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INTRODUÇÃO A avaliação primária segue a clássica seqüência ABCDE, conforme o programa ATLS® (Advanced Trauma Life Support), criado no fi m da década de 1970, pelo Colégio Americano de Cirurgiões.1 O exame primário e a reanimação do traumatizado, via de regra, ocorrem simultaneamente e seguem uma seqüência lógica, não se devendo passar adiante se o problema detectado não for resolvido. Se a seqüência da avaliação primária for seguida corretamente, ela não dura mais que alguns minu- tos, durante os quais são identifi cadas e tratadas, antes de qualquer exame complementar, as se- guintes condições de risco para a sobrevivência: 1. Obstrução das vias aéreas (passo A) 2. Ventilação inadequada (passo B): pneumotórax hipertensivo, pneumotórax aberto, hemotórax maciço, tórax instável 3. Circulação inadequada (passo C): hemorragia, tamponamento cardíaco A avaliação primária se conclui com o exame neu- rológico sumário (passo D) e com a exposição do paciente (passo E) prevenindo a hipotermia. A. Vias aéreas e proteção cervical. Controle das vias aéreas e proteção da coluna cervical Em primeiro lugar, deve-se procurar sinais de obs- trução das vias aéreas (Algoritmo 1). Pede-se para o paciente responder perguntas simples (Como está? Como se chama?) para se obter informações importantes: de fato um paciente que fala não pode ter a via aérea obstruída. A obstrução da via aérea pode ser instantânea ou potencial. Uma obstrução instantânea pode ser completa, como indica uma respiração tipo gasping ou incompleta, como ocorre no estridor laríngeo. 11 Avaliação primária e reavaliação As condições para potencial obstrução das vias aéreas são a presença de vômito, sangue, corpo estranho na cavidade oral, trauma buco-maxilo- facial, queimadura extensa de face com acometi- mento da cavidade oral. É necessário, nestes casos, iniciar as manobras de liberação das vias aéreas: aspiração, anteriorização do mento, posiciona- mento de cânula orofaríngea (nasofaríngea nos pacientes conscientes já que é melhor tolerada), administração de oxigênio 10-12 L/min em más- cara com reservatório e reavaliação do paciente. Se o estado do paciente não melhorar, faz-se a intu- bação traqueal. Outras indicações absolutas de intubação ime- diata são a apnéia, parada cardíaca (ou condição pré-parada), inadequada oxigenação e ventilação (p. ex., oximetria menor que 90% mesmo após ad- ministração de oxigênio em máscara com reserva- tório), deterioração do estado de consciência (ECG < 9) com possível queda da língua, necessidade de fazer propedêutica em paciente não cooperativo (p. ex., sob efeito de droga ou álcool, ou crianças que requerem sedação). Técnica de intubação traqueal. A intubação oro traqueal (IOT) é o método de escolha para o controle das vias aéreas em condições de emer- gência (Algoritmo 2). A intubação nasotraqueal (INT) é uma opção alternativa nos pacientes com respiração espontânea. Contra-indicações a INT são: apnéia, coagulopatia, fratura maxilo-facial e de base de crânio (suspeitar de fratura de base quando houver hematoma retro-auricular e peri- orbitário).2 Na intubação do traumatizado consciente ou que mantém os refl exos utiliza-se drogas sedativas e relaxantes neuromusculares. A pré-medicação é essencial no paciente com traumatismo crania- no para prevenir os refl exos de tosse e de vômito 12 Capítulo 2 - Avaliação Primária e Reavaliação 2 que podem determinar elevação da pressão in- tracraniana. A seqüência rápida de intubação (SRI)3 é a mais utilizada nestes casos. O medicamento sedativo utilizado em casos de estabilidade hemodinâmica é o tiopental (4 mg/kg) ou o propofol (2,5 mg/kg). Na presença de instabilidade hemodinâmica é preferível o etomidato (0,3 mg/kg) ou a cetamina (1,5 mg/ kg). A cetamina deve ser precedida por benzo- diazepínico (midazolan 0,1 mg/kg) para evitar o efeito alucinógeno. O relaxamento muscular é obtido com succinilcolina (1 mg/kg). Nos casos de trauma ocular, lesão por es- magamento ou queimaduras extensas, usa-se vecuronium (0,1 mg/kg) ou rocuronium (1,2 mg/kg) para evitar a extrusão do bulbo e agra- vamento da hiperpotassemia induzida por drogas despolarizantes. *Gasping, emprego da musculatura acessória, retração dos músculos intercostais, ansiedade, confusão, estridor laríngeo, difi culdade ou ausência de verbalização, falta de emissão de ar pela boca ou nariz, apnéia, trauma buco-maxilo-facial, trauma cervical com hema- toma em expansão ou com enfi sema de subcutâneo, risco de aspiração gástrica ou de sangue, queimadura da face. **Abertura da boca, subluxação anterior da mandíbula, aspiração ou remoção de corpo estranho e sangue da cavidade oral, posiciona- mento de cânula orofaríngea ou nasofaríngea, administração de oxigênio em máscara com reservatório a 10-12 L/min. Manter o alinhamento e a imobilização cervical Sinais de obstrução imediata ou possível das vias aéreas* Administrar O2 por máscara com reservatório 10-12 L/min Seguir com manobras de base** Observação mantendo O2 Observação Passar para a prioridade seguinte Intubação traqueal ECG > 8 Manobras efi cazes Recidiva dos sinais de obstrução ou necessidade de transporte Prioridade seguinte sim não não não não simsim sim Algoritmo 1 Controle das vias aéreas 13 Capítulo 2 - Avaliação Primária e Reavaliação 2 Algoritmo 2 Intubação traqueal sim não sim sim sim não não não não não Intubação nasotraqueal com colar se o médico tiver prática Necessidade de proteção das vias aéreas Apnéia, ou suspeita de fratura de base do crânio ou da pirâmide nasal Intubação orotraqueal com laringoscopia direta e imobilização manual da coluna cervical (seqüência rápida) Aspirar Repetir a laringoscopia (máximo duas vezes) Confi rmar com ETCO2 Sucesso Cordas vocais visíveis Sucesso Experiência com cricotireoidotomia Ventilação em Ambu efi caz (SAT O2 > 90) Efi caz Intubação orotraqueal (confi rmar com ETCO2) Cricotireodotomia Máscara laríngea ou intubação broncoscópica Passar para a prioridade seguinte não sim sim sim Na suspeita de hipertensão intracraniana é aconselhado fazer a pré-medicação (3 minutos antes) com lidocaína (1,5 mg/kg) ou vecuro- nium (0,01 mg/kg) antes da succinilcolina, as- sim evitando a fasciculação. Todavia, na dramática situação de não con- seguir realizar a intubação, é necessária a in- tubação assistida por fi broscopia ou mesmo o acesso cirúrgico à via aérea com cricotireoidos- tomia ou traqueostomia. Esta última é obriga- 14 Capítulo 2 - Avaliação Primária e Reavaliação 2 tória nos casos de fratura de laringe e em crian- ças com intubação difícil. Uma alternativa viável (p. ex., ausência de experiência cirúrgica ou com fi broscopia) é o posicionamento de máscara laríngea, que deve ser substituída assim que possível por uma via aérea defi nitiva. O paciente traumatizado deve ser consi- derado portador de lesão raquimedular até a segura exclusão da mesma.4 Portanto, a prote- ção da coluna cervical mediante a aplicação do colar cervical deve ser mantida durante toda a fase de assistência primária. Se existe a neces- sidade de intubação ou cricotireoidostomia an- tes da remoção do colar, um dos membros da equipe deve manter a imobilização cervical. B. Ventilação. Controle da ventilação Enquanto se faz a administração de O2, é ne- cessário descobrir o tórax e observar a simetria, expansão, palpar em busca de crepitações, ir- regularidades ósseas, auscultar o murmúrio e a simetria do som (Algoritmo 3). Nos pacientes intubados e com diminuição do som à esquer- da, deve-se verifi car se não ocorreu intubação seletivado brônquio principal direito. Nessa fase, as condições que devem ser diagnostica- das, sem a ajuda de métodos complementares, são: pneumotórax hipertensivo, pneumotórax aberto e tórax instável. Uma quarta condição que deve ser prontamente reconhecida é o he- motórax maciço. � O pneumotórax hipertensivo é defi nido pela pre- sença de ar no espaço pleural sob pressão, causado por um mecanismo de válvula unidirecional no qual o ar sai do pulmão e não retorna, acumulando- se progressivamente. Ocorre devido à laceração pulmonar por trauma penetrante ou devido a fraturas costais no trauma contuso, determi- nando desvio contra-lateral progressivo do mediastino, com compressão do pulmão sadio e comprometimento circulatório por obstáculo do retorno venoso ao coração direito. A assi- metria do murmúrio associado ao comprome- timento hemodinâmico e dessaturação à oxi- metria, o enfi sema de subcutâneo e o desvio contra-lateral da traquéia são os sinais mais freqüentes (outros, como cianose, turgor de jugulares, hiper-ressonância à percussão, são inconstantes). A presença desses sinais indica a necessidade de uma toracocentese no segundo espaço in- tercostal, linha hemiclavicular (eventualmente repetida se negativa). Se positiva (saída de ar sob pressão) faz-se a manobra salvadora de descompressão torácica com agulha 14-16 G no segundo espaço intercostal, na linha hemi- clavicular e com posterior posicionamento de dreno torácico no quinto espaço intercostal, linha axilar média. No paciente obeso e em presença de extenso enfi sema de subcutâneo, devido à difi culdade de alcançar a cavidade pleural ou em condição de iminente parada cardíaca, pode ser indicada uma minitoracotomia descompressiva de cerca de 5 cm no quinto espaço intercostal (o pacien- te deve ser previamente intubado). O tratamento defi nitivo do pneumotórax hi pertensivo é feito com o posicionamento de um dreno torácico de grosso calibre (28-32 Ch) no quinto espaço intercostal na linha axilar média.5 � O pneumotórax aberto é determinado por uma ferida com solução de continuidade até a cavida- de pleural e de diâmetro igual ou maior que dois terços do diâmetro traqueal. Nesta condição a en- trada de ar ocorre preferencialmente pela ferida com colapso pulmonar ipsilateral progressivo. O tratamento imediato do paciente não intubado é o curativo oclusivo de três pontos, de modo a criar um mecanismo valvular através do qual o ar sai do espaço pleural mas não pode entrar. No paciente intubado, a ventilação sob pressão positiva impede a entrada de ar pela ferida. O tratamento defi nitivo é a drenagem torá- cica preferencialmente em um orifício diferen- te daquele que tem a solução de continuidade e a sua sutura depois. � O tórax instável é caracterizado por um segmen- to de parede torácica com ventilação paradoxal, não mais fi xo ao gradil costal durante o ato respi- ratório. É determinado pela presença de fratura em dois pontos ou mais de um mesmo arco costal, e em mais de uma costela. Ocorre mais comumente na parede ântero-lateral devido ao menor volume de musculatura. Freqüente- mente é associado à contusão do parênquima subjacente. A alteração do mecanismo ventilatório e a contusão do parênquima determinam a redu- ção da capacidade vital e nos casos graves, in- sufi ciência respiratória, necessitando intubação e ventilação com pressão positiva para melho- rar a troca gasosa e favorecer a estabilização da parede torácica. 15 Capítulo 2 - Avaliação Primária e Reavaliação 2 Algoritmo 3 Ventilação sim não Considerar intubação traqueal se não efetuada previamente Avaliação primária Sinais de inadequada ventilação e/ou oxigenação: Ausência unilateral de murmúrio (excluir intubação seletiva) Presença concomitante de desvio contralateral da traquéia, hipotensão grave, cianose, enfi sema, taquipnéia, turgor de jugulares, hiperressonância à percussão Ferida comunicante com a cavidade pleural Positiva Ventilação com bolsa ventilatória autoexpansível e reservatório de O2 Ausculta simétrica do murmúrio Continuar a observação e administrar O2 em máscara com reservatório 8-10 L/min Continuar observação e administração de O2 Passar a prioridade seguinte Curativo oclusivo da ferida em três pontos se o paciente não estiver intubado. Drenagem torácica e rafi a da ferida Toracocentese no segundo espaço Continuar observação e administração de O2 Passar para a prioridade seguinte Descompressão pleural com agulha 14 G no segundo espaço ou pleurocath no quinto espaço intercostal na linha hemiclavicular. Se insucesso, considerar minitoracotomia. Fazer a drenagem torácica – assimetria dos movimentos torácico – taquipnéia (> 29), bradipnéia (<10) – cianose – SAT O2 < 90% com O2 10-12 L/min não não não não sim sim sim sim � Hemotórax maciço é defi nido como o acúmulo de sangue no espaço pleural em quantidade sig- nifi cativa para comprometer a ventilação e a cir- culação. É suspeitado pela ausência unilateral do murmúrio, macicez à percussão, sinais de choque e comprometimento ventilatório. A semiotécnica e a clínica podem ser confundi- das com a do pneumotórax hipertensivo e não 16 Capítulo 2 - Avaliação Primária e Reavaliação 2 infreqüentemente é realizada a toracocente- se descompressiva. Se a punção revelar ar sob pressão, faz-se a descompressão pleural. Se negativa ou resulta em sangue, é preferível fazer a radiografi a de tórax antes de qualquer outro procedimento.* C. Circulação. Controle da circulação Defi nição e classifi cação. No paciente trau- matizado, o reconhecimento do choque deve ser baseado em sinais clínicos simples e de rá- pido reconhecimento, e deve ser sempre con- siderado (e tratado), a princípio, como hemor- rágico. O choque é uma condição aguda de baixa perfusão e oxigenação dos órgãos e tecidos ao qual, o organismo responde inicialmente, com vasocons- trição e taquicardia. Na fase inicial do choque os pacientes traumatizados poderão apresentar como únicos sinais a pele fria e malperfundida, além de taquicardia. A hipotensão é um sinal tardio que aparece somente após a perda de uma grande quantidade de volume circulante, em particular nos jovens e crianças.1 O choque no trauma é classifi cado em qua- tro classes de gravidade progressiva (Tabela 1), com base na pressão arterial, freqüência cardí- aca e estado de consciência. Apenas a presença de pulso central indica a classe mais avançada do choque. Seqüência na sala de emergência. A primei- ra ação a ser efetuada na sala de emergência (Algoritmo 4) na presença dos sinais clínicos de choque é o controle dos eventos hemorrágicos externos mediante compressão. Deve-se evitar a aplicação de torniquete (reservando somente para as amputações) ou instrumental cirúrgi- co. Se nesse ponto não foi feita a punção de acessos venosos, deve-se puncionar dois aces- sos periféricos calibrosos (14-16 G). A punção de acesso venoso central (femoral, subclávia) é indispensável nos casos de impossibilidade de puncionar os periféricos ou para posicionar cateteres de grosso calibre se necessária a in- fusão em alto fl uxo como nos casos de choque nas classes avançadas. Após as punções, deve-se colher amostra de sangue para prova cruzada (lactato, tropo- nina no trauma cardíaco, BHCG para mulheres jovens). Em todos os pacientes considerados em choque são prioritários a pesquisa e o controle de fontes de sangramento. A reanimação volêmica começa com a infusão em bolus de 2.000 mL de cristalóide aquecido à 38ºC e eventualmente repe- te-se o bolus. Como regra geral, para compensar a perda de 1 mL de sangue, repõe-se 3 mL de cristalóide isotônico. Dessa forma,baseando- se na classifi cação do choque e na provável extensão dos danos, pode-se estimar a quanti- dade de cristalóide necessária para compensar o paciente. A solução mais escolhida é o Ringer latado levógiro, devido ao menor conteúdo de cloro em relação à solução fi siológica, que em grandes volumes de infusão pode determinar acidose metabólica hiperclorêmica.6 É controverso o uso de solução coloidal; com efeito expansor de plasma nesta fase de rea- nimação (gelatina ou amido). Os colóides po- dem determinar eventos adversos como rea- ção alérgica, coagulopatia e insufi ciência renal. Todavia, tais complicações ocorrem raramente com as soluções de amido de última geração se a infusão for no máximo de 1.000 mL.7 Nos pacientes com choque e traumatismo cra- niano grave é oportuno alternar o ringer com solução fi siológica. O ringer é discretamente hi- potônico, por isso, em grandes volumes, pode favorecer o edema cerebral. A solução fi siológi- ca, ao contrário do ringer, é levemente hipertô- nica. Nesses pacientes pode-se usar pequenos volumes de solução salina com colóide determi- nando um efeito favorável na pressão intra- craniana. Bolus de solução salina hipertônica 7,2% (250 mL) tem a capacidade de expandir a volemia até nove vezes o volume infundido devido à pressão osmótica do líquido no com- partimento extravascular8,9, reduzindo o ede- ma intersticial e a pressão intracraniana. Não existem até o momento estudos randomizados que suportam tal tratamento, restando até o momento apenas uma opção terapêutica.10 É também controverso o emprego de vaso- pressores durante a reanimação inicial do cho- que hipovolêmico no trauma. O próprio trau- matismo já induz a vasoconstrição periférica induzida por catecolaminas, melhorando tran- sitoriamente os parâmetros pressóricos. Na *A introdução recente do uso da ultra-sonografi a como auxílio da avaliação primária, com o posicio- namento do transdutor para-esternal é possível, com um mínimo de treinamento, reconhecer a presença de ar no espaço pleural. Tal método pode substituir no futuro a punção para descompressão torácica de emergência. 17 Capítulo 2 - Avaliação Primária e Reavaliação 2 iminência de uma gravíssima hipotensão não responsiva, inicialmente ao volume pode ser uti lizado para manter uma perfusão cerebral sufi ciente para sobrevivência até que a recupe- ração volêmica obtenha êxito. O medicamento mais utilizado é a noradrenalina devido a seus menores efeitos adversos sobre a freqüência cardíaca e a função renal. Resultados promis- sores são os obtidos com a vasopressina no estado de choque hemorrágico grave e acidose grave.11 A transfusão de sangue é feita nas classes mais avançadas de choque (III e IV) precocemente (ao fi m do segundo bolus), mesmo com exa- mes hematimétricos normais, para evitar uma excessiva hemodiluição e, conseqüentemen- te, redução do transporte de oxigênio. Nestes casos, deve-se solicitar imediatamente quatro unidades de sangue sem prova cruzada (O ne- gativo) que podem estar disponíveis em pou- cos minutos. Assim que estiver pronta a prova cruzada, deverá ser utilizado o sangue compa- tível. Reavaliação. Ao término de cada bolus infun- dido os parâmetros hemodinâmicos devem ser reavaliados. A resposta à infusão pode ser de três tipos: � adequada: com a recuperação persistente dos parâmetros hemodinâmico e de diurese, como acontece nos casos em que o sangra- mento é interrompido; � transitória: ocorre melhora transitória de resposta hemodinâmica com piora dos sinais de hipoperfusão quando se interrompe a repo- sição em bolus. Ocorre devido a um foco persis- tente de sangramento previamente estancado; � ausente: é aquela na qual a reposição volê- mica é inefi caz, pois não consegue compensar a perda. Pode ocorrer também devido a causas diversas de choque que não o hemorrágico. Na reavaliação, o paciente é declarado he- modinamicamente estável ou instável ao fi m da seqüência ABC. É considerado hemodina- micamente estável o paciente que recupera a pressão arterial sistólica superior a 90 mmHg e a mantém por pelo menos uma hora, sem a necessidade de infusão, transfusão maciça, ou fármacos vasopressores. Objetivo da reanimação volêmica. A reani- mação do traumatizado em choque é fi naliza- da após atingir os seguintes objetivos: a. Pressão arterial sistólica (PAS) pode variar em função do tipo de trauma: PAS 90 mmHg no trauma fechado, sem trau- matismo craniano PAS 110 mmHg no trauma fechado, com traumatismo craniano PAS 70 mmHg nos traumas penetrantes. Valores mais elevados de pressão arterial na fase de reanimação do traumatizado podem provocar a recidiva do sangramento no foco de lesão que estava temporariamente tamponado. Já os valores mais altos de pressão no trauma- tismo craniano são necessários para manter a pressão de perfusão cerebral.12 Tabela 1 Classifi cação do choque hemorrágico no trauma Vol. sangue perdido (mL) F.C. (bpm) PAS (mmHg) Pressão de pulso (mmHg) Diurese (mL/h) Estado mental Classe I < 750 < 100 = = = Ansioso Classe II > 750 < 1500 > 100 < 120 = <40 >30 < 30 > 20 Ansioso Classe III > 1500 < 2000 > 120 < 140 < 90 < 30 < 20 > 5 Confuso Classe IV > 2000 > 140 Somente pulso central Não mensurável < 5 Letárgico Sistema rápido de categorização hemodinâmica: CLASSE I: parâmetros hemodinâmicos normais CLASSE II: redução da pressão de pulso, sistólica normal CLASSE III: sistólica < 90 (pulso radial palpável até 80 mmHg) CLASSE IV: palpação somente de pulsos centrais (femural palpável até 70 mmHg, carotídeo até 60 mmHg). 18 Capítulo 2 - Avaliação Primária e Reavaliação 2 Algoritmo 4 Avaliação da adequação da perfusão sim não Continuar observação e administração O2 Avaliação primária Sinais de inadequada perfusão* Prosseguir com protocolo de paciente estável Punção de via venosa periférica se não realizada antes Se grave instabilidade hemodinâmica, intubação orotraqueal se não realizada previamente Solicitação de CH – se hemorragia classe IV Controle do sangramento externo com compressão (uso de torniquete somente nos cotos de amputação) Infusão de manutenção Punção de vias de infusão** Exame hematológico*** Infusão em bolus – adulto: 2.000 mL cristalóide – criança: 20 mL/kg – sangue segundo a necessidade Ações associadas**** Reavaliação (objetivos alcançados). Amina e/ou amido hidroxietílico se grave hipotensão mesmo após volume Infusão de manutenção (150-200 mL/h). Observação, reavaliação periódica dos parâmetros e dos exames Protocolo de avaliação secundária em paciente estável Protocolo de avaliação secundária em paciente instável Instabilidade hemodinâmica (resposta transitória ou ausente) sim não Classifi cação da hemorragia (I-IV) CH: concentrado de hemácias. *Palidez cutânea, sudorese, taquicardia (> 120), diminuição da pressão de pulso (< 40), diminuição da pressão sistólica (< 90), alte- ração do estado de consciência. **Opções: duas vias venosas periféricas com cânula de 14-16 G, veia femural, veia safena (dissecada no maléolo medial ou na região inguinal), veia subclávia, nas crianças até 6 anos de idade a via intraóssea no platô tibial anteriormente. ***Hematócrito, teste de coagulação, eletrólitos, bilirrubinas, transaminases, amilase, creatinina, lactato, etanol (em caso de alteração da consciência ou se solicitado pela autoridade judiciária), troponina + CPK (se trauma torácico), hCG (nas jovens em idade fértil), provas de compatibilidade. ****Gasometria, sonda gástrica (orogástrica se trauma de face ou suspeita de fratura da base do crânio), cateter vesical (após avaliaçãodo períneo, meato uretral, próstata), exame de urina (pesquisa de derivados do ópio, cocaína e canabis em caso de autorização em conscientes ou solicitação judicial), sonda térmica retal, líquidos aquecidos, monitoramento (eletrocardiografi a, pressão arterial, oxi- metria se não realizadas previamente). 19 Capítulo 2 - Avaliação Primária e Reavaliação 2 b. A hemoglobina deve ser mantida em valores entre 7 e 9 g/dL (9 g/dL no caso de traumatismo craniano) com a administração de concentrado de glóbulos vermelhos. Tais valores são consi- derados sufi cientes para garantir um adequado transporte de oxigênio, evitando um aumento excessivo do hematócrito para não comprome- ter a microcirculação na fase de choque.13 c. A infusão, a transfusão e o consumo, devido à hemorragia, determinam uma redução pro- gressiva dos fatores de coagulação. O RNI dos traumatizados com hemorragia deve ser man- tido inferior a 1,5 e o fi brinogênio superior a 50 mg/dL. Nos casos em que esse objetivo não é atingido, o RNI pode ser corrigido utilizando plasma em bolus de 10-15 mL/kg. Não obs- tante a transfusão de plasma, se o fi brinogênio permanecer inferior a 50 mg/dL, deve-se ad- ministrar crioprecipitado (duas unidades/10Kg de peso). d. Também as plaquetas tendem a reduzir-se, devido ao consumo e hemodiluição na hemor- ragia por trauma. Os seus valores devem ser mantidos superiores a 50.000/µL. No caso de queda das plaquetas, é necessário infundir uma unidade para cada 10 kg de peso para atingir valores adequados (por cada unidade infundi- da é aumentado de 5.000-10.000 plaquetas).14 e. Além da coagulopatia da politransfusão- infusão, deve-se limitar a hipervolêmia para prevenir a acidose lática (objetivo de BE infe- rior a 2 mEq/L e lactato inferior a 2 mEq/L) e manter a temperatura central (esofágica ou retal) do paciente acima de 37ºC mediante a infusão de líquidos aquecidos a 38ºC, manta térmica, leito aquecido, aumento da temperatura am- biente.15 f. A troca inteira do volume hemático em 24 horas, ou a perda de 50% da volemia em 3 ho- ras, ou mesmo uma perda hemática de 150 mL/min ou 1,5 mL/kg/min por 20 minutos indicam uma hemorragia maciça ou crítica. Em tais condições é necessário ter um protocolo de transfusões maciças de sangue e hemo- derivados a fi m de atingir os resultados labo- ratoriais assinalados no Algoritmo 5. Depois de quatro unidades de glóbulos vermelhos é iniciada a transfusão de plasma na proporção de 1:1. Após 10 unidades de plasma, faz-se a transfusão de plaquetas. Segundo os estudos mais recentes, a transfusão de sangue-plasma- plaquetas na proporção 1:1:1 é a melhor abor- dagem para prevenir os danos de politransfu- são nos casos de hemorragia crítica. Se após todas essas medidas persistir um sangramento difuso de coagulopatia, não corrigível com ato cirúrgico ou com radiologia intervencionista (o considerado “sangramento não mecânico”), é possível utilizar fator VII recombinante ativado (rFVIIa) segundo o esquema reproduzido no Algoritmo 6. Não é oportuno tratar com tais fármacos pacientes com lesão cerebral grave e idosos vasculopatas devido ao risco trombó- tico inerente do fármaco, pois inicia a cascata de coagulação no setor vascular de exposição tecidual.16,17 Causas não hemorrágicas de choque. Ou- tras causas de choque potencialmente encon- tradas em pacientes vítimas de trauma que não respondem à reposição de volume devem ser aventadas: � Choque cardiogênico: pode ser causado por uma grave contusão cardíaca podendo alterar signifi cativamente a capacidade contrátil do coração, ou mesmo infarto miocárdico ou gra- ve arritmia precipitado pelo evento traumáti- co (especialmente em idosos ou cardiopatas). No trauma fechado e penetrante, as lesões de câmara cardíaca, das válvulas ou dos vasos coronarianos podem causar, raramente, insu- fi ciência cardíaca pós-traumática. A anormali- dade eletrocardiográfi ca e de enzimas cardía- cas podem orientar o diagnóstico de choque cardiogênico, confi rmando a alteração cinética cardíaca com um ecocardiograma. � Choque obstrutivo: é determinado pelo pneu- motórax hipertensivo ou pelo tamponamento cardíaco. O pneumotórax hipertensivo já foi descrito. O tamponamento cardíaco é causado pelo acúmulo de líquido no saco pericárdico, devido à ferida penetrante do coração, que é suspeitada na presença de trajeto pré-cordial (das clavículas, passando pelos mamilos até o rebordo costal, anteriormente entre as linhas hemiclaviculares e posteriormente entre as li- nhas interescapulares). Clinicamente o paciente está hipotenso, os sons cardíacos são atenuados e as jugulares estão túrgidas (tríade de Beck). Depois de confi rmado com o E-FAST, pode ser necessária uma ação de emergência, a descom- pressão temporária do hemopericárdio com a pericardiocentese, na ausência de profi ciência 20 Capítulo 2 - Avaliação Primária e Reavaliação 2 Algoritmo 5 Utilização de sangue e hemoderivados em caso de hemorragia maciça sim não sim não não nãoIniciar a infusão de CH Hemorragia maciça Estabilização Exames de sangue e eventual tratamento para atingir os objetivos Prosseguir tratamento com CH/PFC/PLT 1:1:1 Controle laboratorial se possível Cristalóide 2 L > 10 CH/PFC > 4 CH Iniciar CH/PFC 1:1 PLT Estabilização sim sim CH, concentrado de hemácias; PFC, plasma fresco congelado; PLT, plaquetas. 21 Capítulo 2 - Avaliação Primária e Reavaliação 2 sim não não não sim sim não Hemorragia com necessidade de transfusão maciça Sangramento persistente Terapia de suporte rFVIIa 90 µg/kg Sangramento persiste depois de 30 min Terapia de suporte rFVIIa 90 µg/kg Sangramento persistente Terapia de suporte Administrar: – plasma >10 mL/kg – crioprecipitado e plasma até fi brinogênio > 100 mg/dL – plaquetas até 50 × 109/L – temperatura > 35ºC – pH > 7,30 Sangramento mecânico Hemostasia cirúrgica ou com radiologia intervencionista Algoritmo 6 Controle da coagulopatia na transfusão maciça sim cirúrgica adequada para uma toracotomia. Esse assunto será discutido especifi camente nos ca- pítulos que abordam o trauma penetrante e a toracotomia de reanimação (Caps. 9 e 10). � Choque neurogênico: ocorre devido à vasodi- latação por perda do tônus simpático alfa na lesão da medula espinhal e é particularmen- te grave na secção superior ao nível T4. É re- conhecido na fase de avaliação primária pela coexistência de sinais neurológicos da lesão medular (no paciente não consciente um sinal detectável é o desaparecimento do refl exo bul- bo-cavernoso), pela pele quente e a tendência a bradicardia. Às vezes o choque neurogênico é associado a hipovolemia devido a lesões ex- sangüinantes. É necessário na primeira fase de tratamento manejar a circulação com bolus de infusão de volume e drogas vasoativas (nora- drenalina, dopamina). � Choque séptico: é uma condição rara, mas possível, no caso de traumatismo abdominal com lesão de víscera oca ou lesões contamina- das de partes moles que chegam tardiamente ao hospital para avaliação médica. A causa do choque é a hipovolemia da permeabilidade ca pi- lar, vasodilatação e disfunção cardíaca relacio- nada a mediadores infl amatórios. O tratamento con siste na infusão de fl uídos e vasopressores, antibioticoterapia e o reconhecimento e trata- mento da causa básica. D. Incapacidade. Avaliação neurológica sumária O exame neurológico inicial prevê a realização da Escala de Coma de Glasgow (ECG) e as pu- pilas (Algoritmo 7). Para a realização do Glas- gow vale a regra de atribuir o valor inicial na chegada do paciente, para então decidir se é necessário o controle avançado da via aérea. A pontuação defi nitiva (aquela válida para o prognósticoneurológico) é atribuída ao fi m das manobras de reanimação, uma vez resolvidos os problemas de troca gasosa e de hipotensão. Nos pacientes intubados e sob efeito de seda- ção e drogas paralisantes surgem alguns pro- blemas específi cos: 1. deve-se aproveitar uma janela farmacológi- ca para a avaliação neurológica. Os fárma- cos utilizados para a intubação são de meia- vida curta e são necessários alguns minutos somente (cerca de 30 minutos) para que seu efeito cesse; 22 Capítulo 2 - Avaliação Primária e Reavaliação 2 2. à resposta verbal é atribuído 1 ponto e o Glasgow máximo resulta em 11; 3. a resposta motora é considerada a mais sig- nifi cativa nos pacientes intubados, assim, a pontuação global superestima a gravidade do traumatismo craniano. Deve-se conhecer os valores normais e a modalidade de classifi cação de Glasgow para as crianças em idade pré-escolar, nos quais a avaliação verbal e motora apresentam particu- laridades (Cap. 14). O exame neurológico é completado com a pesquisa das pupilas, da motricidade e do exa- me ocular. Uma midríase pode ser conseqüente a um traumatismo ocular direito, o que costu- ma ocorrer quando há a presença de outros si- nais de traumatismo na face. Em tal ponto pode ser útil verifi car a presença de resposta pupilar do olho comprometido e a seguir estimular o olho contralateral com a luz. A estimulação com luz do olho traumatizado produz miose pupilar bilateral (refl exo de Marcus-Gunn). O aparecimento ou a piora da anisocoria, ou Algoritmo 7 Avaliação neurológica sumária Avaliação inicial do Glasgow para decidir sobre as vias aéreas Resolução dos problemas de troca gasosa e perfusão, (ABC) janela farmacológica Avaliação defi nitiva da escala de coma de Glasgow Abertura ocular: espontânea 4 ao estímulo verbal 3 à dor 2 ausente 1 Resposta verbal: orientado 5 confuso 4 palavras inapropriadas 3 sons incompreensíveis 2 ausente 1 Resposta motora: obedece a comandos 6 localiza a dor 5 retirada 4 fl exão anormal 3 extensão anormal 2 ausente 1 Pesquisa dos sinais pupilares: – diâmetro e reatividade pupilar à luz (considerar traumatismo periférico) – motricidade dos membros (considerar a melhor resposta) Passar à prioridade seguinte reavaliando constantemente o estado neurológico 23 Capítulo 2 - Avaliação Primária e Reavaliação 2 deterioração da consciência (perda de dois ou mais pontos na Escala de Glasgow ou a perda no Glasgow total de um ponto motor) indicam uma emergência neurológica. O estado neurológico deve ser freqüente- mente reavaliado em busca de eventuais pioras. E. Exposição A exposição é a última fase de avaliação pri- mária (Algoritmo 8). A remoção de toda a ves- timenta é iniciada com a chegada do paciente: de fato, nesta etapa é descoberto o tórax e os membros superiores para iniciar o monitora- mento e punção venosa. No momento da ex- posição, deve ser feito o rolamento em bloco, que pode facilitar a retirada do restante das ves- timentas. Durante o rolamento faz-se o exame do dorso (antecipando a avaliação secundária), que compreende a palpação das vértebras, a inspeção do dorso, glúteos e reto, com a ex- ploração deste. No fi m desta manobra se faz a limpeza e medicação temporária de possíveis feridas, o posicionamento de tutores ortopé- dicos e talas nos membros ao se suspeitar de fraturas. Então o paciente é coberto com manta térmica para prevenir a dispersão de calor. Bibliografi a 1. 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