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Tipos de partos

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Medos e Mitos no Parto Normal 
Muito provavelmente não existe assunto mais envolto em medos, tabus e mitos do que o tema “parto”.  Quem está ou já esteve grávida um dia sabe bem o que é ouvir da manicura, da vizinha ou de conhecidos próximos, histórias tenebrosas sobre bebês que morrem na barriga, dos bebês que ficam com paralisia cerebral por causa do parto, do líquido que seca, do cordão em volta do pescoço que sufoca o bebê e por aí vai.A mensagem por detrás das linhas é o de que as mulheres de hoje são mesmo incapazes de parir seus filhos em segurança e que passar pelo parto normal é algo extremamente perigoso e antiquado. De fato, se fosse mesmo assim, nossos antepassados seriam todos paraplégicos, teriam cabeças tortas ou a espécie humana teria simplesmente se extinguido.Pensando em proteger nossos ouvidos e nosso coração de tamanho “ataque” e fortalecer escolhas conscientes, vamos desvendar aqui alguns mitos que cercam o parto normal, tendo como norte as evidências científicas e algum conhecimento sobre fisiologia do parto.
Falta de dilatação – “Meu útero não dilatou e teve que ser cesárea.”Tecnicamente falta de dilatação não existe. Existem tempos diferentes para cada mulher dilatar. É muito comum ver mulheres chegando cedo demais no hospital, ainda em pródromos ou em um falso trabalho de parto.  Pode acontecer sim uma evolução difícil da dilatação, ou uma dilatação que estaciona em alguns cm e não vai para frente. Provavelmente alguma “interferência” do ponto de vista emocional ou até mesmo do ambiente externo (excesso de luzes e pessoas observando, ar condicionado forte, clima tenso) pode estar interferindo negativamente e caberia à assistência eliminar tais estímulos e ajudar a mulher a enfrentar seus medos e ir em frente.
Cordão umbilical enrolado – “O cordão estava em volta do pescoço do bebê, se fosse parto normal ele iria se enforcar e morreria.
Pra começo de conversa mais de 30% dos bebes nascem com circular de cordão e nascem de parto normal muito bem, obrigado. O cordão umbilical é bem comprido e é preenchido de uma gelatina elástica e todo torcido, preparado justamente para não interromper o fluxo de sangue se for dobrado ou enrolado. O bebê recebe oxigênio através do sangue que passa pelo cordão umbilical e não respira pelos pulmões justificando que iria sufocar, enforcado no cordão.  Pode acontecer alguns casos raros (bem raros mesmo) de haver um cordão umbilical curto demais, o que impediria a saída do bebê do útero se estivesse com circular. Isto seria detectado durante o trabalho de parto (pela escuta dos batimentos cardíacos do feto) e aí sim uma cesárea seria necessária e bem vinda.
Medo da dor - Muitas mulheres dizem que não conseguiriam passar por um parto normal por serem muito sensíveis à dor.Na verdade não sabemos como é a dor do parto antes de passar por ela. Não sabemos como iremos reagir. A dor do parto é sábia, vem em ondas dando um intervalo de descanso entre uma onda e outra, nos permitindo recuperar as forças. A dor faz com que o organismo libere diversos hormônios fundamentais para este período, que irão interferir até mesmo na amamentação. Um destes hormônios é a endorfina, que é um analgésico natural. Nos sentimos como atletas no final de um grande jogo. Mesmo com dor, mesmo com contusões, seguimos adiante em busca da vitória e do grande prêmio que é ter o bebê nos braços no final da partida. O processo da dor permite que nos descubramos cada vez mais fortes e capazes. Quantas mulheres não se surpreendem com a força que têm depois de um parto! E esta força nos garante muita confiança para cuidar de um recém-nascido. Vale a pena tentar e conhecer de perto as diversas técnicas de alivio de dor e desconforto como o uso da água, posições, massagens e até mesmo a anestesia na fase final do parto.
Cesárea é um procedimento indolor – “Tenho muito medo da dor do parto, então já marquei a data da cesárea.”
Eis um grande mito. O corte da cesárea geralmente dói de forma contínua por algumas semanas ou até meses depois do parto.  Bem quando precisamos estar inteiras para cuidar do bebê. Vale a pena lembrar que uma cesárea é uma cirurgia de grande porte, corta sete camadas de tecido, incluindo o músculo abdominal. No momento da cirurgia, estamos anestesiadas, mas geralmente sentindo todo o processo de abrir e mexer com o bebê e com o útero, sensação que pode ser bastante aflitiva para muitas mulheres.
Bacia estreita ou bebê grande demais.
A idéia aqui é que a cabeça do bebê seria maior do que a bacia da mãe e não poderia passar pelo canal de parto. Esta desproporção pode até acontecer, mas em alguns casos raros. O fato é que é tecnicamente impossível saber se o bebê não vai passar antes que o trabalho de parto tenha começado e a dilatação esteja completa. Ou seja, só é possível diagnosticar um caso real de desproporção entre cabeça do bebê e pelve da mãe, no final do trabalho de parto. E, mesmo que se encaminhe para a cesárea, mãe e bebê tiveram muitos ganhos, do ponto de vista hormonal e psíquico, por terem passado pelo trabalho de parto.
Parto demorado – A idéia aqui é que se um parto for muito demorado o bebê estaria correndo sério risco de vida.
Na verdade não existe um padrão de tempo pré-determinado para o parto acontecer. Cada mulher tem um tempo próprio para parir. Um parto pode demorar 1 hora como pode demorar 3 dias.
O que interessa é avaliar adequadamente se os sinais vitais do bebê e da mãe estão bem, o que se faz pela escuta dos batimentos fetais e da pressão e vitalidade da mãe. Enquanto estes sinais estiverem num padrão tranqüilizador, então o parto está no tempo certo. Parto normal “estraga” a mulher – A idéia aqui é de que a passagem do bebê pela vagina alargaria o canal de parto, deixando a mulher “alargada” e  interferindo negativamente no prazer sexual do casal.
Eis um grande mito. O canal por onde passa o bebê é como um diafragma , a vagina e o períneo (musculatura que envolve a entrada da vagina e ânus) são grandes e fortes músculos e sendo assim, tem a capacidade de relaxar e contrair, voltando ao tamanho normal ou muito próximo ao normal depois do parto.  A vivência do parto e a percepção de que é possivel utilizar esta musculatura pode melhorar e muito a vivência sexual da mulher e de seu parceiro. A melhor forma de prevenção da frouxidão da vagina ou da bexiga é através de exercícios que podem ser feitos com o períneo.  Evitar o parto normal ou submeter-se a episiotomia - corte cirúrgico feito na vulva e vagina para acelerar o parto – para evitar de ficar “ alargada” é um grande mito cultural hoje impregnado em nossa sociedade e que vem sendo lentamente revisto pela literatura científica.
Mais mitos e medos ainda povoam a idéia de parto na nossa cultura atual. Falar sobre todos daria certamente um extenso livro. Mas vale aqui lembrar que o gênero humano teve mais de 2 milhões de anos para aperfeiçoar a fisiologia da gestação e do parto. Se herdamos defeitos, herdamos também soluções adaptativas. Talvez jogar luz do conhecimento sobre mitos e medos culturais da nossa atualidade seja um caminho necessário para os dias atuais. Medo de sentir dor, de danificar a musculatura da vagina, de ver o bebê se enforcar no cordão umbilical ou o desejo de programar a data do parto. Essas são as principais questões levantadas pelas mulheres grávidas que decidem pela cesariana. A opção cirúrgica é muito frequente no Brasil: de acordo com o Ministério da Saúde, no ano passado, dos 3 milhões de partos no país, 52% foram cesarianas. A média está bem acima de índices de países da Europa (25%) e do porcentual considerado ideal pela Organização Mundial da Saúde (15%). Porém, em alguns casos, a cirurgia é mesmo necessária. Desvendamos abaixo nove mitos e verdades sobre cesariana:
1. O parto cesariano pode ser agendado ou adiantado?EM TERMOS. De acordo com a pesquisa Nascer, coordenada pela Fundação Oswaldo Cruz, 34% das cesáreas feitas no Brasil ocorrem sem a mulher ter sinal de trabalho de parto. O levantamento aponta que 28% delas não têm doença ouproblema que indicasse a cirurgia – ou seja, ela é feita na maioria das vezes por opção da gestante ou do médico. O médico obstetra Victor Bunduki, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), explica que a cesárea pode salvar a vida da mãe e do bebê. “Fazemos essa opção quando a criança é muito grande ou está em situação de risco, se há infecções, e em grávidas com diabetes”, diz. O problema é quando a cirurgia é feita de forma indiscriminada, principalmente nos partos eletivos, ou seja, totalmente programado. Por que isso acontece? Cláudio Bunduki, professor do departamento de ginecologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) aponta uma das razões: a série de mitos em relação ao parto normal. “Por medo, elas optam pela cesariana, acreditando que é mais fácil e seguro”, diz. Algumas mulheres, no entanto, optam pela cesárea por desejarem escolher o dia e horário do nascimento do bebê por acreditarem que a data poderá refletir na numerologia ou escolha de signo. Programar o nascimento de um bebê desta maneira pode ser muito perigoso. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o trabalho de parto de baixo risco é feito entre 37 e 42 semanas de gestação. Mas isso não quer dizer que toda criança esteja preparada para deixar o ventre materno antes dos últimos dias desse período mais seguro. Os pulmões do bebê, por exemplo, completam o desenvolvimento nos últimos dias de gestação. Alguns dias (a mais ou a menos) fazem muita diferença no desenvolvimento do bebê. É claro que existem exceções quando a gestação passa das 39 semanas ou, então, quando há realmente um motivo de saúde da mãe para que uma cesárea seja feita.
2. Se eu não fizer cesárea, o bebê pode ser enforcado pelo cordão umbilical?MITO. Há um aparelho que monitora as batidas do coração do feto durante todo o trabalho de parto. Ele indica se o cordão está apertando o bebê.
3. A recuperação da cesariana demora mais?VERDADE. A cesárea é uma cirurgia de médio porte. O médico faz um corte profundo para chegar ao útero. Há internação de três a quatro dias, uso de remédios e antibióticos, além da espera de uma semana para retirar os pontos. No parto normal, a recuperação acontece logo após o nascimento do bebê, e a alta ocorre entre um e dois dias.
4. Se o bebê é muito grande, devo optar pela cesárea? EM TERMOS. Se houver dificuldades para a criança passar pela bacia da mãe, a cesárea pode ser a melhor solução. Porém, o parto pode ser iniciado de modo normal.
5. Posso evitar as dores do parto fazendo uma cesárea?
VERDADE. Se a gestante ainda não entrou em trabalho de parto e a cesárea é agendada, não há dor nenhuma durante o procedimento. No entanto, o pós-operatório é mais demorado e doloroso. Há maior risco de infecção materna e de problemas respiratórios no bebê.
6. O parto natural provoca alterações na vagina que prejudicam a vida sexual?
MITO. Nesse caso, o medo é de perder a tonicidade muscular da vagina e do períneo. Mas, com exercícios bem orientados antes e depois do parto, é possível preparar bem essa musculatura para ter a elasticidade necessária à passagem do bebê e, depois, para recuperar o seu tônus.
7. A cesárea é mais cara do que o parto normal?VERDADE. Na rede pública as gestantes não pagam as despesas do parto, seja ele normal ou cesárea. Para quem vai usar a rede particular, os gastos são mais elevados.
8. Se eu fizer cesárea uma vez, não poderei mais optar pelo parto normal?
MITO. A cicatriz feita na cesárea não vai se romper se o próximo filho nascer de parto normal. Se a mãe e o feto estiverem bem, o próximo bebê pode nascer pela via genital.
9. Gestantes com pressão alta não podem fazer parto normal?VERDADE. De acordo com o médico Cláudio Bunduki, a hipertensão é uma das indicações maternas para a realização de cesárea. “Quando há descontrole da pressão, a mãe corre risco de vida”, diz ele
O maior número de cesáreas agendadas também coincide com o aumento de bebês prematuros, já que a idade gestacional não pode ser calculada com exatidão. Isso faz com que nascimentos ocorram muito antes do recomendado, algo associado a problemas respiratórios no bebê. O parto normal traz benefícios para o bebê e a mãe. Durante o parto, a mãe produz os hormônios oxitocina, que estudos indicam ser capaz de proteger o recém-nascido de danos no cérebro e ajudar no amadurecimento cerebral, e prolactina, que favorece a amamentação. “O parto normal é um processo fisiológico normal. Não há por que transformar isso num procedimento cirúrgico sem necessidade“, Uma situação em que a cesárea costuma ser pré-agendada no Brasil é quando o bebê está “sentado” na barriga da mãe. Isso gera o risco da sua cabeça ficar presa na pélvis da mãe. Mas a cesárea não é a única saída. O médico pode tentar, durante a gestação, colocar manualmente o bebê de ponta cabeça, posição mais indicada para o nascimento, por meio de uma manobra conhecida como versão externa. Uma dos mitos mais frequentes na indicação de cesariana é o bebê estar com o cordão umbilical enrolado no pescoço. “O cordão é como um fio de telefone: para enforcar a criança, seria necessário muito esforço“, diz Sá. “De qualquer forma, quando ela desce pelo canal vaginal, o cordão vai se desenrolando.”Na verdade, são poucas as situações que podem ser solucionadas apenas pela cesariana, segundo os médicos consultados para esta reportagem. Uma delas é quando a placenta se desloca e bloqueia a saída do bebê, fenômeno conhecido como placenta prévia total. A força feita pela criança ao tentar nascer pode causar uma hemorragia grave e o óbito da mãe e do filho.Outro caso é a hipertensão desenvolvida pela mulher durante gestação, a eclampsia. “Se a mãe é diabética grave, também é preciso fazer cesárea“, afirma Etevino Trindade, presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Quando a gestante tem um problema de coração grave, a cirurgia deve ser feita.Ainda estão nessa categoria grávidas portadoras do vírus HIV que tenham uma carga viral alta e imunidade baixa ou com uma lesão de herpes genital ativa no fim da gestação (a cesárea evita o contágio do bebê) e o descolamento prematuro da placenta, que gera risco de sangramento excessivo.
Médicos brasileiros estão revoltados com estímulo ao parto normal? Mais essa agora! Acabo de desligar o telefone após longa conversa com um amigo meu, médico-obstetra. Ele está revoltado com os desmandos desse governo. Pois agora, depois da absurda medida que trouxe médicos estrangeiros para nossa pátria amada Brasil, querem acabar de vez com seu ganha-pão: criaram novas normas para estimular o parto normal. Como primeira atitude, os planos de saúde poderão deixar de pagar por cirurgias cesarianas desnecessárias. Desnecessário, para o governo, é todo parto cirúrgico agendado. Caramba, e como fica o meu amigo? E o obstetra que fez o parto da minha primeira filha? Coitados, eles também são gente. Qual é a medida agora? Respeitar as regras do corpo da mulher? Esperar um trabalho de parto por horas e horas? Como fica a vida social do meu amigo? Não dá, isso vai prejudicar a atribulada agenda dele, com dez a quinze partos agendados por semana, tudo bonitinho. Essa história é muito caótica, ele tem contas a pagar, afinal de contas. E se um bebê resolve nascer no meio de suas férias no Caribe, como é que fica? Meu amigo está muito ofendido, pois Arthur Chioro, o ministro da Saúde, chamou de epidemia a quantidade de cesáreas que vêm ocorrendo no país. Só porque 84,5% dos partos na rede privada são cirúrgicos. A Organização Mundial da Saúde – OMS recomenda no máximo 15%, mas quem confia nela, não é mesmo? É a mesma organização que diz que o ideal é que se amamente até os dois anos de idade, mas alguns médicos não se fazem de rogados em mandar tascar o leite em pó no bebê aos quatro meses, não é isso? Ah, não dá pra confiar, prefiro continuar ouvindo o médico da minha família, o mesmo que mandou ela tomar suco de laranja aos três meses para já se acostumar.Minha filha, por exemplo, nasceu de 36 semanas,em um parto cirúrgico agendado. Pela idade gestacional ela poderia ser considerada quase prematura.Ao ser arrancada da barriga da minha mulher ela não chorou. Talvez quisesse dormir mais um pouquinho. Mas não tem problema, meu amigo explicou que Deus ajuda quem cedo madruga.Quem quer uma filha preguiçosa?Claro, ela teve uns probleminhas respiratórios por causa disso, precisou ficar 14 horas longe dos pais. Infelizmente isso impossibilitou que pudéssemos pegá-la no colo no momento do nascimento. Ela ficou no oxigênio o tempo todo e minha esposa, impossibilitada de se levantar por conta da cirurgia, só pôde vê-la no dia seguinte, enquanto todos os parentes já tinham visitado o berçário e conhecido nossa filha.Mas como meu amigo disse, ossos do ofício… “Ela tá bem hoje, não tá?”. É verdade. Ela está. Mas ouvi dizer que parto cesariana triplica o risco de morte materna e aumenta em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios para o recém-nascido (como minha filha teve). “Isso é coisa de esquerdista, intriga dos opositores“, bradou meu amigo.Para ele, o parto cesárea agendado é melhor pra todo mundo.É melhor para ele, que consegue deixar a agenda organizadinha, bem como a conta bancária. É melhor para os parentes, que conseguem se preparar para vir em caravana visitar o bebê. É melhor para a família, que consegue montar o enxoval em Miami sem dor de cabeça. Só não é muito bom para o bebê. Nem para a mulher. Como minha esposa, que teve uma leve hemorragia na hora da cirurgia, e que por isso me deixaram na sala de espera, sem poder vê-la, em cerca de 90% do procedimento. Quando cheguei à sala de parto minha filha já estava nascendo.Basicamente, não acompanhei nada. Nem ela, que estava passando mal e não podia virar de lado para se livrar das náuseas.O parto normal é muito bom, mas é quase impossível de atingir as condições ideais. O bebê pode estar sentado, o cordão umbilical pode estar enrolado no pescoço dele, a mãe pode desenvolver a bactéria streptococcus. Aí não tem jeito, tem que ser cesárea, disse meu amigo.Estranhei um pouco, pois já tinha lido que nenhuma dessas situações tornava obrigatório um procedimento cirúrgico. E mais, expliquei a ele que 70% das mães em início de gestação têm preferência pelo parto normal, mas que acabavam em uma cesárea no fim das contas, provavelmente convencidas “amigavelmente” por alguém. Talvez pelo médico? Meu amigo ficou nervoso com essa suposição.Pedi para colocar a mão na consciência. Veja bem, meu amigo, procure entender.Expliquei para ele a situação da minha família. Nosso obstetra, por exemplo, falou que o parto normal era uma maravilha mesmo, e que ele sabia como conduzir um. Mas conforme a gestação avançou, foram surgindo vários pequenos motivos para que não ocorresse. E nós, pais de primeira viagem, sem muita orientação, acreditamos. Aliás, ficamos com medo. Pois o ponto não é dar uma escolha: é amedrontar mesmo. É fazer parecer que a escolha é nossa. Ou, como ele mesmo disse, “se fosse minha filha, eu faria cesárea“. Aí não tem como fazer diferente, né?Claro, depois descobrimos que era tudo balela. Que todos os partos que ele fez e faz são cesáreas, assim como os do meu amigo obstetra. Nisso ele murchou um pouquinho. Por fim, revelou: eu não sei mais como se conduz um parto normal. Esqueci. Mas é que cesárea realmente é melhor, me disseram na faculdade.Não tenho dúvidas, meu amigo. 
A violência obstétrica contra as mulheres
Apesar do termo violência obstétrica ser relativamente novo, além de denunciar, muitas mães têm trocado experiências e divulgado os casos nas redes sociais para que outras mulheres não passem pelo mesmo sofrimento Giovanna Balogh, Blog Maternar
Mulheres são diariamente vítimas da chamada violência obstétrica em consultórios e hospitais das redes pública e privada de saúde. Muitas parturientes não sabem dos seus direitos no pré-natal, na hora do parto e no pós-parto e constantemente sofrem com agressões físicas ou emocionais por parte dos profissionais de saúde.É considerada violência obstétrica desde a enfermeira que pede para a mulher não gritar na hora do parto normal até o médico que faz uma episiotomia indiscriminada – o corte entre o ânus e a vagina para facilitar a saída do bebê . Apesar de a OMS (Organização Mundial da Saúde) determinar critérios e cautela para a adoção do procedimento, médicos fazem a prática de maneira rotineira. A obstetriz Ana Cristina Duarte, do Gama (Grupo de Maternidade Ativa), estima que entre 80% a 90% das brasileiras são cortadas durante o parto normal. “Sabemos que há evidências de que não é necessário mais cortar as mulheres. As mulheres são cortadas sem o consentimento delas e isso é uma violência obstétrica”, comenta.De acordo com a pesquisa “Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado”, divulgada em 2010 pela Fundação Perseu Abramo, uma em cada quatro mulheres sofre algum tipo de violência durante o parto. Por conta do grande número de denúncias que tem recebido, o Ministério Público Federal decidiu instaurar nesta semana um inquérito civil público para apurar esses casos.Segundo o MPF, algumas denúncias “demonstram o desrespeito” a essas mulheres. Para Ana Cristina, o número da pesquisa está subestimado pois muitas mulheres ainda não entendem que foram vítimas desse tipo de violência. Ela diz que os efeitos da violência obstétrica são sérios e podem causar depressão, dificuldade para cuidar do recém-nascido e também problemas na sexualidade desta mulher. Os tipos mais comuns de violência, segundo o estudo, são gritos, procedimentos dolorosos sem consentimento ou informação, falta de analgesia e até negligência.A Defensoria Pública de São Paulo também tem intensificado as ações para orientar as mulheres e sobre a importância de denunciar os casos para a Justiça, a ouvidoria dos hospitais e os conselhos de classe, como o CRM (Conselho Regional de Medicina).A free-lancer Marina de Oliveira Kater Calabró, 36, conta que sofreu episiotomia no parto dos três filhos e que teve dificuldades na recuperação dos pontos, principalmente, no parto do caçula, ocorrido no ano passado em um hospital particular de São Paulo. “Na primeira gravidez eu realmente não sabia que não era necessário. No terceiro parto, minha recuperação da episiotomia foi horrível, sofri pacas, demorou muito até eu conseguir andar direito”, lamenta Marina, que fez todos os partos com a mesma médica.Outros exemplos de violência obstétrica são a infusão intravenosa para acelerar o trabalho de parto (ocitocina sintética), a pressão sobre a barriga da parturiente para empurrar o bebê (manobra de Kristeller), o uso rotineiro de lavagem intestinal, retirada dos pelos pubianos (tricotomia) e exame de toque frequente para verificar a dilatação. São comuns também os relatos de humilhações praticados por parte dos profissionais de saúde que dizem frases como “se você não parar de gritar, eu não vou mais te atender”, “na hora de fazer não gritou” e outras do gênero.Também é considerada violência obstétrica agendar uma cesárea sem a real necessidade, recusar dar bebida ou comida para uma mulher durante o trabalho de parto ou impedir procedimentos simples, como massagens para aliviar a dor e a presença de um acompanhante na hora do parto, que pode ser o marido ou qualquer pessoa da escolha da parturiente.Segundo os relatos do MPF, muitas mães são amarradas e obrigadas a ficar deitadas durante o trabalho de parto quando é comprovado cientificamente que, para minimizar os incômodos das contrações, a mulher deve se movimentar e ficar na posição que se sente mais confortável para parir. Mães que são impedidas de ter contato com o bebê e amamentá-lo logo após o parto também podem denunciar os profissionais de saúde.Além de fiscalizar as entidades de saúde que estão desrespeitando os direitos reprodutivos e sexuais das mulheres, o MPF pretende divulgar a ocorrência das práticas indevidas durante o trabalho de parto, bem como os direitos das parturientes. As procuradoras da República Luciana da Costa Pinto e Ana Previtalli, responsáveispela instauração do inquérito civil público, defendem que as mulheres precisam ser informadas para que possam cobrar dos profissionais que as atendem a assistência digna e baseada em evidências científicas já estabelecida pela OMS. Os casos podem ser denunciados no site do Ministério Público Federal.
AÇÕES NA JUSTIÇAA advogada Priscila Cavalcanti conta que entrou com várias ações na justiça por conta dos maus-tratos sofridos por suas clientes. Além de processar o hospital e o profissional de saúde envolvido, em alguns casos o plano de saúde também é incluído na ação. “Usamos o respaldo de que o médico consta da rede credenciada e deveria ser melhor qualificado ou estar mais a par das evidências”, comenta. A advogada, que se especializou nesse tipo de ações, aconselha as mulheres a tentar reverter o quadro no momento, quando isso é possível.“Toda mulher tem direito a um acompanhante da sua escolha na hora do parto, então, ela deve se informar de seus direitos para exigir na hora do parto”, comenta. Ela ainda aconselha as pacientes a prestar atenção nos nomes de quem está praticando a violência obstétrica e, após a alta, pedir o prontuário da mulher e do bebê. “Depois, o ideal é escrever o relato do que aconteceu, com riqueza de detalhes, e procurar um advogado de confiança, para que possam ser tomadas as medidas legais cabíveis”, orienta.A cidade de Diadema, na Grande SP, foi pioneira ao criar, no ano passado, uma lei contra a violência obstétrica na rede municipal de saúde.
RELATOS Apesar do termo violência obstétrica ser relativamente novo, além de denunciar, muitas mães têm trocado experiências e divulgado os casos nas redes sociais para que outras mulheres não passem pelo mesmo sofrimento. Desde março do ano passado, a fotógrafa Carla Raiter, 31, coleta histórias e registra imagens de mulheres que foram vítimas na hora do parto. Com o projeto “1:4 Retratos da Violência Obstétrica”, ela mostra de forma anônima o sofrimento dessas mulheres. Ao receber o relato, ela faz uma tatuagem temporária que é aplicada na pele da mulher que será fotografada. Confira nas imagens a seguir o que passaram algumas mulheres no momento que deveria ser o mais feliz de suas vidas. E você, já foi vítima de violência obstétrica?
As principais vantagens do parto humanizado para a mulher são:
Possibilidade de receber técnicas de relaxamento (massagens, banhos mornos, música) para aliviar a dor, o que permite uma participação mais ativa e autônoma da mulher durante o trabalho de parto;
Poder ter a presença de um(a) acompanhante escolhido(a) pela parturiente;
Liberdade para escolher a posição de parto no momento da expulsão e para caminhar durante o trabalho de parto;
Desde que o parto seja normal, a alimentação não precisa ser suspensa, podendo ser mantida e oferecida de maneira natural, com alimentos leves que forneçam energia, como frutas e sucos;
Menos exposição aos riscos associados à cirurgia, como infecção e efeitos colaterais da anestesia e dos medicamentos;
Maior facilidade de adaptação ao pós-parto, uma vez que não haverá a ferida e a dor resultantes da cirurgia ou a dificuldade em se movimentar;
Ambiente mais aconchegante, que favorece o conforto da mulher e do seu acompanhante, além de lhes proporcionar maior privacidade;
As condutas do parto humanizado são recomendadas pela Organização Mundial de Saúde.
Quais as vantagens do parto humanizado para o bebê?
Após o parto, os riscos de ocorrer doenças respiratórias e haver passagem de secreção do parto para o pulmão do bebê (broncoaspiração) são menores;
Início precoce da amamentação, uma vez que o leite materno desce mais rápido após o parto humanizado, já que não há efeitos colaterais da anestesia e do pós-cirúrgico;
Melhores índices de vitalidade do bebê após o nascimento;
Redução das intervenções, como aspiração com sonda;
Menor risco associado às manobras cirúrgicas;
Não há o afastamento da mãe logo a seguir ao parto
 Quais as desvantagens do parto humanizado?
O parto humanizado pode ser realizado em ambiente não hospitalar, o que pode dificultar alguns procedimentos e tomadas de decisão caso haja alguma complicação. Por exemplo, demorar para interromper o parto normal e optar pela cesárea pode trazer sérias consequências para a mãe e para o bebê;
Sentir todas as dores do trabalho de parto;
O processo de parto é longo, uma vez que o parto humanizado é realizado com o mínimo de intervenções;
Não é recomendado em casos de gravidez tardia ou na adolescência, bem como gravidez de gêmeos;
Não é indicado para gestantes que tiveram anemia, diabetes e hipertensão arterial antes do parto.
O principal objetivo do parto humanizado é resgatar o nascimento pela sua simplicidade e promover mudanças no comportamento e nas atitudes dos profissionais envolvidos no processo.

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