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Processos de Conformação Mecânica – Aula 10 Metalurgia do pó Prof. Leandro E. Falqueto E-mail: leandro.falqueto@hotmail.com 9. Compactação • O pó é colocado em cavidades da matriz, que são montadas em prensas de compressão fabricadas especialmente para a metalurgia do pó. Nessas prensas, o pó é comprimido a pressões determinadas. • Considerando um exemplo simples, as etapas da compactação serão: – Enchimento da cavidade; – Abaixamento do punção superior; – Aplicação da pressão pelo punção superior; – Subida e retirada do punção superior; – Ejeção da peça pelo punção inferior. Vídeo • Os objetivos desta etapa do processo são: – Conformar o pó na forma projetada; – Conferir dimensões finais, levando em conta as alterações que podem ocorrer na sinterização; – Conferir densidade verde adequada; – Conferir resistência mecânica necessária para posterior manuseio; – Proporcionar o necessário contato entre as partículas de pó, para que a operação de sinterização seja efetuada de modo mais eficiente. • As principais formas de compactação são: – Compressão em matrizes rígidas; – Compressão isostática a frio; – Compressão isostática a quente; – Extrusão de pós metálicos; – Compactação por laminação de pós. 9.1. Compressão em matriz rígida • A figura ao lado apresenta a maioria dos componentes utilizados na compactação. • Em resumo, temos: – Punção superior; – Punção inferior; – Macho; – Matriz. • As prensas utilizadas na compressão em matriz rígida podem ser classificadas em: – Prensa de ação simples; – Prensa de ação dupla; – Prensa com sistema de retirada; – Prensa de movimento múltiplo; – Prensa rotativa. • Prensa de ação simples • Prensa de ação dupla – Possibilita obter densidades mais uniformes que o sistema anterior. • Prensa de movimento múltiplo Vídeo • Prensa rotativa. 9.2. Compressão isostática • Nesse processo, as pressões são aplicadas simultaneamente em todas as direções. • Não é um processo contínuo, como no caso anterior, emprega pressões elevadas e não permite alta velocidade de produção. • Por outro lado, produz compactos de máxima uniformidade em relação à estrutura granular e à densidade. • Aplica-se em formas simples e complexas que exigem maiores resistências mecânicas. • Além disso, o processo pode ser aplicado em grande dimensões, as quais são limitadas pela câmara de pressão isostática. • O pó é colocado em um receptáculo de material flexível, como alguns tipos de elastômeros, que atua como matriz. • Depois de submetido à vácuo para remoção do ar retido, ele é vedado e mergulhado num banho líquido (água ou óleo) situado no vaso de pressão, no qual o fluido pode ser submetido a pressões relativamente elevadas, de modo a exercer-se pressão isostática sobre o receptáculo e, consequentemente, no pó. Vídeo 9.3. Compressão isostática a quente • Semelhante ao caso anterior. • A diferença é que, nesse processo, a sinterização ocorre junto da compactação. • As temperaturas aplicadas variam de 480 °C a 2000 °C, aproximadamente. • Assim como antes, o pó é colocado num recipiente flexível e desgaseificado antes de aplicar a pressão. • Os recipientes são de material metálico, no caso de peças de forma simples, ou de material cerâmico, no caso de peças de forma complexas. Vídeo 9.4. Extrusão de pós • O método mais prático de aplicar o processo de extrusão em pós consiste em colocar o pó num recipiente, ou seja, “enlatar” o pó. 9.5. Compactação por laminação de pós • O pó é levado a um conjunto de cilindros de laminação que produz uma tira ou chapa verde. • Posteriormente, o material é sinterizado e laminado novamente, produzindo o produto final. • As aplicações comerciais incluem tiras e chapas de níquel e de cobalto. • Outra aplicação é a produção de materiais compósitos ou tipo “sanduíche”. Vídeo 10. Sinterização • Consiste no aquecimento das peças compactadas a temperatura específicas, sempre abaixo do ponto de fusão do metal base da mistura, e, eventualmente, acima do ponto de fusão do metal secundário da mistura. • As condições de velocidade de aquecimento, tempo à temperatura, velocidade de resfriamento e atmosfera do ambiente de aquecimento são controladas. • Como resultado, as partículas que constituem o compactado ligam-se entre si e o material adquire as características desejadas de densidade, dureza e resistência mecânica. 10.1. Teoria da sinterização • A sinterização é, na realidade, um processo típico de difusão no estado sólido. 1. Difusão superficial 2. Evaporação e recondensação 3. Difusão no volume 4. Difusão no contorno de grão • Pode-se dividir a sinterização em três estágios. • Estágio inicial – Formação de contatos de sinterização. – Os contatos entre as partículas formam um “pescoço”, isto é, a matérias torna-se contínua na região dos contatos. – Nesse estágio não ocorre grande movimentação (variação dimensional) de partículas. • Estágio intermediário – As partículas perdem gradativamente sua identidade. – O sinterizado apresenta duas “fases” contínuas: a do material (fases sólidas) e a “vazia” (rede interligada de poros). – O tamanho de grão cresce, resultando em uma nova microestrutura. – A maior parte da retração ocorre neste estágio. • Estágio final – Ocorre o isolamento e o arredondamento dos poros (densidade da ordem de 90 a 98% da teórica). – Se os poros contêm gases não solúveis no metal base, não se conseguirá a densificação total. – Se os poros são vazios ou contém gases solúveis na matriz, pode haver densificação total. • Deve-se levar em conta, ainda, outras transformações que podem ocorrer durante a sinterização: – Homogeneização ou formação de liga. • Ocorre a difusão de um soluto em um solvente. Ex.: Grafita e ferro. – Transformação de fase. • Ex.: Durante a fabricação de aços sinterizados há a formação da austenita que, no resfriamento, se transforma em novas fases. • Além disso, existem alguns fatores que podem interferir no processo de sinterização: – Tamanho da partícula; – Forma e topografia da partícula; – Estrutura da partícula; – Composição da mistura; – Densidade verde; – Temperatura; – Tempo. 10.2. Prática da sinterização • Os equipamentos básicos utilizados na etapa da sinterização são: – Forno de sinterização; – Equipamento de controle de temperatura; – Equipamento produtor das atmosferas de proteção ou controladas. • Forno de sinterização – Forno a gás: • Temperatura até 1200 °C. • Porém, acima de 1080 °C, o calor perdido nas chaminés é muito grande. – Forno elétrico: • Mais versáteis, são aquecidos pelo uso de resistências. – Ligas metálicas níquel-cromo – Elementos metálicos refratários (W, Mo) – Elementos não metálicos (carboneto de silício ou grafita) • Temperaturas máximas da ordem de 2500 °C. • Dispositivo de controle de temperatura – O controle da temperatura é essencial para manter a qualidade e obter os melhores resultados. • Atmosfera de sinterização – As atmosferas empregadas tem diversos objetivos: • Impedir a entrada de ar no forno; • Facilitar a eliminação de lubrificantes nos compactados; • Sinterizar; • Reduzir os óxidos superficiais; • Controlar o teor de carbono na superfície e no núcleo das peças; • Transmitir, de modo uniforme e eficiente, o calor. 11. Operações complementares • Em alguns casos pode-se realizar operações complementarespara se obter o produto final. • A porosidade típica de muitas peças sinterizadas frequentemente impõem restrições em determinadas operações secundárias. • Na aplicação de revestimentos superficiais, por exemplo, pode ocorrer acúmulo de material nos poros e provocar uma rápida corrosão. 11.1. Recompressão ou calibragem • Operação realizada em prensas, diferentes daquelas utilizadas na compactação. • Tem por objetivo eliminar as distorções e empenos verificados durante a sinterização, resultando num acerto definitivo da forma e dimensões da peça sinterizada. • Essa operação é necessária quando as tolerâncias são muito estreitas, difíceis de controlar durante a sinterização. • As pressões aplicadas são menores que às utilizadas na compactação. 11.2. Tratamento térmicos ou termoquímicos • Tem por objetivo melhorar as propriedades mecânicas. • São exemplos o tratamento de têmpera e revenido, ou a carbonitretação. • Devido à presença da porosidade, essas operações são realizadas na presença de atmosfera gasosa. • Outro tratamento possível para peças ferrosas é a oxidação ou tratamento a vapor. – Ele tem a finalidade de elevar a resistência à corrosão. – Esse tratamento consiste em aquecer as peças de ferro até temperaturas da ordem de 580 a 600 °C numa câmara, na qual penetra uma corrente de vapor de água. Como resultado, as paredes de cada poro e a superfície das peças ficam revestidas de uma camada fina e aderente de óxido de ferro. 11.3. Tratamentos superficiais • Tratamentos de revestimentos superficial de zinco, níquel, cromo e fosfatização podem ser aplicados em peças sinterizadas de ferro desde que elas sejam suficientemente densas, com o objetivo de melhorar a resistência à corrosão. 11.4. Infiltração metálica • Consiste no processo de penetração de uma massa metálica líquida no sistema poroso de um compactado. 11.5. Impregnação • Processo empregado principalmente em buchas autolubrificantes. • Ele consiste no preenchimento dos poros da peça com óleo. – O óleo permite a lubrificação da superfície da bucha quando o eixo que nela trabalha encontra-se em movimento. • Quando o eixo para, o óleo retorna para o interior da bucha pela ação da capilaridade. Buchas antes da impregnação: • 70% de metal • 30% de poros Impregnação: A peça é submetida ao vácuo e à pressão, dentro de um recipiente com óleo aquecido. Bucha após a impregnação: • 70% de metal • 20% poros com óleo • 10 % de poros vazios Vídeo
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