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A importância da fisioterapia respiratória e suas técnicas de higiene 
brônquica 
 
 
André Jander Aranha Gomes
1
 
andrearanha1@hotmail.com 
Dayana Priscila Maia Mejia
2
 
Pós-graduação em Fisioterapia Hospitalar– Faculdade Fasam 
 
Resumo 
A fisioterapia respiratória pode definir-se como uma especialidade da fisioterapia que utiliza 
estratégias, meios e técnicas de avaliação e tratamento que buscam a otimização do 
transporte de oxigênio, contribuindo assim para prevenir, reverter ou minimizar disfunções 
ventilatórias, promovendo a máxima funcionalidade e qualidade de vida dos pacientes; 
podendo ainda proporcionar assistência ao paciente criticamente enfermo em unidades de 
terapia intensiva. Alguns estudos têm investigado os efeitos da fisioterapia respiratória e as 
técnicas de higiene brônquica; no entanto, a fisioterapia relacionada ao tempo de internação 
ainda é causa de discussões tanto na sua função e importância como nas técnicas e métodos 
aplicados. Sendo assim, o presente estudo teve como objetivo geral realizar uma revisão 
sistemática das literaturas disponíveis sobre a eficácia da fisioterapia respiratória e as 
técnicas de higiene brônquica. Esta revisão comprova que se faz urgentemente necessária a 
produção de melhores e mais rigorosas investigações acerca do trabalho da fisioterapia em 
especialmente no que concerne às técnicas de higiene brônquica, a fim de avaliar sua 
importância e necessidade, objetivando o melhor tipo de serviço prestado ao paciente 
gravemente enfermo. 
 
Palavras-chave: Fisioterapia respiratória; Técnicas; Higiene brônquica. 
 
1. Introdução 
 
Segundo Costa (1999), tem sido muito discutidos a fundamentação das técnicas manuais 
(recursos manuais) empregados na fisioterapia respiratória bem como as questões relativas a 
diversidade terminológica que essas técnicas adquirem, com o passar do tempo, para cada 
profissional da área. Isso provavelmente ocorre pela escassez de bibliografias básicas, assim 
como pela ausência de estudos científicos que fundamentem o assunto. 
Não pretende-se neste artigo estabelecer uma nomenclatura única para ser seguida, tampouco 
esgotar o assunto, mais expressar os conceitos de uma pratica bastante conhecida e há muito 
utilizada no dia-a-dia da fisioterapia respiratória. Para tal, será empregada uma terminologia 
que expresse o que de fato encerram os conteúdos e objetivos das técnicas e procedimentos 
terapêuticos que constituem os recursos manuais da fisioterapia respiratória (COSTA, 1999). 
De acordo com Telles (2005), os recursos manuais da fisioterapia respiratória compõe um 
grupo de técnicas de exercícios manuais específicos que visam a prevenção, no intuito de 
evitar a complicação de um quadro de pneumopatia instalado, á melhora ou reabilitação de 
uma disfunção toracopulmonar e ao treinamento e recondicionamento físico das condições 
respiratórias de um pneumopata. Visam também ao condicionamento físico e respiratório a 
educação de um individuo sadio normal, como respirar corretamente, como forma de 
 
1 Pós-graduando em Fisioterapia Hospitalar. 
 
2 Orientadora, Fisioterapeuta, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestranda em Bioética e Direito 
em Saúde. 
2 
 
prevenção no intuito de evitar que uma disfunção respiratória ou uma disfunção se instale. 
Estes recursos são chamados por serem empregados sem o uso de equipamentos, podendo 
também ser enquadrados na cinesioterapia respiratória: por essa razão são chamados de 
manobras cinesioterapeuticas respiratórias ou manobras manuais da fisioterapia respiratória 
(PRYOR & WEBBER, 2002) 
Tais recursos são geralmente empregados no tórax de indivíduos acometidos de pneumopatias 
ou após cirurgias de tórax ou de abdômen, especialmente nos casos em que o individuo 
apresenta dificuldade de auto eliminação de secreção das vias aéreas inferiores, bem como nas 
dificuldades de uma ventilação pulmonar adequada ou suficiente para suprir o consumo de 
oxigênio no organismo (COSTA, 1999). 
A literatura sobre os recursos manuais da fisioterapia respiratória, ou manobras 
cinesioterapeuticas respiratórias, além de escassa não os agrupa e nem descreve de maneira 
satisfatória. Na maioria das vezes, esses recursos são somente citados, talvez por se tratarem 
de técnicas exclusivamente manuais e exigirem muito mais da experiência pratica de quem se 
aplica do que de sua própria fundamentação cientifica e bases anatomofisiologicas 
(SCANLAN et al., 2000) 
O tratamento apropriado do paciente com problemas pulmonar requer o conhecimento do 
distúrbio fisiológico presente e da eficácia de um dado tratamento dentro do contexto daquele 
problema. Historicamente, os efeitos de diversas medidas terapêuticas não estavam validados 
por rigorosa avaliação cientifica. Consequentemente os fisioterapeutas devem estar 
preparados para aperfeiçoar suas idéias com o influxo continuo de novas informações 
(IRWIN & TECKLIN, 2003). 
A Fisioterapia Respiratória (FR) tem importante papel no tratamento de pneumopatias. 
Terapias de higiene brônquica (HB) em casos de hipersecreção já são utilizadas há muitas 
décadas, com algumas técnicas denominadas convencionais e outras novas. Todas objetivam 
prevenir ou reduzir as conseqüências mecânicas da obstrução, como hiperinsuflação, má 
distribuição da ventilação pulmonar, entre outras, aumentando a clearance mucociliar da via 
aérea. Essas técnicas vêm sendo alvo de estudos e revisões, porém, permanecem muitas 
dúvidas sobre suas relações com as propriedades reológicas do muco brônquico (MARTINS 
et al., 2004). 
A fisioterapia tem um importante papel na manutenção das vias aéreas e pulmões 
desobstruídos, principalmente, quando patologias de gênese hipersecretiva estão envolvidas 
ou quando disfunções neuromusculares tornam a tosse ineficaz. As técnicas desobstrutivas 
também fazem parte dos programas pré e pós - operatórios de cirurgias cardíacas, torácicas e 
abdominais com objetivo profilático contra pneumonias e atelectasias. 
Algumas técnicas desobstrutivas são descritas na literatura entretanto, o estudo torna-se 
confuso quanto aos tratamentos e assim dificultando sua interpretação. Em muitos casos 
observa-se que utiliza-se o nome genérico de uma técnica, mas na prática adotam uma técnica 
diferente. 
O objetivo desse estudo é rever, através de uma revisão bibliográfica, a importância da 
fisioterapia respiratória e suas técnicas de higiene brônquica. 
 
2. A fisioterapia respiratória 
 
A fisioterapia respiratória é utilizada há muitos anos, com o objetivo de prevenir a instalação 
de infecções respiratórias e quando estas já estão instaladas, promover um tratamento 
adequado, evitando complicações secundárias (SHEPHERD, 2002). 
Inicialmente a fisioterapia respiratória surgiu com a finalidade de melhorar a ventilação 
pulmonar de pacientes portadores de patologias respiratórias, com base em técnicas de 
3 
 
exercícios respiratórios com inspirações e expirações, além do volume corrente normal, 
associados ou não à mobilização do tronco e dos membros superiores (PIRES et al., 2004). 
A Fisioterapia respiratória pode definir-se como uma especialidade da Fisioterapia que utiliza 
estratégias, meios e técnicas de avaliação e tratamento que buscam a otimização do transporte 
de oxigênio, contribuindo assim para prevenir, reverter ou minimizar disfunções ventilatórias, 
promovendo a máxima funcionalidade e qualidade de vida dos pacientes. Podendo ainda 
proporcionar assistência ao paciente criticamente enfermo em unidades de terapia intensiva 
(UTI), além de intervenções terapêuticas em pacientes com diversas disfunções de sistemas 
orgânicos em UTIs.Após os primeiros cuidados de emergência e estabilização do quadro, o paciente é submetido 
a uma cuidadosa avaliação fisioterapêutica observando-se aspectos como; funções vitais, nível 
de consciência, observação dos exames, inspeção global, teste de sensibilidade, teste articular 
passivo e verificação de doenças prévias associadas (COSTA, 1999). 
Além de todos os itens citados acima, a avaliação respiratória também é realizada e vários 
aspectos devem ser observados, dentre eles: informações básicas (exames e condutas já 
realizadas), ausculta pulmonar, gasometria arterial, radiografia de tórax, frequência 
respiratória, padrão muscular respiratório, ventilometria, pressão inspiratória máxima, pressão 
expiratória máxima, percussão torácica, observação da simetria e expansibilidade torácica, 
efetividade da tosse, aspecto da secreção traqueal e parâmetros do respirador (Papa & Trimer, 
2000). Desta forma, torna-se possível a definição de um plano de tratamento para os 
pacientes. 
De acordo com Pires et al. (2004), a fisioterapia respiratória também pode auxiliar na 
manutenção das funções vitais pela prevenção e/ou controle sintomático de doenças 
pulmonares, circulatórias e músculo esqueléticas; reduzir as complicações e o tempo de 
ocupação do leito hospitalar e colaborar para a boa evolução do paciente. 
A função que o fisioterapeuta exerce na Unidade de Terapia Intensiva varia 
consideravelmente de uma unidade a outra, dependendo do país, da instituição, do nível de 
treinamento e da situação do paciente. Em alguns países ou instituições o fisioterapeuta tem a 
responsabilidade de avaliar todos os pacientes em Unidades de Terapia Intensiva, sendo que, 
em outros locais, participam da equipe de cuidados quando o médico responsável solicita sua 
participação (STTILER, 2000). 
A primeira referência de fisioterapia respiratória, de acordo com Knobel, data de 1901, 
quando William Ewart descreveu o benefício da drenagem postural no tratamento da 
bronquiectasia. A fisioterapia respiratória é direcionada para manutenção das vias aéreas, 
através de manobras especializadas, que deverão promover a mobilização das secreções e a 
manutenção da mobilidade muscular, melhorando a função dos músculos respiratórios 
(KNOBEL, 2002). 
A fisioterapia respiratória está indicada para pacientes de UTI, objetivando minimizar a 
retenção de secreção pulmonar, melhorar a oxigenação e reexpandir áreas pulmonares 
atelectásicas, além de evitar os efeitos deletérios da hipo ou inatividade do paciente acamado. 
O repouso prolongado predispõe à atrofia e a importante fraqueza muscular, podendo-se, 
portanto, observar em pacientes imobilizados contraturas articulares, diminuição do trofismo 
muscular e aparecimento de úlceras de pressão (LIGHT, 2001; REGENGA, 2000). 
 
3. Técnicas de higiene brônquica 
 
As manobras de higiene brônquica são indicadas quando a função do sistema mucociliar está 
debilitada ou quando há um importante acúmulo de secreção nas vias aéreas (REGENGA, 
2000). 
4 
 
Correspondem a um conjunto de técnicas para garantir as vias aéreas pérvias, atuando no 
processo do descolamento e também deslocamento de secreções, promovendo de tal forma 
condições para uma adequada ventilação e prevenção de infecções respiratórias (KNOBEL, 
2002). 
Slutzky (1997) assinala que são essenciais para evitar o acúmulo de secreções com o 
propósito de impedir os processos bronco-obstrutivos, quadros infecciosos e ainda para 
melhorar, facilitar e promover a limpeza mucociliar. 
Entre elas, as principais são: drenagem postural, percussão, vibração, vibrocompressão, 
aceleração do fluxo expiratório (AFE), terapia expiratória manual passiva (TEMP), tosse 
assistida e aspiração traqueobrônquica. 
 
3.1 Drenagem postural 
 
De acordo com Costa (1999), a drenagem postural tem como principal fundamentação o uso 
da ação da gravidade. Há uma tendência natural de acúmulo de secreções pulmonares nas 
áreas mais distais da árvore brônquica, pelo próprio efeito gravitacional, a drenagem postural 
emprega o posicionamento invertido, no intuito de favorecer o acesso da secreção pulmonar a 
um trajeto mais superior na árvore brônquica e, conseqüentemente, sua eliminação. 
É o posicionamento do paciente em diversos decúbitos para facilitar a drenagem das secreções 
pulmonares em direção à traquéia pela força da gravidade. A secreção, uma vez na traquéia, 
poderá ser expectorada ou aspirada. Existem controvérsias sobre o tempo de aplicação do 
método, mas muitos autores defendem a permanência por 15 a30 minutos em cada posição 
com o limite de 60 minutos no total. 
Pacientes com dificuldades de transporte mucociliar ou de expectoração serão beneficiados 
por essa técnica (KNOBEL, 2002). 
Está indicada em casos de: hipersecreção pulmonar, paciente em ventilação mecânica, 
tabagistas e pacientes com afecções neuromusculares;e contra-indicada em: pacientes com 
hipertensão intracraniana, instabilidade hemodinâmica, distensão abdominal e cirurgias 
diafragmáticas. 
 
3.2 Percussão 
 
A percussão ou tapotagem pode ser definida como qualquer manobra realizada com as mãos, 
deforma ritmada ou compassada, sobre um instrumento ou corpo qualquer. Foi primeiramente 
descrita por Linton, em 1934, e desde então vem sendo utilizada com grande frequência pelos 
fisioterapeutas. As percussões pulmonares proporcionam ondas de energia mecânica que são 
aplicadas na parede torácica e transmitidas aos pulmões. A forma com que estas ondas se 
propagam assemelha-se analogamente aos círculos que se formam na água para fora do ponto 
onde uma pedra fora atirada. O objetivo da percussão torácica é mobilizar a secreção 
pulmonar viscosa, facilitando sua condução para uma região superior da árvore brônquica, 
promovendo a eliminação. A secreção é despregada devido à ação das ondas mecânicas 
produzidas pela mão percussora, conforme figura 1 e 2 (COSTA, 1999). 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: COSTA, 1999. 
Figura 1: Higiene brônquica: percussão. 
 
 
O efeito da manobra de percussão provoca ondas mecânicas que levam o muco até as vias 
aéreas de maior diâmetro. O objetivo da percussão torácica é deslocar secreção pulmonar 
viscosa passando pela árvore brônquica e facilitando com isso sua eliminação (COSTA, 
1999). 
É uma técnica que busca a depuração de secreções das vias respiratórias através da 
transmissão de ondas, podendo ser realizada manualmente por clapping na parede torácica 
(TRAVER et al., 1995). 
Está indicada em casos de: hipersecreção pulmonar, atelectasias, doenças neuromusculares, 
pneumopatias crônicas e com grande dificuldade de expectoração; e contraindicada em: 
instabilidade torácica, osteoporose importante e coagulopatia significativa. 
 
3.3 Vibração manual 
 
De acordo com Scanlan et al. (2000), a vibração é uma técnica de higiene brônquica que tem 
como objetivo mobilizar secreções já livres na árvore brônquica em direção aos brônquios de 
maior calibre, visando à expulsão de secreções. É uma aplicação manual com movimentos 
oscilatórios combinados a uma compressão aplicados no tórax do paciente, comumente usada 
por fisioterapeutas com o objetivo de remover secreções. A compressão e oscilação aplicadas 
durante a vibração produzem alguns mecanismos fisiológicos, tais como: aumento do pico 
expiratório; aumento expiratório do fluxo aéreo, carregando o fluxo de muco para a 
orofaringe; aumento do transporte de muco pelo mecanismo de diminuição da viscosidade da 
secreção, utilizando como ideal uma freqüência entre 3-17 Hz; e a otimização do mecanismo 
da tosse via estimulação mecânica das viasaéreas. A vibração é aplicada manualmente no 
tórax durante a expiração após uma inspiração máxima. 
A técnica de vibração é indicada para pacientes com dificuldade de mobilizar secreções e 
expectorar ou naqueles com processos obstrutivos. Consiste em um movimento oscilatório 
rápido das mãos sobre o tórax na fase de expiração, sendo mais eficiente se a expiração for 
precedida de uma inspiração prolongada espontânea (KNOBEL, 2002). 
Consiste na aplicação de movimentos ritmados que se executam na parede torácica do 
paciente, apenas durante a fase expiratória, aumentando o nível de fluxo expiratório para 
facilitar o deslocamento das secreções já soltas, conduzindo-as das vias aéreas de pequeno 
6 
 
calibre para as de maior calibre, onde serão expectoradas com maior facilidade, de acordo 
com a ilustração 2 (MORGADO, 2008). 
A vibração é uma manobra manual da fisioterapia respiratória empregada com muita 
frequência e, por objetivar a condução das secreções soltas, torna-se muito mais eficiente 
quando, aplicada após terem sido realizadas percussões pulmonares (COSTA, 1999). 
 
 
Fonte: Morgado, 2008. 
Figura 2: Vibração manual. 
 
Pode ser aplicada manualmente por vibração, agitação ou comprimindo a parede torácica 
durante a expiração35. Está indicada em casos de: pacientes com dificuldade de mobilizar 
secreções e expectorar ou naqueles com processos obstrutivos; e contraindicada em: enfisema 
subcutâneo, osteoporose grave, fratura de costela com grande instabilidade torácica. 
 
3.4 Vibrocompressão 
 
Na técnica de vibrocompressão ocorre a facilitação da respiração, na qual um rápido 
alongamento do tórax ao final da expiração, após vibração, pode facilitar uma contração mais 
forte dos músculos intercostais e o relaxamento de seus antagonistas (REGENGA, 2000). 
São vibrações manuais associadas à compressão do tórax e que devem ser realizadas na fase 
expiratória. Pode-se associar o padrão respiratório diafragmático a esta técnica (SILVA, 
2001). 
 
3.5 Aceleração do fluxo expiratório 
 
De acordo com Knobel (2002), essa técnica é considerada como sendo uma energia aplicada, 
pelas mãos do fisioterapeuta sobre o tórax do paciente, que assume a função da tosse quando a 
mesma encontra-se ineficaz. 
7 
 
Como mais uma forma para auxiliar na eliminação do muco brônquico, essa técnica consiste 
de mecanismo igual ao da tosse; existe uma expiração forçada, entretanto, não ocorre o 
fechamento glótico. Obtém-se esse fluxo mediante contrações enérgicas dos músculos 
abdominais, porém, de forma passiva (SLUTZKY, 1997). 
Consiste em um movimento tóraco-abdominal sincronizado, criado pelas mãos do 
fisioterapeuta, sobre o tempo expiratório, que se inicia no nível do platô inspiratório e não 
ultrapassa os limites fisiológicos expiratórios do paciente. A técnica é indicada em problemas 
respiratórios, sempre que a secreção for um fator agravante (FERREIRA & TROSTER, 
1996). 
 
3.6 Terapia expiratória manual passiva 
 
A técnica consiste em uma compressão torácica com as duas mãos do terapeuta dispostas ao 
longo da parede torácica. A compressão é realizada durante toda a fase expiratória e tem por 
finalidade aumentar o fluxo expiratório e o deslocamento das secreções para vias aéreas de 
maior calibre, onde a tosse é mais eficaz (SILVA et al., 2000). 
A pressão expiratória (PE), também chamada de Terapia Expiratória Manual Passiva ou 
Compressão Expiratória, consiste em deprimir passivamente o gradil costal do paciente 
durante uma expiração forçada, sobretudo na fase final da expiração. Pode ser realizada com o 
paciente em decúbito dorsal, lateral ou sentado. Para sua realização, as mãos do terapeuta 
devem ser colocadas espalmadas com dedos abduzidos sobre o tórax, com os punhos e 
cotovelos fixos para a realização dos movimentos acompanhando a dinâmica da respiração e a 
movimentação rítmica das costelas. A pressão dada é contínua e proveniente dos ombros e 
braços, podendo, ao final, haver uma leve vibração para se obter maior relaxamento do 
paciente. Pode ser realizada em qualquer região da parede torácica, desde que as mãos se 
encontrem bem posicionadas. O objetivo principal da pressão expiratória é desinsuflar os 
pulmões. Fisiologicamente ocorre uma diminuição do espaço morto e, conseqüentemente, do 
volume residual (VR); aumento do volumecorrente (VC) e maior ventilação pulmonar, que, 
por sua vez, oxigenará melhor o sangue. Objetiva-se também com esta manobra um ganho de 
mobilidade da caixa torácica, bem como um auxílio na mobilização de secreções. Na sua 
parte final, assiste e estimula a tosse, por uma provável tendência de colapso das vias aéreas 
(COSTA, 1999). 
 
 
 
 
3.7 Tosse assistida 
 
É uma manobra de expiração forçada, voluntária ou não, que visa à eliminação das secreções 
pulmonares. A tosse será mais eficaz quanto maior o volume de ar inspirado e a força dos 
músculos abdominais. Aqueles pacientes que estiverem intubados ou traqueostomizados 
também deverão ser estimulados a tossir, porém, para que a secreção seja expelida, o 
fisioterapeuta deverá realizar a aspiração traqueal (COSTA, 1994). 
 
3.8 Aspiração traqueobrônquica 
 
É um procedimento invasivo, intensamente utilizado pela fisioterapia respiratória, com o 
objetivo de remover secreções traqueobrônquicas e orofaríngeas, favorecendo na melhora da 
permeabilidade das vias aéreas, melhorando a ventilação pulmonar. Está indicada em 
pacientes que não conseguem tossir ou expelir naturalmente. Outros objetivos da aspiração 
8 
 
traqueobrônquica são: evitar ou reverter uma atelectasia, aumentar a capacidade residual 
funcional e facilitar as trocas gasosas (COSTA, 1999). 
 
3.9 ZEEP (Zero End Expiratory Pressure) 
 
Manobra que associa tosse manualmente assistida à PEEP igual a zero; é realizada elevando-
se a PEEP até um mínimo de 10 cmH2O e, um instante antes de realizar a manobra de 
vibrocompressão torácica, zera-se a PEEP. Em seguida, volta-se a PEEP aos valores iniciais. 
Observa-se um efeito de desobstrução brônquica, em função de um alto fluxo expiratório e 
um importante ganho de volume corrente quando retorna-se à PEEP aos níveis normais. A 
técnica está contra-indicada em paciente com instabilidade hemodinâmica e com hipertensão 
intracraniana (PAPA & TRIMER, 2000). 
 
 
3.10 Recrutamento alveolar 
 
Nesta técnica regula-se o ventilador com pressão controlada igual a 30cmH2O e pressiona-se 
o botão de pausa inspiratória (15 a 30 segundos), observando-se rigorosamente a 
monitorização do paciente. O recrutamento alveolar está indicado em pacientes com 
atelectasias de difícil reversão e contra-indicado em pacientes instáveis hemodinamicamente e 
com pressão intracraniana elevada (COSTA, 1999). 
 
3.11 Shaking 
 
É uma manobra utilizada com a finalidade de acelerar a remoção de secreções através do 
sistema de transporte mucociliar. É realizada apenas durante a fase expiratória da respiração e 
após uma inspiração profunda, reforçando, assim, o fluxo de ar expiratório proveniente dos 
pulmões.Para a realização do shaking, as mãos devem estar relaxadas e colocadas sobre a 
região apropriada do tórax (com acúmulo de secreções ou diminuição da ventilação), 
começando logo após o início da expiração; o terapeuta então balança a caixa torácica em 
direção ao brônquio principal. O objetivo desta técnica é o deslocamento de secreções das 
vias aéreas de pequeno calibre para as de grande calibre. O shaking pode ser realizado uni ou 
bilateralmente. Caso não haja incisão, o paciente permanece parcial ou totalmente sentado, e 
as mãos do terapeuta devem ser colocadas na região inferior da parede torácica, com o 
movimento dirigindo-sesuperiormente em direção ao brônquio principal. Quando utilizado 
sobre o esterno, normalmente estimula a tosse devido à mudança das secreções superiormente 
no trato respiratório. Nos pacientes após toracotomia, as mãos devem ser colocadas sobre a 
região anterior e posterior do tórax, abaixo da incisão e não sobre o dreno intercostal. Se o 
paciente tossir, o fisioterapeuta pode aplicar uma firme pressão para dar uma maior 
estabilidade torácica, propiciando, assim, uma tosse mais confortável e eficaz (SILVA et al., 
2000). 
 
4. Metodologia 
 
Esta pesquisa se caracterizou por ser bibliográfica de cunho descritivo, onde foi desenvolvida 
a partir de material já elaborado e publicado, constituído principalmente de revistas 
especializadas em fisioterapia e artigos científicos. 
A revisão literária enquanto pesquisa bibliográfica tem por função justificar os objetivos e 
contribuir para própria pesquisa. E a pesquisa bibliográfica consiste no exame desse 
9 
 
manancial, para levantamento e análise do que já produziu sobre determinado assunto que 
assumimos como tema de pesquisa científica. 
Utilizou-se a base de dados Medline, Pubmed, Scielo, Lilacs e Biblioteca Cochrane com 
artigos publicados no período de 1990 a 2014, no idioma português e inglês. Os descritores 
adotados foram: fisioterapia, fisioterapia respiratória e higiene brônquica. 
 
5. Resultados e Discussão 
 
O aparelho respiratório esta freqüentemente exposto à diversos fatores lesivos que podem 
ocasionar importantes alterações, desde o mecanismo de controle da respiração, sua mecânica, 
funções das trocas gasosas e de suas funções metabólicas, levando o paciente a um quadro de 
sofrimento e de dor. Para que haja uma depuração normal das vias aéreas se faz necessário 
uma escala mucociliar funcional e uma tosse eficaz. 
A fisioterapia não atua diretamente sobre o processo patológico, e sim no nível das limitações 
e incapacidades aumentando a independência e consequentemente a capacidade respiratória 
(CHAVES, 2003). 
A fisioterapia respiratória contribui para prevenir e tratar vários aspectos das desordens 
respiratórias, tais como: 
- obstrução do fluxo aéreo; 
- retenção de secreção; 
- alterações da função ventilatória; 
- dispneia; 
- melhora na performance de exercícios; 
- físicos e da qualidade de vida. 
De acordo com Costa (1999) a higiene brônquica tem como objetivo proporcionar a 
mobilização e com consequente remoção do excesso de muco ou secreção retidos nas vias 
áreas e assim otimizando as trocas gasosas e a diminuindo o trabalho respiratório. 
Drenagem postural se dáatravés da mobilização e delocamento de secreções por meio do uso 
da gravidade, utilizando a mudança de decubito como tratamento tem 
como objetivo direcionar as secreções dos lobos ou segmentos distais para as vias aéreas 
centrais, facilitando sua remoção pela tosse ou aspiração. Baseado na anatomia, ausculta 
pulmonar e radiografia de tórax (quando possível) com a identificação da área de acúmulo de 
secreção; posteriormente, define a posição na qual o brônquio segmentar da região afetada 
esteja na posição vertical em relação à gravidade. O tempo para esse procedimento e 
inderteminado, a asculta pulmonar pode auxiliar no que diz respeito ao período da técnica 
(PAPA & TRIMER, 2000). 
A Percussão torácica é realizada com auxílio das mãos, em forma de concha com o punho ou 
com os dedos (normalmente em RN's), de forma ritmica que dão origem a ondas mecânicas 
que se propagam do tórax para o tecido pulmonar. Pode ser aplicada diretamente na pele e 
deve-se obeservaráreas anatômicas, se ha presença de hiperemia, drenos, cateteres, fraturas 
não diagnosticadas e enfizema subcutâneo. Não deve levar desconforto ao paciente e poder 
ser realizada tanto na inspiração quanto na expiração. As Contraindicações são: hemoptise, 
fratura, fissura, osteoporose, broncoespasmo severo, incisões cirúrgicas e drenos, HAS, febre, 
taquicardia e carcinoma. 
A Tosse assistida objetiva aumentar a eficácia do mecanismo de tosse. O paciente deve 
realizar lentamente a inspiração antes do ato tossígeo, a seguir, expirar o ar suavemente, em 
um período breve, efetuar uma brusca e curta expiração (tosse), o fisioterapeuta deve 
executar uma compressão moderada durante a tosse aumentando assim a sua eficácia. 
Na Estimulação da tosse o reflexo da tosse quando a tosse voluntária está diminuída ou em 
pacientes não colaborativos. Estímulo mecânico localizados nos pontos anatômicos 
10 
 
específicos ( estímulo de fúrcula esternal de forma manual, cav. nasal, traquéia e carina com 
auxílio de sondas de aspiração) 
A Aceleração de fluxo ocorre com a retirada passiva das secreções através da aceleração de 
fluxo expiratório com apoio abdominal. Há um aumento da pressão intrabrônquica, que leva à 
turbulência do fluxo aéreo mobilizando secreções aos brônquios proximais. 
O Flutter e shaker são a associação de PEEP com oscilação oral de alta freqüência, gerando 
vibrações endobrônquicas. Tem forma de cachimbo com uma espera de aço sustentada 
sobre um suporte que, durante a expiração, gera oscilações com freqüências que variam 
dependendo da angulação do equipamento, em relação à boca, enquanto seu peso serve de 
resistência expiratória que varia de 10 a 25 cm H2O. 
A Expiração com pressão positiva nas vias aéreas – EPAP - é um sistema de utilização de 
resistência externa ao fluxo expiratório por meio de válvula expiratória unidirecional, com a 
finalidade de gerar pressão positiva ao final da expiração. Realiza inspiração profunda, 
seguida de uma expiração basal contra a resistência oferecida pela válvula, previamente 
regulada. 
A Aspiração é uma técnica utilizada mediante a utilização de uma sonda conectada a um 
gerador de pressão negativa, (aspirador) devendo ser aplicada em pacientes com tosse ineficaz 
ou em ventilação mecânica Deve ser realizada de maneira asséptica, com duração de 10 a 15 
segundos em sistema de aspiração aberto ou fechado. No sistema aberto, é necessária a 
retirada do paciente do respirador e introdução da sonda, interrompendo a ventilação. 
No sistema fechado, o paciente não é desconectado; a sonda é protegida por um envolvente 
plástico, podendo ser trocada a cada 24 h. Deve ser realizada, preferencialmente por 2 
fisioterapeutas. 
A Manobra com pressão zero ao final da expiração - ZEEP - aumenta o fluxo expiratório para 
promover o deslocamento de secreções. Técnica de redução abrupta da pressão positiva 
expiratória final, (PEEP) realizada em pacientes sob ventilação mecânica invasiva. O 
fisioterapeuta aguarda o início da inspiração , quando isso ocorre, eleva a PEEP (entre 10 e 15 
cm H2O), não permitindo pressões de pico elevadas (30 e 40 cm H2O). Aguarda-se a 
realização de alguns ciclos respiratórios (3 a 5). A seguir reduz-se a PEEP à zero de modo 
abrupto, acompanhada de vibrocompressão. Essa manobra proporciona rápido deslocamento 
de ar. a vibrocompressão e importante para eficacia da técnica (que seja ideal ser realizada 
com 2 fisioterapeutas). 
Bag Squeenzing - ventilação associada a vibrocompressão com o objetivo de mobilização e 
deslocamento da secreção. Feita em paciente sob ventilação mecânica. Deve ser realizada 
preferencialmente por dois fisioterapeutas, onde um instila soro no tubo orotraqueal e com o 
uso do ambu ventila de forma rápida em três ciclos seguidos e ao final deles o segundo 
fisioterapeuta faz a vibrocompressão. Esta técnica antecede a aspiração e é eficaz para o 
deslocamente de rolhas. 
 
6. Conclusão 
 
A importância que a fisioterapia ocupa hoje em vários âmbitos da saúde, parece ser muito 
recente e, a inserção de ensaios clínicos randomizados é aindairrelevante, pois, há pouca 
evidência sobre os efeitos das intervenções fisioterapêuticas. 
Embora ainda existam poucos estudos que comprovem a importância da fisioterapia 
respiratória e suas técnicas de higiene brônquica, sabe-se que, quando bem empregada, traz 
resultados satisfatórios e contribuem muito para a recuperação do paciente. 
Ainda existe pouco investimento financeiro de pesquisa na área, assim como baixo número de 
profissionais com titulação e formação específica para a produção de evidências científicas 
claras e fortes. 
11 
 
Esta revisão comprova que se faz urgentemente necessária a produção de melhores e mais 
rigorosas investigações acerca do trabalho da fisioterapia respiratória e suas técnicas de 
higiene brônquica, especialmente no que concerne as complicações pulmonares, a fim de 
avaliar sua importância e necessidade nas mesmas, objetivando o melhor tipo de serviço 
prestado ao paciente gravemente enfermo, além da padronização e defesa da classe 
profissional dentro das Unidades de Terapia Intensiva, a qual é diretamente relacionada com a 
comprovação científica de sua efetividade. 
 
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