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10 QUESTÕES COMENTADAS TRAUMA QUESTÕES COMENTADAS - TRAUMA2 | QUESTÕES COMENTADAS - TRAUMA | 3 QUESTÃO 1 Paciente vítima de atropelamento por caminhão, é le- vado pelo resgate ao pronto socorro. Na avaliação ini- cial: A- Vias aéreas pérvias, com colar cervical, Másca- ra não reinalante a 100%. B- Murmúrios vesiculares diminuidos a direita. SatO2 93%. FR 30 irpm. C - Presença de dois acessos venosos periféricos calibrosos, TA 80x50 mmHg, FC 126 bpm, enchimento capilar de 5s. Abdome flácido, toque retal sem sangramento ou espículas ósseas, tônus normal. Sondagem vesical de demora sem hematúria, com saida de 10ml de urina na primeira hora. Pelve instável. D- Glasgow 14 (4+4+6), pupilas isofotorreagentes. E- Deformidade em coxa di- reita e perna direita com suspeita de fratura fechada. Queixa de dor pélvica sacroilíaca. Em relação ao caso acima, assinale a alternativa correta: A. Deve ser realizado o exame repetido da pelve pres- sionando a crista ilíaca de frente para trás e de lado a lado para avaliar se há instabilidade pélvica associada. B. Deve ser realizado o FAST, e caso positivo, deverá ser levado ao centro cirúrgico. C. Devemos realizar uma radiografia de pelve, pois caso venha evidencie fratura pélvica, o paciente deve- rá ser encaminhado ao centro cirúrgico para realizar tamponamento pélvico retroperitonial, sem condutas adicionais. D. Deve ser realizado o FAST, caso venha negativo, de- verá ser enviado a UTI para cuidados intensivos, he- motransfusão e tomografia. EXPLICAÇÃO: Trauma contuso com instabilidade hemodinâmica… isso te lembra o que? -FAST ou LPD !!!! Paciente instável com FAST positivo = CENTRO CI- RÚRGICO !!! Com esse conceito básico já seria possível gabaritar a questão. Todavia, vamos fazer uma breve revisão das condutas nas fraturas pélvicas: Os pacientes politraumatizados com queixa de dor pélvica são assumidos como portadores de uma fratura pélvica, até que se prove o contrário. Cerca de 80% das fraturas pélvicas podem ser detectadas no exame clínico. Abrasões ou contusões são comumente vistas. Embora anteriormente usado como uma técnica de exame clínico para identificar a instabilidade pélvica, “balançar” a pelve, pressionando a crista ilíaca no sen- tido anteroposterior e laterolateral não deve ser usado sob o risco de agravar lesões pré-existentes, instabilizar a pelve e destamponar eventuais coágulos já formados. Os pacientes que não podem se queixar de dor (intu- bados, rebaixados), devem ser submetidos a radiografia simples da pelve. Apenas pacientes hemodinamica- mente estáveis devem ser transportados para tomogra- fia computadorizada. O Advanced Trauma Life Support (ATLS) recomenda realizar radiografia de pelve AP em todos os pacientes com suspeita de lesão pélvica com base em mecanis- mos ou achados físicos (dor, instabilidade, equimose em flanco, perineal ou escrotal). Porém, a tomografia é o padrão-ouro para o diagnós- tico de lesões pélvicas. Possui alta sensibilidade e capa- cidade de delimitação detalhada das fraturas, podendo determinar lesões concomitantes, áreas de sangramento arterial e a extensão da hemorragia retroperitoneal. A maioria dos pacientes com trauma fechado hemodi- namicamente estável com uma fratura pélvica deve ser avaliada com TC. (OPÇÃO A) - INCORRETA - este exame não deve ser realizado mais de uma vez, sob o risco de agravar lesões pré-existentes, instabilizar ainda mais a pelve e destamponar eventuais coágulos já formados. (OPÇÃO B) - CORRETA (OPÇÃO C) - INCORRETA - O raio-x com fratura na pelve não exclui outras fontes de hemorragia (abdome, tó- rax) que devem ser investigadas com o ultrassom FAST. QUESTÕES COMENTADAS - TRAUMA4 | (OPÇÃO D) - INCORRETA - Com o FAST negati- vo, além de hemotransfusão, o paciente deverá ser le- vado ao centro cirúrgico para fixação e tamponamento da pelve. Objetivo: revisar alguns aspectos do manejo do pacien- te com trauma contuso e suspeita de lesão pélvica. Lembre-se: -Os pacientes politraumatizados com queixa de dor pélvica são assumidos como portadores de uma fratura pélvica; -A manobra clássica de pressionar a crista ilíaca no sen- tido anteroposterior e laterolateral não deve ser usada mais de uma vez sob o risco de agravar lesões pré-exis- tentes -A tomografia é o padrão-ouro para o diagnóstico de lesões pélvicas QUESTÃO 2 Os pacientes politraumatizados estão sujeitos a uma série de alterações hemodinâmicas e hematológicas. Existem alguns grupos de pacientes que apresentam particularidades em relação a resposta ocasionada pela perda volêmica. No tocante ao atendimento do doente politraumatizado, assinale a alternativa correta. A. O uso de betabloqueadores classicamente pode mascarar um dos sinais tardios de choque. B. Pequenas perdas volêmicas na grávida geram anor- malidade de perfusão. C. O idoso, em virtude do déficit na resposta às cateco- laminas, acaba por manifestar mais tardiamente o que seria um dos sinais precoces do choque. D. Na população geriátrica, faz-se necessário um grau de injúria maior para provocar disfunção orgânica, em função da redução da sensibilidade dos órgãos vitais à variação de fluxo. EXPLICAÇÃO A mortalidade e a morbidade decorrentes de injúrias orgânicas agudas aumentam diretamente com o enve- lhecimento e com a presença de doenças crônicas. Par- ticularidades do idoso: - Redução da atividade simpática com déficit na resposta do receptor às catecolaminas. O idoso não consegue aumentar a frequência cardíaca ou a eficiência das contrações mio- cárdicas quando submetido a perda de volume sanguíneo. -Sensibilidade de muitos órgãos vitais a variações de fluxo sanguineo. -O uso de betabloqueadores (comum na população ge- riátrica): pode mascarar a taquicardia, que é um dos principais indicadores precoces do choque. Em relação à gestação, devemos nos lembrar que a ges- tante possui uma hipervolemia fisiológica da gravidez, o que torna necessária uma perda sanguínea maior para que manifestem anormalidade de perfusão. (OPÇÃO A) - INCORRETA - O uso de betabloquea- dores pode mascarar a taquicardia, que é um dos prin- cipais indicadores precoces do choque. (OPÇÃO B) - INCORRETA - a gestante possui uma hipervolemia fisiológica da gravidez, o que torna neces- sária uma perda sanguínea maior para que manifestem anormalidade de perfusão. (OPÇÃO C) - CORRETA - O idoso manifesta mais tardiamente a taquicardia, que é um dos sinais precoces do choque. (OPÇÃO D) - INCORRETA - Uma das característi- cas dos idosos é a sensibilidade de muitos órgãos vitais a variações de fluxo sanguíneo. Objetivo: Relembrar particularidades de alguns grupos específicos e sua resposta individualizada ao choque. Gravidez e hipervolemia fisiológica demandando per- das maiores para manifestar alterações comparado a um indivíduo não hipervolêmico Idoso e sua senescência com diminuição das respostas fisiológicas esperadas QUESTÕES COMENTADAS - TRAUMA | 5 QUESTÃO 3 Paciente sem comorbidades prévias, 40 anos, vítima de capotamento, com ejeção do veículo, sendo encontrado pelo resgate com rebaixamento de nível de consciência com trauma cranioencefálico associado (TCE), sendo intubado na cena. Já na sala de trauma é feita a ava- liação: A- tubo orotraqueal bem locado, em ventilação mecânica com Fio2 100% B- MV+, a direita, ausen- te a esquerda, satO2 90%. C - TA 70x50mmHg, FC 136bpm, enchimento capilar de 6s. D- Glasgow 3T, pupilas isofotorreagentes. E- pelve instável, escoriações em extremidades, temperatura axilar 33 C. Exames co- lhidos no point of care (extrema urgência): hb 10g/dl, ht 30%; INR 2,3. Ph 7,2, bic 14, pCO2 30. Em relação ao caso clínico, assinale a alternativa correta. A. O paciente provavelmente é portador de coagulopa- tia aguda do trauma, e apesar de esta condição não au- mentar mortalidade, devemos corrigi-la com reposição de plasma fresco congelado e plaquetas. B. O paciente apresenta uma coagulopatia de provávelorigem multifatorial (acidose metabólica, hipotermia leve, coagulopatia aguda do trauma). C. O paciente apresenta a tríade da morte e a coagu- lopatia traumática aguda apresentada é dependente da acidose e hipotermia. D. Está indicada a ressuscitação hemostática 1:1:1 (para cada 1 unidade de concentrado de hemácias, transfun- dir também 1 unidade de plasma fresco congelado e 1 unidade de plaquetas). (OPÇÃO A) - INCORRETA - a coagulopatia de che- gada é um preditor independente de falência e morta- lidade multiorgânica. (OPÇÃO B) - INCORRETA - A hipotermia apresen- tada é moderada (32 a 34 graus Celsius). (OPÇÃO C) - INCORRETA - A CTA independe da acidose e hipotermia para ocorrer. (OPÇÃO D) - CORRETA EXPLICAÇÃO: De 25% e 35% por cento dos politraumatizados desen- volvem uma coagulopatia. A coagulopatia nesses pacien- tes está associada a uma mortalidade 4x maior, inter- nações mais longas e disfunção multiorgânica, além de uma chance 8x maior de morrer nas primeiras 24h. Observa na tabela abaixo os fatores que contribuem para a coagulopatia e seus mecanismos: QUESTÕES COMENTADAS - TRAUMA6 | FATOR MECANISMO Tratamento Acidose Redução da atividade do complexo Xa/Va/ fosfolipídeo/protrombina Correção do choque (controle do sangramento, ressuscitação volêmica). Hipotermia Disfunção plaquetária (agregação, ade- são) e enzimática. Hipotermia leve: 34-36C / Moderada 32- 34C / Grave <32C Controle do sangramento, cristalóides aquecidos, manta térmica. Coagulopatia dilucional Iatrogênica (grandes reposições com cristaloides). Transfusão de hemoderivados precocemente (não infundir grandes quantidades de cris- talóide) Coagulopatia traumática aguda (CTA) Ativação precoce da fibrinólise por ativa- ção do sistema trombomodulina-proteina C. Limitar cristaloides, transfusão 1:1:1 (hemostática). (OPÇÃO A) - INCORRETA - a coagulopatia de che- gada é um preditor independente de falência e morta- lidade multiorgânica. (OPÇÃO B) - INCORRETA - A hipotermia apresen- tada é moderada (32 a 34 graus Celsius). (OPÇÃO C) - INCORRETA - A CTA independe da acidose e hipotermia para ocorrer. (OPÇÃO D) - CORRETA Objetivo: Revisão acerca da coagulopatia no paciente politraumatizado: -Normalmente é multifatorial, porém especificamente a entidade intitulada CTA pode ocorrer de forma inde- pendente dos outros fatores. -O tratamento baseia-se no controle do sangramento associado a correção dos fatores e transfusão precoce 1:1:1, a chamada transfusão hemostática. Atenção: a coagulopatia traumática aguda é um com- prometimento da hemostasia e ativação da fibrinólise, a qual que ocorre em resposta a uma lesão grave e é bioquimicamente evidente antes e independente do desenvolvimento de acidose significativa, hipotermia ou hemodiluição. A coagulopatia traumática aguda é mediada principalmente pela ativação do sistema de trombomodulina-proteína C (lembre-se que a prote- ína C (e S) age como anticoagulantes na cascata de coagulação). A transfusão hemostática (1 concentrado de hemácias : 1 plasma fresco congelado : 1 unidade de plaquetas) acaba por repor vários fatores de coagulação e plaque- tas, de uma forma generalizada e para todos. Porém, nem todos os paciente apresentam necessidade de re- por todos os fatores de coagulação ou plaquetas. Uma maneira de identificar quais as necessidades específicas de cada paciente (plaquetopenia, defeito de fator de coagulação, hiperfibrinólise primária ou secundária) é através de um exame chamado tromboelastografia. Uma vantagem desse exame é o monitoramento em tempo real dos esforços de ressuscitação do politrauma- tizado. Todavia, é uma tecnologia ainda pouco disponí- vel e maiores estudos são necessários para sua indicação de rotina nesses pacientes. QUESTÕES COMENTADAS - TRAUMA | 7 QUESTÃO 4 Os pacientes politraumatizados estão sujeitos a uma série de alterações hemodinâmicas e hematológicas. Existem alguns grupos de pacientes que apresentam particularidades em relação a resposta ocasionada pela perda volêmica. No tocante ao atendimento do doente politraumatizado, assinale a alternativa correta. A. Até 30% dos traumas graves possuem distúrbios de coagulação associado a hipotermia, diluição das pla- quetas e fatores de coagulação. B. Um aumento da pressão sanguínea está associado a um aumento concomitante do débito cardíaco invaria- velmente ou, algumas vezes, da recuperação do choque. C. A coagulopatia faz parte da tríade letal do trauma, composta por: hipotensão, coagulopatia e acidose. D. A definição mais aceita de choque atualmente é: um estado de hipotensão associado a hipoperfusão periférica. EXPLICAÇÃO: Vamos dissecar esta questão, pois ela aborda temas va- riados e importantes particularidades…. -Sobre a coagulopatia relacionada ao trauma: Até 30% dos traumas graves possuem coagulopatia por consumo dos fatores de coagulação associado a hipo- termia, diluição das plaquetas e fatores de coagulação. Quando o doente é sabidamente usuário de anticoagu- lantes ou antiplaquetários, a administração precoce de plasma e/ou plaquetas melhora sua sobrevida. A coa- gulopatia faz parte da conhecida tríade letal do trauma, composta também por hipotermia e acidose. -O débito cardíaco e sua relação com a pressão no trauma : O aumento do fluxo sanguíneo tecidual implica num aumento do débito cardíaco. Um aumento da pressão sanguínea pode não equivaler a um aumento concomi- tante do débito cardíaco ou da recuperação do choque. A pressão sanguínea é proporcional ao débito cardíaco X resistência vascular sistêmica (rvs). Nem sempre um au- mento da pressão corresponde a um aumento do débito, pode ser simplesmente um aumento da rvs. Lembre-se: -Débito cardíaco = Frequência cardíaca X volume sis- tólico -Pressão sanguínea = Débito cardíaco X resistência vascular sistêmica -Logo: Com a normalização da pressão sanguínea, não podemos assegurar com 100% de certeza que houve normalização do débito cardíaco. Devemos estar aten- tos para a frequência cardíaca, perfusão periférica, dé- bito urinário, nível de consciência. Esses são predito- res de um débito cardíaco suficiente para perfundir e oxigenar adequadamente a periferia. (OPÇÃO A) - CORRETA (OPÇÃO B) - INCORRETA - A pressão sanguínea é proporcional ao débito cardíaco X resistência vascular sistêmica (rvs). Nem sempre um aumento da pressão corresponde a um aumento do débito, pode ser sim- plesmente um aumento da rvs isoladamente (por uso de drogas vasoativas por exemplo). (OPÇÃO C) - INCORRETA - A tríade letal do trau- ma é composta por HIPOTERMIA + ACIDOSE + COAGULOPATIA. (OPÇÃO D) - INCORRETA - A melhor definição de choque é: um estado de hipoperfusão periférica com oferta inadequada de oxigênio. Nos graus iniciais de choque não há hipotensão. Take-home message: É importante relembrarmos particularidades de alguns gru- pos específicos e sua resposta individualizada ao choque. -Aumento da pressão não implica obrigatoriamente no aumento do débito cardíaco. -A tríade letal do trauma é composta por HIPOTER- MIA + ACIDOSE + COAGULOPATIA. -Choque = hipoperfusão tecidual com oferta inadequa- da de oxigênio. QUESTÕES COMENTADAS - TRAUMA8 | QUESTÃO 5 Paciente masculino, 42 anos, vítima de trauma pene- trante em zona de Ziedler por projétil de arma de fogo durante assalto é admitido em sala de emergência trazi- do por transporte terrestre, 25 minutos após o trauma. Realizado avaliação inicial: A: vias aéreas pérvias, com colar cervical B: Murmúrios vesiculares presentes, bilateralmente, FR 20 irpm, Sat O2 90%, ferimento de 1cm de diâmetro, medial à linha hemeclavicular no 6º espaço intercostal C: Bulhas rítmicas, hipofonéticas 2 tempos sem sopros, FC114bpm, PA 90 x 50mmHg, tempo de enchimento capilar 4 segundos. Pelve estável, abdome inocente D: Glasgow 14 (-AO), pupilas isofotorreagentes E: Turgência jugular bilateral Solicitado Radiografia de tórax no leito abaixo Qual conduta pode ser adotadaem sala de emergência para tratamento inicial desse paciente? A. B. C. D. QUESTÕES COMENTADAS - TRAUMA | 9 EXPLICAÇÃO Estamos diante de um paciente com trauma torácico penetrante em um região do tórax, específica citada na questão, a Zona de Ziedler, que chega à sala de emer- gência de um hospital, apresentando-se hipotenso e taquicárdico. Até que se prove o contrário, estamos diante de um caso de hemorragia aguda após um trauma Se atentarmos um pouco mais para o ABCDE do pa- ciente, notam-se alguns achados que começam a nor- tear o raciocínio diagnóstico no caso: Hipofonese de bulhas cardíacas e turgência jugular bilateral Solicitado radiografia de tórax que mostrou área cardí- aca aumentada e ausência de alterações pleuropulmo- nares. Vamos aos pontos importantes do enunciado: trauma penetrante em zona de Ziedler, associado a hipotensão arterial, bulhas hipofonéticas e turgência jugular bilate- ral, com essas informações no enunciado o diagnóstico de tamponamento cardíaco se impõe!!!! Antes de falarmos sobre esse assunto, vamos relembrar a zona de Ziedler, delimitada: 2º espaço intercostal- superiormente 6º espaço intercostal - inferiormente linha axilar anterior à esquerda e linha paresternal di- reita veja a figura Nessa região estão contidas estruturas importantes como o coração, aorta ascendente, crossa aórtica, tron- co pulmonar, veia cava superior e inferior Relembrado essa topografia, voltemos à questão A causa mais comum de tamponamento cardíaco é o trauma penetrante de tórax, embora no trauma contu- so também possa ocorrer essa complicação. O Sangue que se acumula no espaço pericárdico provém de três locais principalmente; os vasos pericárdicos, os vasos da base e as câmaras cardíacas. Um hemopericárdio volu- moso interfere no enchimento cardíaco, reduz o volu- me ejetado em cada sístole e afasta o coração da parede torácica, causando: hipofonese das bulhas cardíacas hipotensão arterial turgência jugular Essas alterações, em conjunto, é chamado de Tríade de Beck QUESTÕES COMENTADAS - TRAUMA10 | Em um ambiente tumultuado e estressante com o de uma sala de trauma pode dificultar a avaliação clínica correta do paciente e os sinais cardinais acima podem passar desapercebidos. Também o pneumotórax hiper- tensivo, principalmente à esquerda, com desvio do me- diastino pode dificultar o diagnóstico ou ser elemento de confusão. Para confirmar o diagnóstico, utiliza-se três estratégias complementares: o FAST, a Janela peri- cárdica e o ecocardiograma. O FAST é o principal mé- todo utilizado e apresenta acurácia de 90 a 95% com profissional experiente. FAST O tratamento desses é a evacuação imediata do sangue acumulado no pericárdio cirurgicamente. Contudo, se as condições clínica do paciente não permitirem, ou se não houver profissionais com experiência nesse pro- cedimento, pode-se realizar uma pericardiocentese até que o paciente se estabilize e/ou profissional capacitado seja chamado. A vantagem desse procedimento é ser te- rapêutica e diagnóstica, já a limitação ocorre quando há coágulo no espaço pericárdico. O tratamento definitivo será a exploração cirúrgica do pericárdio para verificar a origem do sangramento e controlá - la. A pericardio- tomia via toracotomia é indicada apenas quando um cirurgião habilitado estiver disponível. Antes do procedimento intervencionista, o paciente deve ter uma reposição volêmica adequada como pre- conizado pelo ATLS com a finalidade de estabilizar o sinais vitais do doente e excluir outras causas para o choque. Outro ponto importante, é atentar para pacientes com trauma torácico em PCR com rítmo em AESP (ativi- dade elétrica sem pulso), a causa pode ser o tampona- mento cardíaco, entre outros diagnósticos diferenciais (pneumotórax hipertensivo, hipovolemia e ruptura cardíaca). Aproveitando o tema, vamos relembrar a indicação de toracotomia de reanimação no trauma penetrante de tórax na sala de emergência. Antes vale mencionar algumas condições para que o procedimento seja rea- lizado: 1. Um cirurgião qualificado deve estar presente 2. Adequada reposição volêmica 3.Nos paciente em PCR deve haver algum sinal de vida: pupilas reativas, movimentos espontâneos ou ati- vidade eletrocardiografica organizada (AESP). 4.Trauma torácico fechado, ainda que apresentem os critérios acima, NÃO são candidatos a toracotomia de reanimação em sala de emergência. Essas regras valem tanto no atendimento pré como no intra hospitalar. QUESTÕES COMENTADAS - TRAUMA | 11 Objetivos da toracotomia de reanimação: Toracotomia de reanimação A. Evacuação do sangue contido no saco pericárdico B. Controle direto da hemorragia intratorácica exsan- guinate C. Massagem cardíaca aberta D. clampeamento da aorta descendente para privilegiar a circulação para o coração e o cérebro. Diante dessas informações, temos condições de analisar as resposta (OPÇÃO A) INCORRETA A figura mostra uma to- racoesternotomia ou bitoracotomia transesternal com incisão de clamshell. Essa incisão é um ampliação da toracotomia, devendo ser realizada quando há necessi- dade de ampliar o campo cirúrgico ou suspeita de san- gramento contra lateral. Não é o procedimento inicial na sala de emergência. (OPÇÃO B) INCORRETA A imagem mostra uma toracocentese descompressiva no 2º espaço intercostal, na linha hemiclavicular do hemitórax com pneumotó- rax hipertensivo. (OPÇÃO C) CORRETA Como visto no texto acima, a pericardiocentese é indicado como procedimento ini- cial na suspeita de tamponamento cardíaco para trata- mento, ao escoar sangue do espaço pericárdico e diag- nóstico para confirmar a presença de sangue ou outro fluido. (OPÇÃO D) INCORRETA a imagem mostra um, ou melhor, dois drenos pericárdico, esse recurso pode se necessário após o procedimento de toracotomia ou qualquer cirurgia que envolva a exploração do medias- tino ou estruturas adjacentes Objetivo da questão: O objetivo da questão entender o tamponamento cardíaco e suas repercussões hemodi- nâmicas, o diagnóstico baseado nos sinais característico e com exames complementares, bem como o tratamen- to inicial com a pericardiocentese e definitivo com a toracotomia para exploração pericárdica. Rever zona de Ziedler e os critérios de toracotomia de reanimação. QUESTÕES COMENTADAS - TRAUMA12 | QUESTÃO 6 Paciente vítima de colisão moto x caminhão, é trazido pelo resgate ao pronto socorro. Resgate informa que havia grande quantidade de sangue na cena, provenien- te do trauma de extremidades. Na avaliação inicial: A- Vias aéreas pérvias, com colar cervical, Máscara não reinalante a 100%. B- MV+, simétrico sem RA. SatO2 97%. FR 30irpm. C - Presença de dois acessos venosos periféricos calibro- sos, TA 80x50mmHg, FC 126bpm, enchimento capi- lar de 5s. Abdome flácido, sangramento contido em membro inferior direito. Toque retal sem sangramento ou espículas ósseas, tônus normal. Sondagem vesical de demora sem hematúria, com saida de 10ml de urina na primeira hora. D- Glasgow 14 (4+4+6), pupilas isofotorreagentes. E- trauma complexo de extremidades com sangramen- to contido com torniquete. Escoriações em membros superiores. Em relação ao caso clínico, assinale a alter- nativa correta: A. Deve ser infundido 1 litro de cristalóide aquecido, iniciando os hemoderivados o mais precocemente pos- sível, avaliando a resposta através do nível de consciên- cia, perfusão periférica e débito urinário. B. Deve-se infundir 2 litros de cristaloides aquecidos, independente do volume administrado no pré hospita- lar, avaliando a resposta em seguida. C. Deve-se adotar a estratégia da hipotensão permissi- va, não administrado cristaloides pelo risco de agravar a hemorragia. D. A perda de sangue com consequente perda do car- reador de oxigênio (hemoglobina) para os tecidos é o componente mais importante para o choque apresen- tado. EXPLICAÇÃO: No choque hemorrágico, a terapia inicial é feita com um bolus de cristaloide aquecido,1 a 2 litros, ou 20ml/kg em crianças. Após isso, observa-se a resposta do paciente. O volume total de fluidos a ser administrado após isso dependerá da resposta do paciente através do nível de consciência, perfusão periférica e débito urinário. Se, durante ressuscitação, a quantidade de fluido ne- cessária para restaurar ou manter uma perfusão do ór- gão adequada excede demasiadamente as estimativas da perda de sangue, deve-se pensar em ferimentos não reconhecidos ou outras causas de choque associadas. Onde buscar a fonte de sangramento além das perdas para o meio externo: há 4 lugares no corpo passíveis de perda sanguínea o suficiente para causar choque hipo- volêmico graves, de pelo menos grau III: tórax, abdo- me, pelve (retroperitônio), e coxa. No entanto, não devemos administrar volume de modo excessivo, pois pode exacerbar tríade letal de coagulo- patia, acidose e hipotermia, com ativação da cascata inflamatória. Nos traumas penetrantes com sangramento ativo, sem possibilidade de hemostasia cruenta imediata, deve-se evitar a ressuscitação volêmica agressiva até que seja feito um controle definitivo do sangramento. Esse conceito chama-se hipotensão permissiva e foi es- tudado em modelos animais, observando que naqueles com sangramento incontrolável, a reposição agressiva estava a associada a maior sangramento, coagulopatia e aumentando de mortalidade comparado a uma ressus- citação objetivando menores pressões arteriais (PAM 65 mmhg). Um estudo prospectivo avaliou a ideia de ressuscitação tardia em vítimas de trauma penetrante de tronco. Aqueles pacientes que receberam menos fluidos no pré hospitalar e no centro de trauma antes da cirurgia apresentaram aumento de sobrevida e redu- ção do tempo hospitalar. Porém, trata-se de um estudo com algumas falhas metodológicas e esse é um tema ainda bastante controverso, com estudos conflitantes. O que ainda se pode afirmar é: reduzir a quantidade QUESTÕES COMENTADAS - TRAUMA | 13 de cristaloides e iniciar hemoderivados o mais precoce possível parece ser a melhor estratégia. (OPÇÃO A) - CORRETA (OPÇÃO B) - INCORRETA - Segundo o ATLS, o volume administrado deve ser baseado na perda de sangue (em torno de 1 litro inicialmente incluindo o valor já administrado no pré hospitalar). Por isso a im- portância de saber quanto foi administrado de volume antes do paciente chegar ao hospital. (OPÇÃO C) - INCORRETA - a estratégia da hipo- tensão permissiva pode ser utilizado em trauma pe- netrante com sangramento ativo, no intuito de evitar um aumento importante da pressão arterial com exsan- guinação do paciente, sendo utilizado como uma ponte para o tratamento cirúrgico, devendo ser feito de ma- neira cuidadosa e balanceada com reavaliações frequen- tes. Neste caso exposto, a fonte de sangramento era o trauma de membros inferiores, a qual já foi controlada, não havendo benefício de manter o paciente hipotenso. (OPÇÃO D) - INCORRETA - o componente mais importante da hipoperfusão tecidual não é a queda de hemoglobina, mas a queda da pré carga pela perda de volume intravascular. Objetivos da questão: revisar aspectos importantes da ressuscitação volêmica inicial no cenário de choque he- morrágico -A terapia inicial é feita com um bolus de cristaloide aquecido, 1 a 2 litros ou 20ml/kg em crianças, acompa- nhado de avaliação da fluidorresponsividade. -No choque persistente devemos pensar em perda ati- va de sangue (tórax, abdome, pelve) ou mesmo outras causas de choque associadas (cardiogênico, neurogêni- co, séptico, distributivo). QUESTÃO 7 Analise os casos abaixo e assinale a alternativa correta: 1 - Politrauma, da entrada com FR 20 rpm, FC 120 bpm, TA 100x80mmhg; nova aferição pós infusão de 1 litro de cristalóide: FR 18 rpm, FC 90 bpm, TA 110x70mmhg. 2 - Politrauma, da entrada com FR 30 irpm, FC 130 bpm, TA 80x50 mmHg; nova aferição pós infusão de 2 litros de cristaloide: FR 24 rpm, FC 100bpm; TA 100x70; meia hora após, re-aferidos os sinais vitais: FR 35 rpm/ FR 128bpm; TA 84x52mmHg. 3 - Politrauma, da entrada com FR 40 rpm, FC 140bpm; TA 60 X 40 mmHg; nova aferição após in- fusão de 2 litros de cristaloide: mantidos os mesmos parâmetros. A. O paciente 2 apresentou apresentou uma perda es- timada de 20 a 40% do volume sanguíneo, estando in- dicados a administração de 1 a 2 litros de cristalóide e o início de transfusão sangüínea. B. O paciente 3 não apresentou resposta à terapia ini- cial, e provavelmente apresenta outra causa de choque associada ao hemorrágico (distributivo, cardiogênico). C. Apesar da resposta rápida, o paciente 1 se benefi- ciará de concentrado de hemácias para repor o volume que foi perdido D. Para o paciente com resposta parcial, devemos trans- fundir hemoderivados, manter reposição de cristalói- des, podendo postergar o tratamento cirúrgico enquan- to houver resposta parcial às alíquotas administradas. (OPÇÃO A) - CORRETA (OPÇÃO B) - INCORRETA - provavelmente o pa- ciente continua sangrando ou a terapia fluida inicial foi inadequada. Outra causa de choque associada além do hemorrágico não é algo provável e, apesar de possível, ficaria como terceira hipótese. QUESTÕES COMENTADAS - TRAUMA14 | (OPÇÃO C) - INCORRETA - nesses casos não há in- dicação de hemoderivados. (OPÇÃO D) - INCORRETA - esses pacientes prova- velmente apresentam sangramento ativo e o tratamento para parar a hemorragia deve ser urgente (seja cirúrgico ou embolização). EXPLICAÇÃO: Estamos diante do tema intitulado: decisão terapêutica baseado na resposta à terapia fluida inicial. Observe atentamente a tabela abaixo: Resposta a Ressuscitação Volêmica Inicial (2000ml de cristaloide ou 20ml/kg de ringer lactato em crianças) RESPOSTA RÁPIDA RESPOSTA TRANSITÓRIA RESPOSTA MÍNIMA OU AUSENTE Sinais vitais Retorno ao normal Melhora transitória, com recorrência da hipotensão e taquicardia Permanecem anormais Perda sanguínea estimada Mínima (10-20%) Moderada e ativa (20-40%) Grave (>40%) Necessidade de mais cristaloides Baixa Baixa a moderada Moderada com uma ponte para a transfusão Necessidade de sangue Baixa. Tipado e com pro- va cruzada Moderada a alta. Tipado. Imediata, liberado em caráter de emergência (tipo O) Necessidade de interven- ção cirúrgica Possivelmente Provavelmente Muito provável Presença precoce do cirurgião Sim Sim Sim Resposta rápida à reposição volêmica inicial: Um pequeno grupo de doentes responde rapida- mente à reposição volêmica inicial rápida, e perma- nece estável e hemodinamicamente normal quando a reposição inicial é completada e a velocidade de infusão é reduzida para níveis de manutenção. Es- ses pacientes tiveram uma perda pequena da volemia (inferior a 20%). Para esse pequeno grupo de pa- cientes não está indicado administração adicional de soros ou a infusão imediata de sangue. Sangue tipa- do com prova cruzada deve ser mantido disponível. Resposta transitória à reposição volêmica inicial: A maioria dos doentes responde à reposição inicial rá- pida. Entretanto, em alguns pacientes, a medida que se reduz a velocidade de infusão, a perfusão periférica pio- ra, indicando que o estado circulatório está deterioran- do, o que significa sangramento persistente ou reani- mação inadequada. A maioria desses doentes teve perda sanguínea inicial estimada entre 20 a 40% do volume sanguíneo. Nestas condições estão indicados a adminis- tração contínua de líquidos e o início de transfusão san- guínea (com compatibilidade ABORh), além da identi- ficação da fonte de sangramento e abordagem cirúrgica. Resposta mínima ou ausente à reposição volêmica inicial: Essa resposta ocorre numa porcentagem pequena, po- rém, significativa, de pacientes traumatizados. A falta de resposta à administração adequada de cristalóides e de sangue indica a necessidade de intervenção cirúrgica de emergência para controlar uma grande hemorragia. Em casos raros (e não provavelmente como fala a al- ternativa), uma resposta inadequada pode serdevida à falência de bomba, resultante de contusão miocárdica ou de tamponamento cardíaco, choque cardiogênico, QUESTÕES COMENTADAS - TRAUMA | 15 neurogênico, obstrutivo ou séptico (ainda mais rara- mente). Nesses casos haverá necessidade de liberação imediata do hemoderivado (tipo O, e em mulheres de idade fértil O negativo para prevenir sensibilização ao rh), pois a tipagem leva pelo menos 10 minutos e a contra prova pelo menos uma hora. (OPÇÃO A) - CORRETA (OPÇÃO B) - INCORRETA - provavelmente o pa- ciente continua sangrando ou a terapia fluida inicial foi inadequada. Outra causa de choque associada além do hemorrágico não é algo provável e, apesar de possível, ficaria como terceira hipótese. (OPÇÃO C) - INCORRETA - nesses casos não há in- dicação de hemoderivados. (OPÇÃO D) - INCORRETA - esses pacientes prova- velmente apresentam sangramento ativo e o tratamento para parar a hemorragia deve ser urgente (seja cirúrgico ou embolização). Objetivo da questão: Saber identificar o tipo de res- posta apresentado pelo paciente politraumatizado bem como as condutas subsequentes. Em todos os casos de- verá ter uma equipe cirúrgica e sangue disponíveis. -Resposta rápida: vigilância cuidadosa com possibilida- de de cirurgia. -Resposta transitória: indica manutenção do sangra- mento e reflete uma perda de 20 a 40% da volemia. Identificar e tratar a causa. Lembrar de outras causas de choque no diagnóstico diferencial. -Resposta ausente: intervenção imediata, concentra- do de hemácias imediato (O negativo) enquanto não houver tipagem sanguínea com prova e contra prova disponíveis. QUESTÃO 8 No paciente com choque hemorrágico e impossibilida- de de acesso venoso periférico, pode-se optar por: A. Acesso em veia femoral, lateralmente ao espaço lin- fático, com cuidado para não puncionar a artéria, in- tercorrência que habitualmente cursa com surgimento de um pseudoaneurisma. B. Acesso intraósseo, em porção anteromedial de tíbia, direcionando a agulha de aspiração de medula óssea num ângulo de 45 a 60 graus cranialmente, avançando através do córtex para dentro da medula óssea. C. Acesso venoso central na veia femoral, após palpa- ção do pulso femoral, direcionando a agulha cranial- mente, medialmente à artéria femoral D. Acesso intraósseo como reanimação de emergên- cia, podendo infundir sangue e cristaloides. Sendo sua punção preferencial na tuberosidade tibial. (OPÇÃO A) - INCORRETA - o pseudoaneurisma é uma complicação rara, em torno de 0,05% dos casos. (OPÇÃO B) - INCORRETA - incorreta, pois a agulha deve ser direcionada inferiormente, fugindo da placa epifisária. (OPÇÃO C) - CORRETA (OPÇÃO D) - INCORRETA - A punção não é feita na tuberosidade mas sim na superficie anteromedial da tibia, 1 a 3 cm abaixo da tuberosidade tibial. QUESTÕES COMENTADAS - TRAUMA16 | EXPLICAÇÃO: Na impossibilidade de acessos periférico, opta-se ou por acesso venoso central pela técnica de Seldinger (utilizando fio guia), ou pela dissecção da veia safena magna na região anterior ao maléolo medial. Pode-se ainda realizar a punção intraóssea. Para o acesso na veia femoral devemos lembrar da dis- posição das estruturas na região inguinal. De lateral para medial, a sequência de estruturas é: ner- vo femoral, artéria femoral, veia femoral e espaço linfá- tico (mnemônico ‘’navel’’). Portanto a veia está medial a artéria e lateral ao espaço linfático. Deve-se palpar o pulso da artéria e puncionar medialmente e em sentido cranial, onde deveremos encontrar a veia. O pseudoaneurisma é uma complicação bastante rara, não sendo nem citada muitas vezes. As complicações de acessos central em geral são divididas em dois grupos: imediatas e tardias. IMEDIATAS TARDIAS -Sangramento -Punção arterial -Arritmia -Mal posicionamento do cateter -Embolia gasosa -Hemotórax/pneumotórax (jugular e subclavio). -Infeção -Trombose/embolia -Migração/embolização do cateter -Perfuração miocárdica No acesso intraósseo, segue-se os seguintes passos: 1.Decúbito dorsal, com flexão de 30 graus do joelho. 2.Antissepsia e anestesia no ponto de punção: fazer an- teromedial da tíbia, 1 a 3 cm abaixo da tuberosidade tibial 3.Introduzir a agulha de aspiração de medula óssea ou cateter de peridural de 18G num ângulo de 90 graus até alcançar o osso, direcionando então caudalmente num ângulo de 45 a 60 graus, num movimento de ro- tação. 4.Remover o mandril e conectar a agulha a uma seringa de 10ml com 6ml de soro e tracionar o êmbolo suave- mente. A aspiração de medula óssea indica entrada da agulha na cavidade medular. 5.Injetar soro na agulha para expelir qualquer coágulo que possa estar obstruindo. Se fluir facilmente sem for- mar edema ao redor, indica que esta bem posicionada (mesmo que não tenha conseguido aspirar medula na etapa anterior). Outro sinal de bom posicionamento: agulha firme sem necessidade de apoio. 6.Conecta a agulha ao equipe para infunsão dos fluidos desejados. Introduzir mais a agulha até que seu encaixe se apoie na pele. 7.Curativo e reavaliação frequente. Pode-se infundir cristaloides, drogas vasoativas, hemo- derivados, antibióticos. QUESTÕES COMENTADAS - TRAUMA | 17 (OPÇÃO A) - INCORRETA - o pseudoaneurisma é uma complicação rara, em torno de 0,05% dos casos. (OPÇÃO B) - INCORRETA - incorreta, pois a agulha deve ser direcionada inferiormente, fugindo da placa epifisária. (OPÇÃO C) - CORRETA (OPÇÃO D) - INCORRETA - A punção não é feita na tuberosidade mas sim na superficie anteromedial da tibia, 1 a 3 cm abaixo da tuberosidade tibial. Objetivos: revisar aspectos técnicos do acesso femoral e acesso intraósseo: -A disposição dos elementos na região inguinal de la- teral para medial é: NAVEL: Nervo Femoral, Artéria femoral, Nervo Femoral, Espaço Linfático. -Um dos pontos possíveis de acesso intraósseo é na face anteriomedial da tibia, 1 a 2 cm abaixo da tuberosidade tibial, direcionando a agulha caudalmente após atingir o osso. QUESTÃO 9 Paciente vítima de queda de 5 metros, com perda de consciência na cena. Após 10 minutos, é atendido pelo resgate terrestre, com o seguinte exame físico: A: vias aéreas pérvias, controle cervical com colar, co- xim e prancha. Oferta de O2 com máscara não reina- lante B: Toráx simétrico, murmúrios vesiculares presentes bi- lateralmente, satO2 97%, FR 20 irpm; C: sem sangramento ativo, acesso periférico pervio. PA 110x70 mmHg, FC 98bpm D: glasgow 15, pupilas isofotorreagentes E : deformidade em perna direita sugestivo de fratura fechada. Próximo do hospital de trauma de destino, paciente evolui com rebaixamento do nível de consciência, sen- do necessária intubação orotraqueal para proteção de via aérea. Quanto ao cenário apresentado, assinale a alternativa correta: A. O quadro apresentado é compatível com lesão axo- nal difusa. B. O quadro é compatível com hematoma subdural agudo, por lesão da artéria meníngea média. C. O paciente apresentou um intervalo lúcido, típico da concussão cerebral D. A sintomatologia do paciente é normalmente visto nos casos de hematoma epidural. (OPÇÃO A) - INCORRETA - Na lesão axonal difusa o paciente apresenta normalmente um estado comato- so persistente (>6h pelo menos, por vezes semanas a meses - quem não lembra do Michael Schumacher?). (OPÇÃO B) - INCORRETA - O hematoma subdural ocorre por lesão das veias ponte. (OPÇÃO C) - INCORRETA - A concussão cerebral normalmente não apresenta piora tardia. Por definição, trata-se de uma perda temporária da função neurológi- ca com duração <6h. (OPÇÃO D) - CORRETA EXPLICAÇÃO: Em se tratando de trauma cranioencefálico temos que ter em mente as principais condições apresentadas pe- los pacientes e suas características: QUESTÕES COMENTADAS - TRAUMA18 | Lesão Cerebral Sintomas Tomografia (descrição) Imagem Concussão Cerebral (trau- ma cranioencefálico leve). Sintoma neurológico <6h (rebaixamento, confusão, amnésia). Tomografia normal. A mi- noria pode apresentarle- sões variadas: contusões, hematomas, hemorragia subaracnóidea, edema cerebral. Caso apresente contusão, o aspecto será de “sal-e-pimenta”, que representa pontos de hemorragias permeando o parênquima normal. Lesão axonal difusa Estado comatoso persisten- te (>6h) Múltiplas pequenas áreas ovaladas esparsas hemor- rágicas ou hipoatenuan- tes (principalmente na interface entre a substân- cia branca e cinzenta) Hematoma subdural Forma aguda: até dois dias do evento (50% apresenta- -se com coma). Um terço pode apresentar intervalo lúcido. Forma subaguda: início de 3 a 14 dias do trauma Forma crônica: após 2 se- manas - cefaléia, déficit neurológico insidiosos. Imagem hiperdensa que acompanha a convexi- dade cerebral. Cruza as suturas do osso (a super- fície interna é côncava) mas não se adentra nas fissuras e nem nos sulcos. Hematoma epidural (ou extradural) Espectro variado, metade apresentando intervalo lú- cido. Imagem hiperdensa, bi- convexa. Não cruzam os limites das suturas ósseas (estão localizados entre o osso e a dura). - QUESTÕES COMENTADAS - TRAUMA | 19 Intervalo lúcido é um período de lucidez posterior à perda de consciência, seguido de deterioração neuroló- gica novamente. A perda de consciência inicial é atri- buída à concussão cerebral. Seguido por um período de melhora e em seguida, em virtude de sangramento intracraniano, ocorre hipertensão intracraniana e nova deterioração neurológica. É tipicamente visto no he- matoma epidural, porém também pode ocorrer no subdural. (OPÇÃO A) - INCORRETA - Na lesão axonal difusa o paciente apresenta normalmente um estado comato- so persistente (>6h pelo menos, por vezes semanas a meses - quem não lembra do Michael Schumacher?). (OPÇÃO B) - INCORRETA - O hematoma subdural ocorre por lesão das veias ponte. (OPÇÃO C) - INCORRETA - A concussão cerebral normalmente não apresenta piora tardia. Por definição, trata-se de uma perda temporária da função neurológi- ca com duração <6h. (OPÇÃO D) - CORRETA Objetivo: Relembrar as principais alterações associadas aos trau- matismos cranioencefálicos. -Concussão cerebral (TCE leve): tc normal ou lesões variadas. -LAD: Múltiplas pequenas áreas ovaladas esparsas he- morrágicas ou hipoatenuantes -Epidural: biconvexa, não cruza limites das suturas ós- seas -Subdural: acompanha a convexidade cerebral, sem res- peitar limites das suturas. QUESTÃO 10 Paciente vítima de colisão moto x carro, é trazido pelo resgate ao pronto socorro. Perda de quantidade consi- derável de sangue pela amputação traumática de perna. Intubado na cena por rebaixamento do nível de consci- ência. Avaliação na sala de trauma: A- tubo bem loca- do, acoplado a ventilação mecânica. B- MV+, reduzi- do a direita. SatO2 94%. C - Presença de dois acessos venosos periféricos calibrosos, TA 80x50 mmHg, FC 140bpm, enchimento capilar de 5s. Abdome flácido, sangramento contido com torniquete em membro infe- rior direito. D- Glasgow 3T, pupilas mióticas por efeito de opioides. E- trauma complexo de extremidades com sangramento contido com torniquete. Em relação ao caso clínico, assinale a alternativa correta: A. Deve-se iniciar o protocolo de transfusão maciça, pois apesar de estudos indicarem que não melhora des- fecho, há redução de sequelas neurológicas e tempo de internação. B. Apenas pela hipotensão e taquicardia apresentada, fe- cha-se critério de abrir protocolo de transfusão maciça. C. Como o trauma apresentado é contuso, não há indi- cação de ativar protocolo de transfusão maciça (PTM). D. Deve-se infundir volume na proporção 1:1:1 sendo 1 litro de cristaloide : 1 concentrado de hemácias : 1 plasma fresco congelado (PFC), observando a resposta pela perfusão e diurese. (OPÇÃO A) - INCORRETA - O PTM melhora prog- nóstico. (OPÇÃO B) - CORRETA (OPÇÃO C) - INCORRETA - Apesar de um dos critérios do ABC ser trauma penetrante, o paciente já possui dois critérios de PTM (sistólica <90 e FC > 120 bpm). (OPÇÃO D) - INCORRETA - a proporção 1:1:1 se refere a 1 concentrado de hemaceas para 1 bolsa de PFC para 1 unidade de plaquetas. QUESTÕES COMENTADAS - TRAUMA20 | EXPLICAÇÃO: Transfusão maciça: definida como necessidade de >10 Unidades de sangue em 24h de admissão. Ou na de- finição revisada como necessidade de 10 unidades ou mais em 6h. O protocolo de transfusão maciça deve estar dispo- nível em qualquer hospital que atende doentes poli- traumatizados. Deve ser ativado precocemente ao re- conhecer um paciente com hemorragia grave, pois isso melhora o desfecho do paciente politraumatizado. Como reconhecer esse doente e ativar o protocolo de transfusão maciça? Existem vários scores. Vamos ensinar um dos mais uti- lizados, que leva em conta 4 fatores (score ABC - Asses- sment of blood consumption): -Trauma penetrante -FAST positivo -Pressão sistólica < 90 mmHg -FC >120bpm Um mnemônico para você guardar isso... O PENETRA (trauma penetrante) bebeu “rápido” (FAST), foi embora em menos de 90 minutos (PA<90), no seu carro a mais de 120km por hora (FC>120), atropelando 2 pedestres (2 critérios). A presença de dois ou mais critérios prediz a necessi- dade de transfusão maciça com uma sensibilidade de 75% e especificidade de 86%. -Uma medida que melhora a sobrevida dos doentes com choque hemorrágico é o denominado tratamen- to balanceado ou hemostático ou reanimação de con- trole de danos. Trata-se de administrar precocemente sangue, plasma, plaquetas agressivamente e cristaloides minimamente (transfusão 1:1:1, o que significa para cada bolsa de concentrado de hemácias deve-se trans- fundir 1 bolsa de plasma fresco congelado e 1 unidade de plaquetas). (OPÇÃO A) - INCORRETA - O PTM melhora prog- nóstico. (OPÇÃO B) - CORRETA (OPÇÃO C) - INCORRETA - Apesar de um dos critérios do ABC ser trauma penetrante, o paciente já possui dois critérios de PTM (sistólica <90 e FC > 120 bpm). (OPÇÃO D) - INCORRETA - a proporção 1:1:1 se refere a 1 concentrado de hemaceas para 1 bolsa de PFC para 1 unidade de plaquetas. Objetivos: revisar as indicações de PTM. Existem vá- rios critérios possíveis de serem utilizados, mas em um dos mais utilizados (ABC), está indicado na presença de dois dos 4 critérios abaixo: -Trauma penetrante -FAST positivo -Pressão sistólica < 90mmHg -FC >120bpm QUESTÕES COMENTADAS - TRAUMA | 21 QUESTÕES COMENTADAS - TRAUMA22 | www.grupomedcof.com.br/
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