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Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 1 Queridos alunos, Já estamos na segunda aula de nosso curso! Comentarei no início desta aula a questão discursiva referente à penhora. Escolhi os resumos referentes aos princípios, tanto em Processo do Trabalho quanto em Direito do Trabalho para iniciar o estudo da parte teórica de nosso curso. Observei que nos últimos concursos a FCC abordou os princípios dentro do Direito Processual, tanto Processual Civil quanto do Trabalho. Separei os temas que serão abordados nas aulas. Estou à disposição de vocês para comentar questões de provas ou explicar temas que tenham dúvida, tanto em Direito do Trabalho quanto em Processo do Trabalho. Peço que olhem o cronograma de aulas e apresentem sugestões caso queiram acrescentar alguma coisa. Vamos ao cronograma de aulas! Cronograma de aulas: 04/05 29/05 26/06 19/07 16/08 Case study 15/06 08/05 31/05 28/06 24/07 23/08 Redação 22/06 10/05 05/06 03/07 26/07 30/08 EXTRA Case study 13/07 15/05 12/06 05/07 31/07 Redação 20/07 17/05 14/06 10/07 07/08 Case study 17/08 22/05 19/06 12/07 09/08 Redação 10/08 24/05 21/06 17/07 14/08 Redação 24/08 Aula 01: (04/05) Prova TRT 20ª Região comentada – Analista Judiciário - Execução de Mandados – 2011. Aula 02: (08/05) Resumos Princípios e fontes do Processo do Trabalho e Princípios e fontes do Direito do Trabalho (teoria, questões e jurisprudência). Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 2 Aula 03: (10/05) Provas Comentadas: TRT 20ª Região – Técnico Judiciário – 2011 e TRT 11ª Região – Técnico Judiciário – 2012. Aula 04: (15/05) Resumos Competência e Provas no Processo do Trabalho (teoria, questões, jurisprudência). Aula 05: (17/05) Provas Comentadas: TRT 11ª Região – Analista Administrativo – 2012 e TRT 11ª Região – Analista Judiciário Execução de Mandados – 2012. Aula 06: (22/05) Resumos Recursos no Processo do Trabalho (teoria, questões, jurisprudência). Aula 07: (24/05) Provas Comentadas: TRT 11ª Região – Analista Judiciário – 2012 e TRT 20ª Região – Analista Administrativo – 2011. Aula 08: (29/05) Resumos Execução no Processo do Trabalho (teoria, questões, jurisprudência). Aula 09: (31/05) Provas Comentadas: TRT 6ª Região – Analista Judiciário – 2012 e TRT 6ª Região – Analista Administrativo – 2012. Aula 10: (05/06) Resumos cálculos trabalhistas e terminação do contrato de trabalho (Justa Causa, Despedida Indireta, Pedido de demissão). Aula 11: (12/06) Comentários sobre as alterações ocorridas na legislação de 2010 até 2012. Apresentação do estudo de caso a ser comentado na aula 13. Aula 12: (14/06) Provas Comentadas: TRT 6ª Região – Analista Judiciário – Execução de Mandados - 2012 e TRT 6ª Região – Técnico Judiciário – 2012. Aula 13: Resolução do estudo de caso via twitcam no período noturno. Postagem de material referente à aula. Case study 15/06 Aula 14: (19/06) Resumos Duração do Trabalho (teoria, questões, jurisprudência). Aula 15: (21/06) Alterações ocorridas nas Súmulas e Orientações Jurisprudenciais de 2010 até 2012. Aula 16: Redação 22/06 Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 3 Aula 17: (26/06) Resumo Contrato de Trabalho (teoria, questões, jurisprudência). Aula 18: (28/06) Resumo Mandado de Segurança no Processo do Trabalho (teoria, questões, jurisprudência). Aula 19: (03/07) Resumo Direito Coletivo do Trabalho (teoria, questões, jurisprudência). Aula 20: (05/07) Resumo Remuneração e Salário (teoria, questões, jurisprudência). Aula 21: (10/07) Questões Comentadas CESPE, FCC – Provas de Juiz do Trabalho. Apresentação do estudo de caso a ser comentado na aula 23. Aula 22: (12/07) Resumo Insalubridade e Periculosidade (teoria, questões, jurisprudência). Aula 23: Resolução do estudo de caso via twitcam no período noturno. Postagem de material referente à aula. Case study 13/07 Aula 24: (17/07) Comentários ao Informativo do TST – Parte I. Aula 25: (19/07) Comentários ao Informativo do TST – Parte II. Aula 26: Redação 20/07 Aula 27: (24/07) Provas Comentadas CESPE e FCC Direito do Trabalho. Aula 28: (26/07) Provas Comentadas CESPE e FCC Processo do Trabalho. Aula 29: (31/07) Dicas FCC. Provas Comentadas. Aula 30: (07/08) Questões subjetivas Direito do Trabalho – Provas Juiz do Trabalho. Aula 31: (09/08) Questões subjetivas Processo do Trabalho – Provas Juiz do Trabalho. Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 4 Aula 32: Redação 10/08 Aula 33: (14/08) Resumo Ação Rescisória no Processo do Trabalho (teoria, questões, jurisprudência). Nova Jurisprudência. Apresentação do estudo de caso a ser comentado na aula 35. Aula 34: (16/08) Dicas de Motivação. Aula 35: Resolução do estudo de caso via twitcam no período noturno. Postagem de material referente à aula. Case study 17/08 Aula 36: (23/08) Resumo Atos Processuais e Nulidades no Processo do Trabalho (teoria, questões, jurisprudência). Aula 37: Redação 24/08 Aula 38: (30/08) Extra: temas sugeridos pelo aluno ou algum tema que não tenha sido abordado ou que seja inserido pelos novos Editais. ---------------------------------------------------------------------------------------- Aula 02: (08/05) Resumos Princípios e fontes do Processo do Trabalho e Princípios e fontes do Direito do Trabalho (teoria, questões e jurisprudência). 2.1. Discursiva FCC: (FCC- Analista Judiciário – Execução de Mandados – TRT 20ª Região – 2011) Responda fundamentadamente no que consiste a penhora, no Direito Processual do Trabalho, bem como quais são os seus efeitos. Comentários: A banca abordou o tema penhora nesta questão. Ela delimitou os pontos que o aluno deve abordar ao falar “consiste a penhora” e “efeitos”. Assim, o aluno deverá falar do conceito da penhora e depois dissertar sobre os seus efeitos no Direito processual do Trabalho. Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 5 Apresentarei para vocês vários conceitos dos mais renomados juristas. O intuito não é decorar. Através dos conceitos apresentados, vocês poderão ter base para criar, com suas próprias palavras, a definição de penhora. “A penhora traduz meio coercitivo do qual se vale o exeqüente para vencer a resistência de devedor inadimplente e renitente à implementação do comando judicial”. (Francisco Antônio de Oliveira) “A penhora é um ato de império do Estado, praticado na execução que tem por finalidade vincular determinados bens do devedor ao processo, a fim de satisfazer o crédito do exeqüente. Trata-se de um ato de afetação de determinados bens do devedor que provoca o gravame de vinculá-los ao processo em que processa a execução”. (Mauro Schiavi) Os efeitos da penhora para a doutrina são: a) Individualizar o bem ou os bens do executado que responderão pela satisfação do crédito do exeqüente; b) Garantir o juízo. Há garantia do juízo quando o montante dos bens penhorados for suficiente para pagamento do crédito do exeqüente e das demais despesas processuais; c) Gerar preferência ao credor. O credor que primeiramente obtiver a penhora sobre os bens terá preferência sobre osdemais credores que vierem a penhorar o mesmo bem, conforme artigos 612 e 613 do CPC. d) Privar o devedor da posse dos bens. A penhora tem o efeito de retirar do devedor a posse dos bens penhorados. Há muita coisa para estudar em relação à penhora. Inclusive Orientações Jurisprudenciais do TST. Nesta questão, procurei limitar o estudo ao que foi pedido na questão. Oportunamente, teremos uma aula exclusiva para o estudo de execução no decorrer do curso, que tratará de forma mais aprofundada o assunto. Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 6 2.2. Princípios de Direito do Trabalho: Antes de estudar os princípios vamos estudar as fontes do direito do trabalho! As fontes do direito do trabalho dividem-se em materiais e formais. As fontes materiais são os fatos sociais que deram origem à norma, como por exemplo, as greves, os movimentos sociais organizados pelos trabalhadores, as lutas de classes, a concentração do proletariado ao redor das fábricas, a revolução industrial, os conflitos entre o capital e o trabalho, e todos os fatos sociais que derem origem à formação do direito do trabalho. A fonte formal é a manifestação da ordem jurídica positivada, ou seja, a norma é elaborada com a participação direta dos seus destinatários (fontes formais autônomas) ou sem a participação direta dos seus destinatários (fontes formais heterônomas). As fontes formais dividem-se em autônomas e heterônomas. Consideram- se fontes formais autônomas a convenção coletiva e os acordos coletivos, que são produzidos sem a participação direta do Estado. Isto porque a convenção coletiva é celebrada entre dois Sindicatos, um representante de empregados e outro representante de empregadores. Ao passo que o acordo coletivo é celebrado entre empresa ou grupo de empresas e o Sindicato de empregados. � Fonte Material (fatos sociais) Fontes do Direito do Trabalho Formal Autônoma (Participação dos destinatários) � Fonte Formal Formal Heterônoma (Participação do Estado) São consideradas fontes formais heterônomas as leis, a CLT, a Constituição Federal, os decretos, a sentença normativa, as Súmulas vinculantes editadas pelo STF, as medidas provisórias, as emendas à constituição, os tratados e convenções internacionais ratificados pelo Brasil, dentre outros. O artigo 8º da CLT é o dispositivo legal que refere-se às fontes do direito do trabalho. Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 7 Artigo 8º da CLT As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. Parágrafo único - O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamentais deste. O artigo acima transcrito sendo o dispositivo da CLT que trata de fontes do direito do trabalho é muito cobrado em provas. DICA: As súmulas vinculantes editadas pelo STF são fontes formais heterônomas de direito. (Art. 103-A da CRFB/88). Temos duas Súmulas Vinculantes do STF importantes que se aplicam ao Direito do Trabalho, a de nº4 e a de nº6, que serão comentadas nas próximas aulas. DICA: Outro ponto importante é saber que a competência para legislar sobre direito do trabalho é privativa da União, conforme dispõe o art. 22, I da CRFB/88. DICA: A sentença que decide a ação civil pública não é fonte de direito do trabalho. DICA: As bancas consideram como fontes supletivas a jurisprudência, a analogia, a equidade, e os outros princípios e normas de Direito do trabalho e de direito, os usos e costumes e o direito comparado. Portanto, já podemos afirmar que são fontes integrativas ou supletivas do direito do trabalho: � A Jurisprudência: Considera-se jurisprudência a reunião de decisões reiteradas dos Tribunais em um mesmo sentido para suprir lacunas do ordenamento jurídico. É importante lembrar que a Súmula é a jurisprudência pacificada de determinado Tribunal e a Orientação Jurisprudencial é o entendimento majoritário de determinado Tribunal. � A Analogia: A analogia é a aplicação de dispositivos legais que tratam de casos semelhantes. Ela divide-se em Analogia “Legis” e Analogia “Iuris”, a primeira ocorrerá quando o aplicador do direito recorrer a determinado dispositivo legal que regula uma matéria semelhante, na ausência de dispositivo legal relativo ao tema. Já a Analogia “Iuris” ocorrerá quando não existir um preceito legal semelhante e o aplicador do direito recorrer aos princípios gerais do direito, por exemplo. Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 8 � A Equidade: O conceito de equidade derivado próprio nome, sendo considerada a disposição de agir com Justiça, equilibrando a justa medida entre as coisas. É oportuno ressaltar que o juiz somente poderá decidir por equidade nos casos previstos em lei, conforme dispõe o art. 127 do CPC. � Os Princípios Gerais do Direito do Trabalho: O princípio é o que orienta o aplicador do direito na sua atividade interpretativa. Ele também orienta e guia o legislador em sua função legiferante. � Os Princípios Gerais do Direito: Como o da isonomia, da lealdade, da boa-fé, etc. � Os Usos e costumes: Há quem faça a distinção entre os usos e os costumes. Mas para o nosso estudo para provas objetivas o importante é saber que os costumes contra a lei não são admitidos. Apenas serão admitidos os costumes “praeter legem”, ou seja, para suprir as lacunas da lei. � O Direito Comparado: Permite-se a utilização de direito estrangeiro quando a legislação pátria não oferecer solução para determinado conflito de interesses. Ressalta-se que o direito comparado somente poderá ser utilizado como fonte supletiva (art. 8º da CLT). Hierarquia das Fontes Constituição Lei (CLT) Regulamento Sentença normativa Convenção coletiva de trabalho Costume Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 9 A pirâmide hierárquica é rígida no Direito do Trabalho? Em todo ordenamento jurídico há uma pirâmide de hierarquia de normas a serem seguidas e em caso de conflitos entre as normas, deve-se seguir a ordem hierárquica da pirâmide para que o mesmo possa ser solucionado. Não, a pirâmide hierárquica não é rígida no direito do trabalho porque prevalece o princípio da norma mais favorável. Assim, deverá prevalecer a norma que for mais favorável ao empregado, mesmo que estejaabaixo de outra norma hierarquicamente considerada. (Juiz do Trabalho – TRT 16 ª Região – 2011) Comentários: As assertivas estão corretas. A banca do TRT da 16ª Região, assim, como a FCC adotou a classificação do jurista Maurício Godinho Delgado, observem: “As fontes materiais dividem-se em distintos blocos, segundo o tipo de fatores que se enfoca no estudo da construção e mudanças do fenômeno jurídico. Pode-se falar, desse modo, em fontes materiais econômicas, sociológicas, políticas, e ainda filosóficas...” Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 10 As fontes materiais do direito do trabalho sob a perspectiva econômica consistem na evolução do sistema capitalista, abrangendo a Revolução Industrial. Já sob a perspectiva sociológica as fontes materiais, como afirma o jurista, dizem respeito aos distintos processos de agregação de trabalhadores assalariados em função do sistema econômico nas empresas, cidades e regiões do mundo ocidental contemporâneo. Sob o ponto de vista político elas dizem respeito aos movimentos sociais organizados pelos trabalhadores de nítido caráter reivindicatório, como o movimento sindical, por exemplo. Em relação à perspectiva filosófica elas correspondem às idéias e correntes de pensamento que influenciam na construção e mudança do Direito do Trabalho. � Fonte Material (fatos sociais) Fontes do Direito do Trabalho Formal Autônoma (Participação dos destinatários) � Fonte Formal Formal Heterônoma (Participação do Estado) São consideradas fontes formais heterônomas as leis, a CLT, a Constituição Federal, os decretos, a sentença normativa, as Súmulas vinculantes editadas pelo STF, as medidas provisórias, as emendas à constituição, os tratados e convenções internacionais ratificados pelo Brasil, dentre outros. As súmulas vinculantes editadas pelo STF são fontes formais heterônomas de direito. (Art. 103-A da CRFB/88). Vamos agora estudar os princípios! Os Princípios são formas de integração da norma jurídica, isto porque eles atuam como fonte de integração das normas jurídicas, objetivando suprir as lacunas existentes no ordenamento jurídico. BIZU DE PROVA Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 11 Observem que o art. 8º da CLT permite a aplicação dos princípios de direito do trabalho como fonte de integração, ou seja, fonte supletiva da lacuna existente no ordenamento jurídico. Art. 8º da CLT As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. Parágrafo único - O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamentais deste. DICA: Portanto, já podemos afirmar que são fontes integrativas ou supletivas do direito do trabalho: � A Jurisprudência; � A Analogia; � A Equidade; � Os Princípios Gerais do Direito do Trabalho; � Os Princípios Gerais do Direito; � Os Usos e costumes; � O Direito Comparado. Vejamos, agora, os princípios peculiares do Direito do Trabalho! a) Princípio da Irrenunciabilidade dos Direitos: Este princípio é conhecido também como princípio da indisponibilidade ou da inderrogabilidade, caracterizando-se pelo fato de que os empregados não poderão renunciar aos direitos trabalhistas que lhes são inerentes. Caso eles renunciem, os atos praticados serão considerados nulos de pleno direito, ou seja, independentemente de manifestação judicial. Art. 9º da CLT Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação. b) Princípio da Primazia da Realidade: Trata-se de um princípio geral do direito do trabalho que prioriza a verdade real diante da verdade formal. Assim, entre os documentos que disponham sobre a relação de emprego e o modo efetivo como, concretamente os fatos ocorreram, devem-se reconhecer estes em detrimento daqueles. Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 12 DICA: As expressões abaixo são abordadas em provas para referirem-se ao Princípio da Primazia da Realidade. � Prioriza-se a verdade real em relação à verdade formal ou aparente. � Os fatos prevalecem sobre os documentos. � Os fatos definem a verdadeira relação jurídica havida entre as partes e não os documentos. c) Princípio da Proteção: Geralmente, o empregado não possui a mesma igualdade jurídica do empregador, e por isso o direito do trabalho objetiva igualar os desiguais, através da busca de uma igualdade jurídica entre as partes. Em busca desta igualdade substancial o direito do trabalho protege a parte mais fraca da relação jurídica, que é o empregado. Assim, o princípio da proteção resulta das normas imperativas e, portanto de ordem pública que caracteriza a intervenção do Estado nas relações de trabalho, com o objetivo de proteger o empregado considerado hipossuficiente nas relações laborais. “O princípio da proteção ao trabalhador está caracterizado pela intensa intervenção estatal brasileira nas relações entre empregado e empregador, o que limita e muito a autonomia da vontade das partes” (Vólia Bonfim Cassar). A doutrina considera que o princípio da proteção abrange os seguintes princípios, que serão estudados a seguir: princípio in dúbio pro operário, princípio da norma mais favorável e princípio da condição mais benéfica. d) Princípio In dúbio Pro operário: Este princípio, corolário ao princípio da proteção ao trabalhador, caracteriza-se pelo fato de que o intérprete do direito ao defrontar-se com duas interpretações possíveis deverá optar pela mais favorável ao empregado, desde que não afronte a nítida manifestação do legislador e nem se trate de matéria probatória (direito processual). Portanto, quando ocorrerem dúvidas em relação a que dispositivo legal aplicar, deve-se aplicar aquele que seja mais favorável ao empregado. Não poderia deixar de registrar que há uma corrente minoritária que entende que o princípio in dúbio pro operário poderá ser aplicado do processo do trabalho no que se refere à matéria probatória. Ressalto que para as provas objetivas deveremos nos filiar ao entendimento majoritário que é no sentido da inaplicabilidade do princípio in dúbio pro operário ao processo do trabalho. DICA: Alguns doutrinadores denominam o princípio “in dúbio pro operário” de “in dúbio pro misero” Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 13 e) Princípio da Condição Mais Benéfica: Este princípio determina a prevalência das condições mais vantajosas ao empregado ajustadas no contrato de trabalho, no regulamento da empresa ou em norma coletiva, mesmo que sobrevenha norma jurídica imperativa e que determine menor proteção, uma vez que se aplica a teoriado direito adquirido do art. 5º, XXXVI da CRFB/88. Para que vocês possam entender melhor a teoria do direito adquirido em relação ao princípio da norma mais favorável, cito um exemplo dado pela professora Vólia Bonfim Cassar: Exemplificando: “Contrato de trabalho estabelece labor de oito às 17 horas, de segunda à sexta-feira, com uma hora de refeição e das oito às 12 horas aos sábados, com descanso aos domingos, respeitando o limite legal de 44 horas semanais. Todavia, o empregador permitiu, nos últimos três anos de contrato, que o empregado Manoel da Silva cumprisse de segunda a sexta-feira a jornada de seis horas, concedendo folga todos os sábados e domingos.” Agora, o empregador de Manoel não poderá mais exigir que ele trabalhe oito horas diárias e nem aos sábados, porque ele permitiu que Manoel usufruísse de uma condição mais favorável. DICA: A Súmula 51 do TST aborda implicitamente este princípio: Súmula 51 do TST I - As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento. II - Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro. f) Princípio da Norma mais favorável: Caracteriza-se por ser um princípio, em virtude do qual, independente da sua hierarquização na escala das normas jurídicas aplicar-se-á a que for mais favorável ao trabalhador. Havendo razoável interpretação de duas normas, deve-se optar por aquela mais vantajosa ao trabalhador. Como saber qual a norma mais favorável? A doutrina aponta três teorias que ajudam na aferição da norma mais favorável: 1ª Teoria ou Princípio do Conglobamento ou da Incindibilidade: Através desta teoria ao aferir-se qual a norma mais favorável ao empregado o intérprete deverá buscar a regra mais favorável em seu conjunto, ou seja, não poderá fragmentar as normas, escolhendo o que for melhor de cada uma delas. Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 14 2ª Teoria ou Princípio Atomista ou da Acumulação: Estabelece que o operador jurídico ao aplicar a norma mais favorável poderá utilizar preceitos mais favoráveis de uma e de outra norma, acumulando-se preceitos favoráveis ao empregado criando assim, regras jurídicas próprias. 3ª Teoria Intermediária: Também conhecida por Teoria Moderada caracteriza-se pela impossibilidade de fragmentar as cláusulas das normas jurídicas em conflito. Atenção: Há também o princípio da continuidade da relação de emprego. O Conceito de Princípio da Continuidade da relação de Emprego: A permanência do vínculo empregatício é de interesse do direito do trabalho, com a integração do empregado na estrutura dinâmica empresarial. A jurisprudência do TST (súmula 212) adota tal princípio como presunção favorável ao empregado. A CLT propõe como regra geral do contrato de trabalho o prazo indeterminado, adotando como fundamento o princípio da continuidade da relação de emprego. (UnB/CESPE – Técnico Judiciário - TRT 21 ª Região – 2010) Pelo princípio da continuidade da relação de emprego, os fatos ordinários são presumidos, em detrimento dos fatos extraordinários, que precisam ser provados. Assim, o ônus de provar o vínculo empregatício e o despedimento é do empregado, porque se tratam de fatos constitutivos do seu direito. Comentários: INCORRETA. O Ônus de provar o fato constitutivo de seu direito é de fato do empregado. Porém, o ônus de provar o vínculo empregatício e o despedimento é do empregador (Súmula 212 do TST) Súmula 212 O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 15 2.3. Princípios de Processo do Trabalho: Vamos relembrar um pouco da teoria estudada em meus cursos. A meu ver, o melhor conceito de direito processual do trabalho é o do jurista Carlos Henrique Bezerra Leite, observem: “Conceituamos o direito processual do trabalho como ramo da ciência jurídica, constituído por um sistema de princípios, normas e instituições próprias, que tem por objeto promover a pacificação justa dos conflitos decorrentes das relações jurídicas tuteladas pelo direito material do trabalho e regular o funcionamento dos órgãos que compõe a Justiça do Trabalho”. Para simplificar, elaborei o seguinte conceito de processo do trabalho: O Processo do Trabalho é um ramo do direito público/subjetivo que tem por escopo disciplinar as atividades dos órgãos da Justiça do Trabalho para a solução dos conflitos individuais e coletivos de trabalho entre empregados e empregadores, entre Sindicatos, entre Sindicatos e empresas e, ainda, conflitos oriundos de lides decorrentes da competência ampliada da Justiça do Trabalho estabelecida no art. 114 CF/88. Vamos entender o conceito acima: O Processo do Trabalho é um ramo do direito público, sendo considerado direito subjetivo. � Por Direito Subjetivo entende-se a faculdade, ou seja, a “facultas agendi” que o sujeito de direito tem de invocar a norma ao seu favor. Como exemplo, podemos citar a relação jurídica em que o credor tem a faculdade de exigir do devedor o cumprimento da prestação, ou seja, o cumprimento do direito objetivo. � O Direito Objetivo é considerado uma “norma agendi”, porque são normas que disciplinam a ação do homem. Assim, o direito objetivo é qualificado como uma norma de ação ditada pelo poder público. A melhor forma de vocês entenderem a função do Processo do Trabalho é através de exemplos. Considero que o entendimento do direito processual do trabalho torna-se simplificado, quando ele é exemplificado. Exemplificando: Adalgisa, empregada doméstica, trabalha há um ano para Maria das Dores, sem nada receber. Ora, sabemos que o art. 7º da CF/88 e a Lei 5.859/72 asseguram aos empregados domésticos determinados direitos. Assim, a empregadora de Adalgisa está descumprindo a lei ao deixar de pagar a ela salários e os demais direitos legais. Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 16 Para receber seus direitos, o que deverá a empregada fazer? A forma de Adalgisa garantir o recebimento de seus direitos será através da interposição de uma ação na Justiça do Trabalho (direito processual) pedindo ao juiz que lhe assegure o recebimento de seus direitos que estão sendo violados (direito material do trabalho) que estão sendo violados pela sua empregadora. O direito processual é, portanto o instrumento que está a serviço do direito material (direito do trabalho, por exemplo). Quando o direito material for violado entra em cena o direito processual, uma vez que, no caso apresentado, Adalgisa não poderá fazer justiça com as próprias mãos (autotutela), porque constitui inclusive crime o exercício arbitrário das próprias razões. Adalgisa deverá ingressar com uma ação pedindo ao Estado-juiz que resolva o conflito de interesses entre ela e Maria das Dores (jurisdição). O conceito e as características da Jurisdição serão visto mais adiante!Por ora quero que vocês observem os conceitos de direito material e direito processual dos seguintes juristas: Ada Pelegrini Grinover, Cândido Rangel Dinamarco e Antônio Carlos Cintra. “Chama-se direito processual o complexode normas e princípios que regem tal método de trabalho, ou seja, o exercício conjugado da jurisdição pelo Estado-juiz, da Ação pelo demandante e da defesa pelo demandado.” ⇒ Demandante é o autor da ação (Adalgisa). Também denominada de reclamante no processo do trabalho. ⇒ Demandado é o réu (Maria das Dores). Denominada reclamada no processo do trabalho. � Os Princípios são formas de integração da norma jurídica, isto porque eles atuam como fonte de integração das normas jurídicas objetivando suprir as lacunas existentes, uma vez que o juiz não poderá eximir-se de sentenciar alegando omissões ou lacunas nas normas jurídicas. Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 17 � Para o jurista Norberto Bobbio os princípios são normas, observem: “normas fundamentais ou generalíssimas do sistema, as normas mais gerais. A palavra princípios leva a engano, tanto que é velha questão entre os juristas se os princípios gerais são normas. Para mim não há dúvida: os princípios gerais são normas como todas as outras. Para sustentar que os princípios gerais são normas os argumentos são dois, e ambos válidos: antes de mais nada, se são normas aquelas das quais os princípios gerais são extraídos, através de um procedimento de generalização sucessiva, não se vê pó que não devam ser normas também eles: se abstraio da espécie animal obtenho sempre animais e não flores ou estrelas. Em segundo lugar, a função para a qual são extraídos e empregados é a mesma cumprida por todas as normas, isto é a função de regular um caso. E com que finalidade são extraídos em caso de lacuna? Para regular um comportamento não-regulamentado: mas então servem ao mesmo escopo a que servem as normas expressas. E por que não deveriam ser normas?” Exemplificando: DICA: O art. 769 da CLT, muito abordado em provas de concursos, autoriza a aplicação subsidiária do Direito Processual Civil ao Direito Processual do Trabalho, como fonte subsidiária para suprir lacunas ou omissões, ressaltando que a aplicação somente será possível quando não colidir com os princípios e com as normas de Direito Processual do Trabalho. Art. 769 da CLT Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título. A seguir apresentarei a classificação dos princípios adotada por Carlos Henrique Bezerra Leite. No exemplo de Adalgisa e Maria das Dores, o juiz não poderia deixar de resolver o conflito de interesses que lhe foi submetido através da ação interposta por Adalgisa. Sendo assim, ele terá que proferir uma sentença (estudaremos nas próximas aulas), que é a decisão em relação ao conflito entre as partes. Caso a lei não regulamente o direito postulado por Adalgisa, o juiz mesmo assim deverá proferir decisão na causa (sentenciar), isto porque ele não poderá alegar lacuna na lei e eximir-se de proferir decisão na ação. Para tal, ele poderá utilizar-se das fontes de integração da norma jurídica, dentre elas os princípios de processo do trabalho. Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 18 A) Princípios Gerais do Processo: A.1. Princípios Informativos: ⇒ Lógico, ⇒ Jurídico ⇒ Político ⇒ Econômico A. 2. Princípios Fundamentais: ⇒ Princípio do Devido Processo Legal ⇒ Princípio do Contraditório ⇒ Princípio do Juiz Natural ⇒ Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição ⇒ Princípio da Ampla Defesa ⇒ Princípio da Fundamentação das decisões B) Princípios Peculiares do Processo do Trabalho: ⇒ Princípio do Dispositivo ⇒ Princípio do Inquisitivo ou Inquisitório ⇒ Princípio da Oralidade ⇒ Princípio da Identidade física do juiz ⇒ Princípio da Irrecorribilidade Imediata das Decisões Interlocutórias ⇒ Princípio do “Jus Postulandi” das partes ⇒ Princípio da conciliação ⇒ Princípio da Concentração dos Atos Processuais ⇒ Princípio da Imediatidade ou Imediação ⇒ Princípio da Extrapetição Vamos então aos conceitos dos princípios! A) Princípios Gerais do Processo: A1) Princípios Informativos: � Lógico: Caracteriza-se pela seleção dos meios mais eficazes e rápidos para descobrir a verdade e evitar o erro. � Jurídico: è a garantia de igualdade de tratamento às partes e Justiça nas decisões. � Político: Caracteriza-se por objetivar a máxima garantia social com o mínimo de sacrifício à liberdade individual. � Econômico: Objetiva fazer com que as lides não sejam tão dispendiosas ou demoradas e em propiciar o acesso do hipossuficiente (parte mais fraca da relação jurídica) ao Poder judiciário através dos institutos da assistência judiciária e justiça gratuita. Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 19 A2) Princípios Fundamentais: � PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL: É assegurado ao cidadão o direito de ser processado nos termos da lei, garantindo o contraditório, a ampla defesa e o julgamento imparcial. Art.5º LIV CRFB/88 “Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal'. � PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO: É um princípio fundamental que assegura às partes a garantia de serem ouvidas no processo sobre a manifestação da outra parte e expor argumentos contrários a seu favor. Art.5º LV CRFB/88 “Aos litigantes em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.” � PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL: Todos têm direito de ser julgados por juiz independente e imparcial, como órgão legalmente criado e instalado antes do surgimento da lide. A própria Constituição Federal como forma de garantir o Princípio do juiz natural proíbe tribunal de exceção que são aqueles que são instituídos para o julgamento de determinadas pessoas ou crimes. Art.5º LIII CRFB/88 “Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente.” � PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE/INDECLINABILIDADE: Está expresso no art. 5º XXXV da CRFB/88 “A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. A jurisdição não poderá ser transferida e nem delegada a outro órgão ou Poder. Art. 126 CPC “o juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber- lhe-á aplicar as normas legais, não as havendo, recorrerá á analogia, aos costumes e aos princípios gerais do direito.” � PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA: Assegura às partes envolvidas no processo a produção de provas de maneira ampla, desde que lícitas. Está expresso no art. 5º LV CRFB/88. � PRINCÍPIO DA FUNDAMENTAÇÃO DAS DECISÕES: Segundo este princípio, todas as decisões precisam ser fundamentadas sob pena de nulidade (art. 93 IX CRFB/88). Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 20 B) Princípios Peculiares ao Processo do Trabalho: � Princípio do Dispositivo: Informa que nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer nos casos e formas legais. É também conhecido como Princípio da Inércia da Jurisdição, que está consagrado no art. 2º do CPC. Art. 2º CPC Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer nos casos e formas legais. � Princípio do Inquisitivo ou Inquisitório: O juiz tem a função de prestar a tutela jurisdicional,solucionando o conflito de interesses das partes que lhe é apresentado, tendo assim a função de impulsionar o processo na busca da solução do litígio. Vide art. 262 do CPC e 765 da CLT e 856 da CLT. � Princípio da Oralidade: Caracteriza-se pela prática de atos processuais verbais, ou seja, pelo uso da palavra oral, principalmente nas audiências, seja pelo Juiz ou pelas partes. Todos os exemplos dados no quadro acima serão estudados de forma aprofundada no momento próprio, por ora quero que vocês apenas guardem que eles são exemplos de atos praticados com através da manifestação verbal. � Princípio da Identidade física do juiz: Determina que o juiz que colheu as provas, ou seja, instrui o processo, deverá proferir a sentença. Tal princípio aplica-se ao processo Civil, porém ao Processo do trabalho este princípio não será aplicado, em face do que dispõe as Súmulas 136 do TST e 222 do STF. Súmula 136 do TST Não se aplica às Varas do Trabalho o princípio da identidade física do juiz. Exemplos de manifestação deste Princípio: a) a leitura da reclamação trabalhista: (art. 847 da CLT); b) a defesa oral/20 minutos; c) as duas propostas de conciliação consubstanciadas nos artigos 850 e 846 da CLT, que será a primeira proposta oferecida antes de receber a contestação e após a abertura da audiência e a segunda proposta oferecida após as razões finais de 10 minutos para cada parte. d) oitiva de testemunhas (art. 848§2º CLT) e) razões finais em 10 minutos (art. 850 CLT) f) protesto em audiência (art. 795 CLT) Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 21 � Princípio da Irrecorribilidade Imediata das Decisões Interlocutórias: No Processo do Trabalho as decisões interlocutórias não serão recorríveis de imediato, conforme estabelece o art. 893 § 1º da CLT, que somente permite apreciação das mesmas no recurso da decisão definitiva, geralmente no recurso ordinário. Decisão Interlocutória é o ato pelo qual o juiz no curso do processo resolve questão incidente. Art. 893 da CLT Das decisões são admissíveis os seguintes recursos: I - embargos; II - recurso ordinário; III- recurso de revista; IV- agravo. § 1º - Os incidentes do processo são resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal, admitindo-se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente em recursos da decisão definitiva. A Súmula 214 do TST traz hipóteses de exceção ao princípio da irrecorribilidade das decisões interlocutórias, quando o TRT proferir decisão interlocutória contrária a alguma Súmula e OJ do TST a parte poderá recorrer desta decisão. Quando a decisão interlocutória for passível de recurso para o mesmo Tribunal a parte prejudicada poderá recorrer desta decisão e quando for acolhida exceção de incompetência territorial relativa (estudaremos na aula sobre exceção, contestação e reconvenção) com remessa do processo para outro TRT a parte poderá recorrer da decisão interlocutória. Neste sentido a Súmula 214 do TST! Súmula 214 do TST Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT. Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 22 � Princípio do “Jus Postulandi” das partes: Empregados e empregadores poderão reclamar pessoalmente na Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final. DICA: A recente Súmula 425 do TST é tema certo de cair em prova, observem as explicações abaixo: É oportuno frisar, que somente no âmbito da Justiça do trabalho eles poderão postular sem advogados (Varas de Trabalho/Tribunais Regionais do Trabalho). SÚMULA 425 do TST O Jus Postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho. (FCC - Analista Judiciário – Execução de Mandados – TRT 23ª Região/2011) O jus Postulandi das partes, estabelecido na Consolidação das leis do Trabalho, a) limita-se às Varas do Trabalho, alcançando os mandados de segurança de sua competência. b) limita-se às Varas do Trabalho, alcançando as ações rescisórias de sua competência. c) é ilimitado, não havendo na lei, em Súmulas ou Orientações Jurisprudenciais qualquer limitação, pois trata-se de direito assegurado pela Constituição Federal. d) limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho. e) limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, alcançando os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho, bem como as ações rescisórias e os mandados de segurança. Comentários: Letra D. O princípio do Jus Postulandi diz que os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente na Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final. Como eu disse que a recente Súmula 425 do TST era tema certo de cair em prova, observem que aconteceu com a prova do TRT da 23ª Região que foi logo após a edição da Súmula 425 do TST! SÚMULA 425 do TST O Jus Postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho. Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 23 � Princípio da conciliação: O art. 764 da CLT dispõe que todos os dissídios sejam coletivos ou individuais deverão estar submetidos à conciliação na Justiça do Trabalho. Art. 764 da CLT- Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação. § 1º - Para os efeitos deste artigo, os juízes e Tribunais do Trabalho empregarão sempre os seus bons ofícios e persuasão no sentido de uma solução conciliatória dos conflitos. § 2º - Não havendo acordo, o juízo conciliatório converter-se-á obrigatoriamente em arbitral, proferindo decisão na forma prescrita neste Título. § 3º - É lícito às partes celebrar acordo que ponha termo ao processo, ainda mesmo depois de encerrado o juízo conciliatório. As propostas de conciliação obrigatórias são duas no procedimento ordinário: antes do recebimento da contestação e após razões finais. Porém, é oportuno lembrá-los que as propostas são obrigatórias nestes dois momentos processuais, mas que a qualquer tempo, o juiz poderá tentar a conciliação sempre que possível. O Termo de Acordo que for lavrado valerá como decisão irrecorrível, somente podendo ser atacado por Ação Rescisória, sendo considerado um título executivo judicial. Para a Previdência Social quanto às contribuições que lhe são devidas em face do acordo celebrado, o que for lavrado não valerá como decisão irrecorrível. � Princípio da Concentração dos Atos Processuais: Este Princípio objetiva a que a tutela jurisdicional seja prestada, no menor tempopossível, concentrando-se os atos processuais em uma única audiência. A audiência será contínua, porém o art. 849 da CLT preceitua que caso não seja possível concluí-la no mesmo dia o juiz poderá designar nova data para prosseguimento. � Princípio da Imediatidade ou Imediação: Este princípio permite um contato direto do juiz com as partes, testemunhas, peritos e terceiros e com a própria lide objetivando formar o seu livre convencimento motivado determinado pelo Princípio da Persuasão Racional no que tange às provas. Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 24 � Princípio da Extrapetição: Em casos expressamente previstos em lei, o juiz poderá condenar o réu por pedidos não postulados expressamente pelo autor na petição inicial. Exemplificando: Como exemplo de aplicação deste princípio no âmbito laboral pode citar: a aplicação de juros e correção monetária (Súmula 211 do TST), a fixação de gozo de férias por sentença fixando pena diária de 5% do salário-mínimo (art.136 §2º da CLT), dentre outros. Súmula 211 do TST JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. INDEPENDÊNCIA DO PEDIDO INICIAL E DO TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL Os juros de mora e a correção monetária incluem-se na liquidação, ainda que omisso o pedido inicial ou a condenação. (UnB/CESPE - Defensoria Pública - DPEMA – 2011) Com relação aos princípios afetos ao processo do trabalho, assinale a opção correta. A) Em atendimento ao princípio da identidade física do juiz, a lei determina que a competência para proferir a sentença é do juiz que colheu a prova. B) Conforme estabelece o princípio do jus postulandi, os empregados e os empregadores deverão reclamar por meio de advogado perante a justiça do trabalho e acompanhar suas reclamações. C) De acordo com o princípio da impugnação especificada, o reclamado deve manifestar-se, precisa e especificadamente, sobre os fatos narrados na petição inicial, não se admitindo a defesa por negação geral. D) Em atenção ao princípio da extrapetição, a lei permite sempre que o juiz condene o réu em pedidos não contidos na petição inicial. E) Consoante o princípio do dispositivo, o magistrado está impedido de instaurar de ofício, o processo trabalhista. Comentários: Letra C. O Princípio denominado ônus da impugnação especificada está presente no art. 302 do CPC estabelecendo que caberá ao réu manifestar-se sobre os fatos narrados na petição inicial, sob pena de serem considerados verdadeiros os fatos não impugnados. O ônus atribuído ao réu somente não ocorrerá: a) Quando não for admitida a confissão a respeito dos fatos não impugnados. b) Quando a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei considerar da substância do ato. c) Quando estiverem em contradição com a defesa considerada em seu conjunto. Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 25 2.4. Jurisprudência: TRT15: RECLAMADAS SÃO CONDENADAS A PAGAR INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL POR ATRASO NO PAGAMENTO DE SALÁRIOS Por unanimidade, a 6ª Câmara do TRT da 15ª Região reformou sentença da 2ª Vara do Trabalho de Paulínia e deu provimento em parte ao recurso ordinário de um trabalhador, condenando as reclamadas a pagar indenização por dano moral decorrente do atraso no pagamento dos salários do reclamante. A Câmara reconheceu a rescisão indireta do contrato de trabalho, pelo não pagamento do salário de dezembro de 2009 e da segunda parcela do 13º salário do mesmo ano, bem como pelos constantes atrasos no pagamento da remuneração mensal. Dessa forma, o colegiado determinou também o pagamento da multa de 40% sobre os depósitos do FGTS e a liberação, no prazo de 20 dias após o retorno dos autos à 1ª instância, das guias do seguro- desemprego. “O atraso igual ou superior a três meses, de molde a ensejar a rescisão indireta do contrato, data vênia dos entendimentos em sentido contrário, não é justo e atenta contra o princípio da igualdade”, ponderou o relator do acórdão, desembargador Francisco Alberto da Motta Peixoto Giordani, referindo-se ao período de tempo que prevalece na jurisprudência para a decretação da rescisão indireta, a chamada “justa causa do empregador”. “Nesse passo, cumpre indagar: se o empregado deixasse de trabalhar por um período igual ou superior a três meses, somente aí teria a empregadora justificativa para dispensá-lo? É óbvio que não. Também só estaria em atraso com suas contas de água, luz e telefone somente quando superasse, o inadimplemento, três meses ou mais? Ainda a resposta é não”, enfatizou o relator. “Se a empregadora assumiu o compromisso de pagar os salários, mensalmente, deveria cumprir a sua obrigação, no dia ajustado, quitando os salários religiosamente. Aliás, estou em que nem possíveis dificuldades de ordem econômico-financeiras justificariam semelhante conduta, pois equivaleria a transferir o ônus do empreendimento ao empregado, o que não se coaduna com os Princípios de Direito do Trabalho.” Para Giordani, o não pagamento dos salários e/ou o seu pagamento com atraso magoa o princípio da dignidade da pessoa humana, “abalando o íntimo de um trabalhador, que tem obrigações e compromissos a saldar, em datas certas, com os salários que recebe, e já por isso tem que fazer verdadeiro malabarismo”. O desembargador entende que as multas estabelecidas em lei ou em normas coletivas não são suficientes para reparar o dano sofrido pelo empregado, em caso de não receber em dia seus salários. “As multas legais e eventuais multas convencionais que tenham sido estabelecidas dirigem-se ao descumprimento da obrigação, a tempo e modo, e não, o que me parece líquido, ao abalo que esse reprovável proceder provoca no íntimo do trabalhador então atingido.” Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 26 Entretanto, o valor pretendido pelo reclamante a título de indenização por dano moral, de R$ 5 mil, foi considerado excessivo pelo relator e pelos demais magistrados que participaram do julgamento. O colegiado fixou a quantia em R$ 2 mil, “montante que tenho por razoável”, argumentou o desembargador Giordani, que levou em consideração o fato de o último salário recebido pelo trabalhador ter sido de R$ 533,41. (Processo 000106-81.2010.5.15.0126 RO) Fonte: www.trt15.jus.br ---------------------------------------------------------------------------------------- Atenção: A Súmula 207 foi cancelada após a data de publicação desta decisão. Considero importante o estudo de como ficará o entendimento atual frente ao cancelamento da súmula 207 do TST. Em Julho de 2009 foi alterado o caput da Lei 7.064/82 que até então só era aplicada aos empregados de empresas de engenharia e arquitetura, empresas da construção civil. Aplicava-se a lei para os empregados que eram contratados no Brasil e transferidos para o exterior. O art. 3º da referida lei manda aplicar o princípio da norma mais favorável. Assim, a lei a ser aplicada será a que for mais favorável ao obreiro. A partir de Julho de 2009, a lei passou a ser aplicada a todos os empregados contratados no Brasil e transferidos por mais de 90 dias para prestar serviços no exterior. Atualmente, deveremos ter o seguinte entendimento: Será aplicada a lei que for mais favorável ao empregado que for contratado no Brasil para prestar serviços por até 90 dias no exterior, em face do cancelamento da súmula 207 do TST e da alteração da lei 7.064 de 1982. Agora, por exemplo. Se o empregado foi contratado na França e continua prestando serviços lá será aplicada a lei do local da execução do contratode trabalho. Vejam o antigo julgado sobre o tema: Empregado que presta serviços no exterior tem direito à aplicação da lei que lhe for mais favorável Data: 24/03/2008 Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 27 Para o caso de trabalhador brasileiro que presta serviços no exterior, a Súmula 207 do TST prevê que a relação trabalhista será regida pelas leis vigentes no país da prestação do serviços, e não por aquelas do local da contratação. Porém, a 1ª Turma do TRT-MG, acompanhando voto do juiz convocado Fernando Luiz Gonçalves Rios Neto, decidiu que esta norma encerra regra geral e não se aplica aos trabalhadores contratados no Brasil por empresas prestadoras de serviços de engenharia para trabalhar no exterior. “Estes são regulados pela Lei 7.064, de 06/12/82, a qual estabelece, em seu artigo 3º, inciso II, que o empregado tem direito à aplicação da legislação brasileira de proteção ao trabalho, quando mais favorável do que a legislação territorial, no conjunto de normas em relação a cada matéria”- ressaltou o juiz. A ré argumentou que havia dois contratos de trabalho com o reclamante, mas que o primeiro tinha por objetivo apenas atender às exigências do Consulado de Angola para obtenção do visto de trabalho, sem produzir quaisquer efeitos. A empresa de engenharia alegou também que o reclamante prestou serviços apenas no exterior, nunca tendo sido transferido para o Brasil e, por isso, não se aplicaria a Lei 7.064/82. Mas, ao examinar a documentação, o relator concluiu que, na realidade, a empresa firmou um único contrato de trabalho com o reclamante, mas formalizou suas condições em dois instrumentos distintos, um no Brasil e outro no exterior. “Assim, como bem decidido pelo Juiz da Vara de origem, deve ser observado o princípio da norma mais favorável, prevalecendo, em caso de cláusulas conflitantes, a que for mais benéfica para o trabalhador que é a brasileira, e não a angolana, como pretende o recorrente”- frisou. Por esses fundamentos, a Turma negou provimento ao recurso, decidindo que a empresa de engenharia deve proceder à anotação na CTPS do reclamante e arcar com o pagamento de todas as parcelas trabalhistas, deferidas pela sentença de acordo com a lei brasileira. Fonte: Portal do TRT/3. Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 28 2.5. Princípios do Processo Civil aplicáveis ao processo do trabalho: Observei nas últimas provas elaboradas pela FCC, uma tendência a bordar os artigos do Processo Civil que se referem aos princípios. Assim, vejamos: Os princípios importantes do processo civil aplicados ao processo do trabalho são: Princípio Inquisitivo ou do Impulso Oficial: Este princípio está consagrado no art. 262 do CPC. No processo do trabalho o art. 765 da CLT permite ao juiz determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento das causas, o que caracteriza o impulso oficial. Art. 262 do CPC O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial. Princípio da Instrumentalidade: O processo não é um fim em si mesmo, mas um instrumento da Justiça. Assim, o processo deverá estar a serviço do direito material, sendo um instrumento para a realização deste. O princípio da instrumentalidade é também conhecido como princípio da finalidade, segundo o qual quando a lei prescrever determinada forma, sem cominar nulidade o juiz considerará válido o ato, se realizado de outro modo lhe alcançar a finalidade (artigos 154 e 244 do CPC). Princípio da Impugnação Especificada: Este princípio está presente no art. 302 do CPC estabelecendo que caberá ao réu manifestar-se sobre os fatos narrados na petição inicial, sob pena de serem considerados verdadeiros os fatos não impugnados. � O ônus atribuído ao réu somente não ocorrerá: a) Quando não for admitida a confissão a respeito dos fatos não impugnados. b) Quando a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei considerar da substância do ato. c) Quando estiverem em contradição com a defesa considerada em seu conjunto. BIZU DE PROVA Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 29 Princípio da Estabilidade da Lide: Segundo Carlos Henrique Bezerra Leite, este princípio informa que se o autor já propôs a sua demanda e deduziu os seus pedidos, e se o réu já foi citado para sobre eles se pronunciar, não poderá mais o autor modificar a sua pretensão sem a anuência do réu e, depois de ultrapassado o momento de defesa, nem mesmo com o consentimento de ambas as partes isto será possível. Princípio da Eventualidade: Este princípio está consagrado no art. 300 do CPC competindo ao réu alegar na contestação toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir. Princípio da Preclusão: O art. 245 do CPC estabelece que a nulidade dos atos deverá ser alegada na primeira oportunidade em que couber à parte falar nos autos, sob pena de preclusão. Este princípio encontra-se expresso no art. 795 da CLT. O parágrafo único do art. 245 traz exceções: A primeira é que a preclusão não será aplicada quando o juiz deva decretar de ofício a nulidade e a segunda exceção ocorrerá quando a parte provar legítimo impedimento para a prática do ato. Princípio da Economia processual: Consiste em obter da prestação jurisdicional o máximo de resultado com o mínimo de esforço, evitando- se gastos desnecessários para os jurisdicionados. Princípio da Perpetuatio Jurisdictionis: Está previsto no art. 87 do CPC, segundo o qual a competência é fixada no momento em que a ação é proposta, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia. Princípio do ônus da Prova: Previsto no art. 333 do CPC e no art. 818 da CLT. Art. 818 da CLT- A prova das alegações incumbe à parte que as fizer. Art. 333 do CPC – O ônus da prova incumbe: I- ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II- ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 30 Princípio da oralidade: Caracteriza-se pela prática de atos processuais verbais, ou seja, pelo uso da palavra oral, principalmente nas audiências, seja pelo Juiz ou pelas partes. Princípio da Lealdade Processual: Impõe aos litigantes uma conduta moral, ética e de respeito mútuo. Está consagrado nos artigos 16, 17 e 18 do CPC. Não poderemos nos esquecer do princípio da congruência, segundo o qual o juiz deverá ao julgar a ação ficar adstrito ao que foi pedido pelo autor em sua petição inicial. 2.6. Questões FCC comentadas: 1. (FCC- Advogado - Nossa Caixa – 2011) Mirto, juiz de direito, indignado com determinadas situações que estão ocorrendo na empresa Z, gostaria de instaurar reclamação plúrima trabalhista. Porém, há um princípio que impede que o magistrado instaure de ofício o processo trabalhista. Trata-se especificamente do princípio (A) da imparcialidade do juiz. (B) do devido processo legal. (C) do contraditório. (D) dispositivo. (E) inquisitório. Comentários: O Princípio da Imparcialidade do Juiz significa que na justa composição do conflitode interesses entre as partes o juiz deverá ser imparcial em seu julgamento. A Constituição Federal para efetivar esta imparcialidade confere à magistratura (art. 95) garantias especiais. O Princípio do Devido Processo Legal (art. 5º, LIV da CF/88) garante que ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. Exemplos de manifestação deste Princípio: a) a leitura da reclamação trabalhista: (art. 847 da CLT); b) a defesa oral/20 minutos; c) as duas propostas de conciliação consubstanciadas nos artigos 850 e 846 da CLT, que será a primeira proposta oferecida antes de receber a contestação e após a abertura da audiência e a segunda proposta oferecida após as razões finais de 10 minutos para cada parte. d) oitiva de testemunhas (art. 848 §2º CLT) e) razões finais em 10 minutos (art. 850 CLT) f) protesto em audiência (art. 795 CLT) Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 31 O Princípio do Contraditório (art. 5º, LV da CF/88) implica na bilateralidade de ação e do processo. Assim, quando uma parte apresenta uma prova, a outra parte poderá manifestar-se sobre a prova apresentada. O Princípio Dispositivo ou da Demanda é, também, chamado de princípio da inércia da jurisdição porque a parte interessada deverá provocar a tutela jurisdicional quando sentir-se lesada ou ameaçada em relação a algum direito. Assim, o juiz não poderá instaurar a ação de ofício, ou seja, ele deverá ser provocado pelas partes. Considero importante mencionar que este princípio está presente no processo civil, porque a FCC, nas últimas provas, como vocês poderão observar pelas questões aqui comentadas, abordou princípios do processo civil aplicáveis ao processo do trabalho. Art. 2º do CPC Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e forma legais. A expressão “nemo iudex sine actore” também reflete o princípio do inquisitivo e significa dizer que sem autor não há jurisdição. 2. (FCC- DPE-RS – 2011) Princípio dispositivo no Direito Processual Civil. Contrapõe-se ao princípio inquisitivo, de modo que ao julgador é vedada iniciativa na produção de provas e na investigação dos fatos da causa, sob pena de comprometimento da sua imparcialidade, buscando-se, no processo civil, apenas a verdade formal, com o reconhecimento do caráter mítico e utópico da verdade real. Comentários: Considero importante trazer esta assertiva de uma prova de processo civil para Defensor Público, porque como já disse a FCC está abordando o processo civil dentro da prova de processo do trabalho. Nesta assertiva a FCC fala do Princípio do Inquisitivo. Os itens destacados estão errados, uma vez que este princípio busca a verdade real. E, o Juiz tem ampla liberdade na direção do processo, podendo determinar a produção de provas que considerar pertinentes para o julgamento da ação. Assim, a assertiva está errada. Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 32 3. (FCC- Técnico Judiciário – área administrativa – TRT 4ª Região – 2011) Em determinada reclamação trabalhista, a empresa reclamada apresentou defesa em audiência. Após a apresentação da defesa, o advogado do reclamante pretende aditar o seu pedido, neste caso o aditamento a) não será mais possível em atenção ao princípio da perpetuatio jurisdictionis. b) não será mais possível em decorrência do princípio da estabilidade da lide. c) não será mais possível, obedecendo-se ao princípio da instrumentalidade. d) será possível se a parte reclamada for novamente intimada em obediência ao princípio do contraditório. e) será possível independentemente de nova intimação da parte reclamada, em obediência ao princípio da verdade real. Comentários: Como já apresentado nos comentários da questão 01 desta aula, vejam o conceito do princípio da estabilidade da lide: Segundo Carlos Henrique Bezerra Leite, este princípio informa que se o autor já propôs a sua demanda e deduziu os seus pedidos, e se o réu já foi citado para sobre eles se pronunciar, não poderá mais o autor modificar a sua pretensão sem a anuência do réu e, depois de ultrapassado o momento de defesa, nem mesmo com o consentimento de ambas as partes isto será possível. 4. (FCC – Técnico Judiciário – área administrativa- TRT 24ª Região – 2011) De acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho, os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas. Este dispositivo retrata especificamente o princípio (A) da instrumentalidade. (B) dispositivo. (C) da estabilidade da lide. (D) inquisitivo. (E) da perpetuatio jurisdictionis. Comentários: Trata-se do princípio do inquisitivo consagrado no art. 262 do CPC e no art. 765 da CLT. O processo civil começará por iniciativa das partes, mas se desenvolverá por impulso oficial. O art. 765 da CLT transcrito no enunciado desta questão estabelece ampla liberdade ao juiz na direção do processo. É bom lembrar que há outras hipóteses que consagram o Princípio do Inquisitivo no processo do trabalho. São elas: a execução promovida de ofício pelo juiz (art. 878 da CLT) e a “instauração de instância” pelo juiz presidente do Tribunal nos casos de greve (art. 856 da CLT). Quanto ao art. 856 da CLT, considero importante mencionar que para o jurista Carlos Henrique Bezerra Leite ele está incompatível com os parágrafos segundo e terceiro do art. 114 da CF/88. Grupo de estudos Concursos TRT - TST PROFESSORA: DEBORAH PAIVA Prof. Deborah Paiva www.pontodosconcursos.com.br 33 5. (FCC – Analista Judiciário - TRT 12ª Região – 2010) O princípio que dispõe que a competência é fixada no momento em que a ação é proposta, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, exceto quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia, é especificamente o princípio a) da estabilidade da lide. b) da perpetuatio jurisdictiones. c) da inafastabilidade de jurisdição. d) do devido processo legal. e) do Juiz natural. Comentários: O art. 87 do CPC estabelece que a competência será determinada no momento em que a ação for proposta, sendo irrelevantes as modificações de fato ou de direito supervenientes. Este artigo reflete o princípio da perpetuatio jurisdictiones. Por hoje é só! Aguardo vocês para a nossa próxima aula. Um forte abraço, Déborah Paiva deborah@pontodosconcursos.com.br professoradeborahpaiva@blogspot.com
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