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historia e cultura africana vol. II

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HISTÓRIA E CULTURA AFRICANA
VOLUME II
Índice
02 Introdução à História e Cultura Africana
02 Os Tempos no Estudo da História Africana
06 Espaços Africanos
13 Para Compreender mais a História e Cultura Africana
14 Filmoteca
16 Sites
16 Paradidáticos e literatura
20Referências Bibliográficas
INTRODUÇÃO À HISTÓRIA E CULTURA 
AFRICANA
 
Prezado leitor,
Neste segundo módulo você encontrará discussões sobre os desafios do 
ensino de história e cultura africana. Ele se estrutura de modo a promover o 
debate de questões que comparecem ao estudo e ensino-aprendizagem da 
rica e complexa história do continente, priorizando reflexões, atividades 
e proposições sobre os tempos e os espaços africanos na história e no 
campo da cultura. 
Sendo assim, você poderá saber e pensar um pouco mais a respeito de 
algumas questões como:
• Tempos plurais na história africana
• De que formas é possível periodizar a história africana a partir de 
sua própria realidade?
• Problematizando o uso de expressões estereotipadas no trato com 
a história e cultura africana
• É mutável a percepção geográfica do continente?
• As fronteiras africanas e seus arbítrios
 
Veja, ainda:
• Filmoteca
• Sites
• Paradidáticos e literatura
• Referências bibliográficas
 
 
Os Tempos no Estudo da História Africana
 
Toda periodização é orientada por eleição de marcos definidores, sendo 
portanto arbitrada social e contextualmente. Ao dividir a história da África 
de uma determinada forma, estamos elegendo momentos considerados 
importantes na história do continente. Veja a periodização a seguir e 
pense sobre ela
•	 Pré-História da África - do início da humanização ao século XII
•	 História da África Pré-colonial - do século XIII ao século XV
•	 História da África colonial - século XV ao XIX
•	 História Contemporânea - séculos XIX ao XXI, dividida em 
período da Descolonização e África pós-colonial
Nesse tipo de periodização, a história da África tem como marco divisório 
o longo processo colonizatório árabe e europeu, neste último caso 
intensificado em fins do século XIX.
Alberto da Costa e Silva nos chama a atenção para o fato de que a presença 
política da Europa na África foi realmente pequena até o século XIX e não 
se compara à do islame1, que se iniciou no século IX, perdurando ainda 
hoje, especialmente na região centro-norte do continente. A incisiva 
presença européia a partir do século XIX deixou profundas marcas na 
organização sócio-espacial do continente e na compreensão de suas 
temporalidades, de sua história.
Dessa forma, não é de se estranhar que a convencional divisão da história 
africana, que tem como marco central a colonização européia, tenha sido 
eleita pelos próprios europeus para demarcar o período em que a África 
teria “ingressado na história”. A periodização, neste caso, é demarcação 
criada no bojo de escrita da história européia em finais do século XIX.
A periodização acima também nos informa que os europeus teriam sido, 
pelo menos a partir do século XVI, os principais sujeitos da história 
africana, como se os próprios africanos fossem destituídos de história e 
memória.
Atualmente sabemos que essa periodização, embora importante para 
entender a historiografia sobre o continente, pode ser repensada ou 
confrontada com outras maneiras de pensar a trajetória histórica do 
continente. Consideramos as contribuições de novos historiadores 
africanistas que levaram em conta a própria experiência da África – 
vista por ela mesma, o que não significa desconsiderar as relações com 
outros povos - e a sua diversidade regional e grupal no tempo e espaço. É 
importante, então, pensar que a história da África pode ser periodizada de 
diferentes maneiras e cada uma dessas formas de periodização explicita 
pontos de vista, intencionalidades políticas e sociais.
Se é fato que a história pode ser dividida em diferentes épocas, fases ou 
períodos, no caso da História da África a temporalidade não pode ser 
tratada de maneira homogênea. O continente não vivenciou uma história 
comum. Por ser extenso, diverso e desigual, o continente africano resiste a 
periodizações muito rígidas. Por isso, além da periodização convencional 
acima apontada é interessante que se procure entender como cada região 
africana construiu uma história, escolhendo elementos que lhe pareceram 
notáveis e em organizações temporais peculiares, não exatamente em 
cronologias ou periodizações.
Elikia M’Bokolo critica a periodização convencional que não leva 
em consideração aspectos da história africana em sua dispersão e 
complexidade. Ele rejeita denominações colonialistas como “Período pré-
1 - O historiador Anderson 
Oliva adverte para um movi-
mento explicativo comumente 
encontrado em livros didáticos 
a respeito da presença árabe 
na África, a que ele denomina 
de “etnocentrismo árabe” 
(2008, p. 42). De acordo com 
o autor, nestas abordagens 
imprecisas, “as ações históricas 
ocorridas na África do Norte, 
Ocidental e Oriental se tornam 
exclusividades de grupos 
árabes muçulmanos que 
percorrem a região, restando 
aos africanos uma postura pas-
siva perante o outro” (idem, 
ibidem). (...). Neste caso, 
ressalta o autor que é comum a 
ideia equivocada, a seu ver, “de 
que a conversão ao islamismo 
atingiu a todos os membros 
das sociedades em contato 
com mercadores árabes ou dos 
estados islâmicos em expansão 
de forma quase instantânea. As 
estratégias de conversão das 
elites comerciais ou governa-
mentais e a posterior e gradual 
conversão da população são 
fenômenos apenas parcial-
mente mencionados”. Comple-
tando suas considerações, o 
autor ressalta que seria cor-
reto afirmar não somente que 
houve islamização da África, 
mas, também, de que “o islã 
foi muitas vezes africanizado. 
Na arquitetura, nas formas 
teocráticas, nas interpretações 
alcorânicas, na convivência 
com as concepções cosmológi-
cas locais, existiu uma par-
ticipação ativa das sociedades 
da região sobre o islã”. (idem, 
ibidem). Anderson Oliva é pro-
fessor da Universidade Federal 
de Brasília.
colonial”, rompendo com um ideário que supõe ser a África envolta em 
imobilismo ou opacidade cultural antes do domínio europeu ou árabe. 
Critica também a utilização da expressão “África tradicional”, marcada 
pela influência dos estudos antropológicos dos anos 60 que, segundo o 
autor, não ajudam a qualificar a experiência plural, dinâmica e complexa 
das sociedades africanas.
Carlos Moore também ajuda a entender alguns estereótipos presentes na 
história africana, como
“Sabe-se que, na ótica materialista, hegemônica e linear 
do Ocidente e do Oriente Médio, a expressão ‘escrita’, a 
organização em ‘estados’ e a utilização de ‘moeda’ são 
sinônimos de inteligência, superioridade e civilização. 
Os povos que não cumpriram esses requisitos seriam, 
no olhar de muitos pesquisadores, ‘primitivos’ aborto 
da humanidade, aptos para o lixo histórico” (MOORE, 
2008, 170). 
 
 
Em alguns casos, o que os autores classificam como “Pré-História” 
obedece à periodização européia em que o marco de advento da escrita é 
o divisor de águas. No uso da linguagem2 podemos verificar as marcas do 
colonialismo e da estereotipia que envolve a história e a cronologia mais 
convencionais do continente.
Reconhecendo a sua complexidade, Carlos Moore divide a história do 
continente em seis marcos referenciais, a saber:
•	 Antiguidade - dividida em Antiguidade Próxima (10.000 a.C 
até 5.000 a.C), Antiguidade Clássica (5.000 a.C até 200 d.C), 
Antiguidade Neo-clássica (200 a.C até 1.500 d.C)– desde a 
aparição das primeiras sociedades sedentárias, passando pelas 
civilizações afro-burocráticas como Kush, Axum e Egito até a 
aparição, apogeu e declínio dos Estados agrícolas como Gana, 
Kanem-Bornu, Mali, Mwenemotapa, Songoi, incluindo a influênciado império árabe e os tráficos escravistas pelo Saara e pelo Mar 
Vermelho.
•	 Período Ressurgente - 1500 a 1870 - Período da aparição, 
apogeu e declínio dos Estados agro-burocráticos ressurgentes nos 
espaços civilizatórios como Kongo, Oyo, Walo, Tekrur, Macina, 
Segu, Kayor, Diolof, Kwazulu, Buganda, Bunyoro...). Período da 
dominação imperial européia e do tráfico escravista transoceânico 
pelo Atlântico (séculos XV a XVIII).
2 - Pense um pouco mais a 
respeito do poder da lingua-
gem, lembrando que o uso 
de determinadas palavras ou 
expressões não é algo inocente 
ou despretensioso, mas uma 
escolha que traz conseqüên-
cias para as representações 
que se criam acerca de uma 
realidade ou de um povo. 
É dessa forma que o uso de 
determinadas expressões tem 
contribuído para o processo 
de instituição de uma imagem 
subalternizada ou inferior-
izada do continente africano 
e de sua história. Pense, por 
exemplo, no significado da 
expressão “pré-história” 
para se referir a uma fase da 
história africana. O quest-
ionamento dessa expressão 
ultrapassa as discussões sobre 
a periodização da história 
deste continente, posto que a 
tomada da escrita como marco 
inaugurador da ‘história” da 
humanidade tem implicações 
que atingem inúmeros outros 
contextos, em que muitos 
povos são alijados da “história” 
por não possuírem registros 
escritos. O uso da expressão 
“pré-história” contribui para 
se criar uma imagem de 
primitivismo, atraso, de algo 
que “ainda não é”, ajudando a 
construir uma visão negativa 
a respeito de alguns povos 
e sociedades. Algo parecido 
acontece com o uso da palavra 
“Descolonização”. Aplicada ao 
movimento de libertação de 
países africanos em relação às 
metrópoles européias (meados 
do século XX), essa palavra 
sugere que os europeus teriam 
se “retirado” do continente o 
que, consequentemente, sug-
ere o suposto errôneo de uma 
incapacidade do(s) africano(s) 
de assumir(em) seu destino 
nas mãos. Mas o movimento 
da história nos informa que os 
africanos também resistiram à 
presença européia: em várias 
regiões ocorreram lutas de in-
dependência e não exatamente 
uma “descolonização”. Por 
isso, há autores que preferem 
chamar os movimentos de 
independência de países 
africanos de “Revoltas dos 
Colonizados” (SERRANO 
& MUNANGA, 1995). Você 
consegue perceber como as 
palavras são carregadas de 
significados? Essa também 
é uma forma interessante de 
reflexão sobre a história da 
África. As palavras expressam 
modos de compreender as 
realidades. E ainda há outras 
palavras tão negativas quanto 
essas e comumente aplicadas à 
África, como “tribos”, que pode 
contribuir para uma diminu-
ição da importância de grupos 
sociais africanos, associando-
3 - J. Ki Zerbo, cunhou a 
expressão “roedura da África” 
para falar do processo de 
arbitrariedade e opressão 
presentes nas relações entre o 
Ocidente e a África desde o sé-
culo XV, movimento reforçado 
pelo colonialismo europeu 
de fins do século XIX. Nesse 
processo, estava presente um 
forte racismo, um desprezo do 
Ocidente e uma negação da na-
tureza humana dos africanos.
os às idéias de primitivismo 
social e sugerindo um estado 
de confronto social perman-
ente. Da mesma forma, o uso 
da palavra “dialetos” também 
reduz a importância de muitas 
de suas línguas, sugerindo 
que tratam-se de expressões 
locais pouco compreensíveis 
ou mesmo indecifráveis, o que 
é, também da mesma maneira, 
uma percepção etnocêntrica e 
pouco plural do continente.
4 - Estima-se que cerca de 
35 líderes pan-africanistas e 
libertários africanos tenham 
sido assassinados ou depostos 
por golpes violentos no pós 
independência. A este processo 
de eliminação do poder e das 
próprias pessoas envolvidas 
com a liderança política em 
diferentes pontos do conti-
nente africano no contexto de 
reconstrução do continente 
no pós independência Carlos 
Moore chamou de “decapita-
ção” política. Segundo o autor, 
“nas primeiras décadas da 
descolonização, o continente 
africano perdeu seus mais im-
portantes e talentosos líderes, 
estes foram substituídos por 
dirigentes politicamente inex-
pressivos a serviço das grandes 
potências imperiais do planeta. 
(MOORE, 2008, p. 48). É pre-
ciso também compreender a 
participação das polícias secre-
tas dos países colonialistas 
no assassinato desses líderes 
mais independentes (MOORE, 
2008, p. 48-56).
•	 Período Colonial3 - Momento que vai de 1870 a 1960 - Período 
da colonização do continente africano. Lutas independentistas 
e “descolonização”. Surgimento da ideologia panafricanista nas 
diásporas africanas e na África.
•	 Período Contemporâneo - Considera-se a contemporaneidade 
a partir de 1960 - do sonho libertacionista ao pesadelo neo-
colonialista. Inclui as independências políticas africanas e a 
chamada decapitação política4 da África.
Como se pode verificar, esta periodização compreende a África no contexto 
mundial, mas concebe a demarcação temporal fundamentalmente 
relacionada, primeiramente, às dinâmicas do continente. Mas é 
importante ter sempre em mente o fato de que em decorrência de uma série 
de fatores, dentre eles a dispersão, fragmentação e até mesmo escassez 
de fontes históricas, a história da África, sobretudo a África Antiga, é, em 
alguma medida, construída a partir de suposições relativamente apoiadas 
empiricamente (MOKHTAR, 1983, p. 12).
Em Sala de aula
É provável que você encontre diferentes formas de 
periodização nos livros didáticos! O que se pode 
aconselhar, nesse caso, é que você pense nas escolhas 
feitas e razões que levaram os autores a dividir a história 
do continente de uma ou outra maneira. Ajude seus 
alunos a fazer esse importante exercício: a pensar a 
periodização como arbítrio, como escolha e não como 
algo naturalmente dado ou como uma verdade imutável. 
Faça exercícios de manipulação das temporalidades 
com seus alunos, pensando, por exemplo, porque 
razões a temporalidade é desenhada na forma de 
linha (as convencionais linhas de tempo geralmente 
marcadas pelo marco central do nascimento de Cristo) 
ou mesmo como seta, indicando um final ou um rumo 
pré-determinado da história. Essas desconstruções 
podem ser muito enriquecedoras para que os alunos 
repensem a história e possam compreender o tempo de 
forma multidirecional em que não há necessariamente 
um rumo ou uma direção pré-determinada, nem mesmo 
uma única relação entre passado, presente, futuro.
 
 
Espaços Africanos
 
A África é um continente em que se manifesta quase toda a diversidade 
geográfica do planeta. O espaço africano foi historicamente construído 
a partir da intervenção humana e das apropriações das disponibilidades 
materiais e imateriais desse mesmo espaço.
Você já imaginou quão diversas são as culturas do deserto, da savana e 
das florestas? Claro que a geografia não explica e define completamente 
as culturas humanas, mas ela é um dos elementos que favorece o 
florescimento de expressões culturais e opções de sobrevivência que terão 
influência, por exemplo, no tipo de alimentação, no tipo de habitação e 
nas relações humanas com os recursos materiais disponíveis.
É comum encontrarmos livros que apresentam a África como continente 
dividido em dois. Essas Áfricas têm aspectos geográficos diferentes 
e são classificadas de maneira hierárquica, sendo uma considerada 
atrasada e outra adiantada: uma “África Negra”, (África Subsaariana, 
abaixo do Saara) apresentada como primitiva e regida por uma geografia 
impenetrável e indomável; e uma “África Branca” (norte do continente e 
não ocasionalmente próxima da Europa), tida por civilizada, culta e mais 
adiantada do ponto de vista cultural. Elas estariam irremediavelmente 
separadas pelo Deserto do Saara, um divisor que inviabilizaria o contato 
entre estes dois mundos. Comumente essaforma de pensar a África como 
dividida favorece a compreensão de que a chamada África Negra estaria 
condenada a viver na barbárie. Durante muito tempo, a própria ciência 
reforçou essa idéia de divisão radical da África em duas. Contudo, essa 
divisão não se sustenta, por inúmeros motivos. O deserto do Saara não 
é barreira intransponível. Longe de ser um empecilho, funciona como 
zona de trocas intensas entre a África do norte e a África subsaariana. É 
bom pensarmos que não existem duas Áfricas, mas muitas! A diversidade 
que caracteriza o continente não pode ser reduzida a dois grandes blocos, 
pois essa diversidade é muito maior. Não existem também povos sem 
cultura e sem história nas diferentes regiões africanas, pelo contrário!
A representação do continente também já foi motivo de querelas, inclusive 
científicas. Observe os mapas a seguir.
Fonte: Atlas Geográfico Escolar/IBGE. Rio de Janeiro: IBGE, 2002. In: SERRANO; WALDMAN, 2007, p. 39.
Fonte: Atlas Geográfico Escolar/IBGE. Rio de Janeiro: IBGE, 2002. In: SERRANO; WALDMAN, 2007, p. 39.
Essa projetão foi criada em 1973 pelo alemão Arno Peters procurando representar mais fielmente possível a superfície do planeta, implicitamente 
buscando a valorização da auto-estima dos países subdesenvolvidos. A partir desse ponto, notemos o quanto se altera, no sentido da veracidade, 
superfícies como as da América do Sul e da África.
Mapa-múndi na Projeção de Mercator
Mapa-múndi na Projeção de Peters
Como a África foi vista e representada ao longo do tempo? Observe estas 
duas formas de representar o planisfério. Pense que os mapas não são o 
espelho da realidade ou a representação sempre fidedigna do real, mas 
representações convencionadas, a cada momento histórico, acerca do 
que e como representar.
Na primeira representação, elaborada por Gerardus Mercator (1512-1594) 
no século XVI, a Europa está superdimensionada, a África e a Groenlândia 
figuram como territórios com extensão praticamente equivalente e a 
América do Sul está dimensionalmente menor do que a Groenlândia ou 
mesmo a Oceania. No segundo mapa, elaborado no contexto da geografia 
crítica do pós 1970, a superfície do planeta é redimensionada, com 
alteração significativa das dimensões e posições ocupadas no planisfério 
da África e da América do Sul. Este segundo mapa foi elaborado pelo 
historiador alemão Arno Peters, cuja preocupação era apresentar uma 
representação mais justa do mundo (SEEMANN, 2003). Sugerimos que 
a partir dos dois mapas você reflita sobre as representações cartográficas 
do mundo: elas não são neutras nem objetivas; elas criam formas de ver 
e pensar o mundo.
Além disso, devemos considerar que o planisfério é uma das formas 
de representação da Terra, que tem um formato próprio, chamado 
geóide (uma esfera achatada nos pólos). Devemos lembrar que nesta 
forma de representação, aquilo que aparece no centro do planisfério 
também é fruto de opções convencionadas, assim como também é uma 
convenção o fato de que o chamado “hemisfério norte” esteja acima do 
chamado “hemisfério sul”. Você já pensou sobre isso? Por mais que o 
estabelecimento de convenções possa ser considerado uma necessidade, 
aquilo que se convenciona pode variar, dependendo das disputas e jogos 
de força entre diferentes países e regiões.
Portanto, as representações que circularam – e circulam – sobre a África, 
não apenas os mapas, mas as muitas imagens e representações sobre 
diferentes aspectos de sua geografia física – e política – como é o caso 
da chamada geopolítica que divide o continente em dois grandes blocos, 
são também fruto de sua posição desfavorável no jogo de forças mundial 
dos últimos séculos, em processos históricos marcados por violenta 
espoliação material e humana do continente (não esqueçamos que mais 
de 11 milhões de africanos foram capturados somente para o tráfico 
atlântico dos séculos XVI ao XIX!).
Tudo isso, nos leva a pensar: Em que medida estas diferentes 
representações cartográficas permitem que entendamos as tensões e 
conflitos capazes de conferir à África e de resto ao chamado Terceiro 
Mundo lugares específicos no mundo? Mais do que buscar revelar se elas 
são verdadeiras ou falsas, neste movimento interessa-nos pensar que elas 
expressam visões distintas sobre o continente africano, sobre o seu papel 
no mundo e sobre a sua importância.
5 - Considera o geógrafo Jörn 
Seemann, 2003, que Mercator 
não pensava (nem sabia) nas 
repercussões e impactos socio-
culturais e políticos de suas 
projeções. Neste caso, alerta 
para o que poderíamos chamar 
de “usos” das ideias de Merca-
tor no tempo, sobre o que o 
seu autor não teve controle 
ou predição, evitando-se uma 
interpretação anacrônica da 
obra de Mercator.
8 - A polêmica cartográfica em 
torno das duas representações 
pode ser mais bem enten-
dida no artigo disponível em 
http://www.mercator.ufc.br/
index.php/mercator/article/
viewFile /159/127 em que o 
autor apresenta os interesses, 
desdobramentos e problemas 
técnicos e políticos envolvidos 
nos contextos de produção dos 
dois mapas, como também a 
polêmica gerada pela recepção 
– na história – de ambos.
9 - O que existem são dife-
renças genéticas, culturais 
e físicas que são expressões 
de como somos diversos uns 
dos outros, sendo que cada 
agrupamento humano e, 
mesmo, cada indivíduo, pode 
ser considerado portador de 
qualidades e capacidades 
próprias, singulares. Portanto, 
as diferenças são reais entre os 
humanos de todos os continen-
tes ou sociedades. Contudo, 
elas não podem ser parâmetros 
para hierarquizações, ou seja, 
para que pensemos que alguns 
grupos humanos são melhores 
do que outros por causa de 
suas características físicas ou 
suas manifestações culturais.
E você, quais idéias e imagens lhe vêem à mente quando o assunto 
é África? Que tal incentivar os alunos a realizar uma pesquisa sobre o 
que as pessoas de suas famílias e grupos de convívio sabem e pensam a 
respeito de seus ancestrais africanos, e sobre o que sabem e pensam a 
respeito da África?
Em Sala de aula
Você sabia que ao valorizar as concepções prévias dos 
estudantes e seus familiares você está trabalhando 
com um interessante recurso pedagógico? Você poderá 
entender como seus alunos pensam, o que valorizam, em 
que acreditam e como você pode dialogar positivamente 
com as idéias que eles têm.
 
 
Ref. Divisão política atual da África. In: MELO E SOUZA, Marina. África e Brasil africano. São Paulo: Ática, 2006. p. 17
Divisão política da África: uma história de conflitos e arbitrariedades
Observe o mapa com a atual divisão política do continente africano.
A população africana atual supera 800 milhões de habitantes, distribuídos 
em mais de 50 países. Contudo, não podemos dizer que todos esses 
países têm estruturas políticas estáveis e fronteiras construídas pela 
própria dinâmica do movimento e do deslocamento das populações 
africanas. Na história, a África conheceu a existência de vários “reinos” e 
“cidades-estados” que surgiram, se transformaram, chegando, alguns, à 
prosperidade... outros, à ruína.
As atuais fronteiras entre os Estados africanos não foram o resultado de 
um processo histórico e cultural posto em prática por grupos da própria 
África. A África não foi sempre dividida dessa forma! As atuais fronteiras 
foram, em grande medida, definidas pela Conferência de Berlim, 
realizada em 1885, pelos países europeus que colonizaram o continente. 
Esse processo de colonização criou a atual cartografia política da África, 
separando e unindo grupos de forma arbitrária e cruel, povos distintos, 
por vezes inimigos históricos. Você pode imaginar quantos problemas 
foram criados em decorrência da separação forçada promovida no bojo 
do processo colonizatório da África por países europeus no final do 
século XIX? Pense o que significou a separação,por exemplo, de grupos 
culturalmente e historicamente afins e a reunião num mesmo país de 
grupos que falavam línguas diferentes e jamais haviam partilhado uma 
vida em comum, não raro com interesses antagônicos. Além disso, a 
experiência de integração de povos sob domínio e controle por um Estado 
centralizado também constituiu e em alguma medida ainda constitui 
violência simbólica e efetiva para muitos grupos e povos africanos.
Em Sala de aula
Incentive seus/suas alunos/as a localizar as atuais 
fronteiras entre países africanos, promovendo reflexões 
sobre o que o seu traçado representa. Para isso, monte 
um “quebra-cabeça” do continente: recorte o mapa, 
separando cada país e disponibilizando os vários 
“pedaços” do mapa do continente para os alunos, 
em uma folha de papel. Peça para tentarem montar 
o quebra-cabeça, reconstituindo, assim, o mapa do 
continente. Esse recurso ajuda os alunos a perceberem 
a diversidade de países, suas dimensões e fronteiras, 
algumas delas impostas pela colonização Européia no 
continente no século XIX, quando a África foi partilhada 
entre os países europeus colonizadores. A atividade 
pode ser uma oportunidade para o rompimento com 
ideias equivocadas como a de que a África é um país e 
não um continente, também possibilitando o debate a 
respeito das noções de fronteira e de país! Ao estudar 
com seus alunos as percepções deles, advindas de suas 
experiências sociais e culturais acerca da vivência da 
fronteira – como expressão geográfica e simbólica, 
você poderá também suscitar essa reflexão acerca dos 
impactos e desdobramentos advindos das diversas e 
variadas formas de demarcação de fronteiras na África, 
algumas delas completamente alheias às vivências sociais 
e culturais de cada região. É importante que a atividade 
seja acompanhada de reflexões sobre os significados 
dessa divisão política, sobre os processos históricos 
que levaram à atual divisão, com seus problemas e 
arbitrariedades, e ainda com as conseqüências que 
essa divisão traz, até os dias atuais, para a geração e 
perpetuação de conflitos entre diferentes grupos que 
habitam o continente.
 
 
Os Estados africanos independentes, que surgiram depois da Segunda 
Guerra Mundial, em 1945, herdaram as linhas de fronteiras traçadas 
naquele momento de colonização. “Em outros termos, a base e a 
‘ossatura’ dos novos Estados africanos foram constituídos, quase sempre, 
pelo aparelho administrativo criado pela colonização européia” (ARBEX 
JR, 2002). Com as independências, o poder político e militar transferiu-
se das antigas elites metropolitanas para as elites nativas, comumente 
elites urbanas, algumas das quais vieram a instalar regimes autoritários, 
corruptos e que acabaram por tornar ainda mais dependentes do 
mundo ocidental as recém-nascidas nações africanas. É preciso também 
considerar o assassinato de líderes mais nacionalistas e o apoio europeu e 
norte-americano a estas elites chamadas “entreguistas” (MOORE, 2008), 
sempre tomando cuidado para os riscos dessas bipolarizações.
Podemos dizer que a África tem topografia extremamente variada: 
savanas, regiões desérticas, semi-desérticas (Sahel), altiplanos, planícies, 
regiões de montanhas e de florestas. Toda essa diversidade se distribui 
em uma extensão territorial de mais de 30 mil Km², ou seja, cerca de 22% 
da superfície sólida terrestre. Observe essa variedade no mapa a seguir e 
pense nas infinitas formas de interação sociedade-natureza na variedade 
e dispersão territorial do continente.
Em Sala de aula
Este mapa da África pode ser trabalhado em associação 
com imagens das diferentes paisagens características de 
cada tipo de topografia. Uma idéia interessante consiste 
em transpor o mapa para um papel craft ou outro de 
tamanho grande e pedir aos alunos que o preencham 
com fotografias e/ou desenhos e/ou ilustrações de 
paisagens características de cada região. É importante 
lembrá-los de incluir, junto às paisagens, imagens de 
diferentes povos que habitam cada uma das regiões 
e imagens de centros urbanos, contribuindo para 
desmistificar as ideias de que a África é feita somente de 
paisagens naturais e de que é habitada por grupos que se 
confundem com a própria natureza. Ao manipular mapas 
em diferentes formatos e tamanhos, buscar imagens em 
revistas e internet, os alunos têm uma boa oportunidade 
Ref. Mapa físico da África, In: MELO E SOUZA, Marina. África e Brasil africano. São Paulo: Ática, 2006. p. 13
de desconstruir algumas idéias arraigadas, mas para 
isso é preciso que sejam orientados e alertados, pois a 
possibilidade de se depararem com imagens que apenas 
reforçam os estereótipos é sempre muito grande.
 
 
Para Compreender mais a História e Cultura 
Africana
 
Esse foi apenas um início de conversa sobre a África. Há algumas 
questões advindas de sua trajetória que o continente africano precisa de 
fato enfrentar, como por exemplo, a desigualdade social e a violação dos 
direitos humanos, em que ficam expostas, não raro, mulheres, crianças 
e idosos. Nas muitas Áfricas se pode encontrar, também, dependência 
econômica, desigualdade na distribuição de riquezas e precariedade 
do acesso a direitos de cidadania (MUNANGA, 2001, p.31). Mas tais 
questões não podem ser generalizadas para a toda a realidade africana, 
assim como sua abordagem não deve se constituir na única maneira de se 
estudar a história do continente. O reconhecimento das “muitas Áfricas” 
requer um trabalho pedagógico também pautado pela diversidade 
de abordagens e temas de estudo, capaz de evidenciar uma realidade 
múltipla e heterogênea.
Por isso, não tenha receio de inventar e criar estratégias de reflexão a 
partir do que você conseguir encontrar: um mapa, um conto, uma música, 
um relato, uma reportagem... No trabalho pedagógico, é interessante 
estabelecer comparações e criar situações investigativas. Os materiais 
disponíveis podem ajudar a perceber como as sociedades africanas se 
transformaram no tempo-espaço, compondo cenários culturais dinâmicos 
e complexos, muito diferentes dos cenários estáticos e imutáveis que 
diversos livros didáticos e outros artefatos culturais – como filmes, 
fotografias, propagandas, etc. - costumam esboçar para a África. Os 
alunos, por fim, podem brincar com a rica história de um continente, 
que, mesmo separado de nós pelo Atlântico, está mais presente em nosso 
cotidiano, no nosso sentimento de pertença e na nossa imaginação do 
que possamos supor.
 
Filmoteca
 
Alguns filmes recentes28 para exibição e também para sua formação como 
professor/a disponíveis no mercado brasileiro
• Kiriku e a feiticeira – Direção: Michel Ocelot, 1998 – desenho 
animado em que o protagonista é um menino africano às voltas com uma 
feiticeira má. Inspirado em conto africano, o filme é uma rara produção 
disponível em português para crianças. No site do CEERT há uma 
experiência premiada de utilização em sala de aula deste filme. Ver em 
http://www.ceert.org.br/modulos/educacao/edicoes.php 
• Mestre Humberto – Direção: Rodrigo Savastano. Brasil, 2005, 
20 minutos. Um passeio pela Lapa, Campo de Santana e pela África. 
Mestre Humberto, doutor em percussão e poesia, profeta poliglota da 
Lapa. Nesse curta falado em português, alemão e quimbundo, ele toca, 
canta e cita Sócrates. Pode ser acessado no site: www.portacurtas.com.br
• Maré Capoeira – Direção: Paola Barreto - Maré é o apelido de 
João, um menino de dez anos que sonha ser mestre de capoeira como 
seu pai, dando continuidade a uma tradição familiar que atravessa várias 
gerações. Um filme de amor e guerra. In: www.portacurtas.com.br 
• Instrumentos africanos – Bira Reis, um especialista. 
Documentário. Direção: Júlio Worcman, 1988. Na Feira do Interior 
1988, que reuniu em Salvador atrações dos diversos municípios da Bahia, 
o mestre Bira Reis apresenta sua pesquisasobre curiosos instrumentos 
africanos. In: www.portacurtas.com.br
• Som da Rua – Vodu. Direção: Roberto Berliner, 1997, 2 minutos. 
Miriam Laveau é uma sacerdotisa vodu de Nova Orleans, herdeira creole 
das mais antigas tradições africanas. Aqui ela apresenta os cânticos 
vodus que falam da liberdade, mas para Miriam a liberdade, como ela 
aconteceu, só tornou as pessoas escravizadas. Pode ser acessado no site: 
www.portacurtas.com.br 
• Amistad – Direção: Steven Spielberg – Baseado numa história 
real, o filme conta a viagem de africanos escravizados que se apoderam 
do navio onde estavam aprisionados e tentam retornar à sua terra natal. 
Quando o navio, La Amistad, é capturado, os africanos são levados aos 
Estados Unidos, acusados de assassinato e aguardam sua sentença na 
prisão. Inicia-se então uma contundente batalha, que chama a atenção 
de todo o país, questionando a própria finalidade do sistema judicial 
americano.
• Hotel Ruanda – Direção: Terry George. Em meio a um conflito 
que matou quase um milhão de pessoas em menos de 4 meses, em Ruanda, 
a biografia de um gerente de um Hotel em meio à luta para salvação de 
pessoas. O filme possibilita refletir sobre a herança colonial belga em 
Ruanda, o papel da ONU e os desafios implicados para superação do 
trauma pós-colonial. 
• Um Grito de Liberdade – Nos anos 1970, na África do Sul 
do apartheid, Donald Woods (Kevin Kline) é um jornalista branco que 
conhece e se torna amigo de Stephen Biko (Denzel Washington), o 
importante militante pelos direitos dos negros. Quando Biko é morto na 
prisão, em 1977, Woods percebe a necessidade de divulgar a história do 
ativista, a perseguição que sofreu, a violência contra os negros, a crueldade 
do regime do apartheid. Mas ele e sua família também se tornam alvos do 
racismo, e precisam deixar o país às pressas
• Atlântico Negro: na Rota dos Orixás – Direção – Renato 
Barbieri, 1988. O documentário Atlântico Negro: nas rotas dos Orixás 
aborda a importância da história e cultura africana para o Brasil. O 
documentário evidencia a semelhança existente entre estes povos, 
sobretudo nos campos da religiosidade, da musicalidade, da língua, dos 
hábitos alimentares, da estrutura familiar e das manifestações culturais. 
Durante as cenas do filme são desconstruídas visões etnocêntricas e de 
censo comum sobre o continente Africano. A idéia de um território que 
vive em constante estado de guerras étnicas e civis, de fome e total miséria 
é desmistificada para mostrar a profunda experiência cultural da África e 
os intercâmbios ainda hoje em curso com o Brasil. 
• Nas montanhas da Lua – Direção: Bob Rafelson. 1990. Baseado 
no livro de William Harrison. Em 1850 dois oficiais britânicos começam 
uma aventura para descobrir a fonte do Nilo. O filme aborda os diferentes 
interesses em jogo no longo processo de exploração científica levado a 
cabo por sociedades científicas européias em direção ao continente 
africano, evidenciando as representações sobre o continente e a relação 
desigual entre as culturas européia e africana no curso desta história. 
• O elo perdido – Direção: Ficção. Expedição científica européia 
do século XIX captura dois pigmeus tidos por exploradores como o elo 
perdido. O casal capturado passa a ser estudado por cientistas que se 
utilizam do aparato científico do século XIX (craniometria, biometria e 
antropologia física) para comprovação de sua polêmica (posteriormente 
superada) hipótese a respeito do lugar dos pigmeus africanos na narrativa 
da evolução humana. 
• TV Escola – vídeos de 1 a 20 minutos, produzidos no âmbito 
do Programa TV Escola, MEC, disponíveis para download em www.
dominiopublico.com.br Há uma série especial História e cultura africana 
e afro-brasileira. 
• O Jardineiro Fiel – Drama. Direção de Fernando Meirelles, 
2005. Adaptação do livro de John Lé Carré. O filme permite problematizar 
o tema da exploração da população africana pela indústria farmacêutica. 
 
Sites
 
Sugestões de sites para você visitar alguns centros de estudos do Brasil 
sobre história e cultura da África. 
• Centro de Estudos Africanos, Universidade de São Paulo.( 
www.fflch.usp.br/cea/ )
• Centro de Estudos Afro-Orientais, Universidade Federal da 
Bahia. ( www.ceao.ufba.br )
• Centro de Estudos Afro-Asiáticos e Centro de Estudos 
Afro-Brasileiros, Universidade Cândido Mendes, Rio de Janeiro ( 
www.ucam.br )
• África e Africanidades - ( http://www.africaeafricanidades.
com/index.html )
• Casa das Áfricas – ( www.casadasafricas.org.br )
 
Paradidáticos sobre História e Cultura Africana
 
Nos últimos anos, pode-se observar um crescimento de produções 
paradidáticas e de literatura que abordam aspectos diversos da história e 
cultura dos povos africanos. Veja alguns exemplos de materiais que estão 
disponíveis no mercado e que podem contribuir para os estudos sobre 
África junto a crianças e adolescentes: 
Obras que tratam de aspectos diversos da história da 
África e da presença africana no Brasil:
• “Histórias da Preta”, de Heloísa Pires de Lima, publicada 
pela Cia. das Letrinhas, em 1998: a obra se propõe reunir “informação 
histórica, reflexão intelectual, estímulos ao exercício da cidadania e 
historinhas propriamente ditas (tiradas da mitologia africana, por 
exemplo)”. Foi premiada com o título “Altamente Recomendável” pela 
Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil – FNLIJ, em 1998. 
• “Agbalá, um lugar continente”, da artista plástica Marilda 
Castanha, inicialmente publicada pela Editora Formato, em 2001, foi 
reeditada pela Editora Cosac Naify, em 2008. A obra intercala pequenos 
textos com belíssimas ilustrações, que retratam, além de aspectos da vida 
cotidiana de escravos e da população afro-descendente, um pouco do 
universo mítico e simbólico desses sujeitos. A autora dá um destaque para 
as religiões de matriz africana, evidenciando o empreendimento de uma 
pesquisa cuidadosa sobre simbologias, rituais e seus significados. Ao final 
da obra, apresenta pequenos textos informativos sobre aspectos diversos 
da história africana e afro-brasileira, relacionado-os com episódios da 
história brasileira, em geral. 
Obras que reproduzem contos da tradição oral africana
• O escritor Rogério Andrade Barbosa morou na África e recolheu 
diversos contos, mitos e lendas originários de diferentes grupos étnicos 
africanos, a partir dos quais escreveu várias obras para crianças e jovens. 
Entre suas várias obras, vale a pena conhecer uma série ilustrada pro 
Graça Lima e publicada pela Difusão Cultural do Livro – DLC. A série 
tem como características um cuidadoso projeto gráfico e edição de boa 
qualidade, com papel brilhante, belas ilustrações e texto introdutório 
com dados sobre o conto, o povo de onde provém e sua localização em 
mapa do continente africano. São títulos desta série:
◦ “Duula, a mulher canibal” - (1999): reúne contos 
da tradição oral somali;
◦ “Como as histórias se espalharam pelo mundo” 
- (2002): conto de literatura oral do povo Ekoi, Nigéria;
◦ “O	filho	do	vento” - (2003); conto de literatura oral 
dos bosquímanos, povo do deserto do Kahahari;
• “Histórias africanas para contar e recontar”, também de 
Rogério Andrade Barbosa e ilustrações de Graça Lima, publicado pela 
Editora do Brasil, em 2001. 
• Coleção Árvore Falante, publicado pela Editora Paulinas:
◦ “Contos africanos para crianças”, de Rogério 
Andrade Barbosa, ilustrações de Maurício Veneza, 2004;
◦ “Outros contos africanos para crianças 
brasileiras”, de Rogério Andrade Barbosa, ilustrações de 
Maurício Veneza, 2006;
◦ “Ulomma: a casa da beleza e outros contos”, do 
autor nigeriano Sunday Ikechukwu Nkeechi, ilustrado por 
Denise Nascimento (2006);
◦ “Sua magestade, o elefante”, de Luciana Savaget, 
ilustrações de Rosinha campos;
◦ “Histórias trazidas por um cavalo marinho”, 
Edimilsonde Almeida Pereira (2005)
• “Gosto de África: histórias de lá e daqui”, de Joel Rufino dos 
Santos, ilustrado por Cláudia Scatamacchi e publicado pela Global, em 
1998 (com a 4ª edição em 2005): traz “mitos, lendas e tradições negras”, 
alternando o cenário africano e brasileiro.
• “Era uma vez na África”, de Jean Angelles e Gleydson Caetano 
(ilustrador), publicado pela LGE, em 2006, traz “adaptação de fábulas e 
histórias do folclore africano”. 
• “O Baú das histórias: um conto africano recontado e 
ilustrado por Gail E. Haley”, da Global (2004); 
• “Bruna e a galinha D´Angola”, de Gercilga de Almeida, com 
ilustrações de Valéria Saraiva, publicada pela EDC e Pallas, em 2000, que 
se destaca pelas belíssimas ilustrações; 
• “Sikulume e outros contos africanos”, uma adaptação de Júlio 
Emílio Braz, ilustrado por Luciana Justiniani, publicado pela Pallas, em 
2005;
• “Que mundo maravilhoso”, de Julius Lester & Joe Cepeda, 
traduzida por Gilda de Aquino e publicado pela Brinque-Book, em 2000; 
• “Os comedores de palavras”, de Edimilson de Almeida Pereira 
e Rosa Margarida de C. Rocha, publicado pela Mazza, em 2004; 
• Coleção Mama África, publicada pela Editora Língua Geral:
◦ “Debaixo do arco-íris não passa ninguém” 
- reune poemas escritos a partir de canções, provérbios e 
adivinhas da tradição oral dos povos nganguela, tchokwé 
e bosquímano (de Angola), escrito por Zetho Cunha 
Gonçalves e ilustrado por Roberto Chichorro, 2006;
◦ “O	filho	do	vento”, de José Eduardo Água Lusa e 
Antônio Olé (ilustrador), 2006.
◦ “O homem que não podia olhar para trás”, de 
Nelson Saúte e Roberto Chichorro (ilustrador), 2006; 
◦ “O beijo da palavrinha”, de Mia Couto e 
Malangatana (ilustradora), 2006;
Obras que abordam aspectos diversos da religiosidade de 
matriz africana: 
• “Iansã: a deusa da guerra”, de Fábio Lima e Thiago Hoisel 
(ilustrador), publicado pela EDUNEB, 2006; 
• Trilogia “Mitologia dos Orixás para Crianças e Jovens”, 
publicada pela Companhia das Letrinhas, com textos de Reginaldo Pranti 
e ilustrações de Pedro Rafael. Reginaldo Pranti é professor de sociologia 
da USP e escritor premiado pelo Ministério da Cultura, CNPQ e SBPC, 
por sua contribuição à preservação da cultura afro-brasileira. 
◦ “Ifá, o adivinho: histórias de deuses africanos 
que vieram para o Brasil com os escravos” (2002): 
primeiro livro da trilogia, recebeu o prêmio de Melhor 
Livro Reconto, pela Fundação Nacional do Livro Infantil, e 
Juvenil – FNLIJ, em 2003;
◦ “Xangô, o trovão: outras histórias dos deuses 
africanos que vieram para o Brasil com os escravos” 
- (2003);
◦ “Oxumaré, o arco íris: mais histórias dos 
deuses africanos que vieram para o Brasil com os 
escravos” - (2004).
Obras que apresentam histórias diversas, envolvendo 
cenário e personagens africanos, no passado e no presente: 
• “Doce princesa negra”, de Solange Cianni e Felipe Massa Fera 
(ilustrador), publicado pela LGE, em 2006 (Série “Orgulho da raça”); 
• “Os sete novelos de Kwanzaa”, de Ângela Shelf Medearis e 
Daniel Minter (ilustrador), publicado pela Cosac Naify, em 2005; 
• “As tranças de Bintou”, de Sylviane Diouf e Shane W. Evans 
(ilustrador), publicado pela Cosac Naify, em 2004; 
• “A África, meu pequeno Chaka”, de Marie Sellier e Marion 
Lesage, traduzido por Rosa Freire D´Águiar, publicado por Cia. Das 
Letrinhas, em 2006; 
• “Meu avô, um escriba”, de Oscar Guelli, ilustrado por Rodval 
Matias, publicado pela Ática, em 2006, que traz a história de uma menino 
egípcio, educado por seu avô para ser um escriba; 
• “Amkoullel, o menino Fula”, de Amadou Hampatê Ba, tradução 
de Xina Smith Vasconcelos, publicado pela Casa das Áfricas e Pallas 
Athena, em 2003, que conta a história de um menino que vive na região 
das savanas, ao sul do Saara, e se transforma em mestre da história oral 
e especialista no estudo das sociedades negras africanas das Savanas;
 
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