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Princípios básicos da análise de projetos Introdução O administrador toma decisões o tempo todo, não apenas as que estão relacionadas ao curto e médio prazo para a manutenção dos negócios da empresa, mas principalmente as decisões relacionadas ao longo prazo, fundamentais para gerar crescimento sustentado para os negócios como também como forma de tornar mais perene sua existência no mercado. Estando numa área de suporte à decisão, o executivo de Finanças está sistematicamente frente a dois tipos básicos de decisões no dia a dia de sua atividade: decisões de investimento; � decisões de financiamento. � Como sabemos, todo o processo de “olhar para o futuro” nas empresas começa pelo Planejamento Estratégico. Nessa área são traçados os objetivos, metas, assim como a visão e a missão da empresa. Ao quantificarmos as metas definidas no Planejamento Estratégico, chegamos ao Planejamento Financeiro, processo que busca estabelecer com antecedência as ações que deverão ser executadas no futuro, assim como definir o capital que deverá ser empregado nos ativos operacionais e os recursos a serem levantados junto aos sócios e aos investidores que não têm participação no capital da empresa, a fim de que os objetivos fixados no Planejamento Estratégico1 sejam alcançados. O Planejamento Financeiro, através da quantificação das ações definidas, ajuda a reduzir as incertezas em relação ao futuro. A empresa que não desen- volve alguma forma de planejamento, estará caminhando para um destino não esperado, o que poderá desembocar numa situação pior que a anterior- mente existente. No desenvolvimento dos negócios de uma empresa, algumas perguntas necessitam de respostas precisas. Inicialmente, que investimentos de longo 1 Peter Drucker nos diz que “o planejamento não diz respeito a decisões futuras, mas às implica- ções futuras de decisões presentes”. 236 Princípios básicos da análise de projetos prazo a empresa precisa fazer para gerar valor aos proprietários? Essa é uma decisão de investimento, pois lida com a aplicação de recursos. Em seguida, como a empresa deve levantar os recursos para financiar esses investimen- tos? Essa é uma decisão de financiamento, pois lida com a captação de recur- sos. A continuidade e o crescimento da empresa dependerá do sucesso das decisões tomadas por seus administradores. O principal objetivo de qualquer empresa privada é gerar riqueza para seus proprietários. Numa empresa de capital aberto, uma das formas de quantificação dessa riqueza é o valor representado pelo preço da ação mul- tiplicado pelo número de ações que compõem o seu capital social. Apesar de ser um cálculo bastante simples, não podemos esquecer que esse valor depende das decisões de investimento e financiamento tomadas todos os dias pelos gestores da empresa. Uma forma usualmente utilizada pelos gestores da empresa na busca da maximização do retorno dos proprietários é expressar o planejamento de longo prazo através do orçamento anual, conceito central da Gestão ba- seada em Valor (Value Based Management) que pode ser entendida como a gestão que se preocupa em tomar decisões que possam maximizar o valor econômico de uma empresa. A princípio, a maximização do lucro proporciona um maior valor para a empresa. No entanto, é fundamental que o lucro obtido seja compatível com a rentabilidade e o nível de risco esperado. Para que tal objetivo seja alcan- çado, a empresa adquire fatores de produção e os transforma em bens e ser- viços que serão ofertados no mercado. O valor da empresa é determinado pelos fluxos de caixa futuros descontados e a geração da riqueza só ocorrerá quando a empresa investir em ativos que gerem uma rentabilidade maior do que o seu custo de capital, representados pela média ponderada do custo do capital próprio e custo do capital de terceiros. Na grande maioria das empresas, principalmente aquelas consideradas grandes, os detentores do controle societário não têm participação direta sobre considerável parcela das atividades do dia a dia dos negócios, dele- gando essa responsabilidade a administradores profissionais, que em última instância representam seus interesses. No caso do gestor financeiro, sua atu- ação busca resposta para três questões fundamentais. Como o dia a dia da empresa será gerido de forma a tornar possível a 1. realização das metas estabelecidas no planejamento financeiro? Princípios básicos da análise de projetos 237 Como esses investimentos serão financiados (recursos próprios, de ter-2. ceiros ou com participação das duas fontes)? Quais os investimentos de longo prazo a empresa deve realizar nas 3. várias alternativas que se apresentam? A primeira questão está relacionada à administração dos itens compo- nentes do capital de giro e da necessidade de capital de giro. O segundo item está diretamente vinculado à análise sobre as fontes de recursos de longo prazo que as empresas podem utilizar. A resposta para a terceira ques- tão está diretamente ligada ao conceito de Orçamento de Capital, parte inte- grante do orçamento da empresa. Existem várias definições para orçamento. A mais simples e mais utilizada no dia a dia das empresas define orçamento como o detalhamento do primeiro ano para as projeções de um plano finan- ceiro plurianual. Quando desenvolvemos um plano, estamos na realidade tentando ante- cipar o futuro, para apoio à tomada de decisão, visando atingir determinados objetivos. Existem três níveis de planejamento: estratégico; � tático; � operacional. � O planejamento estratégico lida com questões que afetarão a empresa no longo prazo, como por exemplo, ampliação da capacidade produtiva, criação de uma nova linha de produtos, fusões e aquisições, abertura de ca- pital, fechamento de unidades produtivas etc. O planejamento tático busca otimizar a alocação de recursos, a fim de se obter com eficiência os objeti- vos traçados no planejamento estratégico, como por exemplo, a localização ideal da nova unidade industrial que será construída; ou ainda, se atualmen- te uma empresa tem 12 unidades e decidiu fechar duas delas, quais serão as escolhidas. O planejamento operacional lida com a operacionalização das metas e objetivos traçados pela administração. O orçamento anual é a principal ferramenta de ação operacional. No orça- mento são quantificadas, principalmente, as diferentes metas de vendas, pro- dução, compras, estoques e geração de caixa. No orçamento serão também projetados detalhadamente para o próximo ano, a demonstração de resul- tados, o fluxo de caixa e o balanço patrimonial. No planejamento de longo 238 Princípios básicos da análise de projetos prazo (também conhecido como orçamento plurianual), esses demonstra- tivos serão projetados normalmente para os próximos anos (segundo ano, terceiro ano etc.) com um nível de detalhamento menor. No orçamento de uma empresa estão refletidos detalhadamente como a empresa obterá os fundos provenientes de sua atividade operacional e, em alguns casos, também as não operacionais relativas a investimentos de sobras de caixa previstos, e como esse fundos serão utilizados no pagamen- to de salários, matérias-primas, ativos fixos, impostos, aluguéis e assim por diante, necessários à obtenção das receitas previstas. As principais vantagens do sistema orçamentário são: Requer a fixação de metas, objetivos e políticas de forma objetiva, não � apenas para a empresa, mas também para suas unidades de negócios e subnidades (comercial, produção, suprimentos, financeira etc.). Permite avaliar o desempenho das unidades através do controle � real x orçado. Instrumento gerencial poderoso, sendo utilizado para controle e, con- � sequentemente, correção de rumos do próprio planejamento formu- lado. Por ser o produto final do planejamento, um orçamento mal formula-do representa, na realidade, um planejamento mal formulado. Existe muita confusão conceitual com relação ao orçamento. Para muitos, o orçamento é apenas um instrumento de controle de gastos. Na realidade, o orçamento é uma forma de determinação das alternativas mais produtivas e mais lucrati- vas de utilização dos recursos da empresa. O quadro a seguir ilustra de maneira genérica o processo de elaboração do orçamento. Princípios básicos da análise de projetos 239 (G TM A N , L au re nc e. A da pt ad o. ) Previsão de vendas Plano de produção Estimativas de compras de matéria-prima e gastos com a mão de obra Estimativas de consumo de matéria-prima e contratação de mão de obra Estimativas de despesas operacionais Plano de financiamento a longo prazo Plano de investimento de capital Orçamento de caixa Demonstrativo de resultado projetado Balanço patrimonial projetado Balanço patrimonial do período corrente Financiamento a longo prazo Custos dos pro- dutos/serviços disponibiliza- dos aos clientes Investimento de capital Financiamentos a longo prazo Disponível Duplicatas a receber Fornecedores Impostos a pagar Investimentos de capital Orçamento de capital A decisão de investimento envolve o processo de identificação, avaliação e seleção de alternativas de inversão de recursos existentes. Por outro lado, a alocação eficiente de recursos diz respeito à avaliação (aceitar, ficar indi- ferente ou rejeitar) e escolha de alternativas de aplicação de recursos nas atividades operacionais da empresa, consistindo num conjunto de decisões visando dar à empresa a estrutura ideal em termos de ativos fixos e circulan- tes, com o objetivo de maximizar a riqueza dos proprietários. Segundo Lemme (1987) a decisão de investimento depende da configuração futura desejada para as variáveis controláveis pela organização e da configuração futura esperada para as variáveis não controláveis. Ao depender de conhecimentos sobre o futuro, a decisão de investimento fica caracterizada como um processo decisório realizado com informações apenas parciais 240 Princípios básicos da análise de projetos pela inexistência da informação mais importante: o futuro. É exatamente ausência dessa informação que traz a incerteza a todas as decisões. Torna-se imprescindível, portanto, para apoio à decisão de investimento, a definição de um processo de coleta, seleção, organização, análise e avaliação de informações. Dado que os recursos de capital que uma empresa dispõe são por de- finição escassos, é necessária a existência de algum processo de seleção de projetos a fim que se possa escolher, entre os existentes, aquele(s) que aumente(m) o valor da empresa para seus proprietários. Nesse contexto, podemos entender Orçamento de Capital como o pro- cesso de planejamento e administração dos investimentos de longo prazo da empresa e a busca das melhores possibilidades de aplicação de recur- sos em alternativas que gerem retornos superiores aos custos dos recursos utilizados para o seu financiamento, ou seja, através desse instrumento, o administrador financeiro seleciona as alternativas que apresentem o valor presente positivo de seus respectivos fluxos de caixa. Outras preocupações básicas implícitas no Orçamento de Capital são: quantificação do caixa a ser gerado; � definição de quando será gerado; � com que chance (risco) os eventos previstos efetivamente ocorrerão. � Avaliar o valor do fluxo de caixa de uma alternativa de investimento, o timing dos eventos previstos e o risco associado a esses eventos é, em última instância, a essência do Orçamento de Capital. Sendo um processo muito mais complexo do que a simples decisão de compra de um item específico do ativo permanente, o orçamento de capital pode ser aplicado para diferentes fins, como por exemplo: Projeto relacionado a uma nova fábrica para uma nova linha de produ- � tos ou expansão da linha existente. Aquisição de uma empresa já existente. � Projeto de modernização. � Projetos mais simples relacionados à substituição de equipamentos. � Além disso, mudanças para novos produtos, serviços ou mercados são precedidas por investimentos relevantes em ativos fixos e no giro, e normal- mente de financiamentos de longo prazo. Princípios básicos da análise de projetos 241 Uma questão importante que não podemos esquecer é que as decisões de investimento precisam ter aderência ao planejamento estratégico da empresa devendo sempre estar relacionadas ao crescimento da firma ou à consolidação de sua posição no mercado. Ou seja, a continuidade e o cres- cimento da empresa dependerão da qualidade das decisões tomadas pelos gestores da empresa. Investimento Do ponto de vista gerencial, investimento pode ser considerado como toda atividade que pode gerar aumentos no ativo (compra de máquinas e equipamentos; compra de estoques; aplicação no mercado financeiro etc.) e/ ou redução no passivo (pagamento antecipado de empréstimos ou de forne- cedores antes do vencimento com desconto etc.). No entanto, dentre as alter- nativas comumente consideradas como investimento, podemos destacar: Substituição de equipamentos para manutenção da empresa � : Corresponde a gastos com a substituição de equipamentos danifica- dos e/ou desgastados, necessários para manter o nível atual de produ- ção da empresa. Substituição de equipamentos com o objetivo de reduzir custos � : Gastos com a substituição de equipamentos em uso por novos mais avançados, mais econômicos, ou seja, que reduzam custos de mão de obra, manutenção, energia e/ou matéria-prima. Novas imobilizações com o objetivo de reduzir custos de produção � : Investimentos em edificações, instalações e equipamentos novos com o intuito de reduzir o custo de produção. Por exemplo, a construção de uma usina hidrelétrica (ou termelétrica) a fim de reduzir o custo com a compra de energia. Ampliação da capacidade produtiva a fim de expandir produtos e � mercados existentes: Investimentos em edificações, instalações e equipamentos novos com o intuito de ampliar a capacidade instalada, visando atender ao cres- cimento esperado da demanda no atual mercado da empresa. Nesse caso, estudo de mercado detalhado deve ser realizado, incluindo uma análise de risco. 242 Princípios básicos da análise de projetos Ampliação da capacidade produtiva a fim de expandir para novos � mercados e produtos: Corresponde a investimentos em edificações, instalações e equipa- mentos novos, com o objetivo de criar uma nova linha de produtos ou expandir a atual para uma nova região geográfica. É fundamental um minucioso estudo de mercado, devido à incerteza associada ao projeto. Aquisição de empresas � : A empresa adquirente verifica se o valor econômico (com base no va- lor presente do fluxo de caixa livre projetado descontado pelo custo de capital) da empresa, resultante da existência das duas, fusionadas ou não, é maior do que a soma do valor econômico da empresa adqui- rente mais o valor a ser pago à empresa alvo. Projetos ambientais � : São projetos que não necessariamente geram receitas diretas, mas que visam adequar as instalações da empresa às novas exigências do mercado consumidor, cada vez mais preocupado e consciente das questões relacionadas ao meio ambiente. Esses projetos procuram também atender a legislação ambiental vigente. Estudo de viabilidade técnica e econômica (EVTE) O estudo de viabilidade técnica e econômica é um instrumento de que dispõem empreendedores e empresários para planejar seu negócio (também chamado de plano de negócios), através de um conjunto de informações elaboradas de forma organizada em que são destacados os aspectos mais importantes do negócio.Nesse estudo mostra-se em detalhes quem são os empreendedores, quais são os produtos e/ou serviços, quem são os poten- ciais clientes, qual é o processo tecnológico de produto e vendas, qual é a estrutura de gerenciamento, quais são as projeções financeiras para o fluxo de caixa, demonstração de resultados e indicadores de VPL, TIR e valor da empresa. Nesse estudo devem ser respondidas importantes questões, tais como: Princípios básicos da análise de projetos 243 Tecnologia empregada � Deve-se avaliar a natureza da técnica requerida (intensiva em capital X intensiva em mão de obra), o modo de aquisição (compra, aluguel ou associação) e o custo. Escala de produção � Deve-se demonstrar com detalhes qual é o tamanho ideal da planta industrial (inclusive comparando a escala de produção objetivada pelo projeto com as usualmente aceitas, inclusive no exterior). Prazo de construção das instalações e riscos de atraso no cronograma. � Estimativa dos gastos de capital (edificações, instalações, equipamen- � tos, veículos etc.). Deixamos para o final uma questão importantíssima, mas que não tem sido objeto da atenção devida: a localização. A localização do negócio pode significar custos logísticos maiores ou menores, impactando diretamente as margens de lucro e a geração de caixa. Por esse motivo, a justificativa da localização escolhida é fundamental, principalmente em projetos onde os custos de transportes constituem determinante principal. Para uma empresa ou uma fábrica que seja implantada numa determina- da localidade, é necessário que se observem alguns critérios de fundamental importância. Disponibilidade de mão de obra e de matérias-primas para serem � transformadas em um produto final e/ou intermediário. Aspectos de infraestrutura (existência de energia elétrica, água e esgo- � tos já implantados, serviços telefônicos na área, via de acesso ao local de produção, bem como os pontos de escoamento da produção). Localização da demanda para a efetivação da produção, pois o escoa- � mento do produto gerado tem que ter um destino final. Impacto ambiental do empreendimento. � Etapas do estudo de viabilidade Estudo de viabilidade é a primeira etapa no processo de análise de qual- quer tipo de projeto de investimento. Sem sua efetivação, realizada da forma 244 Princípios básicos da análise de projetos mais profunda possível, todas as demais etapas estarão comprometidas, im- pactando de forma absoluta a decisão tomada. Normalmente um estudo de viabilidade é composto das seguintes partes: Análise de mercado A análise de mercado é uma das mais importantes etapas na avaliação de um projeto. Nesta fase são analisadas as condições projetadas da oferta e demanda ao longo do horizonte do projeto, bem como a penetração espe- rada no mercado. Normalmente uma previsão de mercado equivocada pro- voca graves consequências para empresa2, podendo resultar em excesso de capacidade ou capacidade insuficiente. Se a previsão de vendas foi muito otimista, os elevados investimentos em ativos fixos provocarão elevação de custos fixos (depreciação, manutenção, seguros, mão de obra) sem a devida contrapartida nas receitas. A conse- quência será uma queda na margem bruta e no fluxo de caixa operacional da empresa, pois a empresa não tem como diluir os custos fixos. Além disso, caso a empresa tenha se financiado com recursos de terceiros, o compromis- so com pagamento de juros e amortização do principal tornará a situação da empresa ainda mais difícil. Por outro lado, se a previsão de vendas foi pessimista, a empresa pode ter deixado de investir o suficiente para atender a demanda. Isso pode provocar uma perda na participação de mercado para outras empresas do setor (pois trabalhará com uma produção insuficiente para atender o mercado) ou uma perda de competitividade (a empresa pode estar trabalhando com equipa- mentos mais antigos que os concorrentes). Nesse contexto, a recuperação de clientes exigirá da empresa um esforço adicional através de despesas com pu- blicidade, redução de preços, aumento de prazos e melhorias de produtos. Normalmente o primeiro passo na análise de projetos é uma estimativa detalhada do tamanho e características da demanda do produto a ser fabri- cado. Tal estudo depende de uma série de fatores, tais como: crescimento da população; � crescimento da renda; � elasticidade renda da demanda; � elasticidade preço da demanda; � 2 BRIGHAM, Eugene F.; GAPENSKI, Louis C. ; EHRHARDT, Michael C. Administração Financei- ra. Teoria e Prática. Atlas, 2001. Princípios básicos da análise de projetos 245 distribuição da renda; � crescimento da oferta; � sazonalidade das vendas; � canais de distribuição, o que torna a análise bastante complexa. � A análise inadequada ou imprecisa da demanda e do grau de penetração no mercado pode trazer sérios problemas na estrutura de custos fixos da em- presa, gerado por uma capacidade de produção superior à demanda ou de perda de vendas, quando a capacidade instalada é inferior à demanda pelo produto ou serviço. Por esse motivo, no estudo de mercado deve-se atentar para alguns fatores extremamente importantes, dentre os quais destacamos: Analisar sucintamente os principais concorrentes na área de mercado, � por produto e/ou serviço, especificando seus níveis de venda. Detalhar como são formados os preços no mercado interno e externo � (caso o projeto pretenda direcionar uma parte ou toda produção de produtos e/ou serviços para o mercado externo). Informar sobre o sistema de distribuição desenvolvido ou a desenvol- � ver com seus respectivos custos. Programa de produção Depois da projeção de vendas, o estudo de viabilidade deve definir o pro- grama de produção detalhado. Devido a uma série de dificuldades tecnoló- gicas, produtivas (ajuste de alimentação da matérias-primas e mão de obra) e comerciais, a maioria dos projetos experimenta problemas iniciais, o que impede de se atingir a plena capacidade no início do projeto, sem contar uma questão fundamental: todo projeto apresenta uma curva de aprendizagem. Mesmo em certos processos industriais, onde a capacidade da instalação é capaz de ser atingida rapidamente, não é de se estranhar que nos anos iniciais a produção seja programada abaixo da capacidade, com o objetivo de se ajustar um crescimento gradual das vendas com base no crescimento da demanda. Materiais e insumos No estudo de viabilidade deve-se analisar a disponibilidade e o custo unitário dos insumos básicos. No caso de insumos importados, o preço CIF 246 Princípios básicos da análise de projetos (custo, seguro e frete) deve ser adotado junto com os custos de liberação, taxas portuárias e transporte interno até a fábrica. O programa de produção serve como base para calcular as quantidades e os tipos de insumos. Qualquer programa de suprimentos é influenciado pela tecnologia e equipamentos selecionados (cada um trabalha com as especi- ficações técnicas de insumos necessários). A magnitude do programa de su- primentos é um indicador das instalações de armazenagem necessárias, es- pecialmente se um suprimento contínuo não pode ser garantido. Os custos de armazenagem adicionais e depósitos fixos devem ser incorporados aos cálculos dos custos de produção e investimentos. Um insumo fundamental que não pode ser esquecido é a mão de obra. Questões relacionadas ao custo de contratação, treinamento, turn over e ca- pacitação técnica não devem ser negligenciadas, além da permanente busca de aderência da mão de obra à cultura organizacional. Projeção dos custos industriais Os custos de produção incluem materiais, mão de obra direta e custos in- diretos de fabricação. As projeções dos custos operacionais são feitas após o término do design do projeto e do fluxograma da produção ou daprestação do serviço. Nessa etapa são estimados custos de matérias-primas, pessoal empregado na produção ou na venda no caso de serviços, consumo de ener- gia, manutenção, royalties, impostos, despesas administrativas e comerciais. Uma vez que os custos totais de produção para o nível de produção máxima for definido, pode-se estabelecer uma separação entre custos fixos (mantém-se invariáveis independente das mudanças nos níveis de atividade ao longo de um certo período de tempo) e custos variáveis (mudam apro- ximadamente em proporção com a variação do nível da produção ou da venda, como é o caso de matérias-primas, embalagens, mão de obra direta e utilidades [eletricidade, água, combustíveis]). Estudo de viabilidade econômica A partir da definição dos investimentos necessários em ativos fixos (má- quinas, equipamentos, edificações e instalações), no giro da atividade, a esti- mativa dos recursos a serem gerados e dos custos e despesas operacionais a serem incorridos, elabora-se fluxo de caixa incremental. Princípios básicos da análise de projetos 247 Analisar o fluxo de caixa incremental do projeto de investimento significa verificar se o valor presente dos fluxos de caixa líquidos projetados excedem o valor presente dos custos de construção do projeto, ambos descontados pelo custo de capital. Nessa fase espera-se ter uma resposta se a demanda pelo produto e/ou serviço ofertado no mercado será suficiente para absor- ver a produção planejada, a um nível dado de preço de venda, necessário para cobrir o custo total de produção, pagar o serviço da dívida e ainda gerar uma taxa de retorno exigida pelos acionistas. Estudo da viabilidade financeira Um projeto está em equilíbrio financeiro quando seu gerenciamento produz fluxos financeiros de entrada dimensionados e distribuídos ao longo do tempo, de tal modo que permitam enfrentar os desembolsos operacio- nais e financeiros com sobras, além de cobrir o valor do investimento inicial. Por outro lado, poderíamos afirmar que um projeto encontra-se em si- tuação de desequilíbrio financeiro quando a gestão produz entradas rela- cionadas às receitas em montante insuficiente e/ou distribuídos no tempo de tal forma que não cubra as necessidades de desembolsos operacionais e financeiros. Um dos principais componentes na elaboração do fluxo de caixa incre- mental do projeto é a variação da necessidade de capital de giro. Essa varia- ção depende das variações do nível de atividade e das mudanças nos prazos médios (prazos médios de renovação de estoques, recebimento de vendas, pagamento das compras e recolhimento das obrigações fiscais). Esses ele- mentos são analisados a seguir. Investimento em duplicatas a receber Quem concede crédito troca mercadorias, produtos acabados ou mesmo um serviço por uma promessa de pagamento no futuro, representada por uma duplicata a receber, nota promissória ou até mesmo um cheque pré- -datado ou comprovante de venda via cartão de crédito. O prazo médio de recebimento de vendas corresponde ao número de dias decorridos entre a data em que a venda foi efetivada e o seu efetivo recebimento. O volume de duplicatas a receber é função do total de vendas (vendas brutas menos devoluções e abatimentos) e do prazo concedido aos 248 Princípios básicos da análise de projetos clientes. Mantido o prazo de recebimento constante, quando as vendas se elevam, cresce também o volume de duplicatas a receber e vice-versa. Os investimentos em duplicatas a receber representam para muitos proje- tos uma parcela significativa do Ativo Circulante. A política de crédito exerce influência sobre os custos e receitas do projeto e naturalmente sobre a renta- bilidade. Se a política de crédito é mais restritiva, haverá menor investimento em duplicatas a receber e menos perdas com clientes, mas em compensação as vendas e a margem bruta tenderão a cair. Se por outro lado, a política de crédito for menos rígida, maior será o in- vestimento em duplicatas a receber, maiores serão as perdas com os clientes, mas em contrapartida as vendas e a margem bruta tenderão a ser maiores. Muitas empresas concedem prazos maiores para clientes toda vez que necessitam incrementar vendas. No entanto, um aumento no prazo de re- cebimento implicará num maior investimento no giro (duplicatas a receber), que será renovado na medida em que a empresa mantenha ou eleve o pata- mar de suas vendas e/ou altere o prazo de venda. O montante de recursos necessário ao financiamento das vendas a prazo aos clientes pode ser projetado com base na fórmula abaixo: Duplicatas a Receber projetada = PMRV projetado × (Vendas Brutas proje- tadas / Número de dias utilizado para a projeção das vendas brutas) Onde: PMRV = prazo médio de recebimento das vendas. Investimentos em estoques Os projetos de expansão numa indústria normalmente exigem investi- mentos consideráveis em estoques, uma vez que a maior produção requer volumes adicionais de matéria-prima, estoque de produtos em processo e estoque de produtos acabados. Da mesma forma, os projetos de expansão de uma empresa comercial deverão requerer maiores volumes de estoques de mercadorias. O volume adicional de estoques dependerá do prazo médio de estoca- gem (PME) do projeto. O PME corresponde ao número de dias que decor- Princípios básicos da análise de projetos 249 re entre as compras de matéria-prima e as vendas. O montante de recursos necessário ao financiamento dos estoques da empresa, pode ser projetado com base na fórmula abaixo: Estoques projetado = PME projetado × (CPV projetados / Número de dias utilizado para a projeção das vendas brutas) Onde: PME = prazo médio de estoques. CPV = custo do produto vendido. Financiamentos com fornecedores Se por um lado a empresa carrega um investimento em estoques e clien- tes, por outro lado ela pode ser financiada pelos fornecedores. Quanto maior o prazo de pagamento recebido e maior o volume de compras, maior será o financiamento espontâneo recebido pela empresa e, naturalmente menor a necessidade de capital de giro do projeto. Quem obtém crédito ao comprar a prazo, recebe mercadorias ou ma- térias-primas em troca do compromisso de pagamento no futuro. O prazo médio de pagamento corresponde ao tempo médio que leva entre a compra das mercadorias para revenda (empresas comerciais), ou das matérias-pri- mas para serem transformadas (empresas industriais), até o pagamento. Por esse motivo, a política de compras exerce influência sobre a necessida- de de capital de giro e a rentabilidade do projeto. Se o prazo de pagamento for longo, menor é a necessidade de capital de giro, mas em contrapartida maior deverá ser o custo da matéria-prima (ao reduzir o prazo de pagamento, a empresa tende a receber algum desconto) e, consequentemente, menor é a margem bruta. Por outro lado, se o prazo médio de pagamento é curto, maior é a necessidade de capital de giro, mas em contrapartida, menor será o custo de matérias-primas e, consequentemente, maior será a margem bruta. O financiamento obtido com fornecedores pode ser projetado com base na fórmula a seguir: 250 Princípios básicos da análise de projetos Fornecedores projetado = PMP projetado × (Compras projetadas / Número de dias utilizado para a projeção das vendas brutas) Onde: PMP = prazo médio de pagamento das compras. Financiamentos com governo Além do financiamento obtido junto aos fornecedores, existe também o financiamento com o governo, uma vez que a empresa tem um determinado prazo para recolher os seus impostos. Quanto maior o prazo de recolhimento das obrigações fiscais e maior o volume de impostos sobre as vendas, maior será o financiamento espontâneo recebido pela empresa e, naturalmente menor a necessidade de capital de giro do projeto. O prazo médio de recolhimentodas obrigações fiscais corresponde ao tempo médio que leva entre as vendas e o pagamento. O financiamento obtido com o governo pode ser projetado com base na fórmula a seguir: OFP = PMROF projetado × (ISV projetadas / Número de dias utilizado para a projeção das vendas brutas) Onde: OFP = obrigações fiscais projetadas. ISV = impostos sobre vendas. PMROF = prazo médio de recolhimento das obrigações fiscais. Necessidade de capital de giro A necessidade de capital de giro nos mostra qual é o capital de giro mínimo que o empreendimento precisa ter, de modo que, através da rota- ção do seu ativo circulante, ele possa gerar recursos suficientes para pagar as suas dívidas de curto prazo, sem precisar recorrer a empréstimos onerosos de curto prazo. Princípios básicos da análise de projetos 251 A rotação dos ativos circulantes tem que criar recursos suficientes para pagar os passivos circulantes nos respectivos vencimentos. A necessidade de capital de giro é função direta do volume dos ativos operacionais da empresa (Duplicatas a Receber, Estoques) e inversamente proporcional ao volume de passivos operacionais (fornecedores, obrigações fiscais e obriga- ções trabalhistas). Para calcular a necessidade de capital de giro, precisamos utilizar alguns conceitos relativos às contas operacionais do ativo e do passivo. Ativo Operacional (ou cíclico) Corresponde às contas principais de investimentos espontâneos no pro- jeto. Elas guardam relação com as atividades operacionais, pois se repetem constantemente num mesmo ritmo médio, a não ser que se introduzam mudanças estruturais no processo de produção. Essas contas estão sempre girando, isto é, sua reposição é automática, no ritmo do negócio, daí serem chamadas de cíclicas. O Ativo Cíclico depende basicamente do volume dos estoques e do saldo de duplicatas a receber. Para algumas empresas e projetos pode aparecer o in- vestimento em adiantamento a fornecedores e até mesmo outras contas como despesas antecipadas (que apresentam normalmente pequenos saldos). Ativo Cíclico = (+) duplicatas a receber (+) estoques (+) adiantamento a fornecedores (+) despesas antecipadas Passivo Operacional (ou cíclico) Corresponde às contas principais de financiamentos espontâneos recebi- dos no projeto, diretamente relacionados com a atividade operacional e que têm uma característica de renovação. O Passivo Cíclico depende em grande parte do volume de compras e do prazo médio de pagamento a fornecedo- res, dado que os demais itens costumam vencer num prazo curto. 252 Princípios básicos da análise de projetos Passivo Cíclico = (+) fornecedores (+) salários a pagar (+) obrigações fiscais (+) adiantamento de clientes (+) contas a pagar Com base na definição do Ativo e do Passivo Cíclico, podemos determinar o volume de recursos necessários ao financiamento do giro do projeto, cha- mado de Necessidade de Capital de Giro (NCG) ou Investimento Operacional em Giro (IOG). A equação de cálculo é a seguinte: Necessidade de Capital de Giro = Ativo Cíclico – Passivo Cíclico Quando as saídas de caixa ocorrem antes das entradas de caixa, o proje- to cria uma necessidade de aplicação permanente de fundos (necessidade de capital de giro), que é representada pela diferença positiva entre o Ativo Cíclico e Passivo Cíclico. Quanto maior a necessidade de capital de giro, mais recursos de longo prazo serão necessários para financiar o Ativo Cíclico, ou seja, maior deverá ser o seu capital de giro. A necessidade de capital de giro é influenciada pelos seguintes fatores: NCG = f (Vendas): � A NCG aumenta quando as vendas aumentam, permanece constante quando as vendas não oscilam e reduz quando as vendas decrescem. NCG = f (prazos concedidos na venda): � A NCG aumenta quando a empresa concede um prazo maior nas ven- das a seus clientes e vice-versa. NCG = f (prazos recebidos): � A NCG aumenta quando há uma redução dos prazos concedidos por fornecedores e vice-versa. NCG = f (política de estoques): � A NCG aumenta quando a empresa aumenta o volume de estoques e/ ou reduz o giro e vice-versa. Princípios básicos da análise de projetos 253 Capital de giro O capital de giro representa a parcela das fontes permanentes que vão financiar os investimentos permanentes no giro (NCG). Capital de giro pode ser definido como a diferença entre as fontes de longo prazo (Patrimônio Líquido + Exigível a Longo Prazo) e as aplicações de longo prazo (Ativo Per- manente + Realizável a Longo Prazo). CDG = (Patrimônio Líquido + Exigível a Longo Prazo – Ativo Permanente – Realizável a Longo Prazo) Onde: CDG = capital de giro. Naturalmente, para uma dada necessidade de capital de giro, quanto maior o CDG da empresa, maior será sua liquidez e menor o risco da empresa se tornar insolvente no curto prazo. Saldo de tesouraria (ST) O saldo de tesouraria é calculado a partir da diferença entre capital de giro (CDG) e necessidade de capital de giro (NCG). É o indicador que sinaliza o grau de adequação da política financeira empregada pelos administradores finan- ceiros. O saldo de tesouraria positivo indica que a empresa dispõe de fundos de curto prazo que poderão ser aplicados em títulos de liquidez imediata, aumentando assim a margem de segurança financeira da empresa. Caso seja negativo, indica que os recursos permanentes (patrimônio lí- quido + ELP) não são suficientes para cobrir os investimentos no Ativo Per- manente, Realizável a Longo Prazo e na necessidade de capital de giro da empresa, o que força a empresa a recorrer a empréstimos a curto prazo. Importante: Naturalmente, o projeto não necessita ter um CDG muito maior do que a NCG, pois penaliza a rentabilidade do negócio. A empresa deve buscar ter um CDG suficiente para cobrir a sua NCG pois a manutenção de saldos de tesouraria negativos e crescentes pode indicar dificuldades iminentes para a empresa e/ou o projeto. 254 Princípios básicos da análise de projetos Principais passos para a aplicação de capital A necessidade de adotar critérios específicos para se escolher quais pro- jetos de investimento devem ser selecionados vem do fato dos recursos de capital de que uma empresa dispõe serem limitados, e, portanto a empresa não poderá aproveitar todas as oportunidades de investimento que estão disponíveis para ela. Dessa forma, é necessário adotar critérios que permitam escolher, entre as muitas alternativas existentes, aquelas que maximizem o valor da empresa para os seus acionistas e rejeitar as demais. Essa análise quantitativa que ve- remos posteriormente tem como base os seguintes princípios qualitativos: Determinar as alternativas viáveis � . O primeiro passo é definir quais as alternativas, política, técnica e eco- nomicamente viáveis serão analisadas, lembrando que todo projeto tem sempre duas alternativas possíveis a priori: fazer ou não fazer. Po- dem ocorrer também erros de decisão se alguma alternativa viável não é levada em conta, se não há recursos para se investir na alternativa escolhida, ou ela é inviável devido a considerações tecnológicas, polí- ticas, legais ou ambientais. Converter os resultados das alternativas para um denominador � comum. Para podermos comparar corretamente alternativas distintas, é neces- sário quantificar os seus resultados expressos em homens/hora, dóla- res, redução de prazo, e transformá-los em um mesmo denominador, geralmente um valor monetário. Somente as diferenças entre as alternativas são relevantes � . As consequências futuras que são comuns a todas as alternativas em questão, não precisam ser consideradas na análise, pois sua inclusão pode resultar somente no fato de todas as alternativas estarem igual- mente afetadas. Isso equivaleria a somar ou subtrair o mesmo número em ambos os lados deuma equação: a igualdade não se altera. Como consequência direta desse princípio, se deduz que os custos passados, comuns a todas as alternativas, não são relevantes para a escolha de uma delas. Nesse caso, um custo passado é definido como uma despe- sa que já ocorreu antes da decisão atual. Como ele influi igualmente em todas as alternativas em análise, essa informação não é relevante para a decisão a ser tomada, e pode, portanto, ser ignorada. Princípios básicos da análise de projetos 255 O valor do dinheiro no tempo deve ser considerado sempre � . Como o dinheiro muda de valor ao longo do tempo (conceito do va- lor do dinheiro no tempo), devemos utilizar sempre o fluxo de caixa descontado com base no custo de oportunidade dos recursos a serem investidos no processo de avaliação de qualquer alternativa de investi- mento, independente de seu objetivo. Decisões separáveis devem ser tomadas isoladamente � . Separe as decisões, sempre que uma resolução possa ser tomada iso- ladamente de outra, visando facilitar a análise e organizar o raciocínio. Isso se aplica especialmente às decisões de investimento e de financia- mento, que exceto em alguns casos particulares, não podem ser consi- deradas isoladamente. Considerar a incerteza associada às previsões � . Todas as decisões de investimento de capital baseiam-se em estimati- vas do futuro. Como essas estimativas são previsões de eventos ainda por ocorrer, é possível – e até mesmo, provável – que os resultados reais difiram dos previstos inicialmente. O futuro é incerto, e qualquer análise que falhe em levar isso em consideração está fadada ao erro. Por outro lado, não se deve inferir que qualquer previsão seja inválida ou inútil devido à incerteza associada aos dados. Considere a possibi- lidade das previsões não ocorrerem conforme o esperado e analise as consequências desse fato em relação à decisão a ser tomada. Levar em conta também os efeitos não monetários do projeto � . Projetos podem apresentar vantagens reais, mas intangíveis, e por isso difíceis de quantificar como conforto, conveniência, qualidade, ima- gem etc. Mesmo que não haja vantagens econômicas imediatas, pode haver vantagens estratégicas inegáveis que façam com que o projeto seja atraente, mesmo apresentando valor presente líquido negativo, como a criação de novas oportunidades de negócio, penetração em novos mercados etc. Em todo caso, quaisquer vantagens intangíveis devem ser claramente relacionadas para que o responsável pela análi- se possa ter dados para balizar a sua decisão final. 256 Princípios básicos da análise de projetos Fluxo de caixa do projeto O fluxo de caixa é um dos instrumentos de maior importância na área fi- nanceira. É através deste demonstrativo que podemos analisar corretamente a capacidade de pagamento atual e futura de uma empresa, ou seja, permi- te a visualização antecipada da possibilidade de falta ou sobra de recursos financeiros. O fluxo de caixa é um instrumento de gestão que diz respeito não ao lucro, e sim, à quantidade de dinheiro que deverá entrar e sair da empresa, em um período de tempo qualquer (diário, semanal, mensal, anual etc.). A finalidade é simples: manter um nível de liquidez que permita saldar os compromissos assumidos nos prazos estipulados, sem a necessidade de recorrer a emprés- timos onerosos de curto prazo. O gestor, que não utiliza esse fundamental instrumento de gestão pode descobrir no futuro que não tem dinheiro para pagar as despesas, uma vez que os recursos ficaram imobilizados não apenas nos ativos permanentes, mas também em estoque e em contas a receber. Com base no fluxo de caixa podemos também tomar uma série de de- cisões com relação à rentabilidade de um investimento, aprovando os lu- crativos e negando aqueles que não geram o retorno líquido esperado pela empresa. Os fluxos de caixa utilizados na representação de projetos de in- vestimento apresentam quatro características básicas e que não são mutua- mente exclusivas: Valores constantes do fluxo � : Variáveis (na mesma unidade monetária) – a projeção com valores � variáveis reconhece a existência da perda de valor do dinheiro no tempo, influenciando as entradas e saídas de caixa projetadas. Constantes – os valores constantes do fluxo são projetados em uma � moeda forte (dólar, por exemplo), minimizando ou mesmo descon- siderando o efeito do valor do dinheiro no tempo. Periodicidade � : Periódicos (intervalos de tempo entre os valores de entradas e/ou � saídas são constantes). Não periódicos (intervalos de tempo entre os eventos não são cons- � tantes). Princípios básicos da análise de projetos 257 Período de ocorrência dos eventos � : Postecipados (primeiro pagamento ou recebimento ocorre no final � do primeiro período do fluxo a partir do investimento inicial e a par- tir daí sucessivamente). Antecipados (primeiro pagamento ou recebimento ocorre na data � inicial do projeto e a partir daí sucessivamente). Diferido (primeiro pagamento ou recebimento somente ocorre � após um determinado intervalo de tempo, chamando de período de diferimento ou carência). Duração do fluxo � : Finito (existe uma duração predeterminada para o término do pro- � jeto). Infinito (não existe um momento determinado para o final do proje- � to, apresentando, por isso, uma característica de indeterminação). Normalmente os fluxos de caixa estudados para efeito de representação de projetos de investimento apresentam as seguintes características: variáveis (quando constantes, o são em uma determinada unidade � monetária); periódicos; � postecipados; � finitos. � 10 2 3 4 n + Entrada de recursos Tempo – Saída de recursos Investimento inicial 258 Princípios básicos da análise de projetos A tarefa mais importante e difícil na análise de projetos é a estimação dos fluxos de caixa incrementais líquidos de impostos (os desembolsos iniciais durante os investimentos e os recebimentos líquidos de pagamentos anuais após o projeto iniciar suas operações). Na realidade são muitas as variáveis envolvidas na avaliação de projetos e, por isso, normalmente é necessário o envolvimento de diferentes áreas da empresa para alimentar as principais premissas do estudo. As previsões de receitas são normalmente feitas pela área de marketing e/ou vendas, e levam em consideração uma série de fatores, tais como: sen- sibilidade das vendas em relação à variação do nível de atividade, previsão do PIB, efeitos de gastos com propaganda e publicidade, gosto dos consu- midores, elasticidade de preços, sazonalidade das vendas e crescimento eco- nômico mundial e do país. Os custos operacionais são estimados pela área de contabilidade de custos, especialistas em produção e o pessoal da área de suprimentos. Os gastos em imobilizado (edificações, instalações e compra de equipamentos) e em Ativo Diferido (pesquisa, gastos pré-operacionais e reforma em ativos de terceiros) são normalmente estimados pela equipe de produção. No processo de avaliação de projetos, a área de planejamento é a respon- sável por centralizar e consolidar todas as informações referentes ao projeto, assegurando-se que a avaliação esteja consistente com as premissas macro- econômicas estabelecidas. Elaboração dos fluxos de caixa Analisadas as possibilidades existentes na elaboração do fluxo de caixa de uma alternativa de investimentos, não podemos nos esquecer, sob pena de comprometermos a qualidade da projeção, independente do tamanho e segmento de atuação da empresa, a existência de três etapas distintas. Obtenção das informações necessárias à preparação do fluxo;1. Escolha da metodologia de elaboração do fluxo de caixa;2. Análise dos resultados obtidos.3. Princípios básicos da análise de projetos 259 1.ª Etapa: obtenção das informaçõesEmbora sejam assuntos importantes, não podemos deixar de levar em consideração que, independente do modelo utilizado pela empresa, do mais sofisticado em termos de sua elaboração e interligação com as demais áreas, ao mais simples possível, a importância das informações demonstradas no fluxo de caixa é função direta da qualidade dos dados recebidos das várias áreas supridoras de informação para a elaboração do fluxo. Isso significa que se as informações obtidas das várias áreas da empresa, necessárias à preparação do fluxo de caixa, não forem previamente analisadas com relação a sua qualidade, poderemos estar meramente fazendo um traba- lho de compilação de números, e não de elaboração do fluxo de caixa. Por esse motivo, antes de definirmos a forma como o fluxo de caixa será elabora- do, é fundamental que a informação tenha a sua qualidade analisada antes de ser lançada, automaticamente ou não, no fluxo de caixa da empresa. A sistematização e a análise constante com relação à qualidade e, prin- cipalmente, a confiabilidade das informações recebidas, pode fazer toda a diferença entre a elaboração de um fluxo de caixa que possa ser utilizado pelos administradores para análise de uma alternativa de investimento ou como um mero exercício burocrático sem qualquer valor. 2.ª Etapa: escolha da metodologia de elaboração O fluxo de caixa é considerado um dos principais instrumentos de análise e avaliação de uma empresa ou de um projeto, auxiliando a percepção sobre a movimentação dos recursos em um determinado período. As decisões re- lacionadas à compra, vendas, investimentos, aportes de capital pelos sócios, captação ou pagamento de empréstimos e desinvestimentos, constituem um fluxo contínuo entre as fontes geradoras e as usuárias de recursos. A projeção do fluxo de caixa permite a avaliação da capacidade de uma empresa gerar recursos para suprir o aumento das necessidades de capital de giro gerado pelo nível de atividades, remunerar os proprietários da empresa, efetuar pagamento de impostos e reembolsar fundos oriundos de terceiros. Na projeção do fluxo de caixa, indicamos não apenas o valor dos financia- mentos que a empresa necessitará para fazer frente as suas atividades, mas 260 Princípios básicos da análise de projetos também quando ele será utilizado. Além de permitir analisar a forma como uma empresa desenvolve sua política de captação e aplicação de recursos, a metodologia de elaboração deve tornar possível o acompanhamento entre o fluxo projetado e o efetivamente realizado, permitindo identificar as varia- ções ocorridas e as causas dessas variações. 3.ª Etapa: análise dos resultados Analisada a qualidade das informações recebidas das várias áreas da empre- sa, passo fundamental para que os dados contidos no fluxo de caixa sejam con- fiáveis, e com o fluxo preparado, podemos iniciar uma das etapas mais impor- tantes no processo de “fazer” o fluxo de caixa: a análise dos resultados obtidos. Esta é a fase em que nosso conhecimento sobre as relações de causa e efeito dentro da estrutura financeira da empresa é de fundamental importância. Por exemplo, um forte aumento das vendas projetadas tem que ser ex- plicado por um conjunto de fatores, tais como: crescimento esperado na de- manda, investimentos em expansão da capacidade, gastos em publicidade. Além disso, se as vendas crescem, é esperado um aumento nas contas esto- ques, duplicatas a receber, fornecedores, o que pode gerar um aumento da necessidade de capital de giro. Por outro lado, um crescimento muito forte na margem bruta (relação entre lucro bruto e vendas líquidas) projetada também precisa ser explicado. Por exemplo, a margem bruta poderá aumentar se a empresa investir em novos equipamentos, mais modernos, e com isso reduzir custos, tais como manutenção e mão de obra e/ou energia. A margem também poderia au- mentar devido à redução do custo da matéria-prima, caso a empresa tives- se conseguido um desconto por parte dos fornecedores ao reduzir o prazo médio de pagamento. Fluxo de caixa incremental do projeto Numa avaliação econômica de projetos, estamos interessados em anali- sar os fluxos de caixa adicionais que a empresa espera ter, caso o projeto seja implementado. Portanto, os fluxos de caixa relevantes na análise de projetos são aqueles determinados pela diferença entre os fluxos de caixa da empre- sa com o projeto e os fluxos de caixa da empresa sem o projeto. Princípios básicos da análise de projetos 261 A grande maioria dos projetos requer investimentos em ativos fixos (compra do terreno, preparação do local, construções e obras civis, máqui- nas e equipamentos, incluindo os gastos com transporte e instalações), des- pesas para estudos preliminares (estudos de viabilidade, de engenharia), despesas pré-operacionais (despesas de viagens, instalações com canteiros e escritórios temporários), propaganda, custos de treinamento e juros sobre empréstimos durante a construção representados por fluxos negativos fi- nanciados por investidores (acionistas e credores). Além dos ativos fixos, o projeto requer investimentos adicionais em estoques e em clientes (normal- mente as vendas são feitas a prazo). Por outro lado, as compras de insumos podem ser feitas a prazo, o que representará um financiamento adicional espontâneo recebido. A diferença entre o crescimento no ativo operacional (cíclico) e o passivo operacional (cíclico) representa o crescimento da necessidade de capital de giro do em- preendimento. Se essa variação for positiva (como normalmente ocorre em projetos de expansão) teremos um investimento adicional no projeto (efeito negativo no fluxo de caixa). Para aqueles projetos que têm uma vida útil definida, teremos no último ano do projeto uma recuperação do giro (fluxo positivo), pois os estoques e as duplicatas a receber não serão mais renovados. Dessa forma, o investi- mento em capital de giro retornará ao final da vida do projeto. Ao longo da vida do projeto, teremos um fluxo de caixa projetado igual às entradas relativas às vendas menos desembolsos relativos às operações, incluindo pagamento de impostos (IPI, ICMS, PIS, COFINS), pagamento das compras de matérias-primas e insumos, pagamento de salários, outros custos e despesas operacionais desembolsáveis além do pagamento de imposto de renda e contribuição social. Os fluxos de caixa incrementais representam as variações nos fluxos de caixa que ocorrerão na empresa caso o projeto seja implementado, e con- sistem em: Fluxos positivos receitas incrementais; � redução de custos; � 262 Princípios básicos da análise de projetos valor residual (valor da venda do imobilizado + recuperação do giro ou � perpetuidade do último fluxo); redução da necessidade de capital de giro (quando se trabalha com � PME e PMRV curtos e PMP longo). Fluxos negativos investimento inicial (terrenos, edificações, máquinas e equipamentos, � despesas pré-operacionais); custos de produção desembolsáveis incrementais; � impostos adicionais; � despesas operacionais incrementais; � incrementos na necessidade de capital de giro. � O fluxo de caixa incremental é aquele gerado pelo ativo econômico da empresa e que está disponível para pagar os direitos de seus credores e acionistas. Esse fluxo não considera qualquer valor referente à saída de juros, amortização do principal, nem pagamento de dividendos. O fluxo de caixa incremental reflete a entrada relacionada às vendas menos as saídas relati- vas às operações, incluindo os impostos, custos e despesas operacionais e investimentos em imobilizado e diferido. O fluxo de caixa pode ser construído a partir de dois modelos: direto e indireto. O fluxo de caixa direto contempla a diferença entre os recebimen- tos projetados relativos às vendas e os pagamentos operacionais igualmen- te projetados. O fluxode caixa indireto, por outro lado, modelo que utili- zaremos ao longo do livro, é amplamente utilizado para avaliação de uma empresa e de um projeto. Algumas características importantes do método indireto são apresentadas a seguir. O modelo indireto parte das vendas e do lucro da atividade para che- � gar na geração de caixa. Os recebimentos correspondem às receitas com vendas menos a variação de duplicatas a receber. Os pagamentos correspondem às compras menos a variação de fornecedores. A varia- ção da necessidade de capital de giro é um ajuste necessário para se transformar receitas em recebimentos e despesas em pagamentos. Princípios básicos da análise de projetos 263 Os impostos (imposto de renda e contribuição social) considerados no � cálculo anterior, correspondem à provisão do imposto de renda mais a contribuição social que a empresa pagaria caso não tivesse dívidas nem excesso de aplicações financeiras (é um imposto teórico). Os impostos calculados no fluxo de caixa livre não consideram o be- � nefício fiscal das despesas financeiras, pois esse benefício já está con- templado no cálculo da taxa de desconto utilizada para trazê-lo a valor presente (custo médio ponderado de capital). A alíquota do IR + CSLL aplica-se para as empresas que trabalham no � regime de lucro real. A depreciação do ativo imobilizado e a amortização do ativo diferido � são adicionadas ao lucro operacional líquidos de impostos para se che- gar ao fluxo de caixa incremental. Isso porque o modelo de fluxo de cai- xa utilizado é o indireto (parte do lucro da atividade para chegar ao fluxo de caixa) e essas despesas não representam desembolsos de caixa. Para a projeção da variação da necessidade de capital de giro preci- � samos projetar cada uma das contas cíclicas ou operacionais do ati- vo e passivo circulante (especialmente estoques, duplicatas a receber, fornecedores e obrigações fiscais). Para isso, normalmente estimamos prazos médios de estocagem (PME), prazos médios de recebimento de vendas (PMRV), prazos de pagamentos a fornecedores (PMP) e prazos médios de recolhimento das obrigações fiscais (PMROF). Os investimentos de capital correspondem aos gastos com novas imo- � bilizações (investimentos estratégicos e de manutenção) e adições ao diferido necessários para a geração do fluxo de caixa futuro. A partir dessas características, podemos definir um modelo para a de- monstração do fluxo de caixa incremental. Receitas líquidas incrementais – Custos desembolsáveis incrementais – Depreciação incremental (depreciação nova – depreciação antiga) – Despesas operacionais (exceto despesas financeiras) 264 Princípios básicos da análise de projetos = Lucro Incremental da Atividade – Imposto de Renda + Contribuição Social = Lucro Incremental da Atividade após imposto de renda + Depreciação incremental – ∆ Necessidade de Capital de Giro – Investimentos de Capital + Venda de Ativos = Fluxo de Caixa Incremental Exemplo 1: Suponha um projeto com investimento inicial de R$18.000.000,00, sen- do R$2.000.000,00 na compra de terreno, R$6.000.000,00 na construção de edifícios, R$7.000.000,00 na compra de máquinas e equipamentos e R$3.000.000,00 em capital de giro inicial. As vendas projetadas são de R$40.000.000,00 para o primeiro ano e R$50.000.000,00 para os de- mais anos. Os impostos sobre vendas correspondem a 20% das vendas brutas e os custos se dividem em fixos desembolsáveis (mão de obra e manu- tenção) que correspondem a R$5.000.000,00 por ano e custos variá- veis (matéria-prima) que representam 25% das vendas brutas. No final de cada ano a necessidade de capital de giro corresponde a 10% das vendas brutas. A vida útil contábil das edificações é de 25 anos e dos equipamentos dez anos. Analise a viabilidade econômica desse projeto, supondo uma vida útil de cinco anos, e que no quinto ano a empresa venda seu ativo imobili- zado pelo valor residual contábil. A alíquota do imposto de renda é de 34% e a taxa de desconto é de 15% ao ano. Solução: Projeção do Lucro da Atividade: Vendas Brutas – Impostos s/ Vendas – depreciação – outros custos fixos – custos variáveis Princípios básicos da análise de projetos 265 Onde: depreciação = (0,04 . R$6.000,00) + (0,1 . R$7.000,00) = R$940.000,00 outros custos fixos = R$5.000,00 custos variáveis ano 1 = 25% . R$40.000,00 = R$10.000,00 custos variáveis ano 2 ao 5 = 25% . R$50.000 mil = R$12.500,00 Necessidade de capital de Giro ano 0 = R$3.000.000,00 (dado) Necessidade de capital de Giro ano 1 = 10% . R$40.000,00 = R$4.000.000,00 Necessidade de capital de Giro ano 2 ao 4 = 10% . R$50.000,00 = R$5.000.000,00 Necessidade de capital de Giro ano 5 = 0 (recuperação do giro) Vendas de ativos no final do ano 5: Valor contábil do terreno: R$2.000.000,00 Valor das edificações: R$6.000.000,00 – (R$240.000,00 . 5) = R$4.800,00 Valor dos equipamentos: R$7.000.000,00 – (R$700.000,00 . 5) = R$3.500,00 (R$) Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Vendas Brutas 40.000 50.000 50.000 50.000 50.000 – Impostos s/ Vendas 8.000 10.000 10.000 10.000 10.000 = Vendas Líquidas 32.000 40.000 40.000 40.000 40.000 – depreciação 940 940 940 940 940 – outros custos fixos 5.000 5.000 5.000 5.000 5.000 – custo variável 10.000 12.500 12.500 12.500 12.500 = Lucro da Atividade 16.060 21.560 21.560 21.560 21.560 – imposto de Renda 5.460 7.330 7.330 7.330 7.330 = Lucro depois I.R. 10.600 14.230 14.230 14.230 14.230 + depreciação 940 940 940 940 940 – Variação da NCG 3.000 1.000 1.000 0 0 -5.000 + venda ativos 10.300 – novas imobilizações 15.000 = Fluxo Incremental –18.000 10.540 14.170 15.170 15.170 30.470 266 Princípios básicos da análise de projetos Exemplo 2: Determinada empresa está avaliando a possibilidade de substituir um equipamento antigo por outro mais moderno, que proporcionará uma economia anual de mão de obra direta e manutenção equivalente a R$6.000,00. O equipamento novo custa R$18.500,00 mais R$1.500,00 com instalação. O equipamento antigo se encontra totalmente depre- ciado e pode ser vendido de imediato por R$4.000,00. A vida útil contábil do equipamento novo é de dez anos. Projete o fluxo de caixa incremental do projeto por dez anos, sabendo que a empresa está sujeita a uma alíquota de imposto de renda de 34% e que ao final de dez anos o equipamento novo possa ser vendido por R$6.000,00. Solução: (R$) Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 a 9 Ano 10 Vendas Brutas 0 0 0 0 0 – Impostos s/ Vendas 0 0 0 0 0 = Vendas Líquidas 0 0 0 0 0 – depreciação 2.000 2.000 2.000 2.000 2.000 – outros custos fixos –6.000 –6.000 –6.000 –6.000 –6.000 – custo variável 0 0 0 0 0 = Lucro da Atividade 4.000 4.000 4.000 4.000 4.000 – imposto de Renda 1.360 1.360 1.360 1.360 1.360 = Lucro depois I.R. 2.640 2.640 2.640 2.640 2.640 + depreciação 2.000 2.000 2.000 2.000 2.000 – Variação da NCG 0 0 0 0 0 – novas imobilizações 20.000 0 0 0 0 0 + Venda ativos 2.640 0 0 0 0 3.960 = Fluxo Incremental –17.360 4.640 4.640 4.640 4.640 8.600 Sendo: Venda ativo antigo = R$4.000,00 – R$1.360,00 (Valor da Venda – paga- mento Imp. renda) = R$2.640,00 Venda ativo no ano 10 = R$6.000,00 – R$2.040,00 = R$3.960,00 Princípios básicos da análise de projetos 267 Fluxo de caixa incremental do proprietário Na avaliação econômica de projetos, estamos interessados em analisar os fluxos de caixa adicionais que a empresa espera ter, caso o projeto seja implementado independente da forma de financiamento. Os fluxos de caixa relevantes na análise de projetos são aqueles determinados pela diferença entre os fluxos de caixa da empresa com o projeto e os fluxos de caixa da empresa sem o projeto. O primeiro passo na análise de projetos é calcular a sua viabilidadeeconô- mica, ou seja, o valor presente dos fluxos de caixas incrementais projetados deve ser superior ao valor do investimento, ou seja, o valor presente líquido deve ser positivo. No entanto, essa é uma condição necessária e importante, mas não é suficiente. O segundo passo é calcular a viabilidade financeira, ou seja, consideran- do os novos empréstimos que financiarão em parte ou em sua totalidade o projeto e estimando o pagamento dos juros e amortização do principal, poderemos estimar se a empresa terá uma geração de caixa compatível com sua capacidade de pagamento. Para isso, precisamos montar o fluxo de caixa econômico-financeiro. As opções que se apresentam quanto ao financiamento do projeto se re- sumem a: recursos próprios; � financiamentos bancários (normalmente BNDES); � emissão de títulos como debêntures; � aluguel de equipamentos; � lease back � ; captações no mercado externo. � Na montagem do fluxo de caixa econômico-financeiro, consideramos não apenas o fluxo econômico, mas também o efeito do fluxo financeiro. O fluxo econômico, como visto anteriormente, leva em conta as entradas e saídas in- trínsecas ao projeto (aquisição de ativos imobilizados, gastos pré-operacio- nais, investimentos em capital de giro, pagamento de matéria-prima, gastos com mão de obra, manutenção e despesas operacionais). O fluxo financei- 268 Princípios básicos da análise de projetos ro considera os novos financiamentos, pagamentos de juros e amortização do principal. O fluxo de caixa incremental econômico-financeiro contempla ambos, ou seja, o fluxo econômico e o financeiro, e permite realizar a avalia- ção da rentabilidade global do projeto. Os fluxos de caixa incrementais econômico-financeiro consistem em: Fluxos positivos: � receitas incrementais; � novos financiamentos; � redução de custos; � valor residual; � redução da NCG. � Fluxos negativos: � investimento inicial (terrenos, edificações, máquinas e equipamentos); � investimentos em capital de giro (estoques e duplicatas a receber); � custo de produção incremental; � impostos adicionais; � despesas operacionais incrementais; � amortização do principal; � pagamento dos juros. � A demonstração do fluxo de caixa incremental resultante seria: Receitas Líquidas incrementais – Custos desembolsáveis incrementais – Depreciação/amortização incrementais – Despesas operacionais (exceto despesas financeiras) incrementais = Lucro Incremental da Atividade – Despesas financeiras Princípios básicos da análise de projetos 269 = Lucro Incremental antes do Imposto de renda – Imposto de Renda = Lucro Líquido Incremental + depreciação/amortização incrementais – ∆ Necessidade de Capital de Giro incremental – Investimentos de Capital – Amortização do principal + Novos financiamentos + Venda de Ativos = Fluxo de Caixa Incremental Econômico-Financeiro Exemplo: Determinada empresa vem operando a plena capacidade, registran- do um faturamento anual de R$1.400,00. Segundo expectativas, suas vendas poderiam crescer 35% no primeiro ano de operação e 45% (em relação ao faturamento atual) no segundo. Espera-se que as vendas se estabilizem do segundo ano em diante. Para tanto, serão necessários investimentos da ordem de R$850.000,00 (R$800.000,00 no Ativo Imobilizado e R$50.000,00 no giro), o qual re- gistrará uma vida útil econômica de dez anos. Admitindo-se que os custos e despesas operacionais desembolsáveis decorrentes desse acréscimo de faturamento seja distribuído da se- guinte forma: impostos sobre vendas = 20% do faturamento bruto custos variáveis = 20% do acréscimo de faturamento outros custos fixos = R$48.000,00 A necessidade de capital de giro corresponde a 20% das Vendas Brutas e a empresa trabalha num regime fiscal sujeito à incidência de uma alíquota de imposto de renda de 34% sobre o lucro tributável com uma taxa de depreciação de 10% a.a. Ao final dos dez anos, a empresa vende tais ativos por R$200.000,00. 270 Princípios básicos da análise de projetos Supondo que 65% do investimento no imobilizado do projeto seja fi- nanciado a uma taxa de 12% a.a. (Sistema SAC com quatro anos de amortização, sem carência), com início da amortização no primeiro ano de operação, projete o fluxo de caixa do projeto na ótica do acio- nista (com base no fluxo de caixa econômico-financeiro). Solução: Projeção do Lucro da Atividade: Vendas Brutas – Impostos s/ Vendas – depreciação – outros custos fixos – custos variáveis – despesas ope- racionais Onde: Vendas Brutas ano 1= 35% . R$1.400,00 = R$490.000,00 Vendas Brutas anos 2 – 10 = 45% . R$1.400,00 = R$630.000,00 Impostos s/ Vendas ano 1 = 20% . R$490.000,00 = R$98.000,00 Impostos s/ Vendas anos 2 – 10 = 20% . R$630.000,00 = R$126.000,00 depreciação anos 1 – 10 = (0,10 . R$800.000,00) = R$80.000,00 outros custos fixos anos 1 – 10 = R$48.000,00l custos variáveis ano 1 = 20% . R$490.000,00 = R$98.000,00 custos variáveis anos 2 – 10 = 20% . R$630.000,00 = R$126.000,00 Necessidade de capital de Giro ano 0 = R$50.000,00 Necessidade de capital de Giro ano 1= 20% . R$490.000,00 = R$98.000,00 Necessidade de capital de Giro anos 2 – 10 = 20% . R$630.000,00 = R$126.000,00 Vendas de ativos no final do ano 10: Valor contábil dos equipamentos: R$0 Valor da venda = R$200.000,00 Lucro apurado na venda = R$200.000,00 Valor das entradas referente à venda imobilizado: R$200.000,00 . (1 – 34%) = R$132.000,00 Princípios básicos da análise de projetos 271 Solução: Tabela de Financiamento (taxa de 12% ao ano) (R$) Período Saldo devedor Juros Amortização Prestação – 520 1 390 62,4 130 192,4 2 260 46,8 130 176,8 3 130 31,2 130 161,2 4 0 15,6 130 145,6 (R$) Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 a 9 Ano 10 Vendas Brutas 490 630 630 630 630 630 630 – Impostos s/ Vendas 98 126 126 126 126 126 126 Vendas Líquidas 392 504 504 504 504 504 504 – depreciação 80 80 80 80 80 80 80 – outros c. fixos 48 48 48 48 48 48 48 – custo variável 98 126 126 126 126 126 126 Lucro da Atividade 166 250 250 250 250 250 250 – despesas financeiras 62,4 46,8 31,2 15,6 0 0 0 Lucro antes I.R. 103,6 203,2 218,8 234,4 250 250 250 – imposto de renda 35,2 69,1 74,4 79,7 85 85 85 Lucro depois I.R. 68,4 134,1 144,4 154,7 165 165 165 + depreciação 80 80 80 80 80 80 80 – Variação da NCG 50 48 28 0 0 0 0 –126 – novas imobilizações 800 0 0 0 0 0 0 0 + Venda ativos 0 0 0 0 0 0 0 132 + novos financiam. 520 0 0 0 0 0 0 0 – pagamento principal 0 130 130 130 130 0 0 0 Fluxo Incremental –330 –29,6 56,1 94,4 104,7 245 245 503 Se formos calcular o valor presente líquido do projeto com base no fluxo de caixa do proprietário, ou fluxo de caixa do acionista, também chamado de VPL econômico-financeiro, a taxa de desconto que deve- rá ser utilizada é o custo do capital próprio. Da mesma forma, se calcu- larmos a taxa interna de retorno com base nesse fluxo, chamada de TIR do acionista, esta deverá ser maior do que o custo do capital próprio para termos um VPL econômico-financeiro positivo. 272 Princípios básicos da análise de projetos O “Project Management Body of Knowledge” (PMBOK® Guide)1 é uma ex- pressão inclusiva que descreve a soma do conhecimento dentro da profissão de gerenciamento de projetos. Esse conjunto completo de conhecimentos inclui conhecimento de práticas tradicionais e comprovadas, as quais são am- plamente aplicadas, bem como conhecimento de práticas avançadas e inova- doras que talvez tenham uso mais limitado. O conjunto completo de conheci- mentos relacionados a gerenciamento de projetos é aquele que reside com os praticantes e os acadêmicos que o aplicam e o aprimoram. A Guide to The Project Management Body of Knowledge – Third Edition(também chamado de PMBOK® Guide – Third Edition). O livro identifica e descreve o subconjunto do universo do conhecimento de Gerenciamento de Projetos reconhecido como boas práticas em muitos projetos na maior parte do tempo, havendo consenso pelos praticantes sobre seus valores e aplicabilidade. Entretanto, a aceitação geral não representa a necessidade de aplicação uniforme em todos os projetos, devendo ser defini- do o que é apropriado para cada projeto / indústria. O PMBOK® Guide também estabelece uma linguagem comum para a profis- são, servindo de referência básica para qualquer um que se interesse pelo Geren- ciamento de Projetos e, como tal, não deve ser encarado como um documento que contemple a totalidade do conhecimento de Gerenciamento de Projetos. Periodicamente serão feitas revisões e novas versões serão desenvolvidas. O Project Management Institute é o autor e proprietário exclusivo do A Guide to the Project Management Body of Knowledge. O PMI possui e mantém com exclusividade todos os direitos e privilégios de copyright do PMBOK® Guide, sendo vedada a qualquer outra pessoa ou empresa a editoração, publi- cação, distribuição ou venda do livro ou de parte dele. O desenvolvimento do PMBOK® Guide somente foi possível graças à dedi- cação e esforço voluntário de profissionais de Gerenciamento de Projetos de várias partes do mundo, que contribuem decisivamente para o avanço contí- nuo dessa profissão. A estrutura do PMBOK® Guide contempla nove áreas de conhecimento es- pecíficas, a saber: 1 Disponível em: <www.pmisp.org.br>. Ampliando seus conhecimentos Princípios básicos da análise de projetos 273 gerenciamento da Integração do Projeto; � gerenciamento do Escopo do Projeto; � gerenciamento do Prazo do Projeto; � gerenciamento do Custo do Projeto; � gerenciamento da Qualidade do Projeto; � gerenciamento dos Recursos Humanos do Projeto; � gerenciamento da Comunicação do Projeto; � gerenciamento dos Riscos do Projeto; � gerenciamento das Aquisições do Projeto. � Atividades de aplicação 1. Uma empresa vende atualmente R$32.000.000,00 por ano, com prazo médio de recebimento de vendas de 60 dias. O pagamento dos in- sumos e matérias-primas é feito à vista e o produto não requer que sejam mantidos estoques. Qual é o investimento adicional em capital de giro caso ocorra um aumento de 50% nas vendas? 2. Uma empresa fabrica 20 000 toneladas/mês de um produto que é ven- dido por R$1.000,00/ton, com pagamento de 72 dias após a entrega. O pagamento de todas as matérias-primas é à vista e o produto não re- quer que sejam mantidos estoques significativos. Qual o investimento em capital de giro necessário para duplicar a produção? 3. Uma empresa está implementando um projeto de R$100.000.000,00 e deseja que o investimento em capital de giro não ultrapasse 10% do valor do projeto. Ela calculou que o nível de estoque necessário será de R$9.000.000,00 e estimou suas vendas em R$70.000.000,00 por ano. Os impostos sobre vendas correspondem a 20% das vendas brutas e o prazo médio de recolhimento das obrigações fiscais é de 20 dias. As compras de matérias-primas atingirão R$30.000.000,00 por ano e, por condição dos fornecedores, deverão ser pagas em 30 dias. Qual deverá ser o prazo máximo dado pela empresa a seus clientes para que a res- trição de investimento em capital de giro seja satisfeita? 274 Princípios básicos da análise de projetos 4. Um projeto com investimento inicial de R$40.000.000,00 em máqui- nas e equipamentos deve gerar vendas anuais de R$35 milhões para os próximos cinco anos. Os impostos sobre vendas correspondem a 15% das vendas brutas e os custos se dividem em: mão de obra que corresponde a R$3.000.000,00 por ano e matéria-prima que represen- ta 20% das vendas brutas. A vida útil contábil dos equipamentos é de dez anos. Projete o fluxo de caixa incremental do projeto, supondo uma vida útil de cinco anos, sabendo-se que no quinto ano a empresa vende seu ativo imobilizado pelo valor residual contábil e que a alí- quota do imposto de renda é de 34%. 5. Suponha um projeto com investimento inicial de R$20.000.000,00, sen- do R$4.000.000,00 na compra de terreno, R$6 milhões na construção de edifícios, R$7.000.000,00 na compra de máquinas e equipamentos e R$3.000.000,00 em capital de giro inicial. As vendas projetadas são de R$40.000.000,00 para o primeiro ano e R$60.000.000,00 para os de- mais anos. Os impostos sobre vendas correspondem a 20% das vendas brutas e os custos se dividem em fixos desembolsáveis (mão de obra e manu- tenção), que correspondem a R$5.000.000,00 por ano, e custos variá- veis (matéria-prima), que representam 25% das vendas brutas. No final de cada ano a necessidade de capital de giro corresponde a 10% das vendas brutas. A vida útil contábil das edificações é de 25 anos e dos equipamentos é de dez anos. Projete o fluxo de caixa incremental desse projeto supondo uma vida útil de cinco anos, e que no quinto ano a empresa vende seu ativo imobilizado pelo valor residual contábil. A alíquota do imposto de ren- da é de 34%. 6. Determinada empresa está avaliando a possibilidade de substituir um equipamento antigo por outro mais moderno, que proporcionará uma economia anual de mão de obra direta e manutenção equivalente a R$7.000,00. O equipamento novo custa R$16.500,00 e o equipamento antigo se encontra totalmente depreciado, podendo ser vendido de imediato por R$3.000,00. A vida útil contábil do equipamento novo é de dez anos. Projete o flu- xo de caixa incremental para dez anos, sabendo-se que a empresa está sujeita a uma alíquota de imposto de renda de 34% e que ao final de dez anos o equipamento novo possa ser vendido por R$6.000,00. Princípios básicos da análise de projetos 275 Gabarito 1. t0 t1 Vendas Brutas R$32.000.000,00 R$48.000.000,00 PMRV 60 60 dupl. a receber R$5.333.333,00 R$8.000.000,00 Investimento adicional no giro R$2.666.667,00 2. t0 t1 Quantidade R$240.000,00 (20.000 × 12) R$480.000,00 (40 000 × 12) Preços R$1.000,00 R$1.000,00 Vendas Brutas R$240.000.000,00 (Qtde × Preço) R$480.000.000,00 (Qtde × Preço) PMRV 72 72 Dupl. a receber R$48.000.000,00 (Vendas Brutas / 360 × P.M.R.V) R$96.000.000,00 (Vendas Brutas / 360 × P.M.R.V) Investimento adicional no giro é = R$96.000.000,00 – R$48.000.000,00 = R$48.000.000,00 3. Vendas Brutas R$70.000.000,00 Impostos R$14.000.000,00 (0,2 × Vendas Brutas) Compras R$30.000.000,00 PMP 30 PMROF 20 Duplicatas a receber = PMRV × (R$70.000.000,00 / 360) + Estoques R$9.000.000,00 – Fornecedores R$2.500.000,00 PMP × Compras / 360 – Obrigações Fiscais R$777.778,00 PMRV × Impostos / 360 N.C.G = R$10.000.000,00 = PMRV . (R$70.000.000,00/360) + R$9.000.000,00 – R$2.500.000,00 – R$777.778,00 276 Princípios básicos da análise de projetos PMRV = 22 dias 4. (R$) Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Vendas Brutas 35.000.000 35.000.000 35.000.000 35.000.000 35.000.000 – Impostos s/ Vendas 5.250.000 5.250.000 5.250.000 5.250.000 5.250.000 Vendas Líquidas 29.750.000 29.750.000 29.750.000 29.750.000 29.750.000 – depreciação 4.000.000 4.000.000 4.000.000 4.000.000 4.000.000 – mão de obra 3.000.000 3.000.000 3.000.000 3.000.000 3.000.000 – matéria-prima 7.000.000 7.000.000 7.000.000 7.000.000 7.000.000 Lucro da Atividade 15.750.000 15.750.000 15.750.000 15.750.000 15.750.000 – imposto de renda 5.355.000 5.355.000 5.355.000 5.355.000 5.355.000 NOPAT 10.395.000 10.395.000 10.395.000 10.395.000 10.395.000 + depreciação 4.000.000 4.000.000 4.000.000 4.000.000 4.000.000 – novas imobilizações 40.000.000 + venda de ativos 20.000.000 Fluxo de Caixa Incremental –40.000.000 14.395.000 14.395.000 14.395.000
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