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Renata Moreira Lopes Paulo César Machado Feitosa Economia Renata Moreira Lopes Paulo César Machado Feitosa ECONOMIA Belo Horizonte Novembro de 2015 COPYRIGHT © 2015 GRUPO ĂNIMA EDUCAÇÃO Todos os direitos reservados ao: Grupo Ănima Educação Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610/98. Nenhuma parte deste livro, sem prévia autorização por escrito da detentora dos direitos, poderá ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravações ou quaisquer outros. Edição Grupo Ănima Educação Vice Presidência Arthur Sperandeo de Macedo Coordenação de Produção Gislene Garcia Nora de Oliveira Ilustração e Capa Alexandre de Souza Paz Monsserrate Leonardo Antonio Aguiar Equipe EaD Conheça a Autora Renata Moreira Lopes. Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Federal de Minas Gerais, graduada em Administração pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e Mestre em Administração pela FEAD- MG. Atualmente é professora do Centro Universitário UNA. Tem experiência como professora em graduação, pós-graduação e EAD. Atua na área de Economia (Economia e Mercado, Microeconomia, Macroeconomia), da qual ministrou aulas presenciais e de EAD. Conheça o Autor Paulo César Machado Feitosa é Mestre pela EAESP-FGV, área de concentração Economia Aplicada e Graduado em Administração pela FACE/UFMG. Desde 1993 é Professor de Teoria Macroeconômica I, Economia Monetária e Economia Industrial no Curso de Ciências Econômicas da Faculdade de Ciências Econômicas do Centro Universitário União de Negócios e Administração. Já atuou como Professor de Teoria Macroeconômica - Curso de Pós-Graduação em Economia do Banco Central do Brasil em Belo Horizonte e PUC/ MG. Também atuou no Banco Central do Brasil (BCB); Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais; Secretaria de Planejamento e Coordenação Geral do Estado de Minas Gerais; Empresa de Processamento de Dados do Estado de Minas Gerais S.A.- PRODEMGE. Prezado (a) aluno (a): O objetivo desse curso é apresentar o estudo da economia. Você aprenderá conceitos econômicos básicos, mas, ao mesmo tempo, essenciais para o entendimento da disciplina. O estudo e entendimento da economia são de grande importância para todo cidadão, pois se trata de uma ciência muito abrangente e que impacta diretamente na vida de toda uma sociedade. Compreender a economia é fundamental para que você possa entender o mundo no qual vive, além de ajudá-lo no processo de tomada de decisão na vida pessoal e profissional. Outro fator importante é que quando estuda-se a economia, você vai verificar uma grande ampliação no seu conhecimento de país e de mundo, além de entender as decisões dos governantes quanto às mudanças de estratégias adotadas e seus resultados na vida de cada cidadão. A Ciência Econômica estuda formas de distribuir, da melhor maneira possível, os recursos que são escassos para todos os indivíduos. Esse estudo é dividido em dois ramos: Microeconomia e Macroeconomia. A Microeconomia vai se dedicar ao estudo do comportamento dos consumidores e produtores dentro do mercado de bens e serviços. Já a Macroeconomia vai tratar do estudo da economia de forma global, como um todo. A partir desse material, você entenderá as forças de oferta e demanda que acontecem no mercado e como elas afetam os preços e as decisões de consumo. Aprenderá também como as empresas tomam decisões a partir do levantamento dos custos dos fatores produtivos, importantes na formação de preço de um produto. Apresentação da disciplina Compreenderá ainda que o funcionamento dos mercados competitivos e das outras formas de mercado contam somente com um único vendedor ou poucos vendedores, afetando o bem-estar econômico. E, por fim, abordaremos o funcionamento das políticas macroeconômicas, como as políticas fiscal, monetária e cambial. Além disso, saberemos como elas interferem na inflação, no desemprego e no crescimento econômico de um país. Espero que aproveite o curso e utilize seus conhecimentos a partir de agora, tanto no seu dia a dia, ao decidir sobre consumo e investimento, quanto no seu trabalho, a partir das forças que regem a economia. UNIDADE 1 003 Conceitos iniciais 004 O conceito de economia e sua relação com a escassez 005 A escassez e os problemas econômicos 006 A escassez e o custo de oportunidade 008 Os fatores de produção e a fronteira de possibilidade de produção 010 Fluxos econômicos numa economia de mercado 012 Revisão 016 UNIDADE 2 018 Oferta, demanda e mercado 019 Mercados e competição 021 Demanda 022 Oferta 026 Ofertas e demanda reunidas - equilíbrio de mercado 029 Revisão 032 UNIDADE 3 035 Elasticidade da demanda da oferta 036 Elasticidade-preço da demanda 037 Fatores que interferem na elasticidade-preço da demanda: 039 A elasticidade-cruzada da demanda 042 A elasticidade-renda demanda 044 A elasticidade da oferta 045 Revisão 047 UNIDADE 4 049 A empresa: produção, custos e lucros 050 Empresas 051 Função de produção: curto e longo prazo 052 Custos contábeis e custos explícitos 057 Lucro econômico 057 Revisão 060 UNIDADE 5 062 Estruturas de mercado 063 Estrutura de mercado 066 As caractereisticas específicas de concorrência perfeita 073 O Monopólio 081 O Oligopólio 084 Revisão 090 UNIDADE 6 093 Principais conceitos macroeconômicos 094 A distinção Micro e Macroeconômica 098 Os fundamentos microeconômicos da Macroeconomia 101 O surgimento da Macroeconomia e o princípio da demanda efetiva 102 As principais variáveis e os problemas-chave da Macroeconomia 104 Estrutura básica do modelo macroeconômico 110 Inflação e Sistema de Metas de Inflação 112 Contabilidade Nacional – Medindo o PIB ou Avaliando o Nível de Atividade Econômica 115 A renda nacional 121 Despesa nacional 124 Revisão 129 UNIDADE 7 132 Política fiscal e monetária 133 A importância econômica (e crescente) do governo 137 Política macroeconômica: conceito, objetivos e principais instrumentos 141 Variáveis relacionadas à política fiscal 157 Indicadores monetários 159 Indicadores conceitos relativos ao setor externo 160 Política monetária - observações adicionais 162 Revisão 167 UNIDADE 8 171 Economia Internacional 172 Um sobrevoo sobre nosso conteúdo 172 Uma visão paronâmica pelas teorias de comércio internacional e sua evolução 176 O balanço de pagamentos 182 Conceito de câmbio 190 Política cambial 193 Mercado de câmbio 194 Revisão 197 REFERÊNCIAS 199 Conceitos iniciais • O conceito de economia e sua relação com a escassez • A escassez e os problemas econômicos • A escassez e o custo de oportunidade • Os fatores de produção e a fronteira de possibilidade de produção • Fluxos econômicos numa economia de mercado • Revisão Introdução Nesta unidade, estudaremos alguns conceitos econômicos essenciais para o entendimento de todo o restante do material. Será abordado inicialmente o conceito de economia e a sua utilização na vida diária e profissional de todos os cidadãos. O estudo da economia é muito importante, pois veio para ajudar o indivíduo e sociedade a fazerem escolhas e decidirem a melhor maneira para utilizar os recursos que são escassos, de forma a atender as suas necessidades. Você entenderá que na economia sempre existirá uma escolha a ser feita. Isso porque há diversas opções possíveis em nossa vida. E toda a escolha implica em uma renúncia. Por exemplo: para poder se dedicar ao estudo e tirar boas notas, você terá que renunciar a muitos convites de festas e baladas. Outraabordagem são os fatores utilizados na produção e como as empresas fazem sua melhor alocação e observam seus custos de forma a otimizar seus ganhos, conseguindo se manter no mercado de forma competitiva e lucrativa. E, ao final, você descobrirá como funciona o mercado econômico e a geração de renda. Nesse processo é essencial a presença das famílias como consumidores e das empresas como vendedores, para que haja melhor distribuição dos fatores produtivos, fluxo do dinheiro, geração de riqueza e crescimento econômico. ECONOMIA unidade 1 005 Os recursos existentes no mundo são escassos e as necessidades e desejos humanos são ilimitados. O conceito de economia e sua relação com a escassez Os recursos existentes no mundo são escassos e as necessidades e desejos humanos são ilimitados. Dessa forma, o indivíduo irá sempre deparar-se com escolhas para atender às suas necessidades da melhor maneira. Para adquirir os bens e serviços necessários para atender aos seus desejos, as pessoas se ocupam de atividades produtivas, são remuneradas e essa renda limitará o seu consumo. Dessa forma, as escolhas devem ser bem feitas para que o indivíduo alcance o nível de bem-estar material mais alto possível a partir dos recursos que tem disponível. Segundo Vasconcellos (2006): A palavra economia vem do grego oikos (casa) e nomos (norma, lei). Portanto, ‘administração da casa’, ou seja, através do estudo da economia, você vai entender como são distribuídos os recursos que são escassos de forma a atender as necessidades de cada indivíduo e da sociedade como um todo. Pode- se dizer que o objeto de estudo da ciência econômica é a questão da escassez, ou seja, como ‘economizar’ recursos. (VASCONCELLOS, 2006, p. 3). TROSTER e MOCHÓN (2006, p. 5), por sua vez, definem a importância do estudo da economia da seguinte forma: “A economia estuda a maneira como se administram os recursos escassos, com o objetivo de produzir bens e serviços e distribuí-los para seu consumo entre os membros da sociedade.” ECONOMIA unidade 1 006 Quando os preços dos produtos se elevam e não é possível ter renda suficiente para arcar com os novos preços, é necessário fazer alterações no estilo de vida para adaptar-se às novas realidades. FIGURA1 - Recursos escassos na economia Fonte: http://humortadela.bol.uol.com.br/ busca?inputBuscaSite=economia. Acessado em 23- 10-2014. Essa charge ilustra a escassez dos bens e como o indivíduo se adapta a esse fato. Quando os preços dos produtos se elevam e não é possível ter renda suficiente para arcar com os novos preços, é necessário fazer alterações no estilo de vida para adaptar-se às novas realidades. A escassez e os problemas econômicos Como os recursos não estão disponíveis para todos, as sociedades se organizam para responder a três problemas econômicos que são essenciais: 1. O que e quanto produzir? A sociedade deverá decidir em que se especializar para produzir melhor e quanto deverá ser produzido. Ex.: O país produzirá mais soja ou mais café? 2. Como produzir? Obtenção de eficiência produtiva no que foi escolhido. Ex.: Qual tecnologia será envolvida nessa produção? ECONOMIA unidade 1 007 Em geral, os mercados levam à eficiência na utilização dos recursos. 3. Para quem? Decisão relacionada a quem será destinada a produção. Ex.: Região nordeste ou sul? Mercado externo ou interno? A partir dessas decisões, haverá uma especialização da economia e o país produzirá em maior quantidade e com eficiência, aproveitando melhor os recursos que são escassos, relacionando-se com os países estrangeiros, fazendo troca de produtos, atendendo às necessidades da sociedade e buscando uma melhor distribuição de renda e geração de riqueza entre os indivíduos. Os governos, muitas vezes, intervêm nessas decisões que podem alterar a estrutura econômica de um país e formar a sua economia de mercado ou simplesmente podem deixar o mercado se autorregular, mediante as relações existentes entre consumidores e produtores. Conforme KRUGMAN (2007, p. 12), “para os economistas, os recursos de uma economia são usados eficientemente quando conseguem explorar plenamente todas as oportunidades de melhorar a situação de cada um, atendendo aos objetivos da sociedade” Em geral, os mercados levam à eficiência na utilização dos recursos. Vejamos um exemplo: uma determinada indústria automobilística vende carros que apresentam diversos problemas mecânicos, fazendo com que seus donos busquem oficinas para fazerem os reparos nos veículos. Se esse problema não for resolvido, o que acontecerá com a venda de carros dessa marca? Provavelmente haverá uma queda brusca, pois os futuros compradores de carro obterão informações quanto à qualidade dos carros, o que pode levar ao fechamento dessa fábrica. Por isso, podemos dizer que o próprio mercado seleciona os produtores que são mais eficientes e que oferecem maior bem- estar. Quando falamos de um mercado competitivo, ou seja, um ECONOMIA unidade 1 008 Todo ser humano se depara com escolhas no seu dia a dia. Ao entrar para a faculdade, você deve ter se deparado com dúvidas relacionadas ao curso escolhido. mercado no qual existem muitos produtores, aqueles que não conseguem sobressair são excluídos. Às vezes, quando o mercado não consegue ser eficiente para atender aos anseios da sociedade, os governos podem decidir por intervir e alterar as formas como os recursos da sociedade estão sendo utilizados. Por exemplo: se um shopping é construído em uma determinada região, gerando grandes congestionamentos no trânsito, podem ser construídos viadutos, ampliadas as ruas em torno, utilizadas saídas alternativas, reduzindo os congestionamentos e fazendo com que o trânsito flua de forma mais eficiente. Portanto, é muito importante que a sociedade saiba identificar o mau funcionamento dos mercados, exigindo políticas públicas que sejam mais adequadas a cada situação, otimizando assim o bem- estar dos indivíduos. A escassez e o custo de oportunidade Todo ser humano se depara com escolhas no seu dia a dia. Ao entrar para a faculdade, você deve ter se deparado com dúvidas relacionadas ao curso escolhido. Será que estou fazendo uma boa escolha? Vou gostar desse curso? Vou conseguir um bom emprego e ser bem remunerado ao final desse curso? Esses são exemplos de dúvidas que devem ter passado pela sua cabeça e você deve estar se perguntando: qual é a relação que isso tem com o estudo da economia? Um problema econômico é a escassez, que pode ser de renda, de tempo, de recursos produtivos. E essa escassez pode ser cada vez maior se o indivíduo tiver o desejo de adquirir uma ECONOMIA unidade 1 009 Na economia, esse custo é chamado de custo de oportunidade, que é definido como a quantidade de bens ou serviços que devem ser renunciados para a obtenção daquele escolhido. quantidade de bens e serviços bem maior que a disponibilidade, de acordo com TROSTER e MÓCHON (2006). Ao fazer uma escolha, uma renúncia necessariamente acontecerá. Voltando ao exemplo da faculdade, observe que os benefícios que você obterá com essa escolha são inquestionáveis, como o enriquecimento intelectual e melhores oportunidades de emprego. Mas, quais são os custos relacionados a essa escolha? Você vai pensar no custo dos livros, transporte, alimentação, mensalidade. Entretanto, não estou falando somente desses custos. E o tempo que você passa em sala de aula e estudando em casa? Você poderia estar, por exemplo, trabalhando ou descansando nesseperíodo. Caso houvesse a possibilidade de trabalhar no horário da aula, o salário que você deixa de ganhar pode ser considerado como um custo da sua educação. Na economia, esse custo é chamado de custo de oportunidade, que é definido como a quantidade de bens ou serviços que devem ser renunciados para a obtenção daquele escolhido. FIGURA 2 - Custo de oportunidade Fonte: http://economia-a.blogspot.com.br/2012/03/o-custo-de- oportunidade.html. Acesso em: 19/12/2014. ECONOMIA unidade 1 010 E não somente o indivíduo, mas as empresas se deparam com essas escolhas diariamente, e vão gerando custo de oportunidade. A figura anterior apresenta uma decisão de escolhas: estudar mais um pouco ou parar e fazer um lanche. Ela não pode fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Se a estudante optar por continuar estudando, o custo de oportunidade seria deixar de fazer o lanche e dessa forma, continuar com fome. Caso ela opte por fazer o lanche, o custo de oportunidade seria parar de estudar e assim o seu tempo de estudo seria reduzido. E não somente o indivíduo, mas as empresas se deparam com essas escolhas diariamente, e vão gerando custo de oportunidade. Uma empresa, por exemplo, ao dedicar o seu investimento em um determinado produto, está abrindo mão de investir em outros que poderiam ser produzidos. Os fatores de produção e a fronteira de possibilidade de produção Para atender às necessidades humanas, as empresas produzem bens e serviços e, ao fazê-lo, precisam dos chamados recursos ou fatores produtivos, que serão combinados ao longo do processo produtivo. De acordo com VICECONTI e NEVES (2005), os fatores de produção são classificados como: 1. Terra ou Recursos naturais: o que for fornecido pela natureza e é utilizado na produção. 2. Trabalho: o tempo e a capacidade intelectual de um indivíduo dedicado à atividade produtiva. 3. Capital: é o chamado estoque de capital e contempla os investimentos realizados em edificações, maquinário e ECONOMIA unidade 1 011 instalações necessárias à produção dos bens. Para ajudar na decisão do o que, quanto, como e para quem produzir, observando a questão da escassez dos recursos, utilizaremos o conceito de curva ou fronteira de possibilidade de produção. A curva ou fronteira de possibilidade de produção demonstrará as opções que são oferecidas à sociedade e a necessidade de escolha. Ao optar por produzir um determinado bem, uma renúncia será feita (custo de oportunidade). De acordo com o quadro abaixo, podemos exemplificar a possibilidade de produção. QUADRO 1 - Custo de Oportunidade *Unidades de trigo que não devem ser produzidas para obter-se uma unidade adicional de algodão. Fonte: TROSTER; MÓCHON, 2002, p. 15. Opção Algodão Trigo Custo de oportunidade* A 0 7,5 B 1 7,0 0,5 C 2 6,0 1,0 D 3 4,5 1,5 E 4 2,5 2,0 F 5 0,0 2,5 ECONOMIA unidade 1 012 GRÁFICO 1 - A curva ou fronteira de possibilidade de produção TRIGO ALGODÃO A B C D E F 7,5 7,0 6,0 4,5 2,5 1 2 3 4 5 Fonte: TROSTER; MÓCHON, 2002, p. 15. A curva reflete as opções oferecidas à sociedade e as possíveis escolhas, lembrando que a maior produção de um bem implica na menor produção do segundo bem. Nesse exemplo, o custo de oportunidade de uma unidade de algodão é o número de unidades de trigo que é preciso deixar de produzir para obtê-la. Fluxos econômicos numa economia de mercado Ao verificarmos a versão simplificada do funcionamento de economia de mercado, conforme VICECONTI e NEVES (2005), é necessário fazer a distinção de dois agentes econômicos fundamentais: as unidades produtivas ou empresas e as unidades consumidoras ou famílias. As famílias, proprietárias do fator de produção Trabalho, utilizam ECONOMIA unidade 1 013 os salários (renda originária da cessão de seu uso para empresas) para comprar os bens e serviços que produzidos pelas empresas, a fim de satisfazerem suas necessidades. FIGURA 3 – Fluxo de bens e serviços e dos fatores produtivos e dos pagamentos monetários P agam entos monetários pelos produtos FLUXO DE PRODUTOS Famílias • Consomem bens e serviços finais produzidos pelas empresas • Fornecem fatores produtivos para as empresas Empresas • Fornecem bens e serviços aos consumidores • Utilizam fatores produtivos fornecidos pelas famílias FLUXO MONETÁRIO FATORES PRODUTIVOS FLUXO MONETÁRIO Terra, trabalho e capital Pagamentos monetários pelos fatores produtivos Fonte: TROSTER; MÓCHON, 2002, p. 46. _____ Fluxos reais ......... Fluxos monetários O mercado econômico funcionará somente com o funcionamento desse fluxo, ou seja, é essencial que haja um consumo e uma oferta de mão de obra por parte das famílias e de produção de bens e serviços e pagamento dos salários por parte das empresas. ECONOMIA unidade 1 014 O que é custo de oportunidade? 20/12/2010 por RAFAEL SEABRA | EDUCAÇÃO FINANCEIRA21 http://queroficarr ico.com/blog/2010/12/20/o-que-e-custo-de- oportunidade/ Acessado em 23-10-14 Comprar alguma coisa que queremos muito é extremamente prazeroso. Melhor ainda quando esse bem cabe sem sufoco no nosso orçamento. Existem vários perfis de compradores, desde os inconsequentes (“ah, vou comprar e depois vejo como vou pagar”) até aqueles que colocam na ponta do lápis pra saber se essa aquisição é mesmo viável. Entretanto, independe do perfil, 99,9% dos consumidores não levam em consideração o custo de oportunidade. O propósito desse artigo é discutir sobre esse importante fator a ser considerado em qualquer aquisição que fizermos, até mesmo para escolher opções de investimentos. Definição Segundo o Wikipedia: O custo de oportunidade é um termo usado em economia para indicar o custo de algo em termos de uma oportunidade renunciada, ou seja, o custo, até mesmo social, causado pela renúncia do ente econômico, bem como os benefícios que poderiam ser obtidos a partir desta oportunidade renunciada ou, ainda, a mais alta renda gerada em alguma aplicação alternativa. Em outras palavras, quando decidimos comprar um determinado bem, alocando assim parte do nosso capital para adquiri-lo, estamos abrindo mão (renunciando) de investir esse dinheiro numa aplicação financeira (oportunidade renunciada), deixando assim de obter o maior retorno financeiro possível. Comprar alguma coisa que queremos muito é extremamente prazeroso. Melhor ainda quando esse bem cabe sem sufoco no nosso orçamento. ECONOMIA unidade 1 015 Exemplos Existe uma infinidade de exemplos para custos de oportunidade, mas gosto muito de utilizar a aquisição de um automóvel, por ser algo muito corriqueiro em nossas vidas, pois muitos adoram comprar um carro novo. Quando você decide ir à concessionária e pagar, digamos, R$ 30 mil num veículo, você não está apenas imobilizando R$ 30 mil do seu patrimônio (na verdade, será menos que isso, pois o valor do carro cai consideravelmente assim que sai da loja) ou R$ 250 de combustível mensalmente ou R$ 150 do seguro rateado em 12 meses ou todos os outros gastos para manter o bem. Além de tudo isso, você também está deliberadamente abrindo mão (renunciando) de receber aproximadamente R$ 240 mensalmente enquanto tiver o carro. Ao optar por comprar o carro e renunciar a rentabilidade desse capital investido hipoteticamente em títulos públicos, a uma taxa líquida de 0,8% ao mês (R$ 30.000 * 0,008 = R$ 240,00), devemos passar a considerar esse custo de oportunidadedentre os gastos com o automóvel. Nem tudo é apenas o lado financeiro… A finalidade de calcular o custo de oportunidade dos bens mais valiosos que possuímos (imóvel, carro, casa de praia, entre outros) é sabermos o quanto estamos deixando de ganhar (financeiramente) para termos aquele objeto de desejo (que nos faz ganhar de outras formas). Como o subtítulo sugere, não devemos considerar sempre o lado financeiro para tomar nossas decisões, mas é importante saber o que estamos renunciando para ter aquele bem desejado. Feitas as contas, orçamento adequado e disposto a abrir mão dessa rentabilidade para adquirir o tão sonhado carro ou casa de praia? Não pense duas vezes! É assim que faz um consumidor consciente. Fonte: SEABRA, Rafael. O que é custo de oportunidade?. 20 dez. 2010. Disponível em: http://queroficarrico.com/blog/2010/12/20/o-que-e-custo-de-oportunidade/>. Acesso em: 01 dez. 2014. Como o subtítulo sugere, não devemos considerar sempre o lado financeiro para tomar nossas decisões, mas é importante saber o que estamos renunciando para ter aquele bem desejado. ECONOMIA unidade 1 016 Como os recursos não estão disponíveis para todos, as sociedades se organizam para responder a três problemas econômicos que são essenciais: o que e quanto, como e para quem produzir. Revisão A economia estuda como administrar os recursos disponíveis, com o objetivo de produzir bens diversos e distribuí-los para consumo entre os membros da sociedade. A escassez não é um problema tecnológico, mas de disparidade entre desejos humanos e meios disponíveis. Uma vez satisfeitas as necessidades, surgem novos desejos. Como os recursos não estão disponíveis para todos, as sociedades se organizam para responder a três problemas econômicos que são essenciais: o que e quanto, como e para quem produzir. O custo de oportunidade que ocorre ao produzir um produto é ao que se deve renunciar em termos de outros bens que deixam de ser produzidos com os mesmos recursos. Os recursos ou fatores produtivos são insumos utilizados na produção de um bem e são divididos em três grandes grupos: terra, trabalho e capital. A fronteira de possibilidades de produção é côncava em relação à origem. Isso porque o custo de oportunidade aumenta conforme continua o processo de substituição da produção de um bem ou serviço pela produção de outro. A curva ou fronteira de possibilidade de produção vai demonstrar as opções que são oferecidas à sociedade e à necessidade de escolha. Por mercado, entende-se tratar de uma instituição social na qual os bens e serviços são trocados de maneira livre e voluntária. O mercado econômico funciona da seguinte forma: as famílias (proprietárias do fator de produção Trabalho) utilizam os salários ECONOMIA unidade 1 017 (renda originária da cessão de seu uso para empresas) para comprar os bens e serviços que essas empresas, a fim de satisfazerem suas necessidades. Olá, aluno! Este vídeo é muito interessante, pois aborda resumidamente os conceitos introdutórios vistos nesta unidade. Não deixe de acessá-lo, pois trata-se de uma fonte complementar aos seus estudos! ECONOMIA DESCOMPLICADA (PROGRAMA 01). Postado por: Saber mais na web. (05 min. 55 seg.): son. color. Port. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=lsg3UziSd54>. Acesso em: 01 dez. 2014. Oferta, Demanda e Mercado • Mercados e competição • Demanda • Oferta • Oferta e Demanda Reunidas – Equilíbrio de Mercado • Revisão Introdução Nesta unidade, analisaremos o modelo de oferta e demanda, muito importante para o funcionamento da economia, pois por meio dele conseguimos entender o funcionamento dos mercados. Existe uma relação direta entre a oferta, a demanda e a alteração nos preços de venda dos produtos. Supomos que você possui uma loja de eletrodomésticos e aumentou o seu estoque de ventiladores já pensando na demanda pelo produto no período do verão. Entretanto, devido à forte seca, o calor tornou-se mais intenso mesmo na primavera e você já vendeu praticamente metade do estoque que você tinha adquirido para o verão. Você entra em contato com o fornecedor, mas ele informa que somente conseguirá fornecer mais ventiladores no mês de fevereiro do próximo ano, pois ele também não está conseguindo atender à demanda. O que você pode fazer nesse momento? Continuar vendendo os ventiladores pelo preço inicial e aguardar até fevereiro para receber mais equipamentos ou aumentar o preço e conseguir obter uma maior lucratividade, devido à alta demanda por esse produto? Tenho certeza que você optará por aumentar os preços, tentando assim garantir um maior lucro nas vendas, por causa do aumento excessivo da procura pelo ventilador. É assim que ocorre na maioria das vezes quando temos excesso de demanda em um determinado mercado e o inverso ocorre, ou seja, quando a oferta é excessiva. Vamos analisar essas relações e entender por que os preços alteram quando falamos de um mercado competitivo. Portanto, nesta unidade, você terá a oportunidade de estudar o conceito de oferta e o de demanda e a relação existente entre eles. A partir disso, constatará que esses conceitos são completamente aplicáveis no nosso dia a dia. Também analisaremos outros fatores que interferem na oferta e na demanda, fazendo com que haja deslocamentos nas mesmas, demonstrando alterações nas quantidades. E, ao final da unidade, será estudado o conceito de equilíbrio entre oferta e demanda e como isso afeta os preços dos produtos no mercado econômico. ECONOMIA unidade 2 021 São a oferta e a demanda juntas que fazem funcionar uma economia. Mercados e competição Agora vamos entender o funcionamento do mercado econômico de acordo com a oferta e a demanda que acontece apenas no mercado competitivo. São a oferta e a demanda juntas que fazem funcionar uma economia. E é por meio dessa interação que se determina a quantidade a ser produzida e o preço dos produtos. O mercado competitivo, como será estudado mais adiante, é aquele no qual existe um grande número de vendedores e compradores e nenhum deles, individualmente, consegue exercer alguma influência sobre os preços. FIGURA 4 – Mercado Competitivo Fonte: AAFFonso. O valor do amor. A ilustração acima mostra, de forma cômica, como ocorre a concorrência no mercado competitivo. ECONOMIA unidade 2 022 A quantidade demandada irá variar de acordo com o seu preço de venda. Demanda Para iniciar esse estudo, vamos verificar o comportamento dos compradores ou demandantes. Conforme descrito por MANKIW (2009, p. 67), “a quantidade demandada de um bem qualquer é a quantidade desse bem que os compradores desejam e podem comprar”. A quantidade demandada irá variar de acordo com o seu preço de venda. Quanto menor o preço de um produto, maior será a quantidade demandada e quanto maior o preço de um produto, menor será a quantidade demandada. Essa é a chamada lei da demanda. A lei da demanda apresenta essa relação inversa entre preço e quantidade, porque quando o preço de um bem aumenta, alguns consumidores deixarão de adquiri-los e outros irão trocá-lo por outro bem que esteja à altura. Ex.: se o preço do tomate subir, os consumidores podem simplesmente deixar de consumi-lo ou trocá- lo por outro legume. A curva da demanda Conforme demonstrado na tabela abaixo, quanto maior for o preço de um produto, menor será a quantidade demandada. Por meio do gráfico, pode ser verificado que a curva de demanda é decrescente, pois demonstra essa relação inversa entre preçoe quantidade. ECONOMIA unidade 2 023 O deslocamento da curva de demanda acontecerá quando houver uma alteração em qualquer um dos fatores que podem influenciar a demanda, com exceção do preço. QUADRO 2 - Tabela de demanda Preço de um DVD (R$) Quantidade demandada (unid) 10 15 15 12 20 9 25 6 30 2 Fonte: LOPES, Renata Moreira (Autora). Preço Quantidade 30 25 20 15 10 0 x y 2 6 9 12 15 GRÁFICO 2 - Curva de demanda Fonte: LOPES, Renata Moreira (Autora). Nesse gráfico, podemos verificar que a curva de demanda mostra a relação entre o preço de um bem e sua quantidade demandada. Podemos perceber que quando há um aumento no preço, a quantidade demandada é reduzida e quando há uma queda no preço, há um aumento na quantidade demandada. Deslocamentos da curva de demanda O deslocamento da curva de demanda acontecerá quando houver uma alteração em qualquer um dos fatores que podem influenciar a demanda, com exceção do preço. ECONOMIA unidade 2 024 Se a demanda por um bem cai quando a renda aumenta, esse bem é chamado de bem inferior. Os fatores que fazem uma curva de demanda deslocar-se são: • A renda dos consumidores: uma renda menor diminui o consumo e uma renda maior aumenta o consumo. Se a demanda por um bem aumenta quando há um aumento na renda, esse bem é chamado bem normal. Se a demanda por um bem cai quando a renda aumenta, esse bem é chamado de bem inferior. Um exemplo de bem inferior pode ser a passagem de ônibus. Se sua renda aumenta, você vai querer comprar um carro e deixar de andar de ônibus. • Preço dos bens relacionados: quando há o aumento do preço de um bem, você pode deixar de comprá-lo e adquirir o seu substituto, que pode ser mais barato. Por exemplo, se houve um aumento na carne bovina, eu posso adquirir a carne suína, mais barata, no seu lugar. Quando há o aumento no preço de um bem, eleva a demanda de outro bem, esses bens podem ser classificados como bens substitutos. Quando o aumento do preço de um bem reduz a demanda de outro bem, podemos dizer que esses bens são complementares. Os bens complementares são, frequentemente, pares de bens usados em conjunto, por exemplo, sanduíche e maionese. • Preferência dos consumidores: essas alterações podem ocorrer ao longo do tempo, seja pelas inovações tecnológicas ou pelas campanhas publicitárias que divulguem essas alterações. Se há um aumento na demanda de um produto, a curva se deslocará para direita. Se há uma redução na demanda do produto, a curva se deslocará para a esquerda. • Tamanho do mercado e outros fatores: o tamanho do mercado está relacionado com a quantidade de pessoas que demandam aquele tipo de produto. Um outro fator que pode influenciar essa demanda é a expectativa relacionada à atividade econômica futura. ECONOMIA unidade 2 025 Também pode-se supor uma alteração na renda, que teve o seu valor aumentado, proporcionando um maior consumo de bens pela população. GRÁFICO 3 – Deslocamento da Curva de Demanda $ P Q1 D1 D Q Q Fonte: Domínio Público. Disponível em: https://www. youtube.com/watch?v=hlJEZdCRHmI. Acesso em: 19/12/2014. Conforme demonstrado no gráfico anterior, houve uma redução da quantidade demandada, mas o preço do bem se manteve o mesmo. Podemos supor uma queda na renda da população, o que promoveu uma redução na quantidade demandada dos bens em geral. $ P D1 D Q1 Q Q Fonte: Domínio Público. Disponível em: https://www. youtube.com/watch?v=hlJEZdCRHmI. Acesso em: 19/12/2014. GRÁFICO 4 – Deslocamento da Curva de Demanda Nesse segundo gráfico, percebemos que o deslocamento da curva de demanda foi para a direita, demonstrando que houve um aumento na quantidade demandada, mas não houve alteração nos preços. Também pode-se supor uma alteração na renda, que teve o seu valor aumentado, proporcionando um maior consumo de bens pela população. ECONOMIA unidade 2 026 Uma das grandes inovações, nos últimos anos, no mercado automotivo brasileiro foi a introdução dos veículos flex fuel, que permitem tanto o uso de gasolina quanto o de álcool como combustível no mesmo carro. Antes dessa inovação, o consumidor brasileiro tinha de optar entre um veículo movido a gasolina ou a etanol, ficando restrito à utilização de apenas um tipo de combustível. Nesse sentido, a introdução dos veículos flex fuel no mercado brasileiro aumentou o grau de substitutibilidade1 entre os dois combustíveis para o consumidor que adquirir um carro desse tipo. Em outras palavras, caso o preço da gasolina suba, o consumidor que possui um carro flex fuel pode optar por colocar etanol no seu tanque (configurando um movimento de mercado típico de bens substitutos entre si). Oferta A oferta demonstra a quantidade de produtos que os produtores ou ofertantes disponibilizarão para o mercado. Na oferta, quanto maior for o preço de um produto, maior será a quantidade de produtores que irão ofertar aquele produto no mercado, porque os produtores querem aumentar os seus lucros. Quanto menor o preço de um produto, menor a quantidade de produtos que serão ofertados naquele mercado. QUADRO 3 - Quantidade ofertada de açaí Fonte:LOPES, Renata Moreira (Autora). Preço do açaí (R$) Quantidade ofertada do açaí 2,00 0 4,00 2 6,00 4 8,00 8 10,00 15 1 - O conceito de substituibilidade refere-se aos bens substitutos, que são aqueles que podem ser substituídos quando seus preços são aumentados. ECONOMIA unidade 2 027 Quanto maior o preço de um produto, maior será a quantidade ofertada. Essa é a Lei da Oferta. Preço Quantidade 0 2 4 8 15 10,00 8,00 6,00 4,00 2,00 Y X GRÁFICO 5 – Oferta Fonte: Domínio Público. Disponível em: http:// portalteses.icict.fiocruz.br/transf.php?script=thes_ chap&id=00004303&lng=pt. Acesso em: 19/12/2014. Quanto maior o preço do açaí, mais produtores participarão desse mercado e oferecerão mais produtos, pois o que eles querem é aumentar seus lucros. Quando o preço está baixo, vários ofertantes saem daquele mercado porque não querem obter um baixo lucro pela venda do produto, pois os custos de produção não serão cobertos por aquele preço. A curva de oferta é crescente porque mostra uma relação direta entre preço e quantidade, ou seja, quanto maior o preço de um produto, maior será a quantidade ofertada. Essa é a Lei da Oferta. Deslocamentos da curva de oferta Os fatores que podem causar o deslocamento da curva de oferta, aumentando ou diminuindo a quantidade ofertada de um determinado produto podem ser: • Preço dos fatores produtivos ou insumos: quando há uma alteração no preço dos insumos utilizados na produção de um bem, os custos serão modificados. Dessa forma, o produtor poderá produzir mais ou menos de um ECONOMIA unidade 2 028 Quando aumenta o preço de um insumo, o produtor ofertará menos daquele bem e o contrário irá ocorrer na redução do preço desse insumo. determinado bem. Quando aumenta o preço de um insumo, o produtor ofertará menos daquele bem e o contrário irá ocorrer na redução do preço desse insumo. • Tecnologia existente: inovações tecnológicas podem aumentar a produção de um determinado bem sem aumentar o custo de produção, o que levará o produtor a ofertar mais bens no mercado. • Expectativas: a quantidade de produto produzido dependerá das expectativas em relação ao futuro da atividade econômica de um país. No ano da Copa de Futebol no Brasil, os brasileiros compraram maistelevisores, sendo assim, será percebido um aumento na oferta de televisores no mercado. GRÁFICO 6 – Deslocamento da Curva de Oferta $ P 8.000 10.000 Q O O1 Fonte: Domínio Público. Disponível em: https:// www.youtube.com/user/DestroDois. Acesso em: 11/12/2014. O deslocamento da curva de oferta para a direita demonstra que houve um aumento na quantidade ofertada de produtos no mercado, mas o preço de venda não alterou. Por que então esse deslocamento ocorreu? Supomos que foi inventado um equipamento que permite aumentar a produção sem impactar no custo de venda do produto. Sendo assim, o ofertante conseguirá disponibilizar mais bens no mercado, conforme demonstrado no gráfico acima. Esse é um caso de introdução de uma nova tecnologia. ECONOMIA unidade 2 029 GRÁFICO 7 – Deslocamento da Curva de Oferta $ P 8.000 10.000 Q O O1 Fonte: Domínio Público. Disponível em: https://www. youtube.com/user/DestroDois. Acesso em: 11/12/2014. Já nesse gráfico, o que ocorreu foi um deslocamento da curva de oferta para a esquerda, indicando que os produtores reduziram a oferta de um determinado bem. Isso pode ter ocorrido, por exemplo, devido ao custo de produção daquele bem. Vamos supor que o custo da matéria-prima utilizada foi aumentada, mas o ofertante não pode repassar esse aumento para a venda, pois o mercado manteve o mesmo preço. Dessa forma, ele prefere ofertar menor quantidade desse bem no mercado. Oferta e Demanda Reunidas – Equilíbrio de Mercado Após a análise, em separado, das curvas de oferta e demanda, vamos analisá-las em conjunto e verificar o que acontece com essa interação. ECONOMIA unidade 2 030 GRÁFICO 8 – Oferta e Demanda reunidas Preço Qtde Pv PE Px QE E O D y 0 Excesso de Oferta Excesso de Demanda Fonte: SANTOS, 2001. No ponto de interseção das curvas de oferta e demanda é que vamos ter o chamado ponto de equilíbrio. Nesse ponto, temos o preço de equilíbrio (onde os planos dos ofertantes e demandantes se coincidem) e a quantidade de equilíbrio (onde a quantidade ofertada é igual à quantidade demandada). Quando o preço de equilíbrio é alcançado, toda a produção ofertada no mercado é demandada. Entretanto, esse mercado de equilíbrio nem sempre acontece. Quando há uma mercadoria excedente, que não foi vendida, a concorrência entre os vendedores fará o preço descer. Isso ocorre quando há um excesso de oferta, situação na qual a quantidade ofertada é maior do que a quantidade demandada. Ao contrário, quando há mais demandantes do que mercadorias oferecidas no mercado, haverá uma pressão dos ofertantes para elevar os preços. Isso acontecerá quando há um excesso de demanda, situação na qual a quantidade demandada é maior do que a quantidade ofertada. INFLAÇÃO IBGE: refeição fora de casa pressiona inflação em 2014 Item já subiu 7,64% de janeiro a setembro, o equivalente a 0,39 ponto porcentual da inflação de 4,61% registrada pelo IPCA no mesmo período. ECONOMIA unidade 2 031 Embora as carnes tenham sido os vilões da inflação em setembro, o item que mais pesou no bolso dos consumidores até agora em 2014 foi a refeição fora de casa, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgados nesta quarta-feira, 08, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O item já subiu 7,64% de janeiro a setembro, o equivalente a 0,39 ponto porcentual da inflação de 4,61% registrada pelo IPCA no mesmo período. “Rio e São Paulo vêm sendo pressionados muito pela refeição fora de casa, pelos alimentos consumidos fora de casa. E teve esse período de Copa, que teve um movimento muito concentrado nesses dois Estados e propiciou aumento”, explicou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE. Em 12 meses, a inflação do grupo Alimentação e Bebidas alcançou 9,19% em São Paulo. No Rio de Janeiro, a alta é de 9,86%. Eulina explica que a demanda em alta propicia que os preços dos alimentos consumidos fora do domicílio aumentem acima dos custos dos empreendimentos de alimentação. “O desemprego está baixo, as pessoas estão comendo fora. Os alimentos estão subindo, mas esse não é o principal custo dos empreendimentos de refeição. Tem energia elétrica, os salários vêm subindo mais que a inflação. E a demanda nessa área não coloca muito limite para os aumentos que possam acontecer”, avaliou. Em setembro, o item refeição fora de casa aumentou 1,02%, uma contribuição de 0,05 ponto porcentual para o IPCA de 0,57% registrado no mês. A maior contribuição para a inflação foi decorrente da alta de 3,17% no preço das carnes, o equivalente a 0,08 ponto porcentual. “Os pecuaristas argumentam que os pastos ainda estão secos por conta da seca do início do ano, e esse período é de fato de entressafra. Outro fator que vem sendo atribuído é a exportação. O Brasil é o principal exportador de carne, e a arroba do boi vem subindo desde o início do ano. Os mercados (internacionais) estão muito favoráveis ao mercado brasileiro (de carne)”, justificou Eulina. Ela mencionou ainda que também pode haver influência de especulação, de produtores que Em 12 meses, a inflação do grupo Alimentação e Bebidas alcançou 9,19% em São Paulo. No Rio de Janeiro, a alta é de 9,86%. ECONOMIA unidade 2 032 não querem matar o gado para manter os preços mais altos. Fonte: IBGE: REFEIÇÃO fora de casa pressiona inflação em 2014. In: Jornal do Commercio – Economia. 08 out. 2014. Disponível em: <http://jconline.ne10.uol. com.br/canal/economia/nacional/noticia/2014/10/08/ibge-refeicao-fora-de- casa-pressiona-inflacao-em-2014-150014.php>. Acesso em: 28 out. 2014. Revisão Por mercado entende-se a instituição social, onde bens e serviços são trocados de maneira livre e voluntária. A demanda de determinado consumidor por um bem específico demonstra a relação existente entre o preço de um bem e sua quantidade demandada. Essa relação pode ser visualizada pela representação gráfica da curva decrescente de demanda, que apresenta a relação inversa entre preço e quantidade, comprovando assim a chamada lei da demanda. A oferta reflete o desejo da quantidade de bens que o empresário ofertará no mercado mediante os preços relacionados. Essa interação pode ser visualizada na representação gráfica da curva crescente da oferta, que demonstra a relação direta entre preço e quantidade, ou seja, quanto maior o preço maior a quantidade de produtos ofertada pelos produtores. O deslocamento da curva de demanda é devido a alguns fatores: renda dos consumidores, preço dos bens relacionados, preferências dos consumidores e tamanho do mercado. As variáveis que podem levar a um deslocamento da curva de oferta são: preço dos fatores produtivos, tecnologias existentes e expectativas. Quando a oferta se iguala à demanda, temos o ponto de equilíbrio, que mostra o ponto de interseção entre as duas curvas, no qual toda a quantidade ofertada será demandada. Se o preço oferecido no mercado fica acima do preço de equilíbrio, haverá excesso de ECONOMIA unidade 2 033 oferta no mercado. Por outro lado, se o preço for menor que o de equilíbrio, haverá um excesso de demanda, ou seja, uma situação em que a quantidade demandada é superior à ofertada. Lei da Oferta e da Procura (demanda e oferta) Por Edson Canal Girardi Demanda é tudo aquilo que um consumidor almeja adquirir em determinado espaço de tempo. Temos que entender que é somente o desejo de adquirir certo bem, e não a consumação de tal, que seria caracterizado como consumo. A demanda pode ser influenciadapor vários fatores, como: • • O gosto do consumidor; • • A relação entre o preço do bem - quanto maior, menor será a procura pelo mesmo; • • A relação de seu preço com o preço de bens substitutos. Ex.: o preço da manteiga e da margarina; • • A relação de seu preço e o poder de compra do consumidor. Oferta é a quantidade de bens ou serviços que os produtores dos mesmos desejam vender em determinado espaço de tempo. Depende de algumas variáveis: • • A quantidade ofertada de um bem; • • O preço deste bem; • • O preço dos bens concorrentes a este; • • O custo de produção destes bens; • • A tecnologia empregada na fabricação destes produtos. Assim, podemos ver que quanto há o aumento do preço de um produto, ECONOMIA unidade 2 034 maior é o estimulo para a fabricação deste bem. Quando a quantidade deste bem se normaliza no mercado, há a redução de seu preço, estimulando a demanda e desestimulando a vontade dos fabricantes de produzi-lo. Essas forças de mercado vivem em conflito, fazendo com que o preço dos produtos seja regido pela oferta, que oferecerá pouco para o mesmo elevar-se, e pela demanda, que almejará muitos produtos para ele chegar a preços mais acessíveis. E esta lei econômica serve para qualquer produto. Como exemplo, podemos citar o vídeo-cassete, que no início da década de 80 custava muito caro. Seu preço foi declinando com a chegada de marcas diferentes, e também de produtos concorrentes (como o DVD) no mercado – ou significa, sua oferta aumentou para uma demanda estabilizada. Um bom exemplo que encontramos em nosso dia-a-dia é o supermercado. Em épocas específicas como Páscoa, Natal, etc., os produtos de época tendem a ficarem mais caros, pois a demanda pelos mesmos aumenta em uma proporção muito maior que o aumento de sua oferta. Fonte: GIRARDI, Edson Canal. Lei da Oferta e da Procura (demanda e oferta). In: Site “InfoEscola”. Disponível em: <http://www.infoescola.com/economia/lei-da-oferta-e-da- procura-demanda-e-oferta/>. Acesso em: 01 dez. 2014. Elasticidade da demanda e da oferta • Elasticidade- preço da demanda • Fatores que interferem na elasticidade- preço da demanda • A elasticidade- cruzada da demanda • Elasticidade- renda da demanda • A elasticidade da oferta • Revisão Introdução Na última unidade estudada, vimos que as quantidades demandadas e ofertadas no mercado sofrem alterações quando os preços são modificados. Para os produtores é muito importante entender as reações do mercado frente às alterações nos preços, e como consequência, o impacto na sua receita de vendas. Para completar esse entendimento, nessa unidade vamos analisar, por meio de dados numéricos, qual a alteração real na quantidade quando os preços são alterados, ou seja, verificar como as quantidades demandadas e ofertadas serão sensíveis devido às variações nos preços. Por exemplo, vamos supor que houve um aumento de 50% nos preços dos refrigerantes. Como os demandantes vão reagir a esse novo preço? O consumo vai diminuir? Em que magnitude? E em relação à oferta, vai haver uma alteração na quantidade ofertada? Por meio do estudo do conceito de elasticidade vamos obter respostas numéricas que nos permitirão responder às perguntas formuladas. ECONOMIA unidade 3 037 A definição de elasticidade, de acordo com VASCONCELLOS (2010), é “a alteração percentual em uma variável, dada uma variação percentual em outra. Elasticidade-preço da demanda A definição de elasticidade, de acordo com VASCONCELLOS (2010), é “a alteração percentual em uma variável, dada uma variação percentual em outra. Elasticidade é sinônimo de sensibilidade, resposta, reação de uma variável, em face de mudanças em outras variáveis”. Esse conceito é muito aplicado na economia, como veremos a seguir. Vamos iniciar os estudos da elasticidade pelo lado da demanda, entendendo o comportamento dos demandantes mediante as alterações nos preços dos bens e serviços. MOCHÓN define a elasticidade-preço da demanda (Ep) como “a razão entre a variação percentual da quantidade demandada de um bem e a variação percentual de seu preço, mantendo-se constantes todos os demais fatores que afetam a quantidade demandada” (2007, p. 40). Para calcularmos o coeficiente da elasticidade-preço da demanda, faremos o seguinte cálculo: Ep = variação percentual da quantidade demandada = Variação percentual do preço Para calcular a variação percentual da quantidade demandada, usamos a seguinte fórmula: ΔQ x100 Q0 Para calcular a variação percentual do preço, usamos a seguinte fórmula: ΔP x 100 P0 ECONOMIA unidade 3 038 O maior valor da elasticidade- preço da demanda indica que houve um elevado grau de resposta em relação à quantidade demandada quando os preços foram alterados. Vamos supor que um sacolão vendia o quilo da laranja a R$ 5,00 e conseguia dessa forma vender 100 kg de laranja. Houve uma redução no preço para R$ 3,00 o quilo da laranja, e a quantidade demandada aumentou para 180 kg. Calculando a elasticidade-preço da demanda: ΔQ x100 = 80kg x 100 = 0,80 x 100 = 80% Q0 100kg A quantidade demandada aumentou em 80%. ΔP x 100 = 2 x 100 = 0,40 x 100 = 40% P0 5 O preço foi reduzido em 40%. Calculando a elasticidade-preço da demanda (Ep) Ep = variação percentual da quantidade demandada = 80% = 2 Variação percentual do preço 40% O que significa esse resultado? O maior valor da elasticidade-preço da demanda indica que houve um elevado grau de resposta em relação à quantidade demandada quando os preços foram alterados, ou seja, a demanda é mais sensível às alterações nos preços. Se acontecesse o contrário, quanto menor o valor da elasticidade-preço da demanda, menos sensível essa demanda seria às variações nos preços. Demanda elástica: quando o resultado for maior do que 1 (Ep > 1) significa que a demanda é elástica, ou seja, muito sensível à variação nos preços. Para esses bens, quando há um aumento no preço, a receita total de vendas do produtor irá diminuir, pois a quantidade vendida diminui muito mais em termos proporcionais do que o aumento nos preços. O inverso também ocorre, ou seja, ECONOMIA unidade 3 039 E em relação aos bens supérfluos, se eles ficam caros, são excluídos ou reduzidos da cesta de mercado do consumidor. quando há um aumento no preço, a receita total será aumentada, pois os demandantes consumirão muito mais do bem, em termos percentuais, compensando a redução do preço. Demanda inelástica: quando o resultado for menor do que 1 (Ep < 1), significa que a demanda é inelástica, ou seja, pouco sensível à variação nos preços. Em relação à receita do produtor para esse tipo de demanda, ela será aumentada quando houver um aumento nos preços dos bens e será reduzida quando houver uma queda nos preços dos bens. Elasticidade unitária: quando o resultado for igual a 1 (Ep = 1), indica que a variação no preço provoca uma variação de mesma porcentagem na quantidade demandada. No caso da elasticidade unitária, a variação do preço levará a uma variação proporcional na receita obtida com a venda desses bens. Fatores que interferem na elasticidade-preço da demanda Bens supérfluos ou bens necessários: quanto mais essencial um bem, mais inelástica tende a ser sua demanda e, ao contrário, quanto mais supérfluo um bem, mais elástica é a sua demanda. Isso ocorre porque mesmo que os bens essenciais fiquem mais caros, a demanda continua existindo.E em relação aos bens supérfluos, se eles ficam caros, são excluídos ou reduzidos da cesta de mercado do consumidor. Ex.: o arroz possui uma demanda mais inelástica, enquanto que o refrigerante possui uma demanda mais elástica. Existência de bens substitutos: aqueles bens que possuem substitutos apresentam uma demanda mais elástica do que os que não possuem. Quando há um aumento no preço de um bem que possui um substituto, os demandantes fazem trocas e optam por consumir o seu substituto, caracterizando assim uma demanda elástica. Ex.: se o ECONOMIA unidade 3 040 preço do feijão carioquinha está alto, o demandante pode fazer uma troca e consumir o feijão preto que possui características similares. Período de tempo considerado: para a maioria dos bens, quanto maior for o período de tempo a ser considerado, mais elástica tende a ser a demanda por aquele bem. Isso ocorre porque a demanda vai se adaptando a outros tipos de bens que possuem um preço mais baixo. Ex.: se o preço da gasolina se eleva, a demanda por veículos vai sendo alterada. Inicialmente as pessoas podem continuar com seus carros, mas podem trocá-los por carros mais econômicos ou por transporte público. Peso no orçamento do consumidor: produtos que são mais baratos tendem a possuir uma demanda mais inelástica do que aqueles que são mais caros. Por exemplo, se há um aumento de 50% numa bala que custa R$ 0,20, ela passaria a custar R$ 0,30, não levando a uma grande alteração na demanda, diferentemente de uma passagem aérea, que se tiver um aumento de 50% no seu preço, certamente reduzirá a sua demanda. Gráficos da elasticidade-preço da demanda FIGURA 5 - Gráficos da elasticidade-preço da demanda 1. Redução de 40 por cento no preço 1. Redução de 33 por cento no preço 1. Redução de 20 por cento no preço 2. Origina o aumento de 80 por cento na quantidade demandada 2. Origina o aumento de 33 por cento na quantidade demandada 2. Origina o aumento de 10 por cento na quantidade demandada a) Demanda elástica c) Demanda inelásticab) Demanda de elasticidade unitária P P P 5 3 5A B B B D D D D D D 3 2 4 0 0 0100 15 100180 20 110Q Q Q EP = 80/100 = 80% = 2 2/5 40% EP = 5/15 = 33,3% = 1 1/3 33,3% EP = 10/100 = 10% = 0,5 1/5 20% A A Fonte: MÓCHON, 2007, p. 41. Estes gráficos demonstram a reação da quantidade demandada quando os preços dos bens são alterados. ECONOMIA unidade 3 041 O demandante não está preocupado com o preço, ele quer o bem de qualquer forma! D2 E = 0 P Q GRAFÍCO 9 - Demanda perfeitamente inelástica Fonte: Domínio Público. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Elasticidade_ pre%C3%A7o_da_procura. Acesso em: 19/12/2014. Isso ocorre quando a variação no preço não interfere em nada na demanda, pois a mesma permanece inalterada. O demandante não está preocupado com o preço, ele quer o bem de qualquer forma! Vamos supor que um colecionador de obras de arte vai até um leilão comprar o quadro de um pintor famoso. Ele vai adquirir aquele bem independentemente do preço a ser ofertado, ou seja, a demanda existe mesmo se o preço de venda for muito alto. Demanda infinitamente elástica GRAFÍCO 10 - Demanda perfeitamente elástica Fonte: Domínio Público. Disponível em: http://fateconomia2013.blogspot.com. br/2013/03/grupo-2-introducao-elasticidade-da.html. Acesso em: 19/12/2014. D P P2 P1 QQ1 Na demanda infinitamente elástica, o preço interfere muito na decisão de compra. O demandante somente adquire o bem ou serviço se o preço for aquele que ele considera justo pagar por esse determinado bem. Se o preço for maior do que o que ele espera, não existirá demanda. Existem dois casos extremos de elasticidade-preço da demanda, que são: ECONOMIA unidade 3 042 As companhias aéreas e a elasticidade da demanda Uma aplicação no mundo real do conceito de elasticidade da demanda se dá no setor de transporte aéreo. Nem todos os clientes são iguais, pois alguns viajam a trabalho e outros a lazer. Então como proceder para definir os preços das passagens? Considerando apenas esses dois grupos, concluiremos que as companhias aéreas devem tentar cobrar o preço mais alto possível dos que viajam a negócios – um público pouco sensível ao preço, isto é, com elasticidade- preço muito baixa e demanda mais inelástica – e ao mesmo tempo fixar, para o público turista, que tem uma elasticidade-preço elevada e demanda mais elástica, um preço baixo o suficiente para preencher ao máximo os assentos de cada avião. Logo, o segredo está em identificar os clientes com elasticidade-preço distinta e fixar preços diferentes para cada tipo de cliente – ou seja, seguir uma política de discriminação de preços. Para tanto, os descontos costumam estar condicionados à emissão antecipada do bilhete ou ao pernoite de fim de semana no destino – enfim, algo que os clientes do segmento negócio tendam a rejeitar. Além disso, as companhias aéreas hoje contam com sistemas muito sofisticados que permitem administrar os assentos disponíveis com grande agilidade e oferecer descontos de última hora, maximizando assim a taxa de ocupação dos voos. Fonte: MÓCHON, Francisco. Princípios de Economia. São Paulo: Pearson, 2007, p. 46. A elasticidade-cruzada da demanda Existem bens que sofrem alteração na quantidade demandada não apenas devido ao preço, mas também quando há uma alteração nos preços dos bens relacionados, chamados de bens complementares e substitutos. ECONOMIA unidade 3 043 Esse efeito que será analisado na elasticidade-cruzada da demanda, ou pode ser positivo ou negativo. Bens substitutos: são aqueles que possuem substitutos com características similares, portanto, quando há um aumento no preço de um bem, os demandantes vão optar consumir o seu substituto e vice-versa. Bens complementares: são aqueles utilizados em conjunto. Quando há um aumento no preço de um bem, o seu complementar tem a sua demanda reduzida e vice-versa. Esse efeito que será analisado na elasticidade-cruzada da demanda, ou pode ser positivo ou negativo. Ecz = variação percentual da quantidade demandada do bem i variação percentual do preço do bem j Para fazer esse cálculo, verifica-se quanto a quantidade de um bem variou e quando houve alteração no preço de um segundo bem. Conforme Móchon (2007, p. 47) “a elasticidade cruzada da demanda mede a influência de uma variação no preço de um bem sobre a quantidade demandada de outro.” 1) O preço do etanol aumentou 30% e a demanda por gasolina aumentou 60%. Calculando: Ecz = 60% = 2 30% Como o valor encontrado foi positivo, podemos dizer que os dois bens são substitutos, ou seja, quando há um aumento no preço do etanol, os demandantes que possuem carro flex irão aumentar a sua demanda por gasolina. Entretanto, se o resultado fosse negativo, mostraria o exemplo de bens ECONOMIA unidade 3 044 Existem bens que têm a sua participação aumentada no orçamento quando a renda se eleva e outros que têm sua participação reduzida. complementares, pois o aumento no preço de um bem levaria à queda na demanda do seu complementar. 2) O aumento no preço do esmalte em 20%, leva a uma redução na demanda por acetona em 40%. Ecz = -40% = -2 20% Resultado negativo, demonstrando que são dois bens complementares. Elasticidade-renda da demanda A renda dos consumidores é um fator que interfere fortemente na demanda por bens. Geralmente, quando há um aumento na rendada população, percebemos um aumento na demanda por bens. Esse movimento foi percebido, por exemplo, no Brasil, a partir da implementação do Plano Real, que possibilitou a estabilidade econômica. Mas o que vamos analisar aqui é a mudança no perfil de consumo devido à alteração na renda. Existem bens que têm a sua participação aumentada no orçamento quando a renda se eleva e outros que têm sua participação reduzida. Segundo MÓCHON (2007, p. 47), “a elasticidade-renda da demanda mede o grau em que a quantidade demandada de um bem responde a uma variação na renda dos consumidores”. Er = Variação percentual da quantidade demandada Variação percentual da renda De acordo com o resultado obtido por meio do cálculo, podemos dizer se um bem é de luxo ou inferior. Um bem de luxo é aquele que quando há um aumento na renda, há um aumento no seu ECONOMIA unidade 3 045 A elasticidade da oferta irá analisar de forma quantitativa a reação dos produtores em disponibilizar produtos no mercado mediante as alterações nos preços. consumo, e o bem inferior é aquele que quando a renda aumenta, o seu consumo é reduzido. Vamos supor que um cidadão teve um aumento na sua renda em 40%. Dessa forma, ele reduziu o consumo de viagens de ônibus em 70% e aumentou o consumo de viagens de avião em 80% em um ano. Calculando a elasticidade-renda, teremos: Er ônibus= -70% = -1,75 40% Er avião= 80% = 2 40% Para o caso da viagem de ônibus, como o resultado do cálculo foi negativo, podemos dizer que esse bem é inferior, ou seja, quanto maior for a renda, menor será o consumo de viagens de ônibus e vice-versa. Esse bem será classificado com bem inferior. Já no caso da viagem de avião, o resultado foi positivo, demonstrando que quanto maior a renda, maior será o consumo de viagens de avião. Esse bem será classificado como bem de luxo. A elasticidade da oferta Analogamente ao estudo da curva de demanda, a elasticidade da oferta irá analisar de forma quantitativa a reação dos produtores em disponibilizar produtos no mercado mediante as alterações nos preços. Podemos encontrar a elasticidade-preço da oferta, verificando a variação na quantidade ofertada em relação à variação que ocorreu no preço, além de verificar a capacidade de adaptação dos ECONOMIA unidade 3 046 Outro fator que também interfere na questão da elasticidade é o período de tempo. produtores. MÓCHON (2007, p. 48) define que “a elasticidade-preço da oferta está condicionada pela flexibilidade dos vendedores em alterar a quantidade que produzem desse bem”. De acordo com o conceito informado acima, podemos afirmar que se o produtor possui condições de mudança na oferta, ela tende a ser mais elástica. Entretanto, se ele não consegue alterar a quantidade ofertada, podemos dizer que ela é mais inelástica. Um exemplo seria a existência de apartamentos de frente para o mar em uma pequena cidade praiana. Essa oferta seria inelástica a partir do momento em que não existissem mais lotes vagos para construção de novos imóveis. Outro fator que também interfere na questão da elasticidade é o período de tempo. No longo prazo, a oferta tende a ser mais elástica, pois os ofertantes podem adequar a sua produção caso tenham um aumento na demanda. Por exemplo, no longo prazo, é possível comprar equipamentos, aumentar as instalações, o que não ocorre no curto prazo. Por isso, podemos dizer que no curto prazo a oferta é mais inelástica. Calculando a elasticidade-preço da oferta Elasticidade da oferta= Variação percentual da quantidade ofertada Variação percentual do preço A oferta será elástica quando o resultado obtido na equação for maior do que um, pois a variação na quantidade ofertada em termos percentuais é maior que a variação no preço. A oferta será inelástica quando o resultado obtido na equação for menor do que um, pois a variação na quantidade ofertada em termos percentuais é menor do que a variação no preço. ECONOMIA unidade 3 047 Existem dois casos extremos na elasticidade-preço da demanda. Revisão A elasticidade-preço da demanda mede o grau em que a quantidade demandada responde às variações no preço de mercado. A demanda é elástica quando o percentual de variação na quantidade é maior do que o percentual de variação no preço. Nesse caso, a receita total do produtor aumenta quando ele reduz o preço e diminui quando o preço é aumentado. A demanda é inelástica quando o percentual de variação na quantidade é menor do que o percentual de variação no preço. Sendo assim, quando há um aumento no preço, a receita total do produtor aumenta e quando há uma redução no preço a receita total diminui. Existem dois casos extremos na elasticidade-preço da demanda. Temos a demanda perfeitamente inelástica, que ocorre quando a variação no preço não interfere em nada na demanda, pois a mesma permanece inalterada. E, ao contrário, temos a demanda infinitamente elástica, em que o preço interfere muito na decisão de compra. Os fatores mais importantes que determinam se a demanda será mais elástica ou inelástica são: se os bens são supérfluos ou necessários, existência de bens substitutos, período de tempo considerado e peso no orçamento do consumidor. A elasticidade-preço cruzada da demanda mede a influência de uma variação no preço de um bem sobre a quantidade demandada de outro. Quando o seu valor é positivo, tratam-se de bens substitutos e, quando negativo, de bens complementares. A elasticidade-renda da demanda mede a alteração na quantidade demandada em relação a uma mudança na renda. Quando o resultado é positivo, temos o bem de luxo, e quando o ECONOMIA unidade 3 048 resultado é negativo, temos o bem inferior. A elasticidade da oferta mede a variação da quantidade ofertada em relação aos preços de venda. Ela também pode ser classificada como elástica e inelástica, de acordo com o percentual de variação da quantidade produzida em relação ao percentual de variação do preço. ELASTICIDADE Por meio das leis da oferta e da procura é possível apontar a direção de uma resposta em relação à mudança de preços – demanda cai quando o preço sobe, oferta aumenta quando o preço sobe, etc. – mas não o quanto mais os consumidores demandarão ou os produtores oferecerão. O conceito de elasticidade é usado para medir a reação das pessoas frente a mudanças em variáveis econômicas. Por exemplo, para alguns bens os consumidores reagem bastante quando o preço sobe ou desce e para outros a demanda fica quase inalterada quando o preço sobe ou desce. No primeiro caso, se diz que a demanda é elástica e no segundo que ela é inelástica. Do mesmo modo, os produtores também têm suas reações e a oferta pode ser elástica ou inelástica. Fonte: RIBEIRO, Wagner. Conceito elasticidade e fatores da elasticidade. 16 dez. 2014. In: Site “Administradores.com”. Disponível em: <http://www.administradores. com.br/artigos/negocios/conceito-elasticidade-e-fatores-da-elasticidade/36935/>. Acesso em: 10 nov. 2014. A empresa: produção, custos e lucros • Empresas • A função de produção: curto e longo prazo • Custos contábeis e custos explícitos • Lucro econômico • Revisão Introdução Você sabia que a economia é composta por milhares de empresas que produzem bens e serviços que usufruímos todos os dias? Temos micro, pequenas, médias e grandes empresas que juntas empregam milhões de pessoas e constituem a força de trabalho ativa do nosso país. A atividadeeconômica funciona por meio da produção de diversos bens e serviços, cujo destino final é a satisfação das necessidades dos indivíduos. Os homens, mediante sua capacidade de trabalho, são organizadores e executores da produção. As atividades produtivas numa sociedade contemporânea realizam- se por meio das empresas existentes no mercado, sejam privadas ou públicas. Isso se dá pelo uso dos fatores produtivos, como terra, trabalho e capital, a fim de obter os bens e serviços necessários para satisfazer os desejos humanos. As empresas, como ofertantes desse mercado, observam os custos dos fatores envolvidos na produção de um bem, com o objetivo de maximizar seus lucros, otimizando assim a sua sobrevivência no mercado. Nesta unidade, vamos entender como as empresas planejam a sua produção, observando os custos inerentes aos insumos utilizados e as estratégias necessárias para reduzi-los. Além disso, ao controlarem os seus custos, elas podem ainda ampliar a sua margem de lucro. ECONOMIA unidade 4 051 As empresas possuem diferentes classificações, de acordo com a sua natureza jurídica. Empresas Nas sociedades modernas, as empresas são responsáveis por oferecer bens e serviços diversos. Segundo Tróster e Móchon (2002, p. 20), “a empresa é a unidade de produção básica. Contrata trabalho e compra fatores com o fim de fazer e vender bens e serviços”. Os gestores responsáveis pelo funcionamento das empresas organizam a produção, incorporam novas ideias, processos ou atividades, tomam decisões e, para tanto, munem-se das informações necessárias. Qualquer que seja o produto ou serviço realizado pela empresa, o empresário diariamente precisa tomar múltiplas decisões sobre sua atividade produtiva. De todas essas decisões, as duas mais relevantes são: qual quantidade produzir e como produzir determinado bem, objetivando a maximização dos lucros. Tipos de empresa conforme sua natureza jurídica As empresas possuem diferentes classificações, de acordo com a sua natureza jurídica. • Fundações: trata-se de um patrimônio personalizado, destinado ao desenvolvimento de certas atividades (religiosas, morais, culturais, de assistência), conforme previsto no ato de sua instituição. • Associações: apresentam quadro de associados e não têm finalidade lucrativa; suas atividades (recreativas, esportivas, caritativas, assistenciais, culturais, religiosas) visam atender a seus associados ou terceiros. • Sociedades: apresentam quadro de sócios e possuem finalidade lucrativa. ECONOMIA unidade 4 052 O mercado econômico é constituído por organizações que produzem bens e serviços para venda. O que são custos para as empresas? Praticamente toda decisão implica um custo, já que ao escolher uma opção estamos deixando de lado muitas outras – custo de oportunidade. Dentro das empresas, os custos ocupam um lugar muito importante, pois ajudam a selecionar as melhores decisões para se ajustar aos objetivos das empresas, como a maximização dos lucros. Mas, o que é lucro? Segundo MANKIW (2009), o montante que a empresa recebe pela venda da sua produção é chamado de receita total. O que a empresa gasta com os insumos utilizados na produção é chamado de custo total. O lucro é a receita total menos o custo total. Veja abaixo a fórmula do lucro. L = RT – CT A função de produção: curto e longo prazo O mercado econômico é constituído por organizações que produzem bens e serviços para venda. Para que isso ocorra, os insumos passam por um processo de transformação e geram o produto ou o bem final, que será disponibilizado para consumo. Segundo VASCONCELLOS (2010), a empresa, ao escolher o seu processo produtivo, poderá avaliá-lo pelo ponto de vista tecnológico ou econômico, conforme citado abaixo. • Eficiência técnica: processo que permite produzir maior quantidade de bens, utilizando a mesma quantidade de fatores produtivos (terra, trabalho e capital). • Eficiência econômica: processo que permite produzir mais com menor custo de produção, procurando ECONOMIA unidade 4 053 Função de produção é a relação entre a quantidade de insumos usada para produzir um bem e a quantidade produzida desse bem. insumos que possuem um menor valor. As empresas podem obter, ao mesmo tempo, a eficiência técnica e a econômica. Como exemplo, podemos abordar uma empresa que adquiriu um equipamento que permitiu aumentar a produção, obtendo assim eficiência técnica. Além disso, conseguiu ainda reduzir o custo de matéria-prima, a partir da contratação de um novo fornecedor. Para conhecermos a capacidade produtiva de qualquer empresa ou da economia como um todo, é necessário saber quanto de mercadoria será produzida com a quantidade de insumos disponíveis. Essa relação é chamada de função de produção. Função de produção é a relação entre a quantidade de insumos usada para produzir um bem e a quantidade produzida desse bem. Para entendermos esse conceito de função de produção, vamos analisar o funcionamento de uma fazenda produtora de soja, que utiliza apenas dois insumos: a terra e o trabalho. Vamos supor que não há como adquirir mais terra para expandir o espaço da produção, pois os vizinhos não têm interesse em vender ou arrendar seus terrenos nesse momento, além de produzirem outros bens. Portanto, esse será um insumo fixo, pois no curto prazo essa quantidade não poderá ser aumentada. Já no longo prazo, caso alguém queira vender o seu terreno, essa quantidade poderá ser aumentada. Entretanto, a quantidade de trabalhadores poderá ser alterada, de acordo com a produção, porque trata-se de um insumo variável. Os proprietários dessa fazenda sabem que existe uma relação direta entre a quantidade produzida e a quantidade de trabalhadores contratados, ou seja, se aumentar a quantidade de trabalhadores, a produção aumenta, e vice-versa. ECONOMIA unidade 4 054 O custo total de uma empresa é a soma dos custos fixos mais os custos variáveis. Veja como ficará a fórmula. Nesse caso, a função produção será a relação existente entre a quantidade de trabalho e a de bens produzidos, para uma certa quantidade de insumo fixo. Produção no curto prazo A produção no curto prazo apresenta dois tipos de custos: os custos variáveis, que dependem do volume da produção, e os custos fixos, que não dependem do volume de produção, pois incorre neles ainda que nada seja produzido. O curto prazo é um período ao longo do qual as empresas conseguem ajustar a produção, mudando os fatores variáveis, tais como trabalho e matérias-primas. No curto prazo, os fatores fixos, como as instalações e os equipamentos, não podem ser plenamente ajustados. O custo total de uma empresa é a soma dos custos fixos mais os custos variáveis. Veja como ficará a fórmula. CT= CF + CV O custo médio de uma empresa vai ser encontrado na divisão do custo total pela quantidade produzida. Observe: cme= CT Q O custo médio é importante porque informa ao produtor a média do que foi gasto com todos os produtos produzidos. Custo marginal é o custo adicional ou extra, vinculado à produção de uma unidade adicional do produto. Podemos dizer que, por meio do custo marginal, o produtor saberá em quanto seu gasto será aumentado se ele decidir aumentar em uma unidade a sua produção. ECONOMIA unidade 4 055 O custo fixo por unidade é reduzido à medida que mais bens são produzidos, ou seja, esse custo fixo será rateado em maior quantidade de unidades produzidas. Para analisar a função produção, consideremos o quadro abaixo, verificando