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Gestão Financeira e Controladoria Análise das Demonstrações Contábeis – Aula 3 Análise através de Índices Analisar as Demonstrações Contábeis de uma empresa é uma forma importante de medir seu desempenho e sua capacidade financeira. No entanto, não devemos considerar apenas os números que constam nos principais demonstrativos, como o BP, a DRE e a DFC. É através da análise de indicadores econômicos e financeiros calculados a partir dos dados disponíveis nas demonstrações, que podemos obter uma fotografia mais clara da situação e desempenho das empresas. Dentro dessa análise, os indicadores podem ser agrupados em quatro categorias: 1- Índices de Estrutura 2- Índices de Liquidez 3- Índices de Rentabilidade 4- Índices de Prazos Médios Índices de Estrutura de Capitais Os índices desse grupo mostram as grandes linhas de decisões financeiras, em termos de obtenção e aplicação de recursos. Grau de Endividamento Total Fórmula: Capitais de Terceiros x 100 Ativo Total Indica: quanto a empresa tomou de Capitais de Terceiros em relação aos Recursos Totais investidos. Interpretação: quanto menor, melhor. Empresa WF Endividamento Total: 500 x 100 = 43% 1.150 43% do investimento total são financiados por capitais de terceiros e 57% por capitais próprios Participação de Capitais de Terceiros Grau de Endividamento Fórmula: Capitais de Terceiros x 100 Patrimônio Líquido Indica: quanto a empresa tomou de Capitais de Terceiros em relação ao Capital Próprio investido. Interpretação: quanto menor, melhor. Empresa WF Participação de Capitais de Terceiros: 500 x 100 = 77% 650 Para cada $100 de capitais próprios a empresa utiliza $ 77 de capitais de terceiros Composição do Endividamento Fórmula: Passivo Circulante x 100 Capitais de Terceiros Indica: qual o percentual de obrigações de curto prazo em relação as obrigações totais. Interpretação: quanto menor, melhor. Empresa WF Composição do Endividamento: 290 x 100 = 58% 500 58% dos capitais de terceiros são de curto prazo e 42 % são dívidas de longo prazo. Imobilização do Patrimônio Líquido Fórmula: Ativo Permanente x 100 Patrimônio Líquido Indica: quanto a empresa aplicou no Ativo Permanente para cada $ do Patrimônio Líquido. Interpretação: quanto menor, melhor. Empresa WF Imobilização do Patrimônio Líquido: 470 x 100 = 72% 650 72% do PL foram investidos no Ativo Permanente e 28% acham-se aplicados no AC. Quanto mais a empresa investir no Ativo Permanente, menos recursos próprios sobrarão para o Ativo Circulante e maior será a dependência de Capitais de Terceiros. Índices de Liquidez Os índices desse grupo avaliam a base da situação financeira da empresa, medindo a capacidade de pagar suas dívidas a curto e/ou longo prazos. Liquidez Imediata Fórmula: Disponível Passivo Circulante Indica: Folga Financeira Imediata - quanto a empresa possui de Disponibilidades para cada $ de Passivo Circulante. Interpretação: quanto maior, melhor. Empresa WF Liquidez Imediata: 190 = 0,66 290 Para cada $ 1 de dívida a curto prazo a empresa dispõe de $ 0,66 em dinheiro. Liquidez Corrente Fórmula: Ativo Circulante Passivo Circulante Indica: Folga Financeira de Curto Prazo - quanto a empresa possui no Ativo Circulante para cada $ de Passivo Circulante. (mede a capacidade de a empresa pagar suas dívidas de curto prazo) Interpretação: quanto maior, melhor. Ideal > 1,00 Empresa WF Liquidez Corrente: 430 = 1,48 290 Para cada $ 1 de dívida a curto prazo a empresa dispõe de $ 1,48 de recursos aplicados no AC. Liquidez Geral Fórmula: Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo (PNC) Indica: Folga Financeira Total - quanto a empresa possui no Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo para cada $ de dívida total. (mede a capacidade de a empresa pagar suas dívidas de curto e longo prazos) Interpretação: quanto maior, melhor. Ideal > 1,00 Empresa WF Liquidez Geral: 430 + 250 680 = 1,36 290 + 210 500 Para cada $ 1 de dívidas totais a empresa dispõe de $ 1,36 de recursos de curto e longo prazo. Liquidez Seca Fórmula: Ativo Circulante - Estoques Passivo Circulante Indica: Folga Financeira sem Influência dos Estoques - mede a capacidade de a empresa pagar suas dívidas de curto prazo, utilizando os recursos do Ativo Circulante, sem contar com os Estoques. Interpretação: quanto maior, melhor. Ideal > 1,00 Empresa WF Liquidez Seca: (430 – 70) = 1,24 290 Sem contar com os Estoques, para cada $ 1 de dívida a curto prazo a empresa dispõe de $ 1,24 de recursos aplicados no AC. Índices de Rentabilidade Os índices desse grupo mostram qual rentabilidade dos capitais investidos, isto é, quanto renderam os investimentos e, portanto, qual o grau de êxito econômico da empresa. Giro do Ativo Fórmula: Receita Líquida Ativo Indica: quanto a empresa vendeu para cada $ de Investimento Total. Interpretação: quanto maior, melhor. Empresa WF Giro do Ativo: 2.300 = 2,00 1.150 Para cada $ 1 de Investimento Total a empresa obtém uma receita de $ 2,00. Margem Líquida Fórmula: Lucro Líquido x 100 Vendas Líquidas Indica: quanto a empresa obtém de lucro para cada $ de venda. % de lucros sobre as vendas (indica a capacidade da empresa transformar receitas em lucro) Interpretação: quanto maior, melhor. Empresa WF Margem Líquida: 200 x 100 = 8,69% 2.300 8,69% da receita se transformam em Lucro Líquido. Rentabilidade do Ativo Fórmula: Lucro Líquido x 100 Ativo Indica: quanto a empresa obtém de lucro para cada $ de Investimento total. % de lucro obtido com o Investimento Total (Retorno do Investimento) Interpretação: quanto maior, melhor. Empresa WF Rentabilidade do Ativo: 200 x 100 = 17,39% 1.150 A Empresa obtém um retorno de 17,39% sobre o Investimento Total. Rentabilidade do Patrimônio Líquido Fórmula: Lucro Líquido x 100 Patrimônio Líquido Indica: quanto a empresa obtém de lucro para cada $ de Capital Próprio investido. % de lucro obtido com o Capital Próprio (Retorno do Capital Próprio) Interpretação: quanto maior, melhor. Empresa WF Rentabilidade do PL: 200 x 100 = 30,76% 650 Os sócios/acionistas obtém um retorno de 30,76% sobre o investimento. Índices de Prazos Médios Existem três índices de prazos médios que podem ser encontrados através das Demonstrações Financeiras. A conjugação dos três índices de prazos médios leva à análise dos ciclos operacional e financeiro(ou de caixa), elementos fundamentais para a determinação de estratégias empresariais, tanto operacionais quanto financeiras, geralmente vitais para a determinação do fracasso ou sucesso de uma empresa. Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV) PMRV: Contas a Receber x 360 Vendas Indica: Prazo médio em dias praticado com Clientes Interpretação: quanto menor, melhor. Empresa WF PMRV: 170 x 360 = 20 3.000 Prazo Médio de Pagamento de Compras (PMPC) PMPC: Fornecedores x 360 Compras Indica: Prazo médio em dias obtido com Fornecedores Interpretação: quanto maior, melhor. Empresa WF PMPC: 110 x 360 = 27 1.470 EF = EI + C - CMVCompras = EF + CMV - EI Prazo Médio de Renovação de Estoques (PMRE) PMRE: Estoques x 360 CMV Indica: Prazo médio em dias em que os Produtos/Mercadorias ficam parados no Estoque. Interpretação: quanto menor, melhor. Empresa WF PMRE: 70 x 360 = 17 1.500 Inter-Relação dos Índices de Prazo Médio O Prazo Médio de Renovação de Estoques – PMRE – representa, o tempo médio de estocagem. O Prazo Médio de Recebimento de Vendas – PMRV – expressa o tempo médio decorrido entre a venda e o recebimento. A soma dos prazos, PMRE + PMRV, representa o Ciclo Operacional – tempo decorrido entre a compra e o recebimento da venda da mercadoria. O ciclo operacional mostra o prazo de investimento. Ciclo Operacional Compra Venda Recebimento PMRE PMRV Paralelamente ao Ciclo Operacional ocorre o financiamento concedido pelos fornecedores, a partir do momento da compra. O tempo decorrido entre o momento que a empresa paga o fornecedor e o momento em que recebe as vendas é o período que a empresa precisa arrumar financiamento. Esse período é chamado de Ciclo de Caixa ou Ciclo Financeiro. Ciclo Operacional Compra Venda Pagamento Recebimento PMRE PMRV Ciclo Financeiro PMPC Empresa WF Ciclo Operacional 37 dias Compra Venda Pagamento Recebimento PMRE PMRV 17 dias 20 dias Ciclo Financeiro 10 dias PMPC 27 dias Liquidez e Solvência Liquidez refere-se à velocidade e facilidade com a qual um ativo pode ser convertido em caixa. Solvência refere-se à capacidade de cumprir os compromissos com os recursos que compõem seus Ativos. Portanto, do ponto de vista financeiro, uma empresa é solvente quando está em condições de fazer frente a suas obrigações correntes e ainda apresentar uma situação patrimonial e uma expectativa de lucros que garantam sua sobrevivência no futuro. A Insolvência distingue-se Falência. Uma empresa insolvente não está automaticamente ou obrigatoriamente falida. Ela poderá, ao final de um processo, ser declarada falida ou em recuperação judicial. Falência refere-se ao processo de execução coletiva contra devedor insolvente Insolvente, NÃO Falido. Um Construtor construiu um prédio avaliado em de 2 milhões. Pediu empréstimo de 1 milhão ao banco e pagou todos os fornecedores. Tem um Ativo de avaliado em 2 milhões e um Passivo de 1 milhão. Está muito longe de estar falido! No entanto não conseguiu vender nenhum apartamento (Suponhamos). No final do mês não consegue pagar a prestação mensal de 1.000. Isto se repete por 3 meses, nesse caso o Construtor é declarado Insolvente. Contudo não podemos dizer que está Falido. O próprio Banco pode oferecer-lhe um milhão e meio pelo Imóvel e com esse valor o Construtor poderá quitar sua dívida e ainda obter um ganho de 500 mil. Fator de Insolvência Suponha que uma empresa, num período de tempo considerável, venha apresentando quocientes de rentabilidade ótimos e de liquidez péssimos. Esta empresa está, possivelmente, numa situação muito pior que outra que apresente quocientes de rentabilidade e de liquidez apenas razoáveis. O Prof. Stephen C. Kanitz, da Universidade de São Paulo, apresentou, em artigo publicado na revista Exame, de dezembro de 1974, uma abordagem interessante para um estudo e interpretação de alguns quocientes principais, em conjunto. Em seu estudo, Stephen Charles Kanitz analisou aproximadamente 5.000 demonstrações contábeis de empresas brasileiras. Após o estudo, ele escolheu aleatoriamente 21 empresas, que haviam falido entre 1972 e 1974, e analisou os balanços referentes aos dois anos anteriores a falência. Utilizou, como grupo de controle, também de forma aleatória, 21 demonstrações contábeis, referentes aos mesmos anos, de empresas que não faliram. Após analisar e estudar estas empresas, ele criou o termômetro de insolvência, com a utilização da seguinte fórmula: FI = (0,05 x RPL + 1,65 x LG + 3,55 x LS) – (1,06 x LC + 0,33 x GE) RPL – Rentabilidade do Patrimônio Líquido; LG – Liquidez Geral; LS – Liquidez Seca; LC – Liquidez Corrente; GE – Grau de Endividamento. FI < -3 = situação de falência -3 < FI < 0 = situação de penumbra FI > 0 = faixa de solvência De acordo com Kanitz se, após a aplicação da fórmula, o resultado (FI) se situar abaixo de – 3, indica que a empresa se encontra numa situação que poderá levá-la a falência. Evidentemente, quanto menor este valor, mais próximo da falência estará a empresa. Do mesmo modo, se a empresa se encontrar em relação ao termômetro com um valor acima de zero, não haverá razão para a administração se preocupar, principalmente à medida que melhora a posição da empresa no termômetro. Se ela se situar entre zero e – 3, temos o que o Kanitz chama de penumbra, ou seja, uma posição que demanda certa cautela. A penumbra funciona, por conseguinte, como um alerta. Se o fator resultar num valor entre 0 e +7, considera-se que a empresa se situa na faixa de solvência. As empresas inseridas dentro desses limites são as que apresentam as menores probabilidades de falência, e elas se reduzem quanto mais elevado se apresentar o fator calculado. Empresa WF 2014 2015 Fator de Insolvência FI 0,05 RLP (+) 0,015 4,64 0,015 4,84 1,65 ILG (+) 2,186 2,244 3,55 ILS (+) 4,142 4,407 1,06 ILC (-) 1,458 1,572 0,33 GE (-) 0,240 0,254