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2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 4 
2 ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA EM UNIDADE DE TERAPIA 
INTENSIVA.. ........................................................................................................... 5 
3 O MANUSEIO DO VENTILADOR MECÂNICO É FEITO SOMENTE 
PELO MÉDICO? ..................................................................................................... 9 
3.1 Art. 2º. Constituem atos privativos, comuns ao fisioterapeuta e ao 
terapeuta ocupacional, nas áreas de atuação: .................................................. 10 
3.2 O MANUSEIO DO VENTILADOR SÓ PODE SER FEITO COM O 
CONSENTIMENTO DO MÉDICO? .................................................................... 11 
4 FISIOTERAPIA NO PACIENTES SOB VENTILAÇÃO MECÂNICA .. 13 
4.1 O Fisioterapeuta na condução da Ventilação Mecânica ............. 14 
4.2 Fisioterapia respiratória durante a ventilação mecânica ............. 15 
4.3 Hiperinsuflação Manual (HM) ...................................................... 16 
4.4 Compressão brusca do tórax ...................................................... 16 
4.5 Drenagem postural, vibração e percussão torácica (tapotagem): 18 
4.6 Uso do posicionamento corporal como recurso terapêutico ....... 19 
5 FISIOTERAPIA MOTORA NO PACIENTE SOB VENTILAÇÃO 
MECÂNICA: .......................................................................................................... 20 
5.1 Exercícios Passivos .................................................................... 20 
5.2 Exercícios Ativos ......................................................................... 20 
5.3 Decúbito elevado e Sedestação .................................................. 22 
5.4 Ortostatismo ................................................................................ 23 
6 UTILIZAÇÃO DE UMIDIFICADORES DURANTE A VENTILAÇÃO 
MECÂNICA. .......................................................................................................... 25 
6.1 Condicionamento do ar inspirado na ventilação mecânica ......... 25 
 
3 
 
6.2 Eficácia dos dispositivos de umidificação.................................... 26 
7 ADMINISTRAÇÃO DE AEROSSOLTERAPIA DURANTE A VENTILAÇÃO 
MECÂNICA:... .................................................................................................................. 28 
8 VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA E NÃO INVASIVA ........................... 31 
9 VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA ............................................... 36 
10 VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVa .............................................. 37 
11 PRINCIPAIS EXAMES LABORATORIAIS E DE IMAGEM ............. 39 
11.1 Exames de imagem .................................................................... 39 
11.2 Exames laboratoriais .................................................................. 40 
12 REFERÊNCIAS .............................................................................. 43 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é 
semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase 
improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor 
e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. 
O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos 
ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, 
as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão 
respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2 ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA 
 
www.google.com.br 
Nos últimos 20 anos o fisioterapeuta que atua na área de Terapia Intensiva 
tem se tornado um especialista no cuidado ao paciente crítico. Em seu início, sua 
atuação estendia-se à aplicação de técnicas fisioterápicas, evoluindo para a 
incorporação de cuidados com a via aérea artificial e, mais recentemente, ao 
manuseio de tecnologia de assistência ventilatória mecânica invasiva e não 
invasiva. A evolução explosiva da ciência e da tecnologia referente ao paciente 
crítico tem requerido do fisioterapeuta treinamento especializado e atualização 
constantes. Somente assim ele pode assumir uma variedade da papéis seja na 
assistência, na avaliação e monitorização, na formação, na administração e na 
investigação científica. (ARAÚJO; NEVES JÚNIOR, 2003). 
A Fisioterapia foi regulamentada como profissão pelo 
Decreto Lei nº 938, de 13 de outubro de 1969. Sua atividade 
inclui a realização de métodos, técnicas e de procedimentos 
terapêuticos sob contato físico aplicados diretamente ao 
paciente, estando este consciente ou não. Dependendo da 
especialidade do fisioterapeuta, sua atuação pode estar 
intimamente vinculada ao atendimento de pacientes em 
condições clínicas graves, em estado terminal e mesmo em 
situações de risco de vida (ARAÚJO; NEVES JÚNIOR, 
2003). 
http://www.google.com.br/
 
6 
 
O fisioterapeuta que atua em Terapia Intensiva promove a assistência ao 
paciente baseado em diretrizes médicas, O fisioterapeuta deve ser capaz de avaliar 
adequadamente o paciente e aplicar o melhor procedimento, pesando os benefícios 
e os riscos em potenciais, sempre presentes em pacientes críticos. Deve entender 
a condição clínica do paciente, os objetivos médicos traçados e a competência e as 
limitações de cada instrumento e procedimento. Deve determinar se o procedimento 
a ser realizado tem alta probabilidade de alcançar os resultados clínicos esperados 
ou se um outro procedimento pode ser mais eficiente e benéfico. Quando esta for a 
situação, o fisioterapeuta deve contatar a equipe médica e negociar um plano de 
assistência que seja o melhor para o paciente. (ARAÚJO; NEVES JÚNIOR, 2003). 
O relacionamento interprofissional tradicional na equipe de saúde tem se 
alterado nos últimos 20-30 anos. Muitos fatores contribuíram para esta mudança, 
incluindo o avanço tecnológico e a complexidade das ações médicas, a acentuada 
melhora da formação dos profissionais de saúde e a democratização da sociedade 
como um todo. Este movimento resultou em uma lenta, porém gradual evolução do 
conceito de equipe multiprofissional. O conceito é que seus membros tem 
contribuições especificas para dar, de valor comparável e todos devem funcionar 
harmoniosamente para que o resultado final seja a excelência no padrão de 
assistência. Cada grupo profissional deve entender o seu papel e o das demais 
equipes. As chaves para esta complexa relação são respeito, boas maneiras, 
serenidade, humildade e, o mais importante, uma devoção inflexível ao bem-estar 
do paciente. (ARAÚJO; NEVES JÚNIOR, 2003). 
Em 2001, o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia 
Ocupacional (COFFITO) reconhece os primeiros cursos de 
Fisioterapia Intensiva no Brasil, dando início à conceituação 
moderna da atuação do fisioterapeuta intensivista, este com 
atuação exclusiva nas unidades de Terapia Intensiva e 
Semi-Intensiva (FERRARI, 2006). 
No país não existem leis sobre a regularização da atuação do fisioterapeuta 
em Terapia Intensiva ou mesmo normas, técnicas ou administrativas, que 
padronizem o papel do fisioterapeuta nessa unidade, estabelecendo seu grau de 
responsabilidade e suas inter-relações. A SOBRAFIR,nos últimos anos tem se 
 
7 
 
preocupado com esse tema e hoje discute o perfil do profissional que queremos, 
baseado na prática de diferentes equipes em diversos Hospitais, reconhecidas pelo 
grau de competência e eficiência. Assim, as equipes de Fisioterapia têm avançado 
nessa área baseada na experiência e no poder de negociação dentro da estrutura 
hospitalar em que se insere. (ARAÚJO; NEVES JÚNIOR, 2003). 
O perfil do fisioterapeuta intensivista vai além do fisioterapeuta 
pneumofuncional e do neurofuncional, pela necessidade do conhecimento 
clínico mais aprofundado exigido pelas necessidades de resoluções de 
intercorrências mais prevalentes nos pacientes críticos. Sua participação 
está relacionada com procedimentos complexos na UTI, tais como a 
ventilação artificial, o atendimento de parada cardíaca, a intubação 
endotraqueal, bem como a monitoração da mecânica pulmonar (COFFITO, 
2007). 
 
Segundo Ferrari, (2006) dentro de nossa realidade, temos várias equipes 
que trabalham em Terapia Intensiva e reconhecemos, basicamente, três modos de 
atuação: 
 
 Equipes que permanecem 24 horas na unidade. Em geral, são 
profissionais incorporados na rotina da unidade e trabalham sob protocolos 
de assistência, delineados pelas equipes médica, de enfermagem e de 
fisioterapia. Neste modelo estão as equipes dos grandes hospitais deste país 
e o trabalho tem transcorrido de maneira harmônica, com os problemas 
sendo resolvidos internamente; 
 
 Equipes que permanecem 12 horas na unidade. Em geral, os 
profissionais por atuarem no período diurno assumem parte das funções que 
outras equipes de maior tempo de cobertura executam. Nessas 
circunstâncias, embora possa haver um trabalho integrado, o médico ou a 
enfermeira assume não somente aspectos de assistência ventilatória como 
a própria realização de técnicas fisioterápicas, no período em que não há 
esse profissional na unidade. Nesse modelo, a integração deve ser intensa 
 
8 
 
incluindo a presença do fisioterapeuta na orientação e treinamento de outros 
profissionais. 
 
 Equipes que durante o período diurno atendem aos pacientes de 
terapia intensiva, porém não exclusivamente. Nesse modelo, o grau de 
inserção dentro da unidade é menor e suas funções, em geral, estão restritas 
aos procedimentos fisioterápicos. Portanto, a maneira como se trabalha em 
Terapia Intensiva decorre da política interna da Instituição, do modelo da 
dinâmica de trabalho que não sustenta o manuseio de ventiladores por parte 
do fisioterapeuta por falta de continuidade (visto nos modelos b e 
principalmente c), e do poder de resultados que a equipe de Fisioterapia 
possa demonstrar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
3 O MANUSEIO DO VENTILADOR MECÂNICO É FEITO SOMENTE PELO 
MÉDICO? 
 
www.google.com.br 
Com base no capítulo 10º do 2º Consenso Brasileiro de Ventilação 
Mecânica Recursos Fisioterápicos em Assistência Ventilatória’, 2º parágrafo da 
Introdução, destaca-se: “O crescimento desta especialidade expressa-se pelo 
aumento do número de fisioterapeutas. constituindo equipes especializadas com 
atendimento contínuo e ininterrupto, que, atualmente, integram as equipes 
multidisciplinares de terapia intensiva. Quando bem estruturada e envolvida com a 
dinâmica da UTI, a equipe beneficia-se, intensificando sua ação e assumindo mais 
amplamente os cuidados respiratórios dos pacientes em ventilação mecânica, 
assegurando assim, a manutenção das vias aéreas, a elaboração, o 
acompanhamento e execução dos protocolos de assistência ventilatória da UTI.’ 
O fisioterapeuta desempenha um papel chave em qualquer 
programa de reabilitação pulmonar, pois é ele quem está apto para orientar 
e supervisionar os exercícios de treino de força muscular respiratório, 
aplica as técnicas de respiração, atua na assistência ventilatória invasiva 
e não invasiva, monitorando os parâmetros do ventilador mecânico, assim 
como no desmame do ventilador, realiza manobras de higiene brônquica 
antes da aspiração, manobras motoras intensivas com cinesioterapia 
global, avaliando a força e a condição muscular global, analisa e interpreta 
exames complementares de rotina das UTIs (FERRARI, 2007). 
 
10 
 
Neste capítulo, no item Indicações, seus dois subitens evidenciam a ação 
do fisioterapeuta no manuseio do ventilador, a saber: “Prevenção das complicações 
geradas por incapacidade de manter eficiente remoção das secreções brônquicas, 
incapacidade de manter o volume pulmonar adequado e imobilidade no leito, 
gerenciamento do trabalho respiratório, alternando fera peuticamente os limites de 
sobrecarga e repouso aos músculos respiratórios.” Portanto, é evidente que o 
fisioterapeuta manuseia o ventilador, principalmente, se o faz objetivando ação 
especificamente fisioterápica, baseado nas normativas da resolução COFFITO-8. 
 
3.1 Art. 2º. Constituem atos privativos, comuns ao fisioterapeuta e ao 
terapeuta ocupacional, nas áreas de atuação: 
I – O planejamento, a programação, a ordenação, a coordenação, a 
execução e a supervisão de métodos e técnicas fisioterápicos e! ou terapêuticos 
ocupacionais que visem a saúde nos níveis de prevenção primária, secundária e 
terciária; 
 
II – a avaliação, reavaliação e determinação das condições de alta do cliente 
submetido à fisioterapia e/ou terapia ocupacional; 
 
III – a direção dos serviços e locais destinados a atividades fisioterápicas 
e/ou terapêuticas ocupacionais, bem como a responsabilidade técnica pelo 
desempenho dessas atividades; 
 
IV – a divulgação de métodos e técnicas de fisioterapia e/ou terapia 
ocupacional, ressalvados os casos de produção científica autorizada na lei. 
 
 
11 
 
3.2 O MANUSEIO DO VENTILADOR SÓ PODE SER FEITO COM O 
CONSENTIMENTO DO MÉDICO? 
Esta é uma questão que requer cuidado na interpretação, pois na resolução 
COFFITO- 8. Capitulo 1, Disposições preliminares, lê-se: 
 
Art. 3º. Constituem atos privativos do fisioterapeuta prescrever, ministrar e 
supervisionar terapia física, que objetive preservar, manter, desenvolver ou 
restaurar a integridade de órgão, sistema ou função do corpo humano, por meio de: 
I – ação, isolada ou concomitante, de agente termoterápico ou crioterápico, 
hidroterápico, aeroterápíco. fototerápico, eletroterápico ou sonidoterápico, 
determinando: 
a) o objetivo da terapia e a programação para atingi-lo; 
b) a fonte geradora do agente terapêutico, com a indicação de 
particularidades na utilização da mesma, quando for o caso; 
c) a região do corpo do cliente a ser submetida á ação do agente 
terapêutico; 
d) a dosagem da frequência do número de sessões terapêuticas, com a 
indicação do período de tempo de duração de cada uma; e 
e) a técnica a ser utilizada; e 
II – utilização, com o emprego ou não de aparelho, de exercício respiratório, 
cardiorrespiratório, cardiovascular, de educação ou reeducação neuromuscular, de 
regeneração muscular, de relaxamento muscular, de locomoção, de regeneração 
osteo-articular, de correção de vício postural, de adaptação ao uso de órtese ou 
prótese e de adaptação dos meios e materiais disponíveis, pessoais ou ambientas, 
para o desempenho físico do cliente, determinando: 
a) o objetivo da terapia e a programação para atingi-lo; 
b) o segmento do corpo do cliente a ser submetido ao exercício; 
c) a modalidade do exercício a ser aplicado e a respectiva intensidade; 
d) a técnica de massoterapia a ser aplicada, quando foro caso; 
e) a orientação ao cliente para a execução da terapia em sua residência, 
quando for ocaso; 
 
12 
 
f) a dosagem da frequência e do número de sessões terapêuticas, com a 
indicação do período de tempo de duração de cada uma. 
 
O termo agente “aeroterápico” parece muito amplo, vago e, talvez, poder-
se-ia respaldar a ação fisioterápica frente ao ventilador, com todas as garantias 
estabelecidas nesta resolução. Entretanto, o Suporte Ventilatório,que é a ação 
comumente realizada pelo fisioterapeuta em terapia intensiva, relaciona-se à 
manutenção da vida. Seu uso pode gerar alterações sistêmicas de magnitude 
maiores do que as repercussões relacionadas ao controle de secreções na via 
aérea, expansão de tecido pulmonar colapsado e/ou trabalho dos músculos 
respiratórios. Em todas as ocasiões, existe a administração do oxigênio, que se trata 
de um agente químico e não físico. O uso do ventilador mecânico, por muitas vezes, 
produz efeitos sistêmicos que têm de ser controlados por drogas, procedimento 
inerente à ação médica e não a do fisioterapeuta. (FERRARI, 2007). 
A ventilação mecânica tem efeito primordial em suprimento 
a deficiência ventilatória proporcionada por diversos fatores, 
como insuficiência respiratória aguda, neste caso 
específico. (SOUZA, SOUZA, 2007 e NOZAWA et al.,2003). 
Assim, entendemos que o médico é o profissional que avalia o paciente em 
todas as funções de manutenção de vida e é ele que traça os objetivos maiores de 
toda terapêutica empregada ao paciente crítico. Quanto ao suporte ventilatório, ele 
deve considerar os aspectos das modificações propostas e das repercussões 
sistêmicas e ações terapêuticas não relacionadas à atividade fisioterápica, podendo 
alterar protocolos, sempre que necessário. A comunicação e o diálogo entre as 
equipes, em geral, são realizados em visitas multiprofissionais, nas quais as 
condições clínicas do paciente são discutidas e traçado um novo plano de 
tratamento. Todo autoritarismo falha em se tratando de trabalho em equipe, na qual 
cada profissional com competência e experiência, pode contribuir de forma 
significativa nos resultados finais da equipe. O ambiente de terapia intensiva é rico 
de ações e procedimentos, portanto, rico em possibilidades de conflitos e 
embricamento de ações. A atitude consensual, amplamente discutida será, sem 
dúvida, a de maior efeito e benefício para o paciente. (FERRARI, 2007). 
 
13 
 
Desta forma, manifestamos nosso parecer quanto à solicitação feita por V.º 
S., ressaltando que muitos aspectos necessitam ser estudados e discutidos, 
sobretudo o perfil do fisioterapeuta em UTI e seu raio de atuação. (FERRARI, 2007). 
 
4 FISIOTERAPIA NO PACIENTES SOB VENTILAÇÃO MECÂNICA 
 
 
www.google.com.br 
A Fisioterapia faz parte do atendimento oferecido aos pacientes em Unidade 
de Terapia Intensiva (UTI) em todo o país. (FERRARI, 2007). 
O papel desempenhado pelos fisioterapeutas nas unidades é semelhante 
ao que ocorre em outros países entretanto, nos diversos centros do Brasil o 
atendimento fisioterapêutico possui características que se diferem de um centro 
para outro, dependendo especialmente de fatores como; o número de pacientes por 
unidades, o tipo de UTI (cirúrgica ou clínica), o período de atendimento (integral ou 
não) e principalmente do grau de integração do serviço com a equipe da UTI; na 
qual o fisioterapeuta participa ativamente da condução da VM invasiva e não 
invasiva, bem como na condução do desmame e interrupção da VM através de 
condutas bem definidas de atendimento. No entanto, este consenso limitou suas 
recomendações apenas no que diz respeito aos procedimentos de Fisioterapia 
 
14 
 
Respiratória e Fisioterapia Motora no tratamento de pacientes sob ventilação 
mecânica internados na UTI. (FERRARI, 2007). 
A fisioterapia respiratória tem sido indicada para pacientes 
de UTI com o objetivo de minimizar a retenção de secreção 
pulmonar, incrementar a oxigenação, garantir ventilação pulmonar 
normal, reexpandir áreas atelectasiadas e evitar fadiga da 
musculatura respiratória (OLIVEIRA, 2010). 
4.1 O Fisioterapeuta na condução da Ventilação Mecânica 
 
www.google.com.br 
 
A participação do fisioterapeuta na equipe da UTI, que atende ao paciente 
em ventilação mecânica, melhora a qualidade do atendimento para essa população. 
A participação do Fisioterapeuta em intervenções como protocolos de 
desmame da ventilação mecânica, instalação de ventilação não invasiva, 
monitoração respiratória, evidenciam a sua importância no atendimento de 
pacientes sob ventilação mecânica nas UTIs. (OLIVEIRA, 2010). 
Diante da modernização das técnicas de ventilação 
mecânica, a fisioterapia passou a ser imprescindível na 
Unidade de Terapia Intensiva, constituindo um recurso 
terapêutico eficaz para o tratamento dos pacientes 
submetidos à assistência ventilatória mecânica artificial e, 
 
15 
 
em especial, aqueles portadores de complicações 
decorrentes da restrição prolongada no leito (JERRE, 2007). 
4.2 Fisioterapia respiratória durante a ventilação mecânica 
A fisioterapia respiratória pode ser utilizada na UTI com objetivo de prevenir 
e/ou tratar complicações respiratórias. Para isso, geralmente é usada uma 
combinação de procedimentos descritos abaixo, que objetivam a “reexpansão 
pulmonar” e a “remoção de secreções nas vias aéreas”. A tabela descreve os 
procedimentos de fisioterapia respiratória descritas na literatura para a terapêutica 
de pacientes em ventilação mecânica. (OLIVEIRA, 2010). 
A ventilação mecânica consiste em um 
procedimento amplamente utilizado nas Unidades 
de Terapia Intensiva (UTI) (FREITAS, DAVID 2006) 
 
Procedimentos de fisioterapia utilizados durante a ventilação 
mecânica. 
PEEP: pressão expiratória final positiva 
 
16 
 
4.3 Hiperinsuflação Manual (HM) 
A HM está indicada em pacientes com presença de grande quantidade de 
secreção traqueal, espessa, com risco de obstrução de cânula endotraqueal. No 
entanto, em pacientes com lesão pulmonar aguda e/ou síndrome do desconforto 
respiratório agudo ela deve ser evitada. 
Quando aplicada a um grupo de pacientes com PAV, a HM mostrou 
incremento significativo na complacência estática e redução da resistência das vias 
aéreas. Esse resultado persistiu por um período acima de 30 minutos. Contudo, 
outro estudo evidenciou que a aplicação de hiperinsuflação manual associada ao 
decúbito lateral, com posterior aspiração traqueal, em pacientes com injúria 
pulmonar, não promoveu diferença significativa nos valores de complacência e 
oxigenação após 60 minutos de aplicação do procedimento. (OLIVEIRA, 2010). 
Tal manobra diz respeito ao princípio fisiológico das etapas da tosse. 
Para fazê-la, o fisioterapeuta desconecta o paciente do ventilador 
mecânico e, através de um reanimador manual auto-inflável realiza 
uma vagarosa insuflação dos pulmões, gera uma pausa inspiratória 
por cerca de dois segundos e, na seqüência, realiza uma brusca 
descompressão da bolsa do reanimador (GODOY et al., 2011). 
4.4 Compressão brusca do tórax 
 
www.wordpress.com.br 
 
17 
 
Até o momento os dados da literatura não permitem conclusões bem 
definidas para determinar se a compressão torácica deve ser realizada de rotina 
para otimizar a remoção de secreções em pacientes sob ventilação mecânica, o 
consenso recomenda que o procedimento seja realizado em pacientes com 
ausência ou diminuição do reflexo de tosse. Assim como em casos com dificuldade 
de mobilizar secreção. Especialmente em pacientes com disfunção neuromuscular. 
(OLIVEIRA, 2010). 
A compressão brusca é descrita com frequência no tratamento de pacientes 
com lesão medular ou que apresentem algum tipo de fraqueza muscular. Em um 
estudo controlado, onde se comparou a aspiração endotraqueal com e sem a 
associação da compressão brusca do tórax (por 5 minutos), evidenciou-se que no 
grupo da compressão brusca do tórax, a quantidade de secreção aspirada foi maior 
do que no grupo que recebeu apenas aspiração endotraqueal (sem diferença 
estatística). No entanto, o estudo selecionou uma população pequena (n=31) de 
pacientes clinicamente diferentes, o que limita os resultados do estudo. (OLIVEIRA, 
2010). 
O sistema respiratório é composto pelas vias respiratórias que 
conduzem, aquecem, umedecem e filtram o ar inalado e pela parte 
respiratória dos pulmões, onde ocorre a troca gasosa. Todas essas viasmantêmse úmidas pela presença de muco produzido pelo epitélio celular. 
Há também células ciliadas que com movimento ondulatório fazem com 
que esse muco chegue à laringe, onde será deglutido ou expelido pela 
tosse. Assim, a depuração normal das vias aéreas requer vias aéreas 
patentes, uma escada mucociliar funcional e uma tosse eficaz (SCANLAN, 
WILKINS, STOLLER, 2000). 
 
18 
 
4.5 Drenagem postural, vibração e percussão torácica (tapotagem): 
 
www.google.com.br 
As evidências sobre a aplicação da drenagem postural, vibração e 
percussão torácica isoladamente ou associadas a outros procedimentos de 
fisioterapia respiratória (aspiração traqueal, hiperinsuflação manual e 
posicionamento) ainda são inconclusivas. Assim, não deve aplicada de rotina em 
pacientes sob ventilação mecânica. (OLIVEIRA, 2010). 
Embora a efetividade da percussão em promover o transporte de secreções 
brônquicas tenha sido relatada em pacientes DPOC estáveis e em ventilação 
espontânea, não há descrição na literatura destes mesmos resultados em pacientes 
de sob ventilação artificial. No entanto, um ensaio clínico controlado, com 34 
pacientes mostrou que o uso de percussão associada ao ciclo ativo da respiração 
diminuiu o tempo de ventilação mecânica não invasiva em pacientes com 
insuficiência respiratória aguda hipercapnica. Alguns efeitos como diminuição do 
shunt intrapulmonar imediatamente após drenagem postural, percussão, vibração e 
aspiração são relatados, não se constituindo evidências expressivas. (OLIVEIRA, 
2010). 
A percussão ou tapotagem pode ser definida como qualquer 
manobra realizada com as mãos, de forma ritmada ou compassada, 5 Hz 
de freqüência, sobre um instrumento ou corpo qualquer. E desde então 
 
19 
 
vem sendo utilizada com grande frequência pelos fisioterapeutas. 
(LINTON, 1934) 
4.6 Uso do posicionamento corporal como recurso terapêutico 
Posicionamento do paciente no leito tem implicações diretas na evolução 
clinica dos pacientes em VM, uma vez que; melhora a relação ventilação/perfusão 
(VA/Q) pulmonar, facilita drenagem de secreções pulmonares e previne a 
pneumonia associada a ventilação mecânica e ulceras de decúbito. Este consenso 
recomenda o adequado posicionamento corporal dos pacientes em VM, sempre que 
possível. (LINTON, 1934) 
A mudança de posição melhora a capacidade residual funcional e promove 
alterações na ventilação pulmonar regional. A função do diafragma também se 
altera conforme as mudanças de postura, influenciando o padrão ventilatório dos 
pacientes. Mudanças de postura no leito (principalmente a posição prona) podem 
promover a melhora das trocas gasosas nos pacientes com lesão pulmonar aguda 
com uma baixa taxa de complicações relatadas durante a aplicação destas, mas 
sem grandes influências em relação à mortalidade desses pacientes. O uso da 
posição sentada também foi estudado nesse grupo de pacientes, sendo observada 
melhora da oxigenação em relação à postura deitada, com uma boa tolerância 
hemodinâmica por um período de até 12 horas. A adoção desta posição é um 
procedimento simples e pode ser apontado como uma rotina de baixo risco para os 
pacientes sob ventilação mecânica. Em pacientes com DPOC a posição prona 
promove uma melhora da hipoxemia, contudo foi observado um aumento 
significativo da taxa bronco aspiração 4,5. Em portadores de patologia pulmonar 
unilateral, foi observada melhora da ventilação e relação PaO2 /FiO2 quando os 
pacientes foram posicionados com o pulmão sadio na posição dependente (pulmão 
afetado para cima). Em relação à utilização do posicionamento na prevenção de 
pneumonia associada à ventilação mecânica, têm recomendado, na ausência de 
contraindicações, o uso do decúbito elevado entre 30 a 45°. (LINTON, 1934) 
Há alguns anos, identificou-se que a simples 
mudança de decúbito em pacientes acamados 
 
20 
 
colabora na redução de infecções respiratórias 
(BRUNO et al., 2001; DRAKULOVIC et al., 1999). 
5 FISIOTERAPIA MOTORA NO PACIENTE SOB VENTILAÇÃO MECÂNICA: 
5.1 Exercícios Passivos 
Apesar da ausência de dados demonstram a importância da utilização do 
exercício passivo para evitar deformações articulares e encurtamento muscular em 
pacientes sob ventilação mecânica, recomendamos sua aplicação nos pacientes 
intubados na UTI. (LINTON, 1934) 
O imobilismo causa diversas complicações ao paciente de UTI e, portanto, 
deve-se buscar preveni-las. As evidências sobre benefícios dos exercícios passivos 
para prevenir alterações músculos-esqueléticas nos pacientes de UTI são limitadas. 
Posteriormente, verificou-se que além de não ser benéfico, poderia 
determinar complicações graves em diversos sistemas orgânicos, como úlceras de 
decúbito, perda de força muscular, tromboembolismo, osteoporose e pneumonia. 
Os pacientes de UTI e especialmente os idosos são considerados com maior risco 
para desenvolver as complicações da síndrome da imobilidade. (LINTON, 1934) 
Atualmente o suporte ventilatório mecânico está 
entre as modalidades mais utilizadas na terapia intensiva, 
visando à manutenção da oxigenação e/ou ventilação dos 
pacientes portadores de insuficiência respiratória aguda, de 
maneira artificial, até que eles estejam capacitados a 
reassumi-las (Pádua e Martinez, 2001; Barbas et al, 1994; 
West, 1996; Fortis e Munechika, 1997; Stock, 1999; David, 
2001; SBPT, 2002; Sarmento, 2007). 
5.2 Exercícios Ativos 
Recomendamos a realização de exercícios ativos, mesmo em pacientes em 
ventilação mecânica, sem contra indicações e capazes de executá-lo, com o 
objetivo de diminuir a sensação de dispneia, aumentar a tolerância ao exercício, 
reduzir a rigidez e dores musculares preservando a amplitude articular. (LINTON, 
1934) 
 
21 
 
Há benefícios do uso de exercícios ativos de membros em pacientes de UTI 
sob desmame e recém desmamados da ventilação mecânica. Um estudo realizado 
em pacientes em pós-operatório de cirurgias gastrointestinais e cardiovasculares 
abordaram programas multiprofissionais que incorporaram a mobilização precoce 
como parte do tratamento. O resultado do programa resultou na diminuição da 
morbidade e do tempo de internação. Recentemente, um estudo prospectivo, 
controlado e randomizado avaliou em 66 de 228 pacientes admitidos UTIs que 
tinham mais que 48h e menos que 96h de VM. Avaliou os efeitos do treino precoce 
em pacientes recuperando da insuficiência respiratória aguda. A intervenção 
consistia em treino de membros superiores e fisioterapia global comparada com 
somente fisioterapia global. Concluíram que o treino de membros superiores era 
praticável em pacientes recentemente desmamados e que pode realçar os efeitos 
da fisioterapia global sendo que a função dos músculos inspiratórios foi relacionada 
com a melhora da capacidade de exercícios. Outro estudo mais recente, porém 
fisiológico, prospectivo e controlado teve o objetivo de avaliar os efeitos do treino de 
membros superiores com e sem o suporte ventilatório em pacientes com DPOC e 
desmame difícil. Encontraram um aumento da tolerância do exercício quando os 
pacientes realizaram durante o suporte ventilatório. (LINTON, 1934) 
O emprego da ventilação mecânica deve ser o mais 
precoce possível, ou após estarem esgotadas todas 
as tentativas de suporte ventilatório não invasivo 
(Pádua e Martinez, 2001; West, 1996; Stock, 1999; 
Sarmento, 2007). 
 
 
22 
 
5.3 Decúbito elevado e Sedestação 
 
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O decúbito elevado (superior a 30º) pode reduzir a ocorrência de pneumonia 
associada à ventilação mecânica. Sentar no leito ou na poltrona pode otimizar a 
troca gasosa e o conforto do paciente. (GALLAND et al., 2000). 
Sentar o paciente no leito ou na poltrona pode ser uma conduta importante 
e deve ser realizado o mais precocemente possível, mesmo quando o paciente 
estiver em ventilação mecânica invasiva, mas em condições estáveis no período de 
desmame. Um estudo comparando pré e pós-operatório de cirurgiatorácica revelou 
que, sentar o paciente no leito a 30° melhora a troca gasosa e reduz o estado 
hipermetabólico ocasionado pela cirurgia. Uma revisão de ensaios clínicos 
controlados em pacientes em pós-operatório avaliou a função pulmonar nas 
posturas supino, sentado, decúbito lateral e em posição ortostática, e apontou uma 
melhora da função nas posições supina e sentada em comparação com a posição 
supina. (GALLAND et al., 2000). 
No adulto, a posição prona pode alterar a mecânica respiratória, 
comprimindo o abdômen e restringindo o movimento da parede torácica 
(GALLAND et al., 2000). 
 
23 
 
5.4 Ortostatismo 
 
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A posição ortostática como recurso terapêutico pode ser adotada de forma 
ativa ou passiva para estimulação motora, melhora da troca gasosa e estado de 
alerta. Deve utilizada restritamente a pacientes crônicos estáveis clinicamente sob 
ventilação mecânica prolongada em desmame difícil. (SARMENTO, 2009) 
O ortostatismo contribui efetivamente para o melhor funcionamento 
do sistema fisiológico, psicológico e social, aumentando a 
autoestima, melhorando a saúde e a qualidade de vida desses 
pacientes acamados decorrente ao imobilismo. O uso da prancha 
ortostática como recurso no tratamento fisioterapêutico utiliza a ação 
da gravidade para proporcionar um melhor funcionamento sistêmico. 
O protocolo utilizado nesta pesquisa foi proposto pelo autor 
(SARMENTO, 2009) 
A adoção da postura ortostática com assistência da prancha ortostática é 
recomendada para reintroduzir os pacientes à posição vertical, quando estes são 
incapazes de se levantar ou mobilizar com segurança mesmo com considerável 
 
24 
 
assistência. O uso da postura ortostática na UTI tem sido encorajado como uma 
técnica para minimizar os efeitos adversos da imobilização prolongada, como 
hipotensão ortostática, consumo de oxigênio reduzido, estase venosa, redução dos 
volumes pulmonares, prejuízo nas trocas gasosas, atrofia muscular, contraturas 
musculares, aderências articulares e úlcera de decúbito. Apesar da falta de ensaios 
clínicos avaliando o impacto no prognóstico dos pacientes críticos, a posição 
ortostática foi incluída como modalidade de tratamento em recente consenso por 
fisioterapeutas ingleses que trabalham em UTI. As hipóteses benéficas da postura 
ortostática incluem influências no controle autonômico do sistema cardiovascular, 
facilitação da ventilação e troca gasosa, facilitação do estado de alerta, estimulação 
vestibular e facilitação da resposta postural antigravitacional. (SARMENTO, 2009) 
Estudo recente revelou que a adoção da postura ortostática passiva por 
meio de uma prancha é utilizada pela maioria dos fisioterapeutas nas UTIs nível da 
Austrália. Os principais benefícios relatados dessa intervenção são melhorar a 
função musculoesqueléticas e estimular o nível de consciência. Entretanto, existem 
disparidades quanto às contraindicações para adotar a posição ortostática nos 
pacientes de UTI. Esse estudo apontou, ainda, para a necessidade da padronização 
dessa intervenção, com o objetivo de otimizar a segurança do paciente e obter 
melhores resultados. A prancha ortostática deve ser considerada como mais um 
recurso fisioterapêutico a ser explorado em UTI, principalmente em pacientes 
crônicos incapazes de cooperação voluntária, mas clinicamente estáveis, com 
quadro de desmame difícil. Ainda não foi estudado, até o presente momento, se os 
benefícios fisiológicos descritos com essa técnica podem influenciar o prognóstico 
dos pacientes críticos de forma positiva. (SARMENTO, 2009) 
 
A posição ortostática aumenta o recuo elástico do pulmão 
e da parede torácica facilitando a contração abdominal influenciando 
ao favor de uma melhora na capacidade de sistemas e órgãos do 
corpo humano (COSTA; LIMA; LOPES, 2006). 
 
 
 
 
25 
 
6 UTILIZAÇÃO DE UMIDIFICADORES DURANTE A VENTILAÇÃO MECÂNICA 
6.1 Condicionamento do ar inspirado na ventilação mecânica 
Em pacientes em ventilação mecânica invasiva a umidificação e 
aquecimento adequado dos gases é imprescindível para assegurar a integridade 
das vias aéreas e uma adequada função mucociliar. (SARMENTO, 2009) 
Durante a respiração, o ar inspirado é fisiologicamente aquecido e 
umidificado ao passar pelas vias aéreas superiores. Ao atingir os alvéolos, o ar 
inspirado se encontra aquecido à temperatura do corpo (cerca de 37°C) e saturado 
de vapor d’água. Durante o suporte ventilatório invasivo, estes mecanismos naturais 
de aquecimento e umidificação são suprimidos, sendo que a umidificação e o 
aquecimento podem ser realizados tanto ativamente, através de umidificadores 
aquecidos (UAs), como passivamente por meio de trocadores de calor e umidade 
(HMEs - Heat and moisture exchangers), que também são conhecidos como narizes 
artificiais. Os HMEs são divididos em três categorias: os higroscópicos, os 
hidrofóbicos e os mistos (higroscópicoshidrofóbicos). Os HMEs com propriedades 
higroscópicas têm melhor qualidade de umidificação quando comparado aos HMEs 
que possuem somente componente hidrofóbico. Este tipo de HME esteve associado 
a oclusão do tubo endotraqueal em alguns estudos. Por outro lado, os HMEs com 
componentes hidrofóbicos funcionam também como filtros de bactérias. 
(SARMENTO, 2009) 
A utilização de suporte ventilatório invasivo requer aquecimento 
e umidificação adequados dos gases inalados com a finalidade de 
assegurar a integridade de toda a via aérea superior e inferior, pois os 
gases provenientes da rede hospitalar são secos e frios, podendo provocar 
danos ao trato respiratório do paciente. Já na utilização da ventilação 
mecânica não invasiva, quando usada por curtos períodos ou em pacientes 
sem grande demanda ventilatória, não há necessidade de umidificação 
destes gases, pois normalmente, os mecanismos de troca de umidade e 
calor das vias aéreas superiores estão preservados (SHELLY 1992). 
 
26 
 
6.2 Eficácia dos dispositivos de umidificação 
Para umidificação dos gases durante ventilação invasiva, tanto os 
umidificadores aquecidos (Uas) como os trocadores de calor e umidades (HME) 
determinam bons resultados clínicos, contanto que se observe as situações onde 
os HMEs estão contraindicados. (SARMENTO, 2009) 
Os Uas, quando bem utilizados, garantem ótimo aquecimento e 
umidificação, porém, apresentam algumas desvantagens como: maior custo, 
condensação do vapor de água no circuito de ventilação e no reservatório, e um 
potencial de contaminação bacteriana. Necessitam, ainda, de fornecimento de 
energia e constante suprimento de água. Além disso, o uso incorreto pode causar 
aquecimento e umidificação excessivos ou insuficientes, podendo levar a 
hipertermia ou hipotermia, lesão térmica de via aérea ou fluidificação insuficiente da 
secreção. Existem sistemas de umidificação que usam circuito com fio aquecido (de 
maior custo), que promovem uma temperatura de gás mais precisa para o paciente 
e previnem a condensação de água no circuito, reduzindo o consumo de água e 
podendo, potencialmente, reduzir o risco de infecção, quando comparado com 
circuito usualmente utilizado (sem fio aquecido). Apesar de ser controversa a 
associação do uso de UA com maior risco de pneumonia associada ao ventilador 
mecânico (PAV), um grande estudo multicêntrico 9 que acompanhou 370 pacientes 
e seguiu critérios rigorosos para diagnóstico de PAV, não encontrou diferença 
significativa na incidência de PAV entre os pacientes que utilizaram umidificador 
aquecido com circuito com fio aquecido e HME misto. (SARMENTO, 2009) 
Para umidificar e aquecer as vias aéreas, podem ser 
utilizados os Umidificadores Aquecidos (UA) ou os 
Trocadores de Calor e Umidade (HMEs, do inglês Heat and 
Moisture Exchangers) (HESS 2000). 
 
 
 
 
 
27 
 
Segundo AARC (1992) os HMEs são contraindicados de maneira relativa 
para os pacientes em algumas situações, tais como: 
 
 Presença de secreção espessa ou abundanteou sanguinolenta, pois 
pode haver oclusão do HME, resultando em excessiva resistência, hiperinsuflação 
pulmonar e necessidade de repetidas trocas do dispositivo. 
 
 Fístula broncopleural volumosa ou problemas no funcionamento do 
cuff do tubo endotraqueal. 
 
 Temperatura corporal menor do que 32ºC, pois o HME funciona 
passivamente e retorna somente uma porção do calor e umidade exalados. 
Portanto, se o paciente estiver hipotérmico, o HME poderá não prover um 
aquecimento adequado. 
 
 Grande volume minuto espontâneo (>10 l/min) ou grande volume 
corrente podem diminuir a eficiência de umidificação dos HMEs. 
 
 Durante tratamento com aerossol. Nesta situação o HME deve ser 
removido do circuito do paciente durante a nebulização, pois a retenção do vapor 
de água e das drogas aerossóis pelo HME pode aumentar a resistência do circuito. 
Dentre as possíveis complicações descritas na literatura decorrentes do uso 
dos HMEs estão o aumento da resistência, o aumento do trabalho da respiração e 
a hipoventilação devido ao aumento do espaço morto. 
Os HMEs teriam algumas vantagens em relação aos UAs, entre 
elas o menor custo e a facilidade de uso. Os UAs determinam maior 
trabalho para os profissionais da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 
poderiam estar associados, pela condensação de água no circuito, a maior 
risco de infecção. No entanto, sabe-se que os HMEs não podem ser 
utilizados em algumas situações, como em caso de hipotermia grave (< 
32º C); volume minuto alto (> 10l/min.); volume corrente baixo; 
hipersecreção das vias aéreas e pacientes com fístula bronco-pleural 
(AARC 1992). 
 
 
28 
 
7 ADMINISTRAÇÃO DE AEROSSOLTERAPIA DURANTE A VENTILAÇÃO 
MECÂNICA: 
Aerossóis podem ser administrados em pacientes durante a ventilação 
mecânica tanto por meio de nebulizadores ou nebulímetros (aerossol dosimetrado 
ou Metered-dose inhaler - MDI). (AARC 1992). 
O depósito pulmonar de aerossol administrado a pacientes durante a 
ventilação mecânica é menor comparado à respiração espontânea. Isto ocorre 
porque o depósito de aerossol no tubo endotraqueal e no circuito do ventilador 
mecânico reduz significantemente a fração de aerossol que atinge o trato 
respiratório inferior. Além disso, esta redução pode ser causada também pela 
umidade no circuito e pelo reduzido calibre do tubo endotraqueal. O fornecimento 
de aerossol por ser feito por nebulizadores ou por meio de nebulímetros. Como o 
circuito do ventilador é um sistema fechado, que é pressurizado durante o seu 
funcionamento, o nebulizador deve ser conectado de tal forma que mantenha a 
integridade do circuito durante o funcionamento do ventilador. O dispositivo de 
umidificação pode ser colocado no circuito entre o “Y” do circuito do ventilador e o 
tubo endotraqueal ou a uma distância de 30 cm do tubo endotraqueal. Colocar o 
dispositivo no ramo inspiratório do circuito, a uma distância de 30 cm do tubo 
endotraqueal é mais eficiente porque assim o circuito do ventilador mecânico atua 
como um espaçador para o acúmulo de aerossol entre as inspirações. (AARC 
1992). 
Pode-se utilizar o nebulizador apenas durante a inspiração 
(intermitente) por meio de um fluxo de gás inspiratório do 
ventilador, ou continuamente, através de um fluxo de gás 
externo. Nebulizar somente durante a inspiração é mais 
eficiente no fornecimento do aerossol do que quando o 
aerossol é gerado de forma contínua. (MILLER DD et al, 
2003) 
 
 
 
 
29 
 
O nebulizador pode funcionar apenas durante a inspiração (intermitente) 
por meio de um fluxo de gás inspiratório do ventilador, ou continuamente, através 
de um fluxo de gás externo. Nebulizar somente durante a inspiração é mais eficiente 
no fornecimento do aerossol do que quando o aerossol é gerado de forma contínua. 
Vários problemas podem ocorrer se uma fonte de gás externo for utilizada no 
funcionamento do nebulizador. O fluxo de gás externo usado para o nebulizador 
pode adicionar fluxo de ar no circuito do ventilador, podendo aumentar volumes, 
fluxos e picos de pressão na via aérea, alterando desta forma a ventilação desejada. 
Pode ser necessário ajustar o volume corrente e fluxo inspiratório quando o 
nebulizador está em uso. O fluxo externo pode alterar o a sensibilidade do 
ventilador, sendo às vezes, necessários ajustes; quando os pacientes são 
incapazes de desencadear o disparo do ventilador durante modos assistidos de 
ventilação mecânica (por causa do adicional fluxo do nebulizador) pode ocorrer 
hipoventilação. (MILLER DD et al, 2003) 
Devemos lembrar também, que o uso de fluxo constante no circuito do 
ventilador (ex: bias flow) durante todas as fases de ventilação pode aumentar a 
perda de aerossol. Os ajustes feitos nos parâmetros do ventilador e nos alarmes, a 
fim de acomodar o adicional fluxo de gás durante a nebulização devem ser refeitos 
ao final do uso do nebulizador, ou seja, quando todo o medicamento acabar ou 
quando mais nenhum aerossol estiver sendo produzido; devemos desconectar o 
nebulizador e reconectar o circuito do ventilador, reprogramando a ventilação 
original e os parâmetros de alarme. O fluxo através do nebulizador deve ser de 6 a 
8 L/min. Devemos tomar cuidado com os nebulizadores no circuito do ventilador, 
pois estes podem se tornar contaminados com bactérias, que podem ser carregadas 
para o trato respiratório inferior. (MILLER DD et al, 2003) 
 
Para realizar uma nebulização a jato é necessário desligar 
o umidificador, por alguns minutos, antes da utilização da 
nebulização, pois com a presença desta pode diminuir em 
até 40% a 50% a deposição do aerossol, em função das 
características higroscópicas das suas moléculas (LANGE e 
FINLAY, 2000 e GEORGOPOULOS, D. et al, 2000). 
 
30 
 
Em relação aos nebulìmetros (MDI), estudos mostram sua associação com 
um espaçador resulta em maior fornecimento de aerossol do que nebulímetro 
conectado diretamente no tubo endotraqueal 9,10. O nebulímetro inserido em um 
espaçador deve ser conectado no ramo inspiratório proximal do adaptador “Y”. 
Quanto ao modo ventilatório e aos parâmetros utilizados, sabemos que eles 
também influenciam o fornecimento de aerossol em pacientes ventilados 
mecanicamente. O aerossol pode ser fornecido durante modo assistido de 
ventilação se o paciente estiver respirando em sincronia com o ventilador. O volume 
corrente fornecido pelo ventilador deve ser maior do que o volume do circuito do 
ventilador e do tubo endotraqueal. Volume corrente acima de 500 mL em adultos 
está associado com adequado fornecimento de aerossol. O modo pressão 
controlada também pode ser usada, proporcionando volume corrente acima de 500 
ml. O fornecimento de aerossol por nebulizadores está diretamente correlacionado 
com tempo inspiratório longo, porque permite inalação maior de aerossol a cada 
respiração. Nebulímetro produz aerosol durante uma grande parte de uma 
inspiração simples; o mecanismo pelo qual um tempo inspiratório longo aumenta o 
fornecimento de aerossol é incerto. Talvez as partículas de aerossol que se 
depositam no espaçador e no circuito do ventilador são arrastadas para fora das 
paredes com o uso de longos períodos de fluxo inspiratório. (MILLER DD et al, 2003) 
 
Na presença de Filtro HME (heat and moisture 
exchangers) no circuito de ventilação mecânica, 
deve retirar o umidificador da ventilação mecânica e 
realizar a inalação sem o filtro HME, já que o mesmo 
encharca e gera um aumento da resistência da via 
aérea devido à filtração de partículas de 5 micras, 
para aquecimento e umidificação do ar. (RIBEIRO D 
C et al, 2007) 
A umidificação e o aquecimento do gás inalado diminuem o depósito de 
aerossol quando são usados o nebulizador ou o nebulímetro em aproximadamente 
40%, provavelmente devido à grande perda de partículas no circuito do ventilador. 
Isto é, a presença de umidade no circuito do ventilador reduz a eficiência no 
fornecimento de aerossol ao redor de 40% a 50% quandocomparada a circuitos 
 
31 
 
secos. O HME deve ser removido do circuito do ventilador mecânico toda vez que 
um dispositivo de nebulização for utilizado. Quando comparado com os 
nebulizadores o uso de nebulímetros durante VM é mais fácil de realizar, envolve 
menor tempo do profissional que cuida do paciente, fornece dose mais confiável e 
pode reduzir o custo do tratamento. Além disso, quando o nebulímetro é usado com 
um espaçador cilíndrico colabável não é necessário desconectar o circuito do 
ventilador para toda inalação. (MILLER DD et al, 2003) 
 
8 VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA E NÃO INVASIVA 
Ventilação mecânica (VM) é um suporte ventilatório ofertado, por meio de 
aparelhos, a pacientes que apresentam quadro de insuficiência respiratória aguda 
ou crônica, ou seja, trata-se de um método de tratamento para os pacientes que 
não conseguem respirar espontaneamente. Os fatores que interferem no padrão 
respiratório podem estar relacionados a doenças agudas ou crônicas, a 
medicações, como barbitúricos e anestésicos, entre outros. Neste capítulo, você vai 
entender sobre a ventilação mecânica invasiva (VMI) e a ventilação não invasiva 
(VNI), identificar alterações nos principais exames laboratoriais e de imagem e 
conhecer os cuidados de fisioterapia prestados às pessoas com alterações 
respiratórias sob ventilação mecânica invasiva e não invasiva. (BRASIL, 1998). 
Infecção Hospitalar (IH), institucional ou nosocomial, 
segundo o Ministério da Saúde (MS) é qualquer infecção 
adquirida após a internação do paciente e que se manifeste 
durante sua permanência no hospital ou mesmo após a alta, 
uma vez que possa ser relacionada com a hospitalização 
(BRASIL, 1998). 
Para compreender melhor sobre a VMI e a VNI, é importante conhecer o 
funcionamento da difusão dos gases (BRASIL, 1998). 
 
 Inspiração: a pressão é ligeiramente mais negativa do que a pressão 
atmosférica — com cerca de 3 mmHg, o ar entra nos pulmões. 
 
32 
 
 
 Expiração: a pressão se torna positiva em relação à pressão 
atmosférica — em torno de +3 mmHg permite a saída de ar dos pulmões. 
 
 Alvéolos: a pressão é negativa, fazendo com que o ar permaneça no 
alvéolo. 
 
 Pressão intrapleural: permanece negativa em relação à pressão 
atmosférica durante todo o ciclo respiratório (SMELTZER; BARE, 2012). 
 
Vale ressaltar a necessidade de conhecer os sons respiratórios para 
identificar quando ele está normal, ou seja, quando é fisiológico ou patológico. 
 
 Sons fisiológicos: 
 ruído suave: murmúrio vesicular. 
 diminuído: enfisema, pneumonia, atelectasia e derrame pleural. 
 aumentado: hiperventilação. 
 
 Sons patológicos: 
 estertores crepitantes: ruídos intermitentes — atrito de cabelo. 
 atrito pleural: ranger de couro cru. Não é modificado pela tosse. 
 roncos e sibilos: ruídos contínuos ocasionados por enfisema, 
bronquite e asma. 
 roncos: baixa frequência, correspondem à vibração da parede dos 
bronquíolos calibrosos — secreções. 
 sibilos: alta frequência, finos e relacionados à vibração dos pequenos 
brônquios (SMELTZER; BARE, 2012). 
 
 
33 
 
 
Fonte: Martini, Timmons e Tallitsch (2009, p. 631). 
 
 
 
34 
 
 
Fonte: Lechtzin ([2019?], documento on-line). 
 
 
35 
 
Além de manter as trocas gasosas e a correção da hipoxemia e 
da acidose respiratória associada à hipercapnia, a VM visa a amenizar as 
funções da musculatura respiratória, as quais se encontram elevadas nas 
situações agudas de alta demanda metabólica. Ademais, a VM tem por 
objetivos evitar ou reverter o cansaço muscular respiratório e reduzir o 
consumo de oxigênio para, com isso, minimizar o desconforto muscular e 
possibilitar a utilização de terapêuticas específicas (CUNHA, 2013). 
Também há o intuito de produzir uma tensão de dióxido de carbono arterial 
normal (PaCO2), entre 35 e 45 mmHg, e uma pressão arterial de oxigênio (PaO2) 
normal, entre 80 e 100 mmHg (CUNHA, 2013). 
 A ventilação mecânica pode ser classificada de duas formas: VNI e VMI. 
Nas duas situações, a ventilação artificial é possibilitada com a aplicação de pressão 
positiva nas vias aéreas. (CUNHA, 2013). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
9 VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA 
Na VNI, o equipamento é conectado ao paciente por meio de máscaras, ou 
seja, utiliza-se uma máscara como interface entre o paciente e o ventilador artificial. 
Nas últimas décadas, a VNI tem se disseminado e apresentado indicação 
com base na insuficiência respiratória aguda por doença pulmonar obstrutiva 
crônica (DPOC) acentuada e no edema agudo de pulmão (EAP) cardiogênico, bem 
como nos casos de pacientes com desmame difícil da VMI. No pós-operatório (PO) 
de cirurgia cardiovascular, a VNI tem sido utilizada na profilaxia (imediatamente 
depois da extubação) para tratar a atelectasia ou ainda quando o quadro de 
insuficiência respiratória já está estabelecido. (CUNHA, 2013). 
Apesar dos importantes benefícios, a aplicação de VNI em intervenções 
respiratórias pode afetar a estabilidade hemodinâmica e cardiovascular pela 
redução do retorno venoso e do volume diastólico final do ventrículo direito, o que 
diminui o débito cardíaco (DC) e resulta em ajustes autonômicos para manter a 
homeostase. (CUNHA, 2013). 
 Há dois tipos de VNI: BiPAP (pressão positiva em vias aéreas a dois níveis, 
do inglês bi-level positive airway pressure) e CPAP (pressão positiva contínua nas 
vias aéreas, do inglês contínuos positive airway pressure). 
Na utilização da ventilação não invasiva (VNI), a função de 
umidificação das vias aéreas superiores está preservada, não sendo a 
princípio obrigatória a utilização de umidificação externa. Contudo, nem 
sempre os pacientes são capazes de aquecer e umidificar adequadamente 
os gases secos inspirados, principalmente aqueles pacientes com 
sintomas em via aérea superior e que necessitam de uso prolongado de 
VNI ou altos fluxos inspiratórios (LELLOUCHE et al. 2002). 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
10 VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA 
A VMI se dá quando o equipamento é conectado ao paciente por meio de 
tubo oro ou nasotraqueal (menos comum) ou de cânula de traqueostomia. Esse tipo 
de ventilação é o método de tratamento usado em pacientes com insuficiência 
respiratória aguda ou crônica agudizada (CUNHA, 2013). 
Na VMI, os aparelhos, de forma intermitente, insuflam as vias respiratórias 
sob pressão. O ato de o gás entrar nos pulmões se dá por conta da geração de um 
gradiente de pressão entre as vias aéreas superiores e o alvéolo. 
O enfermeiro deve ser capaz de conhecer e identificar os parâmetros 
apresentados em um ventilador mecânico, principalmente para identificar a resposta 
do paciente às alterações realizadas ou que devam ser realizadas nos parâmetros 
determinados. (CUNHA, 2013). 
A seguir, estão listados os conceitos e parâmetros médios utilizados na VM. 
(CUNHA, 2013). 
 
 FiO2 (concentração de oxigênio): necessária para manter a PaO2 
adequada. A FiO2 inicial em qualquer paciente que faz uso da VM deve ser de 
100%. 
 
 Volume corrente (VC): volume de ar que deve ser administrado ao 
paciente em cada ciclo respiratório. 
 
 Fluxo inspiratório (V): velocidade em que o ar será administrado. 
 
 Frequência respiratória (FR): quantidade de ciclos respiratórios 
realizados por minuto. 
 
 PEEP: pressão expiratória final que fica dentro do alvéolo. O valor 
fisiológico da PEEP é de 5 cmH2O, o qual deve ser o valor programado no ventilador 
 
 
38 
 
 Pressão inspiratória: pressão máxima exercida internamente na 
caixa torácica que não deve ultrapassar o valor de 40 cmH2O. 
 
 
 
Na VMI, o ventilador mecânico estará conectado a um sistema conhecido 
por circuito, o qual será conectado a um tubo endotraqueal ou cânula de 
traqueostomia. (CUNHA, 2013). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
11 PRINCIPAIS EXAMES LABORATORIAIS E DE IMAGEM 
11.1 Exames de imagem 
Um dos examesmais utilizados para auxiliar no diagnóstico de doenças 
respiratórias é a radiografia. Trata-se de um exame de baixo custo e não invasivo, 
o qual é obtido por sensores sensíveis ao raio X. (CUNHA, 2013). 
 
Análise da radiografia 
 
Primeiramente, é preciso observar, na imagem, qual lado é o direito e qual 
é o esquerdo do paciente. Em seguida, deve-se verificar a radiografia como se 
estivesse olhando de frente para o paciente, ou seja, o lado direto do paciente é o 
esquerdo do profissional e vice-versa. Por fim, é importante analisar radiografias 
anteriores para comparar as informações. (CUNHA, 2013). 
Durante a análise de uma radiografia, é importante estar atento às cores: 
 
 esbranquiçado (radiopaca) — osso; 
 cinza claro — tecidos moles e líquidos (coração, artérias, veias); 
 cinza escuro — gordura – mamas e tecido subcutâneo; 
 preto (radiotransparente) — ar ou gás (pulmão, traqueia). 
 
 
 
40 
 
 
Fonte: Barros (2015, p. 451). 
11.2 Exames laboratoriais 
Gasometria arterial 
 
O objetivo da gasometria é prover informações acuradas sobre a 
oxigenação (ventilação, difusão, perfusão) e o estado acidobásico (SMELTZER, 
BARE, 2012). 
Suas alterações podem estar direta ou indiretamente ligadas à necessidade 
de o paciente fazer uso de VM para a compensação. (SMELTZER, BARE, 2012). 
 
 Valores de referência 
 pH: 7,35 a 7,45; 
 PaO2: 80 a 100 mmHg; 
 PaCO2: 35 a 45 mmHg; 
 HCO3: 22 a 26 mEq/L; 
 SatO2 (saturação de oxigênio): 95 a 98%; 
 BE (excesso de base): -2,0 a +2,0 mEq/L. 
 
 
 
 
41 
 
 Interpretação 
 Acidose respiratória — pH < 7,4 PaCO2 > 45 mmHg. Causas: DPOC, 
hipoventilação com ventilador mecânico, sedação excessiva. 
 
 Alcalose respiratória — pH > 7,45 PaCO2 < 35 mmHg. Causas: 
hipóxia, insuficiência cardíaca, hiperventilação com ventilador mecânico. 
 
 Acidose metabólica — pH < 7,45 HCO3 < 22 mEq/L. Causas do 
acúmulo de ácidos: cetoacidose diabética, jejum prolongado. Causas do acúmulo 
de ácido lático: hipóxia, parada cardíaca. 
 
 Alcalose metabólica — pH > 7,45 HCO3 > 26 mEq/L. Causas: perda 
de líquido do trato gastrintestinal ocasionada por vômito, lavagem gástrica ou 
ingestão excessiva de bicarbonato. 
 
 BE — representa o excesso de bicarbonato ou outras bases. Valor 
negativo: déficit de bases se associado à acidose metabólica. Valor positivo: 
excesso de bases se associado à alcalose metabólica (SMELTZER; BARE, 2012). 
 
 Valores de referência dos eletrólitos 
 Sódio (Na) — 135 a 145 mEq/L; 
 Potássio (K) —3,5 a 5,0 mEq/L; 
 Magnésio (Mg) — 1,3 a 2,1 mEq/L; 
 Cálcio (Ca) — 8,6 a 10, 2 mg/dl; 
 Fósforo (P) — 2,5 a 4,5 mg/dl; 
 Cloro (Cl) — 95 a 105 mEq/L (MIRANDA, 2010). 
 
 Interpretação 
 A interpretação de qualquer valor laboratorial deve estar associada à 
condição clínica do paciente e não deve ser avaliada de forma única para o 
diagnóstico. 
 
42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
12 REFERÊNCIAS 
 
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46 
 
13 LEITURA COMPLEMENTAR 
13.1 FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA EM PACIENTES SOB VENTILAÇÃO 
MECÂNICA 
Carla de Oliveira YOKOTA; Armando Carlos Franco de GODOY; Maria 
Isabel Pedreira de Freitas CERIBELLI. 
 
RESUMO 
O avanço tecnológico tem favorecido o aparecimento de complicações 
clínicas, as quais são, entretanto, passíveis de serem prevenidas, principalmente 
quando se atua de forma interdisciplinar. Junto aos pacientes acamados, sedados, 
dependentes de ventilação mecânica e que necessitam recuperar suas funções 
respiratórias, o enfermeiro e o fisioterapeuta podem atuar como objetivo de melhorar 
a ventilação pulmonar e, consequentemente, a oxigenação. Uma das ações 
preventivas que evitam complicações pulmonares é a fisioterapia respiratória. Esta 
revisão bibliográfica enfoca e descreve as consequências da aspiração de resíduos 
orofaríngeos e gástricos, como um dos fatores predisponentes ao aparecimento da 
pneumonia aspirativa, além de expor as manobras de fisioterapia respiratória, cuja 
aplicação pode preservar a oxigenação e a ventilação pulmonar, favorecendo a 
recuperação do paciente. Este trabalho de revisão antecedeu o trabalho depois 
realizado com este tipo de pacientes, em que a atividade do fisioterapeuta veio 
complementar o cuidado oferecido pela equipe de enfermagem. Termos de 
indexação: fisioterapia respiratória; enfermagem; pneumonia aspirativa; ventilação 
mecânica. 
 
INTRODUÇÃO 
 
Uma das complicações mais temidas em pacientes internados em Unidades 
de Terapia Intensiva (UTI) são as pneumonias aspirativas1,2, principalmente 
quando o doente não consegue respirar espontaneamente. Frequentemente,usa-
se a ventilação artificial, a oxigenação complementar e os tubos para drenagem, 
 
47 
 
com o objetivo de otimizar o estado hemodinâmico do paciente. Nesse contexto, 
devido à retenção de secreções traqueobrônquicas decorrentes da intubação 
endotraqueal e da imobilidade no leito, a fisioterapia respiratória (FR) constitui uma 
conduta importante para a recuperação ventilatória. A aspiração é a principal causa 
de pneumonia em UTI e contribui significativamente para a morbimortalidade de 
pacientes criticamente doentes. O trabalho interdisciplinar com a equipe de 
enfermagem, junto ao paciente, pode resultar no melhor atendimento às 
necessidades deste, otimizado as ações desenvolvidas à beira do leito, prevenindo 
complicações e, consequentemente, diminuindo custos para o sistema de saúde. 
A aspiração é definida como a inalação, pelas vias aéreas inferiores, de 
material que irá se instalar abaixo das cordas vocais. O material pode ser constituído 
por secreções orofaríngeas, saliva, alimentos, líquidos, conteúdos gástricos, 
substâncias tóxicas ou bactérias. Segundo Mahul et al., cerca de 20% dos pacientes 
intubados por mais de três dias apresentam diagnóstico de pneumonia associada à 
aspiração de resíduos. A pneumonia aspirativa, portanto, é um processo infeccioso 
causado pela inalação de secreções orofaríngeas potencialmente contaminadas por 
micro-organismos patogênicos, tais como as bactérias que colonizam a superfície 
da mucosa da cavidade orofaríngea, a inalação, portanto, constituindo o mecanismo 
primário pelo qual as bactérias entram nos pulmões. 
A pneumonia é assintomática no caso de microaspirações, ou seja, quando 
o pequeno volume de material aspirado não é detectado clinicamente. A “exata 
quantidade de material aspirado para caracterizar microaspiração não é definida, 
porém, a quantidade usualmente é menor do que um ml”. 
Ou é pneumonia sintomática, quando o material aspirado for detectável por 
ser de maior volume, no caso, devido à chamada macroaspiração. Esta é detectada 
na observação de dados clínicos, caracterizados pela presença de sinais como: 
febre, leucocitose, mudança na produção de secreção (expectoração de secreção 
purulenta) e hipoxemia. No exame radiológico, caracteriza-se pela presença de 
infiltrado em parênquima pulmonar. 
A pneumonia aspirativa pode ser considerada pneumonia nosocomial (PN) 
quando se desenvolve após 72 horas da admissão no hospital, sendo que, nesses 
 
48 
 
casos, geralmente são polimicrobiais. A PN é causada frequentemente por micro-
organismos entéricos gram-negativos, podendo também ser causada por micro-
organismos gram-positivos7,8. 
 “O risco de se adquirir pneumonia aumenta com o aumento de tempo dos 
pacientes sob VM”. Calcula-se que a média adicional de estadia hospitalar seja de 
aproximadamente dez dias para pacientes com pneumonia associada ao ventilador, 
com custos extras atribuíveis superiores a U$8.800 dólares. A pneumonia 
desenvolvida depois de 48 horas de intubação e após o início da VM, é referida 
como pneumonia associada ao ventilador (VAP)3. A sua ocorrência, além de 
acréscimo de custos e do prolongamento da permanência dos pacientes no hospital, 
tem acarretado aumento do número de óbitos. 
Acredita-se que o circuito do ventilador possa favorecer a aderência 
bacteriana e comprometer os mecanismos de defesa das vias aéreas. Com isso, 
ocorre rápida colonização da orofaringe pelo aerossol contaminado, gerado pela 
inalação através do equipamento de terapia-inalação, causando a VAP. 
Pacientes gravemente enfermos que permanecem por um tempo em jejum, 
apresentam reabilitação mais demorada, com catabolismo de sua reserva proteica, 
o que leva ainda à redução da massa funcionante dos músculos respiratórios e à 
alteração do metabolismo. O consumo muscular induz à respiração difícil e 
superficial, resultando em trocas gasosas ineficientes, com retenção de dióxido de 
carbono e maior consumo de oxigênio por trabalho metabólico realizado. Este 
processo, por sua vez, acarreta menor oferta de nutrientes aos tecidos e debilidade 
aos músculos respiratórios, prejudicando também a locomoção. Com a diminuição 
da perfusão e difusão do oxigênio, há acúmulo de secreção e, considerando-se a 
dificuldade de realizar a tosse e expelir a secreção, esta pode causar infecção 
respiratória. Observa-se, neste contexto, a lentidão no reparo de tecidos lesados18, 
a dificuldade do paciente para desvincular-se do ventilador mecânico, o 
retardamento da recuperação e, portanto, o prolongamento da permanência 
hospitalar. 
Frente ao exposto é que se verifica a necessidade da FR, visando a 
recuperação funcional e respiratória do paciente o mais breve possível. As 
 
49 
 
manobras de fisioterapia, agregadas aos cuidados que se prestam aos doentes 
sedados e acamados, serão usadas para facilitar a desobstrução das vias 
respiratórias e a nova expansão pulmonar, com o objetivo de prevenir complicações 
nos pacientes sob este risco. A intervenção da FR favorece também a respiração 
profunda e uma eficiente troca gasosa, diminuindo a quantidade de secreção e 
facilitando a higienização dos brônquios. Sendo estes importantes condutores para 
a aspiração, o acúmulo de secreção pode resultar em foco de contaminação 
pulmonar. 
 
Manobras de fisioterapia respiratória 
 
As manobras fisioterápicas respiratórias consistem em técnicas manuais, 
posturais e cinéticas, que podem ser aplicadas no doente, associando-se aos 
recursos do ventilador mecânico. 
As manobras convencionais de desobstrução brônquica podem ser: a 
drenagem postural, a percussão torácica ou tapotagem, a compressão torácica, a 
vibração torácica (manual e mecânica), os exercícios respiratórios, a aspiração de 
secreção endotraqueal e a tosse, além de outras menos convencionais, como a 
hiperinflação manual (HM) e a pressão negativa. A FR objetiva primordialmente, 
melhorar a função respiratória por meio de outras funções como ventilação/perfusão 
(V/P), distribuição e difusão, visando promover e manter níveis adequados de 
oxigenação e de gás carbônico na circulação, preservando a ventilação pulmonar. 
Outro objetivo é expandir novamente as áreas pulmonares com atelectasia. 
A FR tem caracterizado dois aspectos importantes e necessários para a 
manutenção da função respiratória dos pacientes: a higiene brônquica 
(desobstrução brônquica), ou seja, a remoção das secreções retidas, também 
utilizada no tratamento de enfermidades do sistema respiratório e a manutenção da 
expansibilidade pulmonar durante a ventilação mecânica. Clarke et al, em 1973, 
relatavam os efeitos da FR na liberação das secreções traqueobrônquicas. 
As manobras de desobstrução brônquica utilizada pela FR são numerosas 
e a caracterização de cada uma delas relaciona-se à intensidade de execução das 
 
50 
 
mesmas, diferindo pelo grau de pressão das mãos sobre o tórax. As variações 
dessas manobras durante sua aplicação dependerão das condições clínicas do 
paciente26. A realização das manobras exige posicionamento adequado do 
paciente no leito, a fim de melhorar a função da V/P pulmonar, aumentar os volumes 
pulmonares, reduzir o trabalho da respiração, minimizar o trabalho cardíaco e 
aumentar a liberação das secreções das vias aéreas, com a ajuda da gravidade. A 
posição de Fowler (paciente deitado em decúbito dorsal, com a cabeceira do leito 
elevada a 30°) previne aspiração pulmonar, diminui a incidência de refluxo 
gastresofágico em pacientes intubados, dependentes do ventilador mecânico e com 
sonda nasogástrica. Existem manobras convencionais como: Drenagem postural: 
técnica que, pelo posicionamento do paciente no leito, favorece o deslocamento das 
secreções das vias aéreas inferiores para os brônquios e das vias aéreas superiores 
para o meio externo, com auxílio da força da gravidade. Através do posicionamento 
dos segmentos pulmonares ou de todo o pulmão, oterapeuta tem condições de 
acelerar o deslocamento de secreções, melhorar o “clearance” pulmonar periférico, 
além de aumentar a capacidade residual funcional do paciente. Quando realizada 
junto com a VM e com aplicação de pressão expiratória positiva final (PEEP), a 
drenagem postural pode aumentar a pressão transpulmonar, melhorar a taxa de 
V/P, aumentar a complacência pulmonar do hemitórax não comprometido e reduzir 
a resistência das vias aéreas colaterais. A duração desta técnica pode variar de 15 
a 60 minutos, dependendo da tolerância do próprio paciente à mudança de posição 
e da quantidade de secreção produzida. A equipe de enfermagem pode realizar esta 
manobra, sempre que o paciente puder permanecer nesta posição no leito. 
Percussão torácica ou Tapotagem: técnica que tem como objetivo facilitar a 
retirada do muco ciliar. Podem ser usadas tanto na inspiração quanto na expiração. 
Para realizá-la, as mãos do fisioterapeuta devem manter-se em forma de concha, 
os dedos posicionados no sentido dos arcos costais e do contorno do tórax, dedos 
e polegar aduzidos. A realização desta técnica produz uma onda de energia, que é 
transmitida pelas mãos do fisioterapeuta através da parede do tórax, promovendo 
o deslocamento das secreções da parede brônquica, das regiões periféricas para 
as centrais, de onde poderão ser expelidas pela tosse ou pela aspiração 
 
51 
 
endotraqueal. O movimento sobre o tórax deve ser realizado de forma rítmica, 
mantendo-se a mesma força e alternando-se as mãos que tocam o tórax, com 
frequência de (240 ciclos por minuto), conforme descrito por Gallon em 1991. 
Vibração torácica: técnica que consiste em exercer uma pressão sobre a 
parede do tórax, através de movimentos oscilatórios rápidos e de pequena 
amplitude, caracterizados pela contração isométrica repetida, com vibrações 
partindo do ombro e membros superiores do terapeuta. A contração isométrica, por 
sua vez, é a contração fina de grupos musculares de membros superiores, sem a 
produção de movimentos amplos. Os dedos devem estar alojados entre os arcos 
costais do tórax do paciente, seguindo a disposição anatômica das costelas, e a 
pressão deve ser aplicada durante a fase expiratória. Pode ser realizada manual ou 
mecanicamente. 
Compressão torácica: técnica que consiste na compressão da parede do 
tórax, exercida durante toda fase expiratória do ciclo respiratório, a fim de permitir 
melhor esvaziamento pulmonar, facilitar a mobilização de secreção e favorecer a 
ventilação pulmonar. 
Vibro-compressão torácica: técnica que consiste na associação das 
manobras de vibração e de compressão torácicas. Consiste na compressão da 
parede torácica, no sentido anatômico dos arcos costais, com os dedos colocados 
entre os mesmos, sendo a força compressiva distribuída igualmente entre os dedos 
e a palma das mãos. É aplicada na fase expiratória do ciclo respiratório, de forma 
constante, lenta e moderada, permitindo um melhor esvaziamento pulmonar, 
facilitando a mobilização de secreções das vias aéreas centrais e inferiores e a 
ventilação pulmonar. Quando o paciente não é capaz de colaborar, esta manobra é 
realizada em concordância com o padrão respiratório do mesmo, induzido pelo 
ventilador mecânico. Pacientes que apresentem rigidez torácica, osteoporose 
intensa e/ou que estejam sedados ou até mesmo curarizados, merecem cuidados 
especiais, já que não haverá manifestação de dor como alerta para evitar riscos de 
fratura de costelas. Esta manobra é executada sobre a área do pulmão a ser tratada. 
Hiperinflação manual: técnica também conhecida como bag squeezing 
method. Foi introduzida em 1960, tendo como objetivo a prevenção de colapso 
 
52 
 
alveolar e expansão dos alvéolos colapsados. A técnica melhora a oxigenação e a 
complacência do pulmão, minimizando o risco de hipoxemia; estimula a tosse no 
paciente intubado e aumenta a movimentação das secreções pulmonares para as 
vias aéreas inferiores. Para a sua realização, o paciente é desconectado do 
ventilador mecânico e seus pulmões são insuflados de forma manual, através de 
uma bolsa auto inflável ou ressuscitador manual (Ambú®), introduzindo-se o volume 
corrente. Esta técnica é executada provocando-se inspiração profunda e lenta. Em 
seguida, o Ambú® é desconectado para aumentar o fluxo expiratório. 
Pressão manual expiratória (pressão negativa): técnica que consiste na 
compressão manual da região do tórax, respeitando-se a anatomia dos arcos 
costais, com os dedos colocados entre os mesmos, para evitar desconforto ao 
paciente. É aplicada durante a fase expiratória: deve-se manter a região comprimida 
durante a expiração e, em seguida, logo no início da inspiração, deve-se 
descomprimir bruscamente, provocando uma inspiração forçada, a qual acarretará 
um direcionamento do fluxo ventilatório para a região pulmonar comprometida, 
proporcionando expansão pulmonar e promovendo a facilitação para a V/P e a 
difusão, as quais se encontram prejudicadas. Esta técnica atua também como 
estímulo, facilitando a mobilidade costal que se encontra diminuída ou até mesmo 
abolida neste paciente. No paciente sob ventilação mecânica, esta técnica é 
realizada em concordância com o padrão respiratório proveniente do ventilador 
mecânico, favorecendo a sincronia entre o ritmo respiratório do paciente e o do 
ventilador mecânico, prevenindo-se assim a iatrogênia hospitalar. 
 
CONCLUSÃO 
 
O foco do cuidado ao doente está na importância de se intervir somente o 
necessário, para ajudar o organismo a se recuperar com menor ônus e melhor 
qualidade. Quando estamos frente a um doente acamado, com problemas 
respiratórios e sob ventilação mecânica, precisamos ter clara consciência de que os 
procedimentos que poderão auxiliar em sua volta ao seio familiar. Para estarmos 
seguros de que os procedimentos a serem realizados contribuirão de fato para a 
 
53 
 
melhora do paciente, é necessário que o fisioterapeuta observe as evidências que 
possam orientá-lo nas intervenções. A prevenção de complicações pulmonares 
poderá ser efetivada quando todos os fatores intervenientes puderem ser 
controlados. 
A FR não é apenas indicada para a reabilitação ou a cura do paciente, mas 
também para a prevenção de complicações pulmonares, já que, ao melhorar a 
função pulmonar, favorece a redução de infecção pulmonar, reduz o tempo de 
permanência no ventilador mecânico e libera o doente do risco da realização de 
traqueostomia; benefícios estes que, além de reduzirem a permanência do paciente 
internado, reduzem o custo hospitalar. 
Para ter segurança na indicação da FR, observadas as condições da 
intubação endotraqueal do paciente, faz-se mister avaliar se a realização da FR não 
acarretará complicações, como a passagem de secreções orofaríngeas para as vias 
aéreas inferiores, o que favoreceria a aspiração de resíduos e, consequentemente, 
o desenvolvimento da pneumonia aspirativa. Este foi o objetivo do estudo que se 
seguiu a esta revisão bibliográfica. Esta revisão e o estudo mencionado constituem 
etapas de uma linha de pesquisa que vem sendo desenvolvida por estes autores.

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