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processo civil 4 resumo

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PROCESSO CIVIL 4
PARTES
Nomenclatura
Partes do processo, na conceituação técnica do direito processual, são as pessoas que pedem ou em face das quais se pede a tutela jurisdicional do Estado. 1
No processo de conhecimento, atribui-se à parte ativa (a que pede a tutela jurisdicional) a denominação de autor; e à parte passiva, ou seja, aquela perante quem se pediu a providência jurisdicional, dá-se o nome de réu.
LEGITIMAÇÃO ATIVA ORIGINÁRIA Por originária, entende-se a que decorre do conteúdo do próprio título executivo e compreende: (i) o credor, como tal indicado no título; e (ii) o Ministério Público, nos casos prescritos em lei. Legitimação derivada ou superveniente corresponde às situações jurídicas formadas posteriormente à criação do título e que se verificam nas hipóteses de sucessão, tanto mortis causa como inter vivos.
A força executiva atribuída a determinados títulos de crédito, como se vê, decorre da lei. A legitimação das partes, por sua vez, será extraída, quase sempre, do próprio conteúdo do título. Assim, no título judicial, credor ou exequente será o vencedor da causa, como tal apontado na sentença. E, no título extrajudicial, será a pessoa em favor de quem se contraiu a obrigação.
LEGITIMAÇÃO ATIVA DERIVADA OU SUPERVENIENTE
O art. 778, § 1º, II, III e IV, 7 do novo Código de Processo Civil completa o elenco das pessoas legitimadas ativamente para a execução forçada, arrolando os casos em que estranhos à formação do título executivo tornaram-se, posteriormente, sucessores do credor, assumindo, por isso, a posição que lhe competia no vínculo obrigacional primitivo.
A modificação subjetiva da lide, em tais hipóteses, tanto pode ocorrer antes como depois de iniciada a execução forçada, e os fatores determinantes da sucessão tanto podem ser causa mortis como inter vivos, sendo, ainda, indiferente que o título executivo transmitido seja judicial ou extrajudicial.
Sempre que o pretendente a promover a execução não for o que figura na posição de credor no título executivo, para legitimar-se como exequente terá de comprovar, ao ingressar em juízo, que é “o legítimo sucessor de quem o título designa credor”. 8
Consoante o art. 778, § 1º, II, III e IV, os legitimados supervenientes para promover a execução, ou nela prosseguir, são:
(a) o espólio, os herdeiros ou sucessores do credor, sempre que, por morte deste, lhes for transmitido o direito resultante do título executivo;
(b) o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe for transferido por ato entre vivos;
(c) o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional.
LEGITIMAÇÃO EXTRAORDINÁRIA.
Pode, também, promover a execução forçada “o Ministério Público, nos casos previstos em lei” (NCPC, art. 778, § 1º, I). 4
A propósito, convém notar que o Ministério Público é considerado pelo Código ora na função de órgão agente (art. 177), ora de órgão interveniente (art. 178). 6 Quando, nos casos previstos em lei, exercer o direito de ação, caber-lhe-ão, obviamente, os mesmos poderes e ônus que tocam às partes comuns da relação processual (art. 177 do NCPC).
Como exemplo dessas funções do Ministério Público podem ser citados os casos de tomada de contas de testamenteiro, de arrecadação de resíduos, de cumprimentos de legados pios, da execução, no juízo civil, da sentença condenatória penal, quando a vítima for pobre, para fins de obter a indenização do dano, na forma do art. 68 do Código de Processo Penal 
SUB ROGAÇÃO 
Sub-rogado
Diz-se credor sub-rogado aquele que paga a dívida de outrem, assumindo todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo credor contra o devedor principal e seus fiadores (Código Civil, art. 349).
A sub-rogação tanto pode ser legal como convencional. A legal decorre da lei e não depende do consentimento das partes. A convencional é fruto de transferência expressamente ajustada entre os interessados.
É o que ocorre, tipicamente, com o avalista ou fiador que salda a dívida do avalizado ou afiançado. O pagador, assim agindo, sub-roga-se no direito e na ação do credor satisfeito.
O art. 346 do Código Civil enumera os casos de sub-rogação legal, ou de pleno direito, que são aqueles, em suma, “em que o pagamento é feito por um terceiro interessado na relação jurídica”.
A sub-rogação é convencional quando operada em favor de terceiro não interessado, e ocorre, segundo o art. 347 do Código Civil, quando:
(a) o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos (inciso I); ou
(b) terceira pessoa empresta ao devedor a quantia de que precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito (inciso II).
Espólio
Por espólio designa-se o patrimônio deixado pelo falecido, enquanto não ultimada a partilha entre os sucessores.
 Admite o nosso sistema jurídico a atuação do espólio em juízo, ativa e passivamente, muito embora não lhe reconheça o caráter de pessoa jurídica. Dá-se, portanto, com o espólio, um caso de representação anômala, “uma vez que a lei designa o representante, posto não atribua personalidade ao representado. Não obstante esta ausência de personificação legal, o tratamento dado à herança na qualidade de massa necessária é o de uma pessoa jurídica, ao menos aparente.
Reconhece o art. 778, § 1º, II, do NCPC que a execução pode ser ajuizada pelos herdeiros e sucessores do credor morto.
Por herdeiro deve-se entender quem sucede ao autor da herança, a título universal, ou seja, recebendo toda a massa patrimonial do de cujus, ou uma quota ideal dela, de modo a compreender tem-se o legatário, que sucede o de cujus a título singular, sendo contemplado, no testamento, com um ou alguns bens especificados e individuados.
LEGITIMAÇÃO PASSIVA
O art. 779 do novo Código indica quem pode ser sujeito passivo da execução, arrolando:
(a) o devedor, reconhecido como tal no título executivo (inciso I);
(b) o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor (inciso II);
(c) o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título executivo (inciso III);
(d) o fiador do débito constante em título extrajudicial (inciso IV);
(e) o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do débito (incisoV); e
(f) o responsável tributário, assim definido em lei (inciso VI).
Dentro da sistemática do Código, a legitimação passiva pode ser dividida em:
(a) devedores originários, segundo a relação obrigacional de direito substancial: “devedores” definidos pelo próprio título;
(b) sucessores do devedor originário: espólio, herdeiros ou sucessores, bem como o “novo devedor”;
(c) apenas responsáveis (e não obrigados pela dívida): o “fiador do débito”, o “responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do débito” e o “responsável tributário”.
Dívida e responsabilidade
Os sucessores, a título universal, praticamente ocupam o mesmo lugar do devedor primitivo e com ele se confundem na qualidade jurídica.
Sabe-se que o devedor, embora vinculado à obrigação, não pode ser física e corporalmente compelido a cumpri-la. Mas seu patrimônio fica sempre sujeito a sofrer a ação do credor, caso o crédito não seja devidamente satisfeito.
O novo devedor
O inciso III do art. 779 do NCPC cuida da cessão do débito pelo devedor ou assunção da dívida por terceiro.
Já o mesmo não ocorre com a parte passiva da obrigação. Diversamente do que se passa no direito alemão, inexiste entre nós, como regra, “a cessão de dívida”. 46 Por isso, ao devedor não é lícito transferir a dívida assumida, a não ser mediante expresso consentimento do credor.
Daí dizer o art. 779, III, do novo Código de Processo Civil, que a execução poderá atingir o “novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título executivo”. Também o Código Civil cuida da assunção da dívida por terceiro,sujeitando sua eficácia sempre ao consentimento expresso do credor.
A assunção da dívida será possível em duas circunstâncias: (i) em ato negocial de que participem o velho e o novo devedor; e (ii) em ato unilateral do novo devedor. 47 Em ambas as hipóteses, porém, será sempre indispensável “o consentimento do credor” (art. 779, III). Faltando este, qualquer ajuste do devedor com terceiro, visando a transmitir-lhe a dívida, será tido como res inter alios acta, sem qualquer eficácia perante o titular do crédito e sem qualquer efeito em relação à legitimidade das partes para a execução forçada.
Satisfeito o pressuposto do assentimento do credor, a assunção da dívida poderá ocorrer sob três situações distintas:
(a) com exoneração do primitivo devedor e com seu consentimento (novação por delegação);
(b) com exoneração do primitivo devedor, mas sem o seu consentimento (novação por expromissão);
(c) por assunção pura e simples da dívida pelo novo devedor, sem excluir a responsabilidade do devedor primitivo que, de par com o assuntor, continua vinculado à obrigação, caso em que não se pode falar em novação.
FIADOR JUDICIAL
Considera-se, portanto, fiador judicial aquele que presta, no curso do processo, garantia pessoal ao cumprimento da obrigação de uma das partes. São exemplos de fiança judicial os casos dos arts. 895, § 1º, 49 897, 50 e 559, 51 entre outros.
O fiador judicial responde pela execução sem ser o obrigado pela dívida e a execução contra ele não depende de figurar o seu nome na sentença condenatória. Responde, porém, por título executivo judicial, visto que como tal não se entende apenas a sentença, mas qualquer decisão que reconheça a exigibilidade de obrigação (art. 515, I). Logo, tendo sido a fiança acolhida em processo judicial por decisão do juiz, se for o caso de executá-la, o procedimento será o dos arts.
FIADOR EXTRAJUDICIAL
O fiador comum, assim, só seria sujeito passivo de execução quando tivesse contra si uma sentença condenatória, mas, já então, suportaria a atividade executiva não mais como simples fiador, e sim como “devedor principal”, diante da condenação que lhe foi imposta.
Assim, o que se deve exigir do contrato de fiança, para que autorize a coação executiva, é tão somente que seja representativo de obrigação certa, líquida e exigível, conforme dispõe o art. 783 do NCPC
.
Por outro lado, não admite a lei que a sentença condenatória (título executivo judicial) obtida apenas contra o devedor afiançado seja também exequível contra o fiador, que não tiver participado da fase de conhecimento.
ESPÓLIO E SUCESSORES
Enquanto não se ultima a partilha e não se fixa a parcela dos bens que tocará a cada herdeiro ou sucessor, o patrimônio do de cujus apresenta-se como uma universalidade que, embora não possua personalidade jurídica, é tida como uma unidade suscetível de estar em juízo, ativa e passivamente. Daí o disposto no art. 796 do NCPC, 34 onde se lê que “o espólio responde pelas dívidas do falecido”.
Herdeiros
Ultimada a partilha, desaparece a figura da herança ou espólio, como massa indivisa, e cada herdeiro só responderá pelas dívidas do finado, “dentro das forças da herança e na proporção da parte que lhe coube” (art. 796)
RESPONSÁVEL TRIBUTÁRIO
Este sujeito passivo da execução é específico da legislação fiscal e sua presença no art. 779, VI, do NCPC 63 deveu-se à unificação da execução forçada procedida pelo Código de 1973, de forma a abranger também a cobrança da Dívida Ativa da Fazenda Pública.
Definindo o sujeito passivo da obrigação tributária, a Lei nº 5.172, de 25.10.1966 (Código Tributário Nacional), o conceituou como “a pessoa obrigada ao pagamento do tributo ou penalidade pecuniária” (art. 121, caput), classificando-o em duas espécies:
(a) o contribuinte, “quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador” (art. 121, parágrafo único, I); e
(b) o responsável, “quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei” (art. 121, parágrafo único, II).
CUMULAÇÃO DE EXECUÇÕES
Na execução forçada não se discute mais o mérito do crédito do autor. O título lhe assegura o caráter de liquidez e certeza. Não importa, portanto, a diversidade de títulos para que o credor se valha de um só processo. Todos eles serão utilizados para um só fim: a realização da sanção a que se acha sujeito o devedor.
É por isso que, numa evidente medida de economia processual, admite o art. 780 do NCPC 103 que o credor cumule num só processo várias execuções contra o mesmo devedor, “ainda que fundadas em títulos diferentes”, e desde que a sanção a realizar seja de igual natureza, para todos eles.
Para a admissibilidade da unificação das execuções, exigem-se, de acordo com o art. 780, os seguintes requisitos:
(a) Identidade do credor nos diversos títulos. O Código não permite a chamada “coligação de credores” (reunião numa só execução de credores diversos com base em títulos diferentes) a não ser na execução do devedor insolvente. Não impede, porém, o litisconsórcio ativo no caso em que o título executivo conferir o direito de crédito a mais de uma pessoa.
(b) Identidade de devedor. As execuções reunidas terão obrigatoriedade de se dirigir contra o mesmo executado. Admite-se o litisconsórcio passivo, mas repele-se a “coligação de devedores”, 
(c) Competência do mesmo juízo para todas as execuções. Se a competência para uma das execuções for apenas relativa, não poderá ser declarada ex officio, mas apenas por meio de regular alegação.
(d) Identidade da forma do processo. Não se permite cumulação, por exemplo, de execução de obrigação de dar com de fazer. O tumulto processual decorrente da diversidade de ritos e objetivos seria evidente, caso se reunissem, num só processo, pretensões tão diversas. Não há também como reunir títulos executivos judiciais com títulos extrajudiciais, dada a profunda diversidade do procedimento de cumprimento de sentença e o da execução dos títulos extrajudiciais. 111 A aplicação mais frequente de execução cumulativa ocorre mesmo é com os títulos extrajudiciais de dívida de dinheiro.
Em resumo, “os traços característicos da cumulação são: unidade de exequente, unidade de executado, unidade de processo e pluralidade de execuções”.
 Advirta-se, porém, que “não se exige que exista qualquer conexão ou afinidade entre os créditos que se pretende cumular na mesma execução civil”. 
 A cumulação indevida pode ser repelida pelo devedor por meio de embargos, conforme dispõe o art. 917, III, do NCPC. Na hipótese geral de cumprimento da sentença, sem actio iudicati, e sem embargos, a discussão em torno do cúmulo indevido de execuções será provocada nos próprios autos, em impugnação (art. 525, V).
CUMULAÇÃO SUCESSIVA DE EXECUÇÕES
A cumulação originária de várias execuções, ainda que fundadas em títulos diferentes, é expressamente autorizada pelo art. 780 do NCPC e deve ocorrer por iniciativa do exequente no momento da propositura da ação.
RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL
O crédito compreende um dever para o devedor e uma responsabilidade para o seu patrimônio. 4 É da responsabilidade que cuida a execução forçada, ao fazer atuar contra o inadimplente a sanção legal. Sendo, dessa maneira, patrimonial a responsabilidade, não há execução sobre a pessoa do devedor, mas apenas sobre seus bens. 5 Só excepcionalmente, nos casos de dívida de alimentos, é que a lei transige com o princípio da responsabilidade exclusivamente patrimonial, para permitir atos de coação física sobre a pessoa do devedor, sujeitando-o à prisão civil (NCPC, art. 528, § 3º)
No direito moderno, portanto, “o objeto da execução são os bens e direitos que se encontram no patrimônio do executado”. 8 Daí o princípio informativo do processo executivo, já anteriormente indicado: “Toda execução é real” (não pessoal). 9
Para compreender-se o mecanismo da execução frente às diversas pessoas cujos patrimônios ficamsujeitos à expropriação executiva, cumpre primeiro fixar-se o conceito material e processual de responsabilidade.
A obrigação, como dívida, é objeto do direito material. A responsabilidade, como sujeição dos bens do devedor à sanção, que atua pela submissão à expropriação executiva, é uma noção absolutamente processual. 
A responsabilidade patrimonial do devedor atinge normalmente “todos os seus bens presentes ou futuros” (NCPC, art. 789). 
 Vale dizer que tanto os bens existentes ao tempo da constituição da dívida como os que o devedor adquiriu posteriormente ficam vinculados à responsabilidade pela execução. Isto decorre de ser o patrimônio uma universalidade como um todo permanente em relação ao seu titular, sendo irrelevantes as mutações sofridas pelas unidades que o compõem. Pouco importa, por isso, se o objeto do devedor a penhorar existia ou não ao tempo em que a dívida foi constituída.
O art. 790, do NCPC 20 enumera as hipóteses em que ocorre essa modalidade secundária de responsabilidade. São sujeitos à execução os bens:
(a) do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação reipersecutória (inciso I);
(b) do sócio, nos termos da lei (inciso II);
(c) do devedor, ainda que em poder de terceiros (inciso III);
(d) do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus bens próprios ou de sua meação respondem pela dívida (inciso IV);
(e) alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução (inciso V);
(f) cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em razão do reconhecimento, em ação autônoma, de fraude contra credores (inciso VI);
(g) do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade jurídica (inciso VII).
Bens alienados em fraude à execução
De início, cumpre não confundir a fraude contra credores com a fraude de execução. Na primeira, são atingidos apenas interesses privados dos credores (arts. 158 e 159 do Código Civil). Na última, o ato do devedor executado viola a própria atividade jurisdicional do Estado (art. 792 do novo Código de Processo Civil
Daí desaprovar a lei as alienações fraudulentas que provoquem ou agravem a insolvência do devedor, assegurando aos lesados a ação revocatória para fazer retornar ao acervo patrimonial do alienante o objeto indevidamente disposto, para sobre ele incidir a execução. Essa ação, que serve especificamente para os casos de fraude contra credores, comumente denominada ação pauliana, funda-se no duplo pressuposto do eventus damni e do consilium fraudis. Aquele consiste no prejuízo suportado pela garantia dos credores, diante da insolvência do devedor, e este no elemento subjetivo, que vem a ser o conhecimento, ou a consciência, dos contraentes de que a alienação irá prejudicar os credores do transmitente, desfalcando o seu patrimônio dos bens que serviriam de suporte para a eventual execução. O exercício vitorioso da pauliana restabelece, portanto, a responsabilidade dos bens alienados em fraude contra credores.
É, porém, muito mais grave a fraude quando cometida no curso do processo de condenação ou de execução. Além de ser mais evidente o intuito de lesar o credor, em tal situação “a alienação dos bens do devedor vem constituir verdadeiro atentado contra o eficaz desenvolvimento da função jurisdicional já em curso, porque lhe subtrai o objeto sobre o qual a execução deverá recair”. 58 A fraude frustra, então, a atuação da Justiça e, por isso, é repelida mais energicamente.
Assim, a força da execução continuará a atingir o objeto da alienação ou oneração fraudulenta, como se estas não tivessem ocorrido. O bem será de propriedade do terceiro, num autêntico exemplo de responsabilidade sem débito.
Da fraude de execução decorre simples submissão de bens de terceiro à responsabilidade executiva. O adquirente não se torna devedor e muito menos coobrigado solidário pela dívida exequenda
Não se cuida, como se vê, de ato nulo ou anulável. 61 O negócio jurídico, que frauda a execução, diversamente do que se passa com o que frauda credores, 62 gera pleno efeito entre alienante e adquirente. Apenas não pode ser oposto ao exequente. Nesse sentido, o § 1º do art. 792 do NCPC 63 é expresso em asseverar que “a alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao exequente”
Em síntese, tanto a fraude contra credores como a fraude de execução compreendem atos de disposição de bens ou direitos em prejuízo de credores, mas a diferença básica é a seguinte:
(a) a fraude contra credores pressupõe sempre um devedor em estado de insolvência e ocorre antes que os credores tenham ingressado em juízo para cobrar seus créditos; é causa de anulação do ato de disposição praticado pelo devedor, nos moldes do Código Civil (arts. 158 a 165); depende de sentença em ação própria (idem, art. 161);
(b) a fraude de execução não depende, necessariamente, do estado de insolvência do devedor e só ocorre no curso de ação judicial contra o alienante; é causa de ineficácia da alienação, nos termos do novo Código de Processo Civil (arts. 790 e 792); opera independentemente de ação anulatória ou declaratória. Pressupõe alienação voluntária praticada pelo devedor, de sorte que não se pode ver fraude à execução nas transferências forçadas realizadas em juízo. 65
CONFIGURAÇÃO DE FRAUDE A EXECUÇÃO 
Casos de fraude de execução
Vários são os casos reconhecidos como configuradores de alienação ou oneração de bens em fraude à execução pelo NCPC. O art. 792 enumera cinco hipóteses em que essa modalidade de fraude pode ocorrer. Analisaremos cada uma delas a seguir:
I – Bens objeto de ação fundada em direito real ou de pretensão reipersecutória
Considera o art. 792, I, em fraude à execução a alienação ou oneração de bem sobre o qual penda ação fundada em direito real ou com pretensão reipersecutória. A hipótese, ressalte-se, versa sobre alienação de bem litigioso na pendência ou em função de processo de conhecimento, levando em conta o prejuízo que o ato de disposição ou oneração acarretará para o posterior cumprimento da sentença. Condiciona, porém, o reconhecimento da fraude ao requisito de que a pendência do processo tenha sido averbada no respectivo registro público, se houver.
Na situação do inciso I, embora a fraude independa da condição de insolvência do devedor, é essencial que o credor tenha promovido a prévia averbação da pendência do processo no registro público (quando houver) em que o bem alienado deva ser inscrito.
II – Bens vinculados a processo de execução
Ajuizada a execução, autoriza o art. 828 do NCPC ao exequente obter certidão de que o processo foi admitido pelo juiz para averbação no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou indisponibilidade. Na pendência da execução, feita a averbação no registro adequado, considera-se em fraude a ela a alienação ou oneração do bem que tenha sido constrito (art. 792, II).
Também nesse caso não se cogita de insolvência do executado nem de má-fé do terceiro adquirente
III – Bens sujeitos à hipoteca judiciária ou outro ato de constrição judicial
O novo Código institui mais uma hipótese autônoma de fraude à execução, que consiste na alienação ou oneração de bem submetido à hipoteca judiciária ou outro ato de constrição judicial. Para tanto, exige o art. 792, III, apenas que o gravame tenha sido averbado no registro público, dispensada a comprovação de má-fé e de insolvência do terceiro adquirente.
Mais uma vez o Código vincula a fraude à averbação no registro do bem, ampliando os ônus do credor, que é o maior interessado na preservação do patrimônio do devedor até a satisfação de seu crédito. 72
O Código novo consagra, mais uma vez, entendimento do STJ, consolidado na Súmula nº 375, trancrita supra.
IV – Alienação que produz ou agrava a insolvência do devedor, na pendência do processo
De acordo com o inciso IV do art. 792 do NCPC, ocorre fraude à execução quando o devedor aliena ou onera bem, estando respondendo a ação, que,após o ato de disposição, possa reduzi-lo à insolvência. Não importa a modalidade de ação pendente. O que importa é a aptidão do litígio para reconhecer uma obrigação de pagar quantia cuja satisfação se frustre, em razão do desfalque patrimonial verificado. O caso não se refere a execução, mas a processo de cognição, já que a fraude contra atos do processo de execução regula-se por outro dispositivo, ou seja, pelo inciso II do art. 792.
V – Demais casos expressos em lei
Nos demais casos expressos em lei (inc. V do art. 792 do NCPC). Os demais casos são os que, em outros dispositivos do próprio Código e de outras leis, se consideram como praticados em fraude de execução. No Código de Processo temos os exemplos de penhora sobre crédito, contido no art. 856, § 3º, 73 e da averbação no registro público da execução distribuída (art. 828, § 4º), 74-75 na Lei dos Registros Públicos, o caso da penhora registrada (art. 240); no Código Tributário Nacional, a alienação ou oneração de bens do sujeito passivo de dívida ativa regularmente inscrita (art. 185)
Desconsideração da personalidade jurídica
Antes prevista como criação jurisprudencial e doutrinária, a desconsideração da personalidade jurídica, como forma excepcional de imputar aos sócios a responsabilidade por dívidas contraídas pela sociedade, recebeu regulamentação legal, por meio do art. 50 do Código Civil de 2002
VI – Defesa do terceiro adquirente
O adquirente ou beneficiário da oneração, como já se demonstrou, não é parte na execução. Se pretender negar a fraude de execução ou furtar-se às suas consequências, terá de valer-se dos embargos de terceiro (NCPC, arts. 674 e 792, § 4º).

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