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SUMÁRIO Introdução..........................................................................................4 Desenvolvimento................................................................................6 Conclusão..........................................................................................9 Referências.......................................................................................10 INTRODUÇÃO O presente trabalho pretende expor um tema emergente na área de Psicologia e suas implicações éticas. O tema escolhido pelo grupo foi “Drogas e Redução de Danos”. O uso de drogas pode ser associado à necessidade de alívio da angústia inerente à condição humana. Quando se pensa em prevenção, o desafio é encontrar outras maneiras de tornar essa angústia suportável, visando transformação e, não, alienação. Prevenção do uso indevido de drogas é, na verdade, toda e qualquer ação que contribua para que o indivíduo possa caminhar, fazendo escolhas mais conscientes, sem interromper sua jornada em decorrência do abuso de uma substância entorpecente que ilude, eliminando os obstáculos apenas na imaginação. Prevenção do uso indevido de drogas passa a ser, assim, uma questão ampla que extrapola o domínio de especialistas. É, portanto, inespecífica, sendo preventiva toda e qualquer ação que contribua para que o indivíduo consiga suportar conflitos sem precisar se anestesiar através de um comportamento compulsivo ou impulsivo. Como intervenção para o uso abusivo de substâncias psicoativas, Araújo; Silva; Oliveira; (2011) compreendem que a política de redução de danos, objetiva ações que reduzam a oferta e a demanda de drogas, minimizando os danos à saúde, à sociedade e à economia. Ao final da década de 80 houve alto índice de contaminação por HIV/AIDS entre usuários de drogas injetáveis, com isso uma vasta discussão no Brasil ocorreu, dando início a políticas de redução de danos (RD) que tem como conjunto de estratégias, segundo Dias Ribeiro, Batos, Page (2013) voltadas para temas diversos como violência, prevenção e atenção em HIV/Aids e outras doenças transmissíveis, e suporte social a populações marginalizadas. As estratégias de redução de danos também pretendem minimizar riscos e danos associados ao uso de drogas, mesmo quando os usuários não pretendam ou não consigam interromper o consumo. O psicólogo, como profissional da saúde deve planejar a sua intervenção em concordância com os princípios e diretrizes do SUS (BRASIL, 1990) que regulamenta a atenção à saúde no Brasil. Essa lei garante que todo profissional da saúde deve executar a sua prática observando alguns princípios fundamentais, dentre os quais destacamos o da universalidade do acesso à saúde, que garante a todos os cidadãos brasileiros o direito a um programa de saúde. Com isso, apresentaremos no desenvolvimento deste trabalho, as formas de redução de danos ao usuário de drogas e como o psicólogo junto ao CRP e CFP pode contribuir e suas implicações. DESENVOLVIMENTO A redução de danos é uma via de cuidado aos usuários de drogas. Foi criada para minimizar os danos referentes ao uso de drogas psicoativas em dependentes. Em 1989, ocorreu a primeira experiência em redução de danos no Brasil. Mais especificamente na cidade de Santos. Foi entregue aos usuários de drogas injetáveis, seringas estéreis. Essa medida foi tomada na esperança de conter o HIV/AIDS. Hoje, muitos estados brasileiros estão desenvolvendo ações como esta, com campanhas públicas e Organizações sociais com o apoio do Ministério da Saúde. A saúde pública, até o início do século XXI, não realizava ações sistemáticas para tratamento e prevenção do uso e abuso de substâncias psicoativas. Contudo, a partir da Lei nº 10.216, do dia 6 de abril de 2001, originária do movimento da Reforma Psiquiátrica brasileira, se reafirmaram os princípios e diretrizes do SUS garantindo-se serviços de saúde mental às pessoas com transtornos decorrentes do consumo de álcool e outras substâncias psicoativas (DELGADO, CORDEIRO, 2011). A abordagem de Redução de Danos não tem como objetivo principal fazer com que o usuário interrompa o uso da droga, ou que o indivíduo nunca a experimente. Sua preocupação não é a de acabar com o consumo (entende que de algum modo sempre teremos que lidar com isso), mas sim pretende lidar com o modo como este consumo é realizado, priorizando, especificamente, diminuir os possíveis danos à saúde. Trabalhar a prevenção na perspectiva da abordagem de Redução de Danos é compreender que o melhor caminho para lidar com o uso de drogas não é o de decidir e definir pelos outros quais são os comportamentos mais adequados e corretos. Muito diferente disso, é construir, junto com o outro, possibilidades de escolhas mais autênticas e livres, diminuindo vulnerabilidades. (CRP, 2012) As estratégias globais de enfrentamento ao problema mundial das drogas têm sido reavaliadas permanentemente através da Organização das Nações Unidas – ONU-UNGASS, considerando os impactos das mudanças em nível mundial. Nota-se que a tendência mundial é ampliar a discussão sobre a legislação garantindo formas mais humanizadas de cuidado que têm como princípios: a descriminalização das pessoas que usam drogas, a participação social e a diretriz da redução de danos. Vale lembrar que tal debate, ao preconizar a redução de danos como diretriz da política de drogas também no Brasil, estabelece-a como diretriz do cuidado. Trata-se de uma aposta que tem como desafio a superação de uma perspectiva relativa à redução de danos como mera “estratégia” que reduz a intervenção a uma “clínica do comando”, em uma lógica adaptacionista, para dar lugar à Clínica Ampliada. Neste caso, quem estabelece a direção do cuidado que se quer ter é a própria pessoa, que poderá escolher diminuir ou interromper o uso (abstinência versus controle do uso). (CFP, 2014) Dentre as políticas públicas nacionais destinadas ao combate do uso e abuso de substâncias psicotrópicas, iniciativas estatais e projetos voltados à prevenção e promoção da saúde e ao tratamento das enfermidades são orientados pelos princípios do SUS, que preconizam a humanização. Os programas de redução de danos visam acessar e vincular usuários de drogas a serviços de saúde que promovam a diminuição da vulnerabilidade pela reinserção social (QUEIROZ, 2001), pelos princípios da busca ativa em locais onde o usuário vive e faz uso de drogas; o vínculo ético e afetivo na relação entre usuário e agente redutor de danos, adquirido pela confiança; a abordagem sigilosa, não estigmatizante ou excludente; a intervenção que instigue o desenvolvimento da autonomia do sujeito; e ações de educação em saúde que oportunizem novos modos possíveis de relação com as drogas (ROMERO, 2001). Dentre as políticas públicas setoriais no âmbito da saúde, em 2003 é publicado o documento intitulado “A Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas”, acordando oferta de serviços voltados à prevenção, tratamento e reabilitação dos usuários de álcool e outras substâncias psicoativas (BRASIL, 2004b). Ao ser revisado e republicado em 2004, indicou a criação da rede de atenção integral a partir da intersetorialidade, contemplando ações de prevenção, promoção e proteção à saúde. Assim, são implantados os Centros de Atenção Psicossocial, Álcool e outrasDrogas (CAPS AD) (BRASIL, 2004b). O CAPS AD constitui-se enquanto um serviço extra hospitalar de assistência pública, estatal ou contratado, destinado a cuidar dos problemas de saúde mental, individual e coletivo, dos usuários de substâncias psicoativas, no nível da atenção secundária. E é imprescindível ressaltar que tanto o CAPS ad quanto o Serviço de Redução de Danos pertencem ao modelo de assistência psicossocial que pretende superar o modo asilar. Algumas questões, no entanto, se colocam para o CAPS-ad: Ao mesmo tempo em que se estrutura a partir de uma perspectiva de redução de danos, ele é cobrado pela sociedade, ou por alguns segmentos dela, em função dos resultados produzidos em termos de abstinência. É comum ouvirmos da imprensa, quando em visita aos CAPS, a seguinte pergunta: qual a porcentagem de recuperação? De fato esta pergunta mal formulada causa embaraço: seja pela dificuldade de definir recuperação no campo da drogadicção, seja pela dificuldade que os serviços ainda têm na produção de dados relativos aos resultados do tratamento. Por outro lado temos observado que muitos profissionais que trabalham em CAPS-ad ainda não assimilaram muito bem o que seja trabalhar na perspectiva da redução de danos. Para muitos a redução de danos é aplicada em apenas alguns pacientes, normalmente aqueles pacientes que “não têm jeito”. É comum ainda ver-se a discussão da admissão, da alta e do encaminhamento pautados pela abstinência ou não de drogas. Assim, se o indivíduo já está abstinente há algum tempo, por exemplo, já está em situação de alta. Estas distorções se devem, em parte, a uma má compreensão da redução de danos e suas possibilidades. De outra parte, ela convoca a uma discussão sobre a estruturação da rede. Para além do CAPSad, é preciso pensar a redução de danos em vários pontos da rede. A abordagem ao uso de drogas, nesta perspectiva, vai muito além de intervenções ou tratamento do dependente. Ela pode orientar práticas preventivas na atenção primária, nos dispositivos de saúde mental e em outros ambientes da saúde. CONCLUSÃO Apesar de termos, com a nova Constituição, uma legislação inovadora e progressista, com diretrizes para a criação de políticas fortes, ainda não alteramos significativamente as desigualdades sociais para a efetiva criação de uma sociedade mais justa e igualitária no que tange principalmente ao acesso e garantia de qualidade das políticas públicas. Os direitos sociais ainda estão sendo tratados por áreas ou setores segmentados. Apesar dos avanços de uma Constituição que instituiu a seguridade social, afirmando saúde, previdência e assistência como áreas integradas de proteção social e exigindo a garantia de proteção a riscos que podem atingir indistintamente todos os cidadãos, o que se vê atualmente são setores que funcionam ainda de maneira fragmentada. Embora cada área tenha por diretriz a descentralização de suas ações, ainda funcionam de maneira vertical em todos os níveis de governo. Os reflexos dessas formas de estruturação de políticas públicas aparecem cotidianamente nos serviços ofertados às populações, especialmente aos grupos que necessitam de formas e estratégias de proteção que requerem ações transversais e integradas, especialmente os portadores de sofrimento mental, usuários de álcool e outras drogas, idosos, crianças e adolescentes e outros grupos vulneráveis de nossa sociedade. É fundamental que as políticas de drogas sejam pensadas de forma mais ampla, articuladas com o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), com políticas de promoção dos direitos humanos, cultura, esporte e lazer, entre outros. Finalmente não podemos deixar de considerar a forma que o uso de drogas atravessa o imaginário social. A figura do usuário associado ao mal, ao demoníaco, à marginalidade e à fraqueza de caráter perpassa a clínica, e os profissionais não são inócuos a uma perspectiva moralista que está presente em toda a sociedade. No entanto, apesar das dificuldades existentes, a redução de danos vem se afirmando como a perspectiva mais humana, mais avançada, mais justa e mais promissora na abordagem de um fenômeno tão complexo que atinge, direta ou indiretamente, a todos nós. REFERÊNCIAS CFP: site.cfp.org.br. Posicionamento político do CFP relativo à política de drogas. 2014. CREPOP: crepop.pol.org.br. Referências Técnicas para a Atuação de Psicólogas(os) no CAPS - Centro de Atenção Psicossocial. 2013. É de lei: Disponível em: http://edelei.org/pag/reducao-danos. O que é redução de danos? Prefeitura de SP: http://www.prefeitura.sp.gov.br. DROGAS E REDUÇÃO DE DANOS: uma cartilha para profissionais de saúde. Psicologia.pt: Disponivel em: http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0218.pdf. QUESTÕES ÉTICAS E MORAIS DO CONCEITO DE DROGADIÇÃO. Scielo: scielo.br. Políticas sobre drogas no Brasil: a estratégia de redução de danos. 2013. UFRGS: Ética e redução de Danos. Disponível em: http://www.ufrgs.br/e- psico/etica/temas_atuais/reducao-de-danos-texto.html. UECE: POLÍTICA DE REDUÇÃO DE DANOS A USUÁRIOS DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS. 2013.
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