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TRABALHO PSICOLOGIA

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FACULDADE OBJETIVO - IESRIVER
CURSO DE DIREITO
LETÍCIA FLEURY PEREIRA
PSICOLOGIA JURÍDICA
RIO VERDE
2017
LETÍCIA FLEURY PEREIRA 
PSICOLOGIA JURÍDICA
Trabalho apresentado a disciplina de Psicologia Jurídica do curso de Direito na Faculdade Objetivo - IESRIVER, como parte dos requisitos para aprovação em disciplina,sob orientação da Professora Maria de Lourdes Gonçalves Cruvinel. 
 
 
RIO VERDE
2017
RESUMO
 A Psicologia Jurídica é uma emergente área de especialidade da ciência psicológica, se comparada às áreas tradicionais de formação e atuação da Psicologia como a Escolar, a Organizacional e a Clínica. É próprio desta especialidade sua interface com o Direito, com o mundo jurídico, resultando encontros e desencontros epistemológicos e conceituais que permeiam a atuação do psicólogo jurídico. Os setores da Psicologia Jurídica são diversos. Há os mais tradicionais, como a atuação em Fóruns e Prisões, e há também atuações inovadoras como a Mediação e a Autópsia psíquica, uma avaliação retrospectiva mediante informações de terceiros. O presente trabalho focaliza a Psicologia Jurídica Brasileira. Objetiva apresentar e discutir a definição de Psicologia Jurídica e sua relação com o Direito, destacar seus setores de atuação de acordo com os trabalhos apresentados no III Congresso Ibero- Americano de Psicologia Jurídica realizado no Brasil em 1999 e abordar os desafios para a Psicologia Jurídica Brasileira.
Palavras-chave: Psicologia jurídica, Psicologia jurídica no Brasil, Psicologia e justiça, Psicologia forense, Psicólogo jurídico.
ABSTRACT
 Legal Psychology is a specialty area arising from psychology as a science, in which traditional areas of education and action such Educational, Organizational and Clinic Psychology are compared. The very feature of this specialty is its interface with Law, the legal world, which produces epistemological and conceptual encounters and disagreements that intertwine the work of a legal psychologist. The sectors of Legal Psychology are many, since the most traditional ones such as those taking place in the Courts of Law and Prison up to innovating actions such as Mediation, Psychic Autopsy (retrospective evaluation by means of third-party information). This paper focuses on the Brazilian Legal Psychology, with the purpose of presenting and discussing the definition of Legal Psychology, its relationship with the Law, by highlighting its sectors of action according to the works presented in the 3rd Iberian American Congress of Legal Psychology held in 1999 in Brazil and it also intends to address the challenges faced today by the Brazilian Legal Psychology.
Keywords: Judicial psychology, Judicial psychology in Brazil, Psychology and justice, Forensic psychology, Judicial psychologist.
INTRODUÇÃO
 Atualmente, a Psicologia Jurídica brasileira é uma das especialidades emergentes da Psicologia, cujos psicólogos atuam nesta área há muito tempo. No entanto, as publicações sobre o tema são diminutas, principalmente aquelas que abordam o perfil da Psicologia Jurídica brasileira. Nesse contexto, torna-se ambicioso o título deste artigo pela escassez de fontes bibliográfi cas. Para, minimamente, tecer um espectro da Psicologia Jurídica desenvolvida no Brasil, a fonte será os Anais do III Congresso Ibero-Americano de Psicologia Jurídica, evento realizado em 1999 em São Paulo.
 Feitas essas ressalvas referentes ao título, passo a descrever a estrutura deste artigo. Primeiramente abordarei os vários termos utilizados para nomear esta área de especialidade da Psicologia. Em seguida, tratarei da defi nição de Psicologia Jurídica apresentada por Popolo. Minhas inquietações sobre as definições constituem a próxima etapa do artigo, a qual será acompanhada da confl uência entre Direito e Psicologia, do espectro da especialidade no Brasil. Para finalizar, apresentarei questões sobre os desafi os da Psicologia Jurídica Brasileira.
O DIREITO COMO PROFISSÃO DE CUIDAR, ESCUTANDO OS CLIENTES ATRAVÉS DE UMA CONCEPÇÃO PSICOSSOMÁTICA. DA PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL À PSICANÁLISE. A PROGRAMAÇÃO NEUROLINGUÍSTICA.
 A psicoterapia é um método cientificamente comprovado e eficaz. Seu objetivo principal, durante o tratamento, é contribuir na estruturação e organização psíquica do paciente com o intuito de aliviar e, não menos importante, proporcionar o desaparecimento dos sintomas, após um determinado período.
Atualmente, existem diversas abordagens terapêuticas reconhecidas. A Terapia Psicanalítica (ou Psicanálise) e a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) são duasdelas e, hoje em dia, comumente utilizadas, principalmente como terapia auxiliar no tratamento de transtornos mentais como, por exemplo, depressão e ansiedade.
TERAPIA PSICANALÍTICA
Surgida em 1901, é considerada a primeira escola de psicoterapia. A Terapia Psicanalítica (Psicanálise) tem como princípio a compreensão de que nossos comportamentos e sentimentos são regidos por desejos inconscientes, entendendo que questões inconscientes possam influenciar ou gerar sintomas atuais. E, para analisá-los, devemos acessar os instintos, anseios e impulsos que fornecem a energia para as ações. Para Sigmund Freud (1856-1939), médico neurologista e fundador dessa Teoria, o inconsciente é a fonte de energias, desejos reprimidos e depósito de velhas lembranças. O objeto de estudo da Psicanálise é este inconsciente e a maneira de análise é realizada por meio da associação livre. Freud realizou muitas descobertas de sua teoria fazendo auto-análise e, também, analisou rigorosamente seus sonhos e os de seus pacientes. O papel do psicanalista é ajudar o paciente a relembrar, recuperar e reintegrar materiais inconscientes de forma que a vida atual seja mais satisfatória.
TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL (TCC)
Já a Terapia Cognitivo-Comportamental diverge da Psicanálise, por considerar que o ser humano é um resultado de aprendizagens. Surgida tempos depois da Psicanálise, em 1956, a TCC foi proposta e desenvolvida pelo Dr. Aaron Beck, professor de Psiquiatria da Universidade da Pennsylvania em Philadelphia e um eminente Psicanalista, que conduziu estudos empíricos para comprovar princípios psicanalíticos. A partir destes estudos, propôs um modelo de depressão, que, evoluindo em seus aspectos teórico e aplicado, constituiu-se em um novo sistema de psicoterapia.
A TCC foca nos processos cognitivos, nas formas de pensamento, entendendo que os pensamentos distorcidos é que geram os sintomas. Assim, o terapeuta busca auxiliar o cliente a fazer uma avaliação mais objetiva e realista das situações e também um treino de habilidades e de novos comportamentos, com técnicas direcionadas.
Definidos os dois conceitos das terapias, resta saber qual a abordagem mais eficaz ou que mais se aplica a cada indivíduo. Na Terapia Psicanalítica é o terapeuta, que embora não dê orientação, o único responsável pela terapia. Não se focando em indicadores verificáveis como os sintomas, o terapeuta detém o poder de saber quando a terapia está terminada. Já na TCC, uma das críticas mais acentuadas é a de não se focar a origem do problema, mas unicamente sobre os sintomas, o que pode caracterizá-la,muitas vezes, como superficial.
A INTERFACE ENTRE A PSICOLOGIA DA FAMÍLIA E DIREITO DE FAMÍLIA
 Os campos do Direito e da Psicologia se aproximam em razão dapreocupação com a conduta humana. Essa aproximação teve início na área do Direito Penal, da criminologia, mais especificamente no campo da psicopatologia, apartir da demanda de diagnósticos psicológicos – psicodiagnóstico – que pudessem servir para classificar e controlar os indivíduos. 
 Os psicólogos eram chamados a fornecer um parecer técnico (pericial) elaboradoa partir do uso de instrumentos e técnicas de avaliação psicológica, informando à instituição judiciária, via seus representantes, um mapa subjetivo do sujeito diagnosticado. O objetivo era melhor instruir a instituição para tomada de decisões mais fundamentadas e, portanto,mais justas. No entanto, os profissionais que executavam este tipo de trabalho geralmente se centravam na análise da subjetividade individual descontextualizada e objetificada. O uso dos testes psicológicos era feito de forma acrítica, sem questionamentos, o que terminava por reificar a pessoa em estudo. 
 Atualmente, no entanto, outras formas de atuação dos psicólogos vêm ganhando força no âmbito da Justiça, fazendo com que haja uma ampliação seu campo de atuação, aumentando a interface entre as duas disciplinas. Há uma maior reflexão em relação à avaliação psicológica e diversos instrumentos e técnicas – além dos testes – passaram a ser utilizados no intuito de compreender a subjetividade em seu contexto. 
 Do ponto de vista legal, foi o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em1990, que deu um novo escopo à atuação dos psicólogos no campo jurídico. O Estatuto obrigou o Poder Judiciário a manter uma equipe multidisciplinar destinada a assessorar a Justiça da Infância e da Juventude. A princípio, tal equipe não estaria vinculada às Varas de Família, pois a Justiça da Infância e Juventude protege as crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e social. Nas Varas de Família, no entanto, correm ações que, em princípio, não representam risco pessoal ou social, tais como aquelas ligadas à existência de núcleo familiar, questões de guarda, regulamentação de visitas, etc. Contudo, é importante ressaltar que o art. 151 do ECA trouxe um novo olhar relativo ao papel do psicólogo no âmbito da justiça, indicando que uma equipe interprofissional tem não somente a atribuição de fornecer subsídios para o julgamento do processo – o que se alinha com a ideia de perícia – mas também acrescenta o “aconselhamento, orientação, encaminhamento, prevenção” e outros formas de atuação que alegislação local lhe reservar. Com isso, o ECA agregou ao trabalho do psicólogo no âmbito jurídico funções que não se restringem à perícia stricto sensu. 
 Conceitualmente, portanto, a Psicologia Jurídica corresponde a toda aplicação do saber psicológico às questões relacionadas ao campo do Direito(LEAL, 2008). Entende-se por psicólogos jurídicos não somente aqueles que exercem sua prática profissional nos tribunais, mas também os profissionais que atuam com questões relacionadas em diversas interfaces com o campo do Direito,em Varas de Família, com Direito da Infância e da Juventude, em programas voltados para aplicação de medidas socioeducativas, Conselhos Tutelares, entre outros.De acordo com Lago, Amato, Teixeira, Rovinski e Bandeira (2010), aavaliação psicológica ainda segue sendo a principal demanda dos operadores do Direito à Psicologia. Porém, outras atividades de intervenção, como acompanhamento e orientação, prevenção, bem como práticas alternativas de resolução de conflitos e mediação, entre outros, passaram a adquirir igual relevância, estendendo a atuação do psicólogo também para a área do Direito de Família e do Direito da Infância e Juventude. Ramos e Shine (1994) sugerem que, pela especificidade do trabalho que realizado e pela forma de inserção do psicólogo nas instituições jurídicas, esses profissionais enfrentam conflitos em sua atuação que, por um lado, dever orientar-se por uma ética do cuidado (ideal terapêutico) e, por outro, tem que atentar para a lógica da Justiça, especialmente para a necessidade de produção da “verdade” por meio da prova/avaliação pericial. Essa atuação, portanto, está permeada por conflitos entre saberes e poderes. 
 Quando o psicólogo se insere numa equipe institucional suas funções são distintas daquelas que se demanda ao perito stricto sensu. Ao ser convocado a desempenhar funções de orientação, aconselhamento, ele pode posicionar-se como agente a partir de um lugar diferente do perito. Apesar desta diferença, sua inserção no discurso jurídico mantém-se com uma função prioritária de elaborarum laudo/relatório que servirá de prova. No Brasil, o Conselho Federal de Psicologia (Resolução CFP nº 13/2007)reconheceu recentemente a Psicologia Jurídica como uma área de especializaçãoda Psicologia. O CFP usa o termo Psicologia “Jurídica” para definir uma das especialidades do psicólogo e apresenta uma ampla descrição da sua área de atuação.
ESTRUTURAÇÃO DO SETOR PSICOSSOCIAL NA JUSTIÇA
Desde a promulgação do ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente – em1990, o Poder Judiciário vem estruturando setores com equipes interdisciplinares,especialmente destinadas a assessorar a Justiça da Infância e da Juventude.Progressivamente, essas equipes passaram também a atender as Varas de Família.
 
 Sendo assim, os Tribunais de Justiça de todos os Estados contam com um Setor Psicossocial no qual atua uma equipe composta por profissionais de Psicologia, de Serviço Social e Terapia Familiar. Na Bahia, o Setor de Atendimento e Orientação Familiar – SAOF – encontra-se em funcionamento desde 1999, sofrendo algumas modificações em sua estrutura ao longo do tempo. Sua principal responsabilidade é o desenvolvimento das atividades de apoio técnico especializado, nas áreas de psicologia e serviçosocial, às Varas de Família, ao Núcleo de Conciliação de Primeiro Grau e às Varas da Infância e da Juventude, dos feitos Relativos aos Crimes contra a Criança e Adolescente e de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.
CORPO ANATÔMICO E CORPO VIVIDO
 De maneira geral, quando alguém adoece ou é acometido de qualquer dor física, procura um médico. É examinado, procura-se fazer um diagnóstico e é proposto um tratamento. A cura é a expectativa e a tentativa de ambas as partes. O médico examina o indivíduo lidando com seu corpo biológico, de carne e osso, organismo vivo onde a harmonia da saúde foi quebrada.
Ele tem acesso a inúmeros recursos, que lhe possibilitam uma maior aproximação do diagnóstico, como radiografias, exames laboratoriais, ultra-sonografias, endoscopias, cintilografia, isótopos radioativos, tomografia computadorizada, ressonância magnética etc.
Foi o diagnóstico, outros recursos são usados para o tratamento, que incluem os tratamentos clínicos, os tratamentos cirúrgicos convencionais, os tratamentos cirúrgicos com auxílio de fibra ótica, laser, os tratamentos radioterápicos, quimioterápicos, todos eles contando sempre com um arsenal de drogas e novas tecnologias que, a cada dia, avançam mais na busca do sucesso do tratamento das doenças, possibilitando a recuperação da saúde do paciente.
  Há, todavia, um segundo tipo de paciente. Sua dor e seu sofrimento são de outra ordem. Fobias, inibições, depressões, angústias, são de modo geral, as queixas mais comuns de quem procura a psicanálise. São indivíduos que trazem, junto com o sofrimento psíquico, questões existenciais com as quais gostariam de lidar. São atendidos pelos psicanalistas e a psicanálise pode ser indicada e praticada como possibilitadora de diminuir o sofrimento e conduzir o indivíduo a responder algumas questões que ele faz sobre si mesmo e sobre sua relação com a vida.
Grande parte do primeiro tipo de pacientes, aqueles que sofrem de males físicos e buscam a cura na medicina, fica satisfeita. Também um número considerável de pacientes do segundo tipo, que recorre à psicanálise como tentativa de ajuda consegue um resultado satisfatório.
 Portanto, a medicina, com seus milhares de usuários, vem cumprindo bem seu papel científico e seu compromisso social. A psicanálise, bem mais restrita quanto ao seu número de praticantes e diferente em sua proposta final, sendo marginal e por isso ainda mal compreendia, por sua vez corresponde aos princípios teóricos e éticos do seu genial criador, Sigmund Freud, 100 anos após sua criação.
PSICOSSOMÁTICA
 Um terceiro tipo de paciente é responsável pelo surgimento da psicossomática, uma novaabordagem médica. São pacientes que não encontram lugar definido junto aos médicos, nem junto aos analistas.
  Por quê Porque nem o atendimento médico convencional, nem a psicanálise clássica, são de grande valia.
 Aumenta a cada dia o número de pacientes nos consultórios de psicanálise encaminhados por médicos, querendo se tratar de doenças de fundo psíquico.
 Tem sido comum, também, o irrompimento de fenômenos psicossomáticos de pacientes em análise. Esses fatos fazem com que a psicanálise se interesse cada vez mais pelo mecanismo responsável pelo desvio para o corpo do que deveria ser da ordem do psicológico.
 Se a psicanálise se interessa por tudo que diz respeito ao humano, sem colocar barreira demarcando o que é normal e o que é patológico, buscando as determinações dos atos e motivações inconscientes, o adoecer não pode estar fora dos interesses dessa disciplina.
 Cabe à medicina psicossomática explicar a maneira como o corpo responde a partir de conflitos rejeitados pela consciência.
 Cabe ao psicanalista levar o paciente a dar nome à lesão ou à doença segundo seu código pessoal. O paciente precisa encontrar uma palavra que simbolize algo representado na lesão. Se essa lesão ou doença não puder ser traduzida ou simbolizada, não interessa à psicanálise sua explicação.
 O conhecimento da origem e da causa dos fenômenos psicossomáticos facilitaria, para médicos e psicanalistas, o estabelecimento do campo de ação e do tipo de intervenção de cada profissional, respectivamente.
 O ponto comum entre médicos psicossomáticos e psicanalistas está nos pacientes, que os procuram em função de um sofrimento.
 Todavia, as duas disciplinas têm visões, abordagens e propostas opostas. A medicina psicossomática pretende a cura visando ao indivíduo como um todo, em que as partes se completam.
 Um dos pilares da teoria psicanalítica é a incompletude do indivíduo, que já nasce marcado pela falta, daí sua condição de desejante. A psicanálise faz dessa incompletude sua possibilidade de trabalho.
Essa oposição, porém, não impede que psicossomáticos e psicanalistas tentem aproximações conceituais e práticas que possibilitem um trabalho conjunto.
   A resposta positiva, já constatada, da psicanálise no tratamento de fenômenos psicossomáticos, não é, entretanto, exclusiva dessa abordagem; inúmeras outras práticas psicoterápicas também têm obtido resultados favoráveis. Isso nos autoriza a admitir um lado de sugestionabilidade nessas manifestações no corpo, o que reforça seu aspecto psíquico, justificando o interesse da psicanálise.
CORPO E IMAGEM CORPORAL
Partindo do princípio de que o objetivo de Freud foi demonstrar a íntima estrutura de uma perturbação neurótica e a determinação de seus sintomas, a suspeita de que a manifestação desses sintomas possa ocorrer no corpo nos parece, cada dia mais, uma hipótese viável. Obviamente que com uma estrutura diferente do sintoma neurótico.
Se o corpo é a estrutura física do homem, é também o lugar da vida e da morte. A lesão no corpo é um ataque à imagem corporal e o indivíduo se vê violado em seus direitos do corpo que tem e do corpo que é.
  A medicina lida com o corpo que temos; corpo que se movimenta, objeto de julgamento e valorização; corpo mensurável, comparável, de competição.
  A psicanálise lida com o corpo que somos; é o nosso vivido. Corpo carnal que não é apenas um instrumento, mas também um lugar. Lugar pelo qual o mundo atinge um mistério; aquilo que cada um de nós é. Não é um corpo que pede prótese, mas que pede significação e sentido. Corpo que habita a linguagem; lugar do desejo e lugar do gozo.
Cada um de nós possui um registro psíquico do próprio corpo e qualquer lesão ou mutilação desse corpo é vivida também em nível psíquico.
 A criança recém-nascida é inicialmente um ego corporal que se relaciona com o mundo por meio de sensações e percepções. Os registros dessa relação constituirão pequenos núcleos de ego rudimentar que vão se integrando lentamente pela experiência cotidiana do bebê. Essa interação resulta das descobertas parciais que ele vai fazendo de seu corpo, mãos, pés, pernas, barriga, genitais, somadas à percepção que ele tem da forma como a mãe o vê e como ele se relaciona com ela. Gradativamente, em função do seu desenvolvimento físico e emocional, somados à sua interação com o meio ambiente, esses registros irão "tomando corpo", na acepção literal do termo, isto é, vão constituindo a representação psíquica que a criança (e posteriormente o adulto) terá de si mesma, formando sua primeira identidade, à qual denominamos imagem corporal. Essa representação psíquica está ligada à qualidade da relação da criança com seu mundo e seu corpo e, em função disso, estará melhor ou pior registrada, mais forte ou mais frágil. Essas nuanças têm suas raízes oriundas das experiências mais arcaicas vividas pelo bebê e sua mãe. Isso significa que cada órgão ou membro representado psiquicamente é investido de libido e passa a fazer parte de um código pessoal e particular de significação.
CORPO SIMBÓLICO, CORPO IMAGINÁRIO, CORPO REAL
 O campo da psicanálise é delimitado pela linguagem e pelo sexo. Isso permite estabelecer dois estatutos do corpo: o corpo falante e o corpo sexual, ou que goza.
 J.D. Násio define o corpo falante como "o corpo que interessa à psicanálise, não por ser um corpo de carne e osso, mas um corpo tomado como um conjunto de elementos significantes". Corpo falante é, portanto, aquele onde os significantes falam entre si.
 O corpo simbólico é o conjunto ou corpo de significantes que insere o indivíduo numa ordem simbólica, preestabelecida e veiculada pela linguagem. As leis da cultura e da linguagem onde o indivíduo se insere são designadas pela ordem simbólica. Nesse sentido, o simbólico é a cultura, que é anterior ao indivíduo. A articulação cultura/indivíduo é fundada e constituída pela dimensão simbólica.
Para Lévi-Strauss, "toda cultura pode ser considerada como um conjunto de sistemas simbólicos, no topo dos quais se situam a linguagem, as regras matrimoniais, as relações econômicas, a arte, a ciência e a religião”.
O corpo imaginário é a imagem externa que desperta o sentido em um indivíduo. A imagem que eu tenho do meu corpo me foi dada a perceber a partir de fora, vista pelo outro. Portanto, eu me vejo como fui vista. Minha imagem foi projetada e me foi devolvida. Preciso, então, do outro para me constituir enquanto imagem e para ter acesso à linguagem e aos significantes.
O corpo real é o lugar do gozo. Gozo, em psicanálise, significa dor, desgaste, gasto, exigência. Corpo real é sinônimo de gozo. A lesão psicossomática traz sempre um traço do real.
O campo da psicanálise está delimitado pela articulação do simbólico, do imaginário e do real, que nunca se apresentam isoladamente por estarem atravessados uns pelos outros.
Há uma disjunção entre o corpo com que a medicina lida e o corpo que interessa à psicanálise. Eles pertencem a campos diferentes. O campo da medicina é da ordem da objetividade. Se o cliente reclama do braço, da perna ou do tumor, o médico, a partir de um parâmetro anatômico, cuidará do braço, da perna ou do tumor. Já o campo da psicanálise é da ordem da subjetividade. Braço, perna ou qualquer outro membro ou órgão pode, por deslocamento ou condensação, representar outra coisa ou simbolizar uma fantasia. É por isso que o corpo anatômico ou biológico não interessa à psicanálise. A descoberta de que o sintoma neurótico é oriundo de um salto do físico para o psíquico, por meio de representações inconscientes e suas respectivas simbolizações, ocorreu porque a psicanálise fez esse movimento. Freud, médico neurologista, a partir de uma escuta que foi além do corpo biológico, fez essa passagem, deslocando a linguagem de suas clientes do seu corpo anatômico para outro corpo, onde os significantes tentavam dar conta de um sofrimento que as aprisionava numa fantasia sexual infantil. É por essa trilha aberta por Freud que a psicanálise tem tentado fazer o caminho de volta no estudo dos fenômenospsicossomáticos. Parece que é exatamente nesse trecho de passagem, do salto do físico para uma representação fora do corpo, que acontece um curto-circuito e essa passagem não acontece. É nesse ponto e lugar que se encontram, psicossomáticos e psicanalistas, debruçados sobre o mesmo fenômeno e cheios de indagações.
CONSTRUÇÃO DO CORPO E SEUS DESTINOS
O desenvolvimento psíquico e emocional do indivíduo está, numa primeira etapa da vida, inteiramente vinculado ao seu desenvolvimento, físico e biológico. O corpo oferece as condições indispensáveis, por meio das necessidades de autoconversação, para o movimento de constituição do aparelho psíquico.
Fome, sono, sede e frio são responsáveis pelos movimentos iniciais que inauguram a primeira inter-relação que o ser humano constitui em sua vida: mãe e bebê.
Atenta desde o início às necessidades físicas do filho, cabe à mãe interpretar e socorrer os apelos infantis. Ela vai nomeando os desejos do bebê e as partes de seu corpo.
O bebê, por sua vez, vai se descobrindo e esboçando os rudimentos da constituição de sua primeira identidade. É com intenso júbilo que, por volta dos 18 meses, ele conquista sua alteridade, se percebendo como outro, separado da sua mãe. A conquista da individuação não é tranqüila. O protótipo biológico da vida intra-uterina deixa suas marcas no recém-nascido, buscado na fantasia primordial do ser humano de um só corpo para ambos. As necessidades vitais de ambos são atendidas pelo corpo da mãe. Reeditar essa fantasia de unidade paradisíaca é criar a ilusão de completude, da não-separação.
Cabe à mãe propiciar condições ao bebê de separar-se dela, gradativamente, constituindo-se em um outro ser, com corpo e identidade próprias.
 Nos momentos de angústia e solidão, o bebê tentará mergulhar na ilusão de unidade corporal, evitando a ameaça da separação. A mãe será responsável pela maior ou menor possibilidade de o bebê lidar com esses movimentos com menos angústia.
Para que haja separação e individuação, o bebê precisa que a mãe mantenha com ele uma distância afetiva e tranqüilizadora, que seja ideal no sentido de nem muito perto nem muito distante. É esse espaço, que Winnicott denomina de "espaço transicional", que o bebê poderá simbolizar suas representações lidando com a angústia da ausência. A aquisição da linguagem é também um ganho que possibilita à criança abrir mão da linguagem corporal para fazer uso de uma nova forma de comunicação. No estádio não-verbal, ainda nos primórdios da vida psíquica, o corpo é parte inseparável da constituição do psiquismo. Gradativamente, com a aquisição do pensamento, a capacidade de representação, com a linguagem e a possibilidade de simbolizar, o bebê lança mão de mecanismos de incorporação, introjeção, projeção e, finalmente, identificação. Ele consegue, então, distinguir o que é como ele e o que é diferente dele. A partir de então, psiquismo e soma começam a se diferenciar, constituindo diferentes contextos do ser humano.
 A construção do corpo erógeno não está desvinculada da construção do corpo anatômico, uma vez que percalços em um deixam marcas no outro. Dores, doenças, distúrbios alimentares ou do sono, tropeços do corpo biológico poderão interferir nos destinos da constituição do corpo erógeno com suas fantasias subjacentes e vice-versa: angústias, pânico, inseguranças poderão levar o bebê a adoecer fisicamente. Realidade material e realidade psíquica se entrecruzam e, a partir de uma insatisfação, a realidade psíquica se forma, resultando em uma montagem simbólica e imaginária, constituída, portanto, de imagens e significantes.
Se o que interessa à psicanálise é a realidade psíquica, o que nos interessa no fenômeno psicossomático é a sua desmontagem imaginária e simbólica. A ferida, o caroço, a urticária, a asma ou qualquer outro fenômeno psicossomático são uma metáfora grosseira que não finalizou sua tarefa de simbolização; faltam palavras que, circulando no discurso, "descolem" do corpo anatômico o que pertence ao corpo erógeno.
 O trabalho de análise precisa possibilitar ao paciente criar um "espaço transicional" que não houve, para que ele prossiga no seu trabalho de representações e simbolizações, onde os "objetos transicionais" percam sua materialidade e ganhem o estatuto de fantasias inconscientes, deslocando para o corpo erógeno e que está no corpo biológico. Isso implica transformar em sintoma neurótico um sintoma físico.
Os tropeços e obstáculos na construção do corpo provocam desvios e conseqüências posteriores. Os fenômenos psicossomáticos constituem uma parte dessas conseqüências. A renúncia à materialidade é decorrente da possibilidade de representar e simbolizar, aquisição indispensável ao desenvolvimento do psiquismo humano. A impossibilidade de descolagem da materialidade é responsável, entre outros percalços, pelo fenômeno psicossomático.
 O fenômeno psicossomático geralmente eclode numa circunstância que mobiliza de forma excessiva as emoções do indivíduo. São emoções muito fortes, como ódio, angústia, separações, perdas, que vão além da capacidade de o paciente lidar com essas situações. O adoecer é a "saída" que eles encontram como solução, assim como o sintoma neurótico é a saída encontrada pelo conflito psíquico.
Como acreditamos que as manifestações psicossomáticas estão ligadas também ao psiquismo humano, imaginário, real e simbólico se articulam em sua encenação. Corpo anatômico e corpo erógeno estão aprisionados um no outro e a lesão seria o traço do real entrelaçado imaginariamente numa manifestação que poderíamos denominar de "real do corpo".
 Os desvios na sexualidade humana em sua constituição podem ainda resultar nos invertidos sexuais, travestis, transexuais, fetichistas etc. Este texto pretende explorar apenas o viés da psicossomática.
Trabalhar no sentido de desvendar os mistérios e artifícios psíquicos do fenômeno psicossomático me parece ser mais do que um interesse da psicanálise; é um compromisso ético.
SIGMUND FREUD
De acordo com a teoria psicanalítica da personalidade de Sigmund Freud, a personalidade é composta por três elementos. Estes três elementos da personalidade – conhecidos como o id, ego e superego – trabalham juntos para criar comportamentos humanos complexos.
O ID é o único componente da personalidade que está presente desde o nascimento.
Este aspecto da personalidade é totalmente inconsciente e inclui os comportamentos instintivos e primitivos.
O id segundo Freud é a fonte de toda a energia psíquica, tornando-se o principal componente da personalidade.
O ID é impulsionado pelo princípio do prazer, que se esforça para a gratificação imediata de todos os desejos, vontades e necessidades. Se essas necessidades não são satisfeitas imediatamente, o resultado é um estado de ansiedade ou tensão. Por exemplo, um aumento da fome ou sede deve produzir uma tentativa imediata de comer ou beber. O ID é muito importante no início da vida, porque assegura que as necessidades de uma criança sejam atendidas. Se a criança está com fome ou desconfortável, ela vai chorar até que se cumpram as exigências do id.
No entanto, sempre satisfazer essas necessidades imediatamente não é realista nem mesmo possível. Se estivéssemos completamente guiados pelo princípio do prazer, estaríamos tirando coisas das mãos de outras pessoas para satisfazer os nossos próprios desejos. Este tipo de comportamento seria perturbador e socialmente inaceitável. De acordo com Freud, o id tenta resolver a tensão criada pelo princípio do prazeratravés do processo primário, que envolve a formação de uma imagem mental do objeto desejado como uma forma de satisfazer a necessidade.
O ego é o componente da personalidade que é responsável por lidar com a realidade.
De acordo com Freud, o ego se desenvolve a partir do id e garante que os impulsos do id possam ser expressos de uma forma aceitável no mundo real.
As funções do ego agem tanto no consciente, no pré-consciente e inconsciente.
O ego opera com base no princípio da realidade, que se esforça para satisfazeros desejos do id de formas realistas e socialmente adequadas. O princípio de realidade pesa os custos e benefícios de uma ação antes de decidir agir sobre desistir ou ceder aos impulsos. Em muitos casos, os impulsos do id podem ser satisfeitos através de um processo de gratificação atrasada – o ego acabará por permitir o comportamento, mas apenas no momento e lugar apropriados.
A PSICANÁLISE E O DIREITO NO PENSAMENTO DE SIGMUND FREUD
De acordo com a teoria de Freud o ser humano no ventre materno vivia em um verdadeiro “paraíso”, onde não possuía nenhuma necessidade, já que todas eram supridas fisiologicamente pela própria mãe, sendo certo que o parto representaria, então, o rompimento com esse paraíso, o que Freud chamou de Paraíso Perdido.
Após o parto, o homem é lançado ao “mundo real”, no qual terá contato com as, até então inexistentes, necessidades. A primeira necessidade com a qual o homem se depara é a necessidade de alimentação, uma vez que agora não recebe mais o alimento do corpo de sua mãe e terá, portanto, que consegui-lo.
Para sobreviver neste “novo mundo” o homem se vê obrigado a adaptar-se, a necessidade conduz à adaptação. Tais adaptações consistem, geralmente, num relativo controle sobre a natureza, que o homem deve ter, proporcionando assim a sobrevivência humana.
Para uma maior potencialização de sua capacidade de sobrevivência, isto é, o aperfeiçoamento de sua capacidade de trabalho, o ser humano passa a se organizar em grupos, em coletividades. Há a necessidade, gradativamente maior, de que o trabalho seja desenvolvido em grupos organizados, para que a produtividade deste seja mais eficiente, o que gera mais necessidades e corrobora para o ensejo da organização em sociedades.
Quando passa a compor uma determinada coletividade, entretanto, o indivíduo deixa de se portar da mesma maneira que em ambientes solitários e passa a “frear” certos instintos que vão contra a harmonia da comunidade.
Isto porque, como bem colocado pelo contratualista Jean-Jacques Rousseau, “o bem de um indivíduo, se considerado isolado, geralmente se difere bastante do bem de todo um grupo, onde devem ser mediados os interesses individuais para a construção sintética de um interesse geral”. Há, portanto, diferenças comportamentais entre o indivíduo e a sociedade.
Seguindo esta vivência em sociedade, o sujeito deve reprimir os instintos e desejos individuais e limitá-los à instância do inconsciente o “Id” freudiano. Essa limitação, entretanto, nem sempre é alcançada, havendo a possibilidade de certos indivíduos externarem tais instintos e desejos, como bem acompanhamos em crimes de assassinatos cruéis e barbaridades cometidas.
Por outro lado, não é conveniente para uma coletividade que cada indivíduo externe o seu instinto reprimido, sob pena de causar uma grande desordem social e, até mesmo, o fim desta sociedade.
Portanto, a sociedade passa, então, a reprimir os sujeitos, moldando-os em um padrão que não represente risco para a organização social, isto é, que seja aceito socialmente.
Tal repressão é feita durante toda a vida do indivíduo e por diversas instituições sociais, quando criança pelos pais, na juventude pela religião que impõe dogmas e conservadorismos, no trabalho pelos chefes, sendo criados ao longo da vida um padrão de condutas que devemos seguir, com as determinações do que podemos e do que não podemos fazer.
Para uma maior efetivação do controle dos indivíduos, a coletividade faz uso da chamada coercitividade social, ou seja, a sociedade cria canais coercitivos para manter reprimidos os instintos indesejáveis dos indivíduos. Tal coercitividade pode ser informal, como se apresenta nas religiões, na ética e na moral, ou pode ser formal, normativizada em um texto regulamentar, isto é, em leis.
É aqui, então, que se encontra o Direito para Sigmund Freud: o ordenamento jurídico é uma forma de repressão punitiva (com poder sancionador de implicação de penas) que impele o indivíduo a limitar seus instintos ao plano do “Id” (é regido pelo princípio do prazer). Em caso contrário deve arcar com os ônus e gravames da exteriorização de tais instintos.
No direito penal, o fundamento da pena privativa de liberdade é manter isolado do resto da sociedade aquele indivíduo que não soube controlar seus impulsos e instintos e pode representar, portanto, um perigo para a ordem social.
Podemos fazer um paralelo destes conceitos com o “complexo de castração” com o que o próprio Freud definiu.
Em psicanálise, o conceito de “castração” designa uma experiência psíquica completa, inconscientemente vivida pela criança por volta dos 5 anos de idade, e decisiva para realização da sua futura identidade sexual.
O complexo de castração compõe, juntamente com o complexo de Édipo, a base onde a estrutura dos desejos que funda e institui o sujeito na sua relação com o mundo opera a sua subjetividade. Reconhecer que os limites do corpo estão aquém dos seus desejos é admitir a quebra de um certo sentimento de onipotência que o seu “eu” insiste em sustentar, na nossa relação imaginária do outro.
Segundo Thomas Hobbes, movido pelo instinto de autopreservação, o indivíduo busca dominar os outros, conduta esta que dá ensejo à “guerra de todos contra todos”.
Nesse sentido, defende a insociabilidade natural dos homens e a acidentalidade da vida social, de modo que o homem não é um ser sócio-político por natureza.
Assim como em Hobbes, a referida expressão latina transmite a ideia central de Freud ao observar a vida social, apontando para o fato de que o homem em situações desfavoráveis revela-se como uma besta selvagem, a quem a consideração para com sua própria espécie é algo estranho. “A inclinação para a agressão constitui, no homem, uma disposição instintiva original e autosubsistente”.
O pensamento freudiano possui muitas semelhanças acerca das teorias de Thomas Hobbes, quando à visão da natureza humana, especialmente ao afirmarem que “o homem é o lobo do homem”. Como desdobramento disso, as duas teorias se aproximam em ao menos três outros pontos: a primeira semelhança que encontramos nas teorias hobbesiana e psicanalítica consiste na figura do “ser desejante”.
Hobbes entende que a vida humana é caracterizada pelas paixões. Estas consistem num elemento essencial à vida, que “não passa de movimento”. O homem é, portanto, visto como um “ser desejante”, e na satisfação de seus desejos é que ele encontra sua felicidade.
A natureza de “desejante” é inerente ao homem de tal maneira que “jamais pode deixar de haver desejo”. Entende o filósofo que a felicidade não reside na satisfação plena das paixões, que é impossível de se alcançar “nesta vida”. Em razão disso, a felicidade é um “contínuo progresso do desejo”, pois ao se alcançar um objeto, desloca-se a paixão para outro.
Hobbes entende que, sendo dotado de paixões (insaciáveis) e visando garantir a própria sobrevivência, o homem direciona suas paixões especialmente ao poder. Com efeito, a busca do poder é razão de uma insegurança tal que conduz os indivíduos ao abandono do estado natural.
De modo similar, para Freud a vida social é uma fonte de sofrimentos, acerca do qual “tendemos a encará-lo como uma espécie de acréscimo gratuito, embora ele não possa ser menos fatidicamente inevitável do que o sofrimento oriundo de outras fontes”.
Assim como em Hobbes, Freud entende que a vida humana em sociedade é fonte de problemas, de sofrimento.
Surge, pois, uma terceira semelhança entre a teoria hobbesiana e a psicanálise freudiana: a necessidade da regulação da vida social.
Para Hobbes, o Estado aparece como um ser possuidor de um poder muitas vezes superior ao poder de qualquer indivíduo, e é por isso que ele se faz necessário.
Freud afirma acerca dos homens que eles não são criaturas gentis, que desejam ser amadas, que se defendem apenas quando atacadas, mas são criaturas dotadas de uma poderosa agressividade. Para eles, o próximo não é naturalmente um objeto de seu amor, mas sim alguém que os tenta a satisfazer sobre ele sua agressividade, por exemplo,ao explorar sua capacidade de trabalho sem compensação, ao utilizar dele sexualmente sem consentimento, ao apoderar de suas posses, ao causar-lhe sofrimento e matá-lo. Daí a frase: “homo homini lúpus”.
Analisa Freud o mandamento de “amar ao próximo como a si mesmo” como uma exigência que contraria a natureza do homem. A ideia de que os homens vivem socialmente por amor mútuo é uma ilusão.
Por isso mesmo, é um mandamento, e não algo naturalmente desenvolvido pelos homens. Neste sentido, observa-se que socialmente não há uma relação mútua de amor, mas de interesses. Cada um quer ver seus desejos satisfeitos.
Entretanto, o homem necessita de regras para viver em sociedade, caso seja dirigido de modo incontrolado a outros homens, é causa de contendas, e assim, da impossibilidade em vida social.
Tanto a Psicanálise de Freud quanto a Teoria Política de Hobbes fornecem ao Direito o fundamento de sua legitimação. Para que o homem tenha satisfação de seus desejos sem que isso destrua a existência comunitária, bem como viva sem maiores sacrifícios e sofrimentos, torna-se imperiosa a necessidade de regulação da vida em sociedade, das relações entre sujeitos, adequando os impulsos individualistas à vivência coletiva.
Trata-se de uma operação dialética operada pelo Direito, porquanto busca, ao mesmo tempo, satisfazer os desejos individuais e limitar algumas formas de manifestação destes, tarefa muitas vezes, difícil e conflituosa, mas que se faz necessária em benefício da convivência social e preservação da humanidade.
Inegável é a contribuição dada por Hobbes e Freud, dois importantes pensadores, que mesmo separados pelo tempo, contribuíram para a compreensão da origem dos problemas sociais e para evidenciar a função e legitimação do Direito nesse contexto.
DIREITO: CONFLITOS MENTAIS E MECANISMOS DE DEFESA
Os mecanismos de defesa constituem operações de proteção postas em jogo pelo Ego ou pelo Si-mesmo para assegurar sua própria segurança. Os mecanismos de defesa não representam apenas o conflito e a patologia, eles são também uma forma de adaptação. O que torna “as defesas” um aspecto doentio é sua utilização ineficaz ou então sua não adaptação às realidades internas ou externas. (Bergeret, 2006).
Fenichel (2005) diz que as defesas patogênicas, nas quais se radicam as neuroses, são defesas ineficazes, que exigem repetição ou perpetuação do processo de rejeição, a fim de impedir a irrupção de impulsos indesejados; produz-se um estado de tensão com possibilidade de irrupção.
Foi a partir de um desses mecanismos, o recalque, que o estudo dos processos neuróticos se iniciou. Não obstante, o recalque é algo bastante peculiar, sendo mais nitidamente diferenciada dos outros mecanismos do que estes o são entre si.
Os primeiros tradutores de Freud utilizaram o termo “Ego” para dar conta do Ich alemão. Em alemão Ich é um pronome pessoal da primeira pessoa do singular empregado no nominativo, ou seja, sujeito individual ativo da ação. Ich não corresponde portanto, ao ego, que traduziria o Mich alemão, ou seja, um acusativo utilizado para designar o objeto referido pelo verbo, isto é, aqui, o sujeito tomado a ele mesmo (quer dizer, Si-mesmo), ou seja, seu Si-mesmo como objeto. Esse processo concerne à relação narcisista e não a relação de ordem genital, em que o sujeito Eu visa, justamente, a um outro objeto. (Bergeret, 2006). 
Existem mecanismos de defesa encarregados de defender as diferentes instâncias da personalidade (id, Ideal de Si-mesmo, Ideal do Ego, Superego) de um conflito que pode nascer entre elas, assim como conflitos que podem opor o conjunto de todas as instâncias (inclusive o Eu e o Si-mesmo) contra algumas provenientes da realidade exterior; ou ainda exclusiva e excessivamente de um mesmo tipo, o que faz com que o funcionamento mental perca a sua flexibilidade, harmonia e adaptação.
Os mecanismos de defesa mais elaborados concernem ao Eu (ego), enquanto que de natureza mais primitiva se refeririam antes ao Si-mesmo. (Bergeret, 2006) 
Os mecanismos de defesa não se reduzem apenas ao clássico conflito neurótico. Quando se trata de uma organização de modo neurótico, genital e edipiano, o conflito se situa entre as pulsões sexuais e suas proibições (introjetadas no superego). A angústia, é então, a angústia de castração, e as defesas operam no sentido de diminuir essa angústia, seja facilitando a regressão em relação à libido, sendo organizando saídas regressivas, por exemplo auto e alo-agressivas, retomando e erotizando a violência instintual primitiva. (Bergeret, 2006) 
Nas organizações psicóticas toda uma parte predominante do conflito profundo dá-se com a realidade. A angústia é uma angústia de fragmentação, seja por medo de um impacto violento demais por parte da realidade, seja por temor por perda de contato com essa realidade. As defesas contra a angústia de fragmentação podem operar de modo neurótico. Mas, como lembra Bergeret (2006), esse tipo de defesa muitas vezes não basta, e, é quando surgem as defesas próprias ao sistema psicótico: autismo (tentativa de reconstituição do narcisismo primitivo, com seu circuito fechado); recusa da realidade (em todo ou em parte), necessitando às vezes de uma reconstrução de uma neo-realidade, o conjunto desses processos conduzindo à clássica posição delirante. 
No grupo dos estados limítrofes o conflito se situa entre a pressão das pulsões pré-genitais sádicas orais e anais, dirigidas contra o objeto frustrante e a imensa necessidade de que o objeto ideal repare essa ferida narcísica por uma ação exterior gratificante. A angústia que disso decorre é a angústia de perda de objeto, a angústia de depressão. As defesas, nesse caso serão essencialmente centradas nos meios de evitar essa perda e devem conduzir a um duplo maniqueísmo: clivagem interna entre o que é bom (ideal do self) e mau (imediatamente projetado para o exterior), e clivagem externa (entre bons e malvados: não Si-mesmo). Há uma tentativa de aliviar a ferida narcísica arcaica por um narcisismo secundário em circuito aberto, árido, mas impotente para preencher a falta narcísica fundamental. (Bergeret, 2006).
Habitualmente em psicopatologia agrupam-se entre as defesas ditas “neuróticas” o recalque, o deslocamento, a condensação, a simbolização, etc. e entre as defesas ditas “psicóticas”, a projeção, a recusa da realidade, a duplicação do ego, a identificação projetiva, etc.
Entretanto encontra-se estruturas autenticamente psicóticas que se defendem contra a decomposição graças à defesas de modalidade neurótica, mais particularmente obsessiva, por exemplo. Há casos de estruturas autenticamente neuróticas que utilizam abundantemente a projeção ou a identificação projetiva em virtude do fracasso parcial do recalque e diante do retorno de fragmentos demasiado importantes ou inquietantes de antigos elementos recalcados, cujos efeitos ansiogênicos devem ser apagados, de modo certamente mais arcaico e mais custoso, e igualmente mais eficaz. É possível também encontrar angústias de despersonalização em uma desestruturação mínima, de origem traumática (por exemplo), sem que tais fenômenos possam ser atribuídos a qualquer estrutura específica. 
Bergeret (1998) alerta em ter-se a prudência de falar apenas em defesas de modalidade “neurótica” ou “psicótica”, sem fazer previsões acerca da autenticidade da estrutura subjacente.
Freud (1937) lembra que as defesas servem ao propósito de manter afastados os perigos. Em parte, são bem-sucedidos nessa tarefa, e é de duvidar que o ego pudesse passar inteiramente sem esses mecanismos durante seu desenvolvimento. Mas esses próprios mecanismos, que a priori, são defensivos podem transformar-se em perigos. O ego pode começar a pagar um preço alto demais pelos serviços que eles lhe prestam. O dispêndio dinâmico necessário para mantê-los, e as restrições do ego que quase invariavelmente acarretam, mostram ser um pesado ônus sobre a economia psíquica. Tais mecanismos não são abandonados após terem assistido o ego durante os anos difíceis de seu desenvolvimento.Nenhum indivíduo, naturalmente, faz uso de todos os mecanismos de defesa possíveis. Cada pessoa utiliza uma seleção deles, mas estes se fixam em seu ego. Tornam-se modalidades regulares de reação de seu caráter, as quais são repetidas durante toda a vida, sempre que ocorre uma situação semelhante à original. Concedendo-lhes um teor de infantilismos. O ego do adulto, com sua força aumentada, continua a se defender contra perigos que não mais existem na realidade; na verdade, vê-se compelido a buscar na realidade as situações que possam servir como substituto aproximado ao perigo original, de modo a poder justificar, em relação àquelas, o fato de ele manter suas modalidades habituais de reação. Os mecanismos defensivos, por ocasionarem uma alienação cada vez mais ampla quanto ao mundo externo e um permanente enfraquecimento do ego, preparam o caminho para o desencadeamento da neurose e o incentivam. (Freud, 1937)
MECANISMOS DE DEFESA E RESISTÊNCIAS
É comum a confusão entre mecanismos de defesa do Eu (Ego) (utilizados patologicamente ou não) com as resistências.
As resistências são noções que concernem apenas às defesas empregadas na transferência (e no tratamento psicanalítico, em particular) por um sujeito que se defende especificamente do contato terapêutico e das tomadas de consciência dos diferentes aspectos desse contato, em particular da associação livre de idéias.
O paciente repete suas modalidades de reação defensiva também durante o trabalho de análise. Isso não significa que tornem impossível a análise. Constituem a metade da tarefa analítica. (Freud, 1937). A dificuldade da questão é que os mecanismos defensivos dirigidos contra um perigo anterior reaparecem no tratamento como resistências contra o restabelecimento. Disso decorre que o ego trata o próprio restabelecimento como um novo perigo.
CONTRA-INVESTIMENTO
É sobre os representantes ideativos das pulsões que incidem muitos dos mecanismos de defesa.
Quando o superego e as instâncias ideais se opõem ao investimento pelo consciente de representantes pulsionais indesejáveis, há, inicialmente um desinvestimento da representação pulsional ansiogênica. Mas uma certa quantidade de energia psíquica vai se tornando disponível. Não podendo essa energia permanecer assim, ela deverá ser reutilizada em um contra-investimento incidindo sobre outras representações pulsionais, de aspectos diferentes. (Bergeret, 2006)
FORMAÇÃO REATIVA
É um contra-investimento da energia pulsional retirada das representações proibidas. Por exemplo, a solicitude pode ser uma formação reativa contra as representações violentas ou agressivas; ou as exigências de limpeza e asseio uma reação reativa contra o desejo de sujar.
Fenichel (2005) define as reações reativas como tentativas evidentes de negar ou suprimir alguns impulsos, ou de defender a pessoa contra um perigo pulsional. São atitudes opostas secundárias. 
Bergeret (2006) fala que a formação reativa tem um aspecto funcional e utilitário, contribuindo para a adaptação do sujeito à realidade ambiente. Pois a formação reativa se forma em proveito de valores postos em destaque pelos contextos históricos, sociais e culturais, e em detrimento das necessidades pulsionais frustradas, agressivas ou sexuais diretas, ao mesmo tempo que procura direciona-las de maneira indireta. 
Existem mecanismos de defesa que são intermediários entre o recalque e a formação reativa. Por exemplo a mãe histérica que odeia o seu filho é capaz de desenvolver uma afeição aparentemente extrema por ele, a fim de assegurar a repressão de seu ódio, essa solicitude ou beatude permanece limitada a um determinado objeto.
As formações reativas são capazes de usar impulsos cujos objetivos se opõem aos objetivos do impulso original. Podem aumentar os impulsos de ordem reativa para conter o impulso original. De tal forma que um conflito entre em impulso pulsional e uma ansiedade ou sentimento de culpa dele decorrentes podem tomar, por vezes, a aparência de um conflito entre pulsões opostas.
O individuo pode então intensificar sua formação reativa, na luta com contra-investimento do impulso indesejável. Pode tornar-se reativamente heterossexual para rejeitar a homossexualidade; reativamente passivo-receptivo para rejeitar a agressividade.
FORMAÇÃO SUBSTITUTIVA 
A representação do desejo inaceitável é recalcado no inconsciente. Fica então uma falta que o ego vai tentar preencher de forma sutil e compensatória. Tentará obter uma satisfação que substitua aquela que foi recalcada e que obtenha o mesmo efeito de prazer e satisfação que aquela traria, mas sem que essa associação apareça claramente à consciência. 
Bergeret (2006) dá como exemplo o transe mítico, que pode constituir somente um substituto do orgasmo sexual: aparentemente não há nada de sexual, na realidade, porém, o laço com o êxtase amoroso e físico se acha conservado, o afeto permanece idêntico. A formação substitutiva vem então constituir um dos modos de retorno do recalcado. 
A formação substitutiva pode da-se no sentido inverso. O sujeito pode tentar mascarar por meio de uma pseudo-sexualidade substitutiva de superfície, suas carências objetais e sexuais, ao mesmo tempo que tenta se assegurar contra a carência de suas realidades narcísicas. O sujeito opera no registro das defesas do Si-mesmo.
FORMAÇÃO DE COMPROMISSO
É um modo de retorno do recalcado, de tal forma a não ser reconhecido, por um processo de deformação. É um processo que procura aliar em um processo de compromisso, os desejos inconsciente proibidos e as exigências dos proibidores. 
 
FORMAÇÃO DE SINTOMAS
Para a psicanálise os sintomas têm um sentido e se relacionam com as experiências do sujeito. 
Os sintomas são atos prejudiciais, ou pelo menos, inúteis à vida da pessoa, que por sua vez, deles se queixa como sendo indesejados e causadores de desprazer ou sofrimento. O principal dano que causam reside no dispêndio mental que acarretam, e no dispêndio adicional que se torna necessário para se lutar contra eles. Onde existe extensa formação de sintomas, esses dois tipos de dispêndio podem resultar em extraordinário empobrecimento da pessoa no que se refere à energia mental que lhe permanece disponível e, com isso, na paralisação da pessoa para todas as tarefas importantes da vida. (Freud, 1916-1917).
A formação de sintomas é uma forma de retorno do recalcado. “Quer seja de um modo físico, psíquico ou misto, o sintoma não é causado pelo sintoma em si mesmo. Ele assinala apenas o fracasso do recalcamento; não constitui senão o resultado desse fracasso.” (Bergeret, 2006, pág. 98)
O sintoma resulta de três mecanismos precedentes: a formação reativa, a formação substitutiva e a formação de compromisso. Mas é mais complexa do que cada um deles isoladamente. O sintoma assume, graças ao jogo da formação de compromisso e da formação substitutiva, um sentido particular em cada entidade psicopatológica. Bergeret (2006) aponta que a defesa constituída pelo sintoma vai no sentido da luta contra a angústia específica: evitar a castração, na neurose, evitar a fragmentação, na psicose, evitar a perda do objeto, no estado limítrofe. 
Bergeret (1998) lembra que é um pouco equivocado qualificar de saída, demasiado nitidamente, um sintoma como “neurótico” ou “psicótico” sintomas aparentemente neuróticos, por exemplo, podem esconder uma estrutura psicótica ou vice-versa; seria mais prudente falar em sintomas de linhagem neurótica ou psicótica. O autor diz que convém ocupar-se com o sintoma único apenas no uso limitado, para o qual o sintoma foi construído, isto é, “uma manifestação de superfície destinada a expressar a presença de um conflito, o retorno de uma parte do recalque pelos desvios das formações substitutivas ou das realizações de compromisso.” (Bergeret, 1998, pág.48).
IDENTIFICAÇÃO
 
A identificação é uma atividade afetiva e relacional indispensável ao desenvolvimento da personalidade. “Como todas as outras atividades psíquicas, a identificação pode, por certo, ser utilizada igualmentepara fins defensivos.” (Bergeret, 2006, pág. 101)
De acordo com Laplanche e Pontalis, “um processo psicológico pelo qual um sujeito assimila um aspecto, uma propriedade ou um atributo do outro e se transforma, total ou parcialmente, a partir do modelo deste. A personalidade se constitui e se diferencia por uma série de identificações.”
Existem dois grandes movimentos identificatórios, constitutivos da personalidade: a identificação primária e a identificação secundária. 
Identificação primária: “é o modo primitivo de constituição do sujeito sobre o modelo do outro, correlativo da relação de incorporação oral, visando, antes de mais nada, a assegurar a identidade do sujeito, a constituição do Si-mesmo e do Eu.” (Houser, 2006, pág. 43)
Identificação secundária: é contemporânea do movimento edipiano, se fazendo sucessivamente em relação aos dois pais, em suas características sexuadas, e constitutiva da identidade sexuada e da diferenciação sexual. (Houser, 2006)
Bergeret (2006) diz que na identificação primária o objeto deve ser devorado sem distinção prévia entre ternura e hostilidade, nem entre Si-mesmo e não-Si-mesmo, em um movimento que visa precisar a identidade narcisista de base do sujeito.
A identificação secundária, segundo Bergeret (2006), é destinada a afirmar a identidade sexual do sujeito, com todos os seus avatares possíveis em psicopatologia. A criança, primeiro renunciando a incorporar o genitor amado, depois renunciando à idéia de um comércio sexual com ele, vai se consolar absorvendo as qualidades representadas por ele, por meio desse objeto. Esse movimento pode ir até uma regressão defensiva, com todas as perturbações dialéticas possíveis. Mas as identificações ligadas ao genitor do mesmo sexo vêm normalmente completar e organizar genitalmente as identificações primárias, e abrir caminho para as relações posteriores do tipo verdadeiramente objetal e genital. 
A partir da psicologia coletiva, Freud descreveu um terceiro tipo de identificação: onde o sujeito identifica seus próprios objetos aos objetos de um outro sujeito, e principalmente aos objetos de um grupo por inteiro. Isso se produz por imitação e contágio, fora do laço libidinal direto. (Bergeret, 2006)
IDENTIFICAÇÃO COM O AGRESSOR
O indivíduo se torna aquele de quem havia tido medo, ao mesmo tempo, o suprime, o que tranqüiliza. Esse mecanismo, descrito por Ferenczi e Ana Freud, pode ir de simples inversão dos papéis (brincar de doutor , de lobo, de fantasma) a uma verdadeira introjeção do objeto perigoso. 
Bergeret (2006) lembra que essa defesa pressupõe uma onipotência mágica do outro e se encontra relacionada com distorções das instâncias ideais, preparando secundariamente para as condutas masoquistas e para as instâncias proibidoras severas.
IDENTIFICAÇÃO PROJETIVA
É um mecanismo descrito por Melanie Klein e faz parte da posição esquizo-paranóide.  É um conceito fundamental para a teoria e clínica, e foi o instrumento teórico com que os kleinianos abordaram a análise dos pacientes psicóticos e limítrofes.
Para Klein a mente tem a capacidade onipotente de se liberar de uma parte do self, colocando-a em um outro objeto; o resultado é uma confusão da identidade, uma perda da diferença real entre sujeito e objeto. (Bleichmar e Bleichmar, 1992).
Através desse mecanismo o sujeito expulsa uma parte de si mesmo, identificando-se com o não projetado; e ao objeto são atribuídos os aspectos projetados, dos quais o sujeito se desprendeu, o que constituiria para Klein uma das bases principais dos processos de confusão. 
Esse mecanismo é produzido por uma motivação pessoal que procura se livrar de certas partes de si mesmo (para Klein os processos de desenvolvimento obedecem sempre a uma intenção inconsciente do sujeito). O bebê pode precisar, para aliviar sua angústia, desprender-se de aspectos dolorosos do seu próprio self, usando a identificação projetiva, colocando-os em sua mãe; mas esta mãe, adquirirá um aspecto persecutório.
Na clínica, quando a identificação projetiva é muito intensa o paciente percebe o terapeuta a partir de suas próprias projeções e sua subjetividade. Esse mecanismo permite desprender-se tanto dos aspectos maus, como dos bons de alguém. O individuo pode situar os aspectos bons fora do self para preservá-los dos aspectos maus internos. 
Uma das consequências da identificação projetiva excessiva é que o ego se debilita, ficando submetido a uma dependência extrema das pessoas nas quais se projetam os aspectos bons, para voltar a recebê-los delas, ou aspectos maus, para controlá-los e assim poder se proteger da ameaça da introjeção. 
Para Klein o equilíbrio entre os processos de identificação projetiva e introjetiva é estruturante do mundo externo e interno. A identificação projetiva constitui-se como um fenômeno normal, base da empatia e da possibilidade de comunicação entre as pessoas. É a intensidade e qualidade que determina se o mecanismo é patológico ou normal. 
Bleichmar e Bleichmar (1992) relatam que a identificação projetiva é base de muitas situações patológicas. Se o sujeito tem a fantasia de se meter violentamente dentro do objeto e controlá-lo, sofrerá um temor pela reintrojeção violenta , tanto no corpo quanto na mente. Isto provoca dificuldades na reintrojeção, que levam a alterações no ego e no desenvolvimento sexual; pode levar o indivíduo a se isolar em seu mundo interior, refugiando-se em um objeto interno idealizado.
PROJEÇÃO 
Para Freud, existem nesse mecanismo três tempos consecutivos. Primeiro a representação incômoda de uma pulsão interna é suprimida, depois esse conteúdo é deformado, enfim, ele retorna para o consciente sob a forma de uma representação ligada ao objeto externo. 
A projeção ocorre em todos os momentos da vida. Ela é essencial no estágio precoce de desenvolvimento, contribuindo para a distinção entre Si-mesmo e não-Si-mesmo, onde tudo o que é prazeroso é experimentado como pertencente ao Si-mesmo; e tudo o que é penoso e doloroso se experimenta como sendo não-Si-mesmo. Esse é um processo normal que ajuda a fortificar o Si-mesmo e a estabelecer o esquema corporal. 
Fenichel (2005) diz que a projeção é uma reação arcaica que nas fases iniciais do desenvolvimento ocorrem de forma automática e ulteriormente é amansada pelo ego e usada para fins defensivos. O autor destaca que esse mecanismo defensivo só pode ser amplamente utilizado se a função que tem o ego de ajuizar a realidade estiver severamente lesada por uma regressa narcísica. Servindo para toldar mais uma vez os limites entre Si-mesmo e não-Si-mesmo.
Bergeret (2006) assinala que a projeção assinala praticamente um fracasso do recalcamento. Com efeito, com as defesas mais elaboradas, como o recalcamento, principalmente, o ego se defende contra os perigos interiores por meios que utilizam diretamente o inconsciente de maneira imediata e automática. “Se esses procedimentos não bastam mais, torna-se então necessário transformar, pela projeção, o perigo interior em perigo exterior, contra o qual se aplicam os meios de proteção mais arcaicos, mais elementares do Si-mesmo, utilizando e enganando o consciente, tais como a projeção, o deslocamento e a evitação.” (Bergeret, 2006, pág. 103)
Bergeret (2006) destaca que é preciso distinguir na projeção não uma forma de retorno do recalcado, mas um retorno do que, após o recalcamento normal, deveria ter sido recalcado, mas não o pôde ser. A projeção é uma maneira de tratar esse não-recalcado, que, tornando-se incômodo, deve ser eliminado por procedimentos menos eficazes que o recalcamento, mas também menos custosos em contra-investimento. 
Na teoria de Melanie Klein a projeção aparece, primeiramente, ligada à pulsão de morte, cuja ameaça de destruição interna é neutralizada, ao ser expulsa para fora do sujeito. Esta projeção de agressão e de libido permite que se constituam os objetos parciais seio bom e seio mau. 
INTROJEÇÃO
Nos estágios iniciais do desenvolvimento tudo o que agrada é introjetado. A introjeção é um mecanismo que repete,com objetivo defensivo e regressivo no adulto, esse movimento que consistia em fazer entrar no aparelho psíquico uma quantidade cada vez maior do mundo exterior. Mas como destaca Bergeret (2006), enquanto na criança o ego se encontra enriquecido com isso, no adulto cria-se assim toda uma série de fantasias interiores inconscientes, organizando uma imagem mental íntima que o sujeito vai terminar por considerar como se ela fosse um objeto real exterior. 
A introjeção seria uma defesa contra a insatisfação causada pela ausência exterior do objeto. A incorporação é o objetivo mais arcaico dentre os que se dirigem para um objeto. A identificação, realizada através da introjeção, é o tipo mais primitivo de relação com os objetos. Fenichel (2005) destaca que daí por que todo tipo de relação objetal que depare com dificuldades é capaz de regredir à identificação; e todo objetivo pulsional ulterior é capaz de regredir à introjeção. 
Para os autores kleinianos, há um jogo de interações constantes entre os movimentos projetivos e introjetivos, do mesmo modo que entre os mundos objetais interno e externo, o que contribui para a manutenção de boas relações objetais, vitais para o sujeito. 
Na teoria de Melanie Klein a introjeção é essencial para o psiquismo, pois é através dela que se constroem os objetos internos, o que permite a formação do ego e do superego. Mas para Klein, os objetos que se introjetam nunca são uma cópia fiel dos objetos externos, mas que estes se encontram deformados por uma projeção das pulsões e sentimentos do sujeito.
Há no nível da introversão, um certo número de confusões, principalmente no que tange as diferenças entre introversão, incorporação, identificação, introversão e internalização. 
A incorporação oral descrita por Melanie Klein é essencialmente uma fantasia ligada a representações psíquicas mais corporais do que psíquicas, e não como um mecanismo psíquico propriamente dito.
A identificação secundária incide sobre as qualidades do sujeito e não sobre as recriminações a seu respeito. 
A internalização (ou interiorização) concerne ao modo de relação com outrem, por exemplo, rivalidade edipiana com o pai, enquanto que a introjeção comporta o estabelecimento, no interior de si, de uma imagem paterna substitutiva do pai faltante. (Bergeret, 2006)
A introversão, descrita por Jung e retomada por Freud, incide sobre os fenômenos de retirada da libido em relação aos objetos reais. Essa retirada pode se efetuar de duas maneiras: para o ego (narcisismo secundário) ou para os objetos imaginários internos, as fantasias. 
Na conferência XXIII – O Caminho da Formação de Sintomas – Freud (1916 – 1917) diz que a retração da libido para a fantasia é um estagio intermediário no caminho de formação dos sintomas e merece ser denominada de introversão. Freud considera que a introversão denota desvio da libido das possibilidades de satisfação real e a hipercatexia das fantasias que até então foram toleradas como inocentes. 
Freud diz que um introvertido não é um neurótico, porém se encontra em situação instável, desenvolverá sintomas na próxima modificação da relação de força, a menos que encontre algumas outras saídas para sua libido represada.
Bergeret (2006) aponta que o neurótico busca um ser exterior, objeto edipiano deformado pelos conflitos; o psicótico procura voltar seu amor sobre si mesmo, mas sem sucesso; nos estados-limítrofes o individuo ama um ser imaginário, que se assemelha a seu Ideal de Si-mesmo e ao mesmo tempo um ser real, mas escolhido porque justamente afastado e inacessível. “Esse parece ser o verdadeiro domínio da defesa por introversão, ou seja, uma retirada não estritamente autística, mas constituída por fantasias interiores.” (Bergeret, 2006, pág. 104)
ANULAÇÃO 
Freud diz que é um processo ativo consiste em desfazer o que se fez. O sujeito faz uma coisa que, real ou magicamente, é o contrario daquilo que, na realidade ou na imaginação se fez antes.
Bergeret (2006) lembra que é conveniente que as representações incômodas, evocadas em atos, pensamentos ou comportamentos do sujeito sejam considerados como não tendo existido. Para isso, o sujeito coloca em jogo outros atos, pensamentos ou comportamentos destinados a apagar magicamente tudo o que estava ligado às representações incômodas.
A anulação ocorre nos atos expiatórios no animismo, em certas necessidades de verificação e, em geral, em todo mecanismo obsessivo, onde uma atitude é anulada por uma segunda atitude, destinada, segundo Bergeret (2006), não somente às consequências da primeira atitude, mas essa atitude em si, pelo próprio fato de que ela constitui um suporte para a representação proibida. Fenichel (2005) diz que a própria idéia de expiação nada mais é do que a expressão da crença na possibilidade de anulação mágica. 
Há vezes em que a anulação não consiste em compulsão em fazer o contrário do que se fez antes, mas em compulsão em repetir o mesmíssimo ato. Fenichel (2005) destaca que o objetivo de repetir (que tem a compulsão) consiste em praticar o mesmo ato liberto do seu significado inconsciente, ou com o significado inconsciente contrário. E se ocorre de o material reprimido se insinuar outra vez na repetição, a qual visa a expiação, uma terceira, quarta, quinta repetição talvez se faça necessária. 
A anulação constitui um mecanismo narcisicamente muito regressivo. Ela deve operar quando os processos mentais mais clássicos, à base de desinvestimento e de contra-investimento não sejam mais suficientes. A anulação irá incidir sobre a própria realidade, pois é a temporalidade, elemento importante do real, que se acha negada, alterada.    
DENEGAÇÃO
 
É um mecanismo mais arcaico que o recalcamento. Na denegação o representante pulsional incômodo não é recalcado, mas o indivíduo depende dele, recusando-se a admitir que possa se tratar de uma pulsão que o atinja pessoalmente.
Segundo Bergeret (2006) com esse mecanismo defensivo uma representação pode, tornar-se assim consciente, sob a condição de que sua origem seja negada.
RECUSA 
A recusa trata-se de eliminar uma representação incômoda, não a apagando (anulação) ou recusando (denegação), mas negando a própria realidade da percepção ligada a essa representação. (Bergeret, 2006).
Não há necessidade de recalcamento, a recusa incide sobre a própria realidade, que se tornou consciente e não é levada em conta como tal. 
A recusa é essencialmente um mecanismo que se dá nas psicoses e perversões. Na psicose há a recusa de toda a realidade incômoda, sem especificidade, e o delírio vem, se necessário, sobre-investir em uma neo-relaidade compensadora. No perverso a recusa incide sobre uma parte muito focalizada da realidade, ficando o resto do campo perceptivo intacto.
ISOLAMENTO
Esse mecanismo é descrito por Freud desde 1894, e consiste em separar a representação incômoda do seu afeto. No isolamento o paciente não esquece os traumas patogênicos, mas perde o rastro das conexões e o significado emocional. Os fatos importantes de sua vida (e que podem ter forte teor patogênico) perdem o significado afetivo, são isolados de sua carga emotiva. 
Bergeret (2006) diz que o isolamento constitui uma forma de resistência freqüente no tratamento analítico, por interrupção defensiva do processo associativo, quando ele põe em evidência elementos angustiantes. 
Fenichel (2005) relata que há casos em que o paciente tenta impedir todo efeito terapêutico de sua análise, realizando-a, toda ela, “isolada”. O paciente aceita a análise enquanto está no consultório, mas ela permanece isolada do resto da sua vida. Há sujeitos que começam e terminam a entrevista com rituais que se destinam a isolá-la daquilo que ocorre antes e depois. 
Fenichel (2005) relata que um tipo de isolamento que ocorre com muita frequência em nossa cultura é aquele dos componentes sensuais e amorosos da sexualidade. Muitas pessoas não conseguem obter satisfação sexual plena porque só são capazes de gozar a sensualidade por pessoas pelas quais não sentem amor ou até com pessoasque desprezam.
DESLOCAMENTO
Nesse mecanismo a representação incômoda de uma pulsão proibida é separada de seu afeto e este é passado para uma outra representação, menos incômoda, mas ligada à primeira por um elemento associativo (Bergeret, 2006). O afeto contido em relação a um certo objeto explode contra outro objeto. 
Bergeret (2006) diz que o deslocamento trata-se de um mecanismo muito primitivo e bastante simples, ligado aos processos primários. O deslocamento opera habitualmente nas fobias, diante do fracasso do recalcamento. O isolamento, nos obsessivos, e o deslocamento nas fobias, são complementados pela evitação, destinada a poupar o sujeito a encontrar mesmo a representação isolada ou deslocada. 
SUBLIMAÇÃO
Na sublimação o alvo é abandonado em proveito de um novo alvo, valorizado pelo superego e ideal de Si-mesmo. A sublimação não necessita de nenhum recalcamento.
Bergeret (2006) diz que a sublimação constitui um processo normal, e não patológico, à condição de que ela não suprima por si só, toda atividade sexual ou violenta propriamente dita.
DELITO DOLOSO
Há evidencia da vontade consciente contudo a prática do delito agregará elementos para melhor ilustrar a maneira como essa vontade se expressa, onde mecanismo de defesa do individuo utilizara justificativas para seu comportamento, tais como:
A projeção: atribui-se a alguém a culpa pelo próprio insucesso.
Racionalização: inventa-se uma razão para justificar o ato censurável.
O delito doloso encontra fácil justificativa no desequilíbrio emocional, representa uma solução que o psiquismo dispões para dar fim à evolução de um conflito em que o estresse se acumula e precisa de uma válvula de escape.Em boa parte das situações, o condicionamento surge como uma explicação razoável para o comportamento .
DELITO CULPOSO
O Código Penal refere-se a três situações às quais se aplica a classificação de delito culposo:
A imprudência;
A negligência e
A imperícia.
Sob a ótica da psicologia, todas essas situações apresentam interpretações que roubam a responsabilidade das mãos do acaso, para transferi-la em variados graus para as mãos do autor - ainda que se reconheça o caráter inconsciente do comportamento delituoso.
Delinquência Ocasional
Fala-se em ocasional o delito praticado por agente até então socialmente ajustado e obediente à lei, que só chegou a uma ação anti-social respondendo a uma forte solicitação externa, é importante prestar atenção na via da delinquência ocasional, por que se torna uma porta para comportamentos delituosos persistentes e evolutivos.
Delinquência Psicótica
É a prática criminosa que se efetiva em função de uma transtorno mental. Diversas psicopatologias podem conduzir a comportamento delitivo, devem ter diagnósticos por especialistas e é indispensável que o quadro seja predominante ao tempo da ação. Uma dificuldade, para essa aprovação, é o tempo transcorrido entre o fato e avaliação.
A delinquência psicótica ocasiona grande impacto emocional ao observador por que:
Há temor que o comportamento se repita;
Não existe um quadro de referência que se possa considerar, onde ele pode ocorrer a qualquer momento, em qualquer lugar;
Há também o temor de que o individuo seja considerado "curado", sendo que isso não aconteceu e
O temor de que a delinquência psicótica possa ser uma sofisticada simulação.
Delinquência neurótica
A conduta delitiva é encarada como uma manifestação dos conflitos do sujeito com ele mesmo, com finalidade inconsciente de punição, que serve para aplacar um sentimento de culpa de outra origem.
Delinquência profilática
O agente entende que estará evitando um mal maior e não revela remorso. As questões que envolvem a delinquência profilática são de grande complexidade e devem ser analisadas com estreita observância dos aspectos sociais e culturais que sobre elas exercem influência determinante. Um exemplo o abuso sexual, não é tolerado nos presídios, desperta sentimentos de repugnância e desejo de vingança para os demais sentenciados, onde "castigam" os que cometeram esse crime. Esse procedimento funciona como uma expiação de culpa, com a qual os sentenciados se redimem, se não perante a sociedade perante os próprios psiquismos.
SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL
Síndrome de Alienação Parental (SAP), também conhecida pela sigla em inglês PAS, é o termo proposto por Richard Gardner [3] em 1985 para a situação em que a mãe ou o pai de uma criança a treina para romper os laços afetivos com o outro genitor, criando fortes sentimentos de ansiedade e temor em relação ao outro genitor. 
Os casos mais freqüentes da Síndrome da Alienação Parental estão associados a situações onde a ruptura da vida conjugal gera, em um dos genitores, uma tendência vingativa muito grande. Quando este não consegue elaborar adequadamente o luto da separação, desencadeia um processo de destruição, vingança, desmoralização e descrédito do ex-cônjuge. Neste processo vingativo, o filho é utilizado como instrumento da agressividade direcionada ao parceiro. 
O Genitor Alienante :
Exclui o outro genitor da vida dos filhos 
Não comunica ao outro genitor fatos importantes relacionados à vida dos filhos (escola, médico, comemorações, etc.). 
Toma decisões importantes sobre a vida dos filhos, sem prévia consulta ao outro cônjuge (por exemplo: escolha ou mudança de escola, de pediatra, etc.). 
Transmite seu desagrado diante da manifestação de contentamento externada pela criança em estar com o outro genitor. 
Interfere nas visitas 
Controla excessivamente os horários de visita. 
Organiza diversas atividades para o dia de visitas, de modo a torná-las desinteressantes ou mesmo inibí-la. 
Não permite que a criança esteja com o genitor alienado em ocasiões outras que não aquelas prévia e expressamente estipuladas. 
Ataca a relação entre filho e o outro genitor 
Recorda à criança, com insistência, motivos ou fatos ocorridos que levem ao estranhamento com o outro genitor. 
Obriga a criança a optar entre a mãe ou o pai, fazendo-a tomar partido no conflito. 
Transforma a criança em espiã da vida do ex-cônjuge. 
Quebra, esconde ou cuida mal dos presentes que o genitor alienado dá ao filho. 
Sugere à criança que o outro genitor é pessoa perigosa. 
Denigre a imagem do outro genitor 
Faz comentários desairosos sobre presentes ou roupas compradas pelo outro genitor ou mesmo sobre o gênero do lazer que ele oferece ao filho. 
Critica a competência profissional e a situação financeira do ex-cônjuge. 
Emite falsas acusações de abuso sexual, uso de drogas e álcool. 
A Criança Alienada:
Apresenta um sentimento constante de raiva e ódio contra o genitor alienado e sua família. 
Se recusa a dar atenção, visitar, ou se comunicar com o outro genitor. 
Guarda sentimentos e crenças negativas sobre o outro genitor, que são inconsequentes, exageradas ou inverossímeis com a realidade. 
Crianças Vítimas de SAP são mais propensas a:
Apresentar distúrbios psicológicos como depressão, ansiedade e pânico. 
Utilizar drogas e álcool como forma de aliviar a dor e culpa da alienação. 
Cometer suicídio. 
Apresentar baixa auto-estima. 
Não conseguir uma relação estável, quando adultas. 
Possuir problemas de gênero, em função da desqualificação do genitor atacado. 
Estatísticas sobre a Síndrome da Alienação Parental
80% dos filhos de pais divorciados já sofreram algum tipo de alienação parental.
Estima-se que mais de 20 milhões de crianças sofram este tipo de violência.
ADOECER NA CLASSE TRABALHADORA
Dentre 36 trabalhadores em risco de adoecimento, 22 (61,1%) referiram que adoeceram. Prevaleceram os profissionais do sexo feminino, com idade entre 31 e 40 anos, estado civil casado, que trabalham na ESF há mais de cinco anos, recebendo entre um e cinco salários mínimos, que desempenham a função de Agente Comunitário de Saúde, o que pode ser explicado pelo fato de a maioria dos trabalhadores que atuam na ESF ser mulheres e os ACS são os profissionais em maior número dentro da equipe(6). Dentre estes,

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