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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PEDRO OLIVEIRA CONOPCA – Subgrupo D FARMACOTERAPIA DOS DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS Doenças Ósseas Metabólicas Caruaru 2017 INTRODUÇÃO O sistema endócrino é um conjunto de glândulas, as quais tem como função a coordenação e orientação das funções corpóreas, visando manter a homeostase. Todo esse controle é realizado por meio da secreção de hormônios, os quais atuarão sobre células-alvo contendo receptores específicos para eles. Nesse contexto, pode-se destacar o hipotálamo e a hipófise como os dois principais componentes desse sistema. Os hormônios hipotalâmicos são divididos em duas linhas: os produzidos e secretados pelo hipotálamo (como GnRH, TRH, PRF, entre outros), os quais chegam até a adeno-hipófise (porção anterior dessa glândula) por meio da circulação porta-hipofisiária, e ali estimulam ou inibem a secreção de outros hormônios; e os produzidos no hipotálamo (ocitocina e ADH), porém enviados à neurohipófise (parte posterior da glândula), onde são armazenados e secretados. A ocitocina está envolvida, entre outras funções, com a contração do útero no trabalho de parto e na contração das glândulas mamárias na secreção de leite. Já o ADH, ou vasopressina, irá aumentar a absorção de água nos túbulos coletores dos néfrons. Na adeno-hipófise, os hormônios inibitórios e estimulatórios vindos do hipotálamo influenciarão a secreção de outros hormônios pela hipófise, como o GH e a prolactina, que por sua vez irão atuar em glândulas periféricas. Todo esse sistema de estimulação é conhecido como eixo hipotálamo-hipófise-glândula. O GH está principalmente vinculado ao crescimento ósseo, enquanto a prolactina na estimulação das glândulas mamárias a produzir leite. Por outro lado, o metabolismo mineral ósseo é regulado por outros hormônios, como a vitamina D ativa (calcitriol), paratormônio a calcitocina entre outros. Esses aspectos fisiológicos podem ser alterados de diversas formas, caracterizando uma ampla gama de distúrbios endócrinos. O objetivo do presente trabalho e apresentar a farmacoterapia de algumas dessas desordens. MATERIAIS E MÉTODOS Para o desenvolvimento deste trabalho, foi utilizado como literatura base um livro texto (referenciado ao longo do texto) e artigos complementares pesquisados em duas bases de dados: PubMed e Scielo, dando prioridade para aqueles redigidos a partir de 2010. Foram priorizados os publicados em periódicos com maior fator de impacto e melhor classificação Qualis. RESULTADOS E DISCUSÃO Em relação ao hormônio do crescimento, a farmacologia que abrange seus aspectos foca-se principalmente na reposição exógena do hormônio ou na sua inibição em situações de hipersecreção. Pacientes pediátricos em condições de baixa secreção do GH, como naqueles com síndrome de Prader-Willi ou de Turner, e naqueles com baixa estatura idiopática, a administração de GH exógena recomendada a fim de estimular o aumento de sua altura. Indivíduos adultos, por sua vez, podem apresentar adenomas hipofisários secretores de GH, gerando secreção aumentada do hormônio e, por consequência, um quadro de acromegalia. Caso esses tumores venham a surgir antes do fechamento das epífises dos ossos longos, o paciente pode desenvolver uma condição de gigantismo. Para o tratamento de tal condição podem ser utilizadas duas classes distintas de fármacos: os análogos da somatostatina (hormônio que funciona como do GH), sendo a octreotida a mais utilizada; e os antagonistas dos receptores de GH, como o pregvisomanto, que é similar ao hormônio natural, contudo, possui maior afinidade aos seus receptores (KATZUNG, 2014; THEODROS, 2015). No que tange o ADH, ele é administrado majoritariamente em pacientes com diabetes insipido, principalmente objetivando diminuir a produção de urina pelo paciente e, por consequência, evitar um quadro de desidratação. Isso ocorre pelo fato que esse hormônio, fisiologicamente, atua aumentando a absorção de água nos túbulos coletores (GUYTON, 2011; KATZUNG, 2014). Assim como acontece com o GH, a prolactina (PRL) também pode ter sua secreção estimulada acima do normal em decorrência de adenomas (no caso, secretores de PRL). Além disso, essa hipersecreção pode decorrer de uma destruição no hipotálamo, que leva a uma diminuição do hormônio inibitório da prolactina, a dopamina. Em ambas as situações, a ausência do hormônio causará, nas mulheres, amenorreia e galactorreia e, em homens, perda de libido e infertilidade. Para o controle dessa secreção, o tratamento clínico padrão é o uso de agonistas da dopamina. Esses fármacos, representados pela bromocriptina, cabergolina e quinagolina se ligam fortemente aos receptores de dopamina e simulam de forma intensa seu efeito, suprimindo, dessa forma, a liberação de PRL (KATZUNG, 2014; THEODROS, 2015). Após abordar os aspectos da farmacoterapia de parte dos distúrbios hipotalâmicos-hipofisiários, é importante abranger aqueles relativos a doenças ósseas metabólicas, tema principal do trabalho. Inicialmente, em casos de hipercalcemia, o tratamento deve iniciar-se por meio de uma diurese salina, pela qual são administrados soro e um diurético de alça, como a furosemida, aumentando o fluxo urinário e diminuindo a reabsorção de cálcio no ramo ascendente da alça de Henle. Caso o quadro não se estabilize, outros fármacos poderão ser utilizados, como os bifosfonatos, que retardam a formação e a dissolução de cristais de hidroxipatita; o hormônio calcitonina, que inibe a reabsorção óssea osteoclástica e diminui a absorção renal de cálcio; o nitrato de gálio, que também suprime a reabsorção óssea; a plicamicina (ou mitramicina), que é um antibiótico citotóxico, e, por isso, promove a diminuição da síntese proteica e, por consequência, da reabsorção óssea; além do fosfato e de glicocorticoides. Estes últimos contribuem para o controle da hipercalcemia restabelecendo níveis séricos normais de vitamina D ativada em situações nas quais sua concentração é maior que o considerado normal (CLINES, 2011; KATZUNG, 2014). Quando a situação é a oposta, ou seja, de hipocalcemia, recomenda-se que o indivíduo tenha uma reposição de cálcio intramuscular, intravenoso ou oral. Fora isso, a administração de calcitriol (vitamina D em sua forma ativada) também eleva as concentrações de cálcio, haja vista que esse hormônio aumenta sua absorção no trato gastrointestinal e diminui sua excreção renal (KATZUNG, 2014). Em relação ao fosfato, que também é um importante componente mineral ósseo, suas altas concentrações plasmáticas configuram um quadro de hiperfosfatemia, a qual pode ser controlada por meio de uma restrição do mineral na dieta e pelo uso de géis de fosfato, os quais tem em sua composição uma substância que se liga a esses íons, dificultando sua reabsorção renal. Além disso, a suplementação de cálcio também é recomendada nesse caso. Já a hipofosfatemia pode se configurar um distúrbio muito grave, haja vista que o mineral está envolvido com inúmeros aspectos corpóreos (ATP, ácidos nucleicos, composição óssea etc), sendo a conduta primordial é a suplementação desse fosfato (KATZUNG, 2014). Um distúrbio importante a ser mencionado em relação aos minerais ósseos é a osteoporose. Nessa doença, o paciente possui uma perda anormal da estruturação óssea. Para contornar esse problema, bifosfonatos, por serem inibidores da reabsorção óssea, são administrados, aumentando assim a densidade óssea. Além disso, a teriparatida (formarecombinante do PTH) e a calcitonina podem ser utilizados no tratamento da doença por aumentar a matriz óssea (KATZUNG, 2014; TELLA, 2014). CONCLUSÃO O sistema endócrino é extremamente complexo e heterogêneo, por consequência diversos distúrbios estão envolvidos com ele. Nesse sentido, é necessária uma avaliação minuciosa das condições clínicas do paciente por parte do profissional de saúde a fim de reconhecer os melhores fármacos a serem utilizados no seu tratamento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: CLINES, Gregory A. Mechanisms and treatment of hypercalcemia of malignancy. Current Opinion in Endocrinology, Diabetes and Obesity, v. 18, n. 6, p. 339-346, 2011. HALL, J. E. Guyton. Tratado de Fisiologia Médica. 12. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. KATZUNG, Bertram G. Farmacologia básica e clínica. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. TELLA, Sri Harsha; GALLAGHER, J. Christopher. Prevention and treatment of postmenopausal osteoporosis. The Journal Of Steroid Biochemistry And Molecular Biology, [s.l.], v. 142, p.155-170, jul. 2014. THEODROS, Debebe et al. Pituitary adenomas: historical perspective, surgical management and future directions. Cns Oncology, [s.l.], v. 4, n. 6, p.411-429, dez. 2015.
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