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Exploração sexual de crianças e adolescentes

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Exploração sexual infanto-juvenil: marcas para a vida 
toda. 
 
1
Ana Gabriela Lima Esmeraldo* 
 Maria Isadora Felix Gomes** 
 Priscila Ribeiro Jeronimo Diniz*** 
 
RESUMO 
O presente artigo tem como objetivo básico abordar os aspectos gerais relacionados ao 
tema da exploração sexual de crianças e adolescentes no Estado do Ceará, juntamente 
com a contribuição que o ECA (Estatuto da Criança e Adolescente) possui na supressão 
e resposta aos casos, que são desde os primórdios da civilização brasileira praticados 
nos mais diferentes espaços norteadores. Tendo como fonte estudos teóricos em livros, 
legislação, noticias panfletos e, principalmente, na pesquisa documental de campo 
realizada pela autora na DDM (Delegacia de Defesa da Mulher), assim como, no 
Conselho Tutelar da cidade de Juazeiro do Norte – Ceará e no CREAS (Centro de 
Referência Especializado de Assistência Social), onde respondem por ampararem as 
crianças e adolescentes vítimas de violência. Tendo em vista que a exploração sexual de 
crianças e adolescentes é um tema de grande relevância social e que a cada dia as 
denúncias só aumentam juntamente com as marcas cada vez mais profundas deixadas 
no corpo e na alma das vítimas, e que juntamente com elas crescem cada vez mais o 
desejo de reverter essa situação tão triste, é com ânsia que as questões preventivas, 
punitivas e inclusivas das vítimas na sociedade estão cada vez mais amplas na 
sociedade. Onde as ONG’s realizam uma função primordial no auxílio à recuperação 
das vítimas nos traumas sofridos. Mesmo que o grande enfrentamento à exploração 
esteja na conscientização social. 
Palavras-chave: infância; violência; exploração 
 
INTRODUÇÃO 
 
Um dos temas que mais gera atrito social é a exploração sexual de crianças e 
adolescentes, comoção essa que vem ganhando cada vez mais repercussão, devido ao 
grande sentimento de repulsa que vem tomando conta das pessoas em relação ao tema, 
que conforme vai repercutindo, vai aumentando as denúncias desse tipo de violência. 
Um problema mundial que diariamente atinge milhares de vítimas de forma silenciosa e 
 
*Acadêmica de Direito do 6° Semestre da Faculdade Paraíso do Ceará. 
** Acadêmica de Direito do 6° Semestre da Faculdade Paraíso do Ceará. 
*** Docente da Faculdade Paraíso do Ceará. Doutoranda em Ciências das religiões. Mestre em Sociologia. Bacharel 
em Ciências Sociais. 
dissimulada. Onde atinge a ambos os sexos, idades e níveis sociais, econômicos, 
religiosos ou culturais. Trata-se de atos com fins sexuais lesivos ao corpo e mente da 
vítima. Onde, ao mesmo tempo, existe uma negligência aos valores universais da 
pessoa, como a igualdade, liberdade, respeito, garantias individuais e dignidade, como 
vem previsto na Lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente, e é justamente 
nessa negligência que as crianças e adolescentes transformam-se nas maiores vítimas de 
exploração, devido a sua maior vulnerabilidade e dependência, muitas vezes até do 
próprio agressor. 
Desse modo, a violência sexual caracteriza-se, como: 
[...] por um ato ou jogo sexual, em um relação heterossexual 
ou homossexual, entre um ou mais adultos e uma criança ou 
adolescente, tendo por finalidade estimular a sexualmente 
esta criança ou adolescente, ou utiliza-la para obter uma 
estimulação sexual sobre sua pessoa ou de outra pessoa 
(AZEVEDO; GUERRA, 1988,p.33). 
Ao conceituar, podemos notar que o autor foi bastante criterioso a respeito do 
tema, pois tratou de forma subjetiva e ampla os aspectos da questão. Deixando claro o 
ato e a finalidade do mesmo. 
1. HISTÓRICO 
Desde 1991, a exploração sexual ocupa um espaço na agenda pública do Ceará. 
Foi quando houve a denúncia de uma rede de exploração e tráfico de crianças e 
adolescentes, foi ai que se deu o início do processo articuloso da sociedade, que cria o 
Fórum Permanente de Combate e Prevenção à Prostituição Infanto-Juvenil, que age 
desde a denúncia até a exigência de providencia por parte das autoridades. 
Em 1993, foi o ano em que o Congresso Nacional decide criar uma CPI 
(Comissão Parlamentar de Inquérito), para colher a responsabilidade devida pela 
exploração e prostituição infanto-juvenil, no Ceará aonde chegaram à conclusão de que 
as crianças não estão na rua se prostituindo, estão lá em busca de sobrevivência. Elas 
vêm, em grande quantidade, da zona do sertão e do litoral e não tem condições de 
moradia, renda, escolha, nem saúde. Houveram ainda, constatações de que membros da 
policia Militar e Civil foram apontados como envolvidos na prática de suborno a 
porteiros de hotéis, boates e motéis e de adulteração dos documentos das meninas para 
que pareçam maiores e assim, facilite o ato exploratório. Diante da grande repercussão 
que essa CPI causou, a Câmara Municipal de Fortaleza inicia a CPI da Prostituição 
Infantil onde deu início a um dossiê que denunciava o turismo sexual existente naquela 
localidade, além de provar a real permanência de uma rede de prostituição em todo o 
estado do Ceara. 
Ainda em 1993 foi criada a Lei 12.242/93, lei essa que impõe aos hospitais que 
criem uma comissão de atendimento e prevenção às violências sofridas pelas crianças e 
adolescentes em todo o estado. Já em 1995, é criada a primeira delegacia especializada 
no combate à exploração de crianças e adolescentes, a DCECA. Em 1997 foi fundado o 
Sistema Nacional de Combate ao Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e 
Adolescentes, onde atuava como fonte de denúncias pelo disque 100. No ano de 2000, 
foi dado origem ao Plano Nacional de Enfrentamento a Violência Sexual contra 
Crianças e Adolescentes, o qual foi reformulado e relançado em 2013. Ainda em 2000, 
o governo federal criou o Programa Sentinela, que tinha função de dar apoio 
psicossocial, educacional e jurídico para as crianças e adolescentes que viviam em 
constante violência sexual, juntamente com as suas respectivas famílias. Assim como, 
foi instituído no dia 18 de maio o Dia Nacional de Luta pelo Fim da Violência Sexual 
de Crianças e Adolescentes. 
Em 2002, o congresso estadual aprova a lei 13.230/02 que desfruta a respeito da 
criação de comissões de atendimento, notificação e prevenção de atos de violência 
sexual nas escolas públicas e privadas de todo o Estado. Em 2003, foi realizada uma 
pesquisa sobre a exploração e o abuso de crianças e adolescentes no Ceará onde revelou 
ser esses acontecimentos uma questão de opressão ao gênero, sendo meninas o principal 
alvo. Com a elaboração do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), entre os anos 
de 2005 a 2009, o Programa Sentinela passou a operar juntamente com o Centro de 
Referência Especializado na Assistência Social, órgão esse que atende toda a precisão 
das vítimas de violência de modo amplo, atividade essa que acabou atingindo o modo 
especializado da política e a qualidade no atendimento das vítimas. Desse modo, os 
municípios do acabaram por dar como responsabilidade ao CREAS, o atendimento as 
vítimas. 
Ao todo foram mais de duas décadas de história de grandes mobilizações a cerca 
desse tema, onde ocorreram diversas CPI’s tanto a nível federal, estadual e municipal. 
Uma coisa boa, pois colocou esse problema na agenda política que provocou 
importantes transformações legislativas. No entanto, não houve ainda um avanço 
quando se fala na punição dos agressores e o rompimento de tantas redes detectadas em 
todo o Estado e nem mesmo a consolidação dos serviços e programas de atendimento as 
vítimas. 
2. COMPREENDENDO O CONCEITO 
A exploração sexual é formada pela utilização de crianças e/ou adolescentes em 
atos de caráter sexual remunerado, como por exemplo,a prostituição infanto-juvenil e a 
pornografia. Vale ressaltar, que para constituir o caráter explorativo não se faz 
necessário a ocorrência de atos sexuais, pode ocorrer na forma de atentado ao pudor, ou 
qualquer outra forma que cause proximidade entre a vítima e o explorador. Foi ainda 
definido no I Congresso Mundial Contra a Exploração Sexual Comercial de Crianças e 
Adolescentes em 1996, como sendo: 
o abuso sexual cometido por adultos com remuneração 
à criança e ao adolescente, onde estes são tratados como 
objeto sexual, uma mercadoria. O Congresso classificou 
a exploração sexual comercial em quatro modalidades: 
tráfico para fins sexuais, prostituição, turismo sexual e 
pornografia. 
O conceito trazido no Congresso nos relata uma triste realidade em que muitas 
crianças e adolescentes vivem, pois nos remete a ideia de que são realmente objetos 
sexuais utilizados por adultos que agem com plena consciência da capacidade lesiva do 
seu ato e que mesmo assim, continuam a pratica-lo sem o menor senso do quão graves 
são as lesões ali deixadas. 
 
3. CATEGORIAS EXPLORATÓRIAS 
a. Tráfico 
Trata-se do incremento da entrada ou saída de crianças/adolescentes em 
território nacional ou estrangeiro para fins de prostituição. Pratica prevista no art. 231 
do Código Penal e nos arts. 83,84,85 e 251 do Estatuto da Criança e do adolescente. 
b. Pornografia 
Tema de difícil discussão pois temos que levar em consideração que os 
conceitos de criança e de prostituição mudam de país para país e diferem principalmente 
de acordo com as convicções morais, culturais, sexuais, sociais e religiosas de cada um, 
onde nem sempre conferem com o que é estabelecido nas legislações. Porém, a 
pornografia infantil é encarada como sendo todo e qualquer aparato audiovisual que 
tenha a atuação de crianças em um contexto sexual ou, segundo a INTERPOL, seria “a 
representação visual da exploração sexual de uma criança, concentrada na atividade 
sexual e nas partes genitais dessa criança”. Então, a prática da produção pornográfica 
com a incrementação de crianças e adolescente integra a exploração sexual, sendo que 
os exploradores são os produtores (fotógrafos e videomakers), intermediários (os 
aliciadores), difusores (os anunciantes) e os consumidores do produto criado. Sendo que 
a grande maioria dos envolvidos, são pedófilos. 
c. Turismo 
Constituído pela exploração sexual de crianças e adolescentes por turistas, em 
geral, vindos de países desenvolvidos ou até mesmo do próprio país, conjuntamente 
com a conivência oriunda da ação direta ou omissão de agências de viagens e de guias 
turísticos, hotéis, bares, restaurantes, barracas de praia, etc, além da cafetinagem ainda 
muito comum no país. Tendo Fortaleza - Ce, como principal alvo de referência na mídia 
internacional, como um dos destinos mais procurados para o turismo sexual. Mesmo 
diante dos fatos, encontramos ainda, as políticas de enfrentamento 
à violência como não sendo uma das prioridades nos orçamentos públicos no âmbito 
estadual e municipal. 
d. Prostituição 
A prostituição infantil consiste na forma mais comum de exploração sexual 
comercial, podendo ser voluntária da pessoa que se dispõe a esta situação. É justamente 
por causa da vulnerabilidade em que tais crianças e adolescentes são submetidas que 
não são consideradas prostitutas(os), mas sim prostituídas(os). Entende-se que, a 
prostituição por ocasionar danos físicos e psicológicos à pessoa, afetando assim, a sua 
individualidade, seu prazer sexual e a sua integridade moral. Transformando assim, a 
pessoa prostituída em um objeto de consumo para o prazer sexual alheio, organizado 
por meio da oferta e da demanda de favores sexuais ou em razão dos princípios 
econômicos dos indivíduos. 
4. EXPLORAÇÃO SEXUAL E O MERCADO DO SEXO 
O chamado mercado do sexo é encarado como um dos mais lucrativos, 
chamado também de “mercado negro” pelo fato de funcionar por normas não 
legalizadas, sem qualquer registro, pagamento de impostos ou emissão de notas fiscais. 
É nesse meio que muitas crianças e adolescentes buscam ganhar a vida como uma 
prática autônoma de trabalho diante de sua família e de ter acesso mais fácil a bens de 
consumo e serviços que lhes proporcione um sentimento mais próximo de presença 
social diante da sociedade. 
Para que exista esse tipo de trabalho comercial, faz-se necessário a criação de 
empresas fantasmas que são criadas para ocultar as atividades sexuais realizadas nesses 
estabelecimentos, que não oferecem os serviços indicados no registro comercial, como 
por exemplo, bares, hotéis, pousadas, etc. Como toda empresa, essas possuem 
mercadorias, ofertas, demanda, troca, venda e lucro. Sendo que, as mercadorias são 
referentes a serviços de caráter sexual. É com a inclusão de crianças e adolescentes 
nesse mercado que nota-se um elevado crescimento, tendo em vista que são 
“mercadorias” de alto valor comercial. 
A declaração aprovada durante o Primeiro Congresso Mundial contra a 
Exploração Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes, realizado em Estocolmo, em 
1996, define a exploração sexual comercial: 
A exploração sexual comercial infantil é todo tipo de atividade em que as redes, usuários 
e pessoas usam o corpo de um menino, menina ou de adolescente para tirar vantagem ou 
proveito de caráter sexual com base numa relação de exploração comercial, de poder e 
declara que a exploração sexual comercial de crianças e adolescentes é um crime contra a 
humanidade (LEAL, 1999). 
A mencionada declaração refere que podem ser identificados os seguintes 
elementos na configuração da exploração sexual infanto-juvenil: Sujeitos (envolverão 
vítima, explorador e o abusador); ação (exploração/abuso) e lucro. 
 Ferreira (2009-2011) afirma que a exploração sexual comercial é uma 
violência sistemática que se apropria comercialmente do corpo, como mercadoria, para 
usufruir lucro. Mesmo inscrito como “autônomo”, sem intermediários, o uso (abuso) do 
corpo, em troca de dinheiro, configura uma mercantilização do sexo e reforça os 
processos simbólicos, imaginários e culturais machistas, patriarcais, discriminatórios e 
autoritários. 
 De acordo com Duarte (2009), fica claro que a exploração, para se consumar, 
necessita de uma relação de poder, pois é o adulto, o mais forte, que se aproveita da 
fragilidade física e psíquica da criança ou adolescente e os oferece como mercadoria no 
comércio sexual. Tal comércio somente ocorre porque existe uma demanda. 
5. QUEM SÃO OS CLIENTES DA EXPLORAÇÃO SEXUAL 
Pode ser qualquer pessoa. No entanto, constituem as partes menos exploradas 
em pesquisas e estudos sobre o tema, os clientes são o lado da dinâmica que demanda e 
ajudam a manter a existência desse tipo de serviço no mercado, ou seja, são os entes 
principais do serviço, pois buscam nas práticas sexuais com crianças e adolescentes 
estímulos pelo elevado valor atribuído socialmente as relações sexuais vinculadas aos 
infanto-juvenis. 
Em 2005 foi realizada no Brasil, uma pesquisa chamada “O perfil do 
caminhoneiro no Brasil” com diversos caminhoneiros, que muitos dos que se envolvem 
com a exploração são homens casados e pais de família que buscam uma vida honesta, 
mas que sofrem com pressões e dificuldades cotidianas oriundas do seu próprio 
trabalho. Mas que 16% dos entrevistados afirmam que aceitam a prostituição infantil, 
mas que o mesmo não aconteceria se o fato fosse em sua família. Ainda justificam-se, 
dizendo que aceitam favores sexuais em troca de refeições ou dinheiro dado para as 
crianças e adolescentes e que isso lhes tem contribuído. 
Essa relação é muitas vezes vista como uma relação explorador-vitimador onde 
traz virtudes comerciaispor meio do serviço prestado que é imposto socialmente por 
conta das condições desfavoráveis que muitas vezes se encontram tais crianças e 
adolescentes. O que conflita com o pensamento dos caminhoneiros envolvidos com a 
exploração infanto-juvenil, que veem esse ato com uma relação de troca mútua entre 
partes que apresentam, por hora, necessidades especificas que podem ser supridas, onde 
todos “lucram” na relação. 
 
6. UM PROBLEMA INVISIVEL? 
A capital do Estado, Fortaleza, é muito conhecida por ser uma das mais belas 
cidades do país, porém também é muito conhecida pelo seu alto grau de incidência no 
quesito turismo sexual. De acordo com a CPI da exploração sexual realizada na cidade 
em 2012, foram apontados 74 pontos de exploração sexual na cidade, que ligam-se a 
dezenas de estabelecimentos comerciais, sendo eles bares, restaurantes, hotéis, pontos 
de taxi, postos de gasolina. Quando se pensa em toda a extensão territorial da cidade, 
podemos notar que a Praia de Iracema tornou-se o cenário histórico do turismo sexual 
na cidade. Como forma de advertir a população a respeito da importância dos canais de 
denúncia, a Fundação da Criança e da Família Cidadã, juntamente com a Secretaria 
Municipal do Trabalho, Desenvolvimento Social e Combate à Fome, criaram a 
campanha “Fortaleza Contra o Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e 
Adolescente” no mês de maio de 2016. 
No entanto, a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Ceará mostra que as 
estatísticas do ano de 2015 foram de 334 denúncias na Delegacia Especializada, sendo 
que o estupro de vulnerável o mais frequente, cerca de 84% dos registros. Quando entre 
os meses de janeiro e abril do ano de 2016, foram atendidos 67 casos do mesmo delito, 
ou seja, houve um aumento de 3,66% de denúncias de crimes contra crianças e 
adolescentes. 
Além disso, segundo o Conselhos Tutelares do Sistema de Informação para a 
Infância e a Adolescência, entre 2011 e 2015, houveram 313 casos de abuso sexual 
infanto-juvenil em todo o Ceará. Sendo que, 129 foram praticados por membros da 
própria família, 180 por pessoas ligadas ao mesmo ciclo social familiar e os demais por 
cuidadores. No entanto, os percentuais levantados no Observatório da Criança e do 
Adolescente juntamente com a Secretaria Especial de Direitos Humanos relatou que 
houve uma redução no número de denúncias feitas pelo disque 100, no Ceará, nos anos 
entre 2011 e 2015. Mas a presidente da Funci, Tânia Gurgel alerta que, “enquanto nós 
tivermos casos registrados, não podemos comemorar. Essas práticas são violações 
danosas aos direitos humanos da criança e do adolescente”. 
Faz-se necessário ressaltar que a questão abordada ainda é envolvida por tabus 
sociais, medos, omissões e até a indiferença por parte de várias outras categorias da 
sociedade atuante. O que dificulta ainda mais a ação estatal em cima do problema. 
 
7. CAUSAS 
Que a exploração sexual de crianças e adolescentes é um fenômeno mundial, nós 
já sabemos. Mas o que nos remete é que constitui uma situação em que não está 
associada apenas à pobreza e a miséria. O que diverge do que grande parte da população 
pensa, mas a exploração sexual está presente em todas as classes sociais e está 
integralmente ligada aos aspectos culturais, onde há uma desigualdade ampla entre os 
homens e as mulheres, assim como, adultos e crianças. Além do desenvolvimento de 
vícios em drogas que introduzem muitas vezes as crianças nessas situações deploráveis 
e de grande necessidade de amparo para que não venham a cair nas imposições da 
dependência química que as conduzem a vender seus corpos para estranhos, em busca 
de meios para a compra de drogas. 
A família também é parte responsável no desenvolvimento do mercado 
exploratório, tendo em vista que algumas dessas famílias não possuem uma base 
familiar solida, e sofrem muitas vezes com os conflitos que existem no ambiente 
familiar, e com tal desamparo as crianças e adolescentes se encontram em condições 
precárias, buscando então, lugares que possam se agenciar a exploração sexual, como 
forma de tentativa de fugir ou se ver livre de tais opressões e maus tratos. Sendo que, a 
realidade brasileira mostra que a idade média de adolescentes submetidos a essa prática 
varia de 10 e 19 anos, podendo ser tanto do sexo feminino quanto do masculino, 
pertencentes a todas as classes sociais e étnicas. 
 
8. EFEITOS DA OFENSA SEXUAL 
Vale salientar que as consequências na vida da criança e do adolescente varia: da 
vergonha ao sofrimento psíquico. O que nos auxilia a entender de forma mais clara a 
forma preocupante de que toda forma de “violência sexual contra crianças e 
adolescente” remete às vítimas, comprometendo o seu crescimento sexual e psíquico em 
desenvolvimento. “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons” 
(Martin Luther King). 
 
9. RESPONSABILIZAÇÃO DOS AGRESSORES 
A ausência de previsão legal (tipificação) para determinadas condutas 
configurava-se como grande empasse na responsabilização criminal dos exploradores. 
No entanto, o legislador brasileiro tem buscado melhorar as normas aplicáveis aos 
crimes de exploração sexual comercial. A edição da Lei 11.829/08, modificou o art. 241 
e introduziu no ECA os arts. 241-“A”, “B”, “C”, “D”, “E”, relativos à pornografia e 
cenas de sexo explícito, sendo assim imprescindível para a punição dos indivíduos que 
utilizam da internet como meio de uso para seus finalidades ilícitos. 
 Outra mudança importante foi a inserção no Código Penal, pela lei 12.015/09, 
do art. 218-B, onde fala sobre “Favorecimento da Prostituição ou outra forma de 
exploração sexual de vulnerável”. Em seu §2º, do referido dispositivo traz de forma 
expressa a conduta do sujeito ativo, dizendo que incide no crime “quem pratica 
conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 anos, na situação 
descrita no caput do artigo”. Tal previsão põe fim a discussão em torno do art. 244-A, 
do ECA (tacitamente revogado no nosso entendimento), que levou muitos abusadores à 
impunidade, pois alguns entendimentos eram no sentido de que o sujeito que fazia o 
programa sexual não cometia o crime, uma vez que a expressão/verbo “submeter” 
compreendia apenas o terceiro que levava a vítima à exploração e não o cliente. 
 Cabe ainda salientar que, de acordo com (NUCCI, 2009, p. 55), o sujeito 
passivo do crime previsto no citado art. 218-B, do Código Penal, “é o maior de 18 anos 
e menor de 14 anos (afinal, qualquer exploração sexual de menor de 14 anos, configura 
estupro de vulnerável, ainda que na forma de participação)”. O estupro de vulnerável 
está previsto no art. 217-A, do Código Penal e também foi pela Lei 12.015/09 
 
CONCLUSÃO. 
Após todo o estudo e análises realizadas e apresentados, constata-se que cada 
vez mais se faz necessário o aprimoramento e avanço das garantias sociais para que as 
crianças e adolescente não continuem sendo ainda levados para a exploração sexual 
comercial. É natural que a população como um todo e, até mesmo profissionais ou 
estudantes do direito, que exponham ideias “milagrosas” ou soluções básicas de 
resolução do mérito da questão da violência infanto-juvenil. Muito embora, ao pararmos 
para fazer uma análise minuciosa sobre o tema e sobre os fatores contidos nesse tipo de 
violência, sabemos que, sem a aplicação de políticas públicas severas, integradas e 
comprometidas, pouco se pode fazer a respeito. 
Embora diversos autores afirmarem que a pobreza não é considerada uma causa 
determinante para que crianças e adolescentes sejam explorados, é certo que esse é 
justamente um dos fatores que tornam a população, como um todo, vulnerável à 
exploração, de modo que a práticasatisfaça as suas necessidades mais básicas e 
fundamentais: saúde, alimentação, laser, educação, etc., devendo estar sempre inseridas 
em qualquer projeto que venha a ter como finalidade a intervenção eficaz na exploração 
sexual comercial. 
Além da implementação de ações de cunho preventivo voltadas para a satisfação 
das necessidades básicas referidas e programas que tenham como objetivo dar todo o 
amparo e atenção integral desde a primeira infância. Uma vez que a prática abrange 
suas respectivas famílias, auxiliando-as para que as crianças possam ter suas 
necessidades afetivas e limites atendidos, assim como, com a atuação de profissionais 
das mais diversas áreas da saúde nas residências, detectando qualquer grau de violência 
(negligencia, abuso sexual, maus-tratos) e encaminhando-as para o seu devido 
tratamento, diminuindo os possíveis riscos de um ingresso na exploração. 
 
REFERÊNCIAS: 
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atendimento às vitimas de violência sexual. 2013. Disponível em: 
<http://www.cedecaceara.org.br/v2/wp-content/uploads/2013/12/Miolo-
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Acesso em: 26 fev. 2017. 
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<http://deolhonocariri.com.br/outros/acao-de-combate-ao-abuso-e-exploracao-de-
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<http://www.namaocerta.org.br/pdf/perfildocaminhoneiro.pdf>. Acesso em: 04 mar. 
2017. 
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