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1 OS CANAIS, OS ESTREITOS, A SOBERANIA, O DIREITO INTERNACIONAL E O MUNDO GLOBALIZADO RENÉ DELLAGNEZZE, Advogado, Doutorando em Direito das Relações Internacionais pelo Centro Universitário de Brasília, UNICEUB, Mestre em Direito pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL; Professor de Graduação e Pós Graduação em Direito Público e Direito Internacional Público, no Curso de Direito, da Faculdade de Ciências Sociais e Tecnológicas - FACITEC, Brasília, DF; Ex-professor de Direito Internacional Público da Universidade Metodista de São Paulo – UMESP; Colaborador da Revista Âmbito Jurídico (www.ambito-jurídico.com. br) e da Revista UF/Defesa, da UFJF, (www.ecsbdefesa.com.br), Advogado Geral da Advocacia Geral da IMBEL (AGI); Autor de Artigos e Livros, entre eles, “200 Anos da Indústria de Defesa no Brasil” e “Soberania - O Quarto Poder do Estado” (ambos, pela Cabral Editora e Livraria Universitária). rene@imbel.gov.br; renedellagnezze@yahoo.com.br). RESUMO Podemos pensar que o fenômeno da Globalização surgiu provavelmente na Antiguidade, com as sociedades que estavam convivendo com este processo desde o início da História, na figura dos nômades dos desertos da Pérsia e no Sul da Ásia, que perambulavam entre uma região e outra, em busca de pequenos negócios, como a troca de mercadorias, não com o popósito específico de lucro, mas sim, com o objetivo de satisfação de suas necessidades pessoais, de sua familia ou do seu Clã. Todavia, a nosso ver, o processo da Globalização teve inicio com uma viagem de Marco Polo, partindo da Itália para a China, vale dizer, rumo a Leste, entre os anos de 1271 a 1292, realizada por terra e mar, na conhecida Rota da Seda, entre o Mediterrâneo, o Oriente Médio, Sul da Ásia, Índia e China. Contudo o processo de Globalização foi acelerado na 2 Época dos Descobrimentos. Até o Século XV, a rigor, o Mundo conhecido era apenas a Europa, a Asia Menor (atual Turquia), parte do Oriente Médio, a China, e todo o contorno do Mar Mediterrâneo, limitado-se o Mundo conhecido até o Estreito de Gibraltar, que se localiza no extremo Noroeste da Continente Africano, entre o Marrocos, e o Sul da Europa, com a Espanha. O Estreito de Gibraltar também era conhecido como os Braços de Hercules , heroi na mitologia grega. A partir do Estreito de Gibraltar o Mundo que se iniciava para o Oeste, com o Oceâno Atlântico, era um Mundo então desconhecido para a humanidade. Em 1492, o navegante Cristóvão Colombo, ruma para o Oeste, aportando-se no local denominado Bahamas, que denominou São Salvador, descobrindo a América. O Estreito de Ormuz ou Hormuz, por exemplo, (em persa ٔهگنت زمرھ) é um pedaço de oceano relativamente estreito entre o Golfo de Omã a Sudeste e o Golfo Pérsico ao Sudoeste. Na sua Costa Norte está o Irã e na Costa Sul, os Emirados Árabes, e o enclave de Omã, ponto geográfico importante por envolver rotas de navios petroleiros e os sensíveis interesses políticos e econômicos, entre os EUA e Irã. Neste Artigo, vamos destacar a importância dos principais Canais e Estreitos existentes no Mundo, em relação a soberania, ao aspecto jurídico, militar, economico, político e social, tomando como referência a Convenção do Mar de 1982, no plano do Direito Internacional, ante o fenômeno da Globalização. Palavras Chave: acordo, águas, canal, canais, continente, continental, convenção, estreito, estreitos, internacional, istmo, mar, mundo, plataforma, político, soberania, social, territorial, tratados. THE CHANNELS, STRAITS, SOVEREIGNTY, INTERNATIONAL LAW AND GLOBALIZED WORLD. ABSTRACT We believe that the globalization phenomenon emerged probably in Antiquity, with the societies who were living this process since the beginning of History, through the figure of the nomads from Persian deserts and Southern Asia, who wandered from one region to another in search of small business, such as the exchange of goods, not with the specific purpose of profit but, in order to satisfy their personal needs or of their family or their clan. However, in our view, the process of Globalization began with a journey of Marco Polo, from Italy to China, that is, towards the East, between the years 1271 to 1292, conducted by land and sea, through the way known as Silk Route, that linked the Mediterranean Sea, the Middle East, India and China. The process of globalization was accelerated, however, during the Age of Discovery. By the fifteenth century, strictly speaking, the shipping activities of the known world were confined to the Mediterranean Sea due to its calmer waters where hurricanes and major storms were rare phenomenon. The Strait of Gibraltar, located between Morocco in the North West of Africa and Spain in Southern Europe, delimited advancement of seafarers, who feared entering the vast and untamed ocean, full of unknown dangers. The Strait of 3 Gibraltar was also known as the Pillars of Hercules, hero in Greek mythology. From the Strait of Gibraltar the world that began to West, in the Atlantic Ocean, was a world previously unknown to mankind. In 1492, the navigator Christopher Columbus, sailed to the West, bringing in the place called Bahamas, which he named San Salvador, discovering America. The Strait of Hormuz or Hormuz, for example, (in Persian ه��������گنت زمرھ) is a relatively narrow piece of ocean between the Gulf of Oman and the Persian Gulf to Southeast Southwest. At its north coast is Iran and on the South Coast, the UAE, and the enclave of Oman, important geographical point for routes involving oil tankers and the sensitive political and economic interests between the U.S. and Iran. In this article, we will highlight the importance of the main channels and straits existing in the World in relation to sovereignty, the legal aspect, military, economic, political and social, with reference to the Sea Convention of 1982 in terms of International Law, facing the globalization phenomenon. Keywords: agreement, waters, canal, channels, continent, continental, convention, narrow straits, international, isthmus, sea, world, platform, political sovereignty, social, territorial, treaties. RENÉ DELLAGNEZZE Lawyer, Doutorate student in Law of internacional relations for the Brasília Universitaty Center – UNICEUB, Master of law by the Saleciano University Center, in São Paulo – UNISAL; Undergraduate and posgraduate studies' Teacher in Public Law, at the Law school, in the College of Social and Tecnological Sciences – FACITEC, Brasília, DF; Former law professor of international law at Methodist University of São Paulo – UMESP; Contributor at the megazine Âmbito Jurídico (www. ambitojuridico.com.br). Attorney legal of IMBEL; Maker of books and articles, among them, “200 anos da Indústria de Defesa do Brasil” and “Soberania – o Quarto Poder do Estado” (both, by the Cabral Publisher and the University Bookstore). (Contact: rene@imbel.gov.br; renedellagnezze@ yahoo.com. br). SUMARIO 1. Introdução. 2. Surgimento da Globalização. 3. A Convenção do Mar de 1982. 4. Da Competência e Jurisdição sobre o Direito do Mar. 5. Os Canais, os Estreitos, e os Arquipélagos. 6. Conclusão. 7. Referências Bibliográficas. 8. Anexos. 4 1. Introdução. Podemos pensar que o fenômeno da Globalização surgiu provavelmente na Antiguidade, com as sociedades que estavam convivendo com este processo desde o início da História, na figura dos nômades dos desertos da Pérsia e no Sul da Ásia, que perambulavam entre uma região e outra, em busca de pequenos negócios, como a troca de mercadorias, não com o popósito específico de lucro,mas sim, com o objetivo de satisfação de suas necessidades pessoais, de sua familia ou do seu Clã. Todavia, a nosso ver, o processo da Globalização teve inicio com uma viagem de Marco Polo, partindo da Itália para a China, vale dizer, rumo a Leste, entre os anos de 1271 a 1292, realizada por terra e mar, na conhecida Rota da Seda, entre o Mediterrâneo, o Oriente Médio, Sul da Ásia, Índia e China. Contudo o processo de Globalização foi acelerado na Época dos Descobrimentos. até o Século XV, a rigor, o Mundo conhecido era apenas a Europa, a Asia Menor (atual Turquia), parte do Oriente Médio, a China, e todo o contorno do Mar Mediterrâneo, limitado-se o Mundo conhecido até o Estreito de Gibraltar, que se localiza no extremo Noroeste da Continente Africano, entre o Marrocos, e o Sul da Europa, com a Espanha. O Estreito de Gibraltar também era conhecido como os Braços de Hercules , heroi na mitologia grega. A partir do Estreito de Gibraltar o Mundo que se iniciava para o Oeste, com o Oceâno Atlântico, era um Mundo então desconhecido para a humanidade. Em 1492, o navegante Cristóvão Colombo, ruma para o Oeste, aportando-se nas Ilhas Caraibas (Antilhas), descobrindo a América. O Estreito de Ormuz ou Hormuz, por exemplo, (em persa ٔهگنت زمرھ) é um pedaço de oceano relativamente estreito, entre o Golfo de Omã ao Sudeste e o Golfo Pérsico, ao Sudoeste. Na sua Costa Norte está o Irã e na Costa Sul, os Emirados Árabes, eo enclave 5 de Omã, ponto geográfico importante por envolver rotas de navios petroleiros e os sensíveis interesses políticos e econômicos, entre os EUA e Irã. Neste Artigo, vamos destacar a importância dos principais Canais e Estreitos existentes no Mundo, em relação a soberania, ao aspecto economico, jurídico, militar, político e social, tomando como referência a Convenção do Mar de 1982, no plano do Direito Internacional, ante o fenômeno da Globalização. 2. Surgimento da Globalização. Quando imaginamos o fenômeno da Globalização podemos pensar que as sociedades do mundo já estavam convivendo com este processo desde o início da História, na Antiguidade, na figura dos nômades dos desertos da Pérsia e no Sul da Ásia, que perambulavam entre uma região e outra, em busca de pequenos negócios, como a troca de mercadorias, não com o popósito específico de lucro, mas sim, com o objetivo de satisfação de suas necessidades pessoais, de sua familia ou do seu Clã. Nessa mesma linha de pensamento podemos também considerar como objetivo de conquista e amplição dos seus territórios, a movimentação e os deslocamentos de tropas militares em várias regiões do mundo, notadamente dos grecos, persas, romanos, germanos-romanos, mongols, entre outros. Em nossa visão, nos convencemos e podemos afirmar como fato histórico que mais simboliza do fenômeno da globalização, é o feito concebido à Marco Polo (1254-1324). Trata-se de um importante explorador, mercador, e embaixador, ou, um viajante em busca de descobertas da Idade Média (Século V até Século XV). Nasceu na cidade italiana de Veneza. Demonstrou grande interesse pelas viagens quando era adolescente. Junto com seu pai e seu tio, fez uma viagem da Itália para a China, vale dizer, rumo a Leste, entre os anos de 1271 a 1292, por terra e mar, na conhecida Rota da Seda, entre o Mediterrâneo, Oriente Médio, Sul da Ásia, Índia e 6 China. Foram bem recebidos pelo imperador Kublain Khan e ficaram vivendo na China por um determinado tempo. Durante este período, tornou-se representante internacional do Imperador Chinês. Visitou várias regiões da Ásia, como, por exemplo, Índia, Tibete e Birmânia, atual Mianmar. Com esta importante função, Marco Polo ganhou riquezas e popularidade. Em 1292, Marco Polo, com seu pai e seu tio, iniciou a viagem de retorno para Veneza. No caminho, visitaram a ilha de Sumatra, localizada na atual Indonésia, e a Índia, onde viveram diversas aventuras. Em 1298, Marco Polo foi capturado pelos genoveses, inimigos comerciais dos venezianos. Enquanto estava preso, escreveu um livro com suas experiências e aventuras, “As viagens de Marco Polo1”. Seu livro foi bastante lido na época, pois descrevia as riquezas, belezas e aspectos culturais dos povos asiáticos do período. Marco Polo faleceu no ano de 1324. Até hoje, é considerado um dos grandes exploradores e aventureiros da história mundial. Registre-se, por oportuno, que a historiadora inglesa, Frances Wood, que é a Chefe do Departamento Chinês da Biblioteca Britânica, escreveu um Livro em 1995, intitulado Did Marco Polo really got to China? (Marco Polo foi mesmo à China?), no qual sustenta que o relato é uma mentira, baseando-se na falta de evidências históricas, notadamente, na ausência da descrição de características, que não poderiam faltar para quem efetivamente esteve na China. Destaca que Marco Polo não se referiu a Grande Muralha, a escrita chinesa e o hábito de beber chá, asseverando que não existem documentos na China que atestem a sua viagem. Em contraponto à historiadora Frances Wood, existe o posicionamento do pesquisador Hans Ulrich Vogel, Professor de História e de estudos chineses da Universidade de Türbigen, na Alemanha. Ele publicou monografias, artigos e 1 Marco Polo. As Viagens de Marco Polo. 1298. http://www.suapesquisa.com/pesquisa/marco_polo.htm, acesso em 24/03/2012. 7 traduções, principalmente sobre a história da sociedade, da economia, da ciência e da tecnologia na China pré-moderna. Realizou recentes estudos sobre a viagem de Marco Polo, e publicou um livro, intitulado Marco Polo was in China: New Evidence from Currencies, Salts and Revenue, (Marco Polo foi à China: Novas evidências de Moedas, Sais e Receitas) e, resumidamente, concluiu, por exemplo, que a Grande Muralha somente alcançou a imagem atual, durante a Dinastia Ming (1368-1644), vale dizer, muito tempo depois da viagem de Marco Polo à China. Guerras ocorreram na China e nestes mais de 700 anos, documentos, possivelmente, se perderam, e, assim, permanece como verdadeiros o relato de Marco Polo, contido no livro escrito por ele, em 1298, intitulado, “As viagens de Marco Polo”. Não obstantes estas teorias que tentam descaracterizar ou confirmar a viagem de Marco Polo à China, acreditamos na sua autenticidade, pois fosse uma mentira, esta não permaneceria sete séculos sem contestação. Assim, discussões à parte dos historiadores citados, seguimos a História, que aponta a realização da viagem de Marco Polo à China, e dessa forma, a nosso ver, ele foi o precursor da Globalização de que conhecemos hoje. Entretanto, o processo da Globalização foi acelerado na Época dos Descobrimentos. Vale recordar que até o Século XV, a rigor, o Mundo conhecido ainda era a Europa, a Asia Menor (atual Turquia), parte do Oriente Médio, a China, e todo o contorno do Mar Mediterrâneo, limitado-se o Mundo, entretanto, até o Estreito de Gibraltar, que se localiza no extremo Noroeste da Continente Africano, entre o Marrocos, e o Sul da Europa, com a Espanha. Este local também era conhecido como os Braços de Hercules, heroi na mitologia grega. A partir do Estreito de Gibraltar o Mundo que se iniciava para o Oeste, com o Oceâno Atlântico, era um mundo então desconhecido para a humanidade. Assim, o sinal mais eloquente da Globalização, que teve relevancia juridica e econômica, foi o desenvolvimento marítimo, iniciado com Cristóvão Colombo (1451-1506), navegador e explorador genovês, que apresentou ao Rei da Espanha, um projeto de navegação marítimia, no sentido à Oeste, para se chegar às 8 Indias, País este,onde se encontravam especiarias e codimentos necessários para alimentos de interesse dos europeus, além de outros produtos, tais como seda, pedras e metais preciosos. Dessa forma, convencido do sucesso do seu projeto, partiu de Palos de La Frontera, um municipio a sudoeste da Espanha, na Província de Huelva, Comunidade Autonôma da Anadaluzia, com área 50 Km², com população de 8.529 habitantes (2007), densidade populacional de 158,54 hab/km², localidade esta, que os três navios, uma nau, maior, Santa Maria, e duas caravelas menores, Pinta e Santa Clara, apelidada de Niña, iniciou a longa viagem, até se aportar na Ilha Guanahani, que ele denominou de San Salvador, no Arquipélago das Bahamas, em terras que pensava ser as Indias, descobrindo o Continente da América, a 12 de outubro de 1492, sendo que mais tarde, os espanhois descobririam o México. Possivelmente em função deste fato (descobrimento da América) surgiu o Tratado de Tordesilhas, assinado na cidade Tordesilhas, Espanha, em 07/06/1494, o qual foi celebrado entre o Reino de Portugal e o recém-formado Reino de Espanha, para dividir as terras "descobertas e por descobrir" por ambas as Coroas fora da Europa. O Tratado surgiu na sequência da contestação portuguesa às pretensões da Coroa Espanhola, resultantes da viagem de Cristóvão Colombo, que ano e meio antes (1492) chegara ao chamado Novo Mundo, na Ilha Bahamas, reclamando-o oficialmente para Isabél, a Católica. O Tratado definia como linha de demarcação o meridiano 370 léguas a Oeste da Ilha de Santo Antão, no Arquipélago de Cabo Verde, localizado na Costa Noroeste do Continente Africano. Esta linha estava situada a meio caminho entre estas ilhas, então portuguesas, e as ilhas das Bahamas, descobertas por Colombo. Os territórios a Leste deste meridiano pertenceriam a Portugal e os territórios à Oeste, à Espanha. O Tratado foi ratificado pela Espanha a 02/07/1494, e por Portugal a 05/09/1494. 9 No contexto das Relações Internacionais, a sua assinatura ocorreu num momento de transição entre a hegemonia do Papado, poder até então universalista, e a afirmação do poder singular e secular dos monarcas nacionais, sendo esta uma das muitas facetas da transição da Idade Média para a Idade Moderna. Portugal que representava a outra força econômica, ja havia instituido a Escola de Sagres, fundada pelo Infante D. Henrique, por volta de 1417, no, Algarves como um Centro da Arte Náutica, destinado aos grandes projetos maritimos, Centro este que teria, assim, formado grandes navegadores e decobridores, como Vasco da Gama (1460-1524) e que entre 1497-1499, navegou da Europa para as Índias, contornando o Cabo da Boa Esperança, no Sul do Continente Africano, e, posteriormente, outro navegante português, Pedro Alvares Cabral (1467-1520), que descobre o Brasil em 1500, tornando-se uma das mais prósperas Colonias da Monarquia Portuguesa. Vale registrar que pelo Tratado de Tordesilhas de 1494, o Brasil teria um território, a Leste, numa linha imaginaria de Norte a Sul, que se iniciava na Ilha de Marajó, no Amapá, e se estenderia até a cidade Laguna, no Estado de Santa Catarina. Todavia, o Tratado que deu ao Brasil a forma geográfica próxima do que é atualmente, foi o Tratado de Madri, firmado entre Portugal e Espanha, no ano de 1750. O Tratado de Madrid foi firmado na capital da Espanha, entre D. João V, de Portugal, e D. Fernando VI, da Espanha, em 13 de janeiro de 1750, para definir os limites entre as respectivas colônias sul-americanas, pondo fim, assim, às disputas. O objetivo do Tratado era substituir o Tratado de de Tordesilhas, o qual já não era mais respeitado na prática, consagrando-se o princípio do direito romano do uti possidetis, ita possideattis (quem possui de fato, deve possuir de direito), delineando os contornos aproximados do Brasil de hoje. Assim, nada obstante, Portugal e Espanha se fortaleceram como potencias marítimas no Século XV, na “Epoca dos Descobrimentos” e, a nosso ver, o 10 inicio do Mercantilismo Mundial, pode ser traduzido como o efetivo surgimento da Globalização, que teve relevancia juridica e econômica nas relações internacionais. O termo mercantilismo foi criado a partir da palavra latina mercari, que significa mercantil, no sentido de levar a cabo um negócio, e que procede da raíz merx que significa mercadoria. De início foi usado apenas por críticos, como Adam Smith2 (1723-1790), economista e filósofo escocês, que é considerado o pai da economia moderna, mas foi logo adotada pelos historiadores. De fato, Smith, foi quem primeiro organizou formalmente muitas das contribuições dos mercantilistas no seu livro “A Riqueza das Nações (1776). Mercantilismo é o nome que foi dado a um conjunto de práticas econômicas desenvolvidas na Europa durante a Idade Moderna, entre o Século XV e o final do Século XVIII. O mercantilismo originou um conjunto de diversas medidas econômicas, de acordo com os Estados. Caracterizou-se por uma forte intervenção do Estado na economia. Consistiu numa série de medidas tendentes a unificar o mercado interno e teve como finalidade a formação de fortes Estados Nacionais. O mercantilismo desenvolveu-se numa época na que a economia europeia estava em transição do Feudalismo ao Capitalismo. As monarquias feudais medievais estavam sendo substituídas pelas novas Nações-Estado centralizadas, em forma de monarquias absolutas ou parlamentares. O mercantilismo pode ser considerado como um conjunto de idéias econômicas que considera a prosperidade de uma Nação ou Estado, dependente do capital que possa ter. Os pensadores mercantilistas preconizavamm o desenvolvimento econômico por meio do enriquecimento das Nações graças ao comércio exterior, o que permitia encontrar saída aos excedentes da produção. O Estado adquire um papel primordial no desenvolvimento da riqueza nacional, ao 2 Adam Smith. A Riqueza das Nações. 1776. http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Riqueza_das_Na%C3%A7%C3%B5es 11 adotar políticas protecionistas, e em particular estabelecendo barreiras tarifárias e medidas de apoio à exportação. A riqueza de uma Nação estava diretamente ligada à quantidade de colônias de que dispunha para exploração. O mercantilismo indiretamente impulsionou muitas das guerras europeias do período e serviu como causa e fundamento do imperialismo europeu, dado que, as grandes potências da Europa lutavam pelo controle dos mercados disponíveis no mundo. Sob este aspecto, vale salientar que, nas expansões marítimas e comerciais das Nações, um País não poderia invadir o caminho percorrido constantemente por outro, como no caso da procura do caminho pelas Índias Orientais. Isto perdurou até que, após o descobrimento da América (1492), a Inglaterra, França e Holanda, decidiram "trilhar" os seus próprios caminhos, haja vista que a predominância era de Portugal e Espanha, os grandes atores do mercantilismo. Destaque-se, por oportuno, qual seria a razão da palavra Índias, utilizada no plural, quando o País é Índia, palavra utilizada no singular. O nome Índia é derivado de Indus, que é derivado da palavra Hindu, no idioma do persa antigo. Na verdade fazem parte do Subcontinente Indiano, região peninsular do Sul da Ásia, onde estão localizados os Estados, da Índia, do Paquistão, de Bangladesh, do Nepal e do Butão. Por razões sócios culturais, há quem inclua também, o Afeganistão e as ilhas do Sri Lanka e as Ilhas Maldívias, motivo pelo qual se utiliza a palavra Índias no plural. As Companhias das Índias Orientais e Ocidentais, uma espécie de sociedade deeconomia mista com capital de 99% pertencente ao Estado e 1% ao particular, foram quatro organizações distintas, com objetivos comerciais de atuação no Sudeste Asiático, nas Américas, no Caribe e na Costa Ocidental da África, de origens britânica, holandesa e francesa, a saber: A Companhia Britânica das Índias Orientais, fundada em 1600; A Companhia Holandesa das Índias Orientais, fundada em 1602; A Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, fundada em 1621; A Companhia Francesa das Índias Orientais, fundada em 1664. 12 A Companhia Britânica das Índias Orientais, instituida em 1600, era uma organização formada por mercadores londrinos e durante dois séculos e meio, transformou os privilégios comerciais na Ásia, em um império centrado na Índia. Atuou em importantes portos comerciais na Índia, principalmente em Masdras, Bombaim e Calcutá. Em meados do Século XVIII, as hostilidades anglo-francesas na Europa refletiram-se em uma luta pela supremacia da Companhia Britânica das Indias Orientais em relação à Companhia Francesa na Índia. Os inglêses interviram na rica província de Bengala, no nordeste da India, sob o dominio dos franceses. A conquista de Bengala em 1757, deu início a um Século de expansão, e a Companhia Britânica das Índias Orientais emergiu como o grande órgão europeu na Índia, apesar da forte disputa com os franceses. A Companhia Holandesa das Índias Orientais, foi instituida em 1602 sob a proteção do príncipe Mauricio de Nassau para coordenar as atividades das companhias que concorriam no comércio nas Índias Orientais e para agir como um braço do Estado holandês em sua luta contra a Espanha. Em 1799, foi liquidada e seus débitos, posses e responsabilidades foram assumidos pelo Governo Holandês. Seu monopólio se estendia desde o Cabo da Boa Esperança (Extremo Sul do Continente Africano) até o Estreito de Magalhães (Extremo Sul da América do Sul). A influência e a atividade holandesa se expandiram por todo o Arquipélago da Malásia, na China, no Japão, na Índia e na Pérsia. A Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, instituida em 1621, foi uma companhia monarquica e de mercadores holandeses. Tratava-se um exemplo de organização mista entre o Estado Holandês e a iniciativa privada para o comércio externo, que contrastava com o modelo de comércio portugues, que permaneceu fortemente dependente do Estado até bem mais tarde. A Companhia Holandesa das Índias Ocidentais tornou-se instrumento de colonização holandesa no Continente Americano e foi responsável pela ocupação de áreas no Nordeste Brasileiro no século XVII. A Companhia recebeu um Alvará que lhe concedia o monopólio do comércio com as colônias ocidentais pertencentes a Sete 13 Províncias nas Indias Ocidentais, atual Caribe, bem como no tráfico de escravos, no Brasil, no Caribe e na América do Norte. A Companhia operava também na parte Ocidental do Continente Africano, entre o Trópico de Câncer e o Cabo da Boa Esperança, no extremo Sul da África, incluindo o Oceano Pacífico, e na parte oriental da Nova Guiné, na Oceania. O objetivo do Alvará era eliminar a competição, particularmente entre os espanhois e portugueses, nos diferentes postos de comércio estabelecidos pelos mercadores. A Companhia Holandesa das Índias Ocidentais foi organizada de forma semelhante à Companhia Holandesa das Índias Orientais, que detinha o monopólio do comércio holandes com a Ásia desde 1602, exceto para conduzir quaisquer operações militares. O objetivo da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais era levar ao Novo Mundo (Continente Americano) a guerra da independeência dos Países Baixos, atacando os pontos-chave do Império da Espanha. As possessões portuguesas também estavam nos seus objetivos, de modo que, em 1624, tentou ocupar Salvador, no Brasil, capital da maior Colônia Portuguesa, porém não obtiveram êxito. Em 1630, uma armada da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, comandada pelo Almirante Loncq, bloqueia o litoral de Pernambuco, e desembarca um exército que conquistou as cidades de Olinda e Recife. A Capitania de Pernambuco concentrava a produção de açúcar. Em 1636, foi nomeado o Conde João Maurício de Nassau para governar a Capitania. A luta contra os holandeses no Nordeste brasileiro foi iniciada pelos próprios senhores de engenho da região e durou cerca de dez anos. Sob a iniciativa dos Senhores, os colonos da região foram mobilizados e travaram várias batalhas contra os holandeses. As mais importantes foram a de Guararapes e Campina de Taborda. A primeira Batalha de Guararapes, datada de 19 de Abril de 1648, no contexto das invasão holandesa no Brasil, contra o Exército adversário dos Países Baixos, foi formada genuinamente por brasileiros (brancos, negros e ameríndios), e é 14 tida como aniversário da instituição ou da criação do Exército Brasileiro (EB). A chamada Insurreição Pernambucana chegou ao fim em 1654, tendo libertado o Nordeste brasileiro do domínio holandês. Aliados a outros fatores, a partir de 1806, notadamente por dificuldades financeiras vivenciadas pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, o Governo Holandes assume o controle da empresa, realizando diretamente o comércio nos territórios ultramarinos, transformando-os em Colônias. A Companhia Francesa das Índias Orientais, organização francesa instituida em 1664, tinha como objetivo concorrer com as Companhias Orientais holandesa e inglesa. Até meados do Século XVIII foi menos bem sucedida que suas rivais, todavia, liderada pelo ambicioso Governador Joseph Francois Dupleix, a Companhia passou a ser uma grande ameaça à influência inglesa na India, principalmente pelas alianças que estabeleceu com Governantes locais no Sul daquele País, entre 1742 e 1754. A Companhia Francesa das Índias Orientais ostentou durante 50 anos, o monopólio de navegação e comércio nos Oceanos Pacífico e Índico, na área situada entre os Cabos de Horn (Extremo Sul da América do Sul) e da Boa Esperança (Extremo Sul da Africa). A Companhia prosperou e estendeu suas operações à China e á Pérsia. Em 1719, foi reorganizada com as Companhias Coloniais Francesas da América e da África, sob o nome de Compagnie des Indes (Companhia das Indias). As operações da Companhia foram suspensas definitivamente, por Decreto Real, em 1769. Assim, o mercantilismo foi a teoria predominante ao longo de toda a Idade Moderna, so Século XVI ao XVIII, época em que, aproximadamente, indica o surgimento da idéia do Estado-Nação e a formação econômico social conhecida como antigo regime na Europa Ocidental. Marca o fim da proeminência da ideologia econômica do cristianismo, a crematística, inspirada em Aristóteles e Platão e, que recusava a acumulação de riquezas e os empréstimos com juros vinculados ao pecado da ususra. Numa época que os reis desejavam possuir o máximo de ouro possível, as teorias mercantilistas buscavam esse objetivo e desenvolviam uma problemática 15 baseada no enriquecimento, com base numa análise simplificada dos fluxos econômicos, em que, por exemplo, não se leva em conta o papel do sistema social. Como agente unificador tendente à criação de um Estado Nacional soberano, o mercantilismo contrapõe-se a duas forças. A primeira força, mais espiritual e jurídica do que político-econômica, era constituída pelos poderes universais, como a Igreja e o Saco Imperio Romano Germânico. A segunda força, de caráter predominantemente econômico foi o particularismo local, com a sobrevivência da economia natural em determinadas zonas e rendas do Estado, que eram em espécie e não em dinheiro, enquanto a pretensão mercantilista era de que o mercadofechado fosse substituído pelo mercado nacional, e as mercadorias fossem substituídas por ouro, como medida de valor e meio de troca. O mercantilismo vê a intervenção do Estado como o meio mais eficaz para o desenvolvimento econômico. Intimamente ligado à emergência do Estado-Nação moderno e baseado na existência do binômio "metrópole - colônia", o mercantilismo assumiu formas nacionais, das quais podem citar-se, Portugal, Espanha, Inglaterra, Holanda, França, Dinamarca e Suécia, durante os Séculos XVI, XVII e XVIII. Nesta época, o mercantilismo evolui de tal maneira que gera um estudo apropriado e traduz-se como uma atividade econômica, em tal grau que se fala de políticas econômicas e normas econômicas. O mercantilismo começa a ser conhecido com outras denominações, as mesmas que dão senso ao seu conceito: sistema mercantil, sistema restritivo, sistema comercial, colbertismo na França e cameralismo na Alemanha. O livro “A Riqueza das Nações” (1776), de Adam Smith, teve um profundo impacto no final do mercantilismo e a adoção posterior da política de livre mercado. Em 1860, a Inglaterra eliminaria os últimos vestígios do mercantilismo, como por exemplo, as protecionistas leis do grão ou corns laws. As regulamentações industriais, os monopólios e as tarifas alfandegárias foram retiradas. Convertida em "a oficina do mundo", com uma indústria e uma frota mercante como a que ninguém podia competir, a Inglaterra converteu-se na grande defensora e propagandista da 16 política de livre mercado, justo no momento em que mais a beneficiava, e o continuou a ser assim, até a I Guerra Mundial (1914-1918). Registre-se que a II Revolução Industrial (1850-1870) trouxe competidores importantes, com o advento da Alemanha e dos Estados Unidos da América, como potências industriais, juntando-se à França e do próprio Reino Unido da Grã Bretanha. Durante a Segunda Revolução Industrial, a população urbana superou o contingente populacional do campo, fazendo crescer a importancia de metropolis. Portanto, o término do mercantilismo serve para designar, quase sempre do jeito pejorativo, as políticas contemporâneas que lembram as dos mercantilistas do Século XVIII. Consistem quase sempre em medidas protecionistas ou em políticas comerciais agressivas, nas quais, o Estado se impõe para fomentar a competitividade das empresas nacionais. Hoje, no contexto da Globalização, o neo-mercantilismo, baseia-se no conceito de "competência mundial", vindo a ser uma "guerra econômica" entre os Países. Diz-se que a proteção às empresas nacionais e o apoio à sua competitividade nos mercados mundiais é proveitosa para a economia nacional. Globalização. De acordo com o Dicionário Escola da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, edição de 2008, da Companhia Editora Nacional, globalização significa ato de globalizar (-se), processo de internacionalização econômica, especialmente quanto à produção e comercialização de mercadorias e quanto ao intercâmbio de informação e comunicação, com forte impacto sociocultural. A globalização: A globalização fez do nosso planeta uma grande aldeia - globalizar. Todavia como uma provável origem da utilização da palavra “globalização”, podemos citar a do Professor e Mestre alemão, naturalizado norte- 17 americano, Theodore Levitt (1925-2006) economista3 da Harvard Business School, dos Estados Unidos da América, autor da obra Miopia do Marketing, que na década de 1980, usou a palavra “globalização” para designar a convergência de mercados no mundo inteiro, no artigo “A Globalização do Marketing” (“The Globalization of Markers”), publicado pela Harvard Business Review, May-June, 1983. Vale dizer, neste sentido a “globalização” é considerada uma estratégia de vendas de produtos uniformizados, em todos os mercados importantes em qualquer parte do globo. Afirmava o Professor Levitt, que o mundo atual é focado no estético. Sobressai-se as Organizações que renovam as embalagens dos seus produtos a cada campanha, seu slogan, etc., e aquelas que procuram atender aos desejos e as necessidades de seus clientes. Mas, para que isso aconteça, é essencial que estas Organizações se globalizem, incentivando seu crescimento e aprimoramento, bem como das tecnologias que são aplicadas no processo produtivo. Para poderem sobreviver neste mercado, onde há muita concorrência, as Organizações devem antecipar os cenários, de acordo com as variáveis externas e internas, os quais estejam inseridas no mundo globalizado. Na evolução do conceito, a globalização passou a ter o sentido de um processo em que as empresas mais internacionalizadas, tentam auferir em seu proveito, as regras impostas pelo Estado- Nação. A Globalização, portanto, nessa evolução é um dos processos de aprofundamento da integração economica, social, cultural, política que teria sido impulsionado pelo barateamento dos meios de transporte e comunicação dos Países do Mundo no final do Século XX e início do Século XXI. É um fenômeno gerado pela necessidade da dinâmica do capitalismo de formar uma aldeia global, que permita maiores mercados para os Países Centrais ou Países desenvolvidos, cujos mercados internos já estão saturados. 3 Theodore Levitt .A Globalização do Marketing (“The Globalization of Markers”), Revista da Harvard Business Review, May-June, 1983http://en.wikipedia.org/wiki/Theodore_Levitt, acesso 24/03/2012. 18 O processo de Globalização diz respeito à forma como os Países interagem e aproximam as pessoas, ou seja, interliga o mundo, levando em consideração aspectos econômicos, sociais, culturais e políticos. Com isso, gerando a fase da expansão capitalista, onde é possível realizar transações financeiras, expandir seus negócios até então restritos ao seu mercado de atuação para mercados distantes e emergentes, sem a necessidade de altos investimentos de capital financeiro, pois, a comunicação no mundo globalizado permite tal expansão, porém, obtendo-se como consequência, o aumento desenfreado da concorrência. A Globalização, por ser um fenômeno espontâneo decorrente da evolução do mercado capitalista, não direcionado por uma única entidade ou pessoa, possui várias linhas teóricas que tentam explicar sua origem e seu impacto no mundo atual. Assim, as grandes potências são acusadas de neo-mercantilistas, quando apoiam à sua indústria nacional por meio de subvenções ou de encargos estatais, ao mesmo tempo em que impõem quantidades, taxas ou normas à importação, para proteger o seu mercado interior. O conflito concorrencial entre a empresa Boeing (norte- americana) e a empresa Airbus (franco- britâncica), unindo às subvenções atribuídas a cada uma das suas empresas por parte dos governos norte-americano e europeus, pode ser visto como exemplo deste neo-mercantilismo. Entretanto, o processo histórico a que se denomina Globalização é bem mais recente, datando do colapso do Bloco Socialista e o consequente fim da Guerra Fria entre 1989 e 1991, do refluxo capitalista com a estagnação econômica da extinta União das Repúblicas Socialistas Sovietiicas - URSS. A Globalização é vista por alguns especialistas políticos, como o movimento sob o qual se constrói o processo de ampliação da hegemonia econômica, política e cultural ocidental sobre as demais Nações e Instituições Públicas e Privadas. A Globalização pode ser vista como uma reinvenção do processo expansionista norte americano no período pós Guerra Fria, com a imposição dos modelos políticos, 19 democratico, ideológico, pelo liberalismo econômico, com a abertura de mercadose livre competição. Mas, vale ressaltar que esta concepção da Globalização não é uma criação exclusiva do Estados Unidos da América, e que, tampouco, atende exclusivamente aos interesses deste, mas também é uma perspectiva das Empresas, em especial das Grandes Empresas Multinacionais e Transnacionais, e dos Governos do Mundo inteiro. Nesta ponta, todavia, surge a denominada inter-relação entre a Globalização e o Consenso de Washington. O Ministro Francisco Rezek4, graduado em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (1966), Doutor pela Universidade de Paris (Panthéon- Sorbonne) (1970), Procurador da República, Ministro do Supremo Tribunal Federal, Chanceler da República e Juiz da Corte Internacional de Justiça das Nações Unidas, afirmou que a partir dos anos 90, impôs-se que todas as teses do Ocidente estavam certas. O mais elevado preço desse quadro é o sacrifício do Direito Internacional, que passou de contraste ideológico para a afirmação da negação do Direito, com o deslumbramento em relação ao pensamento de que o Ocidente triunfou. Joseph Eugene Stiglitz (1943) é um economista norte americano e foi Presidente do Conselho de Assessores Econômicos (Council of Economic Advisers) no Governo do Presidente Bill Clinton (1995-1997), Vice-Presidente Sênior, para Políticas de Desenvolvimento do Banco Mundial, onde se tornou o seu economista Chefe. Recebeu, Premio Nobel de Economia em 2001, por criar os fundamentos da teoria dos mercados com informações assimétricas. Stiglitz defende a nacionalização dos bancos americanos, e é membro da Comissão Socialista Internacional de Questões Financeiras Globais. 4Francisco Rezek. Palestra. Nova Ordem e a Crise do Direito Internacional, realizada em São Paulo, a convite da Editora Lex. publicada na Revista “Integração Econômica”, nº. 07, Ed. Abril/Maio/Junho/2004. René Dellagnezze. Soberania – O Quarto Poder do Estado. P190. Cabral e Editora Livraria Universitária, 2011. 20 Usando exemplos colhidos em pesquisas e viagens a países tão diversos como Rússia, Etiópia ou Brasil, publicou em 2002, pela editora Penguin Books, New York, EUA, o livro Globalization and Its Discontents (A Globalização e Seus Descontentes, pela Editora Futura, São Paulo, 20025), onde propõe uma cirurgia radical no Fundo Monetário Internacional, na Organização Mundial do Comércio e no Banco Mundial, instituições estas que segundo Stiglitz, governa a Globalização. Seu livro “Globalização e seus Descontentes” foi traduzido para 20 idiomas e resultou num best seller internacional. Stiglitz afirma existir um sistema que pode ser chamado de governança global, sem governo global, aquele no qual algumas poucas instituições, o Banco Mundial, o FMI e a OMC, dominam a cena, mas nos quais muitos daqueles afetados por suas decisões são deixados quase sem voz. Sustenta Stiglitz, que é hora de mudar algumas das regras que governam a ordem econômica mundial. A Globalização pode ser reformatada, e quando o for, quando for gerenciada com propriedade e justiça, com todos os países tendo voz nas políticas que os afetem, há a possibilidade de que ajudará a criar uma economia global na qual o crescimento não seja apenas mais sustentável e menos volátil, mas que seus frutos sejam distribuídos mais equitativamente. Assim, para Stiglitz, a Globalização, que poderia ser uma força propulsora de desenvolvimento e da redução das desigualdades internacionais, está sendo corrompida por um comportamento hipócrita que não contribui para a construção de uma ordem econômica mais justa e para um mundo com menos conflitos. Esta é, em síntese, a tese defendida em seu livro, livro A globalização e seus malefícios. Críticos argumentam que a Globalização fracassou em alguns Países, exatamente por motivos opostos aos defendidos por Stiglitz, porque foi refreada por uma influência indesejada dos Governos, nas taxas de juros e na reforma tributária. 5 STIGLITZ, Joseph E. A Globalização e seus Malefícios. São Paulo: Futura Editora, 2002 21 Hoje, a rigor, o mundo é norteado e capitaneado pelos interesses das grandes potencias mundiais, notadamente aquelas que integram o Bloco G7, (Group 7), formado pelas sete maiores economias do mundo, tais como os Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Espanha, e que na maioria das vezes, a Federação Russa é convidada a participar dos eventos do G7, dada sua importância como potência nuclear e, por integrar o Conselho de Segurança da ONU, ocasiões em que se passa a denominar G8. Normalmente, o G7 se reúne na cidade de Davos, na Suíça, e o encontro é conhecido como Fórum Mundial. A nosso ver, são os Países que compõem o G7, que auferem os maiores benefícios da Globalização, ao impor às demais Nações os seus interesses políticos, econômicos e ideológicos e sociais. 3. A Convenção do Mar de 1982. 3.1. Convenção das Nações Unidas Sobre os Direitos do Mar (1982). (Convenção de Montego Bay). Adotada em Montego Bay, Jamaica, em 10 de dezembro de 1982. Aprovada no Brasil pelo Decreto Legislativo nº. 5, de 09 de janeiro de 1987, e promulgada pelo Decreto nº. 99.165, de 12 de março de 1990. Declarada sua entrada em vigor em 16 de novembro de 1994, pelo Decreto nº. 1.530, de 22 de junho de 1995. A presente Convenção estabelece os Direitos sobre o Mar. Os problemas do espaço oceânico estão inter-relacionados e devem ser solucionados como um todo. É conveniente estabelecer a soberania de todos os Estados, e estabelecer uma ordem jurídica para os Mares e Oceanos que facilite as comunicações internacionais e promova o uso pacífico dos Mares e Oceanos. Também é preciso promover a utilização equitativa e eficiente dos recursos, conservar os recursos vivos, estudar, proteger e preservar o meio marinho. 22 Isso porque, pelos princípios consagrados na Resolução nº. 2.749 (XXV), de 17 de dezembro de 1970, a Assembleia Geral das Nações Unidas, declarou solenemente, inter alia (entre outros) que são patrimônio comum da humanidade os fundos marinhos e oceânicos, seu subsolo para além dos limites da jurisdição nacional, bem como os respectivos recursos. Declarou também que a exploração e o aproveitamento dos mesmos fundos serão feitos em benefício da humanidade em geral, independentemente da situação geográfica dos Estados. A codificação e o desenvolvimento progressivo dos Direitos do Mar contribuirão para o fortalecimento da paz, da segurança, da cooperação e das relações de amizade entre todas as nações, conforme os princípios da justiça e da igualdade de direitos. Promoverão o progresso econômico e social de todos os povos do mundo, de acordo com os propósitos e Princípios enunciados na Carta das Nações Unidas. Entre as diversas condições, a Convenção estabelece que a Soberania do Estado costeiro estende-se além do seu território e de suas águas interiores. No caso de Estado Arquipélago, a soberania vai além de suas águas arquipélagas. Estende-se ao espaço aéreo sobrejacente ao mar território, bem como ao leito e ao subsolo deste mar. A soberania sobre o mar territorial é exercida conforme a presente Convenção e as demais normas de Direito Internacional. O limite do mar territorial é 12 (doze) milhas. Acima deste limite é alto mar, valendo registrar que 1 (uma) milha marítima é equivalente a 1.609 metros. O alto mar está aberto a todos os Estados, quer costeiro quer sem litoral. A liberdade em alto mar é exercida nas condições estabelecidas na presente Convenção e nas demais normas de Direito Internacional.Compreende inter alia, para os Estados, costeiros ou sem litoral, sendo: (a) liberdade de navegação; (b) liberdade de sobrevoo; (c) liberdade de colocar cabos e dutos submarinos; (d) liberdade de construir ilhas artificiais e outras instalações permitidas pelo Direito Internacional; (e) liberdade de pesca; (f) liberdade de investigação científica. 23 3.2. Lei nº. 8.617, de 04 de Janeiro de 1993. A Lei nº. 8.617, de 04 de Janeiro de 1993, dispõe sobre o Mar Territorial, a Zona Contígua, a Zona Econômica Exclusiva, e a Plataforma Continental brasileira, e dá outras providências. Pelo artigo 3º, desta Lei, é considerada Zona Econômica Exclusiva brasileira, uma faixa que se estende das 12 (doze) às 200 (duzentas) milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do Mar Territorial. Para tanto reproduzimos o texto integral da aludida Lei, que se encontra no ANEXO 1, deste Artigo. Registramos alguns conceitos, para melhor do tema. Domínio Marítimo. O Domínio Marítimo do Estado abrange hoje em dia diversas áreas, ou seja, as águas interiores, o Mar Territorial, a Zona Contigua, a Zona Econômica Exclusiva e a Plataforma Continental. Águas Interiores. São as águas aquém da linha de base, a partir da qual o Mar Territorial é determinado de acordo com o Direito Internacional. Ex. Desembocadura do rio no Mar, baias, portos e ancoradouros. Mar Territorial. O Mar Territorial é a faixa de mar que se estende desde a linha de base até uma distância que não deve exceder as 12 (doze) milhas marítimas da Costa e sobre a qual o Estado exerce sua Soberania, com algumas limitações determinadas pelo Direito Internacional. Zona Contigua. A adoção da expressão zona contigua perdeu a sua razão de ser, pois a frase aceita, em 1958, foi “Zona do Alto-Mar contigua ao Mar Territorial” (12 milhas, Convenção sobre o Mar Territorial de 1958). A expressão só se justifica se interpretada como sendo contigua ao Mar Territorial ou a ZEE (Zona Econômica Exclusiva). Zona Econômica Exclusiva (ZEE). A Zona Econômica Exclusiva, ZEE, foi uma das principais inovações contida no art. 55, da Convenção Sobre o Direito do Mar de 1982, que definiu como “uma zona situada além do Mar Territorial (12 milhas) e a este adjacente, sujeita ao regime jurídico estabelecido na presente Parte, segundo a qual, os Direitos e à Jurisdição do Estado Costeiro e os Direitos e Liberdades dos 24 Demais Estados são regidos pelas disposições pertinentes da presente Convenção”. A extensão das ZEE não será superior a 200 (duzentas) milhas. Domínio em Alto-Mar. Com a extensão do mar territorial para 12 (doze) milhas e a adoção da Zona Econômica Exclusiva, ZEE, com 200 (duzentas) milhas, a área de influência do princípio de liberdade dos mares diminuiu consideravelmente, ou seja, diminuiu o Alto-Mar. De qualquer forma, o direito de pesca em Alto-Mar é reconhecido a todos os Estados, e em consequência, aos Estados sem Litoral. O Alto Mar pertence à sociedade internacional. Existe para todos os Estados, liberdade de navegação, sobrevoo, colocação de cabos e dutos submarinos, liberdade de construir ilhas artificiais, a liberdade de pesca, e investigação científica. Deve o Estado combater a pirataria e controlar atividades ilícitas. O Direito de Aproximação. O direito do navio de guerra exigir a exibição de documentação de país suspeito, em casos de pirataria, tráfico de escravos, transmissões não autorizadas, falta de nacionalidade, uso de bandeira falsa. Na hipótese, e uma vez constatado que não há irregularidades, o país que fez a abordagem terá que fundamentar o porquê da interceptação, ou, sendo infundada tal abordagem, terá que indenizar o país ofendido. Já o Direito de perseguição consiste no direito de perseguir até Alto-Mar, o navio estrangeiro que tenha infringido suas leis em Águas Interiores. Plataforma Continental. A denominação provém especialmente de que, segundo dizem os geólogos, os Continentes em muitas regiões, parecem assentar sobre uma espécie de plataforma submersa que se prolonga em declive suave até chegar a uma profundidade de perto de 200 (duzentos) metros, ou aproximadamente 100 (cem) braças ou 600 (seiscentos) pés, daí caindo subitamente para as profundezas abismais. Lacustre. Também chamado de navegação de lacustre, é a que se faz nos Lagos e Lagoas. No Brasil as duas maiores Lagoas naturais são a Mirim e a dos Patos, no Rio Grande do Sul. Porém o Lago de Itaipu é uma lagoa artificial, que está localizada na fronteira entre o Estado do Paraná e Paraguai. O Decreto-Lei nº 1098, de 25/03/1970, que fixava o Mar Territorial do Brasil em 200 (duzentas) milhas, acrescentava no seu art. 2º, que a soberania do Brasil 25 se estendia no espaço aéreo, acima do Mar Territorial, bem como ao leito e subsolo deste mar. Todavia, a Lei nº 8.617, de 04/01/1993, que dispõe sobre o Mar Territorial, a Zona Contígua, a Zona Econômica Exclusiva e a Plataforma Continental brasileiros, e dá outras providências, revogou o Decreto-Lei nº 1098, de 25/03/1970. 3.3. Direito do Mar e o Espaço Aéreo. O Mar está regulado principalmente pelo Direito Consuetudinário. O Estado costeiro pode proibir a entrada de navios estrangeiros, a não ser em casos de navios em perigo. Em geral, os Estados só exercem esse direito por motivos humanitários e comerciais. A questão está no status legal desses navios. A princípio, o Estado soberano pode aplicar e executar suas leis sobre os navios estrangeiros mercantis. No caso de jurisdição criminal, há concorrência entre o Estado da bandeira e o costeiro. Via de regra, o Estado costeiro entrega o caso para o país da bandeira, se o crime cometido não afetar a ordem no seu território. No caso de navios de guerra, este tem que respeitar as leis de navegação e regulamentações sanitárias do Estado Costeiro e só podem entrar com expressa autorização, mas as autoridades locais somente entram na embarcação com a autorização da outra parte, e os membros da tripulação estão imunes à jurisdição criminal local, se os crimes forem cometidos dentro do navio. Assim, a jurisdição do país costeiro é limitada, e no máximo podem ordenar que o navio de guerra deixe o porto de forma imediata. 3.3.1. O Mar Territorial. A Teoria da Contiguidade ou Área Contigua. O princípio define que é as águas marítimas adjacentes são reflexo do espaço terrestre, ou seja, a titularidade do domínio estende-se ao objeto vizinho. Neste caso, é o mar que complementa a terra. A soberania do Estado, nos termos do artigo 2, da Convenção do Mar de 1982, dispõe que esta estende-se ao Mar Territorial, leito e subsolo marítimo. Neste sentido dispõe 26 o art. 2º, da Lei nº 8.617/1993: A soberania do Brasil estende-se ao Mar Territorial, ao espaço aéreo sobrejacente, bem como ao seu leito e subsolo. Não remanescem dúvidas quanto à titularidade do Estado Costeiro, ressalvada a divergência sobre a largura do Mar Territorial. Depois de muitas controvérsias, na Convenção do Mar de 1982, ficou estabelecido que o Estado Costeiro poderia fixar seu mar territorial entre 3 e 12 milhas náuticas. Para fins de exploração econômica, é considerado que a Zona Econômica Exclusiva é de 200 milhas. Não é território do Estado, mas ele terá direitos exclusivos à exploração e gestão de riquezas naturais, biológicas ou não biológicas das águas, fundos marinhos e subsolo. 3.3.2. Direito de Passagem Inocente. A embarcação marítima pode navegar em Mar Territorial sem adentrar em Águas Interiores, ou dirigir-se e sair delas sem prejuízo à paz, à ordem e à segurança,e essa passagem deve ser contínua e rápida, a não ser em casos de força maior. Na Convenção do Mar de 1982 reconheceu-se este direito também par os navios de guerra, sendo, que na atualidade, apenas China requer permissão para sua passagem. No Brasil, esse direito está consagrado no art. 3º, da Lei nº 8.617/1993: É reconhecido aos navios de todas as nacionalidades o direito de passagem inocente no Mar Territorial brasileiro. Entretanto os aviões não gozam do direito de passagem inocente. 3.3.3. O Espaço e o Domínio Aéreo. O Espaço e o Domínio Aéreo. Até o fim só Século XIX, o Direito Internacional era bidimensional, pois ocupava apenas das questões vinculadas ao Domínio Terrestre e ao Domínio Marítimo. Não seria exagero afirmar que, foi graças a Alberto Santos Dumont, considerado o Pai da Aviação, no seu extraordinário feito 27 consistente no voo do bi-plano do 14 Bis, em Paris, em 1906, que o Direito Internacional passou a ser tridimensional, incluindo-se o Domínio Aéreo. A Convenção Internacional Sobre a Aviação Civil, assinada em Chicago, em 07/12/1944, está em plena vigência, e reconhece que o Estado tem completa e exclusiva soberania sobre o espaço aéreo acima de seu território, neste incluindo as áreas territoriais adjacentes, incluídas as ilhas e arquipélagos. A Soberania do Espaço Aéreo. A Soberania do Estado no Espaço Aéreo acima do seu território, não é infinita, já que da altitude de um voo de um avião comercial, estimada em 40.000 (quarenta) mil pés ou 12 km, da terra, e, pela doutrina é considerada como o Espaço Aéreo Internacional a altitude de 100.000 (cem) mil pés ou 35 km da terra, na medida em que, acima desta altitude, localizam-se os Satélites que orbitam no Globo Terrestre, sobre determinados Estados, e estes, não são necessariamente proprietários de tais satélites, vez que tal órbita já se encontra no Espaço Aéreo Internacional. 4. Da Competência e Jurisdição sobre o Direito do Mar. 4.1. A Corte Internacionalde Justiça (CIJ). A Organização das Nações Unidas – ONU proíbe o uso da força, em respeito ao princípio da solução pacífica obrigatória entre os seus membros. Os meios de solução pacífica mencionados na Carta da ONU são os meios diplomáticos, os meios legais e os meios políticos. Os meios diplomáticos destinados a solucionar os conflitos podem ser a negociação, a mediação, e a conciliação internacional entre os Estados e as entidades internacionais. A negociação. Consiste na possibilidade de dois Estados estabelecerem condições para a resolução de um determinado conflito. Da mesma forma que no Direito Interno, os assessores técnicos e jurídicos de cada País envolvido, deverão levar em conta, a posição jurídica do seu país, tanto para pressionar como para ceder nos seus respectivos direitos e ações. Via de regra, não há nenhum mediador, ou um 28 terceiro País que intervenha, o que, em tese, pode levar a um exagero nas condições ou cláusulas do Acordo, principalmente se um dos negociadores é mais forte sob o ponto de vista econômico e político, em relação ao país de menor expressão política. A mediação poderá ocorrer quando existir um país árbitro e que venha a se dispor a solucionar a solução de um conflito entre outros dois países. Ele tomará parte nas negociações e deverá sugerir soluções. O terceiro país mediador deverá gozar de confiança de ambas as partes, e poderá ser chamado para intervir ou participar por iniciativa própria. Caso haja um Acordo resultante da mediação, é possível que o mediador ou mediadores tornem-se garantidores do respectivo Tratado. Exemplo dessa assertiva já ocorreu, quando os EUA exerceram, em várias ocasiões, mediações voluntárias em Camp David Agreement, notadamente entre Egito e Israel, em 1978 ou e entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina - OLP. Nota-se que o país mediador deverá ter influência e a confiança de todos os envolvidos no conflito. A conciliação internacional. A conciliação internacional consiste na criação de uma Comissão Internacional, cuja composição vem previamente estabelecida em um Tratado, para que sejam apurados os fatos e apresentem possíveis soluções a conflito. Tal procedimento reger-se-á de forma confidencial. As partes ou países envolvidos estão livres para acatá-las ou não a decisão conciliatória, em observância de sua soberania. Por exemplo, o mediador pode oferecer novas propostas, quando já foram rejeitadas ou esgotadas outras propostas anteriores. Caso esta não seja aceita, o trabalho da Comissão se encerra, e as suas opiniões legais não podem ser utilizadas em eventuais processos arbitrais ou judiciais. Os Meios Políticos. São as negociações feitas por intermédio das Organizações Internacionais. No sistema da ONU, tanto a Assembleia Geral como o Conselho de Segurança pode discutir e recomendar soluções para solução dos conflitos que ameacem a paz mundial, mesmo sem o consentimento das partes. Devem ser necessariamente questões internacionais, e com potencial para abalar a segurança internacional. Os meios políticos para a solução do conflito pode ser de caráter subjetivo, e ocorre quando há recíprocas acusações entre Estados litigantes. De caráter 29 objetivo, quando tratar-se de conflito que não se definiu, e no qual as partes não estão ainda determinadas a resolvê-los. A principal responsabilidade para a solução política do conflito recai sobre o Conselho de Segurança (CS), devido à sua composição restrita. Esta característica faz com que as decisões sejam mais rápidas e eficazes. O Conselho de Segurança (CS) pode agir por solicitação de uma das partes da controvérsia, ou intervir ex officio. O CS pode usar os mecanismos diplomáticos para tentar resolver o conflito, ou exercer diretamente o seu poder. Neste último caso, o Conselho investiga e impõe uma solução pacífica definitiva. Ainda sob, o prisma dos meios políticos, poderá o Secretário-Geral da ONU, exercer funções diplomáticas, como mandatário da Assembleia Geral- AG ou do Conselho de Segurança - CS, da ONU, ou alertar ao CS, qualquer assunto que considere ameaçador à paz e à segurança internacional. Os Meios Legais. O sistema Judiciário Internacional está representado pela Corte Internacional de Justiça. A Corte Internacional de Justiça (CIJ), com sede em Haia, na Holanda, foi estabelecida pela Carta das Nações Unidas, como principal órgão judiciário das Nações Unidas. Com sede em Haia, na Holanda, tem como competência dirimir os assuntos previstos na Carta das Nações Unidas, bem como as controvérsias de ordem jurídica que tenham por objeto: (a) a interpretação de um Tratado; (b) a existência de qualquer fato, que, se verificado, constituiria violação de um compromisso internacional, e; (c) a natureza ou extensão da reparação devida pela ruptura de um compromisso internacional. De acordo com o art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça – CIJ existe uma relação das fontes do DI: (a) As Convenções Internacionais quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras reconhecidas pelos Estados litigantes; (b) O Costume Internacional, como prova de prática geral aceita como sendo expressão de Direito; (c) Os Princípios Gerais do Direito, reconhecidos pelas Nações civilizadas; e, excepcionalmente; (d) As Decisões Judiciárias e a Doutrina dos Publicistas mais qualificados. 30 Apesar da Corte Internacional de Justiça é a mais importante instância para a solução de conflitos entre os Estados as Instituições Internacionais. Em regra, nos Tribunais dos Estados surgem Acordos, que, muitas vezes, atendem as necessidadesdos Estados envolvidos. Os meios mais desenvolvidos para a solução dos conflitos são a arbitragem e a adjudicação. A Arbitragem pode ser estabelecida desde que ocorra o consentimento das partes litigantes, e pode se dar antes do desenvolvimento do regular processo, ou após, no decurso do processo. A Arbitragem facultativa, quando as partes assinam um compromisso arbitral, onde são definidos o objeto e os critérios do litígio, condição de nomeação dos árbitros, seus poderes, regulamento, e o Direito aplicável. Na Arbitragem Obrigatória, esta pode esta consignada em Tratados, podendo ser uma cláusula especial ou geral. Competência. O próprio árbitro define a competência, por isso esta é considerada ampla. A sentença emitida é motivada, obrigatória, constituindo-se em coisa julgada, não tem efeito erga omnes, pois depende da boa-fé das partes para o seu efetivo cumprimento. Da sentença, caberá recurso, devendo este ser motivado de modo a alcançar a revisão ou modificação da sentença. No recurso, o Estado pode apresentar fato novo, que era desconhecido por ele e pela Corte até o encerramento dos debates. Será declarada nula quando a cláusula arbitral, quando o árbitro exceder seus poderes, ou quando for comprovado que o árbitro tenha agido com parcialidade. A CIJ é composta por 15 (quinze) membros, sendo que não pode haver dois do mesmo país. São membros permanentes os juízes originários dos EUA, Reino Unido da Grã Bretanha, França, China, e Rússia (que representa a antiga URSS), cujos Países integram o Conselho de Segurança (CS) da ONU. Os outros 9 (nove) juízes são rotativos e oriundos dos 193 Países filiados a ONU. O direito de livre passagem pelos estreitos, utilizados como rotas de navegação marítima mercante, militar e de transporte de passageiros, mesmo que situados em Mar Territorial de determinado Estado, sempre foi a prática na navegação internacional, tendo sido reconhecido como um costume internacional aos quais os 31 Estados deveriam dar cumprimento pela Corte Internacional de Justiça - CIJ, em face do julgamento do Caso do Estreito de Corfu no ano de 1949. O Reino Unido da Grã Bretanha e Irlanda do Norte, ingressaram contra o Governo da República Popular da Albânia, pelo fato de que em 22 de outubro de 1946, dois destroyers britânicos colidiram com minas nas águas territoriais da Albânia, no Estreito de Corfu. As explosões causaram danos materiais aos navios e a perda de vida dos tripulantes. Sustentando que havia responsabilidade do Governo Albaniano, visto que o mesmo se encontrava envolvido, estabelecendo correspondência diplomática com Tirana, submeteu-se a matéria ao Conselho de Segurança. Em consequência, o Governo do Reino Unido encaminhou uma petição à Côrte, requerendo uma decisão por entender que o Governo Albaniano era internacionalmente responsável pelas consequências dos incidentes citados e que ela, Albânia devia uma reparação ou pagamento de indenização. No julgamento de 09/04/1949, a Corte Internacional de Justiça, considerou a Albânia culpada, de acordo com as Leis Internacionais pelas explosões que ocorreram em 22 de outubro de 1.946, em águas albanesas, pelos danos causados e perda de vidas humanas do Reino Unido. No mesmo julgamento, o Tribunal decidiu que tinha jurisdição para estipular a quantia de indenização, mas ele não foi capaz de executar tal decisão imediatamente porque algumas informações estavam faltando. Assim, com a questão na CIJ, esta deu parecer favorável ao exercício do direito de passagem por navios, incluindo navios de guerra, independe de autorização do Estado costeiro. Neste sentido, a Corte (CIJ) reconheceu o direito consuetudinário, no qual, a passagem pelos Estreitos Internacionais, independe de autorização previa do Estado costeiro. Esta decisão da Corte Internacional de Justiça influenciou os trabalhos que originaram as Convenções de Genebra sobre Direito do Mar em 1958. A Convenção sobre Mar Territorial e Zona Contígua, no artigo 16°, n°4, disciplina que a passagem inocente de navios estrangeiros, não poderá ser suspensa nos Estreitos que servem à navegação internacional. 32 Assim, foi convocada então a Terceira Conferência das Nações Unidas sobre Direito do Mar − Convenção de 1982, onde é estabelecido o foro adequado para as negociações acerca da liberdade de navegação, da apropriação de Espaços Marítimos por jurisdições nacionais, dos limites à soberania, entre outros. A Convenção foi assinada a partir de um Package Deal (Pacote ou Acordo), que delimitou a largura do Mar Territorial em 12 (doze) milhas náuticas, além de criar as figuras jurídicas dos Estados Arquipélagos e da Zona Econômica Exclusiva - ZEE, a 200 (duzentas) milhas náuticas das linhas de base. Dessa forma, mais de 100 (cem) Estreitos Marítimos, essenciais à navegação internacional, tornaram-se Águas Territoriais, sobre as quais incidia a jurisdição dos Estados, o que poderia resultar em entraves à liberdade de navegação. Assim, por sugestão das potências marítimas, foi incluído nas negociações acerca dos Espaços Marítimos sobre jurisdição nacional também a questão dos Estreitos. A Convenção sobre o Direito do Mar de 1982 regula na Parte III, nos seus artigos 34° ao 45°, os "Estreitos Utilizados para a Navegação Internacional". Já no artigo 34° está estabelecido que a passagem das embarcações pelos Estreitos não afetará o regime jurídico das águas destes Estreitos, o exercício de jurisdição do Estado costeir, bem como o exercício de sua soberania, sobre as águas, espaço aéreo, solo e subsolo. O regime especial de passagem pelos Estreitos Internacionais não afeta qualquer soberania do Estado ribeirinho em relação às regras de tráfego, segurança, exclusividade de exploração, controle de poluição, entre outros regulados nos artigos 40°, 41°, 42° e 43°. O regime jurídico da navegação por Estreitos Internacionais, por se tratar de Águas do Mar Territorial, não poderá excluir também o direito dos Estados costeiros dos Estreitos, de delimitar Águas Interiores, se sua configuração geográfica possui reentrâncias e saliências, sobre os quais a soberania do Estado é ilimitada. 33 O regime jurídico de passagem pelos Estreitos também não afeta o regime das Águas situadas além do Mar Territorial, como as Zonas Econômicas Exclusivas, e nem os regimes especiais regulamentados convencionalmente para a passagem inocente para certos Estreitos. São, por exemplo, o caso dos Estreitos de Gibraltar, cuja Declaração Anglo-Franco-Marroquina de 1904, garante a livre passagem de todos os navios; e a Convenção de Montreux de 1936, que confere à Turquia o controle dos Estreitos de Bósforo e Dardanelos, notadamente, por regular a atividade militar na região, com normas bastante severas em relação à passagem de navios de grande calado. O interesse das grandes potências marítimas no que tange à livre navegação dos Estreitos possui desígnios econômicos, militares e estratégicos. Neste sentido, durante a Convenção do Mar de 1982, ocorreu a disputa entre duas posições claramente delimitadas, no que tange a liberdade de navegação pelos Estreitos Internacionais. A primeira tese, defendida pela grande maioria dos Estados ribeirinhos, interessados na defesa da sua soberania sobre o Mar Territorial e numa política externa ativa em prol da sua segurança e integridade territoriais, preconizou a unidade de regime jurídico para o Mar Territorial e para os Estreitos Internacionais. Ou seja, os Estreitos que constituíssem Mar Territorial de determinado Estado, estariam sujeito às mesmas regras de passagem inocente, do Mar Territorial, como se consagrou, anteriormente, pelaConvenção Sobre Alto Mar de 1958. Noutro giro, aspirada pelas potências marítimas, consistia na diversidade de regimes entre o Mar Territorial e os Estreitos Internacionais. Para aquele, mantinha-se a regra da passagem inocente, enquanto para os Estreitos, aplicar-se-ia o princípio da livre passagem em trânsito, com todas as consequências inerentes. Registre-se por oportuno que existem diferenças entre estas duas passagens. A passagem em trânsito aplica-se a navios e aeronaves, enquanto que a 34 passagem inocente somente a navios. Durante a passagem em trânsito, o navio não poderá ancorar, fundear e a aeronave aterrissar, a não ser em casos de grave perigo, enquanto que na passagem inocente, isto é permitido. Na passagem em trânsito o Estado costeiro não poderá abordar e parar o navio, enquanto na passagem inocente isto é possível em casos em que a embarcação esteja contrariando as leis internas do Estado. A passagem inocente poderá ser suspensa conforme motivos de segurança do Estado costeiro, a passagem em trânsito não. Por localizarem-se em locais estratégicos tanto para o comércio quanto militarmente, os estreitos geram vantagens e desvantagens aos Estados costeiros. A maior desvantagem é a impossibilidade de suspensão da passagem de navios, o que limita a soberania do Estado neste espaço marítimo, podendo o deixar vulnerável quanto a sua segurança. Entretanto, existe a vantagem comercial, uma vez que pode aproveitar-se das facilidades trazidas com a instalação de rotas comerciais. A Convenção Sobre o Direito do Mar de 1982 consagrou então uma dualidade entre as duas teses defendidas, aplicando-se como regra o direito de passagem em trânsito, e, não obstante, mantém-se excepcionalmente o regime de passagem inocente. Nos estreitos que unam o Alto Mar ou Zona Econômica Exclusiva com o Mar Territorial de um Estado estrangeiro. Nos Estreitos formados por uma ilha do próprio Estado ribeirinho e o Continente, se existir rota alternativa e iguais condições hidrográficas e de navegação, pelo lado do Alto Mar ou Zona Econômica Exclusiva. Entretanto, não poderá haver suspensão do regime de passagem inocente pelos Estreitos acima referidos. Esta disposição convencional, restringindo em algumas ocasiões o direito de passagem em transito, foi incluída por sugestão da Albânia, das Filipinas e da Indonésia, para que pudessem abordar os navios em passagem para efeitos de fiscalização. Um exemplo de Estreito em que ficou assegurada somente a passagem inocente é o Estreito de Corfu, situado entre a Ilha de Corfu, pertencente à Grécia, e os territórios continentais da Albânia e Grécia, existindo do lado oposto, uma rota de alto mar. 35 Em relação aos Estreitos Internacionais sobre os quais existem o direito de passagem em trânsito, são aqueles que efetuam a ligação entre uma parte do Alto- Mar ou uma Zona Econômica Exclusiva com outra parte do Alto-Mar, ou, uma Zona Econômica Exclusiva, abrangendo, desta maneira, a maioria absoluta dos Estreitos utilizados para a navegação internacional. Ademais, com a criação dos Estados Arquipélagos, praticamente inexistem como o existiam perante o regime de 1958, Estreitos que interligam duas partes do Alto-Mar. Encontraremos, na maioria absoluta das vezes, Estreitos que conectam duas Zonas Econômicas exclusivas ou uma ZEE e o Alto-Mar, devido ao aumento quantitativo ocorrido com a criação da ZEE e dos Estados Arquipélagos nas áreas submetidas às jurisdições internas dos Estados. Destaque-se, no que se refere aos Canais utilizados na navegação marítima internacional, a Convenção Sobre o Direito do Mar de 1982, não normatizou a sua utilização, ficando sujeitos à aplicação do Direito Interno de cada Estado, à prática internacional e ao Direito Internacional clássico. São exemplos os Canais de Suez, no Egito, ligando o Mar Vermelho ao Mediterrâneo e, em consequência direta, os Oceanos Atlântico e Indico; do Panamá, unindo os Oceanos Atlântico e Pacífico pelo interior da América Central; e de Kiel, na Alemanha, unindo os Mares do Norte e Báltico. 4.1.1. Juiz Brasileiro Integrante da Corte Internacional de Justiça - CIJ. Antônio Augusto Cançado Trindade (1947), mineiro, é um jurista brasileiro membro do Corte Internacional de Justiça, CIJ, com sede em Haia, Holanda, com mandato de 2009 a 2018. Em 1969, graduou-se em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais. Em 1973, tornou-se Mestre em Direito Internacional pela Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Em 1978, titulou-se em Dirteito Internacional, pela mesma Universidade de Cambridge, na Inglaterra. 36 É Professor Titular de Direito Internacional Público na Universidade de Brasília, desde 1978, e também do Instituto Rio Branco, desde 1979. Foi juiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos entre 1994 e 2008, ocupando o cargo de Presidente da Corte entre 1999 e 2004. Em 2003, a Universidad Central do Chile, concedeu-lhe o grau de Doutor Honoris Causa, pela sua excelência profissional e acadêmica. Aos 61 anos, foi eleito juiz da Corte Internacional de Justiça, com o voto de 163 dos 193 Estados membros da Assembleia Geral da ONU. No Conselho de Segurança, Trindade alcançou o apoio de 14 dos 15 membros. Somente os Estados Unidos da América se abstiveram. Foi a maior votação já recebida por um magistrado para integrar a Corte Internacional de Justiça. O Professor Augusto Cançado Trindade substituiu outro brasileiro, o ex- Ministro Francisco Rezek, que foi juiz na Corte Internacional de Justiça no periodo de 1997 a 2006. 4.2. O Tribunal Penal Internacional (TPI). O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional. Pelo Decreto nº 4.388, de 25/09/2002, foi promulgado o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, sendo que sua sede e funcionamento localizam-se em Haia, Holanda. O Tribunal Penal Internacional (TPI) tem como competência julgar os crimes mais graves, que afetam a Comunidade Internacional no seu conjunto, tais como: (a)Crimes de genocídio; (b) Crimes contra a Humanidade; (c) Crimes de guerra; (d) Crimes de agressão. O Tribunal Penal Internacional, constitui-se numa Corte Internacional permanente, acima dos Tribunais Nacionais dos Estados, que tem como propósito investigar e julgar indivíduos e líderes, acusados, que tenham cometido atos que configurem a intenção de destruir, total ou parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, bem como praticar os crimes de guerra e contra a humanidade. 37 Até 2008, 108 Estados já haviam aderido ao Tribunal Penal Internacional. Os Estados Unidos não aceitam o Tribunal, na convicção de que o julgamento dos indivíduos norte-americanos por atos cometidos no exterior fere sua Soberania. Da mesma forma, por razões de Soberania, não aderiram ao TPI, a China e a Rússia. O Julgamento de Slobodan Milosevic pelo TPI. Foi uns dos primeiros julgamentos do TPI, e que teve repercussão em toda a Comunidade Internacional. A Iugoslávia foi cenário da pior guerra na Europa da segunda metade do século XX. O conflito ocorreu entre 1991 e 1995, opondo separatistas eslovenos, croatas, e bósnios, contra os milicianos sérvios, cujo líder era o Ex-Presidente Slobodan Milosevic. Nessa guerra, os massacres ocorridos dos dois lados, considerados de “limpeza étnica”, provocaram milhares de mortes entre civis e militares. Como consequência, a guerra causou a divisão da Federação da Iugoslávia, que desapareceu junto com a ideologia socialista, dando lugar a outros Estados, como novos sujeitos de direito internacional tais como Bósnia Herzegovina, Eslovênia, Croácia, Sérvia, Montenegro e Macedônia.
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