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02/06/2020 Ciência Política e Fundamentos de Direito Eleitoral https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_CIPFDE_19/unidade_2/ebook/index.html#section_1 1/30 CIÊNCIA POLÍTICA E FUNDAMENTOS DE DIREITO ELEITORAL CAPÍTULO 2 - PARA QUE SERVIR O ESTADO? Marcelo Doval Mendes INICIAR 02/06/2020 Ciência Política e Fundamentos de Direito Eleitoral https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_CIPFDE_19/unidade_2/ebook/index.html#section_1 2/30 Introdução Desde que nascemos, deparamo-nos com uma figura do Estado. Nossos nascimentos devem ser registrados, e as condições atinentes à nossa pessoa vão determinar nossos direitos e deveres diante dos demais membros da comunidade. E quem nos impõe tudo isso é o Estado. Mas por que nos sujeitamos a essa convenção? Por que abrimos mão de nossa liberdade concomitantemente ao nosso nascimento? Como teorias da formação natural da sociedade e como teorias contratualistas, respondedor de buscam, essas questões sob perspectiva filosófica. E, de acordo com as teorias contratualistas, toda a sociedade é artificial e decorrente de uma convenção entre os indivíduos, inclusive, atribuindo poder legítimo a um ente que chama Estado e ao qual, depois, todos devem obediência. Neste capítulo, avaliar como teorias contratualistas de fundações filosóficas do Estado, mais especificamente como Thomas Hobbes (2000), John Locke (1998) e Jean-Jacques Rousseau (1999); os objetivos do Estado e seus modos de consecução, considerando especialmente as teorias de Maquiavel (1999) e Montesquieu (1996); e, por fim, o fenômeno do Estado propriamente dito, incluindo as teorias sobre sua origem, sua evolução histórica e culminando com uma tentativa de formular um conceito para o Estado que nos permite compreender seu alcance e suas funções em nossa sociedade. No final do capítulo, esperamos ter mais elementos para responder a algumas perguntas sobre o problema do Estado: quais os seus objetivos? Como o Estado busca alcançar-los? Por que devemos obedecer? O que garante uma parcela de liberdade que foi mantida? Bom estudo! 2.1 Maquiavel e Hobbes De acordo com o senso comum, freqüentemente ou termo maquiavélico é associado a vários recursos por ruínas, pessoas em situações de poder, em geral e governantes, em particular. Mas essa lógica valorativa não corresponde ao 02/06/2020 Ciência Política e Fundamentos de Direito Eleitoral https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_CIPFDE_19/unidade_2/ebook/index.html#section_1 3/30 pensamento de Maquiavel, cuja obra buscou a autonomia da política a partir do século XV d. C .. Nicolau Maquiavel é revolucionário para a política e seu estudo. Depois de muitos séculos de cristianismo, como expressão filosófica dominante, Maquiavel logrou, ponto de vista da política, alterações na mudança de modernidade, isto é, conferidas à política uma esfera de legalidade própria, separando-a da moral, da ética e da religião . Ou seja, Maquiavel não está preocupado com uma essência boa ou má dos homens, mas demonstra que, além disso, é possível criar instituições boas para o governo (MAQUIAVEL, 1999). Thomas Hobbes, por sua vez, aproxima-se mais da política sob a perspectiva da ciência empírica: o político não é o campo do contingente, pois há uma ciência para definir a política. A possibilidade de conhecimento científico sobre a natureza humana é que irá definir a soberania absoluta como decorrência de um cálculo racional. Ou seja, para Hobbes, decorrente da própria natureza humana, intrinsecamente ruim, é necessário aumentar a necessidade de seleção entre a sociedade civil e o Estado: apenas um sóbrio para a sociedade civil é capaz de apontar o que é justo e o que é injusto, de forma que os homens devem celebrar um contrato, por meio do qual abre mão de parte de sua liberdade em troca de garantia de paz pelo Estado (HOBBES, 2000). Mas, que fundamenta como idéias de Maquiavel e Hobbes? Quais são as condições para um governo bom, de acordo com o Maquiavel? Quais são as características que um governador deve ter? E, para Hobbes, por que os homens são egoístas? Como resolver esse problema da natureza humana nas sociedades políticas? A seguir, conheça melhor o pensamento de cada um deles, iniciando por Maquiavel. 2.1.1 Maquiavel Inserido em um contexto de conflito de valores em que moral, ética e religião pretendem definir regras, o aspecto central da obra de Maquiavel é a autonomia da política: usado se separar uma política das demais variáveis porque seus principais problemas são justamente na confusão entre ética, moral, religião e política. Isso significa que o Maquiavel quer substituir todas as demais apenas pela política? Não, porque Maquiavel, moral, ética e religião podem, sim, existir, porém, não podem ser a base de justificação da política. 02/06/2020 Ciência Política e Fundamentos de Direito Eleitoral https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_CIPFDE_19/unidade_2/ebook/index.html#section_1 4/30 A principal obra em que Maquiavel apresenta essa idéia é “O Príncipe”, publicada em 1513. E para entender esta obra, é preciso lembrar que foi escrita no contexto histórico da unificação italiana (há, inclusive, uma referência específica no capítulo XXVI, o último de “O Príncipe”). O contexto histórico é decisivo porque todos os estados da Península Itálica tiveram uma história de pouco sucesso e muita ruína, tendo nascido em Florença, Maquiavel entendendo que o sucesso depende da unificação (MAQUIAVEL, 1999). “O Príncipe” apresenta os dois conceitos que devem ser aplicados à ação política: virtude e fortuna. Virtude é o modo de agir político; uma ação de alguém que é capaz de reconhecer uma ocorrência que é afetada por uma ação ou outra maneira. Em OUTRAS Palavras, virtù E um CAPACIDADE Prática do Ator Político de Agir de Maneira adequada e nenhum momento Adequado. É uma ação, pois, isso varia de acordo com as circunstâncias. O Principe that possui virtù TEM um Percepção Dinâmica da Política, Nunca Totalmente Controlada POR NINGUEM (Maquiavel, 1999). É importante destacar que a virtude não se confunde com a virtude. A virtude (moral, ética, religiosa), sem sentido de qualificação uma ação específica, deve ser evitada para pensar em ação política. Uma virtude de Maquiavel está além do bem e do mal. 02/06/2020 Ciência Política e Fundamentos de Direito Eleitoral https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_CIPFDE_19/unidade_2/ebook/index.html#section_1 5/30 Ocorre that uma Política e hum campo indeterminado, não qua se sucedem eventos Não controlados Pela Vontade, de MoDo Que Não basta Ao príncipe possuir virtù . Ele precisa, então, contar com uma fortuna. Fortuna diz respeito a tudo o que não pode controlar; é o elemento inesperado e / ou indeterminado que não está no domínio do príncipe, mas que, quando aprovado por ele com virtude , passa a ser uma ocorrência. Para Maquiavel (1999), ENTÃO, uma Política e hum Jogo between virtù e fortuna, mas hum Jogo de incertezas, Instável e inconstante, de MoDo that um virtù desen aparecer when surgir uma fortuna. Possuir virtù e fortuna Significa saber Agir politicamente NAS condições Dadas. Figura 1 - O Príncipe de Maquiavel não está comprometido com a virtude, mas com manutenção do Estado. Fonte: Brian A Jackson, Shutterstock, 2018. VOCÊ QUER LER? Deslizar sobre uma imagem para Zoom 02/06/2020 Ciência Política e Fundamentos de Direito Eleitoral https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_CIPFDE_19/unidade_2/ebook/index.html#section_1 6/30 Ficou com dúvidas sobre os conceitos de virtude e fortuna? Ou sobre o jogo de incerteza da política e como o príncipe deve agir diante das situações? Que tal entender essas questões a partir das idéias do próprio autor? No capítulo III (Dos Princípios Mistos) de “O Príncipe”, Nicolau Maquiavel apresenta exemplos de jogos entre virtudes e fortunas, operando os conceitos antes apresentados.O governo brasileiro disponibiliza uma obra na biblioteca de domínio público: < http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=24134 (http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=24134) >. Embora se trate de um jogo de incerteza e indeterminação, isso não significa que o Maquiavel admita uma ação política como aquela que permite fazer qualquer coisa a qualquer custo. O príncipe ruim é aquele que envelhece de acordo com princípios, como pura convicção, e não de acordo com as ocasiões. No entanto, dizer que o príncipe não deve seguir regras de outras esferas da política (como moral, ética e religião) não implica que o príncipe deve ser mau ou corrompido. Ou seja, uma política não pode ser considerada como produto, como a vontade do príncipe com base em suas concepções morais, éticas ou religiosas, ainda que essas sejam boas ou virtuosas. O parâmetro de uma ação política correta ou errada não é como convicções do governante, mas sim, como situações que podem ocorrer na prática. Agir de maneira correta, então, significa agir de maneira adequada considerando não os valores (sejam eles quais são as principais), mas situações dadas. A seguir, estudar ou pensar em Hobbes. 2.1.2 Hobbes A principal contribuição de Hobbes para a ciência política foi a teoria do poder como soberania. Diferentemente de Maquiavel, que busca algum padrão histórico nos registros, Hobbes rejeita qualquer padrão histórico para quem deve ser feito pelos governantes. O fato de tratar uma política como uma ciência propriamente dita implica a existência de requisitos universais fundados na razão. Uma imagem do logotipo da engrenagem e do relógio na introdução de "Leviatã", publicada em 1651, é muito ilustrativa, medida em que Hobbes utiliza uma comparação física para explicar o corpo político. E, nessa esteira da ciência natural como referência, Hobbes se opõe abertamente a duas teses aristotélicas para explicar a política: a primeira que a cidade existe pela natureza e a segunda de quem é humano seriamente um animal político (HOBBES, 2000). http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=24134 02/06/2020 Ciência Política e Fundamentos de Direito Eleitoral https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_CIPFDE_19/unidade_2/ebook/index.html#section_1 7/30 VOCÊ SABIA? Hobbes utiliza uma imagem do Leviatã para personificar uma figura do Estado soberano. E uma imagem representa bem uma ideia hobbesiana. Nos capítulos 40 e 41, do Livro de Jesus, na Bíblia, por meio de uma série de perguntas de Deus a Deus, Leviatã é apontado como um perigoso monstro aquático. Sua figura povoada, ainda, ou imaginário de navegação na época dos grandes descobrimentos. Uma referência por Hobbes fornece uma dimensão, um lado, a importância da figura do Leviatã e, outro, o caráter poderoso e absoluto do Estado ao qual é registrado (HOBBES, 2000). Em relação à exposição da cidade por natureza, Hobbes (2000) discute por entender quem constrói a cidade, em termos políticos, e artificial. Uma cidade séria, então, um corpo político criado, produzido artificialmente, ou seja, não existe uma cidade natural. Em relação ao ser humano como animal político, Hobbes (2000) opõe-se por defensor da natureza humana ou leva a agir apenas de acordo com seu benefício próprio. O ser humano não é, então, político ou coletivo; é egoísta, e ter conviver com outros é um fardo. Apenas este fardo, esta realidade difícil de definir, é que decora a natureza. E por que essa realidade é que causa uma mudança específica, necessária para suavizar como dificuldades. Então, a cidade é criada apenas para permitir a convivência civilizada entre os seres humanos. Para Hobbes (2000), não há nada de teleológico na cidade, como defender Aristóteles. Com base em uma interpretação mecanicista, uma cidade é apenas um mecanismo de engrenagem. E como é criada na cidade? O que está por trás dessa criação? De acordo com Hobbes (2000), o estado da natureza humana é um estado de guerra. E quem faz o ser humano produzir esse estado de guerra é sua própria condição natural. Mas por quê? Porque a natureza fez todos os seres humanos iguais, tanto nas faculdades do corpo quanto nas faculdades do espírito, e esses limites gerais permitem que todos busquem seus interesses fundamentais (autoconservação e vida sustentável) com todos os meios à sua disposição. Ocorre que, quando seres humanos são usados como coisas, ao mesmo tempo, colocam- se em oposição, havendo uma tendência permanente de discórdia e domínio de outros sobre outros. 02/06/2020 Ciência Política e Fundamentos de Direito Eleitoral https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_CIPFDE_19/unidade_2/ebook/index.html#section_1 8/30 Ou seja, Hobbes (2000) possui uma visão negativa da condição natural do ser humano, que se torna má (o homem é o lobo do homem). Esta condição provoca um estado de guerra, sem estado de natureza, que envolve toda a humanidade: uma guerra de todos contra todos. Esta guerra, no entanto, não é um estado de luta real, mas um estado de constante disposição para uma luta real, isto é, um estado de falta de segurança no qual uma discórdia pode levar à luta real, a qualquer momento. Nenhum estado de natureza não é possível falar em justo ou injusto, pois tudo o que ocorre é apenas uma pesquisa pela autoconservação e pela vida confortável, interesses fundamentais do homem. Mas, embora não exista alguém que garanta ou respeite mútuo, persista esse estado natural de discórdia e iminência de guerra (HOBBES, 2000). Dessa forma, como as pessoas têm paixões que levam à busca de seus interesses fundamentais, é por isso que, para evitar uma guerra, como impulsionar um acordo pacífico, um pacto social, tácito e necessário. O fim de uma sessão de pacto é a união de todos em um único corpo, mas isso só é possível ou o pacto Figura 2 - O estado de natureza hobbesiano é a iminência da guerra de todos contra todos. Fonte: Oleg Golovnev, Shutterstock, 2018. Deslizar sobre uma imagem para Zoom 02/06/2020 Ciência Política e Fundamentos de Direito Eleitoral https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_CIPFDE_19/unidade_2/ebook/index.html#section_1 9/30 inclui um princípio de submissão, porque, caso contrário, o pacto não seria seriamente cumprido. Assim, o pacto exige uma força superior para o seu cumprimento: o soberano. O soberano é, então, uma pessoa artificial que aceita os membros da sociedade para agir em seu nome. Como vê, Hobbes (2000) distingue pessoa natural e artificial e cria um ator que irá personificar aquilo instituído pelo pacto social. Ou seja, os indivíduos (pessoas naturais) celebram um pacto entre si, por meio de qualificador ou autoridade soberana (pessoa artificial), resultado do pacto e um fórum dele, um portar é um poder e uma força legítima para executar o pacto. Esse soberano, terceiro artificial e fora do pacto, é o Leviatã, ou o Estado instituído com fim de garantia de paz (Hobbes defende uma unidade de poder soberano ante a impossibilidade de sua divisão, sob pena de terminar com a própria soberania). Mas, embora o fim do Estado não seja arbitrário, seu poder é absoluto (inclusive o monopólio de uso da força) na busca de seus objetivos, apenas porque é permitido pelos mesmos. Nenhum filme russo Leviatã (2014), dirigido por Andrey Zvyagintsev e vencedor do Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro, aborda a natureza perigosa da sociedade, uma sociedade como uma guerra de todos contra todos, e o problema de poder absoluto conferido ao soberano sem possibilidade de oposição legítima pelos indivíduos. Para assistir, acesse o endereço: < https://adorocinema.looke.com.br/filmes/leviata?utm_source=adoro- cinema&utm_medium=filmes&utm_content=Leviat%C3%83%C2%A3&utm_campaign=adoro-cinema (https://adorocinema.looke.com.br/filmes/leviata?utm_source=adoro- cinema&utm_medium=filmes&utm_content=Leviat%C3%83%C2%A3&utm_campaign=adoro-cinema)>. Assim, o Estado hobbesiano tem apenas direitos e não deveres, mas, mesmo assim, é a única figura capaz de agregar justiça e violência, não há mecanismos para garantir que o Estado cumpra suas funções. Há, portanto, uma tensão entre o VOCÊ QUER VER? https://adorocinema.looke.com.br/filmes/leviata?utm_source=adoro-cinema&utm_medium=filmes&utm_content=Leviat%C3%83%C2%A3&utm_campaign=adoro-cinema 02/06/2020 Ciência Política e Fundamentos de Direito Eleitoral https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_CIPFDE_19/unidade_2/ebook/index.html#section_1 10/30 Estado e isolados, medida em que é permitido decorar o pacto celebrado pelos indivíduos, mas esses não podem ser legitimamente legitimados pelo Estado, artificial e impessoal. Agora que estudamos os pensamentos do italiano Nicolau Maquiavel e do inglês Thomas Hobbes, conheça as idéias de John Locke e Jean-Jacques Rousseau. 2.2 Locke e Rousseau Assim como Hobbes, o inglês John Locke e a suíte Jean-Jacques Rousseau são contratualistas, isto é, compartilha da idéia de que a sociedade política é artificial e é derivada de um contrato entre os seres humanos por meio do qual passam por estado de natureza para o estado de sociedade. Mas, evidentemente, há diferenças entre os pensamentos políticos dos três. 02/06/2020 Ciência Política e Fundamentos de Direito Eleitoral https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_CIPFDE_19/unidade_2/ebook/index.html#section_1 11/30 Este centro de Locke (1998) vai ao encontro da conclusão do poder soberano absoluto de hobbes: enquanto, para Hobbes (2000), o estado de natureza e o estaa guerra iminente justifica uma soberania absoluta, sem que os indivíduos possam se legitimar pelo Estado que instituiu, Locke afirma que possui direito de resistência a um governo injusto, de modo que a guerra civil exibe em crise a própria ideia de soberania absoluta. Figura 3 - Para Rousseau, o contrato social é um artifício representativo de legitimação. Fonte: Georgios Kollidas, Shutterstock, 2018. Deslizar sobre uma imagem para Zoom 02/06/2020 Ciência Política e Fundamentos de Direito Eleitoral https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_CIPFDE_19/unidade_2/ebook/index.html#section_1 12/30 Não que diz respeito a Rousseau, a principal diferença reside na alteração do pacto social e em conseqüências para o binômio submissão-liberdade. Enquanto o Hobbesiana do pacto social exige ou sobe para o Estado, em um terceiro artificial, uma ideia de contrato social de Rousseau (1999) coloca uma soberania na própria sociedade. Assim, para Hobbes, ou pacto expresso como personalizar vontades individuais (autorizando um terceiro - uma pessoa artificial do Estado - um portar um poder legítimo), mas para Rousseau ou pacto expresso não como vontades individuais de pessoas, mas com uma vontade geral do próprio corpo político (de modo que não existe submissão). Nesse sentido, então, como Locke fundamenta o direito de resistência? E como Rousseau fundamenta uma idéia de liberdade? O que significa o estado de natureza e o contrato social para Locke e Rousseau? Essas e outras questões serão respondidas na sequência. 2.2.1 Locke O tema central de Locke é uma propriedade, de modo que tanto a ideia de estado de natureza quanto ao governo civil são mediadas por seus autores sobre ela. Uma propriedade é um argumento político para pensar em uma extensão do poder da Coroa, mas que permite o desenvolvimento da noção de propriedade privada, uma vez que, com o final da Revolução Gloriosa de 1688, um texto de Locke foi vencedora, e a sociedade civil passou a ser central para a compreensão do mundo moderno. E uma propriedade privada é o centro da sociedade civil burguesa (LOCKE, 1998). Embora tivessem conhecimento de "Leviatã", de Hobbes (2000), tanto que cite "Dois Tratados sobre o Governo", publicado em 1681, Locke (1998) opta-se, principalmente, por Robert Filmer, autor de "O Patriarca ”(publicado em 1680), para quem não existe governo legítimo que não seja uma monarquia absoluta e que possua todas as mãos nas mãos da monarca (FILMER, 1991). Locke, ao contrário, quer negar o direito de monarca determinar e regular a propriedade de seus sons. Ou seja, o argumento da propriedade é uma justificação do poder político. Por propriedade, Locke não quer dizer apenas bens móveis e / ou imóveis, mas todas como titularidades humanas, incluindo vida, liberdade e também os títulos materiais. Então, a existência do governo depende dessas titularidades, bem como garantir que continuará sendo o direito de cada um, em contraposição, pois, ao argumento absolutista. 02/06/2020 Ciência Política e Fundamentos de Direito Eleitoral https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_CIPFDE_19/unidade_2/ebook/index.html#section_1 13/30 Nesta tarefa de definir a autoridade política e diferenciar o poder político dos demais, Locke define o estado da natureza como o estado da liberdade perfeita e perfeita (ninguém está subordinado a outra pessoa), nenhum tipo de direito como as relações de justiça e caridade entre os seres humanos (LOCKE, 1998). Como vê, o estado de natureza não é o estado de guerra hobbesiano. Os seres humanos são sociáveis e podem conviver. Dessa maneira, por que, então, é necessário um governo? Porque, nenhum estado de natureza, muito embora os seres humanos sejam sociáveis, seu estado é perfeito, e todo indivíduo tem o direito de punir ou transgressor dos direitos da natureza, assim como o direito de usar. E há problemas quando todos têm o poder executivo das leis da natureza. Faz-se necessário, então, um governo civil como remédio adequado para esses problemas, dotado de poder político, isto é, pode editar e executar procedimentos de modo a garantir o direito de propriedade. Dessa forma, os indivíduos renunciam ao direito natural de executar como leis da natureza, atribuindo a um corpo comum, o governo civil, por meio de um pacto. O governo civil, no entanto, não é uma monarquia absoluta, uma vez que evitar os malefícios do estado de natureza não -briga a aceitar uma necessidade de uma monarca absoluta. Como todo pacto é decorrente de um consentimento, ao definir o poder de um governo civil, a vontade do corpo político passa a ser representada pela maioria. Em outras palavras, os indivíduos celebram um pacto não podem cada um com uma formação de um corpo político comum. Formado ou corpo político, a vontade é sempre representada pela maioria. Assim, diferentemente do estado de guerra hobbesiano, que é aquele sem segurança absoluta, o estado de guerra, para Locke, é uma condição de subordinação da liberdade do homem à vontade alheia. Portanto, para Locke (1998), o estado de guerra não corresponde ao estado de natureza. Na verdade, há uma passagem do estado de natureza para o estado de guerra quando é imposta uma condição de submissão ao homem, como na monarquia absoluta. Como conseqüência, se a monarquia absoluta (qual o poder for superior a baixo), há o estado de guerra, o governo civil ou o legítimo estado da sociedade (nenhum qual é o poder inferior a cima). É importante destacar que Locke não é compatível com monarquia em si, mas com monarquia absoluta. Como o monarca não é o dono dos filmes, mas o servidor desses, como os políticos, ou o monarca pode exibir também o poder político, desde que ele não seja absoluto e não faça contraponto à vontade da 02/06/2020 Ciência Política e Fundamentos de Direito Eleitoral https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_CIPFDE_19/unidade_2/ebook/index.html#section_1 14/30 maioria. Isso implica a necessidade de um equilíbrio entre monarca e súditos ou, em termos de contexto inglês no qual Locke escreveu, entre Coroa e Parlamento (LOCKE, 1998). Como consequência, o Poder Legislativo é o lugar em que o corpo político exerce sua liberdade, possuindo lugar central no governo civil, em medida em que é formado por pessoas escolhidas pelo povo, visto como sendo a únicaforma de manter a vinculação com o consentimento do pacto originário do governo. Embora o Poder Legislativo seja o poder supremo, Locke reconhece a necessidade de apresentar o Poder Executivo para executar como leis gerais necessárias pelo Poder Legislativo ou para leis gerais quando estas não existem (LOCKE, 1998). No entanto, quando esse poder ultrapassa seus limites e é permitido, como resolver esse problema? Diferentemente de Hobbes (2000), para quem não havia oposição legal para o Estado, Locke (1998) defende o direito de resistência, isto é, o direito de rebelião, desde que justificativa. Ou seja, há uma rebelião, há um culpado. Se o culpado não Figura 4 - Vista da sede do Parlamento Britânico, considerada poder supremo segundo John Locke. Fonte: Richie Chan, Shutterstock, 2018. Deslizar sobre uma imagem para Zoom 02/06/2020 Ciência Política e Fundamentos de Direito Eleitoral https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_CIPFDE_19/unidade_2/ebook/index.html#section_1 15/30 for o povo, mas um tirano, o povo pode reagir com violência porque houve uma quebra de confiança no pacto, justificar o direito de resistência, isto é, golpear a volta naquele primeiro violou ou pacto. Na sequência, veja os pontos em comum e os aspectos divergentes entre as concepções do Estado segundo Hobbes e Locke e as idéias de Rousseau. 2.2.2 Rousseau Da mesma maneira que os pensadores abordados anteriormente, também Rousseau possui pontos de encontro e divergência tanto com Hobbes quanto com Locke. A própria edição inicial de “O Contrato Social”, publicada em 1762, já no capítulo I faz referência a Hobbes, a exibir: “O homem nasceu livre e por toda parte é agrilhoado” (ROUSSEAU, 1999, p. 9 ) Uma grande questão de Rousseau, então, é: como restituir a liberdade ao ser humano? Para tanto, Rousseau (1999) aponta que nenhuma condição natural é fundamento ou justificativa para o poder. O mais complexo que define hobbesiana, ou o esquema de estado de natureza de Rousseau pode ser dividido, basicamente, em dois estágios: o bom selvagem; o desenvolvimento da moral. No primeiro estágio, o indivíduo tem uma grande empatia em relação aos outros. Há uma espécie de socialização primária e uma independência natural, de acordo com as quais o ser humano não é insociável pela natureza. No segundo estágio, com o desenvolvimento da moral e a ampliação da sociabilidade, todos os vídeos iniciam uma cirurgia e passam a ter um sentimento egoísta, portanto, não é natural, mas socialmente causado (ROUSSEAU, 1999). Em “Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens”, publicado originalmente em 1755, Rousseau detalha o estado de natureza humana e as razões pelas quais considera o homem um ser naturalmente bom. O governo brasileiro disponibiliza a obra em biblioteca VOCÊ QUER LER? 02/06/2020 Ciência Política e Fundamentos de Direito Eleitoral https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_CIPFDE_19/unidade_2/ebook/index.html#section_1 16/30 de domínio público: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do? select_action=&co_obra=2284 (http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do? select_action=&co_obra=2284)>. Assim, há um elemento mais próximo de Locke, no primeiro estágio do estado de natureza (o bom selvagem não vive uma guerra de todos contra todos) e um elemento mais próximo de Hobbes no segundo estágio (os homens somente se opõem uns aos outros ao se tornarem sociáveis). Como, então, Rousseau justifica os termos da legitimidade e da autoridade política se não na condição natural do homem? Ou, em outras palavras, por que os homens se obrigam socialmente? Em uma linha, porque o contrato social assegura uma certa estabilidade da passagem das paixões para as razões. No entanto, é necessário ir além. Tanto o pacto social de Hobbes quanto o contrato social de Rousseau são artifícios representativos de legitimação, mas enquanto o primeiro está na origem das relações sociais como meio de evitar a guerra de todos contra todos decorrente do estado de natureza, o segundo é, na verdade, um argumento moral, não como originador da sociabilidade (esta já existiria no segundo estágio do estado de natureza), mas como fundamento de um princípio moral da obrigação. Ou seja, o contrato social de Rousseau não é o trânsito de um estado de natureza para um estado de sociedade. Ele está, em verdade, apresentando os termos morais da obrigação para a vida do homem em sociedade. Mas por quê? Porque os termos morais de obrigação do contrato social realizam a liberdade moral, que é mais ampla que a liberdade natural. Por essa razão, o próprio contrato social é o princípio da autoridade política legítima. A passagem do estado de natureza para o estado de sociedade é uma mudança de ponto de vista: deixa-se para trás a independência natural e a vontade particular; entram em cena a liberdade moral e a vontade geral. Isso significa que, pelo contrato social, assumem relevância princípios objetivos que não dependem de meras vontades individuais. Em outras palavras, o contrato social radicaliza a ideia de liberdade não como mera independência, mas como autonomia: somente é governo o autogoverno, isto é, o governo pelas leis que os próprios homens impõem a si mesmos na vida em sociedade. Como consequência, este governo não pode depender de vontades http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2284 02/06/2020 Ciência Política e Fundamentos de Direito Eleitoral https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_CIPFDE_19/unidade_2/ebook/index.html#section_1 17/30 individuais, mas apenas de princípios morais que definam o que é bem comum e o que é interesse geral (e que podem ou não coincidir com aquelas vontades individuais, mas que não são elas ou a soma delas). E esse contrato social exige unanimidade no momento da convenção original, a qual permanece como critério fundamental ideal da vontade geral. Não há, como em Locke (1998), uma ponderação de maioria e minoria. Por ser um critério moral, a unanimidade é o fundamento do contrato social e da vontade geral (ROUSSEAU, 1999). Para falar de vontade geral e vontade de todos, Rousseau não utiliza um critério numérico. A vontade geral é um princípio subordinado ao interesse comum. A característica e o interesse da vontade, como argumentos morais, são o que determina se a vontade é geral. A vontade de todos é diferente da vontade geral porque é mera soma das vontades particulares e, como tal, nada mais é que um interesse privado. Já a vontade geral é interesse comum que não se baseia em Figura 5 - O contrato social de Rousseau depende da unanimidade. Fonte: Shutterstock, 2018. Deslize sobre a imagem para Zoom 02/06/2020 Ciência Política e Fundamentos de Direito Eleitoral https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_CIPFDE_19/unidade_2/ebook/index.html#section_1 18/30 soma ou critério numérico, mas em princípio moral. Esta, aliás, a mesma razão pela qual a vontade de todos pode errar, mas a vontade geral não (ROUSSEAU, 1999). Por isso é que, enquanto Hobbes (2000) apresenta apenas um pacto entre indivíduos do qual sairá uma autorização para o Estado soberano, Rousseau delineia um engajamento recíproco entre o corpo de particulares e o corpo público, cuja junção vai produzir a soberania do próprio povo, que nada mais é que o exercício da vontade geral. Em outras palavras, a associação produz um corpo moral, com princípios morais de bem comum e de interesse público próprios, os quais não necessariamente correspondem às vontades individuais. Esse corpo moral se engaja com os próprios indivíduos, produzindo um tipo de soberania absoluta do próprio povo. Essa soberania é o exercício da vontade geral, a qual não corresponde à soma das vontades individuais, mas se consiste em uma vontade específica e moral dessa junção do corpo moral e do corpo de particulares. E, como exercício da vontade geral(além de mera soma das vontades individuais), essa soberania, de um lado, não pode ser alienada (Rousseau nega a ideia de representação da vontade geral, afinal, ou é ela mesma ou é outra) e, de outro, deve ser obedecida, sob pena de constrangimento pela força pública (Rousseau nega a possibilidade de resistência, afinal seria o mesmo que resistir contra a própria liberdade, o que não é moralmente admitido). Todo poder legítimo, então, somente pode ser republicano, porque o destinatário da lei (o cidadão) é simultaneamente seu autor. A legitimidade da lei é justificada pelo autogoverno: o cidadão somente se submete às leis que ele mesmo criou. Portanto, a justificação de Rousseau (1999) para o dilema do contratualismo (porque o indivíduo se subordina à vontade do soberano) é moral: o indivíduo se submete a si mesmo porque a soberania está em cada um dos indivíduos. Retomando Hobbes (2000), o indivíduo se submete ao monarca absoluto como meio de garantir a paz e evitar a insegurança e a morte. Para Locke (1998), por sua vez, o indivíduo se submete como um melhor meio de assegurar o direito à propriedade. Com base nas ideias estudadas até o momento, no tópico a seguir abordaremos o objeto da ciência política segundo os princípios de Montesquieu. 02/06/2020 Ciência Política e Fundamentos de Direito Eleitoral https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_CIPFDE_19/unidade_2/ebook/index.html#section_1 19/30 2.3 Montesquieu e o princípio da separação de poderes Assim como Hobbes, Locke e Rousseau, Charles Louis de Secondat, que tornou-se conhecido como Barão de la Brède (ou Barão de Montesquieu), tinha a pretensão de construir uma ciência política. No entanto, a grande diferença entre Montesquieu e os jusnaturalistas está no objeto. Enquanto os jusnaturalistas buscavam encontrar a essência da sociedade e da política, isto é, seus fundamentos, suas bases, Montesquieu buscou encontrar leis, costumes e usos de todos os povos da terra. Enquanto a preocupação dos jusnaturalistas estava mais na seara da Filosofia, a preocupação de Montesquieu compreendia a linha de questões de História e Sociologia, temas tratados com mais recorrência no século XIX. Ou seja, diferentemente dos jusnaturalistas, Montesquieu não pensa a sociedade e a política em geral, mas todas as sociedades e formas políticas, no tempo e no espaço (MONTESQUIEU, 1996). E, nessa trilha de pensamento, com o objetivo de limitar o poder político para garantir a liberdade é que Montesquieu observa a Constituição da Inglaterra e propõe uma teoria da tipologia dos poderes e um modo específico de separação desses poderes. Qual o papel da lei e da liberdade para a teoria da separação de poderes? Quais são os poderes existentes em um Estado? Como estes poderes se inter-relacionam? Essas são questões que responderemos com base no pensamento de Montesquieu (1996), conforme sua principal obra, “O Espírito das Leis”, publicada originalmente em 1748. 2.3.1 Montesquieu Montesquieu Iniciado “O Espírito das Leis” com uma alteração das experiências científicas sobre leis: “[...] leis, em seu significado mais extenso, são relações jurídicas que derivam da natureza das coisas” (MONTESQUIEU, 1996, p. 11) Como leis de uma nação são aplicáveis às suas particularidades e, portanto, são diferentes das leis de outros países, bem como as leis da própria nação em outros períodos. 02/06/2020 Ciência Política e Fundamentos de Direito Eleitoral https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_CIPFDE_19/unidade_2/ebook/index.html#section_1 20/30 Charles Louis de Secondat ficou conhecido pelo título que herdou após a morte do tio: Barão de Montesquieu, comuna francesa situada na região de Bordeaux (França). Pertencente à nobreza togada, que exerce atividades judiciais ou administrativas, Montesquieu estudou Direito e fez parte do parlamento de Bordeaux, com funções experimentais judiciárias. Tendo nascido em 1689 e falecido em 1755, Montesquieu viveu em um contexto de absolutismo na França, cujo último derivado, em grande parte de suas idéias, foi amplamente acolhido pelas Revoluções Americana e Francesa. Para saber mais, acesse o endereço: < https://www.infoescola.com/filosofia/montesquieu/ (https://www.infoescola.com/filosofia/montesquieu/) >. E dentre as leis, há aquelas que dizem respeito à política política, isto é, ao direito de fazer tudo o que é lei e não ser forçado a fazer o que é lei não é obrigatório. Como vê, o conceito de liberdade para Montesquieu (1996) se aproxima da exibição hobbesiana, distingue-se pela independência, porque se um cidadão é capaz de tudo o que deseja, os demais também têm esse poder e, logo, não são mais critérios liberdade. Contudo, embora cada Estado tenha permitido liberdade no seu próprio governo, conforme seus trajes e inclinações, uma liberdade política somente existente, proibidas, nos governos moderados, quando não houver abuso de poder. O problema é que, pela experiência histórica, todo homem que possui o poder, apresenta um abuso abusivo, indo até atingir limites. Como, porém, limitar algo como o poder? De acordo com Montesquieu (1996), pelo próprio poder: a constituição de coisas deve ser tal que o poder limite. Todos os Estados-Membros têm o objetivo primeiro de conservar, mas possuem outros propósitos que são particulares: o Roma era uma expansão; o de Israel, uma religião; o de Marselha, o comércio. O objetivo da Inglaterra era justamente uma liberdade política, tão cara quanto um Montesquieu. Assim, ele analisa os princípios de constituição da Inglaterra que fundamentam a liberdade política, de modo a entender como defender. É nessa tarefa que Montesquieu (1996) descreve o princípio da separação de poderes. VOCÊ O CONHECE? https://www.infoescola.com/filosofia/montesquieu/ 02/06/2020 Ciência Política e Fundamentos de Direito Eleitoral https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_CIPFDE_19/unidade_2/ebook/index.html#section_1 21/30 De acordo com Montesquieu (1996), cada Estado possui três poderes, o poder legislativo (criação, correção ou anulação de leis), o poder executivo (restauração de paz e guerra, diplomacia, promoção de segurança) e o poder de julgar (julgamento dos crimes e das disputas entre particulares). Essa ideia, em si, da existência de distintos ramos no exercício do poder, não é exatamente nova. Aristóteles descreveu três funções distintas do Estado, e Locke apresentou uma distinção entre recursos quando tratado da sua estruturação (ARISTÓTELES, 2010; LOCKE, 1998). Figura 6 - Montesquieu foi o teórico da seleção de poderes. Fonte: Shutterstock, 2018. Deslizar sobre uma imagem para Zoom 02/06/2020 Ciência Política e Fundamentos de Direito Eleitoral https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_CIPFDE_19/unidade_2/ebook/index.html#section_1 22/30 Qual, então, uma novidade trazida por Montesquieu? Basicamente, a seleção desses poderes em corpos distintos, com o objetivo de evitar o abuso: ou o que não pode ocorrer por liberdade, é a concentração dos três poderes nas mesmas mãos (MONTESQUIEU, 1996). O absolutismo que ascendeu com o Estado Moderno (século XV) promove uma concentração de poderes com as idéias de soberania absoluta, que ou monarca se coloca acima do direito. Na medida em que a burguesia cresce em importância econômica, promove como revoluções liberais contra essa concentração de poder nas mãos da monarca. A Inglaterra, particularmente, passa por um processo de racionalização do Estado, que transforma o modelo de concentração de poder. Primeiramente, a Magna Carta de 1215 promove uma proteção por direitos de restrição de poder de monarca, mas subsiste à concentração. Uma grande mudança ocorre com a “ Declaração de Direitos” de 1689, depois da vitória da Revolução Gloriosa de 1688, que vai além e transforma o modelo inglês de concentração de poderes do rei no modelo de bipartição de poderes: retira-se o poder de legislar da monarca, atribui- se ao Parlamento, aoqual, segundo John Locke, acaba de subordinar os demais poderes (HUME, 2015). Logo adiante, em 1701, o Parlamento inicia a retirada do poder de julgar a monarca, conferindo a juízes independentes. Portanto, quando o Montesquieu esteve na Inglaterra, por volta de 1730, pôde experimentar uma política política que exerceu três poderes distintos do Estado como forma de impedir o absolutismo para garantir a liberdade. Assim, na Inglaterra, exemplo tomado por Montesquieu no capítulo VI, do livro XI, de “O Espírito das Leis”, o poder executivo está nas mãos da monarca; o poder legislativo, dividido entre a câmara alta (nobres) e a câmara baixa (representantes do povo); o poder de julgar, com os magistrados, os tirados do povo, e não senado ou príncipe (MONTESQUIEU, 1996). Os exemplos selecionados no caso de seguir como reflexão sobre esses recursos. CASO 02/06/2020 Ciência Política e Fundamentos de Direito Eleitoral https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_CIPFDE_19/unidade_2/ebook/index.html#section_1 23/30 Montesquieu previu um poder de julgar neutro e invisível, como condição para que o equilíbrio entre os poderes garantisse a liberdade política. Portanto, o verdadeiro equilíbrio deveria se dar na relação entre as três forças políticas e sociais de sua época: monarca, nobres e povo; o primeiro no poder executivo e os últimos no poder legislativo. Montesquieu não podia imaginar a expansão do poder de julgar, decorrente, sobretudo, do advento das constituições escritas e do controle de constitucionalidade. No Brasil, por exemplo, o Supremo Tribunal Federal, órgão de cúpula do Poder Judiciário e responsável pela interpretação em última instância da Constituição, tem sido chamado a se manifestar sobre questões, em tese, sob a competência do Poder Legislativo, tais como o direito de greve do servidor público, a fidelidade partidária e o aborto. E, ao se manifestar de maneira ativa, tem sido frequente o debate sobre se o princípio da separação de poderes de Montesquieu tem sido respeitado ou, mesmo, se deve ser respeitado. A natureza do poder executivo torna desejável que esteja nas mãos de um monarca, pois a necessidade de decisões rápidas faz vantajosa sua concentração em apenas uma pessoa. Mas, para isso, o poder de legislar deve estar em outro corpo, e o poder de julgar não deve aparecer. E esta é a grande vantagem da Inglaterra: a divisão do poder legislativo em duas câmaras, nobres e representantes do povo, enquanto o poder de julgar, atribuído a magistrados, mantém-se invisível e nulo. Na prática, então, mais do que uma separação estrita de poderes, o que Montesquieu (1996) propõe ao expor a constituição da Inglaterra é a limitação de um poder por outro poder, por meio de inter-relações, de controles recíprocos. Em outras palavras, é a ideia de pesos e contrapesos, retirada da noção mecânica de equilíbrio. Dessa forma, um poder limita o outro ao promover um contrabalanço. Ou seja, não propriamente uma separação de poderes, mas uma separação de instituições para exercer esses três poderes; uma receita política de equilíbrio com o objetivo de promover um governo estável e, consequentemente, garantir a liberdade, evitando a ascensão do despotismo. Um arranjo novo para uma preocupação antiga. Estudamos até aqui as teorias contratualistas sobre os fundamentos da sociedade política, bem como a formulação de seus arranjos. No tópico a seguir, trataremos do fenômeno em si que rege as sociedades políticas: o Estado. 02/06/2020 Ciência Política e Fundamentos de Direito Eleitoral https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_CIPFDE_19/unidade_2/ebook/index.html#section_1 24/30 2.4 Estado Considerando, de um lado, que a ciência política, em uma perspectiva ampla, estuda a distribuição do poder e, de outro, que o Estado Moderno é o momento da história em que uma conjunção de fatores leva o poder político para o centro do debate, é possível dizer que o próprio Estado Moderno é o objeto da ciência política, uma vez que, nele, é que se dará a disputa pelo poder (e consequentemente a sua distribuição). Isso não significa, entretanto, que não tenha havido Estado antes do Estado Moderno. Historicamente houve outros tipos de Estado, assim como ocorreram desdobramentos da compreensão do próprio Estado Moderno, posteriormente. Então, além da fundamentação filosófica do Estado, qual a explicação para seu surgimento histórico? Quais os tipos históricos de Estado e suas características? Por fim, depois de tudo que vimos, é possível apresentar um conceito de Estado? Na sequência, encontraremos as respostas para estas e outras questões. 2.4.1 Origens, teorias, formação, tipos históricos Considerando o aparecimento do Estado, é possível, basicamente, identificar três teorias. De acordo com a primeira, assim como a sociedade, o Estado sempre existiu assim que se formou o primeiro agrupamento humano. Para a segunda, a sociedade pode existir sem o Estado, o qual surgiu em decorrência de necessidades específicas dos grupos sociais. A terceira, por fim, defende que o Estado somente surge, como tal, como Estado Moderno, isto é, sob uma específica sociedade política, com condições bem definidas (DALLARI, 2013). VOCÊ SABIA? Segundo diversos autores, o Estado Moderno teria uma data de nascimento oficial: a assinatura dos tratados de paz de Westfália, em 1648, que pôs fim à Guerra dos Trinta Anos (conjunto de conflitos entre diversas nações europeias, por diversos motivos, desde 1618, especialmente na Alemanha) e que documentou, formal e historicamente, pela primeira vez, um tipo de Estado dotado de unidade territorial e poder soberano (DALLARI, 2013; BITTAR, 2016). 02/06/2020 Ciência Política e Fundamentos de Direito Eleitoral https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_CIPFDE_19/unidade_2/ebook/index.html#section_1 25/30 A segunda teoria do surgimento do Estado parece mais adequada, na medida em que, de um lado, nem todos os agrupamentos humanos possuem, necessariamente, estas características, mas, de outro lado, podem ser encontradas sociedades políticas com essas características antes do Estado Moderno. Por essa razão, é que se afigura possível, do ponto de vista histórico, falar em tipos e evolução histórica do Estado, considerando algumas características fundamentais. Nessa toada, o primeiro tipo é o Estado Antigo, Oriental ou Teocrático, forma mais antiga em que família, Estado, economia e religião ainda se confundiam, mas que apresenta duas características fundamentais: a forma “unitária” (inexistência de divisões internas, de funções ou de territórios) e a “religiosidade”, na qual a autoridade do governante advinha da expressão de vontade dos poderes divinos (DALLARI, 2013, p. 70). O Estado Grego e o Estado Romano são, respectivamente, o segundo e o terceiro tipos de Estado, e participam da tipologia porque apresentam características específicas que qualificam suas sociedades políticas. De acordo com Dallari (2013), o Estado Grego, embora não tenha apresentado uma unidade política, é assim caracterizado porque as polis possuíam os mesmos aspectos fundamentais: a autossuficiência (ideia de que a própria comunidade política deve ser suficiente por si só para alcançar seus fins) e a liberdade como participação política (os cidadãos participam das decisões do Estado, mas com liberdade privada restrita). O Estado Romano, por sua vez, buscou unidade política em sua ampla expansão territorial, ainda que não tenha alcançado uniformidade. Assim, caracterizou-se pela base familiar da organização estatal e pela participação política restrita a um núcleo de poder político, acessado pelas famílias patrícias (DALLARI, 2013). Ao Estado Romano seguiu-se o Estado Medieval, que, embora bastante heterogêneo, do ponto de vista de organização, dado o contexto político europeu da Idade Média, pode assim ser compreendido por se identificar algumas características fundamentais nas várias sociedades políticas do período, tais comoo feudalismo, o cristianismo e as invasões bárbaras. Por fim, na evolução histórica, ao fim da Idade Média surge o Estado Moderno, caracterizado pelo poder centralizado (retomada do ideal de unidade do Estado Romano), pela existência de burocracia (separação da propriedade individual do 02/06/2020 Ciência Política e Fundamentos de Direito Eleitoral https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_CIPFDE_19/unidade_2/ebook/index.html#section_1 26/30 monarca em relação à propriedade do Estado, embora ainda não com o sentido de propriedade pública), pela delimitação geográfica e pelo monopólio legítimo do uso da violência sobre um território contínuo e delimitado (DALLARI, 2013). Conforme Bittar (2016), o Estado Moderno também é tido como decorrência da luta por ascensão e afirmação da burguesia como nova classe social. E o significado histórico dessa mudança e do advento do Estado Moderno foi a hegemonia da Europa em decorrência de uma capacidade de mobilização desconhecida na época, que permitiu o domínio de muitos territórios, bem como a imposição desse novo modelo de organização política. 2.4.2 Conceito Antes de falar especificamente do Estado, é preciso falar de sociedade. E, para que um agrupamento humano se constitua como sociedade, ele deve possuir três características (DALLARI, 2013, p. 31-44): Figura 7 - O Estado Moderno constitui o fundamento da hegemonia europeia. Fonte: Vahe 3D, Shutterstock, 2018. Deslize sobre a imagem para Zoom 02/06/2020 Ciência Política e Fundamentos de Direito Eleitoral https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_CIPFDE_19/unidade_2/ebook/index.html#section_1 27/30 finalidade ou valor social; manifestações de conjunto ordenadas; poder social. A finalidade social diz respeito ao objetivo conjuntamente estabelecido por seus integrantes para ser atingido pelo grupo. A manifestação em conjunto e de maneira ordenada dos integrantes diz respeito às ações e suas prescrições rumo à consecução da finalidade. Por fim, o poder social diz respeito à correlação de vontades dos integrantes do grupo e à submissão para fins de atingimento do fim objetivado (DALLARI, 2013). Dentre as sociedades, há aquelas de fins gerais, isto é, “cujo objetivo, indefinido e genérico, é criar as condições necessárias para que os indivíduos e as demais sociedades que nela se integram consigam atingir seus fins particulares” (DALLARI, 2013, p. 57). Essas são as sociedades políticas, justamente porque não possuem um fim particular, mas buscam uma constante integração de todas as atividades sociais em seu seio, em função de um fim comum. O Estado é, então, um tipo de sociedade política, aliás, a mais importante sociedade política por seu alcance e suas capacidades de coordenação das ações em busca do mesmo fim comum. No entanto, essa é apenas uma primeira noção, que não se afigura suficiente para conceituar o Estado, afinal, há outras sociedades políticas, em menor escala, que possuem o mesmo fim. Assim, há esforços para empreender uma melhor conceituação do Estado, conquanto seja uma tarefa dificultosa, se não impossível. Reconhecendo a dificuldade, Bonavides (2013) apresenta três acepções para conceituar o Estado: filosófica, jurídica e sociológica. Em relação à acepção filosófica, recorrendo a Hegel, Bonavides (2013, p. 66) conceitua o Estado como “[...] valor social mais alto, que concilia a contradição Família e Sociedade, como instituição acima da qual sobrepaira tão-somente o absoluto, em exteriorizações dialéticas, que abrangem a arte, a religião e a filosofia”. A acepção jurídica, por sua vez, compreende o Estado como a reunião dos homens sob as leis do Direito (Kant, apud BONAVIDES, 2013), separando-se da sociedade por ser um laço “[...] específico, jurídico ou político, entre os membros da comunidade” (Del Vechio, apud BONAVIDES, 2013, p. 67). Por fim, a acepção sociológica parece ser a que conceitua o Estado de maneira mais completa, prevalecendo a formulação de Jellinek (apud BONAVIDES, 2013, p. 71), de acordo com a qual o Estado “[...] é a corporação de um povo, assentada num determinado território e dotada de um poder originário de mando.” 02/06/2020 Ciência Política e Fundamentos de Direito Eleitoral https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_CIPFDE_19/unidade_2/ebook/index.html#section_1 28/30 Dessa maneira, considerando os conceitos-chave da filosofia política abordados neste estudo, esperamos que você esteja apto a compreender as inovações e vantagens do princípio da separação de poderes nas democracias, desenvolvendo reflexões críticas sobre o papel do Estado. Síntese Concluímos o estudo a respeito da constituição de Estado, mais especificamente, de sua fundamentação filosófica, de suas formas políticas e das teorias relacionadas à sua origem, sua evolução histórica e seus conceitos. Neste capítulo, você teve a oportunidade de: identificar a principal contribuição de Maquiavel para a ciência política ao promover a separação da política em relação às esferas da moral, da ética e da religião; entender o estado de natureza hobbesiano, no qual o homem é essencialmente mau, necessitando do Estado como soberano absoluto para garantir a paz; interpretar a teoria de Locke como maneira mais adequada de defender a propriedade ao atribuir o poder supremo ao legislativo; comparar as ideias de Hobbes e Locke com as de Rousseau, para o qual o contrato social é uma forma de garantir a liberdade dos homens; analisar as ideias de Montesquieu sobre lei, sobre liberdade e sobre o arranjo no exercício do poder que garante a liberdade política, por meio da separação de poderes; conhecer as teorias sobre a origem e a evolução histórica do Estado, bem como formular um conceito para o fenômeno do Estado. Bibliografia ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Folha de S. Paulo, 2010. 02/06/2020 Ciência Política e Fundamentos de Direito Eleitoral https://fmu.blackboard.com/bbcswebdav/institution/laureate/conteudos/NEG_CIPFDE_19/unidade_2/ebook/index.html#section_1 29/30 BITTAR, E. C. B. Teoria do Estado: filosofia política e teoria da democracia. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2016. BONAVIDES, P (https://www.google.com.br/search?hl=pt- BR&tbo=p&tbm=bks&q=inauthor:%22Afonso+Arinos+de+Melo+Franco%22). Ciência política. 20. ed. São Paulo: Malheiros, 2013. DALLARI, D. de A. Elementos de teoria geral do Estado. São Paulo: Saraiva, 2013. FERREIRA FILHO, M. G. Princípios fundamentais do Direito Constitucional. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. FILMER, R. Patriarcha and Other Writings. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 1991. HOBBES, T. Leviatã ou matéria, forma e poder de uma república eclesiástica e civil. São Paulo: Martins Fontes, 2000. HUME, D. História da Inglaterra: da invasão de Júlio César à Revolução de 1688. Tradução de Pedro Paulo Pimenta (Org.). São Paulo: Unesp, 2015. LEVIATÃ. Direção: Andrey Zvyagintsev. Produção: Non-Stop Production. Roteiro: Andrey Zvyagintsev; Oleg Negin. Rússia, 2014, filme on-line, 141 min. Disponível em: <https://adorocinema.looke.com.br/filmes/leviata?utm_source=adoro- cinema&utm_medium=filmes&utm_content=Leviat%C3%83%C2%A3&utm_camp aign=adoro-cinema (https://adorocinema.looke.com.br/filmes/leviata? utm_source=adoro- cinema&utm_medium=filmes&utm_content=Leviat%C3%83%C2%A3&utm_camp aign=adoro-cinema)>. Acesso em: 31/03/2018. LOCKE, J. Dois tratados sobre o governo. São Paulo: Martins Fontes, 1998. MACIEL, W. Montesquieu. In: InfoEscola, [s. d.]. Disponível em: <https://www.infoescola.com/filosofia/montesquieu/ (https://www.infoescola.com/filosofia/montesquieu/)>. Acesso em: 31/03/2018. MAQUIAVEL, N. O Príncipe e Escritos Políticos. São Paulo: Nova Cultural, 1999. 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