de acordo com determinadas normatividades sem pensarmos muito bem as suas implicações reais no nosso cotidiano. E as utilizamos para tudo, desde como devemos tomar banho ou dormir, até como devemos comer e educar os nossos filhos. 
Estamos em um emaranhado de normas que colocamos em prática a cada segundode nossas vidas.
Há um consenso entre as ciências humanas e sociais no sentido de pensar a transmissão desta normatividade através da educação, tanto a formal ou escolar, como a informal ou aquela que adquirimos na convivência com a nossa família, no grupo de amigos, nas organizações religiosas etc.
Desde o início da vida, o ser humano está em contato com uma determinada forma de ser humano, que o diferencia dos outros animais e cabe aos “veteranos” da espécie ensinar aos “novatos” esta diferença, imprimindo ao nosso modo de vida uma especificidade que faz com que nos reconheçamos como humanos.
Esse processo ocorre também no que se refere à violência. Desde cedo aprendemos que não podemos bater no amigo, morder, pegar o que não é nosso sem pedir, que é preciso devolver aquilo que se pega emprestado.
Instituição Social:
Na perspectiva das ciências sociais, são regras, padrões e normas de comportamentos considerados adequados para determinada organização social.
Transgressão da normativa social:
	Se todos possuem uma base normativa semelhante, o que faz com que algumas pessoas transgridam tal consenso?
Uma das abordagens que a Sociologia traz para entender esta questão refere-se ao próprio processo de mudança na percepção de direitos do cidadão a partir da Revolução Francesa, na percepção do crime e na forma instituída socialmente para combatê-lo.
Até o surgimento da era moderna, pode-se dizer que o crime era considerado um ato contra o monarca e cabia ao representante do rei punir os criminosos na mesma moeda com que cometeram o crime.
Entretanto, com as mudanças políticas e econômicas ocorridas devido às Revoluções Francesa e Industrial e o surgimento da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que estabelecia os direitos à liberdade, à propriedade, à segurança e a resistência à opressão como universais e inalienáveis, há uma consequente transformação na economia penal e punitiva. 
Os crimes mais evidenciados tornaram-se aqueles contra o patrimônio e o direito à propriedade e a punição para os atos transgressores começam a deixar a espetacularização da violência, surgindo a reclusão, ou privação da liberdade, como a pena mais comum. Levando o crime para um lugar mais atrelado às violações individuais.
Idade Moderna:
A Idade Moderna refere-se ao período da história que compreende os séculos XV até XVIII.
O Iluminismo, o Renascimento, a descoberta do continente e outras grandes mudanças no mundo fazem parte das mudanças ocorridas da Idade Moderna e que tiveram grande importância na transformação do cenário político, econômico e social do mundo. 
Neste período houve ainda grandes mudanças no modo como as pessoas viam a igreja e, também, o surgimento da ciência moderna. Seu final acompanha a Revolução Francesa de 14 de julho de 1789. Como a Europa era o único continente conhecido, o movimento ocorreu basicamente só na Europa. A partir do velho continente, surge a expansão marítima com o objetivo de regenerar a economia das potências do velho mundo. 
Cabe a este período a ascensão do capitalismo enquanto modelo econômico e de produção e a burguesia, enquanto classe social. Na Idade Moderna o absolutismo era forma como a maioria dos governos operava, onde todo o poder do estado estava exclusivamente nas mãos de uma só pessoa, geralmente o rei.
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão:
É um documento culminante da Revolução Francesa, que define os direitos individuais e coletivos dos homens como universais. Foi influenciada pela doutrina dos "direitos naturais", nos quais os direitos dos homens são tidos como universais, ou seja, válidos e exigíveis a qualquer tempo e em qualquer lugar.
Organização policial:
É um braço do estado para garantir os direitos e a ordem social, mesmo que utilize a força e coerção. É outorgado o direito do uso da violência para manter a ordem social. 
Pode-se concluir que para o Estado a violência é aquela que transgride as normas, e que a violência do Estado, camuflada como força, é legitimada para a manutenção da “ordem” construída pelo mesmo.
Isto posto, teríamos a violência ilegal, transgressora, criminosa, porque é contra as normas e que deve ser combatida, e a violência legal, aceita pelo Estado e legitimada enquanto força,  porque está a seu serviço, por mais contraditório que isto possa parecer. Daí a complexidade do tema violência.
Algumas causas da violência:
A pobreza é a causa da violência:
Tal premissa parte do pressuposto de que, movido pela necessidade e pelo desejo, o ser humano é passível de realização de crimes como, por exemplo, o roubo.
Entretanto, tal afirmativa reducionista, além de não fundamentar a causa da criminalidade, não evidencia o debate importante sobre o aumento do sofrimento do pobre devido à violência, porque sua condição socioeconômica e a falta de estrutura e políticas públicas, inclusive as de segurança, trazem mais possibilidades de estarem sujeitos a serem vítimas da violência do que outras classes, tornando-os as maiores vítimas de furto, assaltos e homicídios. 
Outra crítica a esta questão é que se pobreza fosse a causa da violência, todo pobre seria criminoso, o que não ocorre, visto que há muitas pessoas que, mesmo diante de sua condição paupérrima, não cometem crimes.
Não há relação direta entre aumento ou diminuição nos dados sobre violência e aumento ou diminuição nos dados sobre miséria.
A desigualdade social é a explicação da violência:
Segundo Zaluar (2002), esta tese estaria “baseada principalmente no diferencial de renda entre os mais ricos e os mais pobres, ou no diferencial de IDH, essa tese pressupõe que a revolta moveria os homens a agir violentamente para diminuir as distâncias e as invejas que a desigualdade provoca” (p.20). 
Nesta abordagem, podemos também incluir a fragmentação causada pela desigualdade social e a falta de cidadania, que gerariam respectivamente, uma falta de reconhecimento do outro social como sujeito de direitos e, mais profundamente, a própria falta de acesso a direitos sociais como saúde, educação de qualidade, segurança, saneamento, entre outras. 
Explicitando, se desde o início a desigualdade social opera privilegiando uns em detrimento de muitos e acarretando a falta de condições básicas de sobrevivência para esses, esta falta generalizada de “tudo” acarreta em uma ausência de alteridade que faz com que este não reconheça no outro sua condição de cidadão.
Violência e o sentimento de insegurança:
Tal perspectiva refere-se ao sentimento de medo e insegurança devido a uma percepção de que o Estado não consegue, através das forças policiais, seja devido à incapacidade e corrupção ou devido à insuficiência das leis, manter a ordem social o que consequentemente traz à tona um sentimento de impunidade. 
A impunidade sentida como medo alimenta sua matriz simbólica, representacional sobre a realidade brasileira que faz prevalecer no imaginário social ideias que concebem o Brasil como um país de impunidade.
De acordo com Grossi Porto (2001):
Se a sociedade brasileira se concebe como o reino da impunidade, isso interfere nas formas de agir e de interagir socialmente. (...) A impunidade, se por um lado, enfraquece o orgulho nacional e empalidece o sentimento de pertencimento à nação que contagia parte da população, por outro, alimenta ódios, ressentimentos, raivas e vinganças, cuja resposta mais palpável é a violência, individual ou coletiva, protagonizando, em última instância, o retorno do recalcado.
Diante deste quadro, tal significado ideativo ou representação mental sobre a impunidade alimentaria ainda mais a violência, visto que a ação humana está impregnada pelos respectivos conteúdos mentais. Em termos de violência e crime, o fato de se pensar uma sociedade onde o crime não será punido, ou que há grandes chances disto ocorrer, viabiliza, aliado à fragmentação social desencadeado pela desigualdade social, o surgimento ou aumento do crime e da violência.
A mudança na percepção da violência ao longo dos tempos:
Até a década de 1950, a percepçãodo crime estava mais voltada para a propriedade sem o envolvimento da força física ou a sua ameaça. Os crimes contra a pessoa eram geralmente por conta de brigas e conflitos que acarretavam alguns ferimentos graves, mais por uso de facas e navalhas do que por uso de armas de fogo. Estavam evidenciados, também, muitos crimes passionais.
A partir da década de 1950, surgem os crimes à mão armada: os assaltos a postos de gasolina, taxistas, arrombamentos e assaltos à residências e bancos.
Segundo Misse (2008, p. 282-283):
Acumulação social da violência no Rio de Janeiro ganhou tal abrangência, que furtos, tráfico e crimes não intencionais como atropelamentos e mesmo suicídios passam a ser incorporadas na representação da “violência urbana”. O caso do tráfico é especialmente relevante, pois lhe é atribuída a principal responsabilidade pelo aumento da violência, seja pelo suposto efeito das drogas em seus consumidores, seja pelos crimes que jovens pobres cometem para comprarem essas drogas, seja, finalmente, pelos conflitos internos a esse mercado. 
O crime se tornou organizado. Nos últimos 30 anos, ocorreram a disseminação de armamentos pesados nas favelas que desafia a polícia (ibid.), sem haver qualquer objetivo coletivo ou político, apenas econômico.
Surge, também, o narcotráfico acarretado a organização dos grupos na favela de forma similar a um empreendimento comercial, instituindo, inclusive o cargo de “gerente da boca”. Além destes, os crimes de violação de direitos, seja pela força policial seja por grupos paramilitares de justiceiros entram e cena.
A Sociologia é o campo das ciências humanas que estuda o comportamento humano em sociedade. Com relação à sociologia da violência, esta conjuga a teoria com os dados de uma sociedade para melhor compreender o fenômeno.
AULA 05
Exclusão Social e Violência.
Exclusão social:
É um processo sócio histórico situado na interseção do indivíduo e da sociedade, visto que se concretiza na ordem do social, mas é sentido na ordem do indivíduo como necessidade e sofrimento psíquico. 
Surge em 1974, com o então Secretário de Ação Social francês René Lenoir, ao expor suas ideias no livro Os excluídos: um em cada dez franceses. 
Nesta obra, o político expõe sua preocupação com uma parcela da população integrante da massa pobre e que necessitava de ajuda governamental.
Até então, a exclusão era pensada como um fenômeno subjetivo, ideário que encontramos até os dias atuais, e não como um fenômeno social, vinculado às questões de trabalho, sociais ou econômicas.
Neste sentido, o mérito deste autor foi suscitar a reflexão sobre a exclusão enquanto fato social e político, vinculado ao funcionamento próprio da sociedade. 
Causas da exclusão: 
Rápido e desordenado processo de urbanização; 
Inadaptação e uniformização do sistema escolar; 
Desenraizamento causado pela mobilidade profissional; 
Desigualdade de renda e de acesso aos serviços. 
Fenômeno subjetivo:
Traz a ideia de que o indivíduo permanece nesta condição por sua própria “culpa”, ou seja, a sua condição de pobreza não seria relativa a um contexto político, econômico e social desigual, mas devido a alguma questão individual.
O surgimento das ciências humanas e sociais:
	Para se entender a inovação desta discussão importante voltarmos ao século XIX, com o surgimento das ciências humanas e sociais. Tanto a Sociologia como a Psicologia constitui-se enquanto ciência em um cenário onde o paradigma científico baseia-se nas ciências naturais. 
Este paradigma faz com que estas disciplinas tenham referenciais tanto filosóficos quanto biológicos.
Deste referencial teórico e filosófico começa-se a compreender os fenômenos humanos e sociais a partir da biologia, sendo inclusive aplicada a Teoria da Evolução de Darwin, para o entendimento da pobreza e da desigualdade social.
A aplicação da teoria darwinista à sociedade suscita a criação do darwinismo social, teoria que explicaria as desigualdades sociais a partir da desadaptação de determinados setores, onde as populações mais adaptadas (ou evoluídas) teriam futuro e as outras estariam fadadas ao fracasso. Disto decorre a biologização das diferenças sociais, que não estariam localizadas nas relações sociais, no contexto ou na política, mas na biologia dos indivíduos.
As desigualdades sociais e a exclusão social:
Nesta luta pela existência, surge também no século XIX, a teoria sobre as raças, onde a raça branca estaria em uma hierarquia superior e as outras seriam inferiores. 
Resumindo: 
As ciências humanas e sociais surgem em um quadro de dominação das ciências naturais e onde a Biologia serve de base para todos os tipos de fenômenos, desde aquele relativo aos organismos naturais até aos relativos ao funcionamento social. Disto decorre a explicação biológica também para os fatos sociais e, diante desta perspectiva, as desigualdades sociais e a exclusão social não são compreendidas como algo devido ao funcionamento social, mas devido a questões individuais.
Grupo de “inadaptados” sociais:
Atualmente, observamos que idosos, portadores de necessidades especiais, minorias étnicas, desempregados, entre outros, são todos grupos onde falta a acessibilidade aos bens sociais, culturais, políticos, materiais ou simbólicos, configurando um grupo de “inadaptados” sociais ou rejeitados devido às impossibilidades que a “sua condição” gera.
Entretanto, cabe ressaltar que esta “condição pessoal” passa muito mais por uma construção social do que por uma condição pessoal de incapacidade. Até porque destitui tais grupos de sua condição de cidadão perante a lei, o que deveria estar assegurado a todos, independente de suas diferenças.
Políticas assistencialistas:
Compete esclarecer que as pessoas constroem a representação de si a partir de seu relacionamento com as outras pessoas e diante das expectativas que as mesmas possuem dele. 
No caso deste sistema excludente surge a representação negativa e fatalista de sua condição e de si mesmo. 
Este processo de culpabilização do indivíduo pela sua condição, também considerado de estigmatização da pobreza, ou a naturalização do fenômeno da exclusão, gera o pensamento fatalista de que “isso é assim e não há nada para fazer” e faz direitos serem transformados em ajudas e favores, alimentando políticas assistencialistas.
Os excluídos:
Cabe destacar que a exclusão estaria apoiada em um sistema simbólico de preconceitos sobre a adequação ou não à condição de cidadania. Neste sentido, podemos entender que os excluídos são todos aqueles rejeitados de nossos mercados materiais ou simbólicos, de nossos valores.
Segundo Sawaia (2001), “A exclusão é um processo complexo e multifacetado, uma configuração, uma configuração de dimensões materiais, políticas, relacionais e subjetivas” (p. 9).
Desemprego:
Pensando a exclusão em termos de falta de acessibilidade aos bens sociais básicos para a satisfação das necessidades fundamentais para a vida, tem-se que atualmente a exclusão não pode ser considerada um fenômeno marginal, visto que atinge cada vez mais camadas da população que não os “pobres tradicionais”. 
Tanto que os excluídos do final do século XX são populações que não encontram lugar no mercado de trabalho, quais sejam:
Desempregados de longa duração que vão sendo expulsos do mercado de trabalho. 
Jovens que não conseguem acesso ao “primeiro emprego”.
Camadas da população aptas ao trabalho e adaptadas à sociedade, porém vítimas da conjuntura econômica e da crise do desemprego.
Vínculo social:
Apesar de toda reflexão, estudo e mudança paradigmática, o conceito de exclusão ainda continua um conceito complexo, difuso e fluido, acarretando a sua polissemia. Entretanto, pode-se destacar que todos os sentidos se apresentam de alguma forma como rompimentos, fraturas com relação ao vínculo social.
Desqualificação:
Processo relacionado ao fracasso e sucesso da integração social, que passa essencialmente pelo desemprego;
Desinserção:
Enfoca a dimensão simbólica da exclusão: os valores da sociedade definem os“fora de norma” como não tendo valor ou utilidade social;
Desafiliação:
Fragilização ou ruptura do vínculo societal, acarretando em vulnerabilidade, precarização, marginalização e isolamento social.
Tipos de exclusão social:
Econômica: 
Relativa à privação de recursos básicos como precariedade no emprego, baixa escolaridade, más condições de vida;
Social: 
Refere-se à privação relacional, como o isolamento dos “indesejáveis” (idosos, pessoas portadores de necessidades especiais);
Cultural: 
Relacionada a fatores culturais ou a discriminação racial;
Patológica: 
Relacionada a casos de origem patológica, principalmente psicológica ou mental;
Comportamentos autodestrutivos: 
Relacionada a comportamentos vinculados a toxicodependência, alcoolismo e prostituição.
Diferença entre pobreza e exclusão:
Diante deste quadro, torna-se importante destacar a diferença entre pobreza e exclusão para depois abordarmos a relação entre violência e exclusão e a criminalização da pobreza.
Pobreza:
Pode ser considerado um estado de privação relacionada às necessidades básicas de sobrevivência, tais como: emprego, saúde, alimentação, vestimenta, moradia, educação etc.
Exclusão:
 Temos que pensá-la de forma dialética, pois a sua existência está condicionada a existência do outro lado, ou seja, da inclusão social. Então, exclusão não é a mesma coisa que pobreza, mas conceitos e fenômenos que se complementam.
Articulação entre violência, pobreza e exclusão social:
Criminalização da pobreza: 
Entende-se o fenômeno de se vincular enquanto causa a pobreza e enquanto efeito a violência, como se todos aqueles que fossem pobres fatalmente tornar-se-iam criminosos. Tal pensamento está baseado na filosofia utilitarista de que o crime seria cometido devido à impossibilidade de acesso aos bens materiais e também ao desejo de tê-los. Tal pensamento ainda é reforçado pelo fato estatístico de que a maioria da população carcerária é relativa às camadas mais pobres da população. 
Entretanto, as ciências sociais já tomaram outro caminho no que se refere ao debate evidenciando o preconceito e a discriminação subjacente ao pensamento supracitado que permanece enraizado no ranço da ideologia pautada o darwinismo social e na teoria das raças do século XIX.  
Tal caminho inverte a reflexão apontando que é exatamente pela condição de falta de acesso aos bens matérias e sociais que a população das camadas mais pobres seria mais afetada ou vitimizada pela violência, como atualmente verificamos os quadros das comunidades mais carentes.
AULA 06
Mídia e Violência.
Vivemos na era da informação. Estatisticamente, 98% das residências dos brasileiros possuem televisão, 87% possuem celular em detrimento de 37% que possuem telefone fixo, o rádio está presente em 80% das casas e 37% delas, possuem pelo menos um computador de mesa.   
Com relação ao uso da internet, pesquisas demonstram que 38% das residências brasileiras que possuem computador, conectam-se à internet. Destes, 43% encontra-se em áreas urbanas.
Um passeio no tempo:
Em uma escala evolutiva, os impressos formam os primeiros meios de massa influenciadores de opiniões e comportamentos. Muito tempo depois, no final do século XIX, aparece o cinema utilizado o recurso da imagem como construção de comunicação.
Na década de 1920, o rádio entra na casa das pessoas, meio marcante na difusão de conteúdo jornalístico e também fortemente relacionado ao uso político.
Na década de 1950, surge a televisão, apresentando a imagem, assim como o cinema, só que dentro das residências das famílias.
E como última grande mídia, aparece a tecnologia da rede mundial de computadores, a internet, digitalizando e convergindo todas as mídias anteriores, levando maior velocidade para a transmissão de conteúdo, e principalmente, permitindo que o cidadão comum virasse também um produtor de notícias e de entretenimento.
Um passeio no tempo:
A rápida história contada nos trechos anteriores demonstra o surgimento da cultura de massa, ou seja, através de meios de comunicação alguns grupos políticos interessados conseguiram influenciar grande quantidade de pessoas – massa - no intuito de direcionamento de opiniões e ações.
A Importância da Mensagem:
Segundo Macluhan (2004), “O meio é a mensagem”, ou seja, dependendo do meio ao qual a comunicação se dissipa, o resultado da sua influência na opinião pública está diretamente ligado à força do veículo que a emitiu. Isto significa dizer que quanto mais disseminada a mídia, ou melhor, quanto mais espaço determinado veículo de comunicação tiver na vida cotidiana das pessoas, mais facilmente e fortemente ele estará influenciando a construção/ reprodução de ideias, pensamentos e visões de mundo. 
Tal significação acaba por se tornar a referência de mundo, de valores sociais que se têm, de comportamentos adequados ou inadequados, de formas de se relacionar com o outro, de respeito (ou não), de ética (ou não) e, portanto, da maneira como devemos agir.
Segundo Tondato (2007), analisado no contexto urbano de grandes cidades, o consumo dos meios de comunicação de massa, especificamente jornais, revistas, rádio e televisão, é caracterizado pela rapidez e necessidade de informação sobre o ambiente social, econômico e político, nessa ordem. Dos meios impressos, o jornal dá uma visão geral dos acontecimentos e só se busca a revista quando há necessidade de ‘detalhamento’ e aprofundamento das informações. Os meios eletrônicos, rádio e TV, fazem parte do cotidiano. (p.128)
A Disseminação de Valores:
Segundo Coimbra (2001), nas mídias contemporâneas “Enfatizam-se os valores e as virtudes da instantaneidade, da descartabilidade, da diversificação, do planejamento e ganhos a curto prazo, da capacidade de se movimentar com rapidez.” (p.3)
Vários autores da atualidade já pensam a contemporaneidade como possuindo os valores do hedonismo, da superficialidade das relações sociais, do individualismo exacerbado, do hiperconsumo. 
Tais valores acarretam a fluidez das relações, o rompimento do vínculo e do sentimento de comunidade e coletividade, onde o que interessa é aquilo que satisfaz a si próprio ou, no caso da violência, aquilo que me coloca em risco ou a minha segurança.
Segundo Belloni (2004), (...) a violência generalizada nas mensagens difundidas pelas mídias – nas quais se tornou a proposta estética prevalente, inclusive no aspecto visual e corporal, como o pearcing, por exemplo – contribui para a criação e consolidação de uma cultura jovem mundializada, cujas características mais marcantes podemos assim resumir: consumismo, narcisismo, banalização da violência como imagem do mundo urbano contemporâneo, legitimação do uso de meios violentos como forma de resolver conflitos, tudo isto levando à dessensibilização dos jovens com relação a cenas de violência física e psíquica e sua consequência, o sofrimento do outro (p. 578-579).
Nesse quadro valorativo, a empatia, a tolerância à diferença e a solidariedade são colocadas em segundo plano. E as mídias, através de seus conteúdos, poderá reforçar esse estilo de vida.
De acordo com Harvey (1993), na “sociedade do descarte”, o significado da vida acontece a partir daquilo que se tem; a confiabilidade do indivíduo não é pautada em valores, mas naquilo que ele tem e demonstra ter. Não vale o relacionamento estável nem o apego às coisas; o que é antigo torna-se obsoleto, inclusive os relacionamentos.
Se pensarmos o vínculo que tais valores possuem com a mídia, ora, ver um programa na TV aberta é estar exposto a uma série de comerciais dizendo como se vestir, o que comer e o que é necessário ter para sentir-se incluído. 
E neste jogo de inclusão – exclusão (ou vazio simbólico) o que introjetamos é que temos que consumir sempre mais para estarmos inseridos socialmente.
No que se refere aos valores sociais, Coimbra (2001) argumenta que “(...) a atuação dos meios de comunicação de massa torna a sociedade mais vulnerável às representações dos acontecimentos como consequência da valorização das formas simbólicas.”(p.3).
Disto decorre o impacto das mídias na construção subjetiva e valorativa dos seres humanos. 
A Psicologia debate o assunto em termos de aprendizagem social, ou seja, em que medida a exposição das pessoas a determinados conteúdos faz com que elas apreendam e aprendam o que se vê na televisão e na internet. Ou, pensando a mídia como um poderoso meio de socialização de valores, como os conteúdos midiáticos tornam-se exemplos a serem copiados devido à identificação que se tem com determinados personagens, especialmente no caso das crianças.
A Influência nas Crianças:
Sobre o conteúdo direcionado às crianças, estudos recentes evidenciam que 92% da temática transmitida para a faixa etária de 2 a 11 anos possuem violência. 
A maioria das situações violentas apresentadas era verbal (78%), divididas em: agressão à autoestima ou posição social de outro personagem do programa, dos quais apareceram 52% de “insultos”, 25% de “apelidos”, 10% de provocações e 9% sarcasmo.
É importante ressaltar que muitas vezes a percepção preponderante dos pais é que o conteúdo veiculado para as crianças é inadequado devido ao excesso de violência, sexualidade e outros assuntos que vão contra os valores transmitidos em casa. 
Outra questão em pauta refere-se a quantidade de tempo que as crianças têm ficado diante da mídia, que aumenta, e em família, que diminui, devido as novas configurações familiares e de trabalho, onde cada vez mais os pais trabalham, deixando as crianças e os jovens à mercê dos conteúdos oferecidos pelas emissoras.
O tempo compartilhado entre pais e filhos é cada vez mais escasso: trabalha-se cada dia mais para o aumento do poder aquisitivo e a mulher tem uma contribuição crescente na fatia produtiva da população, ficando bastante tempo fora de casa. 
Pais chegam tarde em casa, crianças atarefadas, refeições solitárias ou feitas fora do lar. A família se reúne cada vez menos para conversar sobre o cotidiano... (Campos e Souza, 2003: p.13).
Outro dado a ser ressaltado é que a percepção das crianças sobre os conteúdos são diferentes quanto ao gênero. Meninos tendem a perceber e a se identificar com personagens masculinos e as meninas sentem-se mais afetadas com personagens femininas. 
De toda forma, estudos retratam que após assistirem filmes ou brincarem com jogos violentos, há uma tendência em expressar com mais assertividade a própria agressividade. Não que a pessoa adquira traços violentos incontornáveis, mas a mídia exerce influência tanto na percepção quando na emissão de comportamentos agressivos.
Embelezada e edulcorada, estetizada, repetida sem cessar, ela [a violência] se tornou uma das fórmulas de maior sucesso da televisão e do cinema, presente em qualquer produto, do drama romântico ao desenho animado para os bem pequenos, mil vezes recriada nas publicidades. 
A repetição infinda de cenas estereotipadas utilizando efeitos de imagem e som padronizados tende a criar, em escala planetária, não só um conjunto mínimo de símbolos e valores comuns no imaginário dos jovens, como a influenciar seu gosto, seus padrões estéticos (...). (Belloni, 2004: p. 579)
Então, torna-se importante refletir esse contexto com crianças muito pequenas, que não possuem entendimento sobre a ironia de vários desenhos que tangenciam a violência social. 
Nesse caso, é indispensável a restrição de programação, visto que podem sim aprender determinados comportamentos inadequados associando-os ao seu repertório já existente, tendo em vista que não conseguem discriminar o que seria adequado do inadequado.
A Percepção Adulta:
Quanto à percepção de adultos sobre a violência na TV, constata-se, a partir de pesquisa sobre o significado da violência na TV pelos expectadores, que o que é considerado violento não é a notícia sobre a morte, sobre cenas sangrentas ou sobre as faltas (ou falhas) nas políticas públicas. 
Essas, quando veiculadas, são consideradas informativas e representantes de uma sociedade violenta. 
O que realmente pesa como violência é o desrespeito pelo outro nos programas, a humilhação, a ridicularização, a exploração das mazelas do dia a dia exibidos nos programas sensacionalistas.
A violência na televisão normalmente não é relacionada a programas jornalísticos, sejam eles de caráter sensacionalista ou não.
Violenta é a dramatização exagerada, não reconhecida no conteúdo jornalístico, visto que a narração dos fatos, mortes, ataques, acidentes e desastres noticiados é considerada prestação de serviço. 
A interpretação desses conteúdos, na forma como são divulgados, é de alerta para a população, orientação sobre os perigos da cidade, o que promove o cenário de uma sociedade fora de controle, de uma cultura de violência ao contrário de uma cultura solidária, pois “o outro é sempre visto como um potencial inimigo de quem se deve, sobretudo, desconfiar”. (Tondato, 2007: p.129)
Diante disto, o que pode ocorrer é a naturalização e a banalização da violência social de tanto que a população se acostuma a viver neste cenário e como o mesmo é veiculado pela mídia de caos social, gerando, inclusive o sentimento de fatalidade diante da desorganização social e insegurança.
Para você o que é realmente violento na televisão?
A pergunta-chave ‘o que é realmente violento na televisão?’ teve como resposta o desrespeito ao indivíduo, a exploração da desgraça. 
A audiência se dá pela falta de opção, e a curiosidade é um dos principais aspectos motivacionais de recepção de conteúdos criticados pelo sensacionalismo e exposição desnecessária de mazelas e situações desrespeitosas do ser humano. 
As pessoas não consideram os programas violentos porque nada é exposto com lógica. A carnavalização dos acontecimentos dificulta a reflexão.
Quando o receptor diz que a televisão “não faz nada além do que retratar a realidade”, ele está em consonância com um contexto ideológico que mostra uma sociedade violenta como nunca, sem que isso se confirme nas estatísticas históricas. (Tondato, 2007: p. 132)
Quando os fatos são vistos descontextualizados, a televisão vira uma grande catarse (liberação emocional), pois as pessoas refletem seus medos e suas angústias sem refletir realmente sobre o que os fatos retratam política e ideologicamente.
Atenção:
É importante entender que não há neutralidade nos conteúdos midiáticos. 
Os programas televisivos e as notícias que aparecem nos meios de comunicação social referem-se a um determinado contexto histórico de uma determinada cultura.  
Ao mesmo tempo em que alimenta nosso imaginário, as mídias também são alimentadas pelo que a população deseja, ou o que ela (mídia) acha que a sociedade (ou pelo menos uma parte dela) almeja.
Isso significa que, quando um assunto é elencado para veiculação midiática, há sempre uma expectativa de quem o produz, que é acessar as pessoas e suas representações, opiniões e ideias. 
Neste sentido, tal conteúdo aparece com uma série de valores associados que poderão ser incorporados pelo espectador influenciando sua visão de mundo, afetando seu comportamento e a vida social.
AULA 07
Violência de Gênero. 
Durante a maior parte do século XX, a sexualidade humana era delegada ao estudo da Medicina, pois era reconhecida somente pela sua base fisiológica, ou seja, pelos aspectos anatômicos e pelas questões orgânicas relacionadas.
Talvez seja devido a este aspecto predominantemente biológico da sexualidade humana que tenha consolidado a ideia, ainda remanescente, de estranheza no que se refere à preferência sexual homoerótica e à escolha pela mudança de sexo com os transexuais.
Exemplos:
Campo de concentração onde eram levados os gays para serem curados.
Cirurgias realizadas no cérebro para curar esquizofrenia e homossexualismo.
Tal biologização do comportamento sexual traz como consequência a marginalização da sexualidade e a submissão do comportamento sexual à racionalidade médica, que ocasiona uma moralidade biológica em termos de gostos eróticos, onde o “normal” acaba se tornando a heterossexualidade e o patológico aquilo que nãose enquadra na norma.
Este fato também se estende à questão do feminino e masculino, como se a existência masculina ou feminina fosse totalmente determinada por aspectos biológicos, acarretando, também, uma percepção social do “normal” e do “patológico” no que se refere aos comportamentos masculinos e femininos.
Esta perspectiva produz um enquadramento do que é ser mulher e do que é ser homem; como devem ser seus comportamentos e papéis sociais. E, se tais características são pensadas como aspectos puramente biológicos, geram uma naturalização da existência descolada dos aspectos sociais e históricos, onde a sexualidade é marginalizada e ignorada como uma questão de reflexão e pesquisa social.
Este determinismo, de tratar com caráter exclusivamente biológico tem como consequência a geração de preconceitos e estigmas com relação àqueles que se encontram fora dos comportamentos considerados normais, gerando, consequentemente, exclusão social como, por exemplo, a homofobia e a violência contra mulher.
Entretanto, este paradigma começa a ser rompido na década de 1960 com o surgimento, no âmbito mundial, de movimentos sociais vinculados a diversas lutas pelos direitos das minorias excluídas.
Homofobia:
Caracteriza-se por uma atitude negativa, hostil e agressiva contra gays, lésbicas, transexuais e bissexuais, referindo-se aos sentimentos de antipatia e desprezo a quem não possui orientação heterossexual. Considera-se a intolerância homofóbica como negação e desrespeito aos direitos, dignidade e personalidade da pessoa excluída, uma verdadeira violação dos direitos humanos.
Movimentos contra a violência:
No que se refere ao aspecto da sexualidade, devido a este quadro de naturalização do existir, começam a surgir o movimento feminista e pelos direitos dos homossexuais, com a intenção de buscar novas compreensões para as transformações do mundo pós-moderno. 
O movimento feminista surge como uma importante contribuição para a discussão sobre a questão dos gêneros, principalmente a desigualdade social entre eles.
A evolução deste cenário inicia na década de 1960, com as lutas e reivindicações das mulheres burguesas e brancas pela igualdade de direitos, ou seja, a discussão ainda permanecia centrada em uma elite intelectual.
Conceito do gênero:
Na década de 1970, o estudo passou para “mulheres”, na tentativa de dar conta de diferentes situações culturais e sociais e para responder as questões de opressões de raça e classe social, como as mulheres negras. Neste contexto, surge a ideia de que as diferenças entre homens e mulheres não são apenas de ordem física, biológica. 
A partir deste questionamento nasce no interior das ciências humanas e sociais o conceito de gênero, que abarca as dimensões do existir para além dos aspectos biológicos. Desta forma, sexo e gênero seriam categorias diferentes, onde:
Sexo está vinculado à anatomia e genética do indivíduo, sendo considerada uma categoria absoluta e biológica.
Gênero se enquadra em uma categoria cultural, vinculado aos papéis sociais estabelecidos pala cultura do ser homem e ser mulher; refere-se à expressão individual da existência do masculino e do feminino em uma determinada cultura.
A teoria Ecológica do Desenvolvimento de Brofenbrenner reconhece o grau em que as condutas e os valores são influenciados, diretamente ou não, por aspectos dos diversos contextos onde estão incluídas as pessoas, suas famílias e suas comunidades. 
Nesta Ecologia, a cultura (sistema de significados, costumes e valores, atitudes objetivos, leis, crenças, moral, artefatos, habitação etc. compartilhado por um grupo e transmitido para as outras gerações) é considerada como um aspecto que interfere no desenvolvimento.
Atenção:
Então, no que se refere à identidade de gênero, os processos de desenvolvimento humano englobam a interação entre os fatores biológicos e as influências socioculturais que determinam as diferenças entre os sexos. 
Com relação aos fatores biológicos temos a anatomia em si e uma série de hormônios típicos de cada sexo que poderão influenciar o comportamento.
Contexto sócio-histórico:
Não podemos deixar de perceber que tais comportamentos ocorrem em um determinado contexto, que reforçarão determinadas ações e outras não. Novamente volta-se para a importância do social no desenvolvimento de determinadas formas de agir.
O que significa dizer que em determinadas culturas há uma valorização de determinadas condutas masculinas e femininas podendo ser potencializadas pela bioquímica humana, mas que possui sua base no contexto sócio-histórico.
Atenção:
Estas condutas são aprendidas através da socialização junto à família, escola, grupo religioso, mídia etc. Este processo de internalização de valores tem como consequência, até os dias atuais, a percepção de que a masculinidade contemporânea deve ser expressa através das características do ter poder, autonomia, força, racionalidade, repressão das emoções. E quanto às características femininas ainda prevalece a sensibilidade, fragilidade, emotividade exacerbada entre outras.
Os estigmas e o preconceito ocorrem quando estas características são consideradas como naturalmente originadas dos fatores biológicos do sexo do indivíduo. Por exemplo, um homem que demonstra sua sensibilidade diante da vida é chamado de “maricas”, “florzinha” etc.
 	E a mulher mais incisiva, autônoma e que ocupa cargo de chefia é considerada como “sapatão” ou que “não gosta de homem” ou, ainda, que “é mal amada”.
Atenção:
Estes jargões podem parecer divertidos no início, mas refletem representações sociais excludentes quanto à diversidade de formas de existir do ser humano e que não possuem determinismo biológico, mas estão ancorados na história e cultura do seu grupo social.
Exemplos de preconceitos:
O sexismo ou o preconceito de gênero aparece de forma concreta na vida das pessoas quando mulheres não são selecionadas para determinados trabalhos devido à possibilidade de engravidar, quando estudos ainda mostram que os homens ganham maiores salários para os mesmos cargos desempenhados por mulheres, que os homens têm liberdade sexual sem serem rotulados e que, até quando escolhem trabalhar em áreas rotuladas de femininas, têm maior ascensão: chefes de cozinha, costureiros de renome(estilista), cabeleireiros famosos (hair stylist).
Atenção:
Considera-se que a partir de uma perspectiva de gênero, homens e mulheres assumem comportamentos e papéis normativos culturalmente estabelecidos e desiguais em termos de poder e importância.
Na violência contra a mulher, o episódio agudo e mais grave, na maioria das vezes, é o fim de linha de uma situação crônica, insidiosa, que aos poucos foi desmontando as defesas das vítimas até deixá-la completamente à mercê do agressor, sem condições até de pedir ajuda.
Este tipo de violência aparece nas relações de casal, nas relações afetivas e íntimas, no interior das famílias e expressa dinâmicas de afeto/poder nas quais estão presentes relações de subordinação e dominação.
CONSEQUÊNCIAS DA VIOLÊNCIA:
As consequências para a saúde física da vítima incluem a transmissão de doenças  sexualmente transmissíveis pelo abusados, ferimentos, escoriações, hematomas, fraturas recorrentes, problemas ginecológicos, corrimentos, infecções, dor pélvica  crônica, gravidez indesejada, abortamento espontâneo, maior exposição a comportamentos danosos à saúde como abuso de álcool e drogas, incapacidade física parcial ou permanente, podendo chegar até a consequências fatais como suicídio ou homicídio.
Com relação às consequências psicológicas, geralmente as vítimas apresentam estresse pós-traumático, depressão, ansiedade, perda da autoconfiança, disfunção sexual, desordens alimentares e comportamentos obsessivo-compulsivos.
A violência contra mulher pode ser tipificada nas seguintes formas:
Violência física – qualquer conduta que ofenda a integridade ou saúde corporal;
Violência psicológica – qualquer conduta que cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento;

Outros materiais