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O Estado na obra de Kant.pdf

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01/03/2015 O Estado na obra de Kant ­ Jus Navigandi
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O Estado na obra de Kant
Flavio Agusto Trevisan Scorza
Publicado em 03/2007. Elaborado em 03/2007.
Sumário:Introdução; 1. A filosofia kantiana da moral e do direito; 2. O contrato social e o Estado liberal; 2.1. O estado de
natureza e a necessidade do contrato originário; 2.2. A constituição republicana; Conclusão; Referências.
INTRODUÇÃO
O filósofo Immanuel Kant nasceu em 1724 na cidade prussiana de Könisberg, na qual viveu até sua morte, em 1804.
A sua filosofia era característica do idealismo alemão, movimento que tinha Georg W. F. Hegel como outro grande expoente.
Kant estabelecia a consciência humana como fator determinante na construção de mundo, ou seja, o mundo é percebido
através dos mecanismos mentais a que o submete o observador. Assim, o observador tem um papel ativo ao estabelecer,
através da razão, com base nas suas impressões sensoriais, as leis da natureza. Deste modo, o conhecimento da verdadeira
natureza das coisas permanece oculto aos homens, capazes apenas de conhecer a realidade revelada aos seus sentidos.
O mundo em que Kant viveu passava por grandes mudanças. Era a chamada Era das Luzes, marcada pela rejeição das idéias
e instituições do passado e pela valorização do homem, de sua razão e das ciências.
Presenciou,  ainda  que  sempre  da  distância  de  sua  cidade,  importantes  acontecimentos  políticos,  como  a  Revolução
Americana, de 1776 e a Revolução Francesa, em 1789. Estes acontecimentos foram marcados por uma nova proposta  de
Estado, a constituição liberal. Neste contexto, Kant se enquadra, na companhia de Rousseau, Voltaire, Montesquieu, David
Hume, Thomas Jefferson, dentre tantos outros, no grupo de filósofos que buscavam uma sociedade mais racional e humana e
se opunham ao poder absoluto dos governantes, baseado na religião e na tradição, exigindo o estabelecimento de um sistema
respeitador das liberdades dos homens.
A filosofia moral e política kantiana busca a afirmação da idéia de liberdade. Encontra­se, essencialmente, dividida em três
obras: Fundamentação da metafísica dos  costumes  (1785), Crítica da razão prática  (1788)  e Metafísica  dos  costumes
(1798). Nesta última se encontra presente a grande parte das teorias política e do direito formuladas por Kant. Outra obra na
qual expões sua visão de Estado é A paz perpétua (1795), na qual busca fundamentar um sistema capaz de encerrar o estado
de guerra permanente no qual se encontram os Estados. Outro ensaio relevante é a sua Idéia de uma história universal
(1784), que busca demonstrar através da história a evolução do homem para o melhor.
O presente trabalho tem como objetivo realizar uma breve sistematização das teorias política kantianas sob a perspectiva das
idéias de liberdade e contrato social. Tal sistematização será realizada de forma linear, iniciando­se pelas idéias básicas de
justiça e liberdade, passando, em seguida, para a sua teoria do Estado.
Em um primeiro momento, tendo por base a Fundamentação da metafísica dos costumes  e as páginas  introdutórias da
Metafísica dos costumes, buscar­se­á explicar determinados conceitos básicos da filosofia moral kantiana, como as idéia de
imperativo categórico e de liberdade, bem como a concepção de direito do autor. Nestas idéias se centra toda a evolução
posterior na formulação da teoria política kantiana.
No  segundo  capítulo,  far­se­á  uma  análise  do  jusnaturalismo  kantiano  e  do  estabelecimento  do  contrato  social  entre  os
indivíduos, implicando na formação do Estado liberal. A essa análise se seguirá o estudo da concepção kantiana do Estado,
momento no qual serão abordados os conceitos de República e separação de poderes. As obras de referência a partir deste
momento serão a Metafísica dos costumes, A paz perpétua e a Idéia de uma história universal.
1. A FILOSOFIA KANTIANA DA MORAL E DO DIREITO
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Antes de abordar diretamente as concepções kantianas de direito e de liberdade, importa realizar uma breve abordagem dos
fundamentos da moral kantiana, desenvolvidos, em especial, na sua Fundamentação da metafísica dos costumes, de 1785.
Kant inicialmente separa conhecimento formal de conhecimento material. A filosofia do primeiro é a lógica, abordando a
razão e o pensamento em si próprios, não podendo conter parte empírica. O segundo trata dos objetos e das leis a que estão
submetidos. Estas leis se dividem em leis da natureza, tratadas pela física, e leis da liberdade, aquelas que tratam das ações
livres  dos  homens,  objeto  de  estudos  da  ética  ou  teoria  dos  costumes.  A  física  e  a  ética  podem  contar  com  elementos
empíricos a partir do momento em que a primeira tem como objeto de experiência as leis da natureza e a segunda tem por
objeto a vontade do homem quando afetada pela natureza. 
Enquanto é chamada empírica toda filosofia baseada em princípios da experiência, é pura aquela  filosofia que tem suas
teorias fundamentadas exclusivamente em princípios a priori, não extraídos da experiência, mas sim do uso da razão pura.
Quando limitada a determinados objetos do entendimento, a filosofia pura é chamada metafísica, de forma a existir  uma
metafísica da natureza e uma metafísica dos costumes, tendo esta, portanto, por objeto o estudo das leis da conduta humana
diante de uma perspectiva exclusivamente racional.
Assim, a parte empírica da ética chama­se antropologia prática, enquanto a sua parte metafísica é a moral. Para Kant, deve
existir uma filosofia moral totalmente desligada do que seja empírico. Esta necessidade se daria em função do próprio caráter
da obrigação contida em uma lei moral, sendo que esta obrigação deve ser absoluta e universal, não podendo, portanto,
contar com fundamentos empíricos. Seus fundamentos devem ser obtidos a priori, exclusivamente nos conceitos da razão
pura. 
Desta  forma,  a  ação moral  não pode  ser  condicionada por  quaisquer  estímulos  externos. A  vontade moral  não  pode  ter
nenhum  fim  além  do  cumprimento  do  dever.  Assim,  a  máxima  do  dever  moral  deve  ser  dada  através  do  imperativo
categórico.  Este  imperativo  categórico  apresenta  uma  ação  necessária  como  um  fim  em  si,  impondo  um mandamento
absoluto,  uma  obrigação  ou  dever  incondicional.  Difere  dos  imperativos  hipotéticos,  que  ordenam  uma  ação  boa  para
alcançar outro  fim. Kant  enuncia o  imperativo  categórico da  seguinte  forma:  "age  só  segundo máxima  tal que possas ao
mesmo tempo querer que ela se torne lei universal",   sendo contrária à moral toda ação cuja máxima não se enquadre
neste enunciado. Máxima é entendida como um princípio subjetivo para a ação, dado pelo próprio sujeito em seu exercício
de livre escolha. 
Kant estabelece, então, uma distinção entre direito e moral. As leis da liberdade, quando dirigidas às ações externas dos
indivíduos, sem preocupação com os motivos que o levam a adequar suas ações à lei, são consideradas leis jurídicas. Já as
leis da liberdade enquanto leis morais exigem, além da mera adequação das ações externas com o seu preceito, que a lei em
si seja o fator que determina a ação, de forma que o motivo da adequação da ação à lei seja puramente o dever de cumprir
com o preceito nela contido. Tal distinção se dá no campo da forma, não importando o conteúdo da lei. Enquanto, para o
direito, fonte das leis jurídicas, estas leis incidem externamente, para a moral o comando deve ser interno. O preceito moral,
em Kant, é dado pelo exercício individual da razão pura, não podendo ser influenciado externamente, enquanto o preceito
jurídico é impostoexternamente.
Partindo desta distinção, Kant  traz um  conceito de  liberdade determinado  pelo  direito,  referindo­se  a  liberdade  ao  uso
externo da liberdade de escolha. Já a liberdade, quando determinada pela moralidade, se refere tanto à liberdade externa
quanto  à  liberdade  interna  de  escolha,  enquanto  determinada  pelo  uso  da  razão.    Desta  forma  a  liberdade moral  é
exercida internamente, sendo livre o indivíduo para agir em conformidade com as leis que dá a si mesmo pelo uso de sua
própria razão. Já a liberdade jurídica, a ser desenvolvida mais adiante, trata da faculdade de agir externamente sem que
obstáculos sejam impostos ao exercício das ações.
Tratando especificamente do direito, a filosofia kantiana é marcada pelo idealismo. O termo direito é aplicado por Kant com
sentido  valorativo,  tratando­se  daquilo  que  seja  justo  –  ius.  Desta  forma,  quando  formula  sua  concepção  do  direito  e,
posteriormente,  do  Estado,  Kant  não  se  preocupa  em  explicar  os  fenômenos  como  estes  ocorrem  na  realidade.  Seu
pensamento destina­se a estabelecer teoria pura do direito, baseada em conceitos a priori da razão.
Kant define a doutrina do direito como a soma das leis que podem ser dadas externamente. A distinção de justo e injusto
somente é possível através da razão, na qual deverá se basear o direito positivo. Desta forma, qualquer concepção empírica
de direito restaria desprovida de fundamentos. 
O direito teria três características essenciais. Primeiramente, deveria dizer respeito somente às relações práticas externas
entre  as  pessoas,  na medida  em que  as  ações  de  um podem  influenciar  as  ações  de  outro.  Segundo,  o  direito  se  refere
somente  às  relações  entre  as  vontades  dos  indivíduos,  não  sendo  considerada  jurídica  a  relação  na  qual  uma  vontade
encontre  um desejo,  como  em atos  de  beneficência  e  crueldade.  Por  fim,  nesta  relação  entre  vontades,  não  podem  ser
consideradas as matérias destas, os fins a que se propõem, sendo relevante somente a forma, contanto que a escolha seja
livre. 
Livre escolha é aquela realizada de forma independente do estímulo de impulsos sensíveis, conquanto que a sua máxima
possa ser compreendida em uma lei universal.
Kant enuncia, então, um princípio universal do direito, afirmando que está conforme com o direito qualquer ação que possa
coexistir com a liberdade de todos, de acordo com uma lei universal. 
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Tem­se, nesta concepção de direito, uma formulação liberal, na medida em que não lhe caberia influenciar as escolhas dos
arbítrios individuais,  tendo por  função  somente estabelecer um sistema que garanta o  livre  exercício  destes  arbítrios  de
acordo  com  uma  lei  universal.  O  direito,  para  Kant,  busca  promover  o  exercício  máximo  das  liberdades  individuais,
impondo limites à liberdade de um somente a partir do momento em que esta agrida o exercício da liberdade de outro, de
forma que a todos seja garantido exercer igualmente suas  liberdades. Assim, o  fim último do direito e, como será visto a
frente, do Estado enquanto instituição produtora de direito é a garantia da liberdade.
Tal  concepção  admite  que,  por  vezes,  o  indivíduo  possa  exercer  sua  vontade  de  forma  a  contrariar  uma máxima  que
estabelece uma lei universal. Neste caso, a razão do indivíduo reconheceria a ilegalidade e imoralidade do ato em função de
sua inconformidade com uma lei universal. Estaria, no entanto, abrindo uma exceção para si próprio, a fim de se beneficiar.
Em função de tal possibilidade, de que a vontade possa, ainda que a razão reconheça a máxima moral, levar a uma ação
contrária a ela, surge a necessidade do direito como sistema que impeça tal ação. Para que o direito possa cumprir com sua
função, necessita, portanto, da possibilidade do uso de coerção. Para Kant, o princípio fundador do direito é aquele que traz a
possibilidade  do  uso  de  uma  coerção  externa  que  possa  coexistir  com a  liberdade  de  cada  um  de  acordo  com  uma  lei
universal.   É o elemento coercitivo, portanto, que possibilita ao direito garantir o máximo e igual exercício das liberdades
individuais.
Em seu sentido interno, liberdade como autonomia da razão, a liberdade traz o próprio fundamento da moral e do direito,
por ser, através do seu exercício, que são criados os deveres internos na forma de imperativos categóricos. Dentre tais deveres
está a própria criação do direito,  fundamentado no  imperativo categórico que traz o dever de convivência entre as  livres
vontades.   Este dever moral é que determinará o formação do contrato social, como ver­se­á posteriormente no presente
trabalho.
A liberdade, entendida como independência do indivíduo de exercer sua vontade sem sofrer ingerências externas de forma
que este exercício possa coexistir com a livre vontade dos outros de acordo com uma lei universal, é, conforme Kant, o único
direito natural existente, atribuído a cada um desde o momento de seu nascimento.   Todos os outros direitos tidos como
naturais, a exemplo da igualdade, derivam do direito de liberdade.
Kant introduz então uma distinção entre o direito natural ou direito privado e o direito civil ou direito público.
2. O CONTRATO SOCIAL E O ESTADO LIBERAL
De posse dessa base teórica essencial, pode­se passar ao estudo da teoria kantiana da política e das relações internacionais
propriamente dita. Este capítulo tem como objetivo abordar as idéias de Kant sobre a temática da formação do Estado através
do contrato social.
A teoria do contrato social foi difundida a partir do início do século XVII, tendo em Thomas Hobbes o grande expoente de sua
fase inicial. Trata­se de uma teoria destinada a explicar a origem do poder através de um ato de vontade daqueles a ele
subordinados.
A teoria do contrato social supõe a existência de um estado de natureza anterior ao estabelecimento do contrato. Os autores
divergem  sobre  a  condição  humana  neste  estado, mas  concordam  que  esta  deve  ser  superada  através  de  da  união  dos
indivíduos por meio do estabelecimento de um contrato, que os obriga juridicamente.
Existem profundas divergências entre os autores sobre o problema do conteúdo do contrato social. Alguns autores, como
Hobbes,  vêem no contrato  o  estabelecimento  da  submissão  dos  contratantes  a  um  poder  externo  ao  contrato,  enquanto
outros, a exemplo de Kant, percebem o contrato como uma relação entre iguais.
A seguir, será analisada a condição humana no estado de natureza e a imposição da sua superação rumo a um estado civil, no
qual se encontra presente a figura do Estado.
No momento seguinte, será abordada a formulação ideal do Estado kantiano para que este atinja seu objetivo de garantir aos
indivíduos o exercício tranqüilo das liberdades a eles conferidas pelo direito natural.
2.1. O estado de natureza e a necessidade do contrato originário
Seguindo a tradição jusnaturalista contratualista, Kant crê na existência de um estado de natureza, que deve ser superado
por um contrato social a fim de que seja formado Estado, passando os homens a conviver em um estado civil.
Neste sentido, Kant adota, em relação à passagem do estado de natureza para o estado social, uma formulação semelhante
àquela utilizada por John Locke em seu Segundo tratado sobre o governo, de 1690, e que é de suma importância para a
fundamentação teórica do Estado liberal.
Conforme Locke, originariamente, os homens viviam em um estado de natureza, sendo totalmente livres em suas ações e
iguais em poder. Sua liberdade se encontrava limitada pela lei da natureza, esta contida na razão. Neste estado de natureza, a
execução da lei, o poder de coerção, se encontrava nas mãos de todos os homens, de formaque, ao ser prejudicado em seus
direitos, cada qual poderia buscar reparação daquele que cometeu a agressão.   Dentre os direitos naturais, tem destaque o
direito de propriedade, conferido à cada um em função do exercício individual do trabalho, que tira o bem de seu estado
original e lhe adiciona valor, excluindo­o do domínio comum. 
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Ainda que conte com uma série de direitos no estado de natureza, para Locke, a fruição destes direitos se torna muito incerta
neste estado. Este fenômeno se deve à igualdade de poder com que contam os homens, de forma que, por vezes, podem eles
exerce­lo indiscriminadamente, deixando de observar a justiça, e, assim, atentar contra o livre exercício da propriedade por
parte de outros. Assim, estabelece­se no estado de natureza uma condição constante de guerra.
Diante  desta  nociva  realidade,  a  fim  de  assegurar  o  exercício  de  suas  liberdades  e,  principalmente,  garantir  suas
propriedades, os homens abandonam a liberdade e a igualdade do estado de natureza e se unem através do contrato social.
Transferem, então, para a  sociedade o poder de executar as  leis afirmadas pelo direito natural.   Assim,  o  objetivo do
contrato social  como  visto  por  Locke,  é  garantir  aos  indivíduos,  através  da  formação  da  sociedade  civil,  os  seus  direitos
naturais, em especial o direito de propriedade, transferindo ao Estado o poder coercitivo de cada um.
Kant segue Locke ao perceber a transição do estado de natureza para o estado civil como forma de possibilitar o exercício dos
direitos naturais através da organização da coação sob o domínio estatal. 
O direito privado, conforme Kant, trata dos direitos naturais dos indivíduos, derivados estes do direito de liberdade, o único
direito humano verdadeiramente inato. O direito privado é, para Kant, um direito provisório, sendo uma necessidade do
homem e até mesmo seu dever moral passar do estado de natureza para o estado civil, estabelecendo um direito público de
caráter permanente. A propriedade é considerada, assim como na visão de Locke, como um direito natural decorrente da
liberdade, não dependendo a existência deste direito da sua afirmação pelo Estado, sendo apenas garantido por este quando
do estabelecimento do contrato social.
Kant  traz  como  característica  essencial  do  ser  humano  a  sua  "sociabilidade  anti­social"  (unsocial  sociability).    Isto
significa que o homem conta com uma propensão a se sociabilizar com os outros, mas esta propensão vem acompanhada de
um antagonismo. Este antagonismo é fruto da inclinação de cada indivíduo a seguir apenas a sua vontade e agir da forma que
julgar mais benéfica para si, ainda que esta conflite com a opinião e a vontade dos outros. Assim sendo, podem ocorrer
conflitos de interesses que causem a violação por parte de um da liberdade de outros.
No estado de natureza, esta sociabilidade anti­social humana leva a uma condição de constantes guerras, pois, ainda que
hostilidades entre homens não tenham irrompido, o risco de que ocorram é imenso.   Quando surgem os conflitos, carece o
estado de natureza de uma jurisdição competente. Acabam as partes por agir como juízes que julgam em causa própria.
Deste modo,  no  estado  de  natureza,  os  indivíduos  vivem numa  situação  de  grande  insegurança,  ficando  limitada  a  sua
capacidade de desenvolver por completo seus potenciais através do exercício de sua liberdade.
Consequentemente, a razão impele para o estabelecimento de um sistema de direito público, pelo qual os homens deixariam
o estado de natureza, em que cada um age conforme seu próprio julgamento, e unir­se­iam sob um poder coercitivo externo
que garanta os direitos de cada um, promovendo a justiça.   Assim, a passagem do estado de natureza para uma condição
civil regida  por  um  direito  público  coloca­se  como  um  dever moral,  tratando­se  a  formação  do  contrato  social  de  uma
obrigação imposta pelo imperativo categórico.
É,  somente  assim,  através  do  estabelecimento  da  sociedade  civil,  que  os  homens  poderão  desenvolver  as  suas
potencialidades. Nesta nova condição a anti­sociabilidade (unsociableness) humana, controlada por um sistema de coerção
legal, pode levar ao pleno desenvolvimento da humanidade. Os homens se comportariam então
como árvores em uma floresta, pois como todos lutam por privar o outro de ar e sol, compelem uns aos outros a busca­los cada
vez  mais  acima  e,  assim,  crescem  retas  e  bonitas,  enquanto  aquelas  que  livres  e  esparsas  desenvolvem  seus  ramos
aleatoriamente, crescem atrofiadas, tortas e curvadas. 
O direito público é definido por Kant como um sistema legal de caráter geral estabelecido para um povo ou multiplicidade de
povos através de uma vontade unificadora  representada em uma constituição a  fim de estabelecer a  justiça. O Estado é
definido como a totalidade de indivíduos sob uma condição civil e legal em relação com os membros desta totalidade. 
A forma pela qual um povo sai do estado de natureza e forma um Estado é chamada de contrato originário. Por este contrato,
cada indivíduo abandona sua liberdade externa selvagem e irrestrita e se torna um membro do Estado. No Estado, pode
então gozar plenamente de sua liberdade natural ao condicioná­la a leis criadas pela sua própria vontade. 
No contratualismo kantiano, inexiste a pressuposição de que a liberdade do estado de natureza se encontra limitada pelo
estado civil, mas sim de que é deixada totalmente em favor da aquisição de uma liberdade como autonomia,   a autonomia
de criar as leis para si próprio.
O contrato originário não necessita de uma origem histórica. Nesse aspecto, Kant diverge dos outros contratualistas, que
buscavam justificar o estabelecimento do Estado na formulação de um contrato ocorrida em um dado momento da história.
Para Kant, o contrato originário é uma idéia da razão utilizada para justificar a passagem do estado de natureza para o estado
civil, não sendo necessária a evidência de sua existência histórica. O estado de natureza é, portanto, apenas uma hipótese
lógica, uma suposição de como seria a condição humana em um ambiente desprovido das condições sociais e políticas.
Esta diferença tem uma importante implicação no pensamento kantiano no que se refere à rejeição que nutre este autor pelas
revoluções. A historicidade do contrato social era meio utilizado por autores como Locke para deslegitimar aqueles Estados
que não tivessem em sua origem um contrato. Deste modo seria legítima a resistência do povo contra o poder estabelecido
nestes Estados.
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Kant afirma que um povo não deve indagar sobre a origem da autoridade suprema a qual se submete, sendo este tipo de
questionamento perigoso ao dar margem para uma atitude de resistência face ao poder soberano.   Assim sendo, o povo
deve obedecer ao  legislador estabelecido  independentemente de  sua origem,  sendo vedada a  revolução,  ainda que haja
injustiça por parte do soberano. Os argumentos de Kant contrários à resistência ao poder soberano serão vistos a frente.
2.2. A constituição republicana
A forma ideal de governo para Kant é a República. Kant, define constituição republicana como sendo aquela fundada no
princípio da liberdade dos membros da sociedade, enquanto seres humanos; na dependência dos membros a uma única
legislação comum, enquanto súditos; e conforme a  igualdade de  todos como cidadãos.   A  liberdade aqui referida é o
atributo  do  indivíduo  de  só  obedecer  as  leis  as  quais  deu  o  seu  consentimento,  enquanto  por  igualdade  têm­se  o  não
reconhecimento, dentro do povo, de nenhumsuperior capaz de obrigar­se por direito de  forma que não possa obrigar a
outro.
Kant diz ser o governo republicano o oposto do governo despótico. Tal distinção se dá no âmbito da forma de exercício de
poder pelos governantes. A forma republicana é aquela na qual o poder legislativo se encontra separado do poder executivo,
enquanto no despotismo os que criam as leis são os mesmos que as executam, de modo a administrar o Estado conforme
interesses próprios ao invés de buscar os interesses públicos. 
Locke, em sua luta contra o absolutismo monárquico, encontrou­se dentre os primeiros autores a reconhecer a necessidade
da  separação  de  poderes.  Os  três  poderes  de  Locke  são  o  legislativo,  poder  supremo  da  comunidade,  representante  da
vontade  do  povo  e  responsável  pela  realização  da  justiça  por meio  da  elaboração  de  leis  gerais;    o  poder  executivo,
subordinado à  soberania do  legislativo e  responsável pela  execução  interna das  leis;  e o poder  federativo,  cuja  função é
representar o Estado internacionalmente e tratar dos assuntos de guerra e paz. 
Montesquieu foi quem realmente desenvolveu a  idéia da tripartição de poderes. Tal realização se deu no livro XI de sua
grande obra Do espírito das leis, de 1748. Nesta obra, o autor desenvolve a sua idéia de liberdade. Esta seria a liberdade de se
fazer tudo que for permitido pelas leis. Para que esta liberdade se efetive, faz­se necessário um governo que impeça que o uso
abusivo de poder por parte de um cidadão atente contra a segurança dos demais. Para cumprir com sua função de garantir
aos indivíduos sua liberdade, Montesquieu afirma ser necessário que os três poderes com os quais contam todos os governos,
legislativo,  executivo  e  judiciário,  se  encontrem  em  mãos  distintas.  O  poder  legislativo  deveria  ser  exercido  pelos
representantes do povo, eleitos por este para a função de criar, derrogar ou modificar as leis do Estado. O poder caberia a um
monarca, responsável pela segurança nacional e pelas relações com outros Estados. Por fim, o poder judiciário deveria estar
nas mãos de membros do povo reunidos em tribunais provisórios destinados a resolver sobre disputas envolvendo indivíduos
e questões criminais. Montesquieu estabelece uma série de regras para o exercício destes poderes de forma a impedir que
haja abuso por parte dos detentores de algum deles.   Seu sistema de governo ideal é inspirado no sistema monárquico
constitucional da Inglaterra de seu tempo, recebendo, portanto, evidente influência da obra de Locke.
Seguindo  a  teoria  tripartite  de Montesquieu,  Kant  afirma  que  o  Estado,  como  representação  da  vontade  geral  unida,  é
composto  por  três  pessoas,  o  soberano,  a  autoridade  executiva  e  a  autoridade  judiciária.  Estes  três  poderes  do  governo
agiriam como em um silogismo, sendo a premissa maior a lei estabelecida pela vontade do povo (legislativo), a premissa
menor o comando para a obediência da lei (executivo) e a conclusão a sentença dada como direito para o caso em questão
(judiciário). 
Para Kant, o legislativo é o poder soberano e deve ser exercido somente pela vontade unida do povo, de modo que cada um
decida para todos e que todos em conjunto decidam para cada um. Somente deste modo, seria possível um sistema no qual o
legislador não possa prejudicar os sujeitos de suas leis, visto que o próprio legislador estará na posição de sujeito.
Dentre os indivíduos que integram o Estado, são cidadãos, membros e, desta forma, legisladores, aqueles capazes de votar.
Para ter tal capacidade, o  indivíduo deve ser economicamente independente. Independência econômica significa aqui a
propriedade  de  meios  de  produção.  Desta  forma,  na  concepção  kantiana,  não  podem  ser  considerados  cidadãos  os
trabalhadores assalariados e as mulheres. Estes são meros associados do Estado, visto dependerem da direção e proteção de
outros indivíduos para se manterem, carecendo de direitos políticos. Isto não que dizer que aqueles que não possam gozar da
condição de cidadãos estejam submissos ao arbítrio dos demais. A eles devem ser garantidos seus direitos naturais, inclusive
a liberdade de, através de seus próprios méritos, sair de sua condição de dependência e ascender à condição de cidadão.
Na sua concepção de cidadania, tem­se um traço do conservadorismo político de Kant, bem como da defesa da condição
dominante da burguesia típica do pensamento liberal de seu tempo. Sua aversão à democracia como o governo de todos é
evidente quando ele afirma ser esta sempre uma forma de despotismo na qual todos buscariam usar do poder de governo em
benefício próprio. 
Outro traço de conservadorismo político na obra de Kant é a sua aversão a qualquer possibilidade de revolução. Entende ele
que,  caso  o  soberano,  em  sua  atribuição  de  legislador,  atente  contra  as  leis  naturais,  não  cabe  aos  súditos  o  direito  de
resistência, mas tão somente o direito de reclamação. A existência na constituição de qualquer previsão de uma autoridade
capaz de resistir ao soberano seria um contra­senso, pois a legislação mais alta não poderia admitir um superior a ela sem que
o próprio princípio da soberania fosse destruído. Por outro lado, a garantia ao povo de um direito de resistência contra  o
soberano o colocaria na posição de juiz em causa própria, algo inaceitável no estado civil.   Desta forma, só seria possível a
modificação de  um governo  através  de  sua  reforma  conduzida pela  própria  autoridade  soberana,  devendo  esta  reforma
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atingir somente a autoridade executiva. Dessa forma, o povo pode, através de seus representantes, resistir a atos do executivo
em caso de arbitrariedade deste, mas esta resistência deve ser sempre negativa, não podendo os  representantes do povo
impor ao governo determinadas ações sob pena de acumular, assim, despoticamente os poderes executivo e legislativo.
Voltando à concepção de constituição republicana em Kant, temos que esta exige que o poder soberano seja exercido por
representantes eleitos pelos cidadãos. Um governo não representativo é um governo despótico por permitir que o legislador
atue em causa própria.
É somente por uma constituição  republicana, na qual há a  representatividade do povo no poder  soberano, que  se pode
garantir  a  liberdade  civil,  entendida  como  a  faculdade  do  indivíduo  de  obedecer  apenas  a  leis  para  as  quais  deu  seu
consentimento.
Com a sua teoria política Kant dá uma valiosa contribuição para a elaboração de uma concepção liberal de Estado. Por esta
visão,  a  garantia  da  liberdade  individual  é  o  grande  objetivo  do  Estado,  sendo  preocupação  única  deste  "colocar  seus
próprios  cidadãos  em  condições,  através  da  garantida  da  liberdade  externa,  de  perseguir,  segundo  o  seu  próprio
pensamento, os fins religiosos, éticos, econômicos, eudemonísticos que melhor correspondem aos seus desejos". 
Ao  trazer  uma  nova  concepção  teórica  de  Estado,  autores  como  Locke,  Montesquieu  e  Kant,  contribuíram  de  forma
determinante  na  luta  da  burguesia  contra  o  absolutismo  monárquico.  Com  estas  novas  teorias,  buscou­se  eliminar  as
justificativas para o exercício poder absoluto, seja esta justificativa a necessidade presente no contratualismo hobbesiano de
um monarca de punho forte, capaz de garantir a paz através da restrição da liberdade, seja ela a idéia de derivação divina do
poder, como presente na obra de Bossuet. O Estado liberal não conta com objetivo de levar seus súditos a um fim específico,
seja este a felicidade, a salvação divina ou o bem­estar econômico. Sua única função é garantir a cada um a liberdade para
perseguir os fins que julgar mais apropriados para si, semsofrer nesta busca qualquer ingerência externa à sua vontade.
Contemporaneamente, destaca­se, dentro da teoria contratualista liberal, o autor norte­americano John Rawls. O presente
trabalho não tem como pretensão esmiuçar a importante obra deste autor. No entanto, cabe aqui destacar a influência em
sua obra dos textos de Locke e Kant a fim de demonstrar a evolução da concepção contratualista do Estado liberal. O Estado
liberal  para  Rawls,  que  equivaleria  ao  republicano  de  Kant,  seria  aquele  que,  além  de  contar  com  uma  constituição
democrática (aqui tratando da "democracia" em sua acepção atual usual), cumpriria com as exigências de  igualdade de
oportunidades, que se reflete especialmente na educação; de distribuição de renda que permita o exercício por todos de suas
liberdades básicas; da sociedade como empregador de última instância, de forma a garantir emprego a todos; de assistência
médica  básica  a  todos;  e  de  financiamento público  de  eleições  e  ampla  disponibilidade  de  informações  sobre  questões
políticas, de forma a garantir a independência dos representantes em relação a interesses particulares e manter os cidadãos
cônscios de suas atividades. 
CONCLUSÃO
A teoria de Kant foi desenvolvida de forma sistemática ao longo de uma série de trabalhos interconectados.
Kant estabelece fundamentos racionais para a moral e para o direito. Seu imperativo categórico, "age só segundo máxima tal
que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal", fundado na razão, é formulado de forma a qualificar como
imoral todo ato que constitua uma lesão à liberdade alheia.
Considerando a possibilidade de que um indivíduo possa agir contrariamente à própria razão, de forma a causar lesão a outro
a fim de trazer benefícios para si, Kant reconhece a necessidade do estabelecimento de uma doutrina do direito que incida
externamente sobre os  indivíduos, de  forma a conformar as  ações destes  a um  imperativo  categórico. É, portanto,  justa,
conforme o direito, toda ação que possa coexistir com a liberdade de todos de acordo com uma lei universal.
Na hipótese de um estado de natureza, de juridicidade precária, visto existirem direitos, mas não ser possível a sua execução,
os homens viveriam em uma condição de guerras constantes. Assim, seria necessária a superação desta condição através do
estabelecimento de um contrato originário que fundasse um sistema de direito público com capacidade de uso da coerção.
Este sistema se faz presente no Estado.
Para que o direito do Estado  seja  justo, ou  seja, para que  cumpra  a  sua  função de  garantir  as  liberdades  individuais,  a
constituição deste deve ser republicana. Na constituição republicana se encontram presentes os princípios de separação de
poderes e de soberania do povo, que deve dar a si as suas próprias leis a fim de ser livre.
A teoria política de Kant, juntamente com as idéias de outros pensadores liberais, foi decisiva para a superação da forma de
governo absolutista dominante na Europa até o fim do século XVIII e para a instauração de um novo modelo de Estado, o
Estado constitucional liberal.
O  modelo  liberal,  caracterizado  pela  afirmação  dos  direitos  naturais  dos  indivíduos  e  dos  valores  da  liberdade,
individualidade, igualdade de direitos, livre pensamento e tolerância, buscava estabelecer um sistema político que, através
da  representatividade,  soberania popular,  submissão do Estado  ao Direito,  separação  de  poderes,  liberdade  política  e  o
direito de participação no governo, atingisse o objetivo de garantir os direitos naturais do indivíduo frente a um poder a ele
externo. Assim, os indivíduos estariam livres de ingerências externas na busca de sua auto­realização, busca esta que seria
benéfica para todo o corpo social.
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Estas idéias impulsionaram uma série de revoluções que, ao longo do século XIX, difundiram o liberalismo político por todo
o continente europeu.
Na  atualidade,  pode­se  perceber  a  consolidação  das  idéias  básicas  de  Kant,  ressalvadas  as  concessões  conservadoras
características de seu tempo, nas sociedades ocidentais ou de influência ocidental. Após o fim da guerra fria, o modelo liberal
de Estado se consolidou como o único aceitável pelo Ocidente.
No  entanto,  o  estabelecimento  de  regimes  que  garantam  as  liberdades  dos  indivíduos  como  formuladas  por  Kant  e,
posteriormente,  por  Rawls,  tem  se  mostrado  um  problema  de  grande  complexidade.  Mesmo  nos  países  pioneiros  na
implementação de uma constituição liberal, escândalos envolvendo agentes públicos em práticas lesivas aos interesses do
povo e que certamente seriam condenadas por Kant, demonstram a dificuldade da implementação do projeto kantiano.
A teoria liberal kantiana tem enfrentado grandes obstáculos ao ser incapaz de atingir plenamente uma grande parcela do
globo, que mantêm regimes muito distantes da concepção liberal. Kant acreditava que todos fossem capazes de discernir o
ato  justo do ato  injusto através do uso da razão, ocorrendo, somente, a adoção, por alguns, da opção moralmente errada,
tomada conscientemente a fim se alcançar objetivos particulares em detrimento dos demais. Desconsiderava a possibilidade
de que muitos deixassem, simplesmente, de fazer uso de suas capacidades de raciocínio, substituindo­as por convicções
passionais que desprezam a razão, de modo a adotar posturas altamente lesivas ao restante da sociedade.
No entanto, o pensamento de Kant permanece válido ainda hoje no que afirma o valor da liberdade, dos direitos humanos e
da paz e a importância de tê­los como meta  final, ainda que  inatingíveis, ao estabelecer qualquer modelo  teórico para o
Estado. Somente assim, com a busca incessante de tais objetivos, é que a humanidade poderá progredir.
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NOTAS
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01/03/2015 O Estado na obra de Kant ­ Jus Navigandi
http://jus.com.br/imprimir/9580/o­estado­na­obra­de­kant 8/9
 KANT. Fundamentação da metafísica dos costumes. p. 13.
 KANT. Fundamentação da metafísica dos costumes. pp. 14 ­15.
 KANT. Fundamentação da metafísica dos costumes. p. 51.
 KANT. Metaphysics of morals. p. 18.
 KANT. Metaphysics of morals. p. 14.
 KANT. Metaphysics of morals. p.23.
 "The concept of right, insofar as it is related to an obligation corresponding to it, has to do, first, only with the external and
indeedpratical relation of one person to another, insofar as their actions, as deeds, can have (direct or indirect), influence on
each other. But, second, it does not signify that the relation of one’s choice to the mere wish (hence also to the mere need) of
the other (…), but only a relation to the other’s choice. Third, in this reciprocal relation of choice, no account at all is taken to
the matter of choice (…). All that it is in question is the form in the relation of choice, insofar as choice is regarded merely as
free" (KANT. Metaphysics of morals. p. 24).
 "Any action is right if it can coexist with everyone´s freedom in accordance with an universal law, or if on its maxim, the
freedom of choice of each can coexist with everyone’s freedom in accordance wiyh a universal law" (KANT. Metaphysics of
morals. p. 24).
 KANT. Metaphysics of morals. p. 25.
 GOMES. O fundamento de validade do direito – Kant e Kelsen. p. 144.
 KANT. Metaphysics of morals. p. 30.
 LOCKE. Segundo tratado sobre governo. pp. 23­27.
 LOCKE. Segundo tratado sobre governo. p.38.
 LOCKE. Segundo tratado sobre governo. pp. 76; 92­94.
 BOBBIO. Direito e Estado no pensamento de Emanuel Kant. p.120.
 KANT. Idea of a universal history.
 "A state of Peace among men who live side by side with each other, is not the natural state. The state of Nature is rather a
state of War; for although it may not always present the outbreak of hostilities, it is nevertheless continually threatened with
them" (KANT. Perpetual Peace).
 KANT. Metaphysics of morals. p. 90.
 "It is with them as with the trees in a forest; for just because everyone strives to deprive the other of air and sun, they compel
each other to seek them both above, and thus they grow beautiful and straight, whereas those that in freedom and apart from
one another shoot out their branches at will, grow stunted and crooked and awry" (KANT. Idea of a universal history).
 "The sum of the laws which need to be promulgated generally in order to bring about a rightful condition is public right. –
Public right is therefore a system of laws for a people, that is, a multitude of human beings, or for a multitude of peoples,
which, because they affect one another, need a rightful condition under a will uniting them, a constitution, so that they may
enjoy what is laid down as right. (…) the whole of individuals in a rightful condition, in relation to its own members is called a
state" (KANT. Metaphysics of morals. p. 89).
 KANT. Metaphysics of morals. p. 93.
 NOUR. A paz perpétua de Kant. p. 41.
 KANT. Metaphysics of morals. p. 95.
 "A Republican Constitution is one that is founded, firstly, according to the principle of the Liberty of the Members of a
Society, as Men; secondly, according to the principle of the Dependence of all its members on a single common Legislation,
as Subjects; and, thirdly, according to the law of the Equality of its Members as Citizens" (KANT. Perpetual Peace).
 KANT. Perpetual Peace.
 LOCKE. Segundo tratado sobre governo. pp. 98­104.
 LOCKE. Segundo tratado sobre governo. p. 107.
 MONTESQUIEU. The spirit of laws. pp.109­114.
 KANT. Metaphysics of morals. p. 91.
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http://jus.com.br/imprimir/9580/o­estado­na­obra­de­kant 9/9
 KANT. Perpetual Peace.
 KANT. Metaphysics of morals. p. 97.
 BOBBIO. Direito e Estado no pensamento de Emanuel Kant. p. 133.
 RAWLS. Direito dos povos. pp.64­65.
Autor
Flavio Agusto Trevisan Scorza
bacharel em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina, mestrando em Direito da
UFSC em Florianopólis (SC)
Informações sobre o texto
Como citar este texto (NBR 6023:2002 ABNT)
SCORZA, Flavio Agusto Trevisan. O Estado na obra de Kant. Jus Navigandi,  Teresina,  ano  12, n.  1348,  11 mar.  2007.
Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/9580>. Acesso em: 1 mar. 2015.
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