Buscar

Aulas - Contabilidade Pública

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 42 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 42 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 42 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Sumário	
  –	
  Contabilidade	
  Pública	
  
Aula	
  1	
  –	
  Contabilidade	
  Pública	
  e	
  o	
  Campo	
  de	
  Aplicação	
  ............................................	
  2	
  
Aula	
  2	
  –	
  Gestão	
  na	
  Administração	
  Pública	
  .................................................................	
  6	
  
Aula	
  3	
  –	
  Despesa	
  Pública	
  .........................................................................................	
  13	
  
Aula	
  4	
  –	
  Aspectos	
  Introdutórios	
  sobre	
  Contabilidade	
  Pública	
  ..................................	
  25	
  
Aula	
  5	
  –	
  Aspectos	
  Práticos	
  .......................................................................................	
  32	
  
	
  
	
   2	
  
CONTABILIDADE  PÚBLICA  
  
AULA  1  –  CONTABILIDADE  PÚBLICA  E  O  CAMPO  DE  APLICAÇÃO  
  
O  que  é  um  conjunto  de  bens,  direitos  e  obrigações?  
É  o  conjunto  de  bens,  direitos  e  obrigações,  vinculados  a  uma  pessoa  física  ou  
jurídica,  constituindo  um  patrimônio  desde  que  seja  observado  dois  aspectos:  
•   Sejam   componentes   de   um   conjunto   que   possua   conteúdo   econômico  
avaliados  em  moeda;;  
•   Exista   interdependência   dos   elementos   componentes   e   vinculação   do  
conjunto  a  uma  entidade  que  vise  alcançar  determinados  fins.  
Os  Bens  Públicos  são  aqueles  cujo  o  Estado  adquire  e  que  deve  administrar  e  
conservar.   O   patrimônio   do   Estado   como   objeto   da   gestão   patrimonial   é   o  
conjunto  de  bens,  valores,  créditos  e  obrigações.  
A   administração   pública   também   assume   compromissos   (obrigações)   com  
terceiros,  mediante  obtenção  de  empréstimos,  a   longo  ou  curto  prazo.  Essas  
obrigações  são  denominadas  de  Dívida  Pública.  
O  Código  Civil  Brasileiro  diz  que  são  considerados  bens  públicos,  os  seguintes  
itens  abaixo:  
•   Bens  de  Uso  Comum  do  Povo:  também  chamados  de  bens  de  domínio  
público,  pois  são  colocados  à  disposição  do  povo  de   forma  gratuita  ou  
remunerada,  conforme  dispuser  legislação  específica.  O  que  caracteriza  
esse  bem  é  que  são  destinados  ao  uso  direto  e  imediato  da  coletividade.  
Exemplo:  Naturais:  mares,   baias,   enseadas,   rios,   praias,   lagoas,   etc.   /  
Artificiais:  ruas,  praça,  avenidas,  etc.  
•   Bens  de  Uso  Especial:  são  denominados  por  estarem  a  serviço  público  
e  constituírem  uma  utilidade  pública,  sempre  dependente  de  interferência  
de   pessoas   que   administram   o   serviço   público.   Podem   ser   ou   não  
alienáveis.   Caso   o   imóvel   esteja   sendo   usado   para   uma   determinada  
finalidade,  ele  será   inalienável.  Porém,  se  a  repartição  fechar,  o   imóvel  
passa   a   ser   alienável.   Ex.:   Edifícios   ou   Terrenos   utilizados   pelas  
repartições  ou  estabelecimentos  públicos.  
	
   3	
  
•   Bens  Dominicais:  são  os  que  constitui  o  patrimônio  público  ou  domínio  
público,   com   características   diferentes,   pois   podem   ser   utilizados   para  
qualquer  fim,  ou  mesmo  alienados  se  a  administração  julgar  conveniente.  
Ex.:   bens  móveis,   imóveis   e   de   natureza   industrial,   e   a   discriminação  
usual  de  cada  um  desses  grupos.  
  
Sistema  Orçamentário:  evidencia  o  registro  contábil  da  receita  e  despesa,  
de  acordo  com  as  especificações  constantes  dos  Créditos  Adicionais,  assim  
como   o   montante   dos   créditos   orçamentários   vigentes,   a   despesa  
empenhada   e   a   despesa   realizada,   a   conta   dos   mesmos   créditos   e   as  
dotações  disponíveis,  ou  seja,  no  final  do  exercício,  apresenta  os  resultados  
comparativos  entre  a  previsão  e  a  execução  orçamentária.  
As   principais   características   de   ordem   legal   e   técnica   do   sistema  
orçamentário  são:  
•   Registro  das  estimativas  da  receita,  com  base  na  Lei  Orçamentária;;  
•   Registro  das  despesas  autorizadas,  com  base  na  Lei  Orçamentária;;  
•   Baixa   da   receita   arrecadada,   controlando   a   posição   da   receita  
prevista;;  
•   Controle   da   despesa   empenhada,   mediante   dedução   do   valor   dos  
créditos  disponíveis;;  
•   Apuração  das  despesas  empenhadas  que  serão  inscritas  em  Resto  a  
Pagar;;  
•   Apuração   da   receita   lançada,   cuja   não   arrecadação   ensejará   a  
inscrição  em  Dívida  Ativa.  
As  contas  típicas  são:  créditos  disponíveis,  receita  prevista,  orçamento  da  
despesa,   orçamento   da   receita,   execução   da   despesa,   receita   lançada,  
despesa  empenhada,  execução  da  receita  e  despesa  liquidada.  
  
Sistema   Financeiro:   engloba   todas   as   operações   que   resultam   débitos   e  
créditos  de  natureza  financeira,  não  só  das  compreendidas,  como  também  das  
não  compreendidas  na  execução  orçamentária,  que  serão  objeto  de  registro  e  
controle   contábil.   No   final   do   exercício,   é   apresentado   o   resultado   financeiro  
apurado.  
	
   4	
  
As  principais  características  de  ordem  legal  e  técnica  do  sistema  financeiro  são:  
•   Registro  dos  ingressos,  tanto  orçamentários  como  extraorçamentário;;  
•   Registro  dos  desembolsos,  tanto  orçamentários  como  extraorçamentário;;  
•   Encerramento   das   contas   orçamentárias   de   receita   e   despesa,   com  
transferência   ao   sistema   patrimonial   para   apuração   do   resultado  
econômico  do  exercício;;  
•   Transferência   para   o   sistema   patrimonial   das   contas   de   natureza  
patrimonial.  
As  contas   típicas  são:  Caixa,  Restos  a  Pagar,  Bancos  e  Correspondentes,  
Processados,   Cheques   Emitidos,   Não   Processados,   Bancos   com  
Arrecadação,   Depósito   de   Diversas   Origens,   Agentes   Arrecadadores,  
Serviço   da   Dívida   a   Pagar,   Diversos   Responsáveis,   Consignações,  
Despesa  Realizada  e  Receita  Arrecadada.  
  
Sistema   Patrimonial:   registra   analiticamente   todos   os   bens   de   caráter  
permanente,   com   indicação   dos   elementos   necessários   para   a   perfeita  
caracterização  de  cada  um  deles  e  dos  agentes  responsáveis  pela  sua  guarda  e  
administração,  bem  como  mantém  registro  sintético  dos  bens  móveis  e  imóveis.  
As  alterações  da  situação   líquida  patrimonial  que  abrangem  os   resultados  da  
execução   orçamentária,   assim   como   as   variações   independentes   dessa  
execução   e   as   superveniências   passivas   e   ativas   constituirão   elementos   do  
sistema   patrimonial.   No   final   do   exercício,   será   apresentado   o   resultado   da  
gestão  econômica.  
As  principais  características  de  ordem  legal  e  técnica  do  sistema  patrimonial  são:  
•   Registro  do  Ativo  Permanente  e  Passivo  Permanente  do  Estado;;  
•   Controle  dos  bens  e  valores  do  Estado,  inclusive  bens  de  terceiros  que  
estejam  de  posse  do  Estado;;  
•   Acompanhamento   físico   dos   bens,   direitos   e   obrigações   por   força   de  
inventário  que  valide  os  registros  efetuados;;  
•   Identificação   da   movimentação   do   patrimônio   e   suas   origens,   sejam  
decorrentes  ou  não  da  execução  orçamentária.  
As   contas   típicas   são:   Dívida   Fundada   Interna,   Bens   do   Estado,   Dívida  
Fundada   Externa,   Créditos   Fiscais   Inscritos,   outras   Dívidas   de   Longo  
	
   5	
  
Prazo,  Almoxarifados,  Patrimônio  Líquido,  Variações  Passivas,  ResultadoPatrimonial  do  Exercício  e  Variações  Ativas.  
  
Sistema  de  Compensação:  registra  e  movimenta  as  contas  representativas  de  
direitos   e   obrigações,   geralmente   decorrentes   de   contratos,   convênios   ou  
ajustes.   Muito   embora   seja   um   sistema   escriturado   com   elaboração   de  
balancetes,   mensais   independentes,   a   Lei   n°4.320/64   o   considerou,  
simplesmente,  como  contas  de  compensação  e,  quando   forem  elaborados  os  
balanços,   no   final   do   exercício,   os   saldos   de   suas   contas   serão   incluídos   no  
balanço  de  sistema  patrimonial.  
As   contas   típicas   são:  Valores   de   Terceiros   (caução,   fiança),   Valores   em  
Poder   de   Terceiros   (títulos),   responsáveis   por   Adiantamentos   e   Bens  
cedidos  a  Terceiros.  
  
Conceito  de  Contabilidade  Pública:  é   uma  especialização   da   contabilidade  
voltada  para  o  estudo  e  análise  dos  atos  e  fatos  que  ocorrem  na  Administração  
Pública.  
  
Campo  de  Aplicação:   é  o  das  pessoas   jurídicas  de  Direito  Público  –  União,  
Estados,  Municípios,  DF  e  suas  autarquias  –  bem  como  de  algumas  entidades  
vinculadas  –  Fundações,  Empresas  Públicas  e  Sociedade  de  Economia  Mista  –  
quando  utilizam  recursos  à  conta  do  Orçamento  Público.  
A  LRF  ratifica  o  campo  de  aplicação  da  Contabilidade  Pública  ao  incluir  todos  os  
órgãos  que  dependem  do  orçamento  fiscal  e  da  seguridade  social,  inclusive  as  
empresas  dependentes.  (art.  2,  III,  LRF).  
O  objeto  de  qualquer  contabilidade  é  o  patrimônio.  O  da  Contabilidade  Pública  é  
o   Patrimônio   Público,   excetuando   os   bens   públicos   de   uso   comum   (mares,  
praças,  ruas,  avenidas,  etc.)  
O  objetivo  é  fornecer  informações  atualizadas  e  exatas:  
•   À  administração  para  subsidiar  as  tomadas  de  decisões;;  
•   Aos   órgãos   de   controle   interno   e   externo   para   o   cumprimento   das  
legislações;;  
•   Às  instituições  governamentais  e  particulares  (informações  estatísticas  e  
outras  de  interesse  dessas  instituições).  
	
   6	
  
Doutrinalmente,   por   imposição   do   art.   35,   da   Lei   4320/64,   foi   consagrado   o  
regime  contábil  misto,  que  disciplina  o  seguinte:  
“Art.  35.  Pertencem  ao  exercício  financeiro:  
I  –  as  receitas  nele  arrecadadas;;  
II  –  as  despesas  nele  legalmente  empenhadas.”  
a)   Por  essa  doutrina,  devem  pertencer  ao  exercício  financeiro  “as  receitas  
nele  arrecadadas”,  isto  quer  dizer  que,  em  relação  ao  regime  contábil  de  
escrituração,  devemos  utilizar  o  regime  de  caixa,  pois  só  deve  considerar  
a  receita  que  for  efetivamente  arrecadada  no  exercício.  
b)   Devem  pertencer  ao  exercício   financeiro   “as  despesas  nele   legalmente  
empenhadas”,   o   que   em   termos   de   escrituração   contábil,   trata-­se   do  
regime   de   competência,   uma   vez   que   a   despesa   é   atribuída   ao  
exercício,  de  acordo  com  a  sua  real  incidência,  ou  seja,  de  acordo  com  a  
data  do  fato  gerador.  
  
AULA  2  –  GESTÃO  NA  ADMINISTRAÇÃO  PÚBLICA  
  
Os  princípios  são  premissas,   linhas  norteadoras  de  ação  a  serem  observadas  
na   concepção  da  proposta  orçamentária.  Os  princípios  mais   conhecidos   são:  
Anualidade,   Unidade   e   Universalidade,   Exclusividade,   Equilíbrio,  
Especificação,  Publicidade,  Clareza.  
  
Execução   Orçamentária:   é   um   conjunto   de   procedimentos   adotados   pela  
administração   governamental   para   que   sejam   alcançadas   as   metas  
estabelecidas,  uma  vez  que  é  nesse  estágio  do  ciclo  orçamentário  que  se  realiza  
efetivamente   a   atividade   financeira   do   Estado.   Para   realizar   essa   atividade  
financeira,  o  governo  dispõe  de  duas  fontes:  créditos  orçamentários  e  créditos  
adicionais.  
•   Créditos  Orçamentários:  são  aqueles  aprovados  pelo  Legislativo  na  lei  
do   orçamento   e   provêm   de   recursos   do   tesouro   nacional   e   de   outras  
fontes.    
•   Créditos   Adicionais:   são   aqueles   concedidos   quando,   durante   a  
execução   do   orçamento,   houver   necessidade   de   retificá-­lo   quer   por  
	
   7	
  
insuficiência   de   recursos   ou   para   atender   a   situações   não   previstas  
quando  da  sua  elaboração  (art.  40  da  lei  4.320/64).  
Os   créditos   adicionais   podem   ser   subdivididos   em   créditos  
suplementares,  especiais  e  extraordinários.  
a)   Suplementares:   são   os   destinados   a   reforço   de   dotação.   Ex.:  
pagamento  de  pessoal,  despesa  de  custeio.  
b)   Especiais:  são  aqueles  destinados  a  despesas  para  as  quais  não  
haja  dotação  orçamentária  específica.  
c)   Extraordinários:   são   aqueles   destinados   para   realização   de  
despesas  urgentes  e  imprevisíveis,  em  caso  de  guerra,  calamidade  
pública.  
Os  créditos  suplementares  e  especiais  são  autorizados  por  Lei,  aprovada  
pelo  Poder  Legislativo,  e  abertos  através  de  Decreto  do  Poder  Executivo.  
    
Os  créditos  suplementares  podem  ser  autorizados  na  própria  lei  orçamentária  
até  determinada  importância,  o  que  usualmente  é  feito  em  termos  percentuais,  
e   tal   autorização   não   fere   o   princípio   da   exclusividade,   pois   não   se   trata   de  
matéria   estranha   ao   orçamento.   Quando   concedidos   incorporam-­se   ao  
orçamento  adicionando-­se  à  dotação  orçamentária  a  que  se  destinou  o  reforço.  
Os   créditos   extraordinários,   pela   sua   característica   de   urgência   e  
imprevisibilidade,  são  abertos  por  Decreto  do  Executivo,  independente  de  prévia  
autorização  do  Legislativo.  
Os  créditos  especiais  e  extraordinários,  se  abertos  nos  últimos  quatro  meses  
antes  do  encerramento  do  exercício,  terão  vigência  até  o  exercício  seguinte  ou  
até  cessarem  as  causas  que  provocaram  a  sua  abertura,  porém  incorporando-­
se  ao  orçamento  financeiro  (CF/88,  art  167  §  2°).  Outra  característica  importante  
desses  créditos  é  que  quando  autorizados  apresentam  as  respectivas  despesas  
realizadas  separadamente  das  previstas  no  orçamento.  
A  fim  de  não  prejudicar  o  equilíbrio  do  orçamento  em  execução,  a  lei  determina  
que   cada   solicitação  de   crédito   adicional   seja   acompanhada  da   indicação  de  
recursos  hábeis  desde  que  não  comprometidos  (art.  43,  §  1°da  lei  4.320/64).  
São  os  recursos  hábeis:  
I  -­  O  superávit  financeiro  apurado  em  balanço  patrimonial  do  exercício  anterior;;  
II  -­  Os  provenientes  de  excesso  de  arrecadação;;  
	
   8	
  
III  -­  Os  resultantes  da  anulação  parcial  ou  total  de  dotações  orçamentárias  
ou  de  créditos  adicionais  autorizados  em  lei;;  
IV  -­  O  produto  de  operações  de  crédito  autorizadas,  juridicamente,  possibilita  
ao  Poder  Executivo  realizá-­las.  
  
Superávit  Financeiro:  é  a  diferença  positiva  entre  o  ativo  e  o  passivo  financeiro.  
É  o  recurso  mais  legítimo  para  se  abrir  créditos  adicionais.  Superávit  financeiro  
representa  dinheiro  em  caixa,  disponível,  proveniente  de  receita  realizada  maior  
que  a  despesa,  em  exercícios  anteriores.  
Excesso  de  Arrecadação:  é  o  saldo  positivo  das  diferenças  acumuladas  mês  a  
mês,   entre   a   arrecadação   prevista   e   a   realizada,   considerando-­se   ainda   a  
tendência  do  exercício.  
Anulação   Parcial   ou   Total   de   DotaçõesOrçamentárias   e   de   Créditos  
Adicionais:  este  recurso  é  válido  apesar  da  necessidade  de  ser  evitado,  já  que  
um  orçamento  bem  planejado  impossibilitaria  a  anulação  de  dotações.  
Operações   de   Crédito:   este   recurso   é   pernicioso,   pois   aumenta   a   despesa  
correspondente  à  dotação  orçamentária  suplementada,  aumenta  a  despesa  da  
operação   de   crédito   (juros,   despesas   administrativas),   além   de   endividar   o  
patrimônio  público.  
  
Receitas   Públicas:   são   entradas   que   se   incorporam   de   forma   definitiva   ao  
patrimônio.  Correspondem  ao  ingresso  que,  integrando-­se  ao  patrimônio  público  
sem   quaisquer   reservas,   condições   ou   correspondência   no   passivo,   vem  
acrescentar  seu  vulto  como  elemento  novo  e  positivo.  
As  receitas  podem  ser  divididas  quanto  a  sua  natureza  em:  
•   Orçamentária:   é   consignada   na   Lei   do   Orçamento   e   aplicada   na  
realização   dos   gastos   públicos.   Será   classificada   pelas   seguintes  
categorias  econômicas:  Receitas  Correntes  e  Receitas  de  Capital.  
a)   Receitas  Correntes:  São  basicamente  as  que  não  provenham  da  
alienação  de  um  bem  de  capital,  não  estejam,  na  lei,  definidas  
como  de  capital  e  estejam  por  ato  do  poder  público  vinculadas  a  
uma  despesa  corrente.  
b)   Receitas  de  Capital:  São  as  que  provêm  da  alienação  de  um  
bem  de  capital,  definidas  como  operações  de  capital,  recebimento  
	
   9	
  
das  amortizações  de  empréstimos  concedidos  e  as  que  estejam,  
por  ato  do  poder  público,  vinculadas  a  uma  operação  de  capital.  
•   Extraorçamentária:   é   aquela   que   não   integra   o   orçamento   público.  
Compreende   os   recolhimentos   feitos   e   que   constituirão   compromissos  
exigíveis,   cujo   pagamento   independe   de   autorização   orçamentária   e,  
portanto,  independe  de  autorização  legislativa.  Por  conseguinte,  o  Estado  
é  obrigado  a  arrecadar  valores  que,  em  princípio,  não  lhe  pertencem.  O  
Estado  figura  apenas  como  depositário  dos  valores  que  ingressam  a  esse  
título,   como,   por   exemplo:   as   cauções,   as   fianças,   as   consignações   e  
outras.   As   cauções,   as   fianças   e   os   depósitos   efetuados   em   títulos,  
apólice   ou   outro   valor   diferente   da   moeda   nacional   corrente   serão  
classificados   em   contas   de   compensação,   não   sendo,   nestes   casos,  
considerados  receitas  extraorçamentárias.  
  
Ingresso   Público:   são   as   entradas   que   são   restituíveis   no   futuro,   pois   são  
simples  movimentos  de   fundos.  Correspondem  a   todas  as  quantias  recebidas  
pelos  cofres  públicos.  
  
As  receitas  públicas  possuem  outros  aspectos  de  classificação,  tais  como:  
•   Quanto   ao   poder   de   tributar:   a   receita   é   dividida   conforme   a  
discriminação  constitucional  das  rendas  em:  
a)   Federal:  quando  de  competência  da  União;;  
b)   Estadual:  quando  de  competência  dos  Estados;;  
c)   Municipal:  quando  de  competência  dos  Municípios.  
•   Quanto  a  coercitividade:  
a)   Originária:   proveniente   de   bens   pertencentes   ao   patrimônio   do  
Estado,   é   a   receita   segundo   a   qual   os   recursos   ou   meios  
financeiros  são  obtidos  por  meio  da  cobrança  de  preço  pela  venda  
de  bens  e  serviços.  Neste  caso,  o  Estado  funciona  como  particular  
mediante  a  exploração  de  atividades  privadas.  
b)   Derivada:  receita  proveniente  do  exercício  da  competência  ou  do  
poder  de  tributar  os  rendimentos  ou  o  patrimônio  da  coletividade.  
É  caracterizada  pelo  constrangimento  legal  para  sua  arrecadação.  
Soberania  do  Estado.  
	
   10	
  
•   Quanto  a  Mutação  Patrimonial:  
a)   Efetiva:  são  aquelas  que,  sem  quaisquer  reservas,  condições  ou  
correspondência   no   passivo,   integram-­se   ao   patrimônio   público,  
como   elemento   novo   e   positivo   e,   deste   modo,   aumentam   o  
patrimônio  líquido.  Ex.:  Receitas  Correntes.  
b)   Mutações  Patrimoniais:  são  aquelas  oriundas  de  mutações  que  
nada   acrescem   ao   patrimônio   líquido,   constituindo   simples  
entradas   ou   alterações   compensatórias   nos   elementos   que   o  
compõem.  Ex.:  Receitas  de  Capital.  
•   Quanto  a  regularidade:  
a)   Ordinária:   são   aquelas   com   características   de   continuidade,   ou  
seja,  representam  ingressos  permanentes  e  estáveis  ao  Tesouro,  
servindo-­lhe  de  fonte  perene  de  recursos,  pela  regularidade  na  sua  
arrecadação.  Ex.:  ICMS,  IPTU,  IPVA,  IPI.  
b)   Extraordinária:  são  aquelas  sem  características  de  continuidade,  
ou   seja,   as   que   representam   ingressos   de   caráter   acidental   de  
natureza   transitória,   ou   pelo   menos,   inconstante.   Ex.:   doações,  
impostos  lançados  por  motivo  de  guerra.  
  
Estágios   da   Receita   Pública:   São   etapas   consubstanciadas   nas   ações  
desenvolvidas   e   percorridas   pelos   órgãos   e   repartições   encarregados   de  
executá-­las.  São  4  estágios:  
•   Previsão:  indica  a  expectativa  da  receita  por  parte  da  Fazenda  Pública  e  
configura   o   que   se   pretende   arrecadar   no   exercício   financeiro   com   o  
objetivo   de   custear   os   serviços   públicos   programados   para   o   mesmo  
período.  A  previsão  ocorrerá  mediante  organização  das  estimativas  que  
poderão  ser  realizadas  de  acordo  com  os  seguintes  métodos:  
a)   Método  das  médias   trienais:   é   condenado  pelos   especialistas,  
uma   vez   que   seu   uso   traz   grande   desequilíbrio   nas   previsões,  
principalmente   quando   ocorre   um   crescimento   contínuo   na  
arrecadação   efetiva,   pois   a   base   da  média   trienal   anterior   seria  
falsa  e  aquém  das  reais  possibilidades  da  fazenda  pública.  
	
   11	
  
b)   Método  automático:  é  o  que  determina  que  a  estimativa  não  pode  
exceder  a  quantia  arrecadada  no  exercício  anterior  e,  por  isso,  sua  
aplicação  deixa  muito  a  desejar.  
c)   Método  direto:  é  aquele  segundo  o  qual  a  estimativa  é  efetuada  
em  torno  das  várias  circunstâncias  que  tenham  influído  ou  venham  
a  influir  numa  melhor  arrecadação.    
d)   Método   das  majorações:   é   o   que   leva   em   conta   a  média   dos  
excedentes   das   arrecadações   dos   três   ou   cinco   últimos   anos,  
bastante  falho.  
e)   Método  da  extrapolação:  é  apoiado  na  estatística  e  no  princípio  
de   que   a   frequência   de   um   fato   no   passado   é   de   provável  
ocorrência  no  futuro.  
•   Lançamentos:   É   o   ato   da   repartição   competente   que   verifica   a  
procedência  do  crédito  fiscal  e  a  pessoa  que  lhe  é  devedora,  e  inscreve  o  
débito   desta.  A   Lei   n°   4.320/64  especifica   unicamente   como  objeto   de  
lançamento   os   impostos   diretos   e   quaisquer   outras   rendas   com  
vencimento  determinado  em   lei,   regulamento  ou   contrato.  Pelo  Código  
Tributário   Nacional,   não   somente   os   impostos   diretos   são   objetos   de  
lançamento,   como   também   os   indiretos,   além   das   taxas   e   das  
contribuições  de  melhoria.  As  modalidades  de  lançamentos  é  que  variam,  
de   acordo   com   as   características   de   cada   um   desses   tributos.   Os  
lançamentos   são   compostos   das   fases   de   determinação   de   matéria  
tributável,  cálculo  dos  impostos,   identificaçãodo  obrigado  e  notificação.  
Existem   três  modalidades   de   lançamento:   o   direto,   o   indireto,   e   o   por  
declaração.  
a)   Lançamento   direto:   é   o   lançamento   feito   unilateralmente   pela  
autoridade   administrativa,   sem   intervenção   do   contribuinte.   Ex.:  
IPTU.  
b)   Lançamento   por   homologação:   também   chamado   indireto   ou  
autolançamento,  é  o  lançamento  feito  pelo  próprio  contribuinte,  e  
apenas   posteriormente   verificado   pela   autoridade   pública.   Ex.:  
ICMS.  
c)   Lançamento   por   declaração:   é   o   lançamento   feito   pela  
autoridade   administrativa,   com   a   colaboração   do   próprio  
	
   12	
  
contribuinte  ou  de  uma  terceira  pessoa  obrigada  por  lei  a  prestar  
informações   sobre   a   matéria   de   fato   indispensável   à   sua  
efetivação.  Ex.:  IRPF,  IRPJ.  
•   Arrecadação:   É   o   ato   em   que   são   pagos   os   tributos   ou   as   diversas  
receitas   ao   agente   arrecadador.   Agentes   arrecadadores   classificam-­se  
em   dois   grupos:   agentes   públicos,   que   são   as   próprias   repartições   do  
Governo   com   atribuições   legais   para   arrecadar   receitas   públicas,  
exemplos:   as   tesourarias,   as   delegacias   fiscais,   alfândegas   e   agentes  
privados,   que   são   os   bancos   autorizados   investidos   das   mesmas  
atribuições  conferidas  aos  agentes  públicos.  
•   Recolhimento:  É   o   fato   que   se   relaciona   com   a   entrega   dos   valores  
arrecadados   pelos   agentes   arrecadadores   ao   Tesouro   Público.   Só  
através  do  recolhimento,  em  conta  específica,  é  que  se  pode  dizer  que  os  
recursos  estarão  efetivamente  disponíveis  para  utilização  pelos  gestores  
financeiros,  de  acordo  com  a  programação  que  for  estabelecida.  E,  neste  
momento,  é  que  se  verifica  o  princípio  de  unidade  de  caixa.  
  
Outras  Receitas  Públicas:    
•   Receita   da  Dívida  Ativa:   constitui-­se   nos   créditos   da  Fazenda  Pública,  
tributários  ou  não,  que  não  são  pagos  no  vencimento,  são   inscritos  em  
registro   próprio,   após   apurada   sua   liquidez   e   certeza,   de   acordo   com  
legislação  específica.  Podem  ser  divididas  em  tributária  e  não  tributária.  
a)   Dívida  Ativa   Tributária:  é   o   crédito   da   Fazenda  Pública   dessa  
natureza,   proveniente   de   obrigação   legal   relativa   a   tributos   e  
respectivos  adicionais  e  multas.  
b)   Dívida  Ativa  Não  Tributária:  são  os  demais  créditos  da  Fazenda  
Pública,  tais  como  os  provenientes  de  empréstimos  compulsórios,  
contribuições  estabelecidas  em  lei,  multas  de  qualquer  origem  ou  
natureza,  exceto  as  tributárias,  foros,  laudêmios,  aluguéis  ou  taxas  
de   ocupação,   custas   processuais,   preços   de   serviços   prestados  
por   estabelecimentos   públicos,   indenizações,   reposições,  
restituições,  alcance  dos  responsáveis  definitivamente  julgados  e  
outras   obrigações   legais.   Sua   inscrição   é   considerada  
extraorçamentária   e   movimenta   só   o   balanço   patrimonial;;   seu  
	
   13	
  
recebimento   é   considerado   orçamentário   e   movimenta   os   três  
sistemas.  
  
AULA  3  –  DESPESA  PÚBLICA  
  
“Dispêndio”,  “gasto”  ou  “desembolso”  são  palavras  utilizadas,  normalmente,  para  
caracterizar   as   importâncias   que   saem   dos   cofres   públicos.   Entretanto,   nem  
todas  essas  saídas  podem  ser  consideradas  como  despesa  pública.  
José   Carlos   Marion   nos   ensina   que   “todo   dinheiro   que   sai   do   caixa   pelo  
pagamento   de   uma   despesa   ou   por   outra   aplicação   qualquer   denomina-­se  
desembolso  ou  desencaixe”.    
Os  recursos  que  saem  dos  cofres  públicos  e  que  não  representam  uma  despesa  
são  aqueles  que  não  são  aplicados  no  custeio  das  necessidades  públicas,  pois  
se  destinam  ao  pagamento  de  obrigações  que  estavam  integradas  no  passivo.  
Essas  saídas  são  denominadas  desembolsos  extra  orçamentários,  não  constam  
da   lei   do   orçamento   e   consistem,   basicamente,   na   devolução   de   valores  
decorrentes  de   ingressos  extra  orçamentários,   tais  como:  depósitos,  cauções,  
consignações,  pagamento  de  Restos  a  Pagar  etc.  
Os   desembolsos   extra   orçamentários   ocorrem  porque  o  Estado  é   obrigado  a  
arrecadar  recursos  que,  em  princípio,  não  lhe  pertencem.  
  
Despesa  –  Enfoque  Patrimonial:    
“Despesa”  é  um  termo  utilizado  mundialmente  pela  contabilidade  para  evidenciar  
a   variação  negativa  da  situação   líquida  patrimonial,   resultante  da   redução  de  
ativos   ou   do   aumento   de   passivos   de   uma   entidade.   Tecnicamente,   uma  
despesa  representa  uma  Variação  Patrimonial  Diminutiva  —  VPD.  
Conceito  —  é  dado  a  partir  da  Resolução  do  Conselho  Federal  de  Contabilidade  
nº  1.121,  de  28  de  março  de  2008,  que  dispõe  sobre  a  estrutura  conceitual  para  
a  elaboração  e  apresentação  das  demonstrações  contábeis.  
De   acordo   com   a   resolução,   as   despesas   são   decréscimos   nos   benefícios  
econômicos  durante  o  período  contábil,  sob  a   forma  de  saída  de   recursos  ou  
redução  de  ativos  ou  incremento  em  passivos,  que  resultem  em  decréscimo  do  
patrimônio  líquido  e  que  não  sejam  provenientes  de  distribuição  aos  proprietários  
da  entidade.  
	
   14	
  
  
Momento  de  reconhecimento  da  despesa  sob  o  enfoque  patrimonial  —  A  
NBCT  16.5,  que  trata  dos  registros  contábeis,  estabelece  que  “As  transações  no  
setor  público  devem  ser  reconhecidas  e  registradas  integralmente  no  momento  
em  que  ocorrerem”.  O  que  se  alinha  com  os  princípios  da  Oportunidade  e  da  
Competência,  que  estabelecem  que  despesa  deve  ser  registrada  no  instante  em  
que  ocorre  o  fato  gerador,  independentemente  da  data  do  pagamento.    
A  Contabilidade  Aplicada  ao  Setor  Público,  como  ramo  da  Ciência  Contábil,  deve  
observar  os  Princípios  de  Contabilidade.  
A  Resolução  CFC  nº  1.111/2007,  ao  aprovar  o  Apêndice  II  da  Resolução  CFC  
nº   750/1993,   proporcionou   um   maior   esclarecimento   sobre   o   conteúdo   e   a  
abrangência  dos  Princípios  de  Contabilidade  sob  a  perspectiva  do  Setor  Público,  
dentre  os  quais  destacamos  os  princípios  da  Oportunidade  e  da  Competência.  
  
Despesa  –  Enfoque  Orçamentário:  
Orçamento  público  é  um  importante  instrumento  de  planejamento,  que  apresenta  
o  fluxo  previsto  de  ingressos  e  de  aplicação  de  recursos  para  o  período  de  um  
ano.  
Conceito:  
Baleeiro  (2003)  confere  dois  diferentes  conceitos  à  despesa  pública:    
•  “Em  primeiro  lugar,  designa  o  conjunto  dos  dispêndios  do  Estado,  ou  de  outra  
pessoa  de  Direito  público,  para  o  funcionamento  dos  serviços  públicos”;;  
•   “...   é   a   aplicação   de   certa   quantia   em   dinheiro,   por   parte   da   autoridade   ou  
agente   público   competente,   dentro   de   uma   autorização   legislativa,   para  
execução  de  um  fim  a  cargo  do  governo”.  
Para  Lima  (2007),  “Define-­se  despesa  pública  como  o  conjunto  de  dispêndios  da  
entidade   governamental   para   o   funcionamento   dos   serviços   públicos.   Nesse  
sentido,  como  parte  do  orçamento,  a  despesa  compreende  as  autorizações  para  
gastos  com  as  várias  atribuições  e  funções  governamentais.      
Em   outras   palavras,as   despesas   públicas   correspondem   à   distribuição   e   ao  
emprego   das   receitas   para   o   custeio   de   diferentes   setores   da   entidade  
governamental  e  para  os  investimentos”.  
  
  
	
   15	
  
Momento  de  reconhecimento  da  despesa  sob  o  enfoque  orçamentário:  
Na  Contabilidade  Pública,  a  despesa  é  reconhecida  pelo  regime  de  competência,  
nos  termos  estabelecidos  no  art.  35  da  Lei  nº  4320/1964.  
“Art.  35.  Pertencem  ao  exercício  financeiro:  
...  
II  —  as  despesas  nele  legalmente  empenhadas”.  
  
O   art.   35   da   Lei   nº   4320/1964   leva   em   conta   os   princípios   da   legalidade   da  
despesa  e  da  anualidade  do  orçamento.  Portanto,  para  que  a  despesa  pública  
seja   legítima   e   pertença   ao   exercício,   é   preciso   que,   além   da   emissão   do  
empenho,   ela   esteja   autorizada   na   lei   orçamentária   e   tenha   como   base  
compromisso   decorrente   de   lei,   contrato,   convênio,   acordo,   ajuste   etc.,  
devidamente  formalizado  e  em  execução.  
Quando   a   despesa   orçamentária   é   reconhecida,   pode   ocorrer   redução   da  
situação  líquida  patrimonial  da  entidade,  conforme  ela  seja  efetiva  ou  não  efetiva.  
  
Classificação  da  Despesa  Orçamentária:  
São   variadas   as   formas   de   classificação   da   despesa   orçamentária   pública.  
Vamos   dividi-­las   em   três   grupos.   O   primeiro,   referente   às   classificações  
meramente   acadêmicas,   o   segundo,   referente   aos   aspectos   qualitativos,   e   o  
terceiro,  referente  aos  aspectos  quantitativos.  
  
  
  
	
   16	
  
  
I.   Classificações  acadêmicas  da  despesa  orçamentária:  
Academicamente,   a   despesa   pública   pode   ser   classificada   segundo   a  
afetação  patrimonial,  a  competência  e  a  regularidade.  
1.   Quanto  à  afetação  patrimonial,  a  despesa  orçamentária  pode  ou  não  
provocar   variação   na   situação   patrimonial   líquida,   sendo   classificada  
como  efetiva  ou  não  efetiva,  respectivamente.    
•  Despesa  Orçamentária  Efetiva  —   aquela   que,   no  momento   do   seu  
reconhecimento,  reduz  a  situação  líquida  patrimonial  da  entidade.  Constitui  
fato  contábil  modificativo  diminutivo;;  
•   Despesa   Orçamentária   Não   Efetiva   —   aquela   que   não   altera   a  
situação   líquida   patrimonial   no   momento   do   seu   reconhecimento,  
constituindo  fato  contábil  permutativo.  
  
2.   Quanto  à  competência  político-­institucional,  para  realizar  a  despesa,  
ela  pode  ser  federal,  estadual,  municipal  ou  distrital.  
  
3.   Quanto   à   regularidade,   as   despesas   podem   ser   ordinárias,   assim  
entendidas  aquelas  que  são  previstas  e  realizadas  de  forma  regular,  ou  
extraordinárias,  aquelas  que  ocorrem  de  forma  imprevista.  
  
II.   Classificação  Qualitativa  da  Despesa  Orçamentária:  
  
Sob   o   aspecto   qualitativo,   a   despesa   pode   ser   classificada   de   quatro  
formas:  
Por  esfera  orçamentária;;  
Por  entidade  executora  —  Institucional;;  
Por  área  de  realização  —  Funcional;;  
Por  programa  de  trabalho  —  Programática.  
  
1.   Classificação  da  despesa  por  esfera  orçamentária    
A   esfera   tem   por   finalidade   identificar   se   a   despesa   pertence   ao  Orçamento  
Fiscal,   da   Seguridade   Social   ou   de   Investimento   das   Empresas   Estatais,  
conforme  disposto  no  §  5º  do  art.  165  da  CF/88.    
	
   17	
  
Orçamento  Fiscal  —  referente  aos  Poderes  da  União,  seus  fundos,  órgãos  e  
entidades  da  administração  direta  e   indireta,   inclusive   fundações   instituídas  e  
mantidas  pelo  Poder  Público.    
Orçamento  da  Seguridade  Social  —  abrange  todas  as  entidades  e  órgãos  a  
ela   vinculados,   da   administração   direta   ou   indireta,   bem   como   os   fundos   e  
fundações  instituídos  e  mantidos  pelo  Poder  Público.    
Orçamento   de   Investimento  —   orçamento   das   empresas   em   que   a   União,  
direta  ou  indiretamente,  detenha  a  maioria  do  capital  social  com  direito  a  voto.  
Classificação  institucional  da  despesa    
  
2.   A  classificação  institucional    
Reflete   as   estruturas   organizacional   e   administrativa.   Em   nível   federal,   essa  
estrutura  compreende  dois  níveis  hierárquicos:  órgão  orçamentário  e  unidade  
orçamentária  (UO).  O  código  da  classificação  institucional  compõe-­se  de  cinco  
dígitos,  sendo  os  dois  primeiros  reservados  à  identificação  do  órgão  e  os  demais  
à   UO.   Um   órgão   ou   uma   UO   não   correspondem,   necessariamente,   a   uma  
estrutura  administrativa,  como  ocorre,  por  exemplo,  com  alguns  fundos  especiais  
e   com   as   entidades   Transferências   a   Estados,   Distrito   Federal   e  Municípios,  
Encargos  Financeiros  da  União,  Operações  Oficiais  de  Crédito,  Refinanciamento  
da  Dívida  Pública  Mobiliária  Federal  e  Reserva  de  Contingência.    
  
3.   Classificação  funcional  da  despesa    
A  atual  classificação  funcional  é  composta  de  um  rol  de  funções  e  subfunções  
que   servem   como   agregador   dos   gastos   públicos   por   área   de   ação  
governamental   nos   três   níveis   de   Governo.   Trata-­se   de   uma   classificação  
independente  dos  programas  e  de  aplicação  comum  e  obrigatória,  no  âmbito  dos  
Municípios,   dos   Estados,   do   Distrito   Federal   e   da   União,   o   que   permite   a  
consolidação  nacional  dos  gastos  do  setor  público.    
A   classificação   funcional   é   representada   por   cinco   dígitos,   sendo   os   dois  
primeiros   relativos   às   funções   e   os   três   últimos   às   subfunções.   A   função  
representa  o  maior  nível  de  agregação  das  diversas  áreas  de  atuação  do  setor  
público  e  reflete  a  competência  institucional  do  órgão.  Há  situações  em  que  o  
órgão  pode  ter  mais  de  uma  função  típica,  considerando  que  sua  atuação  pode  
envolver  mais   de   uma   área   de   despesa.   Atualmente,   existem   28   funções.   A  
	
   18	
  
subfunção  representa  um  nível  de  agregação  imediatamente  inferior  à  função  e  
deve  evidenciar  a  natureza  da  atuação  governamental,  sendo  possível  relacionar  
uma  subfunção  a  outras  funções,  diferentes  daquela  a  qual  está  originalmente  
relacionada.  Atualmente,  existem  109  subfunções.    
  
4.   Classificação  programática  da  despesa    
A   atuação   do   Governo   está   estruturada   em   programas   orientados   para   a  
realização  dos  objetivos  estratégicos,  definidos  para  o  período  de  quatro  anos,  
durante  os  quais  vigora  o  Plano  Plurianual  —  PPA.  Essa  visão  estratégica  indica,  
em   termos  gerais,   os   grandes  desafios   para   o   alcance  dessa  nova   realidade  
desejada   para   o   País   e   estabelece   as   diretrizes   de   atuação   que   são  
implementadas  através  do  programa  de  trabalho  do  governo,  formatado  dentro  
de   uma   estrutura   programática   que   tem   dois   níveis:   programas   e   ações  
orçamentárias.  Os  programas  podem  ser  de  dois  tipos:    
Programas   Temáticos   —   são   aqueles   que   expressam   e   orientam   a   ação  
governamental  para  a  entrega  de  bens  e  serviços  à  sociedade;;    
Programas  de  Gestão,  Manutenção  e  Serviços  ao  Estado  —  são  aqueles  que  
expressam  e  orientam  as  ações  destinadas  ao  apoio,  à  gestão  e  à  manutenção  
da  atuaçãogovernamental.    
  
As   ações   orçamentárias   das   quais   resultam  produtos   (bens   ou   serviços)   que  
contribuem  para  atender  ao  objetivo  de  um  programa.  Incluem-­se,  também,  no  
conceito   de  ação,   as   despesas  decorrentes   de   transferências   obrigatórias   ou  
voluntárias  a  outros  entes  da  Federação  e  a  pessoas  físicas  e  jurídicas,  na  forma  
de   subsídios,   subvenções,   auxílios,   contribuições,   entre   outros,   e   os  
financiamentos.  Uma  ação  orçamentária  pode  ser  um  projeto,  uma  atividade  ou  
uma  operação  especial.    
Projeto  —  Instrumento  de  programação  utilizado  para  alcançar  o  objetivo  de  um  
programa,  envolvendo  um  conjunto  de  operações,  limitadas  no  tempo,  das  quais  
resulta  um  produto  que  concorre  para  a  expansão  ou  o  aperfeiçoamento  da  ação  
de   governo.   Exemplo:   ação   7M64   —Construção   de   Trecho   Rodoviário   —  
Entroncamento  BR-­472  —  Fronteira  Brasil/Argentina  —  na  BR-­468  (MTO  2014).    
Atividade  —  Instrumento  de  programação  utilizado  para  alcançar  o  objetivo  de  
um  programa,  envolvendo  um  conjunto  de  operações  que  se  realizam  de  modo  
	
   19	
  
contínuo  e  permanente,  das  quais  resulta  um  produto  ou  serviço  necessário  à  
manutenção   da   ação   de   Governo.   Exemplo:   ação   4339   —   Qualificação   da  
Regulação  e  Fiscalização  da  Saúde  Suplementar  (MTO  2014).    
Operação   Especial   —   Despesas   que   não   contribuem   para   a   manutenção,  
expansão  ou  aperfeiçoamento  das  ações  de  governo,  das  quais  não  resulta  um  
produto  e  não  geram  contraprestação  direta  sob  a  forma  de  bens  ou  serviços.  
Exemplo:  ação  0284  —  Amortização  e  Encargos  de  Financiamento  da  Dívida  
Contratual  Externa  (MTO  2014).  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
III.   Classificação  Quantitativa  Orçamentária:  
	
  
Sob  o  aspecto  quantitativo,  a  despesa  pode  ser  classificada  de  duas  formas:  
  
•   Por  natureza,  também  conhecida  como  classificação  econômica;;  
•   Por  indicador  de  resultado  primário.  
  
1.   Classificação  por  natureza  da  despesa  (econômica)    
Os  artigos  12  e  13  da  Lei  nº  4.320/1964  tratam  da  classificação  da  despesa  por  
categoria   econômica   e   elemento,   e   o   art.   8º   estabelece   que   os   itens   da  
discriminação  da  despesa  serão  identificados  por  números  de  código  decimal,  
na  forma  do  respectivo  Anexo  IV,  consubstanciados,  atualmente,  no  Anexo  II  da  
Portaria  Interministerial  STN/SOF  nº  163,  de  2001.  O  conjunto  de  informações  
que  formam  o  código  é  conhecido  como  classificação  por  natureza  da  despesa  
e   informa  a   categoria   econômica  da  despesa,   o   grupo  a   que  ela   pertence,   a  
	
   20	
  
modalidade  de  aplicação  e  o  elemento,  formando  um  código  composto  por  oito  
algarismos.  
1º  Nível  –  Categoria  Econômica:  A  despesa  é  classificada  em  duas  categorias  
econômicas,  com  os  seguintes  códigos:    
(3)  —  Despesas  Correntes:  as  que  não  contribuem  diretamente  para  a  formação  
ou  aquisição  de  um  bem  de  capital;;    
(4)  —  Despesas  de  Capital:  as  que  contribuem  diretamente  para  a  formação  ou  
aquisição  de  um  bem  de  capital.    
2º  Nível  –  Grupo  de  Natureza  da  Despesa  (GND):  É  um  agregador  de  elemento  
de  despesa  com  as  mesmas  características  quanto  ao  objeto  de  gasto.    
3º  Nível  –  Modalidade  de  Aplicação:   Indica   se  os   recursos   serão  aplicados  
mediante   transferência   financeira,   inclusive   a   decorrente   de   descentralização  
orçamentária   para   outros   níveis   de   Governo,   seus   órgãos   ou   entidades,   ou,  
diretamente  para  entidades  privadas  sem  fins  lucrativos  e  outras  instituições.  Ou,  
então,  diretamente  pela  unidade  detentora  do  crédito  orçamentário,  ou  por  outro  
órgão   ou   entidade   no   âmbito   do  mesmo  nível   de  Governo.  A  modalidade   de  
aplicação   objetiva,   principalmente,   eliminar   a   dupla   contagem   dos   recursos  
transferidos  ou  descentralizados.    
4º  Nível  –  Elemento  de  Despesa:  Tem  por  finalidade  identificar  os  objetos  de  
gasto,   tais   como   vencimentos   e   vantagens   fixas,   juros,   diárias,   material   de  
consumo,   serviços   de   terceiros   prestados   sob   qualquer   forma,   subvenções  
sociais,   obras   e   instalações,   equipamentos   e   material   permanente,   auxílios,  
amortização  e  outros  que  a  Administração  Pública  utiliza  para  a  consecução  de  
seus  fins.  Os  códigos  dos  elementos  de  despesa  estão  definidos  no  Anexo  II  da  
Portaria  Interministerial  STN/SOF  nº  163,  de  2001.    
5º  Nível   –   Item  de  Despesa:   Este   nível   de   detalhamento   não   é   utilizado   na  
programação  orçamentária.  Sua  aplicação  ocorre  na  ocasião  da  apropriação  da  
despesa.    
  
2.   Classificação  da  despesa  por  indicador  de  resultado  primário    
O   identificador   de   resultado   primário   visa   a   permitir   a   apuração   do   resultado  
primário   previsto   na   Lei   de   Diretrizes   Orçamentárias   (LDO),   devendo   ser  
especificado  na  respectiva  lei  orçamentária  anual  em  todos  os  Grupos  Natureza  
	
   21	
  
de   Despesa,   de   acordo   com   a  metodologia   de   cálculo   das   necessidades   de  
financiamento,  cujo  demonstrativo  constará  anexo  à  LOA.    
  
Estágios  de  execução  da  despesa  pública    
A  execução  orçamentária  da  despesa  pública  passa  por  alguns  estágios,   em  
conformidade  com  a  Lei  nº  4.320/1964  e  com  a  Lei  Complementar  nº  101/2000  
(Lei  de  Responsabilidade  Fiscal).    
•   Fixação:  decorre  do  processo  de  planejamento  e  é  materializada  através  
das  dotações  orçamentárias  autorizadas  na  lei  orçamentária  anual  (LOA).  
Segundo  a  LC  nº  101/00,  a  despesa  é  fixada  na  LOA;;    
•   Empenho:  conforme  Lei  nº  4.320/1964,  Art.  58,  o  empenho  de  despesa  
é   o   ato   emanado   de   autoridade   competente   que   cria   para   o   Estado  
obrigação  de  pagamento  pendente  ou  não  de  implemento  de  condição.  O  
empenho  da  despesa  não  pode  exceder  o  limite  dos  créditos  concedidos  
através  da  LOA.  Existem  três  modalidades  de  empenho:    
I.   Ordinário:  utilizado  quando  o  poder  Público  já  tem  conhecimento  
do  montante  a  ser  pago  em  parcela  única;;    
II.   Global:  o  montante  da  dívida  é  conhecido,  mas  seu  pagamento  
será  feito  parceladamente;;  
III.   Por   estimativa:   quando   o   valor   não   pode   ser   previamente  
determinado;;    
  
•   Liquidação:  conforme  Lei  nº  4.320/1964,  art.  63,  a  liquidação  da  despesa  
consiste  na  verificação  do  direito  adquirido  pelo  credor,  tendo  por  base  os  
títulos   e   documentos   comprobatórios   do   respectivo   crédito,   e   tem   por  
objetivo  apurar:    
I.   A  origem  e  o  objeto  do  que  se  deve  pagar;;    
II.   A  importância  exata  a  pagar;;    
III.   A  quem  se  deve  pagar  a  importância  para  extinguir  a  obrigação;;    
  
•   Pagamento:  o  pagamento  consiste  na  entrega  de  numerário  ao  credor  
por  meio  de  cheque  nominativo,   ordens  de  pagamentos  ou  crédito  em  
conta,  e  só  pode  ser  feito  após  a  regular  liquidação  da  despesa.  
  
	
   22	
  
Tipos  Especiais  de  Despesas:  
  
ü   Restos  a  Pagar:    
  
Conceito   -­   Restos   a   Pagar   sãoas   despesas   empenhadas,  mas   não   pagas,  
dentro  do  exercício  financeiro,  ou  seja,  até  31  de  dezembro  (art.  36  da  Lei  no  
4.320/64  e   67   do  Decreto   no   93.872/86).  Quando  o   pagamento   deixa   de   ser  
efetuado  no  próprio  exercício,  procede-­se,  então,  à  inscrição  em  Restos  a  Pagar.  
    
O  conceito  de  Restos  a  Pagar  está   ligado  aos  Estágios  da  Despesa  Pública,  
representados  pelo  Empenho,  Liquidação  e  Pagamento.  
    
O  art.  35  do  Decreto  n°  93.872/86,  determina  que  o  “empenho  de  despesa  não  
liquidada   será   considerado   anulado   em   31   de   dezembro,   para   todos   os   fins,  
salvo  quando:  
I.   Vigente   o   prazo   estabelecido   para   cumprimento   da   obrigação  
assumida  pelo  credor;;  
II.   Vencido  o  prazo  para  cumprimento  da  obrigação,  esteja  em  curso  a  
liquidação   da   despesa,   e   é   de   interesse   da   Administração   exigir   o  
cumprimento  da  obrigação  assumida  pelo  credor;;  
III.   Destinar-­se  a  transferências  a  instituições  públicas  ou  privadas;;  
IV.   Corresponder  a  compromisso  assumido  no  exterior.  
  
  
Conforme  a  sua  natureza,  os  “restos  a  pagar”  podem  ser  classificados  em:  
  
•   Processados  —  são  as  despesas  referentes  a  obrigações  já  cumpridas  
pelo  credor,  isto  é,  entregou  o  material,  prestou  os  serviços  ou  executou  
a   etapa   da   obra,   dentro   do   exercício,   tendo,   portanto,   direito   líquido   e  
certo,  faltando,  apenas,  o  pagamento;;  
  
•   Não   processados   —   são   as   despesas   que   ainda   dependem   da  
prestação  do  serviço  ou  do  fornecimento  do  material,  ou  seja,  despesas  
cujo  direito  do  credor  não  foi  apurado.  Representam,  portanto,  despesas  
ainda  não  liquidadas.  
  
	
   23	
  
ü   Suprimento  de  Fundos  
  
Suprimento  de  Fundos  é  a  denominação  dada  à  despesa  realizada  em  regime  
de  adiantamento,  que  é  aplicável  aos  casos  especiais,  expressamente  definidos  
em   lei.   Consiste   na   entrega   de   numerário   a   servidor,   para   realização   de  
despesas  que  não  possam  subordinar-­se  ao  processo  normal  de  aplicação  —  
excepcionalidade  —  sob  inteira  responsabilidade  do  ordenador  de  despesa.  
  
Casos  de  Aplicação  do  Suprimento  de  Fundos  
•   Para  atender  despesas  eventuais,  inclusive  em  viagem,  e  com  serviços  
especiais  que  exijam  pronto  pagamento  em  espécie;;  
•   Para  atender  despesas  em  caráter  sigiloso,  conforme  se  classifica  em  
regulamento;;  
•   Para   atender   despesas   de   pequeno   vulto,   assim   entendidas   aquelas  
cujo   valor,   em   cada   caso,   não   ultrapassar   limites   estabelecidos   pela  
Portaria  MF  nº  95,  de  19/04/2002.  
  
Ato  de  Concessão  do  Suprimento:  
•   Regra:  Cartão  de  Pagamento  do  Governo  Federal  —  CPGF.    
•   Exceção:   Depósito   em   conta   corrente   nos   casos   em   que   não   seja  
possível  utilizar  o  CPGF.  
A  concessão  de  suprimento  de  fundos  deverá  respeitar  os  estágios  da  despesa  
pública:   empenho,   liquidação   e   pagamento.   E   tem   seu   valor   limitado   pela  
legislação.  
  
ü   Despesas  de  Exercícios  Anteriores:  
  
Conceito   -­   são   despesas   de   exercícios   encerrados,   às   quais   o   orçamento  
respectivo   consignava   crédito   próprio,   com   saldo   suficiente   para   atendê-­las.  
Despesas  que  não  se  tenham  processado  na  época  própria,  bem  como  os  restos  
a  pagar  com  prescrição  interrompida  e  os  compromissos  reconhecidos  após  o  
encerramento  do  exercício  correspondente,  conforme  estabelecido  no  art.  37  da  
Lei  nº  4.320/1964.    
O   reconhecimento  da  dívida  a   ser   paga,   a   conta  de  Despesas  de  Exercícios  
Anteriores,  cabe  à  autoridade  competente  empenhá-­la.    
	
   24	
  
De  acordo  com  o  §  2º  do  Art.  22  do  Decreto  93.872/86,  considera-­se:  
    
•   Despesas  que  não  tenham  sido  empenhadas  em  época  própria  —  aquelas  
cujo   empenho   tenha   sido   considerado   insubsistente   e   anulado   no  
encerramento   do   exercício   correspondente,   mas   que,   dentro   do   prazo  
estabelecido,  o  credor  tenha  cumprido  com  a  sua  obrigação;;  
•   Restos  a  Pagar  com  prescrição  interrompida  —  a  despesa  cuja  inscrição  em  
Restos  a  Pagar  tenha  sido  cancelada,  mas  em  relação  à  qual  ainda  vige  o  
direito  do  credor;;  
•   Compromisso  reconhecido  após  o  encerramento  do  exercício  —  a  obrigação  
de  pagamento  criada  em  virtude  de  lei,  mas  somente  reconhecido  o  direito  
do  reclamante  após  o  encerramento  do  exercício  correspondente.  
  
Limites  de  gastos  com  pessoal  estabelecidos  pela  Lei  de  Responsabilidade  
Fiscal  —  LRF:  
O  principal  objetivo  da  Lei  de  Responsabilidade  Fiscal,  de  acordo  com  o  caput  
do  art.  1º,  consiste  em  estabelecer  “normas  de  finanças  públicas  voltadas  para  
a  responsabilidade  na  gestão  fiscal”.  
  
Responsabilidade  na  gestão  fiscal  
Por  sua  vez,  o  parágrafo  primeiro  desse  mesmo  artigo  procura  definir  o  que  se  
entende  como  “responsabilidade  na  gestão  fiscal”,  estabelecendo  os  seguintes  
postulados:    
•   Ação  planejada  e  transparente;;  
•   Prevenção  de  riscos  e  correção  de  desvios  que  afetem  o  equilíbrio  das  
contas  públicas;;  
•   Garantia  de  equilíbrio  nas  contas,  via  cumprimento  de  metas  de  
resultados  entre  receitas  e  despesas,  com  limites  e  condições  para  a  
renúncia  de  receita  e  a  geração  de  despesas  com  pessoal,  seguridade,  
dívida,  operações  de  crédito,  concessão  de  garantia  e  inscrição  em  
Restos  a  Pagar.  
  
  
	
   25	
  
Despesas  de  pessoal  
A  LRF  estabelece  limites  máximos  de  gastos  com  pessoal  e  limites  mínimos  de  
gastos  com  Educação  e  Saúde.  
  
De  acordo  com  a  LRF,  entende-­se  como  despesas  de  pessoal:    
•   Somatório  dos  gastos  do  ente  da  Federação  com  os  ativos;;  
•   Despesas  com  inativos  e  pensionistas;;  
•   Mandatos  eletivos,  cargos,  funções  ou  empregos  civis,  militares  e  de  
membros  de  Poder,  com  quaisquer  espécies  remuneratórias;;  
•   Vencimentos  e  vantagens,  fixas  e  variáveis;;  
•   Subsídios,  proventos  de  aposentadoria;;  
•   Reformas  e  pensões;;  
•   Adicionais  de  qualquer  natureza;;  
•   Gratificações,  horas  extras  e  vantagens  pessoais;;  
•   Encargos  sociais;;  
•   Contribuições  recolhidas  pelo  ente  às  entidades  de  previdência.  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
AULA  4  –  ASPECTOS  INTRODUTÓRIOS  SOBRE  CONTABILIDADE  
PÚBLICA  
	
  
A  NBC  T  16.1,  aprovada  pela  Resolução  CFC  nº  1.128/08,  conceitua  e  define  o  
objeto,  o  objetivo  e  o  campo  de  aplicação  da  Contabilidade  Aplicada  ao  Setor  
Público:  
  
	
   26	
  
Conceito  de  Contabilidade  Pública  ―  NBC  T  16.1:  
Contabilidade  Aplicada  ao  Setor  Público  é  o  ramo  da  Ciência  Contábil  que  aplica,  
no  processo  gerador  de  informações,  os  Princípios  de  Contabilidade  e  as  normas  
contábeis  direcionados  ao  controle  patrimonial  de  entidades  do  setor  público.  
  
Objeto  da  Contabilidade  Pública  ―  NBC  T  16.1    
O  objeto  da  Contabilidade  Aplicada  ao  Setor  Público  é  o  patrimônio  público.  
  
Objetivo  da  Contabilidade  Pública  ―  NBC  T  16.1  
O  objetivo  da  ContabilidadeAplicada  ao  Setor  Público  é  fornecer  aos  usuários:  
•   Informações  sobre  os  resultados  alcançados  e  os  aspectos  de  natureza  
orçamentária,  econômica,  financeira  e  física  do  patrimônio  da  entidade  do  
setor   público   e   suas   mutações,   em   apoio   ao   processo   de   tomada   de  
decisão;;    
•   A  adequada  prestação  de  contas;;    
•   O  necessário  suporte  para  a  instrumentalização  do  controle  social.  
  
Função  Social  da  Contabilidade  Pública  ―  NBC  T  16.1  
A   função   social   da   Contabilidade   Aplicada   ao   Setor   Público   deve   refletir,  
sistematicamente,  o  ciclo  da  administração  pública  para  evidenciar  informações  
necessárias  à  tomada  de  decisões,  à  prestação  de  contas  e  à  instrumentalização  
do  controle  social.  
  
Campo  de  Aplicação  da  Contabilidade  Pública  ―  NBC  T  16.1  
O  campo  de  aplicação  da  Contabilidade  Aplicada  ao  Setor  Público  abrange  todas  
as  entidades  do  setor  público.  Elas  devem  observar  as  normas  e  as   técnicas  
próprias  da  Contabilidade  Aplicada  ao  Setor  Público,  considerando-­se  o  seguinte  
escopo:    
•   Integralmente,   as   entidades   governamentais,   os   serviços   sociais   e   os  
conselhos  profissionais;;  
•   Parcialmente,   as   demais   entidades   do   setor   público,   para   garantir  
procedimentos  suficientes  de  prestação  de  contas  e   instrumentalização  
do  controle  social.  
	
   27	
  
  
  
Regime  contábil  
Regime  contábil  é  um  procedimento  que  estabelece  as  regras  para  classificação  
e  registro  das  variações  ou  alterações  patrimoniais  (fatos  contábeis).  Os  regimes  
contábeis  podem  ser:  
a)   Regime   de   caixa:   estabelece   que   as   receitas   sejam   reconhecidas   no  
momento  do  efetivo  ingresso  dos  recursos  financeiros  e  as  despesas  no  
momento  da  efetiva  saída  dos  recursos  financeiros;;  
b)   Regime   de   competência:   estabelece   que   as   receitas   e   as   despesas  
sejam  reconhecidas  no  momento  em  que  ocorrerem  os  seus  respectivos  
fatos   geradores,   independentemente   do   ingresso   ou   da   saída   dos  
recursos  financeiros;;  
c)   Regime  misto:  mescla  o  regime  de  caixa  e  o  regime  de  competência,  ou  
seja,   estabelece   que   as   receitas   sejam   reconhecidas   no   momento   do  
efetivo  ingresso  dos  recursos  financeiros  e  as  despesas  no  momento  em  
que   ocorrerem   os   respectivos   fatos   geradores,   independentemente   do  
ingresso  dos  recursos  financeiros.  
  
Princípios  de  Contabilidade  sob  a  perspectiva  do  Setor  Público  
O  CFC,  com  base  no  Decreto-­Lei  nº  9.295,  de  27/05/1946,  com  as  alterações  
introduzidas  pela  Lei  nº  12.249/2010,  edita  resoluções  que  visam  a  disciplinar  as  
Normas  Brasileiras  de  Contabilidade  e  regular  os  Princípios  de  Contabilidade.  
O  Apêndice  II  da  Resolução  CFC  nº  750/93,  aprovado  pela  Resolução  CFC  nº  
1111/07,   trata   dos   Princípios   de   Contabilidade   sob   a   perspectiva   do   Setor  
Público  e,  na  sua  introdução,  traz  o  seguinte  enunciado:  
	
   28	
  
“O   ponto   de   partida   para   qualquer   área   do   conhecimento   humano   deve   ser  
sempre  os  princípios  que  a  sustentam.  Esses  princípios  espelham  a  ideologia  de  
determinado   sistema,   seus   postulados   básicos   e   seus   fins.   Vale   dizer,   os  
princípios  são  eleitos  como  fundamentos  e  qualificações  essenciais  da  ordem  
que  institui.  
Os  princípios  possuem  o  condão  de  declarar  e  consolidar  os  altos  valores  da  
vida  humana  e,  por  isso,  são  considerados  pedras  angulares  e  vigas-­mestras  do  
sistema”.  
Segundo  o  CFC,  são  seis  os  Princípios  de  contabilidade.  
  
Princípio  da  Entidade  
Art.   4º   O   Princípio   da   entidade   reconhece   o   Patrimônio   como   objeto   da  
Contabilidade  e  afirma  a  autonomia  patrimonial,  a  necessidade  da  diferenciação  
de   um   Patrimônio   particular   no   universo   dos   patrimônios   existentes,  
independentemente  de  pertencer  a  uma  pessoa,  a  um  conjunto  de  pessoas,  a  
uma  sociedade  ou  a  uma  instituição  de  qualquer  natureza  ou  finalidade,  com  ou  
sem   fins   lucrativos.   Por   consequência,   nesta   acepção,   o   patrimônio   não   se  
confunde  com  aqueles  dos  seus  sócios  ou  proprietários,  no  caso  de  sociedade  
ou  instituição.  
Parágrafo   único.   O   patrimônio   pertence   à   entidade,   mas   a   recíproca   não   é  
verdadeira.   A   soma   ou   a   agregação   contábil   de   patrimônios   autônomos   não  
resulta   em   nova   entidade,   mas   em   uma   unidade   de   natureza   econômico-­
contábil.  
  
•   Perspectivas  do  Setor  Público  
O   Princípio   da   Entidade   se   afirma,   para   o   ente   público,   pela   autonomia   e  
responsabilização  do  patrimônio  a  ele  pertencente.  
A   autonomia   patrimonial   tem   origem   na   destinação   social   do   patrimônio   e   a  
responsabilização  pela  obrigatoriedade  da  prestação  de  contas  pelos  agentes  
públicos.  
Princípio  da  Continuidade  
Art.  5º  O  Princípio  da  Continuidade  pressupõe  que  a  Entidade  continuará  em  
operação   no   futuro   e,   portanto,   a   mensuração   e   a   apresentação   dos  
componentes  do  patrimônio  levam  em  conta  essa  circunstância.  
	
   29	
  
  
•   Perspectivas  do  Setor  Público  
No   âmbito   da   entidade   pública,   a   continuidade   está   vinculada   ao   estrito  
cumprimento  da  destinação  social  do  seu  patrimônio,  ou  seja,  a  continuidade  da  
entidade  se  dá  enquanto  perdurar  sua  finalidade.  
  
Princípio  da  Oportunidade  
Art.   6º  O  Princípio   da  Oportunidade   refere-­se   ao   processo   de  mensuração   e  
apresentação  dos  componentes  patrimoniais  para  produzir  informações  íntegras  
e  tempestivas.  
Parágrafo   único.   A   falta   de   integridade   e   tempestividade   na   produção   e   na  
divulgação  da   informação  contábil  pode  ocasionar  a  perda  de  sua   relevância,  
por  isso  é  necessário  ponderar  a  relação  entre  a  oportunidade  e  a  confiabilidade  
da  informação.  
  
•   Perspectivas  do  Setor  Público  
O   Princípio   da   Oportunidade   é   base   indispensável   à   integridade   e   à  
fidedignidade  dos  processos  de  reconhecimento,  mensuração  e  evidenciação  da  
informação   contábil,   dos   atos   e   dos   fatos   que   afetam   ou   possam   afetar   o  
patrimônio   da   entidade   pública,   observadas   as   Normas   Brasileiras   de  
Contabilidade  aplicadas  ao  Setor  Público.  
A  integridade  e  a  fidedignidade  dizem  respeito  à  necessidade  de  as  variações  
serem  reconhecidas  na  sua  totalidade,  independentemente  do  cumprimento  das  
formalidades  legais  para  sua  ocorrência,  visando  ao  completo  atendimento  da  
essência  sobre  a  forma.  
  
Princípio  do  Registro  pelo  Valor  Original  
Art.  7º  O  Princípio  do  Registro  pelo  Valor  Original  determina  que  os  componentes  
do  patrimônio  devem  ser,   inicialmente,   registrados  pelos  valores  originais  das  
transações,  expressos  em  moeda  nacional”.  
  
•   Perspectivas  do  Setor  Público  
Nos  registros  dos  atos  e  fatos  contábeis,  será  considerado  o  valor  original  dos  
componentes  patrimoniais.  
	
   30	
  
Valor  Original,  que,  ao  longo  do  tempo,  não  se  confunde  com  o  custo  histórico,  
corresponde   ao   valor   resultantede   consensos   de   mensuração   com   agentes  
internos  ou  externos,  com  base  em  valores  de  entrada  ―  a  exemplo  de  custo  
histórico,   custo   histórico   corrigido   e   custo   corrente;;   ou   valores   de   saída  ―  a  
exemplo  de  valor  de  liquidação,  valor  de  realização,  valor  presente  do  fluxo  de  
benefício  do  ativo  e  valor  justo.  
  
Princípio  da  Competência  
Art.  9º  O  Princípio  da  Competência  determina  que  os  efeitos  das  transações  e  
outros   eventos   sejam   reconhecidos   nos   períodos   a   que   se   referem,  
independentemente  do  recebimento  ou  pagamento.  
Parágrafo  único.  O  Princípio  da  Competência  pressupõe  a  simultaneidade  da  
confrontação  de  receitas  e  de  despesas  correlatas.  
  
•   Perspectivas  do  Setor  Público  
O  Princípio  da  Competência  aplica-­se,  integralmente,  ao  Setor  Público.    
  
Princípio  da  Prudência  
Art.  10º  O  Princípio  da  Prudência  determina  a  adoção  do  menor  valor  para  os  
componentes  do  ativo  e  do  maior  para  os  do  passivo,  sempre  que  se  apresentem  
alternativas  igualmente  válidas  para  a  quantificação  das  mutações  patrimoniais  
que  alterem  o  patrimônio  líquido.  
Parágrafo  único.  O  Princípio  da  Prudência  pressupõe  o  emprego  de  certo  grau  
de   precaução   no   exercício   dos   julgamentos   necessários   às   estimativas   em  
certas  condições  de   incerteza,  no  sentido  de  que  ativos  e   receitas  não  sejam  
superestimados  e  que  passivos  e  despesas  não  sejam  subestimados,  atribuindo  
maior   confiabilidade   ao   processo   de   mensuração   e   apresentação   dos  
componentes  patrimoniais.  
  
•   Perspectivas  do  Setor  Público  
A  prudência  deve  ser  observada  quando,  existindo  um  ativo  ou  um  passivo  já  
escriturado  por  determinados  valores,  segundo  os  Princípios  do  Valor  Original,  
surgirem  possibilidades  de  novas  mensurações.  
	
   31	
  
A  aplicação  do  Princípio  da  Prudência  não  deve  levar  a  excessos  ou  a  situações  
classificáveis,  como  manipulação  do  resultado,  ocultação  de  passivos,  super  ou  
subavaliação   de   ativos.   Pelo   contrário,   em   consonância   com   os   Princípios  
Constitucionais   da   Administração   Pública,   deve   constituir   garantia   de  
inexistência   de   valores   fictícios,   de   interesses   de   grupos   ou   pessoas,  
especialmente  gestores,  ordenadores  e  controladores.  
  
  
Principais  normas  e  leis  relacionadas  com  a  Contabilidade  Pública  
•   Lei   Federal   nº   4.320   de   17/03/1964  ―  Conhecida   como   Lei   Geral   de  
Finanças   Públicas.   Esta   Lei   estabelece   regras   de   contabilidade   e   de  
controle   dos   orçamentos   e   balanços   da   União,   Estados,   Municípios   e  
Distrito  Federal;;  
•   Lei   Complementar   nº   101,   de   04/05/2000  ―   Conhecida   como   Lei   de  
Responsabilidade   Fiscal,   estabelece   normas   de   finanças   públicas  
voltadas  para  a  responsabilidade  na  gestão;;  
•   Códigos  de  Administração  Financeira  ―  compõem  a  legislação  que  trata  
de  matéria   contábil,   financeira   e   orçamentária,   nas   esferas   estadual   e  
municipal,  de  forma  complementar  à  Lei  nº  4.320/64;;  
•   Normas   Brasileiras   de   Contabilidade   Aplicadas   ao   Setor   Público  
(NBCTSP),   editadas   pelo   Conselho   Federal   de   Contabilidade,  
representam  um  importante  marco  na  normatização  da  contabilidade  do  
setor  público;;  
•   Manual  de  Contabilidade  Aplicado  ao  Setor  Público  (MCASP),  Aplicado  à  
União,  Estados,  Distrito  Federal  e  Municípios,  editado  pela  Secretaria  do  
Tesouro   Nacional   (STN)   do  Ministério   da   Fazenda   (MF),   desenvolvido  
com  conteúdo  alinhado  às  NBCTSP;;  
•   Manual  Técnico  de  Contabilidade  Aplicado  ao  Setor  Público,  Aplicado  à  
União,  aos  Estados,  ao  Distrito  Federal  e  aos  Municípios,  cujos  volumes  
I  e  II  recebem  os  subtítulos  de  Manual  da  Despesa  Nacional  e  Manual  da  
Receita  Nacional,  respectivamente.  
    
	
   32	
  
AULA  5  –  ASPECTOS  PRÁTICOS  
	
  
A   Contabilidade   Pública   mantém   o   foco   na   sua   obrigação   de   fornecer  
informações  claras  e  precisas  aos  cidadãos  sobre  os  resultados  alcançados  pela  
gestão  orçamentária,  econômica,  financeira  e  patrimonial  das  entidades  do  setor  
público.  
Para  tanto,  realiza  o  registro  das  suas  operações  que  envolvem  bens,  direitos  e  
obrigações   com   a   utilização   do   Plano   de   Contas   Aplicado   ao   Setor   Público  
(PCASP),  de  uso  obrigatório  pela  União,  estados,  município  e  Distrito  Federal.  
	
  
Patrimônio  Público:  
Segundo  a  NBC  T  16.2:  
“Patrimônio   público   é   o   conjunto   de   direitos   e   bens,   tangíveis   ou   intangíveis,  
onerados   ou   não,   adquiridos,   formados,   produzidos,   recebidos,   mantidos   ou  
utilizados  pelas  entidades  do  setor  público,  que  seja  portador  e  represente  um  
fluxo  de  benefícios,  presente  ou  futuro,  inerente  à  prestação  de  serviços  públicos  
ou  à  exploração  econômica  por  entidades  do  setor  público  e  suas  obrigações”.  
  
O  patrimônio  público  é  estruturado  em  três  grupos:  
Ativos:   “Recursos   controlados   pela   entidade   como   resultado   de   eventos  
passados   e   do   qual   se   espera   que   resultem,   para   a   entidade,   benefícios  
econômicos   futuros  ou  potencial   de   serviços.  Um  ativo  deve   ser   reconhecido  
quando   for  provável  que  benefícios   futuros  dele   fluirão  para  a  entidade  e  seu  
custo  ou  valor  puder  ser  determinado  em  bases  confiáveis”  (MCASP  6ª  edição).  
  
Passivos:  “Obrigações  presentes  da  entidade,  derivadas  de  eventos  passados,  
cujos   pagamentos   se   esperam   que   resultem   para   a   entidade   em   saídas   de  
recursos  capazes  de  gerar  benefícios  econômicos  ou  potencial  de  serviços.  
Um   passivo   deve   ser   reconhecido   quando   for   provável   que   uma   saída   de  
recursos  envolvendo  benefícios  econômicos  seja  exigida  em  liquidação  de  uma  
obrigação   presente   e   o   valor   pelo   qual   essa   liquidação   se   dará   possa   ser  
determinado  em  bases  confiáveis”  (MCASP  6ª  edição).  
  
Patrimônio   Líquido:   “O   valor   residual   dos   ativos   da   entidade   depois   de  
deduzidos  todos  seus  passivos”  (MCASP  6ª  edição).  
	
   33	
  
    
Conforme  disposto  na  NBC  T  16.6,  que  trata  das  Demonstrações  Contábeis  do  
Setor   Público,   o   ativo   e   o   passivo   são   segregados   em   “circulante”   e   “não  
circulante”,  com  base  em  seus  atributos  de  conversibilidade  e  exigibilidade.  Por  
outro   lado,  a  Lei   nº  4.320/1964  segrega  o  ativo  e  o  passivo  em  Financeiro  e  
Permanente.  
  
Mensuração  de  Ativos  e  Passivos:  
  
Mensuração:  é  o  processo  que  consiste  em  determinar  os  valores  pelos  quais  
os   elementos   das   demonstrações   contábeis   devem   ser   reconhecidos   e  
apresentados  nas  demonstrações  contábeis.    
O   patrimônio   das   entidades   do   setor   público,   o   orçamento,   a   execução  
orçamentária  e   financeira  e  os  atos  administrativos  que  provoquem  efeitos  de  
caráter   econômico   e   financeiro   no   patrimônio   da   entidade   devem   ser  
mensurados   ou   avaliados   monetariamente   pela   contabilidade,   observando   o  
princípio  da  oportunidade,  que  estabelece  que  oreconhecimento  e  o  registro,  
devem  ser  feitos  integralmente  no  momento  em  que  ocorrerem.  
  
Reconhecimento   Inicial:   As   entidades,   inicialmente,   devem   realizar   ajustes  
para   que   o   balanço   patrimonial   reflita   a   realidade   dos   seus   elementos  
patrimoniais,  mensurando   inicialmente  pelo  custo  ou  valor   justo,  os  estoques,  
imobilizados   e   intangíveis,   adotando,   posteriormente,   procedimentos   de  
mensuração  após  o  reconhecimento  inicial.  
  
Mensuração  após  o  reconhecimento  inicial:  Após  o  reconhecimento  inicial  do  
ativo   imobilizado  e   intangível,  as  entidades,  a  fim  de   identificar  os  respectivos  
valores  justos,  devem  mensurar  esses  itens  com  a  utilização  de  um  entre  dois  
modelos:    
•  Método  de  reavaliação  menos  a  depreciação  e  redução  ao  valor  recuperável  
acumuladas,  subsequentes;;  
•   Método   dos   custos   menos   a   depreciação,   menos   a   redução   ao   valor  
recuperável,  acumuladas.    
    
	
   34	
  
Esse  primeiro   ajuste   decorre   de   exercícios   anteriores   nos   quais   o   patrimônio  
público   não   era   depreciado,   nem   eram   ajustadas   as   valorizações   e  
desvalorizações  ocorridas  no  valor  dos  bens.  
  
Reavaliação,   redução   ao   valor   recuperável,   depreciação,   amortização   e  
exaustão:  Esses  itens  somente  devem  ser  realizados  depois  de  estabelecido  o  
valor  justo  inicial.  
Reavaliação  é  a  adoção  do  valor  de  mercado  ou  de  consenso  entre  as  partes  
para  bens  do  ativo.  Diversos  fatores  podem  fazer  com  que  o  valor  contábil  de  
um  ativo  não  corresponda  ao  seu  valor  justo.    
Assim,   caso   a   entidade   adote   esse   método   de   mensuração   após  
reconhecimento   inicial   de   uma   classe   de   ativo   imobilizado   ou   intangível,   é  
necessário  que,  de  tempos  em  tempos,  esses  bens  passem  por  um  processo  
visando  adequar  o  seu  valor  contábil.    
A  frequência  com  que  as  reavaliações  são  realizadas  depende  das  mudanças  
dos  valores  justos  dos  itens  do  ativo  que  serão  reavaliados.  
  
Reavaliação   do  Ativo   Imobilizado:  Quando   um   item   do   ativo   imobilizado   é  
reavaliado,  a  depreciação  acumulada  na  data  da  reavaliação  deve  ser  eliminada  
contra  o  valor  contábil  bruto  do  ativo,  atualizando-­se  o  seu  valor  líquido  pelo  valor  
reavaliado,  gerando  aumento  ou  diminuição  no  valor  contábil  registrado.    
Se  um  item  do  ativo  imobilizado  for  reavaliado,  é  necessário  que  toda  a  classe  
de   contas   do   ativo   imobilizado   à   qual   pertence   esse   ativo   seja   reavaliada  
simultaneamente.  
A  reavaliação  pode  ser  realizada  através  da  elaboração  de  um  laudo  técnico  por  
perito   ou   entidade   especializada,   ou   ainda   através   de   relatório   de   avaliação  
realizado  por  uma  comissão  de  servidores.    
Exemplos  de  fontes  de  informações  para  a  avaliação  do  valor  de  um  bem  
podem  ser:  o  valor  do  metro  quadrado  do  imóvel  em  determinada  região  ou  a  
tabela  FIPE  no  caso  dos  veículos.  Caso  seja  impossível  estabelecer  o  valor  de  
mercado  do  ativo,  pode-­se  defini-­lo  com  base  em  parâmetros  de  referência  que  
considerem   bens   com   características,   circunstâncias   e   localizações  
assemelhadas.  
  
	
   35	
  
Reavaliação  do  Ativo  Intangível:  Após  o  seu  reconhecimento  inicial,  um  ativo  
intangível  pode  ser  apresentado  pelo  seu  valor  reavaliado,  correspondente  ao  
seu  valor  justo  à  data  da  reavaliação  menos  qualquer  amortização  acumulada.  
O  valor  justo  deve  ser  apurado  em  relação  a  um  mercado  ativo.  
Caso  um  ativo  intangível  em  uma  das  classes  de  ativos  intangíveis  não  possa  
ser  reavaliado  porque  não  existe  mercado  ativo  para  ele,  este  somente  poderá  
ser  mensurado  pelo  custo  menos  a  amortização  acumulada  e  a  perda  caso  seja  
irrecuperável.  
  
Redução  ao  Valor  Recuperável:  Caso  o  valor  contábil  de  um  ativo  imobilizado  
ou  intangível  apresente  valor  acima  da  quantia  que  será  recuperada  através  do  
uso   ou   da   venda   desse   ativo,   é   possível   afirmar   que   esse   ativo   está   em  
imparidade  (impairment).  
A  redução  ao  valor   recuperável  não  deve  ser  confundida  com  a  depreciação.  
Esta  é  entendida  como  o  declínio  gradual  do  potencial  de  geração  de  serviços  
por  ativos  de  longa  duração,  ou  seja,  a  perda  do  potencial  de  benefícios  de  um  
ativo  motivada  pelo   desgaste,   uso,   ação  da  natureza  ou  obsolescência.   Já   o  
impairment  é  a  desvalorização  de  um  ativo  quando  seu  valor  contábil  excede  
seu  valor  recuperável.  
Redução  ao  valor  recuperável  pode  ser  entendida  como  uma  perda  dos  futuros  
benefícios   econômicos   ou   do   potencial   de   serviços   de   um   ativo,   além   da  
depreciação.  Quando  o  valor  contábil  for  superior  ao  valor  recuperável,  ocorrerá  
uma  perda  por  redução  ao  valor  recuperável  do  ativo,  que  reflete  um  declínio  na  
utilidade  de  um  ativo  para  a  entidade  que  o  controla.  
  
Depreciação:  É  o  declínio  do  potencial  de  geração  de  serviços  por  ativos  de  
longa  duração,  ocasionada  pelos  seguintes  fatores:    
•  Deterioração  física;;    
•  Desgastes  com  uso;;    
•  Obsolescência.    
Para  efetuar-­se  a  depreciação,  é  necessário  que  a  base  monetária  inicial  seja  
confiável,  ou  seja,  o  valor  registrado  deve  espelhar  o  valor  justo.  
  
  
	
   36	
  
Métodos   de   Depreciação   (NBC   T   16.9):   deve   refletir   o   padrão   em   que   os  
benefícios   econômicos   futuros   ou   potencial   de   serviços   do   ativo   devem   ser  
consumidos  pela  entidade.  Vários  métodos  de  depreciação  podem  ser  utilizados  
para  alocar  de  forma  sistemática  o  valor  depreciável  de  um  ativo  ao  longo  da  sua  
vida  útil.  Não  é  exigido  que  todos  os  bens  sejam  avaliados  pelo  mesmo  método.  
  
Caso  Prático  1  (MCASP  6ª  edição  pág.  162):  Uma  entidade  pretende  realizar  
a  depreciação  de  um  bem  utilizando  o  método  das  cotas  constantes.  
O   valor   bruto   contábil   é  R$  2.600,00;;   foi   determinado  o   valor   residual   de  R$  
600,00  e  valor  depreciável  de  R$  2.000,00.  A  vida  útil  do  bem  é  de  cinco  anos,  
conforme  a  política  da  entidade.  Assim,  a  taxa  de  depreciação  é  de  20%  ao  ano.  
Por   questões   didáticas   a   depreciação   será   calculada  anualmente.  A   tabela   a  
seguir  demonstra  os  cálculos:  
  
  
  
  
  
  
O  método  da  soma  dos  dígitos  resulta  em  uma  taxa  decrescente  durante  a  vida  
útil.   Esse   é   o   método   mais   adequado   para   itens   do   imobilizado   tais   como  
veículos.  
  
Caso  Prático  2  (MCASP  6ª  edição  pág.  163):  Uma  entidade  pretende  realizar  
a  depreciação  de  um  bem  utilizando  o  método  da  soma  dos  dígitos.  O  valor  bruto  
contábil  é  R$  2.600,00;;   foi  determinado  o  valor   residual  de  R$  600,00  e  valor  
depreciável  de  R$  2.000,00.  A  vida  útil   do  bem  é  de  cinco  anos,   conforme  a  
política   da   entidade.   Assim,   a   taxa   de   depreciação   ao   ano   é   de   20%.   Por  
questões  didáticas,  a  depreciação  será  calculada  anualmente.  A  tabela  abaixo  
demonstra  os  cálculos:  
    
  
  
	
   37	
  
O  método  das  unidades

Continue navegando