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República Federativa do Brasil Fernando Henrique Cardoso Presidente Ministério do Meio Ambiente - MMA José Carlos Carvalho Ministro Secretaria de Qualidade Ambiental nos Assentamentos Humanos - SQA Regina Elena Crespo Gualda Secretária Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA Rômulo José Fernandes Barreto Mello Presidente Diretoria de Florestas - DIREF Humberto Candeias Cavalcanti Diretor Laboratório de Produtos Florestais - LPF Marcus Vinicius da Silva Alves Chefe Ministério do Meio Ambiente Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis Diretoria de Florestas Laboratório de Produtos Florestais A ESTRUTURA ANATÔMICA DA MADEIRA E PRINCÍPIOS PARA SUA IDENTIFICAÇÃO Vera T. Rauber Coradin José Arlete Alves Camargos Brasília, 2002 Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA Laboratório de Produtos Florestais - LPF SAIN Av. L4 - Lote 4 70818-900 Brasília, DF - Brasil Tel.: (61) 316-1209/316-1526 Fax: (61) 316-1515/225-1182 site: http://www.ibama.gov.br e-mail: lpf@lpf.ibama.gov.br Esta publicação do curso para capacitação de agentes multipli- cadores em valorização da madeira e resíduos vegetais, tornou-se viável por intermédio do convênio MMA/IBAMA/2001-06, da Secretaria de Qualidade Ambiental nos Assentamentos Humanos, convênio esse que tem a coordenação, pelo MMA, de Paulo Brum Ferreira e pelo LPF/IBAMA de Waldir Ferreira Quirino. C788 Coradin, Vera T. Rauber A Estrutura Anatômica da Madeira e Princípios para a sua Identificação. - Brasília: LPF, 2002. 28 p. :il. ; 21x27 cm. Curso para capacitação de agentes multiplicadores em valorização da madeira e resíduos vegetais ISBN 85-7300-138-0 1. Madeira. 2. Estrutura da Madeira. 3. Tecnologia da Madeira. I. José Arlete Alves Camargos II. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Diretoria de Florestas. Laboratório de Produtos Florestais. III. Título. CDU 674 O material desta publicação pode ser reproduzido, desde que citada a fonte. O conteúdo é de responsabilidade exclusiva do(s) autor(es). 1ª Edição: 1ª Impressão (2002): 1.800 exemplares Conteúdo Técnico Vera T. Rauber Coradin José Arlete Alves Camargos Coordenação Editorial João Humberto de Azevedo Tratamento Redacional Guido Heleno Diagramação e Arte Final Felipe Venâncio Alves Projeto Editorial/impressão Apresentação O Brasil Joga Limpo é um programa de governo elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de desenvolver ações de melhor gestão dos resíduos nas cidades e no campo por meio de um trabalho conjunto e participativo, integrando gover- no e comunidade com vantagens no aspecto ambiental e social. O Brasil Joga Limpo é um dos 305 programas que integram o Plano Plurianual 2000-2003, o Avança Brasil. São objetivos deste programa: diminuir a geração de resíduos, aumentar a reciclagem e o reaproveitamento dos mesmos, em consonância com as normas ambientais. Esta publicação é parte integrante de um conjunto de oito módulos que formam o curso "Capacitação de Agentes Multiplicadores em Valorização da Madeira e dos Resíduos Vegetais". Essa ação educativa foi proposta pela Secretaria de Qualidade Ambiental nos Assentamentos Humanos - SQA, cuja execução está sobre a responsabi- lidade do Laboratório de Produtos Florestais - LPF. O conteúdo do curso está lastreado na experiência desse Laboratório, acumulada em vários anos de pesquisa e aborda o correto processamento da madeira. Com isso, se pode reduzir, significativamente, a geração de resíduos, além de possibilitar a reciclagem e transformação dos mesmos em novas matérias-primas ou insumos agrícolas, gerando energia e também uma infinidade de outros produtos de boa qualidade. Dentro desse programa de capacitação serão apresentadas as tecnologias de manejo de resíduos, exemplificando, também, os processos disponíveis no Brasil e em outros países. Essas tecnologias podem ser utilizadas para valorização de resíduos da indústria madeireira, bem como para todos os oriundos da agricultura. A expectativa é que, integrando gestão ambiental com valorização e conservação dos recursos naturais e, ao mesmo tempo, considerando possíveis adequações em função das características regionais, este material favoreça a adoção das tecnologias apropriadas. E assim, gradativamente, é possível que se consiga promover um maior e melhor aproveita- mento dos potenciais agroflorestais, agregando valor a esses produtos, gerando empre- gos e promovendo avanços no bem-estar social e ambiental das comunidades. RReeggiinnaa EElleennaa CCrreessppoo GGuuaallddaa Secretária de Qualidade Ambiental nos Assentamentos Humanos do Ministério do Meio Ambiente A p re se n ta çã o Su m ár io Sumário Introdução 7 Plantas produtoras de madeira 7 Nomeclatura comercial 7 Nomeclatura botânica 8 Diferenças na anatomia da madeira de Angiospermas e Gimnospermas 9 Partes de uma árvore 10 Tronco 10 Regiões do tronco 10 Anéis de crescimento 12 Orientação da madeira e planos de corte para análise anatômica 13 Caracteres gerais e organolépticos da madeira 14 Cor 14 Cheiro e gosto 14 Grã 15 Dureza 17 Brilho 17 Textura 17 Figura 17 Análise anatômica da madeira 18 Elementos celulares que constituem a madeira 18 Caracteres anatômicos importantes para identificação de madeiras 19 Tipos de parênquima axial 20 Distribuição, agrupamento e arranjo dos vasos 22 Parênquima radial ou raios 24 Canais secretores 25 Canais traumáticos 26 Tilos 26 Máculas Medulares 26 Passos importantes para se proceder na identificação de madeiras 27 Referências bibliograficas 28 Introdução A madeira é produzida pelas árvores, não com o objetivo de ser usada pelo homem, mas devido as suas funções, como parte integrante de uma planta viva. Por se tratar de um produto do metabolismo da árvore, a madeira é heterogênea e variável, apresentan- do, muitas vezes, defeitos relacionados ao crescimento. O grande atrativo para o uso da madeira é exatamente a variação de sua estrutura, possibilitando os mais variáveis e sofisticados usos. Mas, em certos casos, tem desvantagem em relação a outros materiais mais homogêneos. O conhecimento das características de qualquer material é essencial para sua melhor utilização. Segundo Frank Loud Wright, "Nós podemos usar madeira com inteligência somente se entendermos a madeira". Portanto, o conhecimento da estrutura da madeira, sua variação e causa são indispensáveis para uma utilização mais racional. Este trabalho enfoca a estrutura do tronco e algumas peculiaridades da madeira. Plantas produtoras de madeira Segundo Panshin e Zeeuw (1980), existem três tipos de plantas produtoras de madeira: árvores, arbustos e lianas lenhosas. Árvore é uma planta lenhosa que atinge em seu estágio de maturidade no mínimo seis metros de altura e, normalmente, possui tronco único. Arbusto é uma planta lenhosa que raramente excede seis metros de altura e, geral- mente, possui vários troncos. Liana lenhosa é uma trepadeira lenhosa (cipó). Estes três tipos diferentes de hábitos de crescimento possuem características em comum: • são plantas vasculares, possuem um tecido de condução que consiste do xilema (madeira) e floema (casca interna); • são plantas perenes; • possuem caule persistente. Nomenclatura comercial As madeiras freqüentemente recebem nomes de acordo com os nomes populares das árvores das quais são extraídas. Como exemplo tem-se a árvore do ipê que é conhecida por esse nome devido as suas flores vistosas e sua madeira recebe o mesmo nome. Em um país de extensões continentais como o Brasil, onde temos inúmeras espécies de madeiras, observa-se, com freqüência, que os nomessão dados pela suposta seme- lhança com outras madeiras mais conhecidas e já consagradas pelo uso. Ex.: cupiúba - Goupia glabra Aubl., muitas vezes, comercializada como peroba - Aspidosperma polyneuron Müll. Arg., devido à semelhança da cor e densidade entre as duas madeiras. Porém a cupiú- ba pertence à família Goupiaceae e não tem nada a ver com as verdadeiras perobas, que são, na sua maioria, da família Apocynaceae. No comércio madeireiro temos inúmeros outros casos como da cupiúba: o cumaru - Dipteryx odorata (Aubl.) Willd., comercializado como ipê - Tabebuia sp.; a andiroba - Carapa guianensis Aubl., comercializada como mogno - Swietenia macrophylla King.; a muirapiran- ga - Brosimum paraense Huber, comercializada como pau-brasil - Caesalpinia echinata Lam. Portanto, os nomes comuns ou comerciais são dados, muitas vezes, devido à similaridade ou à associação das formas dos troncos, da cor da madeira, do desenho e outras. A e st ru tu ra a n at ô m ic a d a m ad ei ra e p ri n ci p io s p ar a su a id en ti fi ca çã o Devido à grande quantidade de espécies de madeiras tropicais, à extensa região de ocorrência e o significativo fluxo de comercialização, observa-se a utilização de múltiplos nomes comerciais para uma mesma madeira, bem como a existência de diferentes madeiras comercializadas sob um mesmo nome. Com esta diversidade de madeiras e nomes comer- ciais, torna-se difícil saber a realidade do comércio das madeiras tropicais, pois muitas dessas espécies ocorrem em outros países e já possuem outra nomenclatura comercial. Alguns países como a Inglaterra, a Austrália e a África do Sul padronizaram os nomes das madeiras de seus comércios. Estas padronizações de nomenclaturas comerciais amenizam apenas o problema, pois baseiam-se somente em dados nacionais ou regionais, gerando dúvidas na nomenclatura própria de mercados mais distantes, onde a classifi- cação botânica não combina necessariamente com os nomes comuns. Como exemplo, citam-se as madeiras denominadas carvalho que são do gênero Quercus. Na Inglaterra, são denominados Oak, na França, Chene; e na Alemanha, Eiche, sendo todas denomi- nações para madeiras do mesmo gênero Quercus. No Brasil, o nome Carvalho é também usado para espécies dos gêneros Roupala e Euplassa, da família Proteaceae, que possuem aspecto semelhante ao Carvalho, devido à largura dos raios. Desta maneira, podemos observar, que uma mesma espécie que tem uma dis- tribuição ampla, possui vários nomes baseados em diferentes conceitos e um mesmo nome usado para espécies diferentes mas que, muitas vezes, não têm nada em comum. Por outro lado, padronizações mais abrangentes, também são difíceis de serem ado- tadas, ainda mais tratando-se de países com línguas diferentes. O único sistema de nomenclatura que é internacionalmente aceito, é a nomenclatu- ra botânica, na qual as madeiras são denominadas pelo nome da espécie de onde são extraídas. Qualquer padronização de nomenclatura com vistas a organizar o mercado madeireiro, deve, obrigatoriamente, estar associada à nomenclatura botânica. No Brasil, o LPF/IBAMA realizou um levantamento da nomenclatura comum e cien- tífica das árvores brasileiras formando um banco de dados e um catálogo impresso (Camargos et al., 2001) onde estão registradas mais de quatro mil espécies, com cerca de quinze mil nomes comuns e comerciais utilizados para estas espécies. Além de reunir a nomenclatura popular e científica, indica o nome comum mais adequado para cada espécie botânica servindo também como base de dados utilizada para orientação dos projetos de manejo florestal autorizados pelo IBAMA. Nomenclatura botânica O número de espécies vegetais conhecidas é muito grande, exigindo, a nível mundial, um sistema que apresente os princípios básicos, as regras e as recomendações a serem seguidas quando se referir a um vegetal. Assim como nos animais, também existe entre os vegetais um parentesco que permite fazer agrupamentos baseando-se em características comuns morfológicas, anatômicas e químicas dos órgãos vegetativos e reprodutivos. A unidade básica de um sistema de classificação é a espécie e em ordem ascendente da escala tem-se: gênero, família, classe e divisão; podendo ter outras categorias inter- mediárias como sub-famílias, tribos, sub-tribos, sub-classes, etc. Dessa maneira, cada espécie pertence a um gênero, grupos de gêneros similares a uma família. As famílias, por sua vez, são arranjadas em ordens, as ordens em outras divisões mais abrangentes e agru- padas em linhas evolutivas que resultam em vários sistemas de classificação, sobre os quais não trataremos neste contexto. O nome de uma espécie é uma combinação de duas palavras (nomenclatura binomial), escritas em latim, sendo a primeira o nome genérico indicativo do grupo a que pertence A e st ru tu ra a n at ô m ic a d a m ad ei ra e p ri n ci p io s p ar a su a id en ti fi ca çã o 8 e a segunda, o nome específico denominado de epíteto específico. Para que o nome da espécie seja preciso e completo, é necessário que seja citado o nome do autor ou autores que fizeram, pela primeira vez, a descrição da espécie. Descrições de espécies novas para a ciência devem ser feitas em concordância com o código internacional de nomenclatura botânica e publicadas em revista científica. Exemplo de duas espécies de vegetais colocadas em seus respectivos grupos botânicos: As duas espécies acima pertencem a dois grandes grupos de vegetais produtores de madeiras, com características morfológicas e anatômicas bem distintas entre si. Na Divisão Angiospermae (latifoliadas) estão as plantas com folhas largas e sementes encerradas dentro de um fruto. A esse grupo pertencem espécies como a imbuia, o mogno, as canelas, os ipês, a laranjeira e outras. Na Divisão Gymnospermae (coníferas) estão as plantas com folhas aculiformes (em forma de agulhas) e "frutos" sem casca, em forma de cone com sementes expostas. A esse grupo pertencem as espécies do gênero Pinus, o pinheiro-do-paraná (Araucaria augustifolia (Bert.) Kuntze) e outras. Há algumas diferenças anatômicas entre as madeiras desses dois grupos. Nesta pu- blicação serão descritas, inicialmente, as características anatômicas das Angiospermas, por ser o grupo a que pertence a grande maioria das madeiras brasileiras. Posteriormente, serão enfocadas as peculiaridades que diferenciam as madeiras dos gru- pos das Coníferas, cujo número de espécies, em nosso país, é mais restrito. Diferenças na anatomia da madeira de Angiosper- mas e Gimnospermas A e st ru tu ra a n at ô m ic a d a m ad ei ra e p ri n ci p io s p ar a su a id en ti fi ca çã o 9 Mogno Pinheiro-do-paraná Reino Vegetal Vegetal Seção Fanerogama Fanerogama Divisão Angiospermae Gymnospermae Classe Dicotiledoneae Coniferae Ordem Geraniales Coniferales Família Meliaceae Araucariaceae Gênero Swietenia Araucaria Espécie Swietenia macrophylla King. Araucaria augustifolia (Bert.) Kuntze ANGIOSPERMAS GIMNOSPERMAS Presença de vasos; ausentes em poucas Ausência de vasos. Presença de traqueí- espécies. deos. Presença de fibras; algumas vezes como Ausência de fibras. Presença de traqueídeos fibrotraqueídeos. e as vezes fibrotraqueídeos. Arranjo irregular dos elementos axiais: Arranjo linear dos traqueídeos. vasos, parênquima axial e fibras. Raios de várias larguras compostos por Raios geralmente unisseriados compostos células de parênquima. de células de parênquima e traqueídeos radiais. Parênquima axial definido em vários tipos; Parênquima axial ausente ou raro. algumas vezes distribuídos difusamente. Partes de uma árvore As árvores, como a maioria das plantas superiores,possuem raízes, caules, folhas, flo- res e frutos. O que diferencia as árvores das demais plantas superiores é a presença de um caule com eixo principal (tronco), entre a copa e as raízes. A raiz é a parte da árvore que serve para fixar a planta no solo e absorver a água e os sais minerais. O caule conduz a seiva, armazena substâncias de reserva, dá resistência mecânica e sustenta a copa. As folhas absorvem a luz solar e os gases da atmosfera e ela- boram substâncias alimentares necessárias ao desenvolvimento da planta. As flores com- portam os órgãos reprodutivos da planta que, após a fecundação, transformam-se em frutos. Estes, por sua vez, possuem em seu interior as sementes que são dispersas pela própria planta, por agentes da natureza, animais ou pelo próprio homem. Como vimos, a árvore é um ser vivo complexo, com um ciclo de vida bastante pro- longado, sendo que algumas delas chegam a alcançar 2000 anos. A madeira, presente no caule e na raiz, é preservada durante toda a vida da planta. Tronco A árvore cresce e desenvolve-se, em toda a sua vida, tanto em altura quanto em espessura. O crescimento em altura é denominado crescimento primário que ocorre nas partes apicais. Esse processo é o responsável pelo alongamento do tronco e ramos. O crescimento secundário é o responsável pelo aumento em diâmetro da árvore. Esse aumento se dá por meio de uma camada de células delicadas denominada câmbio vascular, situada entre a casca interna (floema) e a madeira (xilema), camada essa que se estende por todo tronco, ramos e raízes. O câmbio, por meio de divisões celulares, adi- ciona novas camadas de células para o lado de dentro formando novas camadas de madeira e, para o lado de fora, produzindo a casca interna ou floema. Regiões do tronco Analisando uma seção do caule no sentido casca-medula, tem-se na seqüência: Casca externa (ritidoma) - parte externa da casca. Tem como função proteger, o floema, o câmbio e o lenho dos fatores que podem causar danos à árvore, tais como: fogo, geada, etc. (Figura 1). Casca interna (floema) - parte da casca que se situa junto ao câmbio e tem como função conduzir as substâncias nutritivas (seiva elaborada) nas plantas vasculares. É co- nhecida também como líber (Figura 1). Câmbio - compõe-se de camadas de células situadas entre o lenho (madeira) e a casca interna (floema) e dá origem a estes tecidos (Figura 1). Alburno - é formado pelas camadas mais exteriores ou mais novas da madeira, onde se dá o transporte da seiva bruta por meio dos vasos e estocagem de substâncias de reserva nas células do parênquima. A madeira dessa região geralmente é mais clara, mais leve e mais susceptível ao ataque de pragas. A maioria das células é ativa na árvore viva, mas nas camadas mais interiores dessa região as células apresentam envelhecimento consti- tuindo o "lenho agonizante" que vai se transformar em cerne (Figura 1). Cerne - é a parte mais interna do caule, constituída por tecido fisiologicamente morto. A madeira dessa região vai, gradativamente, perdendo a atividade vital e adquirindo, freqüentemente, coloração mais escura devido à deposição de taninos, gomas, óleos, resinas e outros materiais resultantes da transformação das substâncias de reserva, A e st ru tu ra a n at ô m ic a d a m ad ei ra e p ri n ci p io s p ar a su a id en ti fi ca çã o 10 contidas nas células do parênquima do alburno interno antes de sua morte e posterior transformação em cerne. A cor mais escura, entretanto, não é uma condição necessária para existência de cerne. Existem espécies como o marupá - Simarouba amara Aubl. e o morototó - Schefflera morototoni (Aubl.) Decne. & Planch. onde não se observa diferença de co- loração entre estas duas regiões. Em outras espécies, como o pau-santo - Zollernia paraensis Hurber e a muirapixuna - Swartzia leptopetala Benth., ocorrem cerne-alburno bem distintos pela cor. O cerne (Figura 1) apresenta uma durabilidade natural bem maior do que o alburno e a principal razão disso é a presença de extrativos tóxicos aos organismos degradadores da madeira. A presença de infiltrações que inibem o ataque de fungos e insetos não está intimamente ligada à cor do cerne como muitas vezes se supõe (Panshin & de Zeeuw, 1980), mas sim, à toxidez dos extrativos, que podem ser de cor clara ou escura. Na transformação do alburno em cerne, além das infiltrações por extrativos men- cionadas, há também obstrução de vasos pela invasão de células de parênquima (tilos ou tiloses) em madeiras de folhosas e o fechamento das pontoações nas coníferas. A formação de tiloses e a infiltração das células por extrativos fazem com que o cerne apresente uma maior densidade e durabilidade. A menor penetrabilidade é provocada, principalmente, pela obstrução dos vasos por tilos ou extrativos, tornando o cerne mais resistente à impregnação de preservativos e a causa de dificuldades na secagem. Por outro lado, a obstrução dos vasos reduz a quantidade de ar e de umidade, dificultando o desenvolvimento de fungos. Lenho juvenil - são as camadas de madeira formadas imediatamente em torno da medula quando a planta era jovem (Figura 2). Essas camadas de madeira foram formadas quando a árvore iniciou seu crescimento em espessura (engrossamento), sendo assim um tecido menos resistente, o qual durante os processos de secagem contrai mais que o restante do lenho, contribuindo para empenamentos. Tanto o lenho juvenil quanto a medula são susceptíveis ao ataque de pragas como cupins, formigas e fungos, provocan- do, muitas vezes um oco no centro do tronco, mesmo na árvore em pé. Medula - a medula é a parte mais interna do tronco ou ramos, podendo ser central ou excêntrica, com diâmetro variável de um milímetro a dois centímetros (Figura 2). É formada por células parenquimatosas, provenientes de crescimento primário. Muitas vezes, ela é mais escura, destacando-se bem do lenho, porém, em algumas espécies, é difícil de ser percebida. A e st ru tu ra a n at ô m ic a d a m ad ei ra e p ri n ci p io s p ar a su a id en ti fi ca çã o 11 Casca externa Casca interna Câmbio Alburno Cerne Figura 1. Representação esquemática do tronco de uma árvore mostrando suas diferentes regiões. Anéis de crescimento Observando-se o topo de um tronco, nota-se, freqüentemente, camadas mais ou menos concêntricas de tecidos com aspecto diferente, dispostas como anéis ao redor da medula, muitas vezes de cor mais escura ou mais clara, denominadas anéis de cresci- mento (Figura 2). Quando observadas em uma seção longitudinal de uma peça de madeira, são vistas figuras em forma de V ou U. Esses anéis são resultantes da adição de novas camadas celu- lares pela atividade do câmbio que não possui atividade contínua durante toda a vida da árvore. Podem haver interrupções ou reduções da atividade cambial devidas à variações de clima como: frios exagerados, secas prolongadas, geadas, iluminação, suprimento de água, temperatura e condições do solo. Cada vez que o câmbio retoma a atividade interrompida, deixa um sinal - o anel de crescimento, que é a desigualdade entre as camadas formadas antes da parada do fun- cionamento do câmbio e as primeiras camadas formadas depois da retomada de sua ativi- dade. Portanto, o número de anéis existentes em um disco de madeira indica o número de vezes que o câmbio interrompeu sua atividade durante o desenvolvimento da árvore. Em regiões de clima temperado, com as estações do ano bem definidas, há apenas uma estação de crescimento e conseqüentemente uma interrupção por ano, formando, assim, anéis de crescimento anuais, podendo-se concluir, pela quantidade de anéis, a idade da árvore. Em regiões tropicais como em grande parte do Brasil, onde ocorrem muitas alte- rações noclima e desfoliações por insetos, a interrupção do crescimento pode ser tem- porária, sendo marcada por uma mudança dos elementos da madeira e conseqüente for- mação de mais de um anel de crescimento em uma estação. Nesse caso, o número de anéis de crescimento observado no topo da madeira não serve para avaliar a idade de uma árvore e são denominados falsos anéis anuais de crescimento (Jane, 1970). Em madeiras de regiões tropicais, como as da Amazônia, observa-se anéis de cresci- mento descontínuos que emergem próximo ao último anel contínuo formado quando o câmbio, naquele local, estava em atividade. Estas interrupções são devidas à inatividade de uma determinada região do câmbio, que pode ser causada por ataque de pragas ou outros agentes. Além das características próprias de cada espécie, em árvores de regiões tem- peradas, onde as estações são bem distintas, os anéis de crescimento são bem níti- dos. Em regiões tropicais, onde existem variações climáticas e estações pouco definidas como na maior parte do Brasil, existem também espécies como freijó (Cordia goeldiana Huber) e cedro (Cedrela odorata L.), nas quais se observa distinção de anéis; e outras como fava amargosa - Vatairea paraensis Ducke e jataipeba - Dialium guianense (Aubl.) Sandwith, onde não se observa diferenciação de anéis. Em um anel de crescimento típico, distingue-se normalmente duas partes: Lenho inicial ou primaveril - é a porção de um anel produzida no início da estação de crescimento (primavera). Essa região possui células com lúmens maiores, paredes finas e, conseqüentemente, densidade mais baixa, adquirindo em conjunto co- lorações mais claras (Figura 2). Lenho tardio ou outonal - são as últimas camadas formadas na estação de cresci- mento. Suas células possuem paredes mais espessas, lumens menores, apresentando, em conjunto, um aspecto mais escuro (Figura 2). A e st ru tu ra a n at ô m ic a d a m ad ei ra e p ri n ci p io s p ar a su a id en ti fi ca çã o 12 Orientação da madeira e planos de corte para análise anatômica As células que constituem a madeira estão arranjadas no caule seguindo diversas direções. Três planos são conhecidos, nos quais a madeira normalmente é analisada. Estes planos ou superfícies são: transversal (também denominado corte transversal), longitudi- nal radial e longitudinal tangencial (Figuras 3 e 4). Superfície transversal - é a superfície apresentada no topo de uma tora de madeira quando se realiza um corte perpendicular ao eixo do tronco. Neste corte são secionandos os elementos da madeira que estão alongados no sentido do eixo do tron- co, tais como: vasos, fibras e parênquima axial. Após lixamento dessa superfície, com auxílio de uma lupa os poros podem ser obser- vados como pequenos orifícios; o parênquima axial aparece como pequenas manchas mais claras; as fibras formam a parte mais escura da superfície e os raios aparecem como linhas estendidas no sentido da casca para o centro do disco. Todos esses elementos pos- suem disposição e distribuição característica para cada madeira, formando diversos tipos de arranjos, os quais devem ser atentamente observados na identificação de madeiras (Figuras 3 e 4a). Superfície longitudinal tangencial - esta superfície é exposta quando se retira a casca da árvore ou quando se realiza um corte em direção perpendicular aos raios e tangencialmente aos anéis de crescimento. Nessa superfície, pode-se observar, com auxílio de lente e às vezes a olho nu, os raios secionados mostrando sua altura; as fibras, as linhas vasculares e o parênquima axial, mostrando o comprimento longitudinal de suas séries de células (Figuras 3 e 4b). Superfície longitudinal radial - esta superfície é exposta por meio de um corte longi- tudinal que segue os raios desde a casca até a medula. Assim como no corte tangencial, no corte radial pode-se observar, com auxílio de lente e às vezes a olho nu, as fibras, as linhas vas- culares e o parênquima axial, mostrando o comprimento longitudinal de suas séries de célu- las e os raios, como faixas paralelas, mostrando sua altura e comprimento (Figuras 3 e 4c). A e st ru tu ra a n at ô m ic a d a m ad ei ra e p ri n ci p io s p ar a su a id en ti fi ca çã o 13 Figura 2. a) Anéis de crescimento de uma Gimnosperma (Pinaceae). b) Corte transversal evi- denciando dois anéis de crescimento. medula lenho juvenil lenho tardio lenho inicial a) b) Caracteres gerais e organolépticos da madeira Cor A cor das madeiras, principalmente do cerne, é um caractere que pode, em muitos casos, ser importante na identificação de madeiras. Porém deve-se tomar precaução, pois a cor altera-se com exposição à luz, à umidade e ao ataque de microorganismos. A coloração da madeira é causada geralmente por extrativos presentes nas células e em suas paredes, tais como: taninos, resinas, óleos, etc., depositados principalmente no cerne. A maioria dos componentes celulares, com a possível exceção da celulose, tam- bém contribuem com a cor da madeira quando exposta, por meio de fotoxidação (Panshin & de Zeeuw, 1980). Por exemplo, a gombeira - Swartzia leptopetala Benth. ao ser cortada apresenta cor amarelo-escuro e, com o passar do tempo, torna-se marrom- escuro, provavelmente devido à oxidação. Cheiro e gosto Assim como a cor, o cheiro é uma característica importante na classificação em usos finais e também é usado na identificação de madeiras. 14 Figura 4. Visualização da madeira nas três seções. Figura 3. Planos de corte da madeira (parte de um disco de madeira em forma de cunha). radial transversal tangencial A e st ru tu ra a n at ô m ic a d a m ad ei ra e p ri n ci p io s p ar a su a id en ti fi ca çã o a) Seção transversal b) Seção long. tangencial c) Seção long. radial O cheiro é causado por substâncias, em sua maioria voláteis, infiltradas principal- mente no cerne. Devido à volatilidade dessas substâncias, o cheiro vai diminuindo gra- dualmente com a exposição. Em muitas madeiras, após umedecimento, o cheiro torna- se novamente evidente. Em identificação de madeira, para se sentir o cheiro, sempre deve-se fazer um corte na superfície e, se a madeira estiver muito seca, umedecê-la e aquecê-la para tornar o cheiro mais evidente. Porém, deve ser considerado para identi- ficação, apenas se realmente for bem distinto. Uma grande dificuldade encontrada é a descrição do cheiro de uma madeira. Geralmente o cheiro descrito é comparado com o de uma substância comumente conhe- cida. Porém, na maioria das madeiras que possuem odor distinto, torna-se difícil com- pará-lo com outro já conhecido. Em geral, o referimos como um cheiro característico daquela própria madeira. Quando é evidenciado um cheiro característico, procura-se classificá-lo como agradável e desagradável, o que também é bastante subjetivo. Em muitas espécies de madeiras, como as pertencentes à família botânica das Lauraceas, ocorre um odor característico que é considerado, para a maioria dos obser- vadores, como agradável. Como exemplo, cita-se a casca-preciosa - Aniba canelilla (H.B.K.) Mez, que possui cheiro de canela; a canela-amarela - Ocotea aciphylla (Nees) Mez, e o pau-rosa - Aniba rosaeodora Ducke produtoras de óleo essencial; o louro inhamuí - Ocotea cymbarum Kunth com odor semelhante à cânfora. Outras espécies como cerejeira - Amburana acreana (Ducke) A.C.Sm., peroba-rosa - Aspidosperma polyneuron Müll. Arg., bálsamo - Myroxylon peruiferum L.f., cedro - Cedrela odorata L. e acapu - Vouacapoa americana Aubl. também possuem cheiros agradáveis característicos. Odores desagradáveis são observados em madeiras como cupiúba - Goupia glabra Aubl., candeia - Vanillosmopsiserythropappa Schult. , jatobá - Hymenaea courbaril L. e angelim- vermelho - Dinizia excelsa Ducke. Ocasionalmente, são encontradas também madeiras com gosto característico geral- mente produzido por substâncias solúveis. Assim como o cheiro, o gosto é mais eviden- ciado em madeiras verdes ou com alto teor de umidade. Apesar de constituir um caráter pouco usado em identificação, em alguns casos serve para distinguir espécies seme- lhantes entre si. Em geral, as madeiras que possuem grande quantidade de tanino, têm gosto adstrin- gente. Entre as madeiras brasileiras, a fava amargosa (Vatairea sericea Ducke) possui uma substância que confere a madeira dessa espécie um gosto amargo e, ao ser cortada ou lixada, provoca espirros constantes no operador. Recomenda-se não levar madeiras à boca devido ao risco de intoxicação que pode ser provocada tanto por substâncias presentes na madeira, quanto por venenos usados como preservativos. Grã Este termo refere-se ao arranjo e ao paralelismo dos elementos axiais (células) da madeira, ao longo do tronco. Tipos de grã: Grã direita - (Figura 5a) - é aquela na qual os elementos constituintes da madeira mantêm um certo paralelismo com o eixo vertical da árvore ou peça de madeira. Esse tipo de grã, além de aumentar a resistência mecânica da madeira, facilita a operação de serragem. Segundo (Panshin & de Zeeuw, 1980), qualquer forma de desvio da condição de grã direita é considerada um defeito estrutural na madeira, devido à redução da resistência da peça na qual ela ocorre. A e st ru tu ra a n at ô m ic a d a m ad ei ra e p ri n ci p io s p ar a su a id en ti fi ca çã o 15 Grã irregular - quando os elementos axiais apresentam variações irregulares de ori- entação em relação ao eixo vertical da tora ou peça de madeira. Grã espiralada (torsa) - quando os elementos axiais são regularmente colocados em disposição espiral ao longo do tronco. As peças de madeira retiradas de um tronco com este tipo de grã apresentam as celulas com orientação oblíqua. Ex.: eucalipto - Eucalyptus spp. Grã entrecruzada ou revessa (Figura 5b) - é uma forma modificada de grã espi- ral, na qual os elementos axiais estão alinhados obliquamente ao eixo longitudinal do tronco, mas, alternadamente, para o lado direito e esquerdo. Jane (1970) refere a este tipo de crescimento como grã de dupla espiral ou revessa. Madeiras com este tipo de grã são difíceis de serem partidas no sentido radial, pois nessa direção encontram-se as camadas sucessivas de crescimento inclinadas em direção opostas. Pela mesma razão, a superfície radial de uma peça de madeira serrada apresen- ta-se, geralmente, com faixas ásperas intercaladas com faixas lisas ao tato. Com o avanço da tecnologia industrial e com o uso de equipamentos adequados, consegue-se transformar esse aspecto causado pela grã revessa em figura típica forman- do faixas de cores diferentes, causadas pela variação na reflexão da luz em cada zona de orientação das fibras. A grã revessa afeta a flexão estática e a elasticidade da madeira (Panshin & de Zeeuw, 1980), além de causar deformações e dificuldades no processo de secagem. Entre as espécies tropicais nativas este tipo de grã é bastante comum. Ex.: guariúba - Clarisia race- mosa Ruíz & Pav., angelim-vermelho -Dinizia excelsa Ducke . Grã inclinada (Figura 5c) - é o desvio angular apresentado pelos elementos consti- tuintes longitudinais da madeira, em relação ao eixo longitudinal de uma peça de madeira (IAWA Committee on Nomeclature, 1964). Grã ondulada - neste tipo de grã, os elementos axiais da madeira apresentam ondu- lações que ocorrem geralmente no plano tangencial da madeira. Partindo-se a madeira no sentido tangencial, obtém-se uma superfície lisa e, se for partida radialmente, obtém- se uma superfície transversalmente corrugada (Jane, 1970). Em madeira serrada no sen- tido tangencial, não se observa a figura. Porém, na superfície radial, as fibras onduladas produzem um efeito de barras transversais causado pela variação de reflexão da luz inci- dente. Ex.: glícia - Glycydendron amazonicum Ducke . Em muitos casos, observa-se, simultaneamente, grã ondulada e grã revessa, forman- do figuras bastante atrativas, muitas delas com denominações especiais no mercado inter- nacional. Variações de grã podem ser observadas dentro de uma mesma espécie. Entre as madeiras nativas, observa-se esses dois tipos de grã na imbuia - Ocotea porosa (Nees & Mart. ex Nees) L.Barroso. A e st ru tu ra a n at ô m ic a d a m ad ei ra e p ri n ci p io s p ar a su a id en ti fi ca çã o 16 a) Direita b) Revessa c) Inclinada Figura 5. Principais tipos de grã Dureza A dureza da madeira só pode ser verificada, com precisão, usando-se equipamentos especiais. Porém, para se ter uma idéia, pode-se testar a madeira conforme indicado nas normas COPANT, 1973, com a incisão de uma faca, geralmente transversalmente às fibras. A dureza é um indicador das características físicas da madeira que depende principal- mente da espessura da parede celular que é diretamente proporcional à dureza da madeira. Brilho É a propriedade da madeira de refletir a luz. O brilho depende do ângulo em que os raios de luz incidem sobre a superfície e do tipo de célula exposta na superfície. Por exemplo, a face radial geralmente reflete melhor a luz que a face tangencial, devido à exposição dos raios (Panshin & de Zeeuw, 1980). Textura É um termo usado para se referir às dimensões, à distribuição e à abundância relati- va dos elementos estruturais da madeira (Jane, 1970). Em coníferas, é verificada pela dis- tinção, largura e regularidade das camadas de crescimento; em folhosas, são referenciais os diâmetros e o número de vasos, além da largura dos raios e da quantidade de parên- quima axial. Conforme Coradin e Muñiz (1991), para madeira de folhosas são apresentados os tipos a seguir definidos: Textura fina - poros com diâmetro tangencial inferior a 100 µm e parênquima invi- sível a olho nu ou escasso. Ex.: peroba - Aspidosperma polyneuron Müll. Arg. (Figura 6a). Textura média - poros com diâmetro tangencial de 100 a 300 µm e parênquima visível ou invisível a olho nu. Ex.: muiratinga - Maquira sclerophylla (Ducke) C.C.Berg (Figura 6b). Textura grossa - poros com diâmetro tangencial superior a 300 µm. Ex.: fava amargosa - Vatairea guianensis Aubl. (Figura 6c) ou madeiras com raios muito largos a extremamente largos. Quando o parênquima axial é muito abundante pode ser considerada também como tendo textura grossa, mesmo quando os diâmetros dos vasos são inferiores a 300 µm. Figura É qualquer característica inerente à madeira que se sobressai na superfície plana de uma peça de madeira tirando sua uniformidade (Jane, 1970). Esse conceito difere um pouco do normalmente usado. Geralmente, o termo "figura" é usado para descrever A e st ru tu ra a n at ô m ic a d a m ad ei ra e p ri n ci p io s p ar a su a id en ti fi ca çã o 17 a) Fina b) Média c) Grossa Figura 6. Tipos de textura. características que embelezam ou ornamentam uma peça de madeira. O conceito de Jane (1970) nos parece mais correto, pois não existe uniformidade de opiniões a respeito do que é bonito ou ornamental, sendo, portanto, bastante subjetivo. As figuras, observadas em madeira, são causadas por diferentes caracteres e apre- sentam-se de diversas maneiras. Entre as madeiras nativas, freqüentemente, ocorrem fi- guras causadas por variações na cor como, por exemplo, angelim-rajado - Marmaroxylon racemosum (Ducke) Killip. Quando a madeira possui anéis de crescimento distintos, observam-se na superfície tangencial, figuras em forma de V ou de U e outrasformas irregulares; os anéis ainda for- mam faixas ou linhas de cores distintas se vistos na superfície radial. Ex.: - Pinus - Pinus elliottii Engelm (Figura 7a). Na face radial de madeiras com raios altos ou bem distintos, observam-se figuras em forma de linhas ou faixas transversais. Ex.: faeira - Roupala mon- tana Aubl. O contraste entre parênquima e fibras (aspecto fibroso), em muitas madeiras, forma figuras que muitos observadores consideram como embelezadoras. Ex.: tento - Ormosia paraensis Ducke, fava-amargosa - Vatairea sericea Ducke, angelim-pedra - Hymenolobium excelsum Ducke (Figura 7b). Alguns tipos de grã, como especificados nas descrições, são causadores de figuras atrativas ou não, isso vai depender do tratamento dado à superfí- cie nos processos de serragem e acabamento. Além das figuras mencionadas, existem muitos outros tipos peculiares a cada tipo de madeira. Análise anatômica da madeira Existem dois níveis de análise anatômica: o nível macroscópico, no qual observa-se um pequeno bloco de madeira orientado nos planos transversal, longitudinal tangencial e longitudinal radial, com o auxílio de uma lupa de 10x de aumento; e o nível microscópi- co, no qual se analisam cortes finíssimos de madeira, também orientados nos três planos de corte acima mencionados. Esses cortes são coloridos com produtos específicos para melhor visualização. A análise microscópica dá melhores detalhes, porém, exige labo- ratório com equipamentos adequados para se preparar e analisar o material. Elementos celulares que constituem a madeira A unidade básica da madeira, assim como de todo ser vivo, é a célula. A diferença entre a célula animal e a célula vegetal é que esta última possui um envoltório denominado A e st ru tu ra a n at ô m ic a d a m ad ei ra e p ri n ci p io s p ar a su a id en ti fi ca çã o 18 a) Anéis de crescimento b) Aspecto fibroso Figura 7. Figura da madeira. parede celular, que se mantém mesmo depois que a célula esteja fisiologicamente inativa ou morta, preservando o formato da célula, cujo interior (lúmen) pode encontrar-se vazio ou preenchido por substâncias (gomas, óleos, resinas, taninos) secretadas enquan- to a célula era ativa. A seguir são apresentados os tecidos que constituem a madeira, utilizando as definições de acordo com as normas da Associação Internacional de Anatomistas de Madeira - IAWA Committee on Nomeclature (1964) e IAWA Committee (1989), ado- tadas mundialmente. Elementos vasculares (vasos) - são células cilíndricas, alongadas no sentido axial, com extremidades perfuradas devido à ausência das paredes transversais ou à presença de apenas parte delas (Figura 8a). Estas células são dispostas umas sobre as outras, for- mando longos tubos chamados vasos, por onde circula a água com os nutrientes retira- dos do solo (seiva bruta), desde as raízes até as folhas. Em análises macroscópicas, é usual utilizar o termo poro ao referir-se à seção transversal dos vasos. Células de Parênquima axial - são células geralmente menores, com paredes mais finas que as fibras e os elementos vasculares, mas também com maior dimensão no sen- tido longitudinal (Figura 8b). Possuem função de reserva de alimentos. Células de Parênquima Radial (raios) - possuem a mesma função das células do parênquima axial, mas diferem destas por se disporem no lenho com o comprimento maior no sentido radial, sendo perpendiculares aos demais elementos da madeira (Figura 8c). Fibras - são células alongadas e de extremidades afiladas, com paredes geralmente espessas e maior dimensão no sentido do eixo da árvore. São responsáveis pela susten- tação mecânica da planta (Figura 8d). Caracteres anatômicos importantes para iden- tificação de madeiras Além dos caracteres anteriormente mencionados como densidade, textura, cor e cheiro, devem ser considerados os caracteres anatômicos na identificação das madeiras. Apesar de todas as madeiras possuírem os elementos celulares mencionados anterior- mente as espécies se diferenciam pelas diferenças entre o número, dimensões, dis- tribuição e quantidade relativa dos elementos celulares constituintes da madeira. A e st ru tu ra a n at ô m ic a d a m ad ei ra e p ri n ci p io s p ar a su a id en ti fi ca çã o 19 Figura 8. Tipos de células da madeira. a) Elementos Vasculares, b) Células de Parênquima axial, c) Células de Parênquima Radial, d) Fibras. a c d b Tipos de parênquima axial O parênquima axial é composto de células dispostas no sentido do eixo do tronco, com função de reserva de nutrientes. Em cada espécie apresenta disposição e arranjo característicos, sendo por isso um quesito muito utilizado em identificação de madeiras. Existem três tipos básicos de parênquima axial: 1. Parênquima apotraqueal - é aquele cujas células não estão associadas aos vasos. Os tipos de parênquima axial apotraqueal são: difuso e difuso em agregados. Difuso - ocorre quando as células do parênquima axial se distribuem escassa e iso- ladamente entre as fibras. Ex.: castanha-de-arara - Joannesia heveoides Ducke (Figura 9a). Difuso em agregados - é um parênquima difuso no qual as células tendem a se unir, formando às vezes, pequenos trechos de parênquima axial. Ex.: sumaúna-de-terra- firme - Eriotheca longipedicellata (Ducke) A. Robyns (Figura 9b) 2. Parênquima paratraqueal - é o parênquima axial associado aos vasos. Os tipos de parênquima paratraqueal são: escasso, vasicêntrico, aliforme (losangular, linear), confluente e unilateral. Escasso - quando ocorrem células ocasionais, associadas aos vasos ou formando círculo incompleto. Ex.: carvoeiro/tachi - Sclerolobium spp., pau-jacaré - Laetia procera (Poepp.) Eichler,. amesclão - Trattinnickia burseraefolia (Mart.) Willd. (Figura 10a). Vasicêntrico - quando as células do parênquima axial formam uma bainha circu- lar ou oval completa ao redor dos vasos, a qual pode ser larga ou estreita. Ex.: timborana - Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F. Macbr. (Figura 10b). Aliforme - parênquima axial que circunda o vaso e tem extensões laterais, poden- do ser aliforme linear ou aliforme losangular. Aliforme linear - parênquima aliforme com prolongamentos laterais alongados e estreitos. Ex: amapá-doce - Brosimum spp., parapará - Jacaranda copaia (Aubl.) D.Don (Figura 10c). Aliforme losangular - parênquima axial que se dispõe em torno dos poros, esten- dendo-se opostamente, em expansões largas e curtas, formando um desenho tipo losan- go e, em prolongamentos laterais, unindo-se a outros parênquimas vizinhos. Ex.: faveira - Parkia spp., tento - Ormosia spp., melancieira - Alexa grandiflora Ducke (Figura 10d). Confluente - parênquima aliforme com extensões laterais que se unem forman- do faixas irregulares. Ex.: amapá-doce - Brosimum spp., pau-roxo - Peltogyne spp., ange- lim-saia - Parkia pendula (Wild) Benth., sucupira-preta - Bowdichia nitida Spruce, faveira - Dimorphandra sp. (Figura 10e). Unilateral - parênquima axial que se apresenta de forma semicirculares só em um lado do vaso, podendo se estender lateralmente ou de forma oblíqua, em um padrão confluente ou em faixas. Ex.: araracanga - Aspidosperma desmanthum Benth, pau-roxo - Peltogyne confertiflora (Hayne) Benth. 3. Parênquima em faixas - parênquima axial que forma faixas transversais aos raios, podendo se apresentar em faixas largas, em faixas estreitas, reticulado, escalari- forme e marginal. Parênquima em faixas largas - apresenta mais de três células na largura. Ex.: figueira - Ficus spp., cedrinho - Erisma uncinatum, angelim-pedra - Hymenolobium petraeum Ducke (Figura 11a). Parênquima em faixas estreitas ou linhas - apresenta até três células na largu- ra. Ex.: jataipeba - Dialium guianensis (Aubl.), Sandwhich., castanheira - Bertholletiaexcel- sa Humb. & Bonpl. (Figura 11b). A e st ru tu ra a n at ô m ic a d a m ad ei ra e p ri n ci p io s p ar a su a id en ti fi ca çã o 20 Parênquima reticulado - parênquima axial em linhas tangenciais contínuas com, aproximadamente, a mesma largura dos raios distribuídos regularmente formando retículos. Ex.: jequitibá - Cariniana spp., matamatá - Eschweilera spp., tauari - Couratari guianensis Aubl. (Figura 11c). Parênquima escalariforme - parênquima axial em linhas ou faixas regularmente espaçadas, arranjadas horizontalmente ou em arcos, claramente mais estreitas que os raios e com eles formam um aspecto de escada. Ex.: faeira - Roupala spp., louro-faia - Euplassa spp., envira-preta - Onychopetalum amazonicum R.E.Fr.(Figura 11d). Parênquima marginal - faixas de parênquima axial que formam uma camada mais ou menos contínua de largura variável nas margens de um anel de crescimento. Denomina-se ini- cial quando ocorre no início de uma camada de crescimento e final quando ocorre no final de uma camada de crescimento. Ex.: mogno - Swietenia macrophylla King., cedro - Cedrela odor- ata L., ucuúba - Iryanthera grandis Ducke (Figura 11e). A e st ru tu ra a n at ô m ic a d a m ad ei ra e p ri n ci p io s p ar a su a id en ti fi ca çã o 21 a) Difuso b) Difuso em agregado Figura 9. Tipos de parênquima axial apotraqueal. Figura 10. Tipos de parênquima axial paratraqueal. a) Escasso b) Vasicêntrico c) Aliforme linear d) Aliforme losangular e) Confluente Comentários As faixas de parênquima podem ser independentes dos vasos (apotraqueais) ou asso- ciadas aos vasos (paratraqueais), ou ambas. Podem ser onduladas, diagonais, retas, con- tínuas ou descontínuas. Distribuição, agrupamento e arranjo dos vasos A distribuição, o arranjo, o agrupamento e o diâmetro dos vasos são caracteres anatômicos importantes usados para diferenciar as madeiras entre si e são observados na superfície transversal da madeira. Porosidade É a distribuição dos poros, na superfície transversal, de acordo com seus diâmetros, sendo classificada em: Difusa - os poros possuem mais ou menos o mesmo diâmetro e se distribuem uniformemente em toda a superfície transversal. Ex.: copaíba - Copaifera reticulata Ducke (Figura 12a), mogno - Swietenia macrophylla King. e outras. Este tipo de porosidade é observada na maioria das espécies tropicais. Em anéis porosos - os poros do lenho primaveril (inicial) são distintamente maiores que os poros do lenho outonal (tardio), formando um anel distinto. Esse tipo de porosidade não ocorre nas madeiras brasileiras. Ex.: carvalho - Quercus sp. (madeira exótica - Figura 12b). Em anéis semi-porosos - os poros do lenho inicial são distintamente maiores que os do lenho tardio, mas existe uma mudança gradual para vasos menores na parte inter- mediária do lenho tardio, dentro do mesmo anel. Ex.: cedro - Cedrela odorata L., (Figura 12c). 22 A e st ru tu ra a n at ô m ic a d a m ad ei ra e p ri n ci p io s p ar a su a id en ti fi ca çã o Figura 11. Tipos de parênquima axial em faixas. d) Escalarifome e) Marginal a) Faixas largas b) Faixas estreitas ou linhas c) Reticulado Arranjo dos vasos (ou poros) - é utilizado na identificação de madeira somente quando os padrões são bem definidos. Vasos em chamas ou dendrítico - quando os vasos formam arranjos ramifi- cados nos sentidos radial e tangencial. Vasos em arranjo diagonal e/ou radial - vasos em arranjo radial ou inter- mediário entre radial e tangencial. Ex.: goiabão - Pouteria pachycarpa Pires (Figura 13a) e diagonal, eucalipto - Eucalyptus grandis Hill ex Maiden (Figura 13b). Vasos em arranjo tangencial - vasos em arranjo perpendicular aos raios, for- mando linhas tangenciais curtas ou longas, podendo ser retas ou onduladas. Agrupamento de vasos (ou poros) Solitários - considera-se vasos solitários quando 90% ou mais dos vasos são completamente envolvidos por outros elementos, isto é, a maioria dos vasos não fazem contato com outros vasos. Ex.:parapará - Jacarandá copaia D. Don (Figura 14a), camaçari - Caraipa spp., araracanga - Aspidosperma desmanthum Benth. ex Müll. Arg. Múltiplos radiais - conjunto composto por 4 ou mais vasos adjacentes, for- mando grupos radiais. Essa característica somente deve ser considerada se houver pre- dominância desse tipo de agrupamento. Ex.: goiabão - Pouteria pachycarpa Pires, (Figura 13a), castanha-de-arara - Joannesia heveoides Ducke (Figura 14b). Em cachos - grupos de três ou mais vasos com contatos radiais e tangenciais for- mando cachos. Ex.: pau-jacaré - Laetia procera (P&E) Eichl. (Figura 14c). 23 A e st ru tu ra a n at ô m ic a d a m ad ei ra e p ri n ci p io s p ar a su a id en ti fi ca çã o a) Difusa b) Em anéis porosos c) Em anéis semi-porosos Figura 12. Tipos de porosidade. a) Radial b) Diagonal Figura 13. Tipos de arranjos dos poros Forma da seção transversal dos vasos Os vasos solitários podem ter forma circular, ovalada ou angular quando vistos na superfície transversal. Placas de perfuração São as áreas da parede transversal entre elementos de vaso sobrepostos que se dis- solveram formando a abertura de comunicação entre estes. São mais fáceis de serem observadas em cortes radiais, mas também podem ser vistas no corte transversal. Em análise macroscópica, as placas de perfuração também podem ser detectadas. Parênquima radial ou raios Agregado de células parenquimatosas dispostas no sentido radial em relação ao eixo da árvore. No topo da madeira, aparecem como numerosas linhas retilíneas, aproximadas, geralmente mais claras. Na seção tangencial, assumem geralmente a forma lenticular e, na seção radial, são observados como linhas ou fitas horizontais, as vezes formando figuras distintas a olho nu. Quanto à disposição, podem classificar-se em estratificados e não-estratificados. Raios estratificados - quando os raios se dispõem, na seção tangencial, de modo regular formando séries paralelas que se distribuem em estratos ou camadas horizontais visíveis a olho nu, ou somente sob lente. Ex.: marupá - Simarouba amara Aubl. (Figura 15). Raios não-estratificados - quando os raios se dispõem na seção tangencial de modo irregular. Ex.: parapará - Jacaranda copaia (Aubl.) D.Don (Figura 16). 24 A e st ru tu ra a n at ô m ic a d a m ad ei ra e p ri n ci p io s p ar a su a id en ti fi ca çã o a) Solitários b) Múltiplos c) Em cachos Figura 14. Tipos de agrupamento de vasos. Figura 15. Raios estratificados. Comentários A estratificação pode envolver outros tipos celulares como os elementos de vaso, fibras e parênquima axial. Quando todos os elementos estão em um mesmo estrato, diz- se que a estratificação é total. Se não houver estratificação de todos os elementos axiais, a estratificação é parcial. A estratificação dos tecidos axiais é uma característica impor- tante para identificação. Largura dos raios Esta é também uma característica importante em identificação de madeira, sendo verificada na seção tangencial. A mensuração é feita na parte mais larga do raio e pode ser em µm ou em número de células. Em algumas espécies raios muito largos como os presentes nas madeiras de Euplassa spp. e Roupala spp. são caracteres importantes usa- dos na identificação. Altura dos raios A altura dos raios é considerada na macroscopia apenas quando os raios são muito altos, com mais de 1 mm de altura. A altura dos raios é verificada na superfície tangencial. Freqüência dos raiosO número de raios por milímetro deve ser determinado na seção tangencial, ao longo de uma linha perpendicular ao eixo. A freqüência dos raios é considerada também uma característica importante em identificação. Canais secretores Condutos ou espaços tubulares intercelulares, servindo geralmente como depósito de resinas ou gomas. Canais secretores horizontais ou radiais - pequenos condutos que se localizam dentro dos raios lenhosos e que, na face tangencial, sob lente são notados como pequenos pontos escuros. Em certas espécies, são pouco perceptíveis mesmo com lupa. Ex. taperebá - Spondias lutea L. (Figura 17a). Canais secretores verticais ou axiais - pequenos condutos em geral resinosos ou gomosos que se estendem paralelamente às fibras e são vistos na seção transversal como pequenas cavidades, isoladas ou em série. Ex. copaíba - copaifera duckei Dwyer (Figura 17b). 25 A e st ru tu ra a n at ô m ic a d a m ad ei ra e p ri n ci p io s p ar a su a id en ti fi ca çã o Figura 16. Raios não estratificados. Canais traumáticos Canais intercelulares de origem traumática observados na superfície da madeira em forma de veios, geralmente preenchidos por resina escura ou goma. Ex.: castanheira - Bertholletia excelsa Humb. & Bompl. Tilos Proliferações da parede celular de células do parênquima axial ou radial para o inte- rior dos elementos vasculares adjacentes, através das pontoações de suas paredes, obstruindo, total ou parcialmente, o vaso (Figura 18). Macroscopicamente, os tilos são vistos na seção transversal como obstruções lamelares e brilhantes dos poros. Ex. Bertholletia excelsa Humb. & Bompl. - castanheira. Máculas medulares São pequenas manchas claras e irregulares que aparecem na superfície de topo, muitas vezes, visíveis a olho nu. Essas manchas são constituídas por tecido paren- quimatoso cicatricial, geralmente provenientes do ferimento no câmbio causado por insetos. Nas superfícies tangencial e radial, aparecem como estrias (Figura 19). Figura 19. Mácula medular vista na superficie transversal. 26 A e st ru tu ra a n at ô m ic a d a m ad ei ra e p ri n ci p io s p ar a su a id en ti fi ca çã o a) Horizontais ou radiais b) Verticais ou axiais Figura 17. Tipos de canais secretores. Figura 18. Tilos. A e st ru tu ra a n at ô m ic a d a m ad ei ra e p ri n ci p io s p ar a su a id en ti fi ca çã o 27 Passos importantes para se proceder na identificação de madeiras • Identificar a madeira sempre recém aplainada; • verificar o estado de conservação e umidade da amostra e se ela foi submetida ou não a algum tratamento; • certificar se a amostra foi retirada do cerne ou do alburno (brancal); • considerar a procedência do material; • verificar, previamente, o nome comum pelo qual a espécie é comercializada; • considerar as características marcantes da espécie; • analisar os caracteres gerais (cor, peso, cheiro, figura, etc.); • analisar os caracteres macroscópicos (usar lupa de 10x de aumento); • promover a análise geral, comparando todas os dados encontrados; • proceder nova análise se encontrar dados não compatíveis com a espécie suposta; e • encaminhar a um laboratório de anatomia de madeira as amostras que não foram identificadas em campo. A e st ru tu ra a n at ô m ic a d a m ad ei ra e p ri n ci p io s p ar a su a id en ti fi ca çã o 28 Referências bibliograficas CAMARGOS, J.A; CORADIN, V.T.R; CZARNESKI, C.M; OLIVEIRA D. DE; MEGUERDITCHIAN, I. 2001. Catálogo de Árvores do Brasil, 2ª ed. Ed. IBAMA, 2001. COMISSÃO PAN-AMERICANA DE NORMAS TÉCNICAS. COPANT30: Descrição macroscópica, microscópica e geral da madeira - esquema 1 de recomendação. Colômbia, 1973. CORADIN, V. T. R., MUÑIZ, G. I. B. Normas de procedimentos em estudos de anatomia de madeira: 1- Angiosperma. Brasília: IBAMA/DIRPED/LPF, Série Técnica, 15p. 1991. IAWA COMMITTEE. Iawa List of microscopic features for hardwood indentification. The Nederlands: Iawa Bulletin n. s. , 10 (3), 221-332p. IAWA COMMITTEE ON NOMECLATURE. Multilingual glossary of terms used in wood anatomy. Switerzland: Konkordia, Winterhur, 1964. 186p. JANE, F. W. The Structure of Wood. 2 Id. London: Adam & Charles Black, 1970. 478p. PANSHIN, A. J.& DE ZEEUW, C. 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