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Pensamento Político Moderno - Slides de Aula - Unidade III

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Unidade III 
 
 
 
 
PENSAMENTO POLÍTICO MODERNO 
 
 
 
 
Profa. Neusa Meirelles 
Pensamento político ocidental 
Processo histórico resultante teórico 
e da prática política, pelo qual: 
 foram estabelecidos critérios e valores na apreciação 
do poder e política, tais como liberdade, garantia da 
propriedade, segurança e felicidade; 
 a burguesia imprimiu sua marca à sociedade, 
que se diz sociedade burguesa, e, finalmente, 
construiu para si o modelo de Estado burguês. 
 
 
Processos endógenos ao capitalismo 
mudaram a sociedade burguesa: 
 
a) as formas mais rentáveis e eficientes de trabalho, 
presididas por sistemas de gestão mais eficientes 
e mais lucrativos, geraram um contingente populacional, 
urbano em sua maioria, integrado pelos que exercem 
a força de trabalho necessária ao sistema, mas em 
condições distintas das anteriores; 
b) um “novo” contingente populacional se qualifica como 
participante do jogo político, inclusive para redefinir 
sua configuração institucional e instaurar novas regras. 
 
O Estado burguês e a sociedade 
industrial: mudança e permanência 
 De modo geral, na sociedade industrial, o indivíduo 
tem sua liberdade barrada por direitos de súdito. 
 Tendências de pensamento surgem para dar conta 
das mudanças sociais e econômicas emergentes. 
 As disposições de poder do Estado burguês 
precisam ser alteradas para que permaneçam 
fundamentalmente as mesmas. 
 
 
A ordem social e a política: positivismo e socialismo 
 
 São posturas políticas diametralmente opostas, 
em face da ordem social analisada por uma 
racionalidade autoritária “científica”. 
 Para o positivismo, era o controle moralizante, autoritário 
e científico da ordem o sentido da política positiva. 
 As ideias socialistas visavam outra ordem social 
e, especialmente na versão marxista, uma ordem 
construída pelos militantes em um processo 
revolucionário de acirramento das contradições. 
 
 
Positivismo: Auguste Comte 
(Montpellier, 1798 – Paris, 1857) 
 
 Obras: Curso de filosofia positiva, o Discurso 
sobre o espírito positivo (1844) e o Discurso 
sobre o conjunto do positivismo (1848). 
 Proposta: a reorganização da sociedade a partir 
do pensamento científico, de uma ciência do social 
(sociologia) centrando a investigação nas leis naturais 
invariáveis, reveladas pela observação sistemática dos 
fatos, e pelas relações estabelecidas entre eles. 
 
 
O positivismo toma a sociedade 
como “organismo social”, estudando: 
 
a) o estado estático, pela teoria positiva da ordem social, 
forças sociais de preservação da estrutura e as responsáveis 
pela coesão social ou solidariedade; 
b) o estado de dinâmica social, das leis naturais que respondem 
pela evolução da sociedade humana, ou seja, a “Lei dos Três 
Estágios”, ou ainda a relação entre a ordem e o progresso. 
 Os três estágios evolutivos da humanidade 
e da vida são: o teológico (fetichismo, politeísmo, 
monoteísmo), o metafísico e o positivo. 
 O progresso: mudança das crenças, das teológicas 
para as científicas, um recurso para o reformismo, 
suporte para mudanças que induzem à permanência. 
 
 
Positivismo, uma “política científica” para a 
“saída” da situação social de crise, ordem moral 
 
 A crise como momento da “marcha geral da civilização”, 
coexistência em conflito de dois sistemas: um que se 
extinguia (a velha ordem), e outro que tendia a se constituir 
(a nova ordem industrial e científica). 
 O positivismo, o movimento (e partido) capaz de enfrentar 
a “anarquia social” instalada, e de preservar o Ocidente de 
qualquer tentativa comunista, portanto “uma política moderna, 
capaz de satisfazer aos pobres, tranquilizando os ricos”, sob 
o marco republicano, porque Comte era contrário à monarquia. 
 
Positivismo e organização política: 
 expansão do executivo, inclusive com função legislativa; 
 abolição do Parlamento, exceto para discussão de orçamento, 
 abolição do sufrágio universal; 
 o modelo positivista aproxima-se ao de uma ditadura do 
proletariado, um regime correspondente ao “período de 
transição” entre a “anarquia” e o Estado positivista. 
 
 
A ordem social e a política: as ideias socialistas 
 
 As ideias socialistas formam um leque de tendências, 
mas a origem está associada à formação urbana do 
capitalismo, especialmente industrial. 
 São as contradições entre segmentos sociais que passam 
a conviver no espaço urbano em situações radicalmente 
distintas que acabam por provocar as revoltas às quais as 
revoluções emprestaram discursos igualmente distintos. 
 Dessas tendências, e foram muitas, apenas 
três nomes serão considerados nessa unidade: 
Saint-Simon, Proudhon e Karl Marx. 
 
 
 
As ideias socialistas: Saint-Simon (1760-1825) 
 
 Saint-Simon viveu o período intenso de lutas políticas 
revolucionárias de violência do terror, sucedido pela 
repressão e Restauração do Império com Napoleão, 
seguido pela nova fase de lutas, repressão e articulações 
políticas tendentes à reconstrução do Estado. 
 Suas ideias são apresentadas como uma proposta 
“esclarecida” crítica e irônica para os leitores, mas... 
 Seu pensamento reflete a confiança na ciência como meio 
para encaminhar problemas sociais, a tônica do positivismo. 
 
 
Para Saint-Simon, o estudo científico da sociedade 
parte de seu funcionamento (fisiologia) 
 
 Ele distingue classes sociais pela posição profissional, 
posse de capital (ricos, banqueiros e proprietários) e, 
finalmente, trabalhadores industriais e povo. 
 Propõe uma nova religião, mais espiritualizada, condizente 
com as condições instauradas pelas luzes, nas quais o poder 
está associado à razão, ou ao saber. 
 
 
Saint-Simon em Cartas de um habitante de 
Genebra para os seus contemporâneos (1803) 
 
 No texto, ele conclama os trabalhadores a se unirem, 
superando a distinção entre o trabalho braçal, exercido 
pelos que não são instruídos, e a riqueza dos que 
comandam, designados por “ricos” ou “proprietários”. 
 Essa diferenciação, base da relação de dominação 
entre os dois segmentos, seria minimizada na medida 
em que os trabalhadores, mais numerosos, “forçassem” 
os ricos a instruí-los. 
 Todavia, a dominação aparece como “um fato”, 
um desejo, encontrado em todo homem. 
 
 
Saint-Simon, moralidade e política: 
 
 não propõe transformação da sociedade, mas apela para 
o princípio moral que preside as relações administrativas, na 
medida em que todos trabalham para um fim comum e útil; 
 reconhece que os trabalhadores são mais numerosos 
e produtivos, mas não propõe alterar essa relação, 
retirando dela uma conclusão de cunho moral; 
 ênfase à organização, ao trabalho produtivo em 
qualquer setor, e ao saber de gestão na organização. 
 crítico do liberalismo, sua crítica à 
situação na França também é liberal. 
 
 
Interatividade 
 
Positivismo e socialismo são tendências políticas. Abaixo estão 
algumas proposições a respeito, mas qual delas está errada? 
a) Nas duas tendências se nota o apego a 
uma racionalidade autoritária “científica”. 
b) Comte desenvolveu uma modalidade de socialismo 
científico do qual teve origem a sociologia. 
c) Para o positivismo, o controle moralizante, autoritário 
e científico da ordem era o eixo da política. 
d) As ideias socialistas de Saint-Simon tinham caráter utópico. 
e) As ideias socialistas na versão marxista visavam outra ordem 
social, atingida por meio de um processo revolucionário. 
 
As ideias socialistas: Pierre-Joseph Proudhon 
(1809-1865), uma referência ao pensamento 
socialista, autor criticado por Marx 
 
 Em O que é a propriedade? (1840) afirma que 
“a propriedade é um roubo”, embora essa frase 
nãofosse dele, mas de Brissot, em 1789. 
 Três anos depois, Proudhon enviou a Marx o seu 
livro Filosofia da miséria (1847), acompanhado por 
uma carta solicitando uma “crítica severa” da obra. 
 Marx respondeu com Miséria da filosofia e criticou 
Proudhon, apontando falhas teóricas, mesmo porque 
o francês criticara a economia política marxista sem 
instrumental teórico para tanto. 
 
 
A contribuição de Proudhon: 
 
 reconhece que os direitos inalienáveis do homem eram 
violados pelo sistema econômico, mas acreditava na 
possibilidade de uma “harmonia natural” e social, conforme 
a vontade de Deus (embora ele se dissesse não religioso, 
sendo-lhe atribuída a frase de efeito “Deus é o mal”); 
 faz uma crítica à propriedade a partir da indignação moral, 
em face do sistema (imoral) de retribuição – portanto uma 
crítica ao sistema de remuneração ao trabalho, não à 
propriedade privada em si; 
 sua contribuição é um esquema normativo cujos ideais são 
justiça e liberdade, mas tentou basear esse esquema em uma 
análise econômica e apontar mudanças de caráter prático. 
 
O problema social deve ter solução científica: 
 propõe um Banco do Povo como instrumento 
fundamental, mas a proposta não saiu do papel; 
 crítico do Estado pela concentração de poder, mesmo 
aquele poder que represente (aparentemente) uma vontade 
geral, a seu ver uma ilusão, o que o torna um crítico de 
Rousseau, preferindo Voltaire; 
 não aceita o sufrágio universal e, quanto à democracia, não 
sacrifica igualdade à liberdade, nem liberdade à igualdade. 
 
 
O centro da contribuição de Proudhon 
está no princípio da solidariedade ampliado 
para o âmbito político 
 
 para ele o Estado é uma federação de grupos, 
resultante da reunião de vários grupos diferentes 
por natureza, objetivos, e por práticas distintas, 
mas agrupados em torno de um interesse comum; 
 no âmbito internacional, esse princípio levaria 
aos grandes blocos de nações, ou Estados; 
 no âmbito social, o princípio de solidariedade leva ao 
mutualismo, ou à associação mutualista, sistema de 
trocas de serviços, bens e recursos entre os integrantes 
da associação, evitando a luta de classes e a violência. 
 
 
Três contribuições de Marx e Engels 
para teoria e ação política: 
 
a) o materialismo histórico dialético – método de 
investigação e de construção do conhecimento; 
b) identificação de processos e de sujeitos coletivos 
que dinamizam a história, em uma relação dialética; 
c) construção simbólica, discursiva, das condições materiais 
de existência e daquelas possíveis de alteração pela práxis. 
 
 
O método de investigação, o 
materialismo histórico dialético 
 
A realidade social é histórica, e não um “fluir” 
do tempo, nem uma sequência de estágios, mas 
um movimento que se dá por contradição. Logo: 
 uma dada situação no presente não é estática, 
pois nela estão contidas as condições do passado 
e ao mesmo tempo as “sementes” do futuro; 
 o movimento dialético das condições 
históricas fora trabalhado antes por Hegel 
(idealista) e Feuerbach (materialista). 
 
 
Qual a novidade no pensamento de Marx e Engels? 
 
 A relação entre as condições materiais concretas 
da vida dos homens (forças produtivas e relações 
produtivas) e a estrutura social política, e o Estado. 
 O vínculo entre a vida real (as condições materiais 
de existência) e as ideias, enfim, o modo como os 
homens vivem se reflete no modo como pensam 
sobre si próprios, sobre os outros, sobre o mundo 
e a política – daí resulta o conceito de ideologia. 
 
 
Identificação de processos e de sujeitos coletivos 
na história: classe social e luta de classes 
 
 Os dois conceitos resultam das relações de antagonismo 
instauradas no Modo de Produção Capitalista (MPC), entre 
capital e trabalho e dominação política. 
 Teoricamente, no capitalismo industrial, burguesia e 
proletariado compõem as classes sociais em luta no MPC. 
 Marx, no Manifesto comunista, aponta a relação de 
antagonismo entre classes, a luta de classes, e Lênin 
considerou-a como “fio condutor da história”. 
 
 
As classes sociais são históricas, estão em 
movimento, em contradição (dialética), portanto 
em uma dada formação social 
 
 Os interesses objetivos do capital (burguesia) podem ser 
subdivididos e até contraditórios (latifundiários, banqueiros, 
industriais, exportadores, importadores), e também os 
interesses dos trabalhadores (sindicatos) podem aparecer 
subdivididos (grande empresa, indústria etc.), dando origem 
a subdivisões das classes em segmentos. 
 Essas subdivisões integram o processo de luta de classes, 
desde que as classes tenham consciência de si e se 
reconheçam como sujeitos de um processo histórico. 
 Nas condições concretas de existência, as pessoas 
tendem a esposar ideias relacionadas a essas condições 
de existência ao lugar ocupado na ordem produtiva. 
 
 
Ideologia, palavra difícil, mas 
não é só a justificativa da ordem: 
 
 ela abrange uma concepção de mundo e do sujeito 
no mundo, uma análise do presente tendo em vista 
o futuro e a concepção de linhas de ação (práxis) 
convergentes para esse futuro; 
 nessa acepção, ideologia abrange o conjunto de ideias 
e de práticas de um projeto fundamental às organizações 
políticas que se colocam como objetivo à transformação 
da sociedade, seja pela força das armas ou não. 
 
 
Alienação, outra palavra difícil, 
separação entre sujeito e realidade 
 
 Partindo desse entendimento, a palavra em Marx vai remeter 
à separação entre trabalhador e seu trabalho, cujo “produto” 
será apropriado pelo outro sob a forma de capital. 
 Essa separação é radical e o trabalhador (não importa 
o nível) passa a se identificar pelo trabalho que realiza e 
que é alienado a outrem. Ele deixa de ser ele mesmo para 
“ser” aquilo que faz, para “ser” o gerente, o fiscal etc. 
 
Interatividade 
Qual das proposições abaixo é fiel ao conteúdo exposto? 
a) Saint-Simon foi positivista, aluno de Proudhon. 
b) Saint-Simon não foi um socialista importante, mas o seu 
Banco do Povo foi uma iniciativa que teve significado prático. 
c) Marx foi um teórico do socialismo no século XIX, cujas 
previsões foram desmentidas por Adam Smith. 
d) As pessoas não estão condenadas a assumir tendências 
de pensamento correspondentes ao seu lugar na ordem 
produtiva, mas existe uma tendência para isso. 
e) A dialética hegeliana é tão materialista quanto a marxista, 
a diferença está no papel reservado a Deus em Hegel. 
 
 
As ideias socialistas: o ambiente político, 
partidos e organizações políticas 
 
 Emtre meados do século XIX até as primeiras décadas 
do XX, opera-se uma expansão capitalismo industrial e 
a formação do capital financeiro que, em ritmo elevado 
de acumulação e operando em escala internacional, 
aprofunda contradições sociais em certos países 
europeus, propiciando a formação de grandes 
contingentes populacionais emigratórios. 
 Nessa configuração, o fortalecimento do segmento 
social “burguês” que se formara, enfrenta a oposição 
dos trabalhadores organizados em ligas, círculos 
operários, sindicatos e partidos políticos. 
 Os movimentos e greves não reivindicavam 
o poder, mas exigiam mudanças na condução 
da política econômica e das políticas públicas. 
 
O ruído das reivindicações populares urbanas 
e o governo na França pós-revolucionária 
 
 Napoleão representou uma força política pacífica 
e defensora da ordem democrática e da vontade 
geral, em meio das contradições entre segmentos 
da burguesia, Executivo e Legislativo. 
 Após a queda de Napoleão, as tendências políticas já 
instaladas retornam: de um lado, a contrarrevolução dos 
monarquistas católicos, e de outro, as ideias laicas e 
libertáriasdos revolucionários, em geral republicanas, 
porém com as variações do socialismo e do positivismo. 
 No confronto dessas duas tendências, o liberalismo 
passou a representar o desejo de ordem e tranquilidade 
ao gosto da classe média. 
 
 
Luís Felipe e a queda da monarquia 
 
 Em 1830 explodiu a revolução, tendo por base as 
condições sociais precárias vividas pela maioria 
da população trabalhadora, sobretudo em Paris. 
Mas a vitória foi do capitalismo industrial, na sua 
configuração financeira, sobre os proprietários de 
terras, aristocracia e o clero. 
 O “Rei dos Franceses”, como Luiz Felipe referia a si próprio, 
foi também o rei burguês, e pretendeu manter uma política 
liberal moderada, mas provocou oposição de vários setores, 
inclusive da classe operária, cujas reivindicações explodiram 
na Revolução de 1848, provocando a queda da monarquia. 
 
A primeira iniciativa de organização política 
dos trabalhadores em Londres (1864) 
 Fundada a Associação Internacional dos Trabalhadores, 
de cujo Comitê participava Marx. Essa reunião ficou 
conhecida como Primeira Internacional. Coube a Marx 
redigir a Mensagem Inaugural da Associação Internacional 
dos Trabalhadores e os Estatutos Provisórios dessa 
Associação, que foi aprovada na reunião de 1871, 
na Conferência da Associação Operária Internacional 
(nome pelo qual a associação passaria a ser denominada 
a partir dos Estatutos). 
 Seguiu-se, em âmbito internacional, a Segunda Internacional, 
em 1889, da qual participaram socialistas brasileiros. 
Revolução Russa e partidos políticos 
 A mudança no ambiente político internacional 
afetou radicalmente o processo de construção 
e consolidação dos partidos socialistas. 
 Na Rússia, a Revolução de 1905-1907 vencera a monarquia e o 
Partido Menchevique alcançara o poder, com perfil populista. 
 Em 1917, o Partido Comunista Soviético lidera a 
Revolução Russa e assume decisivamente o poder 
em nome do proletariado, uma vitória que afetou 
profundamente as posições dos partidos operários 
e socialistas que se formaram no período. 
 
 
 
Partido Comunista (Rússia, 1917) 
 
 Tinha perfil e objetivos decorrentes das 
condições históricas e políticas russas. 
 Os soviets, ou “conselhos operários”, eram grupos de 
militantes organizados em todos os setores de atividade 
e unidades produtivas, formando uma pirâmide de poder, 
de controle e circulação de informação. 
 A capilaridade da organização partidária assegurava 
centralidade da orientação política e ideológica, além 
da obtenção de informações das bases necessárias 
para avaliação e controle, cumprindo papel estratégico 
no processo revolucionário de transformação econômica 
e social da Rússia. 
 
Vanguarda intelectual? 
 Na condução da práxis transformadora, o partido 
correspondeu à configuração russa do processo 
de transição política em curso, em um mundo de 
expansionismo capitalista. 
 As medidas adotadas não decorriam de um modelo 
consolidado de Estado socialista, mas de condições 
históricas peculiares do momento. Portanto, não era 
uma teoria geral referente à passagem de um modelo 
de Estado capitalista para um socialista. 
 Para Lênin e outros, caberia ao partido o papel de vanguarda 
revolucionária e um perfil intelectual, mas essa formação 
não era típica do proletariado, e sim da pequena burguesia. 
 
 
Seria possível uma vanguarda que não tivesse 
suas raízes na própria classe, ou a vanguarda 
deveria surgir espontaneamente do proletariado? 
 
 Para Lênin, intelectuais e trabalhadores deveriam 
integrar-se em uma “organização centralizada e 
disciplinada”, dotada de uma consciência adequada, 
voltada para a história que é o partido. 
 Em face da popularidade das ideias socialistas de 
base marxista fora da Rússia, sobretudo entre a 
intelectualidade, o Partido Comunista Russo, decidiu 
“proletarizar” os partidos comunistas sob seu controle. 
 
 
Partido Comunista: a rigidez teórica e equívocos 
 
 Apesar das discussões internas, o PCB persistiu na rigidez 
em torno de categorias de análise teórica, conduzindo à 
adoção de estratégias equivocadas e dissidências. 
 Um exemplo seria a insistência de considerar o poder do 
grande proprietário rural como manifestação de um modelo 
feudal, em decadência, ou “restos feudais” presentes e 
persistentes no capitalismo retardatário brasileiro. 
 Outro equívoco foi o de trabalhar com o antagonismo 
“proletariado versus burguesia”, uma contradição teórica 
válida, mas que na prática política exige estratégias 
adequadas à realidade, e não aderentes apenas à teoria. 
 Enfim, faltou a análise concreta da situação. 
 
 Dissidências e a presença na história política 
 O pensamento socialista de matriz marxista-leninista 
esteve na base de vários partidos políticos brasileiros 
– do PCB, PC do B, PCR –, além das várias vertentes 
de movimentos que surgiram nos anos 1960. 
 Os dissidentes – e são muitos – não deixaram simplesmente 
o Partido. Antes, elaboraram um exame crítico detalhado das 
posições adotadas pelo PCB e de suas próprias posições. 
 Este é o caso da análise de Carlos Marighella sobre 
as teses apresentadas pelo Comitê Central do PCB 
para o VI Congresso da entidade, em 1967. 
 
 
O Partido Socialista 
 
 Foi formado em 1947, originário da II Convenção Nacional 
da Esquerda Democrática, no Rio de Janeiro. 
 A linha ideológica do partido é a liberal burguesa, 
aproximando-se do que se entende por “socialismo 
utópico”. Portanto, fundamentalmente reformista. 
 O Partido e seus militantes desempenharam papel 
significativo na esfera política, sobretudo no Nordeste. 
 
Conceitos básicos: representação 
política e hegemonia 
 Representação política: remete à presença de uma 
ausência – o representante é, por definição, uma figura 
coletiva, supostamente a síntese dos muitos que não 
têm voz ou que não podem exercê-la, por questões 
práticas e até mesmo por comodismo. 
 Na democracia representativa, essas vozes silenciadas 
se fazem ouvir nos círculos de decisão – sobretudo no 
legislativo, pela voz do representante, que a si mesmo 
não representa! 
 Hegemonia: remete ao exercício do poder político 
em dadas condições sociais e históricas. 
 O conceito remete ao processo político, aos dispositivos e 
práticas de poder, no cenário cambiante em que se insere a 
dinâmica de governo e a própria configuração do Estado. 
 
Representação política e composição 
social: elites e maiorias 
 
 Na condução da política, no governo e na concepção 
do modelo de Estado, tornou-se fundamental estabelecer 
mecanismos de representação política que diminuam o 
controle das elites sobre a política. 
 O modelo de governo civil, inspirado na tradição 
liberal de uma vontade geral, consistia de um 
governo para o povo, e não por ele. 
 O elitismo implícito nessa concepção política 
levou à aceitação de um distanciamento entre 
representados e governo, caracterizando o 
governo por consentimento da população 
como modelo típico da sociedade industrial. 
 
 
Interatividade 
 
Por que os mecanismos de representação e prática da política 
na sociedade industrial, baseados na vontade geral, não 
diminuíram as reivindicações e críticas nos países europeus? 
a) Devido à ordenação institucional monárquica. 
b) Devido a imperfeições dos sistemas 
eleitorais, que foram corrigidas. 
c) Os mecanismos de representação não se destinavam 
a fornecer as bases de apoio aos maus governos. 
d) Pela herança da Revolução Francesa 
e a revolta contra a ordem. 
e) A vontade geral não corresponde às condições concretas 
de existência no capitalismo industrial, pois falta um espaço 
para encaminhamento de interesses materiais em conflito. 
 
Impassese riscos da representação 
 
 Tocqueville, em 1848, referindo-se à democracia 
americana, falava de uma “revolução democrática”, 
com base na igualdade em liberdade, favorecendo 
o sistema representativo. 
 Todavia, essa “revolução” não soluciona a questão da 
capacitação para a escolha, muito menos para que a escolha 
realizada selecione os mais capazes para exercer a política. 
 Instala-se então o risco de esses mais capazes 
constituírem, na verdade, representantes de uma 
maioria que exerceria poder opressivo. 
 Na América, a prática associativa e o acordo moral, 
instaurado na primeira fase da colonização para o 
bem-estar de todos, contornaria esse risco. 
 
Tocqueville e as observações 
do “liberal de outro tipo” 
 
Em suas observações sobre os mecanismos de 
poder nos EUA, supunha ser aquele país constituído 
por uma população de “iguais”, por isso: 
 ele mesmo não escapou dos preconceitos de cor 
e de “raça” – para ele, os “brancos” representam 
a “essência” do homem, e os demais povos encontrados 
na América, índios, são de espécie inferior; 
 considerou a escravidão dos africanos um “mal necessário”, 
assim como afirmou que os povos indígenas americanos não 
conheciam a posse da terra; 
 
 
Tocqueville e as observações do 
“liberal de outro tipo” (continuação) 
 
 sua “democracia americana” tem um referencial 
específico – a “democracia” praticada entre brancos 
dos EUA (e mantida por mais de 100 anos depois da 
visita do francês); 
 interessado em demonstrar a liberdade e 
igualdade americanas, ele não percebeu as 
contradições entre norte e sul (as que eclodiriam 
em guerra civil posteriormente), apenas indicou 
a diferença entre as duas regiões; 
 somente indicou o avanço americano sobre as 
terras mexicanas do Texas, sem considerar se 
essa “invasão branca” era ou não democrática. 
 
 
As manifestações populares e o cenário político 
da sociedade industrial nos séculos XIX e XX 
 
 A participação popular passou a integrar a cultura 
como parte da própria concepção de política, tanto 
na França quanto no Reino Unido. 
 As “barricadas” apareceram sistematicamente 
nas ruas de Paris e de outras cidades francesas, 
ao longo dos séculos XIX e XX, “por cima” das 
diferenças partidárias e da situação formal de eleitor. 
 A manifestação popular, em várias vertentes, teve papel 
fundamental nos movimentos contra o colonialismo, 
reivindicação de direitos civis na África, Índia, EUA; 
Na América Latina, esse processo foi diferenciado. 
 
Manifestação popular na política 
 Não consiste na expressão de partidos políticos, mas 
no posicionamento de militantes, simpatizantes e populares 
em relação a problemas políticos identificados. 
 O trabalho de politização e mobilização é desenvolvido por 
agentes diversos, inclusive partidos, associações (mais 
recentemente ONGs, redes sociais, blogs) e a comunicação 
circula pela imprensa escrita, falada, televisiva e virtual. 
 Reprimir as manifestações nas ruas constitui em mecanismo 
de força que “conta” a favor dos manifestantes. 
 
 
 
 
Governo e hegemonia: a sociedade 
civil em questão (Hegel e Gramsci) 
 
 A construção do Estado burguês se firma nos modelos 
absolutistas e ganha coerência nas formulações liberais 
e iluministas dos séculos XVII e XVIII. 
 O suporte teórico dessa concepção de Estado reside 
no conceito de vontade geral, que institui, por pacto ou 
contrato, o Estado como instância política que a expressa 
e, ao mesmo tempo, legitima o governo do qual essa 
“vontade geral” participa, uma formulação que se mantém. 
 Em plena expansão do capitalismo industrial, 
 a construção iluminista contratualista dessa 
concepção de Estado estava sob a crítica de 
autores distintos como Hegel e Marx. 
 Mas por quê? 
 
Hegel, a construção do espaço da sociedade civil 
 
 A impossibilidade de o Estado “dar conta” da sociedade 
em transformação foi identificada e trabalhada por Hegel, 
separando a esfera política da sociedade civil burguesa. 
 O Estado deveria ser situado a partir da distinção entre 
o que seja de sua responsabilidade – portanto no nível 
mais amplo – e o que seja da responsabilidade dos 
membros da sociedade, no livre jogo de suas atividades. 
 Dessa diferenciação resulta o campo específico de atuação 
política, espaço de manifestação dos conflitos, discussão 
das ideias e onde as tendências emergentes na sociedade 
possam ressoar sem comprometer a liberdade. 
 
 
Antonio Gramsci, teórico e político marxista 
italiano, discutiu o conceito de hegemonia 
em relação à sociedade civil e ao Estado 
 
 Ele explica que é um erro supor uma distinção 
orgânica (intrínseca, arraigada ou funcional) entre 
sociedade civil e sociedade política, apesar de 
essa distinção existir teoricamente. 
 Considera duas forças presentes na sociedade civil: os 
movimentos pela “livre iniciativa” e o movimento sindical. 
 Todavia, os sindicatos dependem dos rumos 
emprestados à política econômica (movimentos 
pela livre iniciativa). Consequentemente, essa 
condição os mantém na subalternidade. 
 
 
Sociedade política ou sociedade civil? 
A “confusão” segundo Gramsci 
 
 No Estado Liberal, as figuras que exercitam suas atividades 
na sociedade civil (empresários, por exemplo), são as mesmas 
que emprestam caráter estatal à atividade econômica, porque 
são elas que respondem pelas regulamentações legislativas, 
as quais têm caráter coercitivo. 
 Outro aspecto importante reside na relação entre 
governo e sua prática governativa: enquanto o governo 
se apresenta como instituição e discurso no plano formal, 
as práticas governativas são afetadas pelo jogo das elites 
por hegemonia na sociedade civil. 
 
 
Comentários finais 
 
 A vida social contemporânea propicia a formação 
de demandas gerais da maioria da população, além de 
demandas peculiares a segmentos sociais específicos. 
 Essas demandas, sob a forma de reivindicações, 
surgem nas cidades e propiciam uma nova política, 
cuja aplicação se dá sobre o corpo, na dimensão 
de uma “biopolítica” ou “biopoder”. 
 As políticas públicas de saúde, migração, natalidade 
etc. são exemplos dessa modalidade de política. 
 No controle dessas políticas estão posicionadas 
as elites no jogo dinâmico por hegemonia. 
 
 
 
Interatividade 
 
Qual das proposições abaixo está incorreta? 
a) A incorporação de previsão e racionalidade 
à gestão do capital na indústria e serviços 
expandiu o capitalismo financeiro internacional. 
b) A capilaridade da organização partidária foi fundamental à 
Revolução Russa, propiciando maior flexibilidade ideológica. 
c) Um erro do PCB residiu no apego às categorias teóricas. 
d) O pensamento socialista, de matriz marxista-leninista, 
serviu de base para vários partidos políticos brasileiros 
e para vertentes das organizações contra a ditadura. 
e) Hegemonia remete ao exercício do poder político; o conceito 
não remete à estabilidade, mas à dinâmica de poder. 
 
 
 
 
 
ATÉ A PRÓXIMA! 
	Slide Number 1
	Pensamento político ocidental
	�Processos endógenos ao capitalismo�mudaram a sociedade burguesa: �
	O Estado burguês e a sociedade�industrial: mudança e permanência
	�A ordem social e a política: positivismo e socialismo�
	�Positivismo: Auguste Comte �(Montpellier, 1798 – Paris, 1857)�
	�O positivismo toma a sociedade�como “organismo social”, estudando: �
	�Positivismo, uma “política científica” para a�“saída” da situação social de crise, ordem moral �
	Positivismo e organização política:
	�A ordem social e a política: as ideias socialistas�
	�As ideias socialistas: Saint-Simon (1760-1825)�
	�Para Saint-Simon, o estudo científico da sociedade parte de seu funcionamento (fisiologia) �
	�Saint-Simon em Cartas de um habitantede�Genebra para os seus contemporâneos (1803)�
	�Saint-Simon, moralidade e política: �
	�Interatividade�
	�Resposta�
	�As ideias socialistas: Pierre-Joseph Proudhon�(1809-1865), uma referência ao pensamento�socialista, autor criticado por Marx�
	�A contribuição de Proudhon: �
	O problema social deve ter solução científica:
	�O centro da contribuição de Proudhon�está no princípio da solidariedade ampliado�para o âmbito político�
	�Três contribuições de Marx e Engels�para teoria e ação política:�
	�O método de investigação, o�materialismo histórico dialético�
	�Qual a novidade no pensamento de Marx e Engels?�
	�Identificação de processos e de sujeitos coletivos�na história: classe social e luta de classes�
	�As classes sociais são históricas, estão em movimento, em contradição (dialética), portanto�em uma dada formação social�
	�Ideologia, palavra difícil, mas�não é só a justificativa da ordem:�
	�Alienação, outra palavra difícil,�separação entre sujeito e realidade�
	Interatividade
	Resposta
	�As ideias socialistas: o ambiente político,�partidos e organizações políticas�
	�O ruído das reivindicações populares urbanas�e o governo na França pós-revolucionária�
	�Luís Felipe e a queda da monarquia�
	A primeira iniciativa de organização política�dos trabalhadores em Londres (1864) 
	Revolução Russa e partidos políticos
	�Partido Comunista (Rússia, 1917)�
	Vanguarda intelectual?
	�Seria possível uma vanguarda que não tivesse�suas raízes na própria classe, ou a vanguarda�deveria surgir espontaneamente do proletariado?�
	�Partido Comunista: a rigidez teórica e equívocos�
	 Dissidências e a presença na história política
	�O Partido Socialista�
	Conceitos básicos: representação�política e hegemonia
	�Representação política e composição�social: elites e maiorias �
	�Interatividade�
	�Resposta�
	�Impasses e riscos da representação�
	�Tocqueville e as observações�do “liberal de outro tipo”�
	�Tocqueville e as observações do�“liberal de outro tipo” (continuação)�
	�As manifestações populares e o cenário político�da sociedade industrial nos séculos XIX e XX�
	Manifestação popular na política
	�Governo e hegemonia: a sociedade�civil em questão (Hegel e Gramsci)�
	�Hegel, a construção do espaço da sociedade civil�
	�Antonio Gramsci, teórico e político marxista�italiano, discutiu o conceito de hegemonia�em relação à sociedade civil e ao Estado�
	�Sociedade política ou sociedade civil?�A “confusão” segundo Gramsci�
	�Comentários finais�
	�Interatividade�
	Resposta
	Slide Number 57

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