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Língua Portuguesa (2)

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Prévia do material em texto

1 
 
Compreensão, Interpretação de Textos 
TEXTO – é um conjunto de idéias organizadas e 
relacionadas entre si, formando um todo significa-
tivo capaz de produzir INTERAÇÃO COMUNICA-
TIVA (capacidade de CODIFICAR E DECODIFI-
CAR). 
CONTEXTO – um texto é constituído por diversas 
frases. Em cada uma delas, há uma certa infor-
mação que a faz ligar-se com a anterior e/ou com 
a posterior, criando condições para a estruturação 
do conteúdo a ser transmitido. 
A essa interligação dá-se o nome de CONTEX-
TO. Nota-se que o relacionamento entre as frases 
é tão grande, que, se uma frase for retirada de 
seu contexto original e analisada separadamente, 
poderá ter um significado diferente daquele inicial. 
INTERTEXTO - comumente, os textos apresen-
tam referências diretas ou indiretas a outros auto-
res através de citações. Esse tipo de recurso 
denomina-se INTERTEXTO. 
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO - o primeiro obje-
tivo de uma interpretação de um texto é a identifi-
cação de sua idéia principal. A partir daí, locali-
zam-se as idéias secundárias, ou fundamenta-
ções, as argumentações, ou explicações, que 
levem ao esclarecimento das questões apresen-
tadas na prova. 
Normalmente, numa prova, o candidato é convi-
dado a: 
 
1. IDENTIFICAR – é reconhecer os elementos 
fundamentais de uma argumentação, de um pro-
cesso, de uma época (neste caso, procuram-se 
os verbos e os advérbios, os quais definem o 
tempo). 
2. COMPARAR – é descobrir as relações de se-
melhança ou de diferenças entre as situações do 
texto. 
3. COMENTAR - é relacionar o conteúdo apre-
sentado com uma realidade, opinando a respei-
to. 
4. RESUMIR – é concentrar as idéias centrais 
e/ou secundárias em um só parágrafo. 
5. PARAFRASEAR – é reescrever o texto com 
outras palavras. 
EXEMPLO 
 TÍTULO DO 
TEXTO 
 PARÁFRASES 
 "O HOMEM 
UNIDO‖ 
 A INTEGRAÇÃO DO MUN-
DO 
A INTEGRAÇÃO DA HUMA-
NIDADE 
A UNIÃO DO HOMEM 
HOMEM + HOMEM = MUN-
DO 
A MACACADA SE UNIU 
(SÁTIRA) 
 
CONDIÇÕES BÁSICAS PARA INTERPRETAR 
Fazem-se necessários: 
a) Conhecimento Histórico – literário (escolas e 
gêneros literários, estrutura do texto), leitura e 
prática; 
b) Conhecimento gramatical, estilístico (qualida-
des do texto) e semântico; 
OBSERVAÇÃO – na semântica (significado das 
palavras) incluem-se: homônimos e parônimos, 
denotação e conotação, sinonímia e antonimia, 
polissemia, figuras de linguagem, entre outros. 
c) Capacidade de observação e de síntese e 
d) Capacidade de raciocínio. 
INTERPRETAR x COMPREENDER 
INTERPRETAR 
SIGNIFICA 
 COMPREENDER SIG-
NIFICA 
- EXPLICAR, CO-
MENTAR, JULGAR, 
TIRAR CONCLU-
SÕES, DEDUZIR. 
- TIPOS DE ENUN-
CIADOS 
• Através do texto, 
INFERE-SE que... 
• É possível DEDU-
ZIR que... 
• O autor permite 
CONCLUIR que... 
• Qual é a INTEN-
ÇÃO do autor ao 
afirmar que... 
- INTELECÇÃO, EN-
TENDIMENTO, ATEN-
ÇÃO AO QUE REAL-
MENTE ESTÁ ESCRI-
TO. 
- TIPOS DE ENUNCIA-
DOS: 
• O texto DIZ que... 
• É SUGERIDO pelo 
autor que... 
• De acordo com o texto, 
é CORRETA ou ERRA-
DA a afirmação... 
• O narrador AFIRMA... 
 
ERROS DE INTERPRETAÇÃO 
 
 2 
 
É muito comum, mais do que se imagina, a ocor-
rência de erros de interpretação. Os mais fre-
qüentes são: 
a) Extrapolação (viagem) 
Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado 
idéias que não estão no texto, quer por conheci-
mento prévio do tema quer pela imaginação. 
b) Redução 
É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção ape-
nas a um aspecto, esquecendo que um texto é 
um conjunto de idéias, o que pode ser insuficiente 
para o total do entendimento do tema desenvolvi-
do. 
c) Contradição 
Não raro, o texto apresenta idéias contrárias às 
do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivo-
cadas e, conseqüentemente, errando a questão. 
 
OBSERVAÇÃO - Muitos pensam que há a ótica 
do escritor e a ótica do leitor. Pode ser que exis-
tam, mas numa prova de concurso qualquer, o 
que deve ser levado em consideração é o que o 
AUTOR DIZ e nada mais. 
COESÃO - é o emprego de mecanismo de sinta-
xe que relacionam palavras, orações, frases e/ou 
parágrafos entre si. Em outras palavras, a coesão 
dá-se quando, através de um pronome relativo, 
uma conjunção (NEXOS), ou um pronome oblí-
quo átono, há uma relação correta entre o que se 
vai dizer e o que já foi dito. 
OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão 
no dia-a-dia e, entre eles, está o mau uso do pro-
nome relativo e do pronome oblíquo átono. Este 
depende da regência do verbo; aquele do seu 
antecedente. Não se pode esquecer também de 
que os pronomes relativos têm, cada um, valor 
semântico, por isso a necessidade de adequação 
ao antecedente. 
Os pronomes relativos são muito importantes na 
interpretação de texto, pois seu uso incorreto traz 
erros de coesão. Assim sedo, deve-se levar em 
consideração que existe um pronome relativo 
adequado a cada circunstância, a saber: 
QUE (NEUTRO) - RELACIONA-SE COM QUAL-
QUER ANTECEDENTE. MAS DEPENDE DAS 
CONDIÇÕES DA FRASE. 
QUAL (NEUTRO) IDEM AO ANTERIOR. 
QUEM (PESSOA) 
CUJO (POSSE) - ANTES DELE, APARECE O 
POSSUIDOR E DEPOIS, O OBJETO POSSUÍ-
DO. 
COMO (MODO) 
ONDE (LUGAR) 
QUANDO (TEMPO) 
QUANTO (MONTANTE) 
EXEMPLO: 
 
Falou tudo QUANTO queria (correto) 
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, 
deveria aparecer o demonstrativo O ). 
 
• VÍCIOS DE LINGUAGEM – há os vícios de lin-
guagem clássicos (BARBARISMO, SOLECIS-
MO,CACOFONIA...); no dia-a-dia, porém , exis-
tem expressões que são mal empregadas, e, por 
força desse hábito cometem-se erros graves co-
mo: 
 
- ― Ele correu risco de vida ―, quando a verdade o 
risco era de morte. 
- ― Senhor professor, eu lhe vi ontem ―. Neste 
caso, o pronome correto oblíquo átono correto é 
O. 
- ‖No bar: ―ME VÊ um café‖. Além do erro de po-
sição do pronome, há o mau uso. 
Estruturação do Parágrafo 
Familiarizados com o tema a ser desenvolvido, 
elencadas todas as ideias a serem discorridas... 
finalmente estamos aptos a começarmos nossa 
produção. Mas ainda resta outro detalhe de ex-
trema relevância – a eficácia do texto dependerá 
da forma pela qual estas ideias se apresentarão 
mediante o transcorrer do discurso. 
Partindo deste pressuposto, temos a noção de 
quão importante é a estruturação dos parágrafos, 
que permitem que o pensamento seja distribuído 
de forma lógica e precisa, com vistas a permitir 
uma efetiva interação entre os interlocutores. 
Obviamente que outros fatores relacionados à 
competência linguística do emissor participam 
deste processo, entre estes: pontuação adequa-
da, utilização correta dos elementos coesivos, de 
modo a estabelecer uma relação harmônica entre 
uma ideia e outra, dentre outros. 
Esteticamente, o parágrafo se caracteriza como 
um sutil recuo em relação à margem esquerda da 
folha, atribuído por um conjunto de períodos que 
representam uma ideia central em consonância 
 
 3 
 
com outras secundárias, resultando num efetivo 
entrelaçamento e formando um todo coeso. 
Quanto à extensão, é bom que se diga que não 
se trata de uma receita pronta e acabada, visto 
que a habilidade do emissor determinará o mo-
mento de realizar a transição entre um posicio-
namento e outro, permitindo que o discurso seja 
compreendido em sua totalidade. 
Em se tratando de textos dissertativos, normal-
mente os parágrafos costumam ser assim distri-
buídos: 
* Introdução – também denominada de tópico 
frasal, constitui-se pela apresentação da ideia 
principal, feita de maneira sintética e definida 
pelos objetivos aos quais o emissor se propõe. 
* Desenvolvimento – fundamenta-se na amplia-
ção do tópico frasal, atribuído pelas ideias secun-
dárias, reconhecidas na exposição dos argumen-
tos com vistas areforçar e conferir credibilidade 
ora em discussão. 
* Conclusão – caracteriza-se pela retomada da 
ideia central associando-a aos pressupostos 
mencionados no desenvolvimento, procurando 
arrematá-los de forma plausível. Pode, na maioria 
das vezes, constar-se de uma solução por parte 
do emissor no que se refere ao instaurar dos fa-
tos. 
 
Quanto aos textos narrativos, os parágrafos cos-
tumam ser caracterizados pelo predomínio dos 
verbos de ação, retratando o posicionamento dos 
personagens mediante o desenrolar do enredo, 
bem como pela indicação de elementos circuns-
tanciais referentes à trama: quando, por que e 
com que ocorreram os fatos. 
Nesta modalidade, a ocorrência dos parágrafos 
também se atribui à transcrição do discurso dire-
to, em especial às falas dos personagens. 
Referindo-se aos textos descritivos, sua utilização 
está relacionada pela minuciosa exposição dos 
detalhes acerca do objeto descrito, representado 
por uma pessoa, objeto, animal, lugar, uma obra 
de arte, dentre outros, de modo a permitir que o 
leitor crie o cenário em sua mente. 
Colaborando na concretização destes propósitos, 
sobretudo pela finalidade discursiva – visando à 
caracterização de algo –, há o predomínio de 
verbos de ligação, bem como do uso de adjetivos 
e de orações coordenadas ou justapostas. 
Tipologia Textual 
1. Narração 
Modalidade em que se conta um fato, fictício ou 
não, que ocorreu num determinado tempo e lugar, 
envolvendo certos personagens. Refere-se a 
objetos do mundo real. Há uma relação de anteri-
oridade e posterioridade. O tempo verbal predo-
minante é o passado. Estamos cercados de nar-
rações desde as que nos contam histórias infantis 
até às piadas do cotidiano. É o tipo predominante 
nos gêneros: conto, fábula, crônica, romance, 
novela, depoimento, piada, relato, etc. 
2. Descrição 
Um texto em que se faz um retrato por escrito de 
um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. 
A classe de palavras mais utilizada nessa produ-
ção é o adjetivo, pela sua função caracterizadora. 
Numa abordagem mais abstrata, pode-se até 
descrever sensações ou sentimentos. 
Não há relação de anterioridade e posterioridade. 
Significa "criar" com palavras a imagem do objeto 
descrito. É fazer uma descrição minuciosa do 
objeto ou da personagem a que o texto se Pega. 
É um tipo textual que se agrega facilmente aos 
outros tipos em diversos gêneros textuais. Tem 
predominância em gêneros como: cardápio, folhe-
to turístico, anúncio classificado, etc. 
3. Dissertação 
Dissertar é o mesmo que desenvolver ou explicar 
um assunto, discorrer sobre ele. Dependendo do 
objetivo do autor, pode ter caráter expositivo ou 
argumentativo. 
3.1 Dissertação-Exposição 
Apresenta um saber já construído e legitimado, 
ou um saber teórico. Apresenta informações so-
bre assuntos, expõe, reflete, explica e avalia idéi-
as de modo objetivo. O texto expositivo apenas 
expõe ideias sobre um determinado assunto. A 
intenção é informar, esclarecer. Ex: aula, resu-
mo, textos científicos, enciclopédia, textos exposi-
tivos de revistas e jornais, etc. 
3.1 Dissertação-Argumentação 
Um texto dissertativo-argumentativo faz a defesa 
de ideias ou um ponto de vista do autor. O texto, 
além de explicar, também persuade o interlocutor, 
objetivando convencê-lo de algo. Caracteriza-se 
pela progressão lógica de ideias. Geralmente 
utiliza linguagem denotativa. É tipo predominante 
em: sermão, ensaio, monografia, dissertação, 
tese, ensaio, manifesto, crítica, editorial de jornais 
e revistas. 
4. Injunção/Instrucional 
Indica como realizar uma ação. Utiliza linguagem 
objetiva e simples. Os verbos são, na sua maiori-
 
 4 
 
a, empregados no modo imperativo, porém nota-
se também o uso do infinitivo e o uso do futuro do 
presente do modo indicativo. Ex: ordens; pedidos; 
súplica; desejo; manuais e instruções para mon-
tagem ou uso de aparelhos e instrumentos; textos 
com regras de comportamento; textos de orienta-
ção (ex: recomendações de trânsito); receitas, 
cartões com votos e desejos (de natal, aniversá-
rio, etc.). 
OBS: Os tipos listados acima são um consenso 
entre os gramáticos. Muitos consideram também 
que o tipo Predição possui características sufici-
entes para ser definido como tipo textual, e al-
guns outros possuem o mesmo entendimento 
para o tipo Dialogal. 
5. Predição 
Caracterizado por predizer algo ou levar o interlo-
cutor a crer em alguma coisa, a qual ainda está 
por ocorrer. É o tipo predominante nos gêneros: 
previsões astrológicas, previsões meteorológicas, 
previsões escatológicas/apocalípticas. 
6. Dialogal / Conversacional 
Caracteriza-se pelo diálogo entre os interlocuto-
res. É o tipo predominante nos gêneros: entrevis-
ta, conversa telefônica, chat, etc. 
Gêneros textuais 
Os Gêneros textuais são as estruturas com que 
se compõem os textos, sejam eles orais ou escri-
tos. Essas estruturas são socialmente reconheci-
das, pois se mantêm sempre muito parecidas, 
com características comuns, procuram atingir 
intenções comunicativas semelhantes e ocorrem 
em situações específicas. 
Pode-se dizer que se tratam das variadas formas 
de linguagem que circulam em nossa sociedade, 
sejam eles formais ou informais. Cada gênero 
textual tem seu estilo próprio, podendo então, ser 
identificado e diferenciado dos demais através de 
suas características. Exemplos: 
Carta: quando se trata de "carta aberta" ou "carta 
ao leitor", tende a ser do tipo dissertativo-
argumentativo com uma linguagem formal, em 
que se escreve à sociedade ou a leitores. Quando 
se trata de "carta pessoal", a presença de aspec-
tosnarrativos ou descritivos e uma linguagem 
pessoal é mais comum. 
Propaganda: é um gênero textual dissertativo-
expositivo onde há a o intuito de propagar infor-
mações sobre algo, buscando sempre atingir e 
influenciar o leitor apresentando, na maioria das 
vezes, mensagens que despertam as emoções e 
a sensibilidade do mesmo. 
Bula de remédio: é um gênero textual descritivo, 
dissertativo-expositivo e injuntivo que tem por 
obrigação fornecer as informações necessárias 
para o correto uso do medicamento. 
Receita: é um gênero textual descritivo e injuntivo 
que tem por objetivo informar a fórmula para pre-
parar tal comida, descrevendo os ingredientes e o 
preparo destes, além disso, com verbos no impe-
rativo, dado o sentido de ordem, para que o leitor 
siga corretamente as instruções. 
Tutorial: é um gênero injuntivo que consiste num 
guia que tem por finalidade explicar ao leitor, pas-
so a passo e de maneira simplificada, como fazer 
algo. 
Editorial: é um gênero textual dissertativo-
argumentativo que expressa o posicionamento da 
empresa sobre determinado assunto, sem a obri-
gação da presença da objetividade. 
Notícia: podemos perfeitamente identificar carac-
terísticas narrativas, o fato ocorrido que se deu 
em um determinado momento e em um determi-
nado lugar, envolvendo determinadas persona-
gens. Características do lugar, bem como dos 
personagens envolvidos são, muitas vezes, minu-
ciosamente descritos. 
Reportagem: é um gênero textual jornalístico de 
caráter dissertativo-expositivo. A reportagem tem, 
por objetivo, informar e levar os fatos ao leitor de 
uma maneira clara, com linguagem direta. 
Entrevista: é um gênero textual fundamentalmen-
te dialogal, representado pela conversação de 
duas ou mais pessoas, o entrevistador e o(s) 
entrevistado(s), para obter informações sobre ou 
do entrevistado, ou de algum outro assunto. 
Geralmente envolve também aspectos dissertati-
vo-expositivos, especialmente quando se trata de 
entrevista a imprensa ou entrevista jornalística. 
Mas pode também envolver aspectosnarrativos, 
como na entrevista de emprego, ou aspec-
tos descritivos, como na entrevista médica. 
História em quadrinhos:é um gênero narrativo 
que consiste em enredos contados em pequenos 
quadros através de diálogos diretos entre seus 
personagens, gerando uma espécie de conversa-
ção. 
 
Charge: é um gênero textual narrativo onde se 
faz uma espécie de ilustração cômica, através de 
caricaturas, com o objetivo de realizar uma sátira, 
crítica ou comentário sobre algum acontecimento 
atual, em sua grande maioria. 
 
 5 
 
Poema: trabalho elaborado e estruturado em 
versos. Além dos versos, pode ser estruturado 
em estrofes. Rimas e métrica também podem 
fazer parte de sua composição. Pode ou não ser 
poético. Dependendo de sua estrutura, pode re-
ceber classificações específicas, como haicai, 
soneto, epopeia, poema figurado, dramático, etc. 
Em geral, a presença de aspectos narrativos e 
descritivos são mais frequentes neste gênero. 
Poesia: é o conteúdo capaz de transmitir emo-
ções por meio de uma linguagem , ou seja, tudo o 
que toca e comove pode ser considerado como 
poético (até mesmo uma peça ou um filme podem 
ser assim considerados). Um subgênero é a pro-
sa poética, marcada pela tipologia dialogal. 
Gênero Narrativo: 
Na Antiguidade Clássica, os padrões literários 
reconhecidos eram apenas o épico, o lírico e o 
dramático. Com o passar dos anos, o gênero 
épico passou a ser considerado apenas uma va-
riante do gênero literário narrativo, devido ao sur-
gimento de concepções de prosa com caracterís-
ticas diferentes: o romance, a novela, o conto, a 
crônica, a fábula. 
Porém, praticamente todas as obras narrativas 
possuem elementos estruturais e estilísticos em 
comum e devem responder a questionamentos, 
como: quem? o que? quando? onde? por quê? 
Vejamos a seguir: 
Épico (ou Epopeia): os textos épicos são geral-
mente longos e narram histórias de um povo ou 
de uma nação, envolvem aventuras, guerras, 
viagens, gestos heroicos, etc. Normalmente apre-
sentam um tom de exaltação, isto é, de valoriza-
ção de seus heróis e seus feitos. Dois exemplos 
são Os Lusíadas, de Luís de Camões, e Odisséia, 
de Homero. 
Romance: é um texto completo, com tempo, es-
paço e personagens bem definidos e de caráter 
mais verossímil. Também conta as façanhas de 
um herói, mas principalmente uma história de 
amor vivida por ele e uma mulher, muitas vezes, 
―proibida‖ para ele. 
Apesar dos obstáculos que o separam, o casal 
vive sua paixão proibida, física, adúltera, pecami-
nosa e, por isso, costuma ser punido no final. É o 
tipo de narrativa mais comum na Idade Média. 
Ex: Tristão e Isolda. 
Novela: é um texto caracterizado por ser inter-
mediário entre a longevidade do romance e a 
brevidade do conto. Como exemplos de novelas, 
podem ser citadas as obras O Alienista, de Ma-
chado de Assis, e A Metamorfose, de Kafka. 
Conto: é um texto narrativo breve, e de ficção, 
geralmente em prosa, que conta situações rotinei-
ras, anedotas e até folclores. Inicialmente, fazia 
parte da literatura oral. Boccacio foi o primeiro a 
reproduzi-lo de forma escrita com a publicação 
de Decamerão. Diversos tipos do gênero textual 
conto surgiram na tipologia textual narrativa: con-
to de fadas, que envolve personagens do mundo 
da fantasia; contos de aventura, que envolvem 
personagens em um contexto mais próximo da 
realidade; contos folclóricos (conto popular); con-
tos de terror ou assombração, que se desenrolam 
em um contexto sombrio e objetivam causar me-
do no expectador; contos de mistério, que envol-
vem o suspense e a solução de um mistério. 
Fábula: é um texto de caráter fantástico que bus-
ca ser inverossímil. As personagens principais 
são não humanos e a finalidade é transmitir al-
guma lição de moral. 
Crônica: é uma narrativa informal, breve, ligada 
à vida cotidiana, com linguagem coloquial. Pode 
ter um tom humorístico ou um toque de crítica 
indireta, especialmente, quando aparece em se-
ção ou artigo de jornal, revistas e programas da 
TV.. 
 
Crônica narrativo-descritiva: Apresenta alter-
nância entre os momentos narrativos e manifes-
tos descritivos. 
Ensaio: é um texto literário breve, situado entre o 
poético e o didático, expondo ideias, críticas e 
reflexões morais e filosóficas a respeito de certo 
tema. É menos formal e mais flexível que o trata-
do. Consiste também na defesa de um ponto de 
vista pessoal e subjetivo sobre um tema (huma-
nístico, filosófico, político, social, cultural, moral, 
comportamental, etc.), sem que se paute em for-
malidades como documentos ou provas empíricas 
ou dedutivas de caráter científico. Exem-
plo: Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago 
e Ensaio sobre a tolerância, de John Locke. 
Gênero Dramático: Trata-se do texto escrito 
para ser encenado no teatro. Nesse tipo de texto, 
não há um narrador contando a história. Ela ―a-
contece‖ no palco, ou seja, é representada por 
atores, que assumem os papéis das personagens 
nas cenas. 
Tragédia: é a representação de um fato trágico, 
suscetível de provocar compaixão e terror. Aristó-
teles afirmava que a tragédia era "uma represen-
tação duma ação grave, de alguma extensão e 
completa, em linguagem figurada, com atores 
agindo, não narrando, inspirando dó e terror". 
Ex: Romeu e Julieta, de Shakespeare. 
 
 6 
 
Farsa: é uma pequena peça teatral, de caráter 
ridículo e caricatural, que critica a sociedade e 
seus costumes; baseia-se no lema latino ridendo 
castigat mores (rindo, castigam-se os costumes). 
A farsa consiste no exagero do cômico, graças ao 
emprego de processos grosseiros, como o absur-
do, as incongruências, os equívocos, os enganos, 
a caricatura, o humor primário, as situações ridí-
culas. 
Comédia: é a representação de um fato inspirado 
na vida e no sentimento comum, de riso fácil. Sua 
origem grega está ligada às festas populares. 
Tragicomédia: modalidade em que se misturam 
elementos trágicos e cômicos. Originalmente, 
significava a mistura do real com o imaginário. 
Poesia de cordel: texto tipicamente brasileiro em 
que se retrata, com forte apelo linguístico e cultu-
ral nordestinos, fatos diversos da sociedade e da 
realidade vivida por este povo. 
Gênero Lírico: 
É certo tipo de texto no qual um eu lírico (a voz 
que fala no poema e que nem sempre correspon-
de à do autor) exprime suas emoções, ideias e 
impressões em face do mundo exterior. Normal-
mente os pronomes e os verbos estão em 1ª pes-
soa e há o predomínio da função emotiva da lin-
guagem. 
Elegia: é um texto de exaltação à morte de al-
guém, sendo que a morte é elevada como o pon-
to máximo do texto. O emissor expressa tristeza, 
saudade, ciúme, decepção, desejo de morte. É 
um poema melancólico. Um bom exemplo é a 
peça Roan e yufa, de william shakespeare. 
Epitalâmia: é um texto relativo às noites nupci-
ais líricas, ou seja, noites românticas com poe-
mas e cantigas. Um bom exemplo de epitalâmia é 
a peça Romeu e Julieta nas noites nupciais. 
Ode (ou hino): é o poema lírico em que o emis-
sor faz uma homenagem à pátria (e aos seus 
símbolos), às divindades, à mulher amada, ou a 
alguém ou algo importante para ele. O hino é uma 
ode com acompanhamento musical; 
Idílio (ou écloga): é o poema lírico em que o 
emissor expressa uma homenagem à natureza, 
às belezas e às riquezas que ela dá ao homem. 
É o poema bucólico, ou seja, que expressa o 
desejo de desfrutar de tais belezas e riquezas ao 
lado da amada (pastora), que enriquece ainda 
mais a paisagem, espaço ideal para a paixão. A 
écloga é um idílio com diálogos (muito rara); 
Sátira: é o poema lírico em que o emissor faz 
uma crítica a alguém ou a algo, em tom sério ou 
irônico. 
Acalanto: ou canção de ninar; 
Acróstico: (akros = extremidade; stikos = linha), 
composição lírica na qual as letras iniciais de 
cada verso formam uma palavra ou frase; 
Balada: uma das mais primitivas manifestações 
poéticas, são cantigas de amigo (elegias)com 
ritmo característico e refrão vocal que se desti-
nam à dança; 
Canção (ou Cantiga, Trova): poema oral com 
acompanhamento musical; 
Gazal (ou Gazel): poesia amorosa dos persas e 
árabes; odes do oriente médio; 
Haicai: expressão japonesa que significa ―versos 
cômicos‖ (=sátira). E o poema japonês formado 
de três versos que somam 17 sílabas assim dis-
tribuídas: 1° verso= 5 sílabas; 2° verso = 7 síla-
bas; 3° verso 5 sílabas; 
Soneto: é um texto em poesia com 14 versos, 
dividido em dois quartetos e dois tercetos, com 
rima geralmente em a-ba-b a-b-b-a c-d-c d-c-d. 
Vilancete: são as cantigas de autoria dos poetas 
vilões (cantigas de escárnio e de maldizer); satíri-
cas, portanto. 
Informações Implícitas 
Muitas pessoas se perguntam como melhorar sua 
capacidade de interpretação dos textos. Primei-
ramente, é preciso ter em mente que um texto é 
formado por informações explícitas e implícitas. 
As informações explícitas são aquelas manifesta-
das pelo autor no próprio texto. 
As informações implícitas não são manifestadas 
pelo autor no texto, mas podem ser subentendi-
das. Muitas vezes, para efetuarmos uma leitura 
eficiente, é preciso ir além do que foi dito, ou seja, 
ler nas entrelinhas. Por exemplo, observe este 
enunciado: Patrícia parou de tomar refrigerante. 
A informação explícita é ―Patrícia parou de tomar 
refrigerante‖. A informação implícita é ―Patrícia 
tomava refrigerante antes‖.Agora, veja este outro 
exemplo: Felizmente, Patrícia parou de tomar 
refrigerante. 
A informação explícita é ―Patrícia parou de tomar 
refrigerante‖. A palavra ―felizmente‖ indica que o 
falante tem uma opinião positiva sobre o fato – 
essa é a informação implícita. 
 
 7 
 
Com esses exemplos, mostramos como podemos 
inferir informações a partir de um texto. Fazer 
uma inferência significa concluir alguma coisa a 
partir de outra já conhecida. Nos vestibulares, 
fazer inferências é uma habilidade fundamental 
para a interpretação adequada dos textos e dos 
enunciados. 
A seguir, veremos dois tipos de informações que 
podem ser inferidas: as pressupostas e as suben-
tendidas. 
Pressupostos 
Uma informação é considerada pressuposta 
quando um enunciado depende dela para fazer 
sentido. 
Considere, por exemplo, a seguinte pergunta: 
―Quando Patrícia voltará para casa?‖. Esse enun-
ciado só faz sentido se considerarmos que Patrí-
cia saiu de casa, ao menos temporariamente – 
essa é a informação pressuposta. Caso Patrícia 
se encontre em casa, o pressuposto não é válido, 
o que torna o enunciado sem sentido. 
Repare que as informações pressupostas estão 
marcadas através de palavras e expressões pre-
sentes no próprio enunciado e resultam de um 
raciocínio lógico. 
Portanto, no enunciado ―Patrícia ainda não voltou 
para casa‖, a palavra ―ainda‖ indica que a volta de 
Patrícia para casa é dada como certa pelo falan-
te. 
Subtendidos 
Ao contrário das informações pressupostas, as 
informações subentendidas não são marcadas no 
próprio enunciado, são apenas sugeridas, ou 
seja, podem ser entendidas como insinuações. 
O uso de subentendidos faz com que o enuncia-
dor se esconda atrás de uma afirmação, pois não 
quer se comprometer com ela. 
Por isso, dizemos que os subentendidos são de 
responsabilidade do receptor, enquanto os pres-
supostos são partilhados por enunciadores e re-
ceptores. 
Em nosso cotidiano, somos cercados por infor-
mações subentendidas. A publicidade, por exem-
plo, parte de hábitos e pensamentos da socieda-
de para criar subentendidos. Já a anedota é um 
gênero textual cuja interpretação depende a que-
bra de subentendidos. 
Quanto à significação, as palavras são divididas nas 
seguintes categorias: 
Sinônimos 
As palavras que possuem significados próximos 
são chamadas sinônimos. Exemplos: 
Casa - Lar - Moradia – Residência 
Longe – Distante 
Delicioso – Saboroso 
Carro - Automóvel 
Observe que o sentido dessas palavras 
são próximos, mas não são exatamente equiva-
lentes. Dificilmente encontraremos um sinônimo 
perfeito, uma palavra que signifique exatamente a 
mesma coisa que outra. 
Há uma pequena diferença de significado entre 
palavras sinônimas. Veja que, embora ca-
sa e lar sejam sinônimos, ficaria estranho se fa-
lássemos a seguinte frase: 
Comprei um novo lar. 
Obs: o uso de palavras sinônimas pode ser de 
grande utilidade nos processos de retomada de 
elementos que inter-relacionam as partes dos 
textos. 
Antônimos 
São palavras que possuem significados opostos, 
contrários. Exemplos: 
Mal / Bem 
Ausência / Presença 
Fraco / Forte 
Claro / Escuro 
Subir / Descer 
Cheio / Vazio 
Possível / Impossível 
Polissemia 
Polissemia é a propriedade que uma mesma pa-
lavra tem de apresentar mais de um significado 
nos múltiplos contextos em que aparece. Veja 
alguns exemplos de palavras polissêmicas: 
 
 8 
 
Cabo (posto militar, acidente geográfico, cabo da 
vassoura, da faca) 
Banco (instituição comercial financeira, assento) 
Manga (parte da roupa, fruta) 
Coerência e Articulação no Texto 
Na construção de um texto, assim como na fala, 
usamos mecanismos para garantir ao interlocutor 
a compreensão do que é dito, ou lido. 
Esses mecanismos linguísticos que estabelecem 
a conectividade e retomada do que foi escrito ou 
dito, são os referentes textuais e buscam garantir 
a coesão textual para que haja coerência, não só 
entre os elementos que compõem a oração, como 
também entre a sequência de orações dentro do 
texto. 
Essa coesão também pode muitas vezes se dar 
de modo implícito, baseado em conhecimentos 
anteriores que os participantes do processo têm 
com o tema. Por exemplo, o uso de uma determi-
nada sigla, que para o público a quem se dirige 
deveria ser de conhecimento geral, evita que se 
lance mão de repetições inúteis. 
Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha 
imaginária - composta de termos e expressões - 
que une os diversos elementos do texto e busca 
estabelecer relações de sentido entre eles. 
Dessa forma, com o emprego de diferentes pro-
cedimentos, sejam lexicais (repetição, substitui-
ção, associação), sejam gramaticais (emprego de 
pronomes, conjunções, numerais, elipses), cons-
troem-se frases, orações, períodos, que irão a-
presentar o contexto – decorre daí a coerência 
textual. 
Um texto incoerente é o que carece de sentido ou 
o apresenta de forma contraditória. Muitas vezes 
essa incoerência é resultado do mau uso daque-
les elementos de coesão textual. 
Na organização de períodos e de parágrafos, um 
erro no emprego dos mecanismos gramaticais e 
lexicais prejudica o entendimento do texto. Cons-
truído com os elementos corretos, confere-se a 
ele uma unidade formal. 
Nas palavras do mestre Evanildo Bechara (1), ―o 
enunciado não se constrói com um amontoado 
de palavras e orações. Elas se organizam segun-
do princípios gerais de dependência e indepen-
dência sintática e semântica, recobertos por uni-
dades melódicas e rítmicas que sedimentam es-
tes princípios‖. 
Desta lição, extrai-se que não se deve escrever 
frases ou textos desconexos – é imprescindível 
que haja uma unidade, ou seja, que essas frases 
estejam coesas e coerentes formando o texto. 
Além disso, relembre-se que, por coesão, enten-
de-se ligação, relação, nexo entre os elementos 
que compõem a estrutura textual. 
Há diversas formas de se garantir a coesão entre 
os elementos de uma frase ou de um texto: 
1. Substituição de palavras com o emprego de 
sinônimos, ou de palavras ou expressões do 
mesmo campo associativo. 
2. Nominalização – emprego alternativo entre um 
verbo, o substantivo ou o adjetivo correspondente 
(desgastar / desgaste / desgastante). 
3. Repetição na ligação semântica dos termos,empregada como recurso estilístico de intenção 
articulatória, e não uma redundância - resultado 
da pobreza de vocabulário. Por exemplo, ―Gran-
de no pensamento, grande na ação, grande na 
glória, grande no infortúnio, ele morreu desco-
nhecido e só.‖ (Rocha Lima) 
4. Uso de hipônimos – relação que se estabelece 
com base na maior especificidade do significado 
de um deles. Por exemplo, mesa (mais específi-
co) e móvel (mais genérico). 
5. Emprego de hiperônimos - relações de um 
termo de sentido mais amplo com outros de sen-
tido mais específico. Por exemplo, felino está 
numa relação de hiperonímia com gato. 
6. Substitutos universais, como os verbos vicários 
(ex.: Necessito viajar, porém só o farei no ano 
vindouro) A coesão apoiada na gramática dá-se 
no uso de conectivos, como certos pronomes, 
certos advérbios e expressões adverbiais, con-
junções, elipses, entre outros. 
A elipse se justifica quando, ao remeter a um 
enunciado anterior, a palavra elidida é facilmente 
identificável (Ex.: O jovem recolheu-se cedo. ... 
Sabia que ia necessitar de todas as suas forças. 
O termo o jovem deixa de ser repetido e, assim, 
estabelece a relação entre as duas orações.). 
Dêiticos são elementos lingüísticos que têm a 
propriedade de fazer referência ao contexto situa-
cional ou ao próprio discurso. Exercem, por exce-
lência, essa função de progressão textual, dada 
sua característica: são elementos que não signifi-
cam, apenas indicam, remetem aos componentes 
da situação comunicativa. 
 
 9 
 
Já os componentes concentram em si a significa-
ção. Elisa Guimarães (2) nos ensina a esse res-
peito: 
―Os pronomes pessoais e as desinências verbais 
indicam os participantes do ato do discurso. Os 
pronomes demonstrativos, certas locuções pre-
positivas e adverbiais, bem como os advérbios de 
tempo, referenciam o momento da enunciação, 
podendo indicar simultaneidade, anterioridade ou 
posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste 
momento (presente); ultimamente, recentemente, 
ontem, há alguns dias, antes de (pretérito); de 
agora em diante, no próximo ano, depois de (futu-
ro).‖ 
Esse conceito será de grande valia quando tra-
tarmos do uso dos pronomes demonstrati-
vos.Somente a coesão, contudo, não é suficiente 
para que haja sentido no texto, esse é o papel da 
coerência, e coerência se relaciona intimamente a 
contexto. 
Como nosso intuito nesta página é a apresenta-
ção de conceitos, sem aprofundá-los em demasi-
a, bastam-nos essas informações. 
Vejamos como o examinador tem abordado o 
assunto: 
Assinale a opção em que a estrutura sugerida 
para preenchimento da lacuna correspondente 
provoca defeito de coesão e incoerência nos sen-
tidos do texto. 
A violência no País há muito ultrapassou todos os 
limites. ___1___ dados recentes mostram o Brasil 
como um dos países mais violentos do mundo, 
levando-se em conta o risco de morte por homicí-
dio. 
Em 1980, tínhamos uma média de, aproximada-
mente, doze homicídios por cem mil habitantes. 
___2___, nas duas décadas seguintes, o grau de 
violência intencional aumentou, chegando a mais 
do que o dobro do índice verificado em 1980 – 
121,6% –, ___3___, ao final dos anos 90 foi supe-
rado o patamar de 25 homicídios por cem mil 
habitantes. ___4___, o PIB por pessoa em idade 
de trabalho decresceu 26,4%, isto é, em média, a 
cada queda de 1% do PIB a violência crescia 
mais do que 5% entre os anos 1980 e 1990. 
Estudos do Banco Interamericano de Desenvol-
vimento mostram que os custos da violência con-
sumiram, apenas no setor saúde, 1,9% do PIB 
entre 1996 e 1997. ___5___ a vitimização letal se 
distribui de forma desigual: são, sobretudo, os 
jovens pobres e negros, do sexo masculino, entre 
15 e 24 anos, que têm pago com a própria vida o 
preço da escalada da violência no Brasil. 
a) 1 – Tanto é assim que 
b) 2 – Lamentavelmente 
c) 3 – Ou seja 
d) 4 – Simultaneamente 
e) 5 – Se bem que 
COMENTÁRIO: As lacunas no texto ocultam pa-
lavras e expressões que atuam como conectores 
– ligam orações estabelecendo relações semânti-
cas entre os períodos. A banca sugere algumas 
opções de preenchimento. 
Dessas, a única que não atende ao solicitado é a 
de número 5, uma vez que a expressão ―Se bem 
que‖ deveria introduzir uma oração de valor con-
cessivo, estabelecendo, assim, idéia contrária à 
que foi apresentada até então pelo texto. 
Verifica-se, contudo, que o que se segue ratifica 
as informações anteriores ao fornecer dados 
complementares às estatísticas sobre homicídios. 
Sendo aceita a sugestão da banca, a coerência 
textual seria prejudicada. Por isso, o gabarito é a 
opção E. 
A Referenciarão/ Os Referentes/ Coerência E 
Coesão 
(Texto publicado no site da UFSC) 
A fala e também o texto escrito constituem-se não 
apenas numa seqüência de palavras ou de fra-
ses. A sucessão de coisas ditas ou escritas forma 
uma cadeia que vai muito além da simples se-
qüencialidade: há um entrelaçamento significativo 
que aproxima as partes formadoras do texto fala-
do ou escrito. 
Os mecanismos lingüísticos que estabelecem a 
conectividade e a retomada e garantem a coesão 
são os referentes textuais. Cada uma das coisas 
ditas estabelece relações de sentido e significado 
tanto com os elementos que a antecedem como 
com os que a sucedem, construindo uma cadeia 
textual significativa. 
Essa coesão, que dá unidade ao texto, vai sendo 
construída e se evidencia pelo emprego de dife-
rentes procedimentos, tanto no campo do léxico, 
como no da gramática. 
(Não esqueçamos que, num texto, não existem 
ou não deveriam existir elementos dispensáveis. 
Os elementos constitutivos vão construindo o 
texto, e são as articulações entre vocábulos, entre 
as partes de uma oração, entre as orações e en-
tre os parágrafos que determinam a referencia-
 
 10 
 
ção, os contatos e conexões e estabelecem sen-
tido ao todo.) 
Atenção especial concentram os procedimentos 
que garantem ao texto coesão ecoerência. São 
esses procedimentos que desenvolvem a dinâmi-
ca articuladora e garantem a progressão textual. 
A coesão é a manifestação lingüística da coerên-
cia e se realiza nas relações entre elementos 
sucessivos (artigos, pronomes adjetivos, adjetivos 
em relação aos substantivos; formas verbais em 
relação aos sujeitos; tempos verbais nas relações 
espaço-temporais constitutivas do texto etc.), na 
organização de períodos, de parágrafos, das par-
tes do todo, como formadoras de uma cadeia de 
sentido capaz de apresentar e desenvolver um 
tema ou as unidades de um texto. Construída 
com os mecanismos gramaticais e lexicais, confe-
re unidade formal ao texto. 
1. Considere-se, inicialmente, a coesão apoiada 
no léxico. Ela pode dar-se pelareiteração, pe-
la substituição e pela associação. 
É garantida com o emprego de: 
 Enlaces semânticos de frases por meio 
da repetição. A mensagem-tema do texto apoiada 
na conexão de elementos léxicos sucessivos 
pode dar-se por simples iteração (repetição). Ca-
be, nesse caso, fazer-se a diferenciação entre a 
simples redundância resultado da pobreza de 
vocabulário e o emprego de repetições como 
recurso estilístico, com intenção articulatória. Ex.: 
―as contas do patrão eram diferentes, arranjadas 
a tinta e contra o vaqueiro, mas fabiano sabia que 
elas estavam erradas e o patrão queria enganá-
lo.enganava.‖Vidas secas, p. 143); 
 Substituição léxica, que se dá tanto pelo 
emprego de sinônimos como de palavras quase 
sinônimas. Considerem-se aqui além das pala-
vras sinônimas, aquelas resultantes de famílias 
ideológicas e do campo associativo, como, por 
exemplo, esvoaçar, revoar, voar; 
 Hipônimos (relações de um termo específi-
co com um termo de sentido geral, 
ex.: gato, felino) e hiperônimos (relações de um 
termo de sentido mais amplo com outros de sen-
tidomais específico, ex.: felino, gato); 
 Nominalizações (quando um fato, uma 
ocorrência, aparece em forma de verbo e, mais 
adiante, reaparece como substantivo, 
ex.: consertar, o conserto; viajar,a viagem). É 
preciso distinguir-se entre nominalização estri-
ta e.generalizações (ex.: o cão < o animal) 
e especificações (ex.: planta > árvore > palmeira); 
 Substitutos universais (ex.: joão trabalha 
muito. Também o faço. O verbo fazer em substitu-
ição ao verbo trabalhar); 
 Enunciados que estabelecem a recapitula-
ção da idéia global. Ex.: o curraldeserto, o chi-
queiro das cabras arruinado e também deserto, a 
casa do vaqueiro fechada, tudo anunciava aban-
dono (vidas secas, p.11). Esse enunciado é 
chamado de anáfora conceptual. Todo um enun-
ciado anterior e a idéia global que ele refere são 
retomados por outro enunciado que os resume 
e/ou interpreta. Com esse recurso, evitam-se as 
repetições e faz-se o discurso avançar, manten-
do-se sua unidade. 
2. A coesão apoiada na gramática dá-se no uso 
de: 
 Certos pronomes (pessoais adjetivos ou 
substantivos). Destacam-se aqui os pronomes 
pessoais de terceira pessoa, empregados como 
substitutos de elementos anteriormente presentes 
no texto, diferentemente dos pronomes de 1
ª
 e 
2
ª
 pessoa que se referem à pessoa que fala e 
com quem esta fala. 
 Certos advérbios e expressões adverbiais; 
 Artigos; 
 Conjunções; 
 Numerais; 
 Elipses. 
A elipse se justifica quando, ao remeter a um 
enunciado anterior, a palavra elidida é facilmente 
identificável (Ex.: O jovem recolheu-se cedo.… 
Sabia que ia necessitar de todas as suas for-
ças. O termo o jovem deixa de ser repetido e, 
assim, estabelece a relação entre as duas ora-
ções.). É a própria ausência do termo que marca 
a inter-relação. 
A identificação pode dar-se com o próprio enunci-
ado, como no exemplo anterior, ou com elemen-
tos extraverbais, exteriores ao enunciado. Vejam-
se os avisos em lugares públicos (ex.: Perigo!) e 
as frases exclamativas, que remetem a uma situ-
ação não-verbal. Nesse caso, a articulação se dá 
entre texto e contexto (extratextual); 
 As concordâncias; 
 A correlação entre os tempos verbais. 
Os dêiticos exercem, por excelência, essa função 
de progressão textual, dada sua característica: 
são elementos que não significam, apenas indi-
 
 11 
 
cam, remetem aos componentes da situação 
comunicativa. Já os componentes concentram em 
si a significação. Referem os participantes do ato 
de comunicação, o momento e o lugar da enunci-
ação. 
Elisa Guimarães ensina a respeito dos dêiticos: 
Os pronomes pessoais e as desinências verbais 
indicam os participantes do ato do discurso. Os 
pronomes demonstrativos, certas locuções pre-
positivas e adverbiais, bem como os advérbios de 
tempo, referenciam o momento da enunciação, 
podendo indicar simultaneidade, anterioridade ou 
posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste 
momento (presente); ultimamente, recentemente, 
ontem, há alguns dias, antes de (pretérito); de 
agora em diante, no próximo ano, depois de (futu-
ro). 
Maria da Graça Costa Val lembra que ―esses 
recursos expressam relações não só entre os 
elementos no interior de uma frase, mas também 
entre frases e seqüências de frases dentro de um 
texto‖. 
Não só a coesão explícita possibilita a compreen-
são de um texto. Muitas vezes a comunicação se 
faz por meio de uma coesão implícita, apoiada no 
conhecimento mútuo anterior que os participantes 
do processo comunicativo têm da língua. 
Variação da Língua 
Pelo estudo da seleção vocabular e da sintaxe, 
objetivamos descrever as mudanças que podem 
ocorrer na produção textual escrita, a partir do 
vocabulário e do uso deste pelo emissor, nos 
processos de comunicação dos quais faz parte. 
Ao produzir seu texto, seja ele falado ou escrito, o 
emissor estará, mesmo sem ter consciência disto, 
envolvendo, além da seleção vocabular e da sin-
taxe, outros campos de pesquisa nesta produção. 
Referimo-nos à semântica e à estilística. 
Dessa forma, tentaremos desvendar a rede de 
relações que existe desde o momento em que o 
emissor pretende construir sua mensagem, pas-
sando pela influência que a oralidade pode exer-
cer sobre ela e pela sua escritura propriamente 
dita, até sua conseqüente interpretação por de-
terminado interlocutor. 
Para o falante, a sua língua materna é um instru-
mento de suma importância tanto para a sua prá-
tica comunicativa quanto para sua afirmação en-
quanto sujeito que exerce determinado papel na 
sociedade. 
O que existe por trás do ato comunicativo, da fala 
em si, não está explícito para o emissor. Porém, 
mesmo que o falante desconheça ou (re)conheça 
este fato, isto não fará com que sua mensagem 
seja menos eficiente, pois os sentidos das pala-
vras que emprega não se acham dissociados do 
próprio pensamento. Marx esclarece muito bem 
esta relação entre fala e pensamento/consciência: 
A fala é velha como a consciência, a fala é uma 
consciência prática, real, que existe tanto para os 
outros como para mim mesmo. E a fala, como a 
consciência, nasce apenas da necessidade, da 
imperiosidade de contato com outras pessoas. 
(Marx apud Schaff, 1968, p. 317.) 
A necessidade inegável de que o homem sente 
em se comunicar com o outro resulta em esco-
lhas: a quem falar, o que falar, como falar. O dis-
curso produzido a partir dessas escolhas será 
somente seu, visto que refletirá seus fracassos e 
conquistas, sua história, seu ―eu‖. 
Fazendo parte de uma sociedade, na qual estará 
em contato constante com outros, o indivíduo 
necessitará não apenas da linguagem oral para 
se comunicar. Dentre outras linguagens, a escrita 
será mais um instrumento à disposição dele para 
demonstrar sua competência lingüística. 
Acontece que esta competência é constantemen-
te colocada à prova, como se o usuário da língua 
nunca tivesse tido contato com ela. Referimo-nos 
especificamente ao ensino da língua. 
Ao tentar transportar os conhecimentos lingüísti-
cos que já possui e que emprega eficientemente, 
da linguagem oral para a linguagem escrita, reve-
la-se muitas vezes um fracassado. 
É difícil entender por que precisamos expressar-
mo-nos diferentemente na escrita. Por que exis-
tem tantas regras que já não traduzem a realida-
de do usuário da língua? Por que a cada esquina 
de uma página há tantas exceções, contradições? 
Há extrema urgência em se rever o ensino da 
língua nas escolas, principalmente de ensino 
fundamental, para que estas questões possam 
ser esclarecidas. E, antes de tudo, a reformulação 
precisa estar presente também nos cursos de 
formação de professores, para que esta nova 
visão ganhe o devido espaço. 
De outro modo, não vemos como o falante deixa-
rá de sentir-se perplexo diante de um ―Dê-me um 
cigarro‖ no lugar de um ―Me dá um cigarro‖. 
O estudo da seleção vocabular e da sintaxe na 
produção dos sentidos durante a textualização 
justifica-se tendo em vista que 
 
 12 
 
· é através da seleção vocabular que o emissor 
revela a sua intencionalidade ao produzir deter-
minado texto; 
· o contexto situacional do ato comunicativo de-
terminará, em parte, a escolha vocabular do sujei-
to escritor; 
· a organização das palavras selecionadas levará 
à interpretação desejada pelo emissor; 
· se faz necessário evitar as interferências negati-
vas no processo de produção textual escrita, uma 
vez que, por serem negativas, prejudicam o bom 
entendimento da mensagem. 
Estudo da Seleção Vocabular 
Chega mais perto e contempla as palavras. 
Cada uma tem mil faces secretas sob a face neu-
tra e te pergunta, sem interesse pela resposta, 
pobre ou terrível, que lhe deres: 
Trouxeste a chave? 
Todo usuário da língua possui a chave que lhe dá 
acesso ao mundo das palavras. A capacidadeda 
linguagem humana é essa chave. Quando crian-
ça, o falante, de modo bastante natural, principia 
a utilizar o valioso instrumento da linguagem. 
Enquanto tímido aprendiz de palavras reproduz 
muito e cria pouco. 
Porém, seguindo um caminho irretornável, não 
mais necessita de que lhe digam o que falar como 
falar. Já se sente perfeitamente capaz de seguir 
sozinho. Sente-se seguro do conhecimento que 
possui, do acervo vocabular de que dispõe. O uso 
que fazemos desse acervo vocabular é determi-
nado pelas situações que vivenciamos. 
Dessa forma, em um dado contexto, a seleção 
vocabular da qual lançaremos mão para produzir 
um texto deverá estar de acordo com o sentido 
que queremos dar à nossa mensagem. Então, 
não nos causa espanto que o nosso alu-
no/usuário da língua queira manter-se fiel ao seu 
texto, reproduzindo na escrita aquilo que pensou 
e disse. Mesmo que esse texto passe a ser ―con-
denado‖ por não se ajustar aos padrões impostos 
pelas gramáticas normativas. Parece-lhe que, ao 
mexerem no seu texto, estão retirando o seu di-
reito de ser autêntico. 
O pessoal fizeram muita bagunça na sala, profes-
sora! 
A gente gostamos de aula vaga. 
É perfeitamente compreensível que tais constru-
ções sejam usadas pelo falante/escritor, uma vez 
que ele não quer deixar dúvidas de que está refe-
rindo-se a um grupo de várias pessoas. No seu 
entender, o verbo no singular soa de forma estra-
nha, não condiz com a verdade que ele quer ex-
pressar. 
Sobre o papel do sentido nas relações entre as 
palavras, afirma Guiraud (1972, p. 26-27): 
O sentido, tal como nos é comunicado no discur-
so, depende das relações da palavra com as ou-
tras palavras do contexto, e tais relações são 
determinadas pela estrutura do sistema lingüísti-
co. 
À estrutura do sistema lingüístico chamamos 
gramática internalizada por cada indivíduo, o 
mesmo que conhecimento implícito da língua, 
conforme Perini (2000, p. 12.). Por saber empre-
gá-la, o falante faz as relações que deseja com as 
palavras escolhidas de seu léxico, de forma que 
molda seu texto para este atenda às suas inten-
ções. 
A disposição em que coloca as palavras valoriza 
o significado delas. Wittgenstein (apud Rector, 
1980, p. 53.) corrobora esta idéia ao ―constatar 
que as palavras só significam na medida em que 
estão num contexto interativo, isto é, como se seu 
valor variasse em função de sua disposição face 
às demais‖. 
A interação da palavra com o contexto revela-se 
no discurso, pois é nele ―que se manifestam estas 
relações da linguagem, visto que o discurso é o 
lugar de encontro do significante e do significado 
e o lugar das distorções da comunicação que 
ocorrem devido à liberdade da comunicação.‖ 
(Rector, 1980, p. 130.) 
O falante não deseja perder a liberdade de comu-
nicar-se, de colocar no ato de comunicação do 
qual faz parte sua marca pessoal. Atentemos aqui 
para a questão do estilo próprio. 
Uma entonação diferente, uma determinada fle-
xão de grau, uma intencional ausência de flexão 
de número são exemplos de marcas pessoais 
que ocorrem na fala e que naturalmente se con-
cretizam na escrita. 
AMIGO 1: - Comprei um estojo ‗manero‘. Custou 
só dois ‗real‘! 
AMIGO 2: - Também, você é filhote de loja de um 
e noventa e nove! 
Há tendência, por parte do falante de língua por-
tuguesa, a reduzir ditongos em simples vogais, 
conforme atesta Coutinho em sua ―Gramática 
Histórica (COUTINHO, p. 108.). Assim, para o 
usuário da língua, é perfeitamente correto falar 
 
 13 
 
―manero‖ em vez de ―maneiro‖. Tal tendência 
acaba por ser explicitada na escrita por influência 
da oralidade. Se ninguém praticamente fala ―man-
teiga‖, conseqüentemente estaremos diante da 
palavra ―mantega‖ nas redações de nossos alu-
nos. 
Quanto à questão da ausência de flexão de nú-
mero da palavra ―real‖, temos aqui duas coloca-
ções. Por um lado, poderíamos considerar a ex-
pressão ―dois real‖ apenas um caso de erro de 
concordância; por outro lado, estaríamos diante 
de uma seleção vocabular empregada para ex-
pressar, por exemplo, esperteza de quem compra 
um bom produto por um pequeno preço. 
Em nossa literatura, há muitos exemplos em que 
a seleção vocabular aliada à linguagem oral, só 
para determo-nos em assuntos objetos de nosso 
estudo, produzem obras originalíssimas. Citemos, 
para ilustrar, Mário de Andrade com ―Macunaíma‖ 
(texto em prosa) e Oswald de Andrade com o 
texto em verso que vai transcrito a seguir: 
brasil 
O Zé Pereira chegou de caravela 
E preguntou pro guarani da mata virgem 
- Sois cristão? 
- Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte 
Teterê tetê Quizá Quizá Quecê! 
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu! 
O negro zonzo saído da fornalha 
Tomou a palavra e respondeu 
- Sim pela graça de Deus 
Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum! 
E fizeram o Carnaval. 
(Andrade apud Cereja & Magalhães, 1995, p. 
312.) 
Para o falante/usuário da língua o que conta é a 
praticidade. Se na linguagem oral, ele dispõe de 
tanta liberdade para comunicar-se, por que não 
fazer uso dessa liberdade também na escrita? 
Não queremos dizer com isso que devemos abo-
lir, no ensino da língua, as regras que estruturam 
nosso sistema lingüístico, mas que precisamos 
adaptá-las à realidade do falante. Por que não 
acompanhar na escrita a dinamicidade da língua? 
Concluindo, o ensino da língua pode contribuir 
para que o nosso aluno (falante competente da 
língua materna) aproprie-se de conhecimentos 
que permitam que ele não apenas chegue perto e 
contemple as palavras, mas que faça bom uso da 
chave que possui para que não dê respostas 
pobres ou terríveis às perguntas que lhe forem 
feitas. 
Sintaxe de Concordância 
A oralidade influencia constantemente a produção 
de um texto escrito. Muitas vezes, esta influência 
é considerada negativa, pois resulta nos chama-
dos ―erros de concordância‖. As gramáticas nor-
mativas costumam listar regras muitas vezes 
inflexíveis para determinar o que é certo e o que é 
errado. Porém, estudiosos mais modernos têm 
percebido e registrado casos passíveis de discus-
são. 
Perini (2000, p. 19.) cita o caso da expressão ―os 
relógio‖, comprovadamente utilizada por falantes 
―cultos e incultos‖. Não estamos diante de um 
mero caso de erro de concordância e sim de uma 
tendência lingüística da oralidade que vem sendo 
empregada também na escrita. Tendência esta 
que não pode ser ignorada pelos profissionais 
que lidam com o ensino da língua. 
Para Lapa (1991, p. 157.) o erro de concordância 
não existe, pois a construção de um texto reflete 
o estilo de cada um. Vejamos sua colocação so-
bre o assunto: 
...esses desvios aparentes de concordância se 
explicam sobretudo por três motivos: um que 
consiste em concordar com as palavras não se-
gundo a letra mas segundo a idéia; outro, segun-
do o qual a concordância varia conforme a posi-
ção dos termos do discurso; e um terceiro, que 
traduz o propósito de fazer a concordância com o 
termo que mais interessa acentuar ou valorizar. 
É preciso que analisemos bem os casos dos 
chamados ―erros de concordância‖ que surgem 
nos textos produzidos por nossos alunos. Muitas 
vezes, a produção do aluno revela textos coeren-
tes e coesos, dentro de seus propósitos, ―diferen-
tes‖ do que esperamos e desejamos encontrar. 
Observemos um trecho de uma redação de um 
aluno da 7ª. Série do ensino fundamental: 
Gosto de sair curto muitos bailes fanks todos os 
finais de semana vou ao baile. (sic) 
Ignorando em nosso comentário as questões da 
pontuação e da grafia equivocada da palavra 
―funk‖, vamos ao caso de concordância que aí se 
apresenta: ―curto muitos bailes fanks‖. Nós, pro-
fessores da língua, esperaríamos encontrar a 
seguinte construção: ―curto muito bailes funks‖, 
na qual a palavra muito estaria funcionando como14 
 
advérbio e não como pronome indefinido, tal co-
mo se encontra na redação do aluno. Para que se 
considere errada a construção do aluno, é preciso 
analisar seu texto com cuidado, tentando perce-
ber sua intenção, seu propósito. 
Acreditamos que a falta de organização do pen-
samento influencia a produção do discurso do 
nosso aluno, seja tal produção oral ou escrita. A 
forma como o ensino da língua ainda é tratado 
não tem oportunizado o exercício da organização 
do pensamento, uma vez que os conteúdos gra-
maticais são priorizados em detrimento de outros 
(produção oral e escrita, por exemplo), tornando a 
aula de português um ―amontoado de coisas sem 
sentido‖. 
Não temos dado ao nosso aluno espaço suficien-
te para que ele exerça seu direito de fala. Nor-
malmente, ele está na sala apenas para ouvir, 
para copiar, para reproduzir o que se espera dele. 
Ao ser solicitado a falar, muitas vezes, sua fala é 
truncada, inicia um assunto e não é capaz de 
concluí-lo. Questão de timidez? Em alguns casos, 
sim. Essa fala fragmentada, não desenvolvida, 
concretiza-se na escrita de forma bem clara: au-
sência de coesão e de coerência, fuga ao tema 
proposto, repetições excessivas, para citar ape-
nas os problemas mais encontrados. 
Prycila eu quero que você fiquei torcendo porque 
agora porque no dia 16 de outubro vou fazer pro-
va com padre para crisma porque no final do vou 
se alistar. (sic) (Trecho de um texto produzido por 
aluno de 6ª. Série do ensino fundamental.) 
Atentemos para a mistura de assuntos que o alu-
no realiza, utilizando basicamente um conectivo 
(porque). Que relação existe entre os dois fatos, o 
de ser crismado e o de se alistar no final do ano 
(palavra omitida, provavelmente sem que o aluno 
tenha tido esta intenção)? Acreditamos que aqui 
não estejamos diante de um caso de desconhe-
cimento do significado do conectivo apenas. E 
sim de incapacidade de relacionar idéias, de fazer 
conexão de sentidos. 
Por tudo o que foi exposto até aqui, cremos que o 
exercício da leitura e da escrita, como forma de 
desenvolver a competência lingüística, seria uma 
das estratégias numa tentativa de minimizar mui-
tos dos problemas citados. 
Sintaxe de Regência 
Na maioria das gramáticas normativas, o conceito 
de regência aborda a relação de dependência 
entre termos da oração. Fazer com que o nosso 
aluno, que traz influências (negativas e positivas) 
da oralidade, perceba e compreenda essa idéia 
de dependência é, por vezes, tarefa bastante 
árdua. 
Pesquisando em algumas gramáticas disponíveis 
aos nossos estudantes, observamos que alguns 
casos são tratados de forma diversa. Vejamos um 
caso: no ―Curso Prático de Gramática‖, de Ernani 
Terra (1996, p. 299.), há a seguinte afirmação 
referente à regência do verbo chegar: 
―O verbo chegar exige a preposição a e não a 
preposição em.‖ 
Já a ―Gramática‖, de Faraco e Moura (1999, p. 
514.), apresenta a seguinte colocação em relação 
ao mesmo verbo chegar: 
―É intransitivo no sentido de atingir data ou local. 
(...) Já é bastante comum o uso da preposi-
ção em nesta acepção.‖ 
Essas abordagens conflitantes apresentadas 
pelas gramáticas citadas acabam por confundir o 
nosso aluno e, até mesmo, por dificultar o enten-
dimento deste assunto. Que frase é mais comum 
nas redações de nossos alunos? ―Cheguei em 
casa muito tarde‖ ou Cheguei a minha casa muito 
tarde‖? Com certeza, a primeira. Portanto, não é 
mais cabível afirmar que o verbo chegar não exi-
ge a preposição em. Uma ou outra preposição é 
perfeitamente admissível. 
Reconhece-se que a língua falada no Brasil não é 
a mesma representada na escrita. É também 
dessa questão que temos tratado até então. O 
falante, com o propósito de passar adiante seu 
pensamento, suas idéias, seleciona as palavras 
que melhor representam sua intenção e arruma-
as de maneira que estas atendam aos seus dese-
jos. 
Altera, propositalmente ou não, a sintaxe de con-
cordância ou de regência, construindo seu próprio 
estilo. Sua mensagem poderá ou não ser com-
preendida da forma como gostaria de que fosse. 
As chances de que o entendimento ocorra tal 
como planejou são grandes. 
O estudo do emprego diversificado que se faz da 
língua falada (situações informais) e da língua 
escrita (situações formais) está cada vez mais 
ocupando espaço nos meios acadêmicos que 
tratam do ensino da língua. Algumas obras vêm 
acrescentar novas idéias que auxiliam o presente 
trabalho, como Mário Perini (Sofrendo a Gramáti-
ca), Celso Pedro Luft (Língua e Liberdade) e E-
vanildo Bechara (Ensino da Gramática. 
Opressão? Liberdade?). Porém, décadas de um 
ensino equivocado exigirão a adoção de um novo 
modo de ensinar a gramática, a partir de uma 
visão de linguagem que liberte, que permita a 
 
 15 
 
construção de um discurso de sujeito, e não de 
quem se sujeita. 
Voltando a mais um caso de sintaxe de regência. 
Se um dos significados da palavra ―com‖ é a idéia 
de companhia, como considerar errada a constru-
ção ―Namoro com Carlos‖? Para o falante/usuário 
da língua, a frase está corretíssima. 
Para tentarmos convencer este falante de que a 
sua construção é incorreta, só temos o argumento 
de que o verbo namorar é transitivo direto (não 
admitindo preposição), pois quem namora, namo-
ra alguém. Porém não é argumento forte o sufici-
ente para deslegitimar a sua intenção de transmi-
tir a idéia de um estar com o outro, de namo-
rar com o outro. 
Finalizando, a estrutura lingüística que cada usu-
ário da língua internaliza, dá-lhe subsídios para 
que ele elabore construções que, na escrita, são 
consideradas como erros de concordância, de 
regência, entre tantos outros ―erros‖. Cabe ampli-
ar, na sistematização das regras que estruturam a 
língua, o registro das possibilidades de constru-
ções de que o usuário da língua dispõe. Até por-
que as invariações dentro das variações é que 
dão vida à língua. 
Sintaxe de Colocação 
No início de nosso trabalho, comentamos a res-
peito de o falante sentir-se perplexo diante da 
construção ―Dê-me um cigarro‖, verso conheci-
díssimo do poema Pronominal‖, de Oswald de 
Andrade, muito usado para exemplificar casos de 
colocação pronominal. É claro que o usuário da 
língua estranha uma construção como essa, 
quando, no seu falar revela-se a tendência de 
fazer uso da próclise. 
O nosso aluno jamais empregaria a frase ―Em-
preste-me uma caneta‖ ao dirigir-se ao colega a 
seu lado. Até mesmo nós, professores e conhe-
cedores da língua, no dia a dia, empregamos a 
próclise com abundância em nossa fala. Ainda 
mais que a questão da colocação dos pronomes 
na frase está mais a serviço da estilística que da 
sintaxe. Observemos: 
A. Se atrasou hoje, professora. 
B. Atrasou-se hoje, professora. 
De acordo com as regras que norteiam o empre-
go da próclise, a frase A estaria fora dos padrões, 
porém, numa linguagem informal, falada ou escri-
ta, seria perfeitamente justificável, na medida em 
que representaria um estilo despojado e simples 
do locutor/escritor. Já a frase B exemplifica o 
correto emprego do pronome, mas na prática de 
nossos alunos é pouco utilizada. 
O emprego da mesóclise é ainda mais complica-
do. Em primeiro lugar, há a preferência de o usu-
ário da língua portuguesa no Brasil utilizar para o 
tempo futuro do presente do indicativo, por exem-
plo, a locução verbal: ―Vou fazer prova amanhã‖ 
no lugar de ―Farei prova amanhã‖; em segundo 
lugar, o emprego da mesóclise soa como pedan-
tismo, próprio da linguagem rebuscada, empola-
da: ―Far-te-ei uma proposta amanhã‖. O uso da 
mesóclise está reduzido à produção escrita de 
usuários com bom domínio da estrutura da língua. 
Façamos mais um comentário: 
―Está um calor! A janela está fechada, professora. 
Quer que abra ela?‖ 
É um tipo de construção amplamente empregada 
pelo falante.Devemos considerá-la totalmente 
errada? E o que podemos dizer de construções 
do tipo ―Professora, eu se machuquei!‖? Não se-
ria mais relevante preocuparmo-nos com frases 
desse tipo? E não é só uma questão de concor-
dância ou de colocação. 
É uma questão de identidade. O falante não se 
reconhece no próprio discurso. Não é capaz de 
reconhecer-se no me, pois é a partir do se que vê 
o mundo: ―Entre, sente-se, cale-se, saia e vire-se; 
a minha parte eu já fiz.‖ 
Organização Frasal 
Toda frase de uma língua consiste em uma orga-
nização, uma combinação de elementos lingüísti-
cos agrupados segundo certos princípios, que a 
caracterizam como uma estrutura. Para evidenci-
ar estas estruturas, temos uma estruturas, temos 
de decompor a frase/oração em unidades meno-
res, e substituir estas unidades, por aquelas e-
quivalentes, que desempenham a mesma função. 
Este procedimento denomina-se comunicação: 
Ex: 
Maria está na casa da vizinha 
Você fará o relatório como a professora pediu 
Aquela menininha de cabelo loiro gosta de doce 
de leite. 
Estes subconjuntos são blocos significativos e 
possuem equivalência entre si,pois a troca de um 
pelo outro,não destrói a integridade das orações, 
como demonstraram os exemplos. A estes blo-
cos, ou unidades significativas, chamamos: 
Sintagmas. 
Constituintes Oracionais > Os Sintagmas 
 
 16 
 
A Natureza do sintagma do sintagma depende 
por tanto do tipo de elemento que constitui o seu 
núcleo. 
Vantagens: 
* Ter controle sobre os mecanismos que utiliza-
mos nos usos da linguagem; 
* Aumentar a versatilidade no uso que podemos 
fazer desses mecanismos. 
Base da Oração {SN (subst) = SA > Sintagma 
Adjetiva, SV (verbo) SP > Sintagma Preposi-
cionado 
Sintagma: elementos constituintes das unidades 
significativas da oração – relaciona-se por depen-
dência e ordem. Possuem um núcleo em relação 
aos demais constituintes, mas pode compor-se de 
apenas um núcleo. 
Além das orações com os dois sintagmas obriga-
tórios: SN + SV, há ainda a possibilidade de ora-
ção com três partes: SN+SV+SP. 
Os Sintagmas Nominais e Verbais obrigatoria-
mente existem como unidades significativas nas 
frases. Por isso, as frases sempre podem ser 
decompostas nesses dois subconjuntos, mesmo 
que elas sejam longas, ou mesmo que o sujeito 
esteja oculto ou não seja lexicalmente preenchido 
(sujeito inexistente). 
Ex: SN/SV 
A irmã de uma conhecida de meu mari-
do/recebeu uma belíssima homenagem de seus 
companheiros de trabalho. 
A carrocinha de pão [que passava pela minha rua 
todos os dias]/pertencia a um antigo empregado 
da prefeitura municipal. 
Sintagma Preposicionado (SP) 
Os Sintagmas preposicionados, quando assu-
mem função de advérbio, são facultativos na es-
trutura sintática das frases; móveis, podendo ser 
deslocados de sua posição normal (após o SN e 
o SV);apresentam-se como modificadores cir-
cunstanciais,geralmente sob a forma de locuções 
adverbiais. 
Exs: 
As flores/ enfeitam os jardins/ na primavera. 
- SN, SV e SP 
O padeiro/ entrega o pão / na minha casa / de 
madrugada 
- SN, SV, SP e SP 
O que é Redação Oficial? 
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial 
é a maneira pela qual o Poder Público redige atos 
normativos e comunicações. Interessa-nos tratá-
la do ponto de vista do Poder Executivo. 
A redação oficial deve caracterizar-se pela im-
pessoalidade, uso do padrão culto de linguagem, 
clareza, concisão, formalidade e uniformidade. 
Fundamentalmente esses atributos decorrem da 
Constituição, que dispõe, no artigo 37: "A admi-
nistração pública direta, indireta ou fundacional, 
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá 
aos princípios de legalidade, impessoalidade, 
moralidade, publicidade e eficiência (...)". 
Sendo a publicidade e a impessoalidade princí-
pios fundamentais de toda administração pública, 
claro está que devem igualmente nortear a elabo-
ração dos atos e comunicações oficiais. 
Não se concebe que um ato normativo de qual-
quer natureza seja redigido de forma obscura, 
que dificulte ou impossibilite sua compreensão. A 
transparência do sentido dos atos normativos, 
bem como sua inteligibilidade, são requisitos do 
próprio Estado de Direito: é inaceitável que um 
texto legal não seja entendido pelos cidadãos. A 
publicidade implica, pois, necessariamente, clare-
za e concisão. 
Além de atender à disposição constitucional, a 
forma dos atos normativos obedece a certa tradi-
ção. Há normas para sua elaboração que remon-
tam ao período de nossa história imperial, como, 
por exemplo, a obrigatoriedade – estabelecida por 
decreto imperial de 10 de dezembro de 1822 – de 
que se aponha, ao final desses atos, o número de 
anos transcorridos desde a Independência. Essa 
prática foi mantida no período republicano. 
Esses mesmos princípios (impessoalidade, clare-
za, uniformidade, concisão e uso de linguagem 
formal) aplicam-se às comunicações oficiais: elas 
devem sempre permitir uma única interpretação e 
ser estritamente impessoais e uniformes, o que 
exige o uso de certo nível de linguagem. 
Nesse quadro, fica claro também que as comuni-
cações oficiais são necessariamente uniformes, 
pois há sempre um único comunicador (o Serviço 
Público) e o receptor dessas comunicações ou é 
o próprio Serviço Público (no caso de expedientes 
dirigidos por um órgão a outro) – ou o conjunto 
dos cidadãos ou instituições tratados de forma 
homogênea (o público). 
 
 17 
 
Outros procedimentos rotineiros na redação de 
comunicações oficiais foram incorporados ao 
longo do tempo, como as formas de tratamento e 
de cortesia, certos clichês de redação, a estrutura 
dos expedientes, etc. Mencione-se, por exemplo, 
a fixação dos fechos para comunicações oficiais, 
regulados pela Portaria n
o
 1 do Ministro de Estado 
da Justiça, de 8 de julho de 1937, que, após mais 
de meio século de vigência, foi revogado pelo 
Decreto que aprovou a primeira edição deste 
Manual. 
Acrescente-se, por fim, que a identificação que se 
buscou fazer das características específicas da 
forma oficial de redigir não deve ensejar o enten-
dimento de que se proponha a criação – ou se 
aceite a existência – de uma forma específica de 
linguagem administrativa, o que coloquialmente e 
pejorativamente se chama burocratês. Este é 
antes uma distorção do que deve ser a redação 
oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões 
e clichês do jargão burocrático e de formas arcai-
cas de construção de frases. 
A redação oficial não é, portanto, necessariamen-
te árida e infensa à evolução da língua. É que sua 
finalidade básica – comunicar com impessoalida-
de e máxima clareza – impõe certos parâmetros 
ao uso que se faz da língua, de maneira diversa 
daquele da literatura, do texto jornalístico, da 
correspondência particular, etc. 
Apresentadas essas características fundamentais 
da redação oficial, passemos à análise pormeno-
rizada de cada uma delas. 
1.1. A Impessoalidade 
A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, 
quer pela escrita. Para que haja comunicação, 
são necessários: a) alguém que comunique, b) 
algo a ser comunicado, e c) alguém que receba 
essa comunicação. No caso da redação oficial, 
quem comunica é sempre o Serviço Público (este 
ou aquele Ministério, Secretaria, Departamento, 
Divisão, Serviço, Seção); o que se comunica é 
sempre algum assunto relativo às atribuições do 
órgão que comunica; o destinatário dessa comu-
nicação ou é o público, o conjunto dos cidadãos, 
ou outro órgão público, do Executivo ou dos ou-
tros Poderes da União. 
Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal 
que deve ser dado aos assuntos que constam 
das comunicações oficiais decorre: 
a) da ausência de impressões individuais de 
quem comunica:embora se trate, por exemplo, 
de um expediente assinado por Chefe de deter-
minada Seção, é sempre em nome do Serviço 
Público que é feita a comunicação. Obtém-se, 
assim, uma desejável padronização, que permite 
que comunicações elaboradas em diferentes se-
tores da Administração guardem entre si certa 
uniformidade; 
b) da impessoalidade de quem recebe a comuni-
cação, com duas possibilidades: ela pode ser 
dirigida a um cidadão, sempre concebido co-
mo público, ou a outro órgão público. Nos dois 
casos, temos um destinatário concebido de forma 
homogênea e impessoal; 
c) do caráter impessoal do próprio assunto trata-
do: se o universo temático das comunicações 
oficiais se restringe a questões que dizem respei-
to ao interesse público, é natural que não cabe 
qualquer tom particular ou pessoal. 
Desta forma, não há lugar na redação oficial para 
impressões pessoais, como as que, por exemplo, 
constam de uma carta a um amigo, ou de um 
artigo assinado de jornal, ou mesmo de um texto 
literário. A redação oficial deve ser isenta da inter-
ferência da individualidade que a elabora. 
A concisão, a clareza, a objetividade e a formali-
dade de que nos valemos para elaborar os expe-
dientes oficiais contribuem, ainda, para que seja 
alcançada a necessária impessoalidade. 
1.2. A Linguagem dos Atos e Comunicações 
Oficiais 
A necessidade de empregar determinado nível de 
linguagem nos atos e expedientes oficiais decor-
re, de um lado, do próprio caráter público desses 
atos e comunicações; de outro, de sua finalidade. 
Os atos oficiais, aqui entendidos como atos de 
caráter normativo, ou estabelecem regras para a 
conduta dos cidadãos, ou regulam o funciona-
mento dos órgãos públicos, o que só é alcançado 
se em sua elaboração for empregada a lingua-
gem adequada. O mesmo se dá com os expedi-
entes oficiais, cuja finalidade precípua é a de 
informar com clareza e objetividade. 
As comunicações que partem dos órgãos públi-
cos federais devem ser compreendidas por todo e 
qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse 
objetivo, há que evitar o uso de uma linguagem 
restrita a determinados grupos. Não há dúvida 
que um texto marcado por expressões de circula-
ção restrita, como a gíria, os regionalismos voca-
bulares ou o jargão técnico, tem sua compreen-
são dificultada. 
Ressalte-se que há necessariamente uma distân-
cia entre a língua falada e a escrita. Aquela é 
extremamente dinâmica, reflete de forma imediata 
qualquer alteração de costumes, e pode eventu-
almente contar com outros elementos que auxili-
 
 18 
 
em a sua compreensão, como os gestos, a ento-
ação, etc., para mencionar apenas alguns dos 
fatores responsáveis por essa distância. Já a 
língua escrita incorpora mais lentamente as trans-
formações, tem maior vocação para a permanên-
cia, e vale-se apenas de si mesma para comuni-
car. 
A língua escrita, como a falada, compreende dife-
rentes níveis, de acordo com o uso que dela se 
faça. Por exemplo, em uma carta a um amigo, 
podemos nos valer de determinado padrão de 
linguagem que incorpore expressões extrema-
mente pessoais ou coloquiais; em um parecer 
jurídico, não se há de estranhar a presença do 
vocabulário técnico correspondente. Nos dois 
casos, há um padrão de linguagem que atende ao 
uso que se faz da língua, a finalidade com que a 
empregamos. 
O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu 
caráter impessoal, por sua finalidade de informar 
com o máximo de clareza e concisão, eles reque-
rem o uso do padrão culto da língua. Há consen-
so de que o padrão culto é aquele em que a) se 
observam as regras da gramática formal, e b) se 
emprega um vocabulário comum ao conjunto dos 
usuários do idioma. 
É importante ressaltar que a obrigatoriedade do 
uso do padrão culto na redação oficial decorre do 
fato de que ele está acima das diferenças lexi-
cais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos 
modismos vocabulares, das idiossincrasias lin-
güísticas, permitindo, por essa razão, que se atin-
ja a pretendida compreensão por todos os cida-
dãos. 
Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a 
simplicidade de expressão, desde que não seja 
confundida com pobreza de expressão. De ne-
nhuma forma o uso do padrão culto implica em-
prego de linguagem rebuscada, nem dos contor-
cionismos sintáticos e figuras de linguagem pró-
prios da língua literária. 
Pode-se concluir, então, que não existe propria-
mente um "padrão oficial de linguagem"; o que há 
é o uso do padrão culto nos atos e comunicações 
oficiais. É claro que haverá preferência pelo uso 
de determinadas expressões, ou será obedecida 
certa tradição no emprego das formas sintáticas, 
mas isso não implica, necessariamente, que se 
consagre a utilização de uma forma de linguagem 
burocrática. O jargão burocrático, como todo jar-
gão, deve ser evitado, pois terá sempre sua com-
preensão limitada. 
A linguagem técnica deve ser empregada apenas 
em situações que a exijam, sendo de evitar o seu 
uso indiscriminado. Certos rebuscamentos aca-
dêmicos, e mesmo o vocabulário próprio a deter-
minada área, são de difícil entendimento por 
quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se 
ter o cuidado, portanto, de explicitá-los em comu-
nicações encaminhadas a outros órgãos da ad-
ministração e em expedientes dirigidos aos cida-
dãos. 
Outras questões sobre a linguagem, como o em-
prego de neologismo e estrangeirismo, são trata-
das em detalhe em 9.3. Semântica. 
1.3. Formalidade e Padronização 
As comunicações oficiais devem ser sempre for-
mais, isto é, obedecem a certas regras de forma: 
além das já mencionadas exigências de impesso-
alidade e uso do padrão culto de linguagem, é 
imperativo, ainda, certa formalidade de tratamen-
to. 
Não se trata somente da eterna dúvida quanto ao 
correto emprego deste ou daquele pronome de 
tratamento para uma autoridade de certo nível (v. 
a esse respeito2.1.3. Emprego dos Pronomes de 
Tratamento); mais do que isso, a formalidade diz 
respeito à polidez, à civilidade no próprio enfoque 
dado ao assunto do qual cuida a comunicação. 
A formalidade de tratamento vincula-se, também, 
à necessária uniformidade das comunicações. 
Ora, se a administração federal é una, é natural 
que as comunicações que expede sigam um 
mesmo padrão. O estabelecimento desse padrão, 
uma das metas deste Manual, exige que se aten-
te para todas as características da redação oficial 
e que se cuide, ainda, da apresentação dos tex-
tos. 
A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes 
para o texto definitivo e a correta diagramação do 
texto são indispensáveis para a padronização. 
Consulte o Capítulo II, As Comunicações Oficiais, 
a respeito de normas específicas para cada tipo 
de expediente. 
1.4. Concisão e Clareza 
A concisão é antes uma qualidade do que uma 
característica do texto oficial. Conciso é o texto 
que consegue transmitir um máximo de informa-
ções com um mínimo de palavras. Para que se 
redija com essa qualidade, é fundamental que se 
tenha, além de conhecimento do assunto sobre o 
qual se escreve, o necessário tempo para revisar 
o texto depois de pronto. É nessa releitura que 
muitas vezes se percebem eventuais redundân-
cias ou repetições desnecessárias de idéias. 
O esforço de sermos concisos atende, basica-
mente ao princípio de economia lingüística, à 
mencionada fórmula de empregar o mínimo de 
 
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palavras para informar o máximo. Não se deve de 
forma alguma entendê-la como economia de pen-
samento, isto é, não se devem eliminar passa-
gens substanciais do texto no afã de reduzi-lo em 
tamanho. Trata-se exclusivamente de cortar pala-
vras inúteis, redundâncias, passagens que nada 
acrescentem ao que já foi dito. 
Procure perceber certa hierarquia de idéias que 
existe em todo texto de alguma complexidade: 
idéias fundamentais e idéias secundárias.

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