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HISTÓRIA E CULTURA AFRICANA VOLUME II Índice 02 Introdução à História e Cultura Africana 02 Os Tempos no Estudo da História Africana 06 Espaços Africanos 13 Para Compreender mais a História e Cultura Africana 14 Filmoteca 16 Sites 16 Paradidáticos e literatura 20Referências Bibliográficas INTRODUÇÃO À HISTÓRIA E CULTURA AFRICANA Prezado leitor, Neste segundo módulo você encontrará discussões sobre os desafios do ensino de história e cultura africana. Ele se estrutura de modo a promover o debate de questões que comparecem ao estudo e ensino-aprendizagem da rica e complexa história do continente, priorizando reflexões, atividades e proposições sobre os tempos e os espaços africanos na história e no campo da cultura. Sendo assim, você poderá saber e pensar um pouco mais a respeito de algumas questões como: • Tempos plurais na história africana • De que formas é possível periodizar a história africana a partir de sua própria realidade? • Problematizando o uso de expressões estereotipadas no trato com a história e cultura africana • É mutável a percepção geográfica do continente? • As fronteiras africanas e seus arbítrios Veja, ainda: • Filmoteca • Sites • Paradidáticos e literatura • Referências bibliográficas Os Tempos no Estudo da História Africana Toda periodização é orientada por eleição de marcos definidores, sendo portanto arbitrada social e contextualmente. Ao dividir a história da África de uma determinada forma, estamos elegendo momentos considerados importantes na história do continente. Veja a periodização a seguir e pense sobre ela • Pré-História da África - do início da humanização ao século XII • História da África Pré-colonial - do século XIII ao século XV • História da África colonial - século XV ao XIX • História Contemporânea - séculos XIX ao XXI, dividida em período da Descolonização e África pós-colonial Nesse tipo de periodização, a história da África tem como marco divisório o longo processo colonizatório árabe e europeu, neste último caso intensificado em fins do século XIX. Alberto da Costa e Silva nos chama a atenção para o fato de que a presença política da Europa na África foi realmente pequena até o século XIX e não se compara à do islame1, que se iniciou no século IX, perdurando ainda hoje, especialmente na região centro-norte do continente. A incisiva presença européia a partir do século XIX deixou profundas marcas na organização sócio-espacial do continente e na compreensão de suas temporalidades, de sua história. Dessa forma, não é de se estranhar que a convencional divisão da história africana, que tem como marco central a colonização européia, tenha sido eleita pelos próprios europeus para demarcar o período em que a África teria “ingressado na história”. A periodização, neste caso, é demarcação criada no bojo de escrita da história européia em finais do século XIX. A periodização acima também nos informa que os europeus teriam sido, pelo menos a partir do século XVI, os principais sujeitos da história africana, como se os próprios africanos fossem destituídos de história e memória. Atualmente sabemos que essa periodização, embora importante para entender a historiografia sobre o continente, pode ser repensada ou confrontada com outras maneiras de pensar a trajetória histórica do continente. Consideramos as contribuições de novos historiadores africanistas que levaram em conta a própria experiência da África – vista por ela mesma, o que não significa desconsiderar as relações com outros povos - e a sua diversidade regional e grupal no tempo e espaço. É importante, então, pensar que a história da África pode ser periodizada de diferentes maneiras e cada uma dessas formas de periodização explicita pontos de vista, intencionalidades políticas e sociais. Se é fato que a história pode ser dividida em diferentes épocas, fases ou períodos, no caso da História da África a temporalidade não pode ser tratada de maneira homogênea. O continente não vivenciou uma história comum. Por ser extenso, diverso e desigual, o continente africano resiste a periodizações muito rígidas. Por isso, além da periodização convencional acima apontada é interessante que se procure entender como cada região africana construiu uma história, escolhendo elementos que lhe pareceram notáveis e em organizações temporais peculiares, não exatamente em cronologias ou periodizações. Elikia M’Bokolo critica a periodização convencional que não leva em consideração aspectos da história africana em sua dispersão e complexidade. Ele rejeita denominações colonialistas como “Período pré- 1 - O historiador Anderson Oliva adverte para um movi- mento explicativo comumente encontrado em livros didáticos a respeito da presença árabe na África, a que ele denomina de “etnocentrismo árabe” (2008, p. 42). De acordo com o autor, nestas abordagens imprecisas, “as ações históricas ocorridas na África do Norte, Ocidental e Oriental se tornam exclusividades de grupos árabes muçulmanos que percorrem a região, restando aos africanos uma postura pas- siva perante o outro” (idem, ibidem). (...). Neste caso, ressalta o autor que é comum a ideia equivocada, a seu ver, “de que a conversão ao islamismo atingiu a todos os membros das sociedades em contato com mercadores árabes ou dos estados islâmicos em expansão de forma quase instantânea. As estratégias de conversão das elites comerciais ou governa- mentais e a posterior e gradual conversão da população são fenômenos apenas parcial- mente mencionados”. Comple- tando suas considerações, o autor ressalta que seria cor- reto afirmar não somente que houve islamização da África, mas, também, de que “o islã foi muitas vezes africanizado. Na arquitetura, nas formas teocráticas, nas interpretações alcorânicas, na convivência com as concepções cosmológi- cas locais, existiu uma par- ticipação ativa das sociedades da região sobre o islã”. (idem, ibidem). Anderson Oliva é pro- fessor da Universidade Federal de Brasília. colonial”, rompendo com um ideário que supõe ser a África envolta em imobilismo ou opacidade cultural antes do domínio europeu ou árabe. Critica também a utilização da expressão “África tradicional”, marcada pela influência dos estudos antropológicos dos anos 60 que, segundo o autor, não ajudam a qualificar a experiência plural, dinâmica e complexa das sociedades africanas. Carlos Moore também ajuda a entender alguns estereótipos presentes na história africana, como “Sabe-se que, na ótica materialista, hegemônica e linear do Ocidente e do Oriente Médio, a expressão ‘escrita’, a organização em ‘estados’ e a utilização de ‘moeda’ são sinônimos de inteligência, superioridade e civilização. Os povos que não cumpriram esses requisitos seriam, no olhar de muitos pesquisadores, ‘primitivos’ aborto da humanidade, aptos para o lixo histórico” (MOORE, 2008, 170). Em alguns casos, o que os autores classificam como “Pré-História” obedece à periodização européia em que o marco de advento da escrita é o divisor de águas. No uso da linguagem2 podemos verificar as marcas do colonialismo e da estereotipia que envolve a história e a cronologia mais convencionais do continente. Reconhecendo a sua complexidade, Carlos Moore divide a história do continente em seis marcos referenciais, a saber: • Antiguidade - dividida em Antiguidade Próxima (10.000 a.C até 5.000 a.C), Antiguidade Clássica (5.000 a.C até 200 d.C), Antiguidade Neo-clássica (200 a.C até 1.500 d.C)– desde a aparição das primeiras sociedades sedentárias, passando pelas civilizações afro-burocráticas como Kush, Axum e Egito até a aparição, apogeu e declínio dos Estados agrícolas como Gana, Kanem-Bornu, Mali, Mwenemotapa, Songoi, incluindo a influênciado império árabe e os tráficos escravistas pelo Saara e pelo Mar Vermelho. • Período Ressurgente - 1500 a 1870 - Período da aparição, apogeu e declínio dos Estados agro-burocráticos ressurgentes nos espaços civilizatórios como Kongo, Oyo, Walo, Tekrur, Macina, Segu, Kayor, Diolof, Kwazulu, Buganda, Bunyoro...). Período da dominação imperial européia e do tráfico escravista transoceânico pelo Atlântico (séculos XV a XVIII). 2 - Pense um pouco mais a respeito do poder da lingua- gem, lembrando que o uso de determinadas palavras ou expressões não é algo inocente ou despretensioso, mas uma escolha que traz conseqüên- cias para as representações que se criam acerca de uma realidade ou de um povo. É dessa forma que o uso de determinadas expressões tem contribuído para o processo de instituição de uma imagem subalternizada ou inferior- izada do continente africano e de sua história. Pense, por exemplo, no significado da expressão “pré-história” para se referir a uma fase da história africana. O quest- ionamento dessa expressão ultrapassa as discussões sobre a periodização da história deste continente, posto que a tomada da escrita como marco inaugurador da ‘história” da humanidade tem implicações que atingem inúmeros outros contextos, em que muitos povos são alijados da “história” por não possuírem registros escritos. O uso da expressão “pré-história” contribui para se criar uma imagem de primitivismo, atraso, de algo que “ainda não é”, ajudando a construir uma visão negativa a respeito de alguns povos e sociedades. Algo parecido acontece com o uso da palavra “Descolonização”. Aplicada ao movimento de libertação de países africanos em relação às metrópoles européias (meados do século XX), essa palavra sugere que os europeus teriam se “retirado” do continente o que, consequentemente, sug- ere o suposto errôneo de uma incapacidade do(s) africano(s) de assumir(em) seu destino nas mãos. Mas o movimento da história nos informa que os africanos também resistiram à presença européia: em várias regiões ocorreram lutas de in- dependência e não exatamente uma “descolonização”. Por isso, há autores que preferem chamar os movimentos de independência de países africanos de “Revoltas dos Colonizados” (SERRANO & MUNANGA, 1995). Você consegue perceber como as palavras são carregadas de significados? Essa também é uma forma interessante de reflexão sobre a história da África. As palavras expressam modos de compreender as realidades. E ainda há outras palavras tão negativas quanto essas e comumente aplicadas à África, como “tribos”, que pode contribuir para uma diminu- ição da importância de grupos sociais africanos, associando- 3 - J. Ki Zerbo, cunhou a expressão “roedura da África” para falar do processo de arbitrariedade e opressão presentes nas relações entre o Ocidente e a África desde o sé- culo XV, movimento reforçado pelo colonialismo europeu de fins do século XIX. Nesse processo, estava presente um forte racismo, um desprezo do Ocidente e uma negação da na- tureza humana dos africanos. os às idéias de primitivismo social e sugerindo um estado de confronto social perman- ente. Da mesma forma, o uso da palavra “dialetos” também reduz a importância de muitas de suas línguas, sugerindo que tratam-se de expressões locais pouco compreensíveis ou mesmo indecifráveis, o que é, também da mesma maneira, uma percepção etnocêntrica e pouco plural do continente. 4 - Estima-se que cerca de 35 líderes pan-africanistas e libertários africanos tenham sido assassinados ou depostos por golpes violentos no pós independência. A este processo de eliminação do poder e das próprias pessoas envolvidas com a liderança política em diferentes pontos do conti- nente africano no contexto de reconstrução do continente no pós independência Carlos Moore chamou de “decapita- ção” política. Segundo o autor, “nas primeiras décadas da descolonização, o continente africano perdeu seus mais im- portantes e talentosos líderes, estes foram substituídos por dirigentes politicamente inex- pressivos a serviço das grandes potências imperiais do planeta. (MOORE, 2008, p. 48). É pre- ciso também compreender a participação das polícias secre- tas dos países colonialistas no assassinato desses líderes mais independentes (MOORE, 2008, p. 48-56). • Período Colonial3 - Momento que vai de 1870 a 1960 - Período da colonização do continente africano. Lutas independentistas e “descolonização”. Surgimento da ideologia panafricanista nas diásporas africanas e na África. • Período Contemporâneo - Considera-se a contemporaneidade a partir de 1960 - do sonho libertacionista ao pesadelo neo- colonialista. Inclui as independências políticas africanas e a chamada decapitação política4 da África. Como se pode verificar, esta periodização compreende a África no contexto mundial, mas concebe a demarcação temporal fundamentalmente relacionada, primeiramente, às dinâmicas do continente. Mas é importante ter sempre em mente o fato de que em decorrência de uma série de fatores, dentre eles a dispersão, fragmentação e até mesmo escassez de fontes históricas, a história da África, sobretudo a África Antiga, é, em alguma medida, construída a partir de suposições relativamente apoiadas empiricamente (MOKHTAR, 1983, p. 12). Em Sala de aula É provável que você encontre diferentes formas de periodização nos livros didáticos! O que se pode aconselhar, nesse caso, é que você pense nas escolhas feitas e razões que levaram os autores a dividir a história do continente de uma ou outra maneira. Ajude seus alunos a fazer esse importante exercício: a pensar a periodização como arbítrio, como escolha e não como algo naturalmente dado ou como uma verdade imutável. Faça exercícios de manipulação das temporalidades com seus alunos, pensando, por exemplo, porque razões a temporalidade é desenhada na forma de linha (as convencionais linhas de tempo geralmente marcadas pelo marco central do nascimento de Cristo) ou mesmo como seta, indicando um final ou um rumo pré-determinado da história. Essas desconstruções podem ser muito enriquecedoras para que os alunos repensem a história e possam compreender o tempo de forma multidirecional em que não há necessariamente um rumo ou uma direção pré-determinada, nem mesmo uma única relação entre passado, presente, futuro. Espaços Africanos A África é um continente em que se manifesta quase toda a diversidade geográfica do planeta. O espaço africano foi historicamente construído a partir da intervenção humana e das apropriações das disponibilidades materiais e imateriais desse mesmo espaço. Você já imaginou quão diversas são as culturas do deserto, da savana e das florestas? Claro que a geografia não explica e define completamente as culturas humanas, mas ela é um dos elementos que favorece o florescimento de expressões culturais e opções de sobrevivência que terão influência, por exemplo, no tipo de alimentação, no tipo de habitação e nas relações humanas com os recursos materiais disponíveis. É comum encontrarmos livros que apresentam a África como continente dividido em dois. Essas Áfricas têm aspectos geográficos diferentes e são classificadas de maneira hierárquica, sendo uma considerada atrasada e outra adiantada: uma “África Negra”, (África Subsaariana, abaixo do Saara) apresentada como primitiva e regida por uma geografia impenetrável e indomável; e uma “África Branca” (norte do continente e não ocasionalmente próxima da Europa), tida por civilizada, culta e mais adiantada do ponto de vista cultural. Elas estariam irremediavelmente separadas pelo Deserto do Saara, um divisor que inviabilizaria o contato entre estes dois mundos. Comumente essaforma de pensar a África como dividida favorece a compreensão de que a chamada África Negra estaria condenada a viver na barbárie. Durante muito tempo, a própria ciência reforçou essa idéia de divisão radical da África em duas. Contudo, essa divisão não se sustenta, por inúmeros motivos. O deserto do Saara não é barreira intransponível. Longe de ser um empecilho, funciona como zona de trocas intensas entre a África do norte e a África subsaariana. É bom pensarmos que não existem duas Áfricas, mas muitas! A diversidade que caracteriza o continente não pode ser reduzida a dois grandes blocos, pois essa diversidade é muito maior. Não existem também povos sem cultura e sem história nas diferentes regiões africanas, pelo contrário! A representação do continente também já foi motivo de querelas, inclusive científicas. Observe os mapas a seguir. Fonte: Atlas Geográfico Escolar/IBGE. Rio de Janeiro: IBGE, 2002. In: SERRANO; WALDMAN, 2007, p. 39. Fonte: Atlas Geográfico Escolar/IBGE. Rio de Janeiro: IBGE, 2002. In: SERRANO; WALDMAN, 2007, p. 39. Essa projetão foi criada em 1973 pelo alemão Arno Peters procurando representar mais fielmente possível a superfície do planeta, implicitamente buscando a valorização da auto-estima dos países subdesenvolvidos. A partir desse ponto, notemos o quanto se altera, no sentido da veracidade, superfícies como as da América do Sul e da África. Mapa-múndi na Projeção de Mercator Mapa-múndi na Projeção de Peters Como a África foi vista e representada ao longo do tempo? Observe estas duas formas de representar o planisfério. Pense que os mapas não são o espelho da realidade ou a representação sempre fidedigna do real, mas representações convencionadas, a cada momento histórico, acerca do que e como representar. Na primeira representação, elaborada por Gerardus Mercator (1512-1594) no século XVI, a Europa está superdimensionada, a África e a Groenlândia figuram como territórios com extensão praticamente equivalente e a América do Sul está dimensionalmente menor do que a Groenlândia ou mesmo a Oceania. No segundo mapa, elaborado no contexto da geografia crítica do pós 1970, a superfície do planeta é redimensionada, com alteração significativa das dimensões e posições ocupadas no planisfério da África e da América do Sul. Este segundo mapa foi elaborado pelo historiador alemão Arno Peters, cuja preocupação era apresentar uma representação mais justa do mundo (SEEMANN, 2003). Sugerimos que a partir dos dois mapas você reflita sobre as representações cartográficas do mundo: elas não são neutras nem objetivas; elas criam formas de ver e pensar o mundo. Além disso, devemos considerar que o planisfério é uma das formas de representação da Terra, que tem um formato próprio, chamado geóide (uma esfera achatada nos pólos). Devemos lembrar que nesta forma de representação, aquilo que aparece no centro do planisfério também é fruto de opções convencionadas, assim como também é uma convenção o fato de que o chamado “hemisfério norte” esteja acima do chamado “hemisfério sul”. Você já pensou sobre isso? Por mais que o estabelecimento de convenções possa ser considerado uma necessidade, aquilo que se convenciona pode variar, dependendo das disputas e jogos de força entre diferentes países e regiões. Portanto, as representações que circularam – e circulam – sobre a África, não apenas os mapas, mas as muitas imagens e representações sobre diferentes aspectos de sua geografia física – e política – como é o caso da chamada geopolítica que divide o continente em dois grandes blocos, são também fruto de sua posição desfavorável no jogo de forças mundial dos últimos séculos, em processos históricos marcados por violenta espoliação material e humana do continente (não esqueçamos que mais de 11 milhões de africanos foram capturados somente para o tráfico atlântico dos séculos XVI ao XIX!). Tudo isso, nos leva a pensar: Em que medida estas diferentes representações cartográficas permitem que entendamos as tensões e conflitos capazes de conferir à África e de resto ao chamado Terceiro Mundo lugares específicos no mundo? Mais do que buscar revelar se elas são verdadeiras ou falsas, neste movimento interessa-nos pensar que elas expressam visões distintas sobre o continente africano, sobre o seu papel no mundo e sobre a sua importância. 5 - Considera o geógrafo Jörn Seemann, 2003, que Mercator não pensava (nem sabia) nas repercussões e impactos socio- culturais e políticos de suas projeções. Neste caso, alerta para o que poderíamos chamar de “usos” das ideias de Merca- tor no tempo, sobre o que o seu autor não teve controle ou predição, evitando-se uma interpretação anacrônica da obra de Mercator. 8 - A polêmica cartográfica em torno das duas representações pode ser mais bem enten- dida no artigo disponível em http://www.mercator.ufc.br/ index.php/mercator/article/ viewFile /159/127 em que o autor apresenta os interesses, desdobramentos e problemas técnicos e políticos envolvidos nos contextos de produção dos dois mapas, como também a polêmica gerada pela recepção – na história – de ambos. 9 - O que existem são dife- renças genéticas, culturais e físicas que são expressões de como somos diversos uns dos outros, sendo que cada agrupamento humano e, mesmo, cada indivíduo, pode ser considerado portador de qualidades e capacidades próprias, singulares. Portanto, as diferenças são reais entre os humanos de todos os continen- tes ou sociedades. Contudo, elas não podem ser parâmetros para hierarquizações, ou seja, para que pensemos que alguns grupos humanos são melhores do que outros por causa de suas características físicas ou suas manifestações culturais. E você, quais idéias e imagens lhe vêem à mente quando o assunto é África? Que tal incentivar os alunos a realizar uma pesquisa sobre o que as pessoas de suas famílias e grupos de convívio sabem e pensam a respeito de seus ancestrais africanos, e sobre o que sabem e pensam a respeito da África? Em Sala de aula Você sabia que ao valorizar as concepções prévias dos estudantes e seus familiares você está trabalhando com um interessante recurso pedagógico? Você poderá entender como seus alunos pensam, o que valorizam, em que acreditam e como você pode dialogar positivamente com as idéias que eles têm. Ref. Divisão política atual da África. In: MELO E SOUZA, Marina. África e Brasil africano. São Paulo: Ática, 2006. p. 17 Divisão política da África: uma história de conflitos e arbitrariedades Observe o mapa com a atual divisão política do continente africano. A população africana atual supera 800 milhões de habitantes, distribuídos em mais de 50 países. Contudo, não podemos dizer que todos esses países têm estruturas políticas estáveis e fronteiras construídas pela própria dinâmica do movimento e do deslocamento das populações africanas. Na história, a África conheceu a existência de vários “reinos” e “cidades-estados” que surgiram, se transformaram, chegando, alguns, à prosperidade... outros, à ruína. As atuais fronteiras entre os Estados africanos não foram o resultado de um processo histórico e cultural posto em prática por grupos da própria África. A África não foi sempre dividida dessa forma! As atuais fronteiras foram, em grande medida, definidas pela Conferência de Berlim, realizada em 1885, pelos países europeus que colonizaram o continente. Esse processo de colonização criou a atual cartografia política da África, separando e unindo grupos de forma arbitrária e cruel, povos distintos, por vezes inimigos históricos. Você pode imaginar quantos problemas foram criados em decorrência da separação forçada promovida no bojo do processo colonizatório da África por países europeus no final do século XIX? Pense o que significou a separação,por exemplo, de grupos culturalmente e historicamente afins e a reunião num mesmo país de grupos que falavam línguas diferentes e jamais haviam partilhado uma vida em comum, não raro com interesses antagônicos. Além disso, a experiência de integração de povos sob domínio e controle por um Estado centralizado também constituiu e em alguma medida ainda constitui violência simbólica e efetiva para muitos grupos e povos africanos. Em Sala de aula Incentive seus/suas alunos/as a localizar as atuais fronteiras entre países africanos, promovendo reflexões sobre o que o seu traçado representa. Para isso, monte um “quebra-cabeça” do continente: recorte o mapa, separando cada país e disponibilizando os vários “pedaços” do mapa do continente para os alunos, em uma folha de papel. Peça para tentarem montar o quebra-cabeça, reconstituindo, assim, o mapa do continente. Esse recurso ajuda os alunos a perceberem a diversidade de países, suas dimensões e fronteiras, algumas delas impostas pela colonização Européia no continente no século XIX, quando a África foi partilhada entre os países europeus colonizadores. A atividade pode ser uma oportunidade para o rompimento com ideias equivocadas como a de que a África é um país e não um continente, também possibilitando o debate a respeito das noções de fronteira e de país! Ao estudar com seus alunos as percepções deles, advindas de suas experiências sociais e culturais acerca da vivência da fronteira – como expressão geográfica e simbólica, você poderá também suscitar essa reflexão acerca dos impactos e desdobramentos advindos das diversas e variadas formas de demarcação de fronteiras na África, algumas delas completamente alheias às vivências sociais e culturais de cada região. É importante que a atividade seja acompanhada de reflexões sobre os significados dessa divisão política, sobre os processos históricos que levaram à atual divisão, com seus problemas e arbitrariedades, e ainda com as conseqüências que essa divisão traz, até os dias atuais, para a geração e perpetuação de conflitos entre diferentes grupos que habitam o continente. Os Estados africanos independentes, que surgiram depois da Segunda Guerra Mundial, em 1945, herdaram as linhas de fronteiras traçadas naquele momento de colonização. “Em outros termos, a base e a ‘ossatura’ dos novos Estados africanos foram constituídos, quase sempre, pelo aparelho administrativo criado pela colonização européia” (ARBEX JR, 2002). Com as independências, o poder político e militar transferiu- se das antigas elites metropolitanas para as elites nativas, comumente elites urbanas, algumas das quais vieram a instalar regimes autoritários, corruptos e que acabaram por tornar ainda mais dependentes do mundo ocidental as recém-nascidas nações africanas. É preciso também considerar o assassinato de líderes mais nacionalistas e o apoio europeu e norte-americano a estas elites chamadas “entreguistas” (MOORE, 2008), sempre tomando cuidado para os riscos dessas bipolarizações. Podemos dizer que a África tem topografia extremamente variada: savanas, regiões desérticas, semi-desérticas (Sahel), altiplanos, planícies, regiões de montanhas e de florestas. Toda essa diversidade se distribui em uma extensão territorial de mais de 30 mil Km², ou seja, cerca de 22% da superfície sólida terrestre. Observe essa variedade no mapa a seguir e pense nas infinitas formas de interação sociedade-natureza na variedade e dispersão territorial do continente. Em Sala de aula Este mapa da África pode ser trabalhado em associação com imagens das diferentes paisagens características de cada tipo de topografia. Uma idéia interessante consiste em transpor o mapa para um papel craft ou outro de tamanho grande e pedir aos alunos que o preencham com fotografias e/ou desenhos e/ou ilustrações de paisagens características de cada região. É importante lembrá-los de incluir, junto às paisagens, imagens de diferentes povos que habitam cada uma das regiões e imagens de centros urbanos, contribuindo para desmistificar as ideias de que a África é feita somente de paisagens naturais e de que é habitada por grupos que se confundem com a própria natureza. Ao manipular mapas em diferentes formatos e tamanhos, buscar imagens em revistas e internet, os alunos têm uma boa oportunidade Ref. Mapa físico da África, In: MELO E SOUZA, Marina. África e Brasil africano. São Paulo: Ática, 2006. p. 13 de desconstruir algumas idéias arraigadas, mas para isso é preciso que sejam orientados e alertados, pois a possibilidade de se depararem com imagens que apenas reforçam os estereótipos é sempre muito grande. Para Compreender mais a História e Cultura Africana Esse foi apenas um início de conversa sobre a África. Há algumas questões advindas de sua trajetória que o continente africano precisa de fato enfrentar, como por exemplo, a desigualdade social e a violação dos direitos humanos, em que ficam expostas, não raro, mulheres, crianças e idosos. Nas muitas Áfricas se pode encontrar, também, dependência econômica, desigualdade na distribuição de riquezas e precariedade do acesso a direitos de cidadania (MUNANGA, 2001, p.31). Mas tais questões não podem ser generalizadas para a toda a realidade africana, assim como sua abordagem não deve se constituir na única maneira de se estudar a história do continente. O reconhecimento das “muitas Áfricas” requer um trabalho pedagógico também pautado pela diversidade de abordagens e temas de estudo, capaz de evidenciar uma realidade múltipla e heterogênea. Por isso, não tenha receio de inventar e criar estratégias de reflexão a partir do que você conseguir encontrar: um mapa, um conto, uma música, um relato, uma reportagem... No trabalho pedagógico, é interessante estabelecer comparações e criar situações investigativas. Os materiais disponíveis podem ajudar a perceber como as sociedades africanas se transformaram no tempo-espaço, compondo cenários culturais dinâmicos e complexos, muito diferentes dos cenários estáticos e imutáveis que diversos livros didáticos e outros artefatos culturais – como filmes, fotografias, propagandas, etc. - costumam esboçar para a África. Os alunos, por fim, podem brincar com a rica história de um continente, que, mesmo separado de nós pelo Atlântico, está mais presente em nosso cotidiano, no nosso sentimento de pertença e na nossa imaginação do que possamos supor. Filmoteca Alguns filmes recentes28 para exibição e também para sua formação como professor/a disponíveis no mercado brasileiro • Kiriku e a feiticeira – Direção: Michel Ocelot, 1998 – desenho animado em que o protagonista é um menino africano às voltas com uma feiticeira má. Inspirado em conto africano, o filme é uma rara produção disponível em português para crianças. No site do CEERT há uma experiência premiada de utilização em sala de aula deste filme. Ver em http://www.ceert.org.br/modulos/educacao/edicoes.php • Mestre Humberto – Direção: Rodrigo Savastano. Brasil, 2005, 20 minutos. Um passeio pela Lapa, Campo de Santana e pela África. Mestre Humberto, doutor em percussão e poesia, profeta poliglota da Lapa. Nesse curta falado em português, alemão e quimbundo, ele toca, canta e cita Sócrates. Pode ser acessado no site: www.portacurtas.com.br • Maré Capoeira – Direção: Paola Barreto - Maré é o apelido de João, um menino de dez anos que sonha ser mestre de capoeira como seu pai, dando continuidade a uma tradição familiar que atravessa várias gerações. Um filme de amor e guerra. In: www.portacurtas.com.br • Instrumentos africanos – Bira Reis, um especialista. Documentário. Direção: Júlio Worcman, 1988. Na Feira do Interior 1988, que reuniu em Salvador atrações dos diversos municípios da Bahia, o mestre Bira Reis apresenta sua pesquisasobre curiosos instrumentos africanos. In: www.portacurtas.com.br • Som da Rua – Vodu. Direção: Roberto Berliner, 1997, 2 minutos. Miriam Laveau é uma sacerdotisa vodu de Nova Orleans, herdeira creole das mais antigas tradições africanas. Aqui ela apresenta os cânticos vodus que falam da liberdade, mas para Miriam a liberdade, como ela aconteceu, só tornou as pessoas escravizadas. Pode ser acessado no site: www.portacurtas.com.br • Amistad – Direção: Steven Spielberg – Baseado numa história real, o filme conta a viagem de africanos escravizados que se apoderam do navio onde estavam aprisionados e tentam retornar à sua terra natal. Quando o navio, La Amistad, é capturado, os africanos são levados aos Estados Unidos, acusados de assassinato e aguardam sua sentença na prisão. Inicia-se então uma contundente batalha, que chama a atenção de todo o país, questionando a própria finalidade do sistema judicial americano. • Hotel Ruanda – Direção: Terry George. Em meio a um conflito que matou quase um milhão de pessoas em menos de 4 meses, em Ruanda, a biografia de um gerente de um Hotel em meio à luta para salvação de pessoas. O filme possibilita refletir sobre a herança colonial belga em Ruanda, o papel da ONU e os desafios implicados para superação do trauma pós-colonial. • Um Grito de Liberdade – Nos anos 1970, na África do Sul do apartheid, Donald Woods (Kevin Kline) é um jornalista branco que conhece e se torna amigo de Stephen Biko (Denzel Washington), o importante militante pelos direitos dos negros. Quando Biko é morto na prisão, em 1977, Woods percebe a necessidade de divulgar a história do ativista, a perseguição que sofreu, a violência contra os negros, a crueldade do regime do apartheid. Mas ele e sua família também se tornam alvos do racismo, e precisam deixar o país às pressas • Atlântico Negro: na Rota dos Orixás – Direção – Renato Barbieri, 1988. O documentário Atlântico Negro: nas rotas dos Orixás aborda a importância da história e cultura africana para o Brasil. O documentário evidencia a semelhança existente entre estes povos, sobretudo nos campos da religiosidade, da musicalidade, da língua, dos hábitos alimentares, da estrutura familiar e das manifestações culturais. Durante as cenas do filme são desconstruídas visões etnocêntricas e de censo comum sobre o continente Africano. A idéia de um território que vive em constante estado de guerras étnicas e civis, de fome e total miséria é desmistificada para mostrar a profunda experiência cultural da África e os intercâmbios ainda hoje em curso com o Brasil. • Nas montanhas da Lua – Direção: Bob Rafelson. 1990. Baseado no livro de William Harrison. Em 1850 dois oficiais britânicos começam uma aventura para descobrir a fonte do Nilo. O filme aborda os diferentes interesses em jogo no longo processo de exploração científica levado a cabo por sociedades científicas européias em direção ao continente africano, evidenciando as representações sobre o continente e a relação desigual entre as culturas européia e africana no curso desta história. • O elo perdido – Direção: Ficção. Expedição científica européia do século XIX captura dois pigmeus tidos por exploradores como o elo perdido. O casal capturado passa a ser estudado por cientistas que se utilizam do aparato científico do século XIX (craniometria, biometria e antropologia física) para comprovação de sua polêmica (posteriormente superada) hipótese a respeito do lugar dos pigmeus africanos na narrativa da evolução humana. • TV Escola – vídeos de 1 a 20 minutos, produzidos no âmbito do Programa TV Escola, MEC, disponíveis para download em www. dominiopublico.com.br Há uma série especial História e cultura africana e afro-brasileira. • O Jardineiro Fiel – Drama. Direção de Fernando Meirelles, 2005. Adaptação do livro de John Lé Carré. O filme permite problematizar o tema da exploração da população africana pela indústria farmacêutica. Sites Sugestões de sites para você visitar alguns centros de estudos do Brasil sobre história e cultura da África. • Centro de Estudos Africanos, Universidade de São Paulo.( www.fflch.usp.br/cea/ ) • Centro de Estudos Afro-Orientais, Universidade Federal da Bahia. ( www.ceao.ufba.br ) • Centro de Estudos Afro-Asiáticos e Centro de Estudos Afro-Brasileiros, Universidade Cândido Mendes, Rio de Janeiro ( www.ucam.br ) • África e Africanidades - ( http://www.africaeafricanidades. com/index.html ) • Casa das Áfricas – ( www.casadasafricas.org.br ) Paradidáticos sobre História e Cultura Africana Nos últimos anos, pode-se observar um crescimento de produções paradidáticas e de literatura que abordam aspectos diversos da história e cultura dos povos africanos. Veja alguns exemplos de materiais que estão disponíveis no mercado e que podem contribuir para os estudos sobre África junto a crianças e adolescentes: Obras que tratam de aspectos diversos da história da África e da presença africana no Brasil: • “Histórias da Preta”, de Heloísa Pires de Lima, publicada pela Cia. das Letrinhas, em 1998: a obra se propõe reunir “informação histórica, reflexão intelectual, estímulos ao exercício da cidadania e historinhas propriamente ditas (tiradas da mitologia africana, por exemplo)”. Foi premiada com o título “Altamente Recomendável” pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil – FNLIJ, em 1998. • “Agbalá, um lugar continente”, da artista plástica Marilda Castanha, inicialmente publicada pela Editora Formato, em 2001, foi reeditada pela Editora Cosac Naify, em 2008. A obra intercala pequenos textos com belíssimas ilustrações, que retratam, além de aspectos da vida cotidiana de escravos e da população afro-descendente, um pouco do universo mítico e simbólico desses sujeitos. A autora dá um destaque para as religiões de matriz africana, evidenciando o empreendimento de uma pesquisa cuidadosa sobre simbologias, rituais e seus significados. Ao final da obra, apresenta pequenos textos informativos sobre aspectos diversos da história africana e afro-brasileira, relacionado-os com episódios da história brasileira, em geral. Obras que reproduzem contos da tradição oral africana • O escritor Rogério Andrade Barbosa morou na África e recolheu diversos contos, mitos e lendas originários de diferentes grupos étnicos africanos, a partir dos quais escreveu várias obras para crianças e jovens. Entre suas várias obras, vale a pena conhecer uma série ilustrada pro Graça Lima e publicada pela Difusão Cultural do Livro – DLC. A série tem como características um cuidadoso projeto gráfico e edição de boa qualidade, com papel brilhante, belas ilustrações e texto introdutório com dados sobre o conto, o povo de onde provém e sua localização em mapa do continente africano. São títulos desta série: ◦ “Duula, a mulher canibal” - (1999): reúne contos da tradição oral somali; ◦ “Como as histórias se espalharam pelo mundo” - (2002): conto de literatura oral do povo Ekoi, Nigéria; ◦ “O filho do vento” - (2003); conto de literatura oral dos bosquímanos, povo do deserto do Kahahari; • “Histórias africanas para contar e recontar”, também de Rogério Andrade Barbosa e ilustrações de Graça Lima, publicado pela Editora do Brasil, em 2001. • Coleção Árvore Falante, publicado pela Editora Paulinas: ◦ “Contos africanos para crianças”, de Rogério Andrade Barbosa, ilustrações de Maurício Veneza, 2004; ◦ “Outros contos africanos para crianças brasileiras”, de Rogério Andrade Barbosa, ilustrações de Maurício Veneza, 2006; ◦ “Ulomma: a casa da beleza e outros contos”, do autor nigeriano Sunday Ikechukwu Nkeechi, ilustrado por Denise Nascimento (2006); ◦ “Sua magestade, o elefante”, de Luciana Savaget, ilustrações de Rosinha campos; ◦ “Histórias trazidas por um cavalo marinho”, Edimilsonde Almeida Pereira (2005) • “Gosto de África: histórias de lá e daqui”, de Joel Rufino dos Santos, ilustrado por Cláudia Scatamacchi e publicado pela Global, em 1998 (com a 4ª edição em 2005): traz “mitos, lendas e tradições negras”, alternando o cenário africano e brasileiro. • “Era uma vez na África”, de Jean Angelles e Gleydson Caetano (ilustrador), publicado pela LGE, em 2006, traz “adaptação de fábulas e histórias do folclore africano”. • “O Baú das histórias: um conto africano recontado e ilustrado por Gail E. Haley”, da Global (2004); • “Bruna e a galinha D´Angola”, de Gercilga de Almeida, com ilustrações de Valéria Saraiva, publicada pela EDC e Pallas, em 2000, que se destaca pelas belíssimas ilustrações; • “Sikulume e outros contos africanos”, uma adaptação de Júlio Emílio Braz, ilustrado por Luciana Justiniani, publicado pela Pallas, em 2005; • “Que mundo maravilhoso”, de Julius Lester & Joe Cepeda, traduzida por Gilda de Aquino e publicado pela Brinque-Book, em 2000; • “Os comedores de palavras”, de Edimilson de Almeida Pereira e Rosa Margarida de C. Rocha, publicado pela Mazza, em 2004; • Coleção Mama África, publicada pela Editora Língua Geral: ◦ “Debaixo do arco-íris não passa ninguém” - reune poemas escritos a partir de canções, provérbios e adivinhas da tradição oral dos povos nganguela, tchokwé e bosquímano (de Angola), escrito por Zetho Cunha Gonçalves e ilustrado por Roberto Chichorro, 2006; ◦ “O filho do vento”, de José Eduardo Água Lusa e Antônio Olé (ilustrador), 2006. ◦ “O homem que não podia olhar para trás”, de Nelson Saúte e Roberto Chichorro (ilustrador), 2006; ◦ “O beijo da palavrinha”, de Mia Couto e Malangatana (ilustradora), 2006; Obras que abordam aspectos diversos da religiosidade de matriz africana: • “Iansã: a deusa da guerra”, de Fábio Lima e Thiago Hoisel (ilustrador), publicado pela EDUNEB, 2006; • Trilogia “Mitologia dos Orixás para Crianças e Jovens”, publicada pela Companhia das Letrinhas, com textos de Reginaldo Pranti e ilustrações de Pedro Rafael. Reginaldo Pranti é professor de sociologia da USP e escritor premiado pelo Ministério da Cultura, CNPQ e SBPC, por sua contribuição à preservação da cultura afro-brasileira. ◦ “Ifá, o adivinho: histórias de deuses africanos que vieram para o Brasil com os escravos” (2002): primeiro livro da trilogia, recebeu o prêmio de Melhor Livro Reconto, pela Fundação Nacional do Livro Infantil, e Juvenil – FNLIJ, em 2003; ◦ “Xangô, o trovão: outras histórias dos deuses africanos que vieram para o Brasil com os escravos” - (2003); ◦ “Oxumaré, o arco íris: mais histórias dos deuses africanos que vieram para o Brasil com os escravos” - (2004). Obras que apresentam histórias diversas, envolvendo cenário e personagens africanos, no passado e no presente: • “Doce princesa negra”, de Solange Cianni e Felipe Massa Fera (ilustrador), publicado pela LGE, em 2006 (Série “Orgulho da raça”); • “Os sete novelos de Kwanzaa”, de Ângela Shelf Medearis e Daniel Minter (ilustrador), publicado pela Cosac Naify, em 2005; • “As tranças de Bintou”, de Sylviane Diouf e Shane W. Evans (ilustrador), publicado pela Cosac Naify, em 2004; • “A África, meu pequeno Chaka”, de Marie Sellier e Marion Lesage, traduzido por Rosa Freire D´Águiar, publicado por Cia. Das Letrinhas, em 2006; • “Meu avô, um escriba”, de Oscar Guelli, ilustrado por Rodval Matias, publicado pela Ática, em 2006, que traz a história de uma menino egípcio, educado por seu avô para ser um escriba; • “Amkoullel, o menino Fula”, de Amadou Hampatê Ba, tradução de Xina Smith Vasconcelos, publicado pela Casa das Áfricas e Pallas Athena, em 2003, que conta a história de um menino que vive na região das savanas, ao sul do Saara, e se transforma em mestre da história oral e especialista no estudo das sociedades negras africanas das Savanas; Referências Bibliográficas ADÉLÓYÁ, Olúmúyiwá Antonhy. Yorùbá: tradição oral e história. São Paulo: Terceira Margem, 1999. ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos viventes; formação do Brasil no Atlântico sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. APPIAH, Kwame Anthony. Na casa de meu pai; A África na filosofia da cultura. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997. ARBEX JR. “Nova África”, velho império. Revista Caros Amigos, Edição 66, set. 2002. 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