Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Acadêmico: Maria Luísa Freitas Curso: Farmácia Professora: Sara Novais Correia Disciplina: Leitura e produção de texto Fichamento de citação PERISSÉ, Gabriel. Ler, pensar e escrever. 5.ed.São Paulo: Saraiva, 2011. Ler Quando tudo começa Este livro que você está começando a ler parte do pressuposto de que a leitura é um ato livre, que é também um ato de comprometimento com realidades valiosas. Resultado: a obrigação quase sempre redundou no oposto do que desejava. O ato de ler tornou-se talvez um dever irritante e enfadonho. O livro se converteu em símbolo de constrangimento, estorvo e fracasso. [...] Ansiamos fazer entender aos adolescentes, aos jovens e mesmo aos adultos que o hábito de ler é meio caminho andado para uma pessoa ser intelectual e socialmente saudável e, em todas as áreas, um profissional melhor, mais bem preparado. (p.3) Abrindo um parêntese Buscar e usufruir do prazer é algo que se aprende. As crianças que, desde os primeiros anos de vida, se habituam a manusear livros infantis coloridos e ouvem histórias inventadas pelos professores, pais e avós; que, mais tarde, leem aventuras vividas por personagens com os quais se identificam; [...] essas pessoas sentem um imenso prazer na leitura, porque o experimentam de modo adequado às etapas de sua vida, e em doses certas, até o ponto de tomarem consciência de que, juntamente com o prazer que oferece, a leitura gera reflexão, faz germinar ideias, impulsiona o raciocínio, ensina silenciosamente a escrever e a falar com clareza, estimula a imaginação, amadurece a sensibilidade etc. (p.5) Leitura e dedicação Ao terminarmos uma leitura feita com lápis ou caneta à mão, estaremos de posse de vários conceitos, perguntas e respostas, informações e suspeitas, dúvidas e certezas, estaremos, enfim, sentindo uma vibrante inquietação, experimentando, irreprimível, o desejo de falar e escrever. E de fazê-lo com mais qualidade, com clareza maior e mais firme convicção. (p.9) Como compreender melhor um livro? A leitura favorece o pensar, o querer e o sentir. Estimula, inspira, provoca a inteligência, a vontade e a sensibilidade. O leitor que lê com empenho total localizará os trechos nucleares do livro, aos quais poderá retornar em outras duas, três, quatro ocasiões, ou durante a vida inteira, a fim de compreendê-los a fundo, penetrando-lhes a essência. (p.11) A liberdade de ler Não é necessário levar uma leitura até o fim [...]. Também podemos pular as páginas do livro que for, quantas quisermos, e ler o final do romance assim que se começar, enfim: liberdade. 2 Ninguém precisa ficar compromissado com um único livro. [...] Ao contrário de um obstáculo paralisante, certos livros são desafio necessário para a continuidade de nosso desenvolvimento como leitores, desafio do qual fugir seria realmente retroceder. (p.12 e 13) Ler com o nariz [...] O nariz como instrumento para a leitura! O nariz é, assim como o olho, símbolo de clarividência, apto a orientar nossos desejos e decisões, “antena” que nos ajuda a caminhar perante tantas opções de caminho, de conduta, uma ponta que orienta. [...] Descobrir o próprio nariz é atentar para nossos desejos e paixões egoístas, localizá-los como algo inegável. [...] Sem o nariz perdemos de vista os livros cujos cheiros dão sentido e colorido à aventura diária de viver. (p.14, 15 e 16) O problema dos problemas Já se definiu o homem como um ser que nasceu para resolver problemas. Os problemas mais problemáticos nem sempre estão evidentes. Na leitura, pertence ao leitor a tarefa de descobrir, de entender e aceitar o convite a um pensar mais ponderado, mais claro e mais urgente. [...] Não teme repetir o erro até que vejamos a importância do fazer e do descobrir. (p.18 e 19) Os mais lidos... Ler ou não ler? Lemos muito menos do que o desejável, mas, eis um aspecto da realidade, publica-se cada vez mais no Brasil.[...] Aumentou a quantidade de leitores, ainda que muitos deles não sejam os devoradores de livros com que as editoras e livrarias sonham. Interessante analisar as “preferências” do leitorado, pois é evidente que prevalecem os lançamentos que chegam às livrarias, [...] (p.22 e 23) Uma lista pessoal Toda lista pessoal de livros lidos, ou a serem lidos, é feita à imagem e semelhança de quem a compõe e recompõe ao longo do tempo, acrescentando e retirando, revisando e renovando, repensando e recriando. Criando sua própria lista, o leitor se sente responsável por suas opções de leitura. Também é muito útil criar listas suplementares e mais específicas, quando estamos envolvidos em alguma pesquisa, atraídos por algum tema, envolvidos com algum trabalho, na confecção (ou reedição) de um livro, como é o meu caso agora. Ao ler com frequência, com interesse, desenvolvemos uma técnica pessoal de leitura, com a qual ganhamos autonomia de voo. (p.25 e 26) Pensar Perguntar para pensar Pensamos para construir um sistema de crenças e convicções, um quadro de opiniões, um organismo de verdades pessoalmente assumidas. Perguntar é sinal de perplexidade, inconformismo, inteligência, otimismo e bom humor. (p.31) Você está tranquilo? 3 Perguntar é excelente exercício intelectual, e método fundamental na busca do conhecimento. [...] Para pensar precisamos mover-nos intelectualmente, sair dos lugares-comuns, sair de nós mesmo, investigar a realidade extramental. Perguntar supõe abrir-se para as respostas que a realidade possa enviar. Supõe a humildade de desconfiar de si mesmo, confiando, paradoxalmente, na capacidade pessoal de conhecer. Perguntar supõe estar atento às respostas, contrastantes, produtoras de novas interrogações. [...] Perguntamos na medida em que admitimos nossa “cegueira” e nossos desconhecimentos. [...] E quem não pergunta e não pensa torna-se, voluntariamente, escravo do pensamento alheio. (p.32 e 33) Como fazer perguntas? As perguntas que desconcertam são produtivas, provocam inquietação, vontade de parar tudo e começar a pensar, ou vontade de andar sem parar para poder pensar, como fizeram e fazem certos peripatéticos, andarilhos e passeadores, incapazes de ficar sentados, pensando, como a famosa estátua de Rodin, Le penseur. Perguntas que vão aumentando nossa compreensão, mesmo que as respostas demorem a chegar. (p.35) Pontos de vista [...] Temos a carência contínua de conversas ricas, de diálogos esclarecedores, em que nós próprios, em dado momento, demos as melhores respostas, ou façamos perguntas ainda melhores. Cada um tem e terá seu ponto de vista. E diferentes pontos de vista, quando defrontados, podem – com muita frequência – gerar divergências, incompreensões, mal- entendidos, conflitos. [...] Conversar é permitir que os pontos de vista se iluminem mutualmente e que o maior número possível de facetas da realidade ganhe novos brilhos. Numa conversa, é habitual também que venham à tona as contradições entre uma visão e outra do mundo. Contradição é contradição: uma afirmação e uma negação simultâneas sobre alguma coisa, observada sob um mesmo aspecto. (p.37 e 38) Pensar é ler o mundo Pensar, no sentido mais simples e óbvio é empregar os recursos da inteligência. A realidade é o que está aí e já não está, é o que fala e se cala. [...] A realidade adora escapulir, cheia de contrastes que podem se tornar contradições, cheia de sutilezas que podem, mal avaliadas, transformar-se em opiniões equivocadas. (p.38 e 39) Onde está o conhecimento? O conhecimento está incorporado nas palavras. Nelas, oculta-se e se revela no quesabemos. A etimologia é instrumento excelente para aprendermos a ver, mediante um mergulho na história da linguagem, o que está diante de nossos olhos... mas longe de nossa capacidade de definir e compreender. Cada nova investigação etimológica pode reabrir discussões que pareciam encerradas. 4 Quando seguimos a pista da origem e da história de uma palavra, redescobrimos a realidade da qual proveio e que, talvez na forma de resíduos e farrapos, ela ainda carrega consigo. A etimologia é instrumento de indagação e surpresa, com o qual fazemos escavações na linguagem, arqueologia verbal. (p.40 e 41) O passado já passou? Conhecer a realidade investigando as palavras até o fundo. [...] E logo nos lembramos do empoeirado dicionário, o “pai dos inteligentes”. A ele recorremos, ao menos num primeiro momento, para realizar um esforço de reflexão e de concatenação de conceitos. Valorizemos nossa capacidade de teorizar, de fazer o pensamento ventar, voar, sobrevoar, transcender, e se voltar para questões intangíveis, ideias e ideais, abstrações [...], raciocínios. E tudo isso pode nos levar a uma ação um tanto esquecida: a arte de contemplar. [...] A prática é um “agir com saber”. A teoria é um “saber como agir”. É a consciência que me levará a agir melhor. [...] Ninguém poderá escrever se não tiver pensado coisas legíveis, pensáveis e escrevíeis. (p.41, 44 e 45) Escrever Escrever é trabalhar e viver [...] Escrever é trabalhar nossa experiência, nossa interioridade, nossas leituras e interpretações. Escrever, transformar a grande rocha da vida em pequenas pedras, palavras e frases que irão formar novos conjuntos. Os escritores de todos os tempos, conscientes de que, omitindo-se, podem causar a morte prematura de muitas pessoas, dedicam-se a brincar com as palavras, a fazer delas fonte de luz e lucidez. Escrevendo, fazendo perguntas e captam fragmentos de respostas. (p.62 e 64) A técnica pessoal [...] Para escrever com criatividade, cada um de nós deve elaborar e sempre aperfeiçoar uma técnica pessoal que nos ajude a explorar e exprimir nossos talentos, nossa personalidade, nossas ideias, nossos sentimentos, todo o que vemos e assimilamos, tudo o que aprendemos nos caminhos e atalhos da vida. Cada pessoa pode criar suas próprias regras, e seu próprio rito para escrever, para pensar, para trazer à tona, em palavras, sua personalidade. Toda conquista de uma técnica pessoal requer trabalho de implacável revisão. Um escritor pode escrever rápido, mas depois terá de ser lento em sucessivas releituras e nas correções de seu texto. O escritor é operário. Seu destino é voltar diariamente ao trabalho, para extrair da pedra da vida, e da linguagem, seu ganha-pão. [...] Para escrever é preciso escrever. Para criar uma técnica pessoal, estilo pessoal, precisamos dar à luz o que nós somos, dia a dia, noite e dia, dia e noite. (p.65, 66, 67 e 68) Escrever com paixão [...] O viver é também tarefa criativa e literária. Somos personagens de nós mesmos. Somos protagonistas de nossas aventuras. Lutando para escrever melhor, realizando e levando para o papel essas captações da realidade que todos nós fazemos, tornamo-nos nós mesmos mais reais, mais vivos. 5 Escrever para descobrir o que é escrever. Escrever é descobrir o meu método pessoal de escrita, o meu “eu” em forma de texto. Nós somos aquilo que escrevemos. Ou seremos as palavras que escolhemos ser. (p.68, 69 e 70) Escrever por amor Quem escreve apaixonadamente, em busca de palavras que traduzam e concretizem sua visão de mundo, sabe que busca aquilo que não tem: a própria felicidade. [...] Falar, opinar, escrever, argumentar é respirar pela linguagem. Escrever é também trabalho manual, e se não se põe a mão na massa não há inspiração que nos salve. Quem diz que escrever é fácil, que é questão de aplicar meia dúzia de regras, que basta coordenar alguns macetes, ainda não sabe o que é escrever [...] (p.70, 71 e 72) A odisseia do rascunho [...] A forma de começar é lança-se diretamente na odisseia do rascunho, deixar as palavras virem, sem medo, e espalhar diante de si o conteúdo da própria bagagem cultural e vivencial que vem encapsulada nas palavras. Lançar-se no rascunho, entre o lógico e o ilógico. Nem tudo aqui é seguro, estruturado, definitivo. [...] Lembramos quem em dado momento é preciso criticar a autocrítica para que o ponto final de um texto abra as portas para futuros novos textos. Depois de escrever um texto, vale a pena deixar que ele descanse. Que a poeira assente. Um, dois, três dias ou mais. Para retorná-lo então, e ver com mais calma o que há de aperfeiçoável, ou descartável. E retornar o trabalho. Escrever é isso: esforço de criação, processo de elaboração do caos, evolução do rascunho à formulação mais perfeita possível. Escrever é decidir que tipo de escritor e de pessoa desejamos ser. (p.73 e 74) Escrever é escrever... Escrever é deixar no papel a impressão digital do ser que somos. Escrever é descrever o que pressentimos, o que dizem nossos cinco sentidos, mesmo que não faça sentido. Escrever, enfim, é criar um leitorado. Sejam muitos ou poucos, meus leitores devem ser conquistados pelas palavras que escolho em minha tarefa expressiva e criativa. O fundamental é que, ao ler meus textos, estará praticando uma nova abertura à experiência, à possibilidade de transformação pessoal e, portanto, ao necessário risco de confrontar novas dimensões de si mesmo e do mundo. (p.83 e 84) Ler... Pensar... Escrever... Ler, pensar e escrever. Três trabalhos que atraem, subtraem, maltratam e enriquecem. Trabalhos ocultos, solitários, prazerosos. [...] Trabalhos que não têm preço. Que não têm final. (p.85)
Compartilhar