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Brevíssimas Notas ao Novo Código de Processo Civil

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Prévia do material em texto

Licenciado para Andressa Vila Flor Pingituro, E-mail: andressa.pingituro@hotmail.com, CPF: 14250720705
Felipe Augusto de Toledo Moreira 
Rafael de Arruda Alvim Pinto 
BREVÍSSIMAS NOTAS AO NOVO 
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
2ª Edição 
2015 
Licenciado para Andressa Vila Flor Pingituro, E-mail: andressa.pingituro@hotmail.com, CPF: 14250720705
NOTA À 2ª EDIÇÃO 
É com muita alegria que lançamos a 2ª edição desse E-book contendo 
brevíssimas notas ao Novo Código de Processo Civil (Lei Federal nº 
13.105/2015), que entrará em vigor no dia 18 de março de 2016. 
A primeira edição deste trabalho foi disponibilizada como bônus 
àqueles que adquiriram os acessos para um dos dois Encontros Online que 
foram organizados e promovidos pelo Instituto de Direito Contemporâneo – 
IDC nos meses de Agosto/2014 e Março/2015, respectivamente. 
Considerando as inúmeras mensagens e sugestões que diariamente 
recebemos dos nossos leitores, bem como a necessidade de compilar e 
ampliar as sucintas análises que temos feito semanalmente de alguns temas 
que entendemos relevantes do Novo Código, decidimos preparar e publicar 
esta 2ª edição. 
Este trabalho pretende ser claro, objetivo e extremamente prático, 
envolvendo algumas citações doutrinárias e jurisprudenciais que 
entendemos necessárias para o debate de alguns pontos, sem, entretanto, 
perder de vista a sua finalidade primeira: formar, com certo grau de 
profundidade teórica, um manual didático, honesto e resoluto sobre os 
principais pontos do Novo Código de Processo Civil. 
Muito embora ainda existam muitos outros temas a tratar (bem como 
a tratar com maior profundidade), o formato digital nos permite oferecer aos 
que nos acompanham uma forma muito simples de atualização até a entrada 
em vigor do NCPC (quando se terá uma versão final completa e 
atualizadíssima): os que adquiriram o acesso a este produto, 
automaticamente também obterão o direito ao acesso posterior gratuito a 
todas as próximas edições deste E-book, sem qualquer custo adicional. 
Boa leitura! 
Os Autores. Junho de 2015. 
Licenciado para Andressa Vila Flor Pingituro, E-mail: andressa.pingituro@hotmail.com, CPF: 14250720705
4	
  
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO	
  .........................................................................................................................	
  6	
  
VETOS	
  DA	
  PRESIDÊNCIA	
  DA	
  REPÚBLICA	
  ..................................................................................	
  9	
  
ESTRUTURAÇÃO	
  GERAL	
  DO	
  NOVO	
  CÓDIGO	
  ..........................................................................	
  11	
  
PARTE	
  GERAL	
  ........................................................................................................................	
  13	
  
NORMAS	
  FUNDAMENTAIS	
  E	
  O	
  MODELO	
  CONSTITUCIONAL	
  DO	
  PROCESSO	
  CIVIL	
  ............................	
  13	
  
BOA-­‐FÉ	
  OBJETIVA	
  NO	
  ÂMBITO	
  PROCESSUAL	
  ..................................................................................	
  15	
  
PRINCÍPIO	
  DO	
  CONTRADITÓRIO	
  .....................................................................................................	
  17	
  
A	
  ORDEM	
  CRONOLÓGICA	
  DE	
  CONCLUSÃO	
  E	
  JULGAMENTO	
  ............................................................	
  20	
  
APLICAÇÃO	
   SUPLETIVA	
   E	
   SUBSIDIÁRIA	
   DO	
   NCPC	
   AOS	
   PROCESSOS	
   ELEITORAIS,	
   TRABALHISTAS	
   E	
  
ADMINISTRATIVOS	
  .........................................................................................................................	
  23	
  
CONDIÇÕES	
  DA	
  AÇÃO	
  .....................................................................................................................	
  26	
  
JURISDIÇÃO	
  INTERNACIONAL	
  CONCORRENTE	
  ................................................................................	
  28	
  
COMPETÊNCIA	
  INTERNA	
  .................................................................................................................	
  31	
  
CONCILIAÇÃO,	
  MEDIAÇÃO	
  E	
  OUTROS	
  MÉTODOS	
  DE	
  SOLUÇÃO	
  CONSENSUAL	
  DE	
  CONFLITOS	
  .........	
  33	
  
PROCESSO	
  “EM	
  TRÂNSITO”	
  -­‐	
  TRASLATIO	
  IUDICI	
  .............................................................................	
  34	
  
HONORÁRIOS	
  ADVOCATÍCIOS	
  SUCUMBENCIAIS	
  .............................................................................	
  35	
  
INTERVENÇÃO	
  DE	
  TERCEIROS	
  .........................................................................................................	
  38	
  
ASSISTÊNCIA	
  SIMPLES	
  E	
  LITISCONSORCIAL	
  .....................................................................................	
  39	
  
DENUNCIAÇÃO	
  DA	
  LIDE	
  ..................................................................................................................	
  41	
  
CHAMAMENTO	
  AO	
  PROCESSO	
  .......................................................................................................	
  45	
  
INCIDENTE	
  DE	
  DESCONSIDERAÇÃO	
  DA	
  PERSONALIDADE	
  JURÍDICA	
  .................................................	
  46	
  
AMICUS	
  CURIAE	
  .............................................................................................................................	
  48	
  
NEGÓCIOS	
  JURÍDICOS	
  PROCESSUAIS	
  ..............................................................................................	
  51	
  
PRAZOS	
  PROCESSUAIS	
  E	
  “FÉRIAS	
  FORENSES”	
  .................................................................................	
  55	
  
NULIDADES	
  PROCESSUAIS	
  ..............................................................................................................	
  56	
  
TUTELA	
  PROVISÓRIA	
  ......................................................................................................................	
  58	
  
TUTELAS	
  PROVISÓRIAS	
  DE	
  URGÊNCIA	
  EM	
  CARÁTER	
  ANTECEDENTE	
  ................................................	
  61	
  
Licenciado para Andressa Vila Flor Pingituro, E-mail: andressa.pingituro@hotmail.com, CPF: 14250720705
5	
  
TUTELA	
  DA	
  EVIDÊNCIA	
  ...................................................................................................................	
  65	
  
PARTE	
  ESPECIAL	
  ....................................................................................................................	
  68	
  
PROCEDIMENTO	
  COMUM	
  E	
  INCIDENTES	
  PROCESSUAIS	
  ..................................................................	
  68	
  
SANEAMENTO	
  COMPARTILHADO	
  ...................................................................................................	
  69	
  
ATA	
  NOTARIAL	
  COMO	
  MEIO	
  DE	
  PROVA	
  TÍPICO	
  ..............................................................................	
  71	
  
DISTRIBUIÇÃO	
  DINÂMICA	
  DO	
  ÔNUS	
  DA	
  PROVA	
  .............................................................................	
  73	
  
PROVA	
  EMPRESTADA	
  .....................................................................................................................	
  76	
  
PRODUÇÃO	
  ANTECIPADA	
  DE	
  PROVA	
  ..............................................................................................	
  78	
  
DEPOIMENTO	
  PESSOAL	
  ..................................................................................................................	
  80	
  
CONFISSÃO	
  ....................................................................................................................................82	
  
EXIBIÇÃO	
  DE	
  DOCUMENTO	
  OU	
  COISA	
  ............................................................................................	
  84	
  
PROVA	
  DOCUMENTAL	
  ....................................................................................................................	
  86	
  
PROVA	
  TESTEMUNHAL	
  ...................................................................................................................	
  89	
  
PROVA	
  PERICIAL	
  E	
  INSPEÇÃO	
  JUDICIAL	
  ...........................................................................................	
  91	
  
MOTIVAÇÃO	
  DAS	
  DECISÕES	
  JUDICIAIS	
  ...........................................................................................	
  94	
  
CUMPRIMENTO	
  DE	
  SENTENÇA	
  .......................................................................................................	
  98	
  
SEPARAÇÃO	
  E	
  DIVÓRCIO	
  ..............................................................................................................	
  101	
  
PROCESSO	
  DE	
  EXECUÇÃO	
  .............................................................................................................	
  103	
  
PRECEDENTES	
  ..............................................................................................................................	
  105	
  
INCIDENTE	
  DE	
  RESOLUÇÃO	
  DE	
  DEMANDAS	
  REPETITIVAS	
  ..............................................................	
  108	
  
SISTEMA	
  RECURSAL	
  ......................................................................................................................	
  110	
  
APELAÇÃO	
  ....................................................................................................................................	
  111	
  
AGRAVO	
  DE	
  INSTRUMENTO	
  .........................................................................................................	
  114	
  
EMBARGOS	
  DE	
  DECLARAÇÃO	
  .......................................................................................................	
  117	
  
RECURSOS	
  AOS	
  TRIBUNAIS	
  SUPERIORES	
  ......................................................................................	
  121	
  
USUCAPIÃO	
  EXTRAJUDICIAL	
  .........................................................................................................	
  122	
  
BREVES	
  CONCLUSÕES	
  .........................................................................................................	
  124	
  
REFERÊNCIAS	
  BIBLIOGRÁFICAS	
  ...........................................................................................	
  125	
  
REMESSA NECESSÁRIA .............................................................................................................. 96 
Licenciado para Andressa Vila Flor Pingituro, E-mail: andressa.pingituro@hotmail.com, CPF: 14250720705
6	
  
INTRODUÇÃO 
Enfim publicada a Lei Federal nº 13.105, de 16 de março de 2015, 
instituindo o Novo “Código de Processo Civil”, que entrará em vigor no dia 
18 de março de 2016 (um ano de vacatio legis – NCPC, art. 1.045). 
Uma das discussões que se têm travado na doutrina é no sentido de 
saber se esse “Novo Código” é novo mesmo ou se não se trata, pura e 
simplesmente, de mais uma reforma do que está em vigor. 
Aos olhos de parte dos estudiosos do direito do país, trata-se de uma 
reforma do CPC vigente, porque não há grandes alterações, não há mudança 
de paradigmas. 
No entanto, outros entendem que, no campo do direito, as alterações 
devem ser lentas, porque devem acompanhar as necessidades sentidas na 
sociedade. E, como se sabe, as sociedades se modificam lentamente. 
Segundo essa parcela de estudiosos, a alteração do direito não se dá apenas 
com “boas ideias”, mas com ideias que, além de boas, possam ser 
assimiladas e bem utilizadas pelos operadores, para que gerem resultados 
positivos para a sociedade. 
Trata-se, assim, de uma perspectiva pragmática. 
Nesse sentido, é bom lembrar a advertência: “Não se quis, com o novo 
Código, ‘zerar’ o direito processual, fazer ‘tábula rasa’ de tudo o que existe. 
Quis-se, sim, inovar, a partir do que já existe, respeitando as conquistas. 
Dando-se passos à frente. Assim é que devem ocorrer as mudanças das 
ciências ditas sociais, da lei, da jurisprudência: devagar. Porque também 
devagar mudam as sociedades. Nada de mudanças bruscas, que não 
correspondem àquilo que se quer, que assustam, atordoam e normalmente 
não são satisfatoriamente assimiladas. Não há razão para não se manter 
tudo o que de positivo já tínhamos concebido. Nada como se engendrar um 
novo sistema, de forma equilibrada, entre conservação e inovação.” (Teresa 
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7	
  
Arruda Alvim WAMBIER, Leonardo Ferres da Silva RIBEIRO, Maria Lúcia Lins 
CONCEIÇÃO e Rogério Licastro Torres de MELLO. Primeiros comentários ao 
Novo CPC: artigo por artigo, p. 51).
De fato, o Novo Código pretende encerrar muitas discussões 
doutrinário-jurisprudenciais, tomando posições firmes acerca de 
determinados temas ainda polêmicos, além de inovar em matérias não 
positivadas, como é o caso, por exemplo, da disciplina própria para o amicus 
curiae, agora visto como uma das formas de intervenção de terceiros (NCPC, 
art. 138). 
Portanto, ainda segundo essa óptica, as alterações trazidas pelo novo 
CPC, que são muitas, não inovam mais do que de deveriam inovar. Parece 
que, de fato, o que há de novo no CPC já estava de certa maneira 
potencialmente presente nas críticas da doutrina, nas queixas dos juízes, 
dos advogados, naquilo que já estava sendo objeto de discussões em 
congressos, cursos e encontros de processualistas. 
Vamos a mais alguns exemplos. 
O sistema está mais organizado, o que facilita seu manuseio. O Novo 
Código tem uma Parte Geral (NCPC, arts. 1º a 317) – o que acaba com as 
discussões sobre se determinado instituto, que hoje está na parte do Código 
que trata do processo de conhecimento, por exemplo, aplica-se ou não à 
execução. 
Todas as espécies de tutela que podem ser concedidas com base em 
cognição não completa – tutela provisória de urgência, cautelar ou 
antecipada, ou de evidência – estão tratadas conjuntamente (NCPC, arts. 
294 a 311). Hoje a tutela antecipada está separada da tutela cautelar. 
Alguns procedimentos especiais foram extintos, porque, à luz da 
versão atual do CPC – depois de todas as reformas por que passou – nada 
mais tinham de especiais. Em contrapartida, se prevê a possibilidade de as 
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  ao	
  sumário	
   8	
  
partes e o juiz construírem, em certa medida, o procedimento, adaptando-o 
às peculiaridades do caso concreto (NCPC, art. 190). 
As alterações, quanto aos recursos, não foram no sentido de diminuir 
drasticamente as espécies. Não há mais agravo retido, mas se alterou o 
regime da preclusão (NCPC, art. 1.009, §1º). Portanto, a extinção desse 
recurso não muda nada para a parte. O único recurso que foi, de fato, 
excluído do rol, foram os embargos infringentes (NCPC, art. 994). 
Os recursos especial e extraordinário sofreram alterações que os 
tornam mais eficientes (NCPC, arts. 1.029 a 1.041). Com isso, quer-se dizer 
que há modificações interessantes, todas com o objetivo de fazê-los gerar 
decisões de mérito, como, por exemplo, dispositivos que desencorajam a 
jurisprudência excessivamente rigorosa quanto à admissibilidade, dita 
“defensiva”. 
Deu-se ênfase às formas extrajudiciais de resolução de conflito,tendo-
se, por exemplo, criado uma audiência – em que pode haver mediação ou 
conciliação – na qual as partes devem comparecer caso não se expressem, 
ambas, no sentido de não o quererem, antes mesmo de ser apresentada a 
contestação (NCPC, art. 334). 
Proibiram-se as decisões-surpresa: mesmo que se trate de matéria de 
ordem pública, deve o juiz sempre proporcionar às partes a possibilidade de 
se manifestar antes da decisão (NCPC, art. 10). 
Enfim, nada há de “outro planeta”. 
Mas isso, segundo a grande maioria dos doutrinadores, é muito bom! 
Até porque, como se sabe, alterações da lei não têm o condão de, sozinhas, 
fazer operar milagres. Para que a lei produza bons resultados, é necessário 
que seja interpretada e aplicada por homens que a compreendam e que, 
com boa vontade, queiram extrair dela todo o seu verdadeiro potencial. 
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9	
  
VETOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA 
Após análise por parte da Presidência da República, a Mensagem nº 
56, de 16 de março de 2015, trouxe as razões para os vetos em relação a 
07 dispositivos do Novo Código, todos fundamentados na contrariedade ao 
interesse público, nos termos do artigo 66, §1º, da Constituição Federal. 
De forma esquematizada, temos: 
NORMA VETADA TEXTO DA NORMA RAZÕES DO VETO 
Art. 35 
“Art. 35. Dar-se-á por meio 
de carta rogatória o pedido 
de cooperação entre órgão 
jurisdicional brasileiro e 
órgão jurisdicional 
estrangeiro para prática de 
ato de citação, intimação, 
notificação judicial, colheita 
de provas, obtenção de 
informações e cumprimento 
de decisão interlocutória, 
sempre que o ato
estrangeiro constituir 
decisão a ser executada no 
Brasil.”. 
“Consultados o Ministério 
Público Federal e o 
Superior Tribunal de 
Justiça, entendeu-se que o 
dispositivo impõe que 
determinados atos sejam 
praticados exclusivamente 
por meio de carta 
rogatória, o que afetaria a 
celeridade e efetividade da 
cooperação jurídica 
internacional que, nesses 
casos, poderia ser 
processada pela via do 
auxílio direto.”. 
Arts. 333 e 1.015, 
inciso XII 
Todo o capítulo que tratava 
da conversão da ação 
individual em ação coletiva; 
e 
“Art. 1.015. Cabe agravo de 
instrumento contra as 
decisões interlocutórias que 
versarem sobre: (...)XII - 
conversão da ação individual 
em ação coletiva;” 
“Da forma como foi 
redigido, o dispositivo 
poderia levar à conversão 
de ação individual em ação 
coletiva de maneira pouco 
criteriosa, inclusive em 
detrimento do interesse 
das partes. O tema exige 
disciplina própria para 
garantir a plena eficácia do 
instituto. Além disso, o 
novo Código já contempla 
mecanismos para tratar 
demandas repetitivas. No 
sentido do veto 
manifestou-se também a 
Ordem dos Advogados do 
Brasil - OAB.”. 
Art. 515, inciso X Art. 515. São títulos 
executivos judiciais, cujo 
“Ao atribuir natureza de 
título executivo judicial às 
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  ao	
  sumário	
   10	
  
cumprimento dar-se-á de 
acordo com os artigos 
previstos neste Título: (...) X 
- o acórdão proferido pelo 
Tribunal Marítimo quando do 
julgamento de acidentes e 
fatos da navegação.”. 
decisões do Tribunal 
Marítimo, o controle de 
suas decisões poderia ser 
afastado do Poder 
Judiciário, possibilitando a 
interpretação de que tal 
colegiado administrativo 
passaria a dispor de 
natureza judicial.”. 
Art. 895, §3º 
“Art. 895. (...) § 3o As 
prestações, que poderão ser 
pagas por meio eletrônico, 
serão corrigidas 
mensalmente pelo índice 
oficial de atualização 
financeira, a ser informado, 
se for o caso, para a 
operadora do cartão de 
crédito.”. 
“O dispositivo institui 
correção monetária mensal 
por um índice oficial de 
preços, o que caracteriza 
indexação. Sua introdução 
potencializaria a memória 
inflacionária, culminando 
em uma indesejada 
inflação inercial.”. 
Art. 937, inciso VII 
“Art. 937. Na sessão de 
julgamento, depois da 
exposição da causa pelo 
relator, o presidente dará a 
palavra, sucessivamente, ao 
recorrente, ao recorrido e, 
nos casos de sua 
intervenção, ao membro do 
Ministério Público, pelo prazo 
improrrogável de 15 
(quinze) minutos para cada 
um, a fim de sustentarem 
suas razões, nas seguintes 
hipóteses, nos termos da 
parte final do caput do art. 
1.021: (...)VII - no agravo 
interno originário de recurso 
de apelação, de recurso 
ordinário, de recurso 
especial ou de recurso 
extraordinário;”. 
“A previsão de sustentação 
oral para todos os casos de 
agravo interno resultaria 
em perda de celeridade 
processual, princípio 
norteador do novo Código, 
provocando ainda 
sobrecarga nos Tribunais.”. 
Art. 1.055 
“Art. 1.055. O devedor ou 
arrendatário não se exime 
da obrigação de pagamento 
dos tributos, das multas e 
das taxas incidentes sobre 
os bens vinculados e de 
outros encargos previstos 
em contrato, exceto se a 
obrigação de pagar não for 
de sua responsabilidade, 
conforme contrato, ou for 
objeto de suspensão em 
tutela provisória.”. 
“Ao converter em artigo 
autônomo o § 2o do art. 
285-B do Código de 
Processo Civil de 1973, as 
hipóteses de sua aplicação, 
hoje restritas, ficariam 
imprecisas e ensejariam 
interpretações 
equivocadas, tais como 
possibilitar a transferência 
de responsabilidade 
tributária por meio de 
contrato.”. 
Licenciado para Andressa Vila Flor Pingituro, E-mail: andressa.pingituro@hotmail.com, CPF: 14250720705
11	
  
ESTRUTURAÇÃO GERAL DO NOVO CÓDIGO 
Conforme já se apontou, atendendo a um antigo reclamo da doutrina, 
o Novo Código de Processo Civil tem uma Parte Geral, a consolidar as
normas (princípios e regras) fundamentais do processo civil (arts. 1º a 12), 
e uma Parte Especial, a cuidar especialmente do processo de conhecimento, 
do cumprimento de sentença, do processo de execução e dos meios de 
impugnação das decisões judiciais. 
A aludida Parte Geral do CPC de 2015 possui 06 Livros distintos, que 
tratam, respectivamente, “Das Normas Processuais Civis” (arts. 1º a 15), 
“Da Função Jurisdicional” (arts. 16 a 69), “Dos Sujeitos do Processo” (arts. 
70 a 187), “Dos Atos Processuais” (arts. 188 a 293), “Da Tutela Provisória” 
(arts. 294 a 311) e “Da Formação, Suspensão e Extinção do Processo” (arts. 
312 a 317). 
A Parte Especial, por sua vez, apesar de mais extensa, possui apenas 
03 Livros: “Do Processo de Conhecimento e do Cumprimento de Sentença” 
(arts. 318 a 770); “Do Processo de Execução” (arts. 771 a 925); e “Dos 
Processos nos Tribunais e Dos Meios de Impugnação das Decisões Judiciais” 
(arts. 926 a 1.044). 
Por fim, cabe ressaltar que o Novo Código também possui um Livro 
Complementar a fim de tratar “Das Disposições Finais e Transitórias” (arts. 
1.045 a 1.072), entre as quais se destacam os dispositivos sobre a vacatio 
legis (art. 1.045), o direito intertemporal (art. 1.046), a prioridade de 
tramitação processual (art. 1.048), as alterações em relação aos Juizados 
Especiais (arts. 1.062 a 1.066), a uniformização do procedimento para a 
oposição de embargos de declaração no Código Eleitoral (art. 1.067), a 
necessidade de o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) promover pesquisas 
periódicas a fim de avaliar a efetividade das normas processuais (art. 1.069) 
Licenciado para Andressa Vila Flor Pingituro, E-mail: andressa.pingituro@hotmail.com, CPF: 14250720705
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  ao	
  sumário	
   12	
  
e a previsão da usucapião administrativa na Lei de Registros Públicos (art. 
1.071). 
Licenciado para Andressa Vila Flor Pingituro, E-mail: andressa.pingituro@hotmail.com, CPF: 1425072070513	
  
PARTE GERAL 
NORMAS FUNDAMENTAIS E O MODELO CONSTITUCIONAL 
DO PROCESSO CIVIL 
A par de consagrar o modelo constitucional do processo civil, repetindo 
normas constitucionais que tratam, por exemplo, da inafastabilidade da 
jurisdição (CF, art. 5º, XXXV e NCPC, art. 3º, caput), da razoável duração do 
processo (CF, art. 5º, LXXVIII e NCPC, art. 4º, caput), do contraditório e da 
ampla defesa (CF, art. 5º, LV e NCPC, art. 7º), da proteção à dignidade da 
pessoa humana e dos princípios da legalidade, publicidade e eficiência (CF, 
art. 1º, III e 37, caput, e NCPC, art. 8º) e da fundamentação das decisões 
judiciais (CF, art. 93, IX e NCPC, art. 11), a Parte Geral do Novo Código (o 
“espírito” do CPC de 2015) também inova, especificando e aclarando a 
verdadeira finalidade social do processo civil: a pacificação social. 
Nesse sentido é que, ao repetir a norma constitucional que trata da 
razoável duração do processo, o Novo Código vai além, ressaltando que se 
deve buscar, em prazo razoável, “a solução integral do mérito, incluída a 
atividade satisfativa” (art. 4º). Ao tratar do princípio da cooperação 
processual, novamente se tem o mesmo destaque: “Todos os sujeitos do 
processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, 
decisão de mérito justa e efetiva” (art. 6º). 
Percebe-se, portanto, que a resolução do mérito passa a ser sinônimo 
de efetividade, pois é o que, de fato, resolve a questão de direito material e 
contribui para a pacificação social (acabando com a antiga crítica do “ganha 
mas não leva”). No entanto, contraditoriamente, por muito tempo o 
processo vem sendo utilizado como subterfúgio para não conhecer o mérito, 
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invertendo a lógica e destoando das aclamadas instrumentalidade e 
efetividade processuais. 
Essa posição política, por assim dizer, do CPC de 2015 fica muito clara 
em inúmeros outros dispositivos, que exigem uma postura proativa do 
magistrado, buscando sanar nulidades e julgar o mérito da demanda (NCPC, 
arts. 76, 139, inciso IX, 317, 321, 357, inciso IV, 370, 932, parágrafo único, 
938, §1º, 1.007, §7º, 1.017, §3º e 1.029, §3º). 
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BOA-FÉ OBJETIVA NO ÂMBITO PROCESSUAL 
Sobre o instituto da boa-fé, que aparece expressamente no CPC 
vigente apenas em seu artigo 14, inciso II, tratando dos deveres dos 
sujeitos processuais, cabe fazer algumas observações específicas, dada a 
sua importância para a nova Teoria Geral do Processo. 
No texto do NCPC, a expressão é referida em pelo menos três 
dispositivos distintos, quais sejam: i) artigo 5º – como dever de todo e 
qualquer sujeito do processo; ii) artigo 322, §2º – como princípio norteador 
da interpretação do pedido formulado; e iii) artigo 489, §3º – como princípio 
norteador da interpretação das decisões judiciais. 
Dessa forma, verifica-se que a boa-fé objetiva, seus deveres anexos 
(deveres de respeito, confiança, lealdade, cooperação, honestidade, 
razoabilidade etc.) e seus conceitos parcelares (supressio, surrectio, tu 
quoque, exceptio doli, venire contra factum proprium non potest e duty to 
mitigate the loss), muito caros aos civilistas (cf. Flávio TARTUCE. Manual de 
Direito Civil, p. 587), ganham importância central também para a Teoria 
Geral do Processo. 
Sobretudo a partir da publicação do Código Civil de 2002, os tribunais 
brasileiros passaram a prestigiar a boa-fé no campo do direito material, 
posicionando-a como tema principal dentro da teoria geral dos contratos. Eis 
o Enunciado nº 26 da I Jornada de Direito Civil do STJ/CJF: “A cláusula geral
contida no art. 422 do novo Código Civil impõe ao juiz interpretar e, quando 
necessário, suprir e corrigir o contrato segundo a boa-fé objetiva, entendida 
como exigência de comportamento leal dos contratantes.”. 
No campo do direito processual, também já se encontram decisões 
recentes do Superior Tribunal de Justiça utilizando o princípio da boa-fé para 
interpretar a conduta das partes (STJ, AgRg no REsp 1.439.136 e REsp 
1.119.361). Nesse sentido, é dever dos sujeitos processuais se comportar 
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conforme a boa-fé, expressando a verdade em suas manifestações, 
colaborando para com a rápida solução do litígio (v. NCPC, art. 6º) e 
utilizando sem abuso seus poderes processuais. 
A litigância de má-fé permanecerá com as mesmas hipóteses já 
existentes no vigente artigo 17 (v. NCPC, artigo 80, I a VII). O teto para a 
multa, entretanto, em vez do atual 1% do valor da causa, irá para 10% do 
valor corrigido da causa (ou 10 salários mínimos nos casos de valor da causa 
irrisório ou inestimável), além da possível indenização para a parte 
prejudicada (NCPC, art. 81). 
Por fim, cabe ressaltar que o NCPC vai além, trazendo o princípio da 
boa-fé também para o campo hermenêutico, a nortear a interpretação dos 
pedidos formulados perante o Judiciário e das próprias decisões judiciais. 
Isso trará efeitos práticos sobretudo no âmbito recursal, no qual o 
tribunal deverá decidir desde logo o mérito quando, por exemplo, interposta 
a apelação e a causa estiver em condições de imediato julgamento, decretar 
a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido 
ou da causa de pedir (v. NCPC, art. 1013, §3º, II). 
Também para a hipótese de ajuizamento de ação rescisória fundada 
em violação manifesta de norma jurídica (v. NCPC, art. 966, V), o princípio 
da boa-fé, como norma jurídica que é, poderá ser invocado como 
fundamento para a rescisão. 
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PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO 
Se você digitar a palavra “contraditório” no instrumento de busca 
dentro do texto do CPC vigente, irá encontrar apenas uma ocorrência, qual 
seja: no atual artigo 536, que trata dos embargos de declaração, os quais 
deverão ser “opostos, no prazo de 05 dias, em petição dirigida ao juiz ou 
relator, com indicação do ponto obscuro, contraditório ou omisso, não 
estando sujeitos a preparo”. 
Como se percebe, dentro desse contexto, o termo “contraditório” 
aparece em seu sentido adjetivo, e não substantivo. Não há, portanto, 
menção expressa ao princípio do contraditório no CPC de 1973, talvez pelo 
momento histórico que se passava à época. 
No texto do NCPC a situação se inverte: no artigo dedicado aos 
embargos declaratórios, utiliza-se a expressão “eliminar contradição” (art. 
1.022, I); e o termo “contraditório” é utilizado apenas em seu sentido 
substantivo, em todas as 07 situações nas quais aparece. 
Vejamos cada uma delas. 
Logo no início do texto, no artigo 7º, é ressaltada a igualdade entre as 
partes, a paridade de tratamento e de armas para o litígio, devendo o juiz 
zelar pelo efetivo contraditório. Oportuna e adequada a consagração do 
princípio do contraditório na Parte Geral do NCPC, no papel de norma 
informadora de toda a nova sistemática processual, a demonstrar também 
conformidade em relação ao Texto Constitucional de 1988. 
No artigo 98, §1º, inciso VIII, que trata da gratuidade da justiça, é 
destacado que ela compreende também os depósitos previstos em lei para 
interposição de recurso, propositura de ação e para a prática de outros atos 
processuais inerentes ao exercício da ampla defesa e do contraditório. A 
parte final do dispositivo deixa claro, pois, de forma feliz, que se tratade um 
rol meramente exemplificativo, a exigir dos operadores do direito, e 
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principalmente do magistrado, sensibilidade em relação aos que, de fato, 
têm direito à gratuidade. 
Tratando dos vícios da sentença de mérito proferida sem a integração 
do contraditório, o artigo 115 do NCPC distingue situações de nulidade e 
ineficácia, a depender do tipo de litisconsórcio necessário existente: se 
unitário (no qual a decisão deve ser uniforme em relação a todos os 
litisconsortes), a sentença será nula; se simples, ineficaz apenas em relação 
ao que não foi citado. 
No artigo 329, inciso II, o NCPC indica a forma de respeito ao princípio 
do contraditório: até a fase de saneamento do processo, o autor poderá, 
com o consentimento do réu, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, 
ocasião na qual, em obediência ao contraditório, o réu poderá se manifestar 
no prazo mínimo de 15 dias e ainda requerer prova suplementar. 
No dispositivo dedicado à conhecida prova emprestada também há 
expressa menção à necessidade de respeito ao princípio do contraditório: “O 
juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, 
atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório” 
(art. 372). 
Ao tratar da coisa julgada material, o artigo 503 dispõe que: “A 
decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites 
da questão principal expressamente decidida”. O parágrafo primeiro, por sua 
vez, acrescenta que a questão prejudicial, decidida expressa e 
incidentalmente no processo, também terá eficácia de coisa julgada material 
quando reunir os seguintes requisitos: i) dessa resolução depender o 
julgamento do mérito; ii) a seu respeito tiver havido contraditório prévio e 
efetivo, não se aplicando no caso de revelia; e iii) o juízo tiver competência 
em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como questão principal. 
Mais uma vez o contraditório em sentido substantivo aparece expressamente 
no texto do Novo Estatuto Processual. 
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Por fim, a última situação na qual aparece expressamente a menção 
ao princípio do contraditório no texto do NCPC é no artigo 962, §2º, que 
trata da execução da tutela de urgência concedida por decisão estrangeira. 
Assim, o referido dispositivo esclarece que isso deverá ser feito no Brasil por 
meio de carta rogatória e que a aludida tutela de urgência poderá ser 
executada mesmo se concedida sem a oitiva do réu, desde que isso seja 
garantido posteriormente, em obediência ao princípio do contraditório. 
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A ORDEM CRONOLÓGICA DE CONCLUSÃO E JULGAMENTO 
A ordem cronológica de conclusão e julgamento foi consagrada no 
debatido artigo 12 do CPC de 2015, que assim estabelece no caput: “Os 
juízes e os tribunais deverão obedecer à ordem cronológica de conclusão 
para proferir sentença ou acórdão”. 
Segundo Teresa Arruda Alvim Wambier, Maria Lúcia Lins Conceição, 
Leonardo Ferres da Silva Ribeiro e Rogério Licastro Torres de Mello: “Este 
artigo tem em vista privilegiar o aspecto da transparência em relação à 
atividade do Poder Judiciário, bem como favorecer a aplicação da máxima da 
razoável duração do processo, sob a ótica individual. Em seu desfavor, há a 
dificuldade, que a regra gera, no sentido de que os juízes administrem seus 
processos, seu cartório. De fato, há processos mais simples, outros mais 
complexos, e é comum que os juízes prefiram passar na frente os mais 
simples. Esta regra não permite a utilização deste critério e pode ocorrer que 
o julgamento de uma causa complexa represe dezenas, centenas de outras
ações cuja solução poderia ser rapidamente concebida. Espera-se que a lista 
de exceções previstas pelo próprio NCPC minimize esse efeito, que dificulta, 
sob este aspecto, a atividade do juiz. Entendeu-se, todavia, que a regra 
traria mais vantagens do que desvantagens.” (Primeiros comentários ao 
Novo CPC: artigo por artigo, p. 70). 
O mesmo dispositivo conta ainda com seis parágrafos, que detalham 
algumas regras específicas sobre o tema. A primeira delas é de que a lista 
de processos aptos a julgamento deverá estar permanentemente à 
disposição para consulta pública em cartório e na rede mundial de 
computadores (§1º). 
O parágrafo segundo, por sua vez, estabelece 09 exceções, isto é, 
nove hipóteses nas quais juízes e tribunais não precisarão obedecer à ordem 
cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão. Dentre elas 
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estão: as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou 
de improcedência liminar do pedido (I); o julgamento de processos em bloco 
para aplicação de tese jurídica firmada em julgamento de casos repetitivos 
(II); o julgamento de recursos repetitivos ou incidentes de resolução de 
demandas repetitivas (III); as sentenças terminativas (IV); o julgamento de 
embargos de declaração e agravo interno (V e VI); entre outras. 
Interessante notar que também estarão excluídas da regra geral as 
preferências legais e as metas do Conselho Nacional de Justiça – CJN (VII), 
bem como qualquer causa que exija urgência no julgamento, assim 
reconhecida por decisão fundamentada (IX). 
Essa última hipótese parece representar, em verdade, uma “norma de 
encerramento” (“norme di chiusura”), a permitir que o órgão julgador “tire 
da fila” qualquer demanda que seja reconhecida urgente por decisão 
fundamentada (rol meramente exemplificativo). Por um lado, é uma regra 
muito importante, tendo em vista que não há como prever todas as 
hipóteses de urgência. Por outro lado, trata-se de decisão, numa primeira 
análise, irrecorrível, dando poderes para o Juiz, Desembargador ou Ministro, 
ainda que por decisão fundamentada, a seu critério, “passar na frente” 
qualquer demanda judicial que repute urgente. Assim, é salutar que exista, 
portanto, algum tipo de controle dessas decisões, sob pena de 
desvirtuamento de toda a ideia de igualdade que há por trás do artigo 12 do 
Novo Código de Processo Civil. 
Além disso, cabe ressaltar que o requerimento feito pela parte não 
altera a ordem de sua demanda na “fila”, exceto quando implicar a 
reabertura da instrução ou a conversão do julgamento em diligência (§§4º e 
5º). 
Ainda, duas serão as situações nas quais a demanda ocupará 
necessariamente o primeiro lugar na lista (§6º): quando tiver sua sentença 
ou acórdão anulado, salvo quando houver necessidade de realização de 
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diligência ou complementação da instrução; e também se se enquadrar na 
hipótese do artigo 1.040, inciso II (reexame da demanda pelo órgão 
julgador de origem após a publicação do acórdão paradigma nos casos de 
julgamento de recurso especial ou extraordinário repetitivo). 
Por fim, cabe a reflexão sobre a necessária compatibilização desse 
dispositivo com o chamado “calendário processual” trazido pelo artigo 191 
do CPC de 2015 (negócio processual típico). Dessa forma, caso as partes e o 
juiz fixem datas para a prática dos atos processuais, a prolação da sentença 
deverá obediência à ordem cronológica e às suas exceções. Assim, caso seja 
proferida em audiência, por exemplo, estará abarcada pela exceção previstano artigo 12, §2º, inciso I. Caso contrário, o calendário processual deverá 
necessariamente “terminar” antes da fase decisória, a fim de que a demanda 
ocupe o seu devido lugar na “fila de conclusão e julgamento”. 
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APLICAÇÃO SUPLETIVA E SUBSIDIÁRIA DO NCPC AOS 
PROCESSOS ELEITORAIS, TRABALHISTAS E 
ADMINISTRATIVOS 
Muitas dúvidas giram em torno da aplicação supletiva e subsidiária do 
NCPC aos demais ramos do Direito. 
Nesse sentido, sem a pretensão de detalhar todas as nuances que esse 
amplo tema envolve, não se pode deixar de registrar algumas observações 
acerca do artigo 15 do CPC de 2015, que assim dispõe expressamente: “Na 
ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou 
administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e 
subsidiariamente.”. 
De início, cumpre destacar a pertinente observação de Teresa Arruda 
Alvim Wambier, Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro 
e Rogério Licastro Torres de Mello: “O legislador disse menos do que queria. 
Não se trata somente de aplicar as normas processuais aos processos 
administrativos, trabalhistas e eleitorais quando não houver normas, nestes 
ramos do direito, que resolvam a situação. A aplicação subsidiária ocorre 
também em situações nas quais não há omissão. Trata-se, como sugere a 
expressão ‘subsidiária’, de uma possibilidade de enriquecimento, de leitura 
de um dispositivo sob outro viés, de extrair-se da norma processual 
eleitoral, trabalhista ou administrativa um sentido diferente, iluminado pelos 
princípios fundamentais do processo civil. A aplicação supletiva é que supõe 
omissão. Aliás, o legislador, deixando de lado a preocupação com a própria 
expressão, precisão da linguagem, serve-se das duas expressões. Não deve 
ter suposto que significam a mesma coisa, se não, não teria usado as duas. 
Mas como empregou também a mais rica, mais abrangente, deve o 
intérprete entender que é disso que se trata.” (Primeiros comentários ao 
Novo CPC: artigo por artigo, p. 75). 
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Superada essa questão terminológica de clara influência pragmática, 
insta ressaltar que a autorização expressa para a aplicação supletiva e 
subsidiária do CPC já existe, por exemplo, no artigo 769 da Consolidação das 
Leis do Trabalho, bem como no artigo 3º do Código de Processo Penal. 
Como não houve previsão expressa no NCPC em relação ao processo 
penal, ressalta-se o comentário de Cássio Scarpinella Bueno: “A questão, 
pertinentíssima, é saber se, não obstante esse silêncio, a aplicação continua 
a ser autorizada pelo art. 3º do CPP. A melhor resposta parece ser a 
positiva, o que se justifica até mesmo pela amplitude do texto da referida 
regra processual penal. De resto, nos casos em que o Código de Processo 
Penal faz expressa remissão ao Código de Processo Civil (art. 139 [depósito 
e administração de bens arrestados]; art. 362 [citação por hora certa]; e 
art. 790 [homologação de sentença estrangeira]), é irrecusável o 
prevalecimento da disciplina trazida pelo novo CPC.” (Novo Código de 
Processo Civil Anotado. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 52). 
Em relação aos processos eleitorais, importantíssimo o papel do CPC, 
por exemplo, nos procedimentos voltados à tutela cautelar (agora tutela de 
urgência de natureza cautelar) e nos recursos eleitorais, conforme decisões 
do TSE nesse sentido (REspe 4221719.2008/RN e AgR-AI 692.2011/MG). 
No âmbito do processo do trabalho, destacam-se também os artigos 
836 (ação rescisória), 896, §3º (dever de uniformização da jurisprudência 
por parte dos TRTs), 896-B (recursos de revista repetitivos), 896-C, §§8º 
(amicus curiae na Justiça do Trabalho) e 14 (recurso extraordinário 
interposto perante o TST), todos da Consolidação das Leis do Trabalho 
(CLT). 
Por fim, quanto ao processo administrativo, inegável a aplicação dos 
dispositivos relacionados às modalidades de intervenção de terceiros (com 
as necessárias adaptações) e também das garantias processuais, 
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notadamente em relação aos processos administrativos disciplinares (cf. 
STJ, RMS 29.036/ES). 
Não há dúvidas de que a Parte Geral do NCPC, ao tratar das “Normas 
Fundamentais do Processo Civil”, pretende-se mais abrangente e 
direcionada, em muitos pontos, à conformação de premissas de uma Teoria 
Geral do Processo revisitada, que certamente encontrará espaço em todos 
os “tipos” de processos, até por razões de uniformidade e respeito aos 
ditames constitucionais pertinentes. 
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CONDIÇÕES DA AÇÃO 
Sem entrar nos detalhamentos doutrinários em torno da extinção ou 
não da categoria processual das “condições da ação” (principalmente em 
função da supressão dessa expressão no CPC de 2015 – v. CPC de 1973, art. 
267, VI), fato é que o Novo Código é expresso ao declarar que “para 
postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade” (art. 17). 
Além disso, no dispositivo que trata da extinção do processo sem 
resolução do mérito, uma das hipóteses é “a ausência de legitimidade ou de 
interesse processual” (art. 485, VI). 
Observa-se, portanto, que a possibilidade jurídica do pedido 
desaparece desse campo, por se tratar nitidamente de questão de mérito 
que implica na solução definitiva da demanda, conforme há muito a doutrina 
já preconizava: “se o juiz, ao examinar a inicial, verifica existir vedação 
expressa no ordenamento jurídico material ao pedido do autor, deve 
indeferi-la liminarmente por impossibilidade jurídica, extinguindo o processo. 
Esse resultado, todavia, implica solução definitiva da crise de direito 
material. Embora tal conclusão seja possível mediante simples exame da 
inicial, o julgamento põe fim ao litígio, pois o autor não tem o direito 
afirmado. Pedido juridicamente impossível equivale substancialmente ao 
julgamento antecipado com fundamento no art. 330, I, do CPC. A pretensão 
deduzida pelo autor não encontra amparo no ordenamento jurídico e, por 
isso, deve ser rejeitada. Tanto faz que essa conclusão seja possível desde 
logo, porque manifesta a inadmissibilidade, ou dependa de reflexão maior 
por parte do juiz sobre a questão de direito.” (José Roberto dos Santos 
BEDAQUE, Efetividade do processo e técnica processual, p. 270). 
Não há dúvidas também que o magistrado, ao analisar a legitimidade e 
o interesse processual, adentre nos elementos de mérito da demanda. No
entanto, nesses casos, diferentemente do que ocorre com a possibilidade 
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jurídica do pedido, a atividade jurisdicional não se esgota nesse momento, 
tendo em vista que ainda haverá uma crise de direito material a ser 
resolvida. 
Pelos mesmos motivos que a conhecida “carência da ação” (v. CPC de 
1973, art. 301, X) também desaparece do Novo Código, sendo substituída, 
nos dispositivos que tratam das matérias a serem alegadas em preliminar de 
contestação, por “ausência de legitimidade ou de interesse processual” 
(NCPC, art. 337, XI). 
Em boa hora, pois, retomar-se-ão os estudos acerca de importantes 
questões da Teoria Geral do Processo. 
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28JURISDIÇÃO INTERNACIONAL CONCORRENTE 
 O Capítulo I (“Dos Limites da Jurisdição Nacional”), do Título II, do 
Livro II, da Parte Geral do Novo CPC traz oportuna adequação da 
nomenclatura, pois prefere a expressão “jurisdição”, em vez de 
“competência”, ao tratar das hipóteses nas quais a autoridade brasileira terá 
o poder jurisdicional para solucionar a lide em caráter definitivo, de maneira
exclusiva ou concorrente, não delimitando quais órgãos exercerão a 
atribuição jurisdicional brasileira. 
 Para determinar as fronteiras de atuação do Poder Judiciário 
Brasileiro, ordinariamente, recorre-se ao princípio da aderência, segundo o 
qual a jurisdição deve guardar correlação com o território no qual ela será 
exercida, até por razões de soberania nacional (NCPC, art. 21). 
Porém, em algumas hipóteses, ainda que as lesões a direitos não 
tenham se dado no território brasileiro (o que não exclui o poder 
jurisdicional de outro Estado soberano), o juiz nacional também processará e 
julgará o litígio por interesse no julgamento ou na efetividade da prestação 
jurisdicional (o país tem condições de fazer valer a sua decisão), com vistas 
à consecução da paz social, bem como pelo princípio da submissão (valoriza-
se a vontade das partes no sentido de definir ou afastar a jurisdição de um 
país). 
 Com base nesses critérios usualmente empregados no Direito 
Internacional, o NCPC acresceu 03 novas hipóteses em que a autoridade 
judiciária brasileira também poderá processar e julgar a causa, sem prejuízo 
da atribuição jurisdicional de outros países soberanos (art. 22), quais sejam: 
quando o credor de alimentos tiver domicílio ou residência no Brasil 
(positivando regra de direito internacional mais protetiva ao alimentado – 
vulnerável); ou quando o réu na ação de alimentos (alimentante) mantiver 
vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de 
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renda ou obtenção de benefícios econômicos, pois a apreensão e penhora 
desses ativos será feita com mais viabilidade pela autoridade brasileira 
(inciso I); as ações decorrentes de relações de consumo, quando o 
consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil (inciso II – é regra de 
grande importância para definir a jurisdicional nacional nas causas em que o 
consumidor adquire produtos pela internet de fornecedores sem domicílio no 
território nacional e não recebe a mercadoria, sendo que o Brasil tem 
interesse no julgamento do litígio); em que as partes, expressa ou 
tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional (inciso III – princípio da 
submissão). Trata-se de cláusula de eleição de foro em contrato 
internacional, com opção das partes negociantes pelo Judiciário Brasileiro. 
Essa cláusula só produzirá efeitos se constar de instrumento escrito e aludir 
expressamente a determinado negócio jurídico (NCPC, art. 63, §1°), além de 
versar sobre hipótese de jurisdição internacional concorrente (art. 25, §2°). 
 Por simetria, ressalvadas as hipóteses de exclusividade da jurisdição 
brasileira, o art. 25, caput, do Novo Código também positivou a possibilidade 
de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional, que 
somente será eficaz se arguida pelo réu na sua contestação. 
 O art. 23, por sua vez, disciplinará a jurisdição brasileira exclusiva 
(não aceita que nenhum outro país julgue por questão de soberania 
nacional), ampliando para três as hipóteses legais, quais sejam: conhecer de 
ações relativas a imóveis situados no Brasil (inciso I); em matéria de 
sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao 
inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da 
herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do 
território nacional (inciso II – portanto, a transmissão mortis causa de 
quaisquer bens situados no Brasil será feita exclusivamente pelo Judiciário 
Brasileiro, ainda que ele aplique, no caso concreto, a lei estrangeira mais 
benéfica ao cônjuge ou filhos brasileiros, nos termos da Constituição Federal, 
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art. 5°, XXI); em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, 
proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de 
nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional 
(inciso III). 
Esse último inciso gera polêmica, pois parcela da doutrina entende que a 
autoridade brasileira será a única competente para decidir o divórcio, 
separação judicial ou dissolução da união estável, além da partilha de bens 
deles decorrente (cf. Cássio Scarpinella BUENO, Novo Código de Processo 
Civil Anotado, p. 60); enquanto outra corrente defende que o divórcio, 
separação judicial ou dissolução de união estável poderão ser realizados em 
qualquer país, porém, a partilha de bens situados no Brasil será de jurisdição 
exclusiva brasileira (cf. Teresa Arruda Alvim WAMBIER, Leonardo Ferres da 
Silva RIBEIRO, Maria Lúcia Lins CONCEIÇÃO e Rogério Licastro Torres de 
MELLO. Primeiros comentários ao Novo CPC: artigo por artigo, p. 
91). 
 Por fim, se eventual decisão estrangeira for proferida nas hipóteses de 
jurisdicional nacional exclusiva, ela não será idônea para ser homologada 
pelo STJ (CF, art. 105, I, i) e, portanto, não terá aptidão para produzir 
efeitos no Brasil. Por outro lado, fora dessas hipóteses, “a pendência de 
causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de sentença 
judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil” (NCPC, 
art. 24, parágrafo único). 
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COMPETÊNCIA INTERNA 
Nessa seara, trazendo regras de atribuição do poder jurisdicional aos 
órgãos do Poder Judiciário Brasileiro e, portanto, delimitando a sua 
competência, foi formulado o Título III, do Livro II, da Parte Geral do CPC de 
2015: “Da competência interna”, composto pelos artigos 42 a 64. 
Com destaque à atuação do Poder Público em juízo, foram positivadas 
as seguintes regras de competência: i) quando a União, Estado ou Distrito 
Federal forem autores da demanda, o foro competente será o do domicílio 
do réu (NCPC, arts. 51 e 52, caput); ii) já quando a União, Estado ou Distrito 
Federal forem réus da demanda, o foro de competência concorrente será o 
do domicílio do autor, o lugar do ato ou fato que originou a demanda, o local 
de situação da coisa ou no Distrito Federal (se a União) ou na capital do 
respectivo ente federado (arts. 51, parágrafo único, e 52, parágrafo único). 
Trata-se, em verdade, de verdadeira regra de simetria que estende 
aos demais entes políticos a regra constitucional do art. 109, §2°, referente 
às demandas movidas em face da União. Os citados dispositivos não deixam 
claro se essa regra também será aplicada às demais pessoas jurídicas de 
direito público nas respectivas esferas federativas, mas essa nos parece a 
interpretação mais adequada. 
A regra geral de competência territorial permanece a mesma, qual 
seja: as ações fundadas em direito pessoal e real sobre móveis serão 
propostas, a princípio, no foro do domicílio do réu (NCPC, art. 46). 
Destacam-se, por outro turno, as modificações mais relevantes sobre 
as regras especiais de competência interna (art. 53): i) abandonou-se a 
regra da residência da mulher para as ações de separação, divórcio e 
anulação do casamento (art. 100, I, do CPC/73), fixando a competência para 
a ação de divórcio, separação,anulação de casamento e reconhecimento ou 
dissolução de união estável no foro (em ordem de preferência legal): a) do 
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domicílio do guardião de filho incapaz; b) do último domicílio do casal, caso 
não haja filho incapaz; c) do domicílio do réu, se nenhuma das partes residir 
no antigo domicílio do casal; ii) positivou-se na legislação processual civil 
norma já contida no art. 80 da Lei 10.741/03 (Estatuto do Idoso), que 
estabelece o foro de residência do idoso como competente para a causa que 
verse sobre direito previsto no respectivo estatuto (art. 53, III, “e”); iii) 
fixou-se competente o foro da sede da serventia notarial ou de registro, para 
a ação de reparação de dano por ato praticado em razão do ofício (art. 53, 
III, “f”); iv) e, ainda, acrescentou-se que as ações de reparação de dano 
sofridos em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive aeronaves, 
serão de competência do foro do domicílio do autor ou do local do fato. 
Por fim, ampliaram-se as hipóteses de conexão como forma de 
modificação da competência relativa (positivando entendimento 
jurisprudencial consolidado), que não mais se resume à identidade parcial 
dos elementos da ação (NCPC, art. 55, caput), podendo se dar também 
quando presente relação de prejudicialidade entre as demandas (a execução 
de título extrajudicial e a ação de conhecimento relativa ao mesmo ato 
jurídico; as execuções fundadas no mesmo título executivo – art. 55, §2º) 
ou, até mesmo, por afinidade, quando há risco de prolação de decisões 
conflitantes ou contraditórias, devendo-se reunir os processos para 
julgamento conjunto, a exemplo da ação de usucapião e a reintegração de 
posse sobre o mesmo imóvel (art. 55, §3°). 
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CONCILIAÇÃO, MEDIAÇÃO E OUTROS MÉTODOS DE 
SOLUÇÃO CONSENSUAL DE CONFLITOS 
O Novo Código de Processo Civil deixa claro o que já era evidente para 
a doutrina: o juiz pode e deve sempre indicar para as partes soluções 
consensuais de solução de conflitos. 
Trata-se de norma-diretriz tanto para as políticas públicas do Estado 
(NCPC, arts. 3º, §2º, 165 e 174), como para os magistrados, advogados, 
defensores públicos e membros do Ministério Público (arts. 3º, §3º e 359). 
Em resumo: todos devem buscar, primeiro, a solução consensual do 
conflito. Relembrando a frase de Washington de Barros Monteiro: “mais vale 
um mau acordo que uma boa demanda (melhor est certa pax quam sperata 
victoria). Ou, como dizem os italianos, ‘è meglio um magro accordo che una 
grassa sentenza’.” (Curso de direito civil, V. 5, p. 395). 
Tradicionalmente, sempre se entendeu que o juiz poderia e deveria 
propor que as partes entrassem num acordo na audiência, ou em qualquer 
momento do processo que estimasse oportuno. Mas agora o legislador vai 
mais longe: se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o 
caso de improcedência liminar do pedido, o juiz deverá designar audiência 
de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 dias, 
devendo ser citado o réu com pelo menos 20 dias de antecedência (NCPC, 
art. 334). 
Há norma legal expressa no sentido de que a “autocomposição judicial 
pode envolver sujeito estranho ao processo e versar sobre relação jurídica 
que não tenha sido deduzida em juízo” (art. 515, §2º). Em outras palavras, 
é dizer que o acordo judicial, ao qual as partes eventualmente venham a 
chegar no curso de uma demanda, pode abranger pontos que não estavam 
originariamente deduzidos – nem na petição inicial, nem na contestação – e 
pode também envolver pessoas diferentes das partes – terceiros. 
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PROCESSO “EM TRÂNSITO” - TRASLATIO IUDICI 
Conforme já ressaltado, o CPC de 2015 resolve muitos problemas que 
os advogados enfrentam hoje. Esse foi um aspecto levado em conta pelo 
legislador: um Novo Código é, sem dúvida, uma oportunidade para que se 
ponha um fim a discussões intermináveis, que geram doutrina discordante e 
jurisprudência dividida. 
Nesse sentido, o Novo Código adotou expressamente o princípio da 
translatio iudici, que indica a forma de resolver a situação quando o 
processo está, por assim dizer, em trânsito (NCPC, art. 64, §4º). 
Por exemplo, quando fica decidido ser, determinada causa, que 
tramita perante a justiça estadual, da competência da justiça federal, os 
autos vão da Justiça estadual para a federal. A dúvida que surge: o que 
acontece, com a liminar proferida pelo juiz estadual enquanto o processo 
não chega na federal? É automaticamente revogada? O novo Código diz que 
não. Ela conserva seus efeitos até que o novo juiz reveja a situação. A 
liminar, então, poderá ser mantida ou cassada pelo magistrado competente. 
Assim, a decisão proferida pelo juízo incompetente se manterá 
incólume até que o juízo competente decida novamente e, caso silencie a 
respeito, seus efeitos permanecerão conservados. 
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HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS 
O Novo Código de Processo Civil revolucionou no campo dos 
honorários advocatícios sucumbenciais, definindo novos parâmetros, 
preenchendo diversas lacunas existentes na lei e solucionando antigas 
disputas doutrinário-jurisprudenciais. 
Uma das maiores conquistas da advocacia, ao lado da contagem dos 
prazos processuais apenas em dias úteis (v. NCPC, art. 219) e das “férias 
forenses” (suspensão dos prazos no período compreendido entre os dias 20 
de dezembro e 20 de janeiro de cada ano – v. NCPC, art. 220), sem dúvida 
está a nova regulamentação da fixação de honorários sucumbenciais (v. 
NCPC, art. 85). 
Tentaremos sintetizar as principais novidades. 
Os honorários sucumbenciais serão devidos, cumulativamente (§1º): 
• Na reconvenção;
• No cumprimento de sentença, provisório ou definitivo;
• Na execução, resistida ou não;
• Nos recursos interpostos.
O percentual de fixação será de 10 a 20% sobre o valor da 
condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-
lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos, ainda, os seguintes 
parâmetros: o grau de zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; 
a natureza e a importância da causa; e o trabalho realizado pelo advogado e 
o tempo exigido para o seu serviço (§2º).
Nas demandas nas quais a Fazenda Pública for parte (autora ou ré), os 
limites serão fixados em cinco “faixas” distintas (§3º): 
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PERCENTUAL DE HONORÁRIOS 
VALOR DA CONDENAÇÃO OU 
DO PROVEITO ECONÔMICO OBTIDO 
10 a 20% Até 200 salários mínimos 
08 a 10% 
Acima de 200 até 2.000 salários 
mínimos 
05 a 08% 
Acima de 2.000 até 20.000 salários 
mínimos 
03 a 05% 
Acima de 20.000 até 100.000 
salários mínimos 
01 a 03% Acima de 100.000 salários mínimos 
Ainda nesses casos, existe a ressalva de que, quando o valor da 
condenação ou do proveito econômico obtido ultrapassar 200 salários 
mínimos, que é a primeira “faixa”, a fixação do percentual de honorários 
deve observar a faixa inicial e, naquilo que a exceder, a faixa subsequente, e 
assim sucessivamente (§5º). Nesse sentido, se houver, por exemplo, um 
valor de proveito econômico obtido da ordem de 3.000 salários mínimos, o 
juiz deveráutilizar os seguintes parâmetros para a fixação de honorários: 
10-20% para 200 salários mínimos (primeira “faixa”); 08-10% para 1.800 
salários mínimos (segunda “faixa”); e 05-08% para os restantes 1.000 
salários mínimos (terceira “faixa”). 
Na ação de indenização por ato ilícito contra pessoa, o percentual de 
honorários incidirá sobre a soma das prestações vencidas com mais doze 
prestações vincendas (§9º). 
Nos casos de perda do objeto, os honorários serão devidos por quem 
deu causa ao processo (§10). 
Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza 
alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do 
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trabalho, sendo vedada a compensação em caso de sucumbência parcial 
(§14). 
Nesse sentido, cabe destacar que houve uma opção legislativa 
expressa pela titularidade da verba honorária fixada judicialmente em favor 
do advogado da parte vencedora, bem como, por via de consequência, pela 
impossibilidade de compensação dos honorários sucumbenciais nos casos de 
sucumbência parcial (NCPC, arts. 85, caput e §14 e 86). Não restará, pois, 
mais amparo legal para o Enunciado nº 306 da Súmula do Superior Tribunal 
de Justiça que já poderia ser cancelada inclusive antes da entrada em vigor 
do Novo Código. 
O advogado pode requerer que o pagamento dos honorários que lhe 
caibam seja efetuado em favor da sociedade de advogados que integra na 
qualidade de sócio, aplicando-se à hipótese o disposto no §14 (§15). 
Os honorários serão devidos quando o advogado atuar em causa 
própria (§17). 
Caso a decisão transitada em julgado seja omissa quanto ao direito 
aos honorários ou ao seu valor, é cabível ação autônoma para sua definição 
e cobrança (§18). 
Os advogados públicos perceberão honorários de sucumbência, nos 
termos da lei (§19). 
Essas, portanto, as principais alterações no tocante aos honorários 
sucumbenciais no texto do NCPC. Dentre elas, deve-se destacar a fixação de 
honorários na fase recursal, regra que poderá diminuir consideravelmente a 
interposição de recursos protelatórios e que prestigia o trabalho do bom 
profissional numa etapa procedimental mais complexa. 
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INTERVENÇÃO DE TERCEIROS 
No Título que trata “Da Intervenção de Terceiros”, o CPC de 2015 
simplificou as modalidades, finalmente incluindo a assistência (arts. 119 a 
124 – que no CPC/73 está fora do capítulo que trata da intervenção de 
terceiros), mantendo a denunciação da lide (arts. 125 a 129) e o 
chamamento ao processo (arts. 130 a 132), e acrescentando o incidente de 
desconsideração da personalidade jurídica (arts. 133 a 137) e o amicus 
curiae (art. 138). 
A oposição, por sua vez, tornou-se procedimento especial (NCPC, arts. 
682 a 686) e a nomeação à autoria foi reposicionada no plano da correção 
da legitimidade passiva, possibilitando-se ao autor, no prazo de 15 dias após 
a contestação na qual o réu alega não ser parte legítima ou não ser o 
responsável pelo prejuízo alegado, alterar a petição inicial a fim de substituir 
o réu ou incluir o sujeito indicado como litisconsorte passivo (art. 338 e 339,
§2°).
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ASSISTÊNCIA SIMPLES E LITISCONSORCIAL 
A figura da assistência não teve modificações substanciais no CPC de 
2015, mas alguns pontos de aperfeiçoamento. Optou-se por trazer 
“disposições comuns” da assistência (arts. 119 e 120), além de regramento 
próprio da assistência simples (arts. 121 a 123) e litisconsorcial (art. 124). 
Desse modo, o assistente é o terceiro que ingressa, de forma 
voluntária, em processo pendente para aderir à pretensão de uma das 
partes, buscando uma decisão que lhe seja favorável e beneficiando-se, com 
mais ou menos intensidade, dos efeitos dessa decisão (por isso, 
juridicamente interessado). 
Assim, pacificando controvérsia doutrinária, o NCPC positivou que a 
assistência deve ser admitida em qualquer procedimento (comum, especial, 
de jurisdição voluntária etc.) e em todos os graus de jurisdição, recebendo o 
assistente o processo no estado em que se encontre (art. 119, parágrafo 
único). 
Por fim, quanto às “disposições comuns”, foram alteradas duas regras 
procedimentais, quais sejam: i) não sendo o caso de indeferimento liminar 
do requerimento de assistência, o juiz intimará as partes para manifestação 
acerca do pedido dentro do prazo comum de 15 dias (NCPC, art. 120 – e não 
mais 05 dias, como prevê o art. 51 do CPC/73); e ii) ainda que as partes 
formulem impugnações ao pedido de intervenção, ele será decidido 
incidentalmente nos autos principais (NCPC, art. 120, parágrafo único – e 
não mais são criados autos apensos como na sistemática do art. 51, inciso I, 
do CPC/73), prestigiando a celeridade e simplificação processual. 
No que concerne à atuação processual do assistente simples, o Novo 
Código deixou claro que, nos casos de omissão do assistido, o assistente 
poderá atuar na qualidade de substituto processual (e não “gestor de 
negócios” – CPC/73, art. 52, parágrafo único), de modo que poderá praticar 
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todos os atos de tutela do interesse jurídico do assistido (a menos que esse 
venha a se manifestar de modo contrário, mas, nesse caso, deixará de ser 
omisso), inclusive a interposição de recurso (NCPC, art. 121, parágrafo 
único). 
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DENUNCIAÇÃO DA LIDE 
Especificamente sobre o instituto da denunciação da lide, mister se faz 
destacar três importantes inovações do NCPC sobre o assunto, quais sejam: 
fim da obrigatoriedade da denunciação da lide, limitação da denunciação da 
lide sucessiva e proibição da denunciação da lide per saltum. 
O caput do artigo 125 do Novo Código é expresso ao dispor que “é 
admissível a denunciação da lide (...)”, e não obrigatória como faz o vigente 
artigo 70 do CPC de 1973, confirmando o entendimento doutrinário e 
jurisprudencial majoritário que atualmente advoga pela facultatividade da 
denunciação da lide mesmo na hipótese de evicção (v. Daniel Amorim 
Assumpção NEVES, Novo Código de Processo Civil: inovações, alterações e 
supressões comentadas, p. 129 e STJ, REsp 1.332.112-GO). 
Ainda, esse entendimento é reafirmado pelo NCPC no mesmo artigo 
125, em seu parágrafo 1º, ao destacar que “O direito regressivo será 
exercido por ação autônoma quando a denunciação da lide for indeferida, 
deixar de ser promovida ou não for permitida.”. 
No tocante à denunciação da lide sucessiva, destaca-se a opção 
legislativa por mantê-la, mas limitá-la a uma única vez, isto é, o denunciado 
poderá promover nova denunciação contra o seu alienante imediato ou o 
responsável por indenizá-lo, mas este último não poderá promover nova 
denunciação sucessiva (caberá a ele ação autônoma para exercer o seu 
direito de regresso). 
Essa regra aparece clara no parágrafo 2º do artigo 125 do NCPC: 
“Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado, 
contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja 
responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo promover 
nova denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será 
exercido por ação autônoma.”. 
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Por fim, a denunciação da lide per saltum, ou seja, aquela feita não ao 
alienante imediato, mas a qualquer um dos alienantes anteriores, 
desaparece do sistema jurídico brasileiro, notadamente pela opção 
legislativa contida no artigo 1.072, inciso II, do NCPC, que revogou 
expressamente o artigo 456 do Código Civil Brasileiro, suporte atual para o 
entendimento majoritário no sentido de que seria possível a referida forma 
de denunciação. 
Nas lições de Teresa Arruda Alvim Wambier, Maria Lúcia Lins 
Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro e Rogério Licastro Torres de 
Mello: “(...) A questão sempre foi controvertida porque, ao se admitir a 
denunciação per saltum, estar-se-á permitindo que o denunciante se volte 
contra quem não mantém relação jurídica de direito material. Para a 
doutrina majoritária e jurisprudência, a denunciação per saltum estaria 
autorizada pelo art. 456 do CC, segundo o qual ‘Para poder exercitar o 
direito que da evicção resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante 
imediato ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determinarem as 
leis do processo’. Estar-se-ia em face de hipótese de legitimação 
extraordinária, em que ‘o alienante mediato estaria em juízo discutindo 
relação jurídica do alienante imediato’ (Fredie DIDIER JR., Curso de processo 
civil, vol. 1, p. 396). Para outros, porém, a denunciação per saltum não seria 
cabível, vez que o próprio art. 456 do CC previa que o adquirente deveria 
‘notificar’ o alienante ‘como lhe determinarem as leis do processo’, sendo 
que, de acordo com estas, a regra é da denunciação ao alienante imediato. 
Filiamo-nos a essa corrente porque, além de romper com a regra de que 
parte legítima para ação regressiva é aquela com quem o denunciante 
mantém relação de direito material direta, a denunciação per saltum 
permite, conforme salienta Flávio Yarshell, ‘que um dos alienantes – 
qualquer um deles, a considerar, provavelmente, a respectiva capacidade de 
arcar com a indenização do adquirente/denunciante – poderia responder por 
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diferentes indenizações, de diferentes adquirentes’ (Três temas de direito 
processual no âmbito das obrigações e dos contratos. In.: O Código Civil e 
sua interdisciplinaridade. Coord. José Geraldo Brito Filomeno, Luiz Guilherme 
da Costa Wagner Junior e Renato Afonso Gonçalves. Belo Horizonte: Del 
Rey, 2004, n. 4, p. 314). O legislador do NCPC seguiu essa orientação, tanto 
que, por meio do seu art. 1.072, II, revogou o art. 456 do CC.” (Primeiros 
comentários ao Novo CPC: artigo por artigo, p. 230-231). 
Sob o aspecto procedimental, há pontuais modificações que também 
merecem destaque, quais sejam: i) quando requerida pelo réu, a 
denunciação deverá ser feita na contestação (NCPC, art. 126, caput – e não 
no “prazo para contestação” – CPC/73, art. 71); ii) autor e réu terão 30 dias 
(e não 10 dias – CPC/73, art. 72, §1º, “a”) para promover a citação do 
denunciado que residir naquela comarca ou 02 meses (NCPC, arts. 126 e 
131, caput e parágrafo único – e não 30 dias – CPC/ 73, art. 72, §1º, “b”) 
para providenciar a citação do denunciado que residir em outra comarca, 
seção ou subjeção judiciárias, ou em lugar incerto, sob pena da denunciação 
ficar sem efeito. 
Ademais, as possíveis condutas do denunciante e denunciado frente à 
provocação feita pelo réu também foram aperfeiçoadas (NCPC, art. 128): se 
o denunciado contestar o pedido formulado pelo autor, o processo seguirá
tendo, na ação principal, em litisconsórcio, denunciante e denunciado (NCPC, 
art. 128, inciso I – não será necessária a “aceitação” da denunciação pelo 
denunciado para que se torne litisconsorte – CPC/73, art. 75, I); se o 
denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com a sua 
defesa, eventualmente oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo sua 
atuação à ação regressiva (NCPC, art. 128, inciso II – diferentemente do art. 
75, II do CPC/73, que impunha ao denunciante o dever de prosseguir com a 
sua defesa até final); e se o denunciado confessar os fatos alegados pelo 
autor na ação principal, o denunciante poderá prosseguir com a sua defesa 
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ou, aderindo a tal reconhecimento, pedir apenas a procedência da ação de 
regresso (NCPC, art. 128, inciso III – em comparação com o art. 75, III do 
CPC/73, o NCPC confere ao denunciante a possibilidade de aderir ao 
reconhecimento do pedido formulado na ação principal, concentrando a sua 
pretensão na ação regressiva). 
Por derradeiro, o art. 128, parágrafo único, do Novo Código, positivou 
entendimento jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça (STJ), 
conferindo ao autor a prerrogativa de requerer o cumprimento da sentença 
também contra o denunciado, respeitados os limites da condenação na ação 
de regresso (cf. REsp 1.294.029/SC, Rel. Min. Nancy Andrigui, 3ª Turma, j. 
15/12/2011). 
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CHAMAMENTO AO PROCESSO 
O chamamento ao processo é disciplinado nos artigos 130 a 132 do 
NCPC, que mantém as hipóteses clássicas de seu cabimento: a fiança e a 
solidariedade entre os devedores. 
Sobre o tema, importante apontamento de Cássio Scarpinella Bueno: 
“o que é de se lamentar é que a versão final do novo CPC, acolhendo, no 
particular o Projeto da Câmara, tenha eliminado o inciso IV proposto pelo 
Projeto do Senado que ampliava sobremaneira o instituto, adaptando-o 
suficientemente bem a determinadas (e diversas) hipóteses previstas no 
Código Civil de 2002 e que, na perspectiva do direito material, não são 
assimiláveis à fiança nem à solidariedade e, tampouco, justificadoras da 
denunciação da lide.” (Novo Código de Processo Civil anotado, p. 131). É o 
caso, por exemplo, da polêmica hipótese de chamamento ao processo do 
parente de grau imediato na ação de alimentos, quando o demandado 
(alimentante) não tiver condições de arcar com a totalidade da prestação de 
alimentos (CC, art. 1.698, primeira parte). 
Há peculiares diferenciações no procedimento do chamamento ao 
processo, quais sejam: i) o réu deverá requerer o chamamento na 
contestação pela sistemática do art. 131, caput, do NCPC (e não no “prazo 
para contestação” – art. 78 do CPC/73), deixando claro que se pretende 
contestar deverá fazê-lo na mesma peça em que fará o chamamento; ii) 
assim, em regra, terá 30 dias (e não 10 dias – art. 72, §1º, “a”, do CPC/73) 
para promover a citação do chamado, sob pena de ficar sem efeito, salvo 
quando ele residir em outra comarca, seção ou subjeção judiciárias, ou em 
lugar incerto, quando terá o prazo de 02 meses (e não 30 dias – art. 72, 
§1º, “b”, do CPC/73) para fazê-lo (NCPC, art. 131, caput e parágrafo único).
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INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE 
JURÍDICA 
A desconsideração da personalidade jurídica ganha tratamento 
procedimental específico e detalhado no NCPC, na forma de um incidente 
processual próprio, que será instaurado a requerimento da parte ou do 
Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo (arts. 133, caput e 
795, §4º). 
O que se pretende com o novo regramento é evitar arbitrariedades e 
exigir amplo contraditório nas situações que ensejam a desconsideração

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