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CONTESTAÇÃO AULA 10

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1° VARA CÍVEL DA COMARCA DE CAMPINAS/SP
PROCESSO N° 1234
JULIANA FLORES, já qualificada, por seu advogado, com endereço profissional..., onde deverá ser intimidado para dar andamento aos atos processuais, nos autos da AÇÃO DE ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO, pelo procedimento COMUM, movida por SUZANA MARQUES, vem a este juízo, oferecer :
CONTESTAÇÃO
Para expor e requerer o que se segue:
DAS PRELIMINARES
1.1 – DA COISA JULGADA
No caso em tela a Autora já propôs outra ação em face da Ré, cujo trâmite se deu na 2ª Vara Cível da Comarca de Campinas, sendo julgado improcedente o pedido, com trânsito em julgado da decisão, em conformidade com o que preceitua o Art. 337, VII, do NCPC, “in verbis”:
“Art. 337.  Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:
(...)
VII - coisa julgada; ...”.
        
O NCPC dispõe ainda, em seu art. 485, V, “in verbis”:
“Art. 485.  O juiz não resolverá o mérito quando:
(...);
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada; 
(...)”.
DA ILEGITIMIDADE PASSIVA 
Trata-se de relação jurídica que foi travada entre a Autora e a pessoa jurídica Orfanato Semente do Amanhã, ocorrendo, portanto, ilegitimidade passiva e carência da ação, conforme elencam os Art. 337, XI, e 485 do NCPC, “in verbis”:
“Art. 337.  Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:
(...)
XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual;
( ...)”.
 “Art. 485.  O juiz não resolverá o mérito quando:
 (...)
 VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse 
 processual;
 (...)”.
PREJUDICIAL DE MÉRITO
2.1 DA DECADÊNCIA
A Autora entrou com a presente demanda em 2017, sendo certo que a doação se deu em 2012. Com fulcro no art. 178 do Código Civil de 2012, houve a decadência do direito da Autora.
Não cabe, portanto, a ação da Autora, uma vez que o prazo decadencial para anulação de negócio jurídico, quando a pretensão é do próprio contratante, é de quatro anos, contados do dia em que o negócio foi celebrado, conforme dispõe o art. 178, II, do Código Civil, “in verbis”:
“Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:
 I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade
DO MÉRITO
3. DA INEXISTÊNCIA DE COAÇÃO
A parte autora alega que sofreu grave coação para efetivar a oferta do seu imóvel à instituição de caridade, contudo, como se verifica no caso em tela, a mesma não juntou provas inequívocas da ocorrência de tal vício de consentimento. Limitou-se a dizer que temia ser demitida caso fosse negada o pedido, assim diz a Sr Juliana
Segundo Carlos Roberto Gonçalves: “ coação é toda ameaça ou pressão injusta exercida sobre um indivíduo para forçá-lo, contra a sua vontade, a praticar um ato ou realizar um negócio. O que caracteriza esse defeito é o emprego da violência psicológica para viciar a vontade. Assim, o temor que o vício da vontade inspira, torna defeituosa a manifestação de querer do agente. Esse temor infundido na vítima constitui o vício do consentimento e não os atos externos utilizados no sentido de desencadear o medo”.
Orlando Gomes define “coação como a ameaça que perturbe o processo de formação da vontade, que provoca o medo. A ameaça para ser considerada coação deve ser injusta, assim, a ameaça do exercício normal do direito não é coação. Ela deve ser a causa principal da realização do negócio jurídico ou influenciar no sentido de modificar seu conteúdo.”
O caso exposto trata-se de inequívoca liberalidade da Sr. Suzana para instituição de caridade, sendo pois, impassível de desfazimento, visto que não houve qualquer das hipóteses previstas no Artigo 555, CC. Caso ainda se sustente a argumentação de que existia a coação por parte da ré, não há como se prevalecer tal afirmação, tendo em vista toda a descrição dos fatos ocorridos e que não se passa de simples temor reverencial da Sr. Suzane para com a Sr Juliana, de que não houve efetivo temor de dano iminente à pessoa da Autora. 
Portanto, não há que se falar em vício de consentimento no caso em tela, devendo assim, ser declarado improcedente o pedido de anulação do negocio jurídico. Nesses termos:
Art. 555, CC A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário, ou por inexecução do encargo. 
Art. 151, CC. A coação, para viciar a declaração de vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável a sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.
Art.153,CC. Não se considera coação a ameaça, no exercício normal de um direito, nem simples temor reverencial. 
A Ré é sócia e presidente do Orfanato Semente do Amanhã, sendo livre para contratar em nome da pessoa jurídica, tendo recebido a doação efetivada pela parte Autora por própria liberalidade da mesma, que aparentemente dispõe de suas faculdades e não sofreu qualquer coação, podendo também contratar, conforme art. 104 e 421 e do Código Civil, “in verbis”:
“Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.”
 “Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos 
 limites da função social do contrato”
TJ-PB - APELACAO APL 00000479320138150011 0000047-93.2013.815.0011 (TJ-PB)
Data de publicação: 13/10/2015
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO. COMPRA E VENDA. INSTRUMENTO PARTICULAR. ATO JURÍDICO PERFEITO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. DESPROVIMENTO DO RECURSO. - ¿ O instrumento particular, feito e assinado, ou somente assinado por quem esteja na livre disposição e administração de seus bens, prova as obrigações convencionais de qualquer valor; mas os seus efeitos, bem como os da cessão, não se operam, a respeito de terceiros, antes de registrado no registro público. VISTOS, RELATADOS E DISCUTIDOS os presentes autos acima identificados. (TJPB - ACÓRDÃO/DECISÃO do Processo Nº 00000479320138150011, 3ª Câmara Especializada Cível, Relator DES SAULO HENRIQUES DE SÁ E BENEVIDES , j. em 13-10-2015)
DO PEDIDO
Seja acolhida a preliminar de coisa julgada extinguindo-se o processo sem apreciação do mérito;
 Que seja acolhida a preliminar de ilegitimidade passiva intimando o autor para se manifestar em 15 dias sobre a substituição do réu sob pena de extinção;
 Que seja acolhida a decadência arguida extinguindo-se o processo com apreciação do mérito;
Que julgue improcedente o pedido autoral;
Condenação ao ônus de sucumbência;
PROVAS
Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos 369 e seguintes do CPC, em especial documental , testemunhal, pericial e depoimento pessoal do autor.
Nestes termos, pede e espera deferimento.
CAMPINAS, 25 de outubro de 2017.
OAB

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