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Sumário – Contabilidade Pública Aula 1 – Contabilidade Pública e o Campo de Aplicação ............................................ 2 Aula 2 – Gestão na Administração Pública ................................................................. 6 Aula 3 – Despesa Pública ......................................................................................... 13 Aula 4 – Aspectos Introdutórios sobre Contabilidade Pública .................................. 25 Aula 5 – Aspectos Práticos ....................................................................................... 32 2 CONTABILIDADE PÚBLICA AULA 1 – CONTABILIDADE PÚBLICA E O CAMPO DE APLICAÇÃO O que é um conjunto de bens, direitos e obrigações? É o conjunto de bens, direitos e obrigações, vinculados a uma pessoa física ou jurídica, constituindo um patrimônio desde que seja observado dois aspectos: • Sejam componentes de um conjunto que possua conteúdo econômico avaliados em moeda;; • Exista interdependência dos elementos componentes e vinculação do conjunto a uma entidade que vise alcançar determinados fins. Os Bens Públicos são aqueles cujo o Estado adquire e que deve administrar e conservar. O patrimônio do Estado como objeto da gestão patrimonial é o conjunto de bens, valores, créditos e obrigações. A administração pública também assume compromissos (obrigações) com terceiros, mediante obtenção de empréstimos, a longo ou curto prazo. Essas obrigações são denominadas de Dívida Pública. O Código Civil Brasileiro diz que são considerados bens públicos, os seguintes itens abaixo: • Bens de Uso Comum do Povo: também chamados de bens de domínio público, pois são colocados à disposição do povo de forma gratuita ou remunerada, conforme dispuser legislação específica. O que caracteriza esse bem é que são destinados ao uso direto e imediato da coletividade. Exemplo: Naturais: mares, baias, enseadas, rios, praias, lagoas, etc. / Artificiais: ruas, praça, avenidas, etc. • Bens de Uso Especial: são denominados por estarem a serviço público e constituírem uma utilidade pública, sempre dependente de interferência de pessoas que administram o serviço público. Podem ser ou não alienáveis. Caso o imóvel esteja sendo usado para uma determinada finalidade, ele será inalienável. Porém, se a repartição fechar, o imóvel passa a ser alienável. Ex.: Edifícios ou Terrenos utilizados pelas repartições ou estabelecimentos públicos. 3 • Bens Dominicais: são os que constitui o patrimônio público ou domínio público, com características diferentes, pois podem ser utilizados para qualquer fim, ou mesmo alienados se a administração julgar conveniente. Ex.: bens móveis, imóveis e de natureza industrial, e a discriminação usual de cada um desses grupos. Sistema Orçamentário: evidencia o registro contábil da receita e despesa, de acordo com as especificações constantes dos Créditos Adicionais, assim como o montante dos créditos orçamentários vigentes, a despesa empenhada e a despesa realizada, a conta dos mesmos créditos e as dotações disponíveis, ou seja, no final do exercício, apresenta os resultados comparativos entre a previsão e a execução orçamentária. As principais características de ordem legal e técnica do sistema orçamentário são: • Registro das estimativas da receita, com base na Lei Orçamentária;; • Registro das despesas autorizadas, com base na Lei Orçamentária;; • Baixa da receita arrecadada, controlando a posição da receita prevista;; • Controle da despesa empenhada, mediante dedução do valor dos créditos disponíveis;; • Apuração das despesas empenhadas que serão inscritas em Resto a Pagar;; • Apuração da receita lançada, cuja não arrecadação ensejará a inscrição em Dívida Ativa. As contas típicas são: créditos disponíveis, receita prevista, orçamento da despesa, orçamento da receita, execução da despesa, receita lançada, despesa empenhada, execução da receita e despesa liquidada. Sistema Financeiro: engloba todas as operações que resultam débitos e créditos de natureza financeira, não só das compreendidas, como também das não compreendidas na execução orçamentária, que serão objeto de registro e controle contábil. No final do exercício, é apresentado o resultado financeiro apurado. 4 As principais características de ordem legal e técnica do sistema financeiro são: • Registro dos ingressos, tanto orçamentários como extraorçamentário;; • Registro dos desembolsos, tanto orçamentários como extraorçamentário;; • Encerramento das contas orçamentárias de receita e despesa, com transferência ao sistema patrimonial para apuração do resultado econômico do exercício;; • Transferência para o sistema patrimonial das contas de natureza patrimonial. As contas típicas são: Caixa, Restos a Pagar, Bancos e Correspondentes, Processados, Cheques Emitidos, Não Processados, Bancos com Arrecadação, Depósito de Diversas Origens, Agentes Arrecadadores, Serviço da Dívida a Pagar, Diversos Responsáveis, Consignações, Despesa Realizada e Receita Arrecadada. Sistema Patrimonial: registra analiticamente todos os bens de caráter permanente, com indicação dos elementos necessários para a perfeita caracterização de cada um deles e dos agentes responsáveis pela sua guarda e administração, bem como mantém registro sintético dos bens móveis e imóveis. As alterações da situação líquida patrimonial que abrangem os resultados da execução orçamentária, assim como as variações independentes dessa execução e as superveniências passivas e ativas constituirão elementos do sistema patrimonial. No final do exercício, será apresentado o resultado da gestão econômica. As principais características de ordem legal e técnica do sistema patrimonial são: • Registro do Ativo Permanente e Passivo Permanente do Estado;; • Controle dos bens e valores do Estado, inclusive bens de terceiros que estejam de posse do Estado;; • Acompanhamento físico dos bens, direitos e obrigações por força de inventário que valide os registros efetuados;; • Identificação da movimentação do patrimônio e suas origens, sejam decorrentes ou não da execução orçamentária. As contas típicas são: Dívida Fundada Interna, Bens do Estado, Dívida Fundada Externa, Créditos Fiscais Inscritos, outras Dívidas de Longo 5 Prazo, Almoxarifados, Patrimônio Líquido, Variações Passivas, ResultadoPatrimonial do Exercício e Variações Ativas. Sistema de Compensação: registra e movimenta as contas representativas de direitos e obrigações, geralmente decorrentes de contratos, convênios ou ajustes. Muito embora seja um sistema escriturado com elaboração de balancetes, mensais independentes, a Lei n°4.320/64 o considerou, simplesmente, como contas de compensação e, quando forem elaborados os balanços, no final do exercício, os saldos de suas contas serão incluídos no balanço de sistema patrimonial. As contas típicas são: Valores de Terceiros (caução, fiança), Valores em Poder de Terceiros (títulos), responsáveis por Adiantamentos e Bens cedidos a Terceiros. Conceito de Contabilidade Pública: é uma especialização da contabilidade voltada para o estudo e análise dos atos e fatos que ocorrem na Administração Pública. Campo de Aplicação: é o das pessoas jurídicas de Direito Público – União, Estados, Municípios, DF e suas autarquias – bem como de algumas entidades vinculadas – Fundações, Empresas Públicas e Sociedade de Economia Mista – quando utilizam recursos à conta do Orçamento Público. A LRF ratifica o campo de aplicação da Contabilidade Pública ao incluir todos os órgãos que dependem do orçamento fiscal e da seguridade social, inclusive as empresas dependentes. (art. 2, III, LRF). O objeto de qualquer contabilidade é o patrimônio. O da Contabilidade Pública é o Patrimônio Público, excetuando os bens públicos de uso comum (mares, praças, ruas, avenidas, etc.) O objetivo é fornecer informações atualizadas e exatas: • À administração para subsidiar as tomadas de decisões;; • Aos órgãos de controle interno e externo para o cumprimento das legislações;; • Às instituições governamentais e particulares (informações estatísticas e outras de interesse dessas instituições). 6 Doutrinalmente, por imposição do art. 35, da Lei 4320/64, foi consagrado o regime contábil misto, que disciplina o seguinte: “Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro: I – as receitas nele arrecadadas;; II – as despesas nele legalmente empenhadas.” a) Por essa doutrina, devem pertencer ao exercício financeiro “as receitas nele arrecadadas”, isto quer dizer que, em relação ao regime contábil de escrituração, devemos utilizar o regime de caixa, pois só deve considerar a receita que for efetivamente arrecadada no exercício. b) Devem pertencer ao exercício financeiro “as despesas nele legalmente empenhadas”, o que em termos de escrituração contábil, trata-se do regime de competência, uma vez que a despesa é atribuída ao exercício, de acordo com a sua real incidência, ou seja, de acordo com a data do fato gerador. AULA 2 – GESTÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Os princípios são premissas, linhas norteadoras de ação a serem observadas na concepção da proposta orçamentária. Os princípios mais conhecidos são: Anualidade, Unidade e Universalidade, Exclusividade, Equilíbrio, Especificação, Publicidade, Clareza. Execução Orçamentária: é um conjunto de procedimentos adotados pela administração governamental para que sejam alcançadas as metas estabelecidas, uma vez que é nesse estágio do ciclo orçamentário que se realiza efetivamente a atividade financeira do Estado. Para realizar essa atividade financeira, o governo dispõe de duas fontes: créditos orçamentários e créditos adicionais. • Créditos Orçamentários: são aqueles aprovados pelo Legislativo na lei do orçamento e provêm de recursos do tesouro nacional e de outras fontes. • Créditos Adicionais: são aqueles concedidos quando, durante a execução do orçamento, houver necessidade de retificá-lo quer por 7 insuficiência de recursos ou para atender a situações não previstas quando da sua elaboração (art. 40 da lei 4.320/64). Os créditos adicionais podem ser subdivididos em créditos suplementares, especiais e extraordinários. a) Suplementares: são os destinados a reforço de dotação. Ex.: pagamento de pessoal, despesa de custeio. b) Especiais: são aqueles destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica. c) Extraordinários: são aqueles destinados para realização de despesas urgentes e imprevisíveis, em caso de guerra, calamidade pública. Os créditos suplementares e especiais são autorizados por Lei, aprovada pelo Poder Legislativo, e abertos através de Decreto do Poder Executivo. Os créditos suplementares podem ser autorizados na própria lei orçamentária até determinada importância, o que usualmente é feito em termos percentuais, e tal autorização não fere o princípio da exclusividade, pois não se trata de matéria estranha ao orçamento. Quando concedidos incorporam-se ao orçamento adicionando-se à dotação orçamentária a que se destinou o reforço. Os créditos extraordinários, pela sua característica de urgência e imprevisibilidade, são abertos por Decreto do Executivo, independente de prévia autorização do Legislativo. Os créditos especiais e extraordinários, se abertos nos últimos quatro meses antes do encerramento do exercício, terão vigência até o exercício seguinte ou até cessarem as causas que provocaram a sua abertura, porém incorporando- se ao orçamento financeiro (CF/88, art 167 § 2°). Outra característica importante desses créditos é que quando autorizados apresentam as respectivas despesas realizadas separadamente das previstas no orçamento. A fim de não prejudicar o equilíbrio do orçamento em execução, a lei determina que cada solicitação de crédito adicional seja acompanhada da indicação de recursos hábeis desde que não comprometidos (art. 43, § 1°da lei 4.320/64). São os recursos hábeis: I - O superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício anterior;; II - Os provenientes de excesso de arrecadação;; 8 III - Os resultantes da anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de créditos adicionais autorizados em lei;; IV - O produto de operações de crédito autorizadas, juridicamente, possibilita ao Poder Executivo realizá-las. Superávit Financeiro: é a diferença positiva entre o ativo e o passivo financeiro. É o recurso mais legítimo para se abrir créditos adicionais. Superávit financeiro representa dinheiro em caixa, disponível, proveniente de receita realizada maior que a despesa, em exercícios anteriores. Excesso de Arrecadação: é o saldo positivo das diferenças acumuladas mês a mês, entre a arrecadação prevista e a realizada, considerando-se ainda a tendência do exercício. Anulação Parcial ou Total de DotaçõesOrçamentárias e de Créditos Adicionais: este recurso é válido apesar da necessidade de ser evitado, já que um orçamento bem planejado impossibilitaria a anulação de dotações. Operações de Crédito: este recurso é pernicioso, pois aumenta a despesa correspondente à dotação orçamentária suplementada, aumenta a despesa da operação de crédito (juros, despesas administrativas), além de endividar o patrimônio público. Receitas Públicas: são entradas que se incorporam de forma definitiva ao patrimônio. Correspondem ao ingresso que, integrando-se ao patrimônio público sem quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, vem acrescentar seu vulto como elemento novo e positivo. As receitas podem ser divididas quanto a sua natureza em: • Orçamentária: é consignada na Lei do Orçamento e aplicada na realização dos gastos públicos. Será classificada pelas seguintes categorias econômicas: Receitas Correntes e Receitas de Capital. a) Receitas Correntes: São basicamente as que não provenham da alienação de um bem de capital, não estejam, na lei, definidas como de capital e estejam por ato do poder público vinculadas a uma despesa corrente. b) Receitas de Capital: São as que provêm da alienação de um bem de capital, definidas como operações de capital, recebimento 9 das amortizações de empréstimos concedidos e as que estejam, por ato do poder público, vinculadas a uma operação de capital. • Extraorçamentária: é aquela que não integra o orçamento público. Compreende os recolhimentos feitos e que constituirão compromissos exigíveis, cujo pagamento independe de autorização orçamentária e, portanto, independe de autorização legislativa. Por conseguinte, o Estado é obrigado a arrecadar valores que, em princípio, não lhe pertencem. O Estado figura apenas como depositário dos valores que ingressam a esse título, como, por exemplo: as cauções, as fianças, as consignações e outras. As cauções, as fianças e os depósitos efetuados em títulos, apólice ou outro valor diferente da moeda nacional corrente serão classificados em contas de compensação, não sendo, nestes casos, considerados receitas extraorçamentárias. Ingresso Público: são as entradas que são restituíveis no futuro, pois são simples movimentos de fundos. Correspondem a todas as quantias recebidas pelos cofres públicos. As receitas públicas possuem outros aspectos de classificação, tais como: • Quanto ao poder de tributar: a receita é dividida conforme a discriminação constitucional das rendas em: a) Federal: quando de competência da União;; b) Estadual: quando de competência dos Estados;; c) Municipal: quando de competência dos Municípios. • Quanto a coercitividade: a) Originária: proveniente de bens pertencentes ao patrimônio do Estado, é a receita segundo a qual os recursos ou meios financeiros são obtidos por meio da cobrança de preço pela venda de bens e serviços. Neste caso, o Estado funciona como particular mediante a exploração de atividades privadas. b) Derivada: receita proveniente do exercício da competência ou do poder de tributar os rendimentos ou o patrimônio da coletividade. É caracterizada pelo constrangimento legal para sua arrecadação. Soberania do Estado. 10 • Quanto a Mutação Patrimonial: a) Efetiva: são aquelas que, sem quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, integram-se ao patrimônio público, como elemento novo e positivo e, deste modo, aumentam o patrimônio líquido. Ex.: Receitas Correntes. b) Mutações Patrimoniais: são aquelas oriundas de mutações que nada acrescem ao patrimônio líquido, constituindo simples entradas ou alterações compensatórias nos elementos que o compõem. Ex.: Receitas de Capital. • Quanto a regularidade: a) Ordinária: são aquelas com características de continuidade, ou seja, representam ingressos permanentes e estáveis ao Tesouro, servindo-lhe de fonte perene de recursos, pela regularidade na sua arrecadação. Ex.: ICMS, IPTU, IPVA, IPI. b) Extraordinária: são aquelas sem características de continuidade, ou seja, as que representam ingressos de caráter acidental de natureza transitória, ou pelo menos, inconstante. Ex.: doações, impostos lançados por motivo de guerra. Estágios da Receita Pública: São etapas consubstanciadas nas ações desenvolvidas e percorridas pelos órgãos e repartições encarregados de executá-las. São 4 estágios: • Previsão: indica a expectativa da receita por parte da Fazenda Pública e configura o que se pretende arrecadar no exercício financeiro com o objetivo de custear os serviços públicos programados para o mesmo período. A previsão ocorrerá mediante organização das estimativas que poderão ser realizadas de acordo com os seguintes métodos: a) Método das médias trienais: é condenado pelos especialistas, uma vez que seu uso traz grande desequilíbrio nas previsões, principalmente quando ocorre um crescimento contínuo na arrecadação efetiva, pois a base da média trienal anterior seria falsa e aquém das reais possibilidades da fazenda pública. 11 b) Método automático: é o que determina que a estimativa não pode exceder a quantia arrecadada no exercício anterior e, por isso, sua aplicação deixa muito a desejar. c) Método direto: é aquele segundo o qual a estimativa é efetuada em torno das várias circunstâncias que tenham influído ou venham a influir numa melhor arrecadação. d) Método das majorações: é o que leva em conta a média dos excedentes das arrecadações dos três ou cinco últimos anos, bastante falho. e) Método da extrapolação: é apoiado na estatística e no princípio de que a frequência de um fato no passado é de provável ocorrência no futuro. • Lançamentos: É o ato da repartição competente que verifica a procedência do crédito fiscal e a pessoa que lhe é devedora, e inscreve o débito desta. A Lei n° 4.320/64 especifica unicamente como objeto de lançamento os impostos diretos e quaisquer outras rendas com vencimento determinado em lei, regulamento ou contrato. Pelo Código Tributário Nacional, não somente os impostos diretos são objetos de lançamento, como também os indiretos, além das taxas e das contribuições de melhoria. As modalidades de lançamentos é que variam, de acordo com as características de cada um desses tributos. Os lançamentos são compostos das fases de determinação de matéria tributável, cálculo dos impostos, identificaçãodo obrigado e notificação. Existem três modalidades de lançamento: o direto, o indireto, e o por declaração. a) Lançamento direto: é o lançamento feito unilateralmente pela autoridade administrativa, sem intervenção do contribuinte. Ex.: IPTU. b) Lançamento por homologação: também chamado indireto ou autolançamento, é o lançamento feito pelo próprio contribuinte, e apenas posteriormente verificado pela autoridade pública. Ex.: ICMS. c) Lançamento por declaração: é o lançamento feito pela autoridade administrativa, com a colaboração do próprio 12 contribuinte ou de uma terceira pessoa obrigada por lei a prestar informações sobre a matéria de fato indispensável à sua efetivação. Ex.: IRPF, IRPJ. • Arrecadação: É o ato em que são pagos os tributos ou as diversas receitas ao agente arrecadador. Agentes arrecadadores classificam-se em dois grupos: agentes públicos, que são as próprias repartições do Governo com atribuições legais para arrecadar receitas públicas, exemplos: as tesourarias, as delegacias fiscais, alfândegas e agentes privados, que são os bancos autorizados investidos das mesmas atribuições conferidas aos agentes públicos. • Recolhimento: É o fato que se relaciona com a entrega dos valores arrecadados pelos agentes arrecadadores ao Tesouro Público. Só através do recolhimento, em conta específica, é que se pode dizer que os recursos estarão efetivamente disponíveis para utilização pelos gestores financeiros, de acordo com a programação que for estabelecida. E, neste momento, é que se verifica o princípio de unidade de caixa. Outras Receitas Públicas: • Receita da Dívida Ativa: constitui-se nos créditos da Fazenda Pública, tributários ou não, que não são pagos no vencimento, são inscritos em registro próprio, após apurada sua liquidez e certeza, de acordo com legislação específica. Podem ser divididas em tributária e não tributária. a) Dívida Ativa Tributária: é o crédito da Fazenda Pública dessa natureza, proveniente de obrigação legal relativa a tributos e respectivos adicionais e multas. b) Dívida Ativa Não Tributária: são os demais créditos da Fazenda Pública, tais como os provenientes de empréstimos compulsórios, contribuições estabelecidas em lei, multas de qualquer origem ou natureza, exceto as tributárias, foros, laudêmios, aluguéis ou taxas de ocupação, custas processuais, preços de serviços prestados por estabelecimentos públicos, indenizações, reposições, restituições, alcance dos responsáveis definitivamente julgados e outras obrigações legais. Sua inscrição é considerada extraorçamentária e movimenta só o balanço patrimonial;; seu 13 recebimento é considerado orçamentário e movimenta os três sistemas. AULA 3 – DESPESA PÚBLICA “Dispêndio”, “gasto” ou “desembolso” são palavras utilizadas, normalmente, para caracterizar as importâncias que saem dos cofres públicos. Entretanto, nem todas essas saídas podem ser consideradas como despesa pública. José Carlos Marion nos ensina que “todo dinheiro que sai do caixa pelo pagamento de uma despesa ou por outra aplicação qualquer denomina-se desembolso ou desencaixe”. Os recursos que saem dos cofres públicos e que não representam uma despesa são aqueles que não são aplicados no custeio das necessidades públicas, pois se destinam ao pagamento de obrigações que estavam integradas no passivo. Essas saídas são denominadas desembolsos extra orçamentários, não constam da lei do orçamento e consistem, basicamente, na devolução de valores decorrentes de ingressos extra orçamentários, tais como: depósitos, cauções, consignações, pagamento de Restos a Pagar etc. Os desembolsos extra orçamentários ocorrem porque o Estado é obrigado a arrecadar recursos que, em princípio, não lhe pertencem. Despesa – Enfoque Patrimonial: “Despesa” é um termo utilizado mundialmente pela contabilidade para evidenciar a variação negativa da situação líquida patrimonial, resultante da redução de ativos ou do aumento de passivos de uma entidade. Tecnicamente, uma despesa representa uma Variação Patrimonial Diminutiva — VPD. Conceito — é dado a partir da Resolução do Conselho Federal de Contabilidade nº 1.121, de 28 de março de 2008, que dispõe sobre a estrutura conceitual para a elaboração e apresentação das demonstrações contábeis. De acordo com a resolução, as despesas são decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil, sob a forma de saída de recursos ou redução de ativos ou incremento em passivos, que resultem em decréscimo do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de distribuição aos proprietários da entidade. 14 Momento de reconhecimento da despesa sob o enfoque patrimonial — A NBCT 16.5, que trata dos registros contábeis, estabelece que “As transações no setor público devem ser reconhecidas e registradas integralmente no momento em que ocorrerem”. O que se alinha com os princípios da Oportunidade e da Competência, que estabelecem que despesa deve ser registrada no instante em que ocorre o fato gerador, independentemente da data do pagamento. A Contabilidade Aplicada ao Setor Público, como ramo da Ciência Contábil, deve observar os Princípios de Contabilidade. A Resolução CFC nº 1.111/2007, ao aprovar o Apêndice II da Resolução CFC nº 750/1993, proporcionou um maior esclarecimento sobre o conteúdo e a abrangência dos Princípios de Contabilidade sob a perspectiva do Setor Público, dentre os quais destacamos os princípios da Oportunidade e da Competência. Despesa – Enfoque Orçamentário: Orçamento público é um importante instrumento de planejamento, que apresenta o fluxo previsto de ingressos e de aplicação de recursos para o período de um ano. Conceito: Baleeiro (2003) confere dois diferentes conceitos à despesa pública: • “Em primeiro lugar, designa o conjunto dos dispêndios do Estado, ou de outra pessoa de Direito público, para o funcionamento dos serviços públicos”;; • “... é a aplicação de certa quantia em dinheiro, por parte da autoridade ou agente público competente, dentro de uma autorização legislativa, para execução de um fim a cargo do governo”. Para Lima (2007), “Define-se despesa pública como o conjunto de dispêndios da entidade governamental para o funcionamento dos serviços públicos. Nesse sentido, como parte do orçamento, a despesa compreende as autorizações para gastos com as várias atribuições e funções governamentais. Em outras palavras,as despesas públicas correspondem à distribuição e ao emprego das receitas para o custeio de diferentes setores da entidade governamental e para os investimentos”. 15 Momento de reconhecimento da despesa sob o enfoque orçamentário: Na Contabilidade Pública, a despesa é reconhecida pelo regime de competência, nos termos estabelecidos no art. 35 da Lei nº 4320/1964. “Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro: ... II — as despesas nele legalmente empenhadas”. O art. 35 da Lei nº 4320/1964 leva em conta os princípios da legalidade da despesa e da anualidade do orçamento. Portanto, para que a despesa pública seja legítima e pertença ao exercício, é preciso que, além da emissão do empenho, ela esteja autorizada na lei orçamentária e tenha como base compromisso decorrente de lei, contrato, convênio, acordo, ajuste etc., devidamente formalizado e em execução. Quando a despesa orçamentária é reconhecida, pode ocorrer redução da situação líquida patrimonial da entidade, conforme ela seja efetiva ou não efetiva. Classificação da Despesa Orçamentária: São variadas as formas de classificação da despesa orçamentária pública. Vamos dividi-las em três grupos. O primeiro, referente às classificações meramente acadêmicas, o segundo, referente aos aspectos qualitativos, e o terceiro, referente aos aspectos quantitativos. 16 I. Classificações acadêmicas da despesa orçamentária: Academicamente, a despesa pública pode ser classificada segundo a afetação patrimonial, a competência e a regularidade. 1. Quanto à afetação patrimonial, a despesa orçamentária pode ou não provocar variação na situação patrimonial líquida, sendo classificada como efetiva ou não efetiva, respectivamente. • Despesa Orçamentária Efetiva — aquela que, no momento do seu reconhecimento, reduz a situação líquida patrimonial da entidade. Constitui fato contábil modificativo diminutivo;; • Despesa Orçamentária Não Efetiva — aquela que não altera a situação líquida patrimonial no momento do seu reconhecimento, constituindo fato contábil permutativo. 2. Quanto à competência político-institucional, para realizar a despesa, ela pode ser federal, estadual, municipal ou distrital. 3. Quanto à regularidade, as despesas podem ser ordinárias, assim entendidas aquelas que são previstas e realizadas de forma regular, ou extraordinárias, aquelas que ocorrem de forma imprevista. II. Classificação Qualitativa da Despesa Orçamentária: Sob o aspecto qualitativo, a despesa pode ser classificada de quatro formas: Por esfera orçamentária;; Por entidade executora — Institucional;; Por área de realização — Funcional;; Por programa de trabalho — Programática. 1. Classificação da despesa por esfera orçamentária A esfera tem por finalidade identificar se a despesa pertence ao Orçamento Fiscal, da Seguridade Social ou de Investimento das Empresas Estatais, conforme disposto no § 5º do art. 165 da CF/88. 17 Orçamento Fiscal — referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público. Orçamento da Seguridade Social — abrange todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. Orçamento de Investimento — orçamento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto. Classificação institucional da despesa 2. A classificação institucional Reflete as estruturas organizacional e administrativa. Em nível federal, essa estrutura compreende dois níveis hierárquicos: órgão orçamentário e unidade orçamentária (UO). O código da classificação institucional compõe-se de cinco dígitos, sendo os dois primeiros reservados à identificação do órgão e os demais à UO. Um órgão ou uma UO não correspondem, necessariamente, a uma estrutura administrativa, como ocorre, por exemplo, com alguns fundos especiais e com as entidades Transferências a Estados, Distrito Federal e Municípios, Encargos Financeiros da União, Operações Oficiais de Crédito, Refinanciamento da Dívida Pública Mobiliária Federal e Reserva de Contingência. 3. Classificação funcional da despesa A atual classificação funcional é composta de um rol de funções e subfunções que servem como agregador dos gastos públicos por área de ação governamental nos três níveis de Governo. Trata-se de uma classificação independente dos programas e de aplicação comum e obrigatória, no âmbito dos Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e da União, o que permite a consolidação nacional dos gastos do setor público. A classificação funcional é representada por cinco dígitos, sendo os dois primeiros relativos às funções e os três últimos às subfunções. A função representa o maior nível de agregação das diversas áreas de atuação do setor público e reflete a competência institucional do órgão. Há situações em que o órgão pode ter mais de uma função típica, considerando que sua atuação pode envolver mais de uma área de despesa. Atualmente, existem 28 funções. A 18 subfunção representa um nível de agregação imediatamente inferior à função e deve evidenciar a natureza da atuação governamental, sendo possível relacionar uma subfunção a outras funções, diferentes daquela a qual está originalmente relacionada. Atualmente, existem 109 subfunções. 4. Classificação programática da despesa A atuação do Governo está estruturada em programas orientados para a realização dos objetivos estratégicos, definidos para o período de quatro anos, durante os quais vigora o Plano Plurianual — PPA. Essa visão estratégica indica, em termos gerais, os grandes desafios para o alcance dessa nova realidade desejada para o País e estabelece as diretrizes de atuação que são implementadas através do programa de trabalho do governo, formatado dentro de uma estrutura programática que tem dois níveis: programas e ações orçamentárias. Os programas podem ser de dois tipos: Programas Temáticos — são aqueles que expressam e orientam a ação governamental para a entrega de bens e serviços à sociedade;; Programas de Gestão, Manutenção e Serviços ao Estado — são aqueles que expressam e orientam as ações destinadas ao apoio, à gestão e à manutenção da atuaçãogovernamental. As ações orçamentárias das quais resultam produtos (bens ou serviços) que contribuem para atender ao objetivo de um programa. Incluem-se, também, no conceito de ação, as despesas decorrentes de transferências obrigatórias ou voluntárias a outros entes da Federação e a pessoas físicas e jurídicas, na forma de subsídios, subvenções, auxílios, contribuições, entre outros, e os financiamentos. Uma ação orçamentária pode ser um projeto, uma atividade ou uma operação especial. Projeto — Instrumento de programação utilizado para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações, limitadas no tempo, das quais resulta um produto que concorre para a expansão ou o aperfeiçoamento da ação de governo. Exemplo: ação 7M64 —Construção de Trecho Rodoviário — Entroncamento BR-472 — Fronteira Brasil/Argentina — na BR-468 (MTO 2014). Atividade — Instrumento de programação utilizado para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações que se realizam de modo 19 contínuo e permanente, das quais resulta um produto ou serviço necessário à manutenção da ação de Governo. Exemplo: ação 4339 — Qualificação da Regulação e Fiscalização da Saúde Suplementar (MTO 2014). Operação Especial — Despesas que não contribuem para a manutenção, expansão ou aperfeiçoamento das ações de governo, das quais não resulta um produto e não geram contraprestação direta sob a forma de bens ou serviços. Exemplo: ação 0284 — Amortização e Encargos de Financiamento da Dívida Contratual Externa (MTO 2014). III. Classificação Quantitativa Orçamentária: Sob o aspecto quantitativo, a despesa pode ser classificada de duas formas: • Por natureza, também conhecida como classificação econômica;; • Por indicador de resultado primário. 1. Classificação por natureza da despesa (econômica) Os artigos 12 e 13 da Lei nº 4.320/1964 tratam da classificação da despesa por categoria econômica e elemento, e o art. 8º estabelece que os itens da discriminação da despesa serão identificados por números de código decimal, na forma do respectivo Anexo IV, consubstanciados, atualmente, no Anexo II da Portaria Interministerial STN/SOF nº 163, de 2001. O conjunto de informações que formam o código é conhecido como classificação por natureza da despesa e informa a categoria econômica da despesa, o grupo a que ela pertence, a 20 modalidade de aplicação e o elemento, formando um código composto por oito algarismos. 1º Nível – Categoria Econômica: A despesa é classificada em duas categorias econômicas, com os seguintes códigos: (3) — Despesas Correntes: as que não contribuem diretamente para a formação ou aquisição de um bem de capital;; (4) — Despesas de Capital: as que contribuem diretamente para a formação ou aquisição de um bem de capital. 2º Nível – Grupo de Natureza da Despesa (GND): É um agregador de elemento de despesa com as mesmas características quanto ao objeto de gasto. 3º Nível – Modalidade de Aplicação: Indica se os recursos serão aplicados mediante transferência financeira, inclusive a decorrente de descentralização orçamentária para outros níveis de Governo, seus órgãos ou entidades, ou, diretamente para entidades privadas sem fins lucrativos e outras instituições. Ou, então, diretamente pela unidade detentora do crédito orçamentário, ou por outro órgão ou entidade no âmbito do mesmo nível de Governo. A modalidade de aplicação objetiva, principalmente, eliminar a dupla contagem dos recursos transferidos ou descentralizados. 4º Nível – Elemento de Despesa: Tem por finalidade identificar os objetos de gasto, tais como vencimentos e vantagens fixas, juros, diárias, material de consumo, serviços de terceiros prestados sob qualquer forma, subvenções sociais, obras e instalações, equipamentos e material permanente, auxílios, amortização e outros que a Administração Pública utiliza para a consecução de seus fins. Os códigos dos elementos de despesa estão definidos no Anexo II da Portaria Interministerial STN/SOF nº 163, de 2001. 5º Nível – Item de Despesa: Este nível de detalhamento não é utilizado na programação orçamentária. Sua aplicação ocorre na ocasião da apropriação da despesa. 2. Classificação da despesa por indicador de resultado primário O identificador de resultado primário visa a permitir a apuração do resultado primário previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), devendo ser especificado na respectiva lei orçamentária anual em todos os Grupos Natureza 21 de Despesa, de acordo com a metodologia de cálculo das necessidades de financiamento, cujo demonstrativo constará anexo à LOA. Estágios de execução da despesa pública A execução orçamentária da despesa pública passa por alguns estágios, em conformidade com a Lei nº 4.320/1964 e com a Lei Complementar nº 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal). • Fixação: decorre do processo de planejamento e é materializada através das dotações orçamentárias autorizadas na lei orçamentária anual (LOA). Segundo a LC nº 101/00, a despesa é fixada na LOA;; • Empenho: conforme Lei nº 4.320/1964, Art. 58, o empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição. O empenho da despesa não pode exceder o limite dos créditos concedidos através da LOA. Existem três modalidades de empenho: I. Ordinário: utilizado quando o poder Público já tem conhecimento do montante a ser pago em parcela única;; II. Global: o montante da dívida é conhecido, mas seu pagamento será feito parceladamente;; III. Por estimativa: quando o valor não pode ser previamente determinado;; • Liquidação: conforme Lei nº 4.320/1964, art. 63, a liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor, tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito, e tem por objetivo apurar: I. A origem e o objeto do que se deve pagar;; II. A importância exata a pagar;; III. A quem se deve pagar a importância para extinguir a obrigação;; • Pagamento: o pagamento consiste na entrega de numerário ao credor por meio de cheque nominativo, ordens de pagamentos ou crédito em conta, e só pode ser feito após a regular liquidação da despesa. 22 Tipos Especiais de Despesas: ü Restos a Pagar: Conceito - Restos a Pagar sãoas despesas empenhadas, mas não pagas, dentro do exercício financeiro, ou seja, até 31 de dezembro (art. 36 da Lei no 4.320/64 e 67 do Decreto no 93.872/86). Quando o pagamento deixa de ser efetuado no próprio exercício, procede-se, então, à inscrição em Restos a Pagar. O conceito de Restos a Pagar está ligado aos Estágios da Despesa Pública, representados pelo Empenho, Liquidação e Pagamento. O art. 35 do Decreto n° 93.872/86, determina que o “empenho de despesa não liquidada será considerado anulado em 31 de dezembro, para todos os fins, salvo quando: I. Vigente o prazo estabelecido para cumprimento da obrigação assumida pelo credor;; II. Vencido o prazo para cumprimento da obrigação, esteja em curso a liquidação da despesa, e é de interesse da Administração exigir o cumprimento da obrigação assumida pelo credor;; III. Destinar-se a transferências a instituições públicas ou privadas;; IV. Corresponder a compromisso assumido no exterior. Conforme a sua natureza, os “restos a pagar” podem ser classificados em: • Processados — são as despesas referentes a obrigações já cumpridas pelo credor, isto é, entregou o material, prestou os serviços ou executou a etapa da obra, dentro do exercício, tendo, portanto, direito líquido e certo, faltando, apenas, o pagamento;; • Não processados — são as despesas que ainda dependem da prestação do serviço ou do fornecimento do material, ou seja, despesas cujo direito do credor não foi apurado. Representam, portanto, despesas ainda não liquidadas. 23 ü Suprimento de Fundos Suprimento de Fundos é a denominação dada à despesa realizada em regime de adiantamento, que é aplicável aos casos especiais, expressamente definidos em lei. Consiste na entrega de numerário a servidor, para realização de despesas que não possam subordinar-se ao processo normal de aplicação — excepcionalidade — sob inteira responsabilidade do ordenador de despesa. Casos de Aplicação do Suprimento de Fundos • Para atender despesas eventuais, inclusive em viagem, e com serviços especiais que exijam pronto pagamento em espécie;; • Para atender despesas em caráter sigiloso, conforme se classifica em regulamento;; • Para atender despesas de pequeno vulto, assim entendidas aquelas cujo valor, em cada caso, não ultrapassar limites estabelecidos pela Portaria MF nº 95, de 19/04/2002. Ato de Concessão do Suprimento: • Regra: Cartão de Pagamento do Governo Federal — CPGF. • Exceção: Depósito em conta corrente nos casos em que não seja possível utilizar o CPGF. A concessão de suprimento de fundos deverá respeitar os estágios da despesa pública: empenho, liquidação e pagamento. E tem seu valor limitado pela legislação. ü Despesas de Exercícios Anteriores: Conceito - são despesas de exercícios encerrados, às quais o orçamento respectivo consignava crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las. Despesas que não se tenham processado na época própria, bem como os restos a pagar com prescrição interrompida e os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício correspondente, conforme estabelecido no art. 37 da Lei nº 4.320/1964. O reconhecimento da dívida a ser paga, a conta de Despesas de Exercícios Anteriores, cabe à autoridade competente empenhá-la. 24 De acordo com o § 2º do Art. 22 do Decreto 93.872/86, considera-se: • Despesas que não tenham sido empenhadas em época própria — aquelas cujo empenho tenha sido considerado insubsistente e anulado no encerramento do exercício correspondente, mas que, dentro do prazo estabelecido, o credor tenha cumprido com a sua obrigação;; • Restos a Pagar com prescrição interrompida — a despesa cuja inscrição em Restos a Pagar tenha sido cancelada, mas em relação à qual ainda vige o direito do credor;; • Compromisso reconhecido após o encerramento do exercício — a obrigação de pagamento criada em virtude de lei, mas somente reconhecido o direito do reclamante após o encerramento do exercício correspondente. Limites de gastos com pessoal estabelecidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal — LRF: O principal objetivo da Lei de Responsabilidade Fiscal, de acordo com o caput do art. 1º, consiste em estabelecer “normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal”. Responsabilidade na gestão fiscal Por sua vez, o parágrafo primeiro desse mesmo artigo procura definir o que se entende como “responsabilidade na gestão fiscal”, estabelecendo os seguintes postulados: • Ação planejada e transparente;; • Prevenção de riscos e correção de desvios que afetem o equilíbrio das contas públicas;; • Garantia de equilíbrio nas contas, via cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas, com limites e condições para a renúncia de receita e a geração de despesas com pessoal, seguridade, dívida, operações de crédito, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar. 25 Despesas de pessoal A LRF estabelece limites máximos de gastos com pessoal e limites mínimos de gastos com Educação e Saúde. De acordo com a LRF, entende-se como despesas de pessoal: • Somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos;; • Despesas com inativos e pensionistas;; • Mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias;; • Vencimentos e vantagens, fixas e variáveis;; • Subsídios, proventos de aposentadoria;; • Reformas e pensões;; • Adicionais de qualquer natureza;; • Gratificações, horas extras e vantagens pessoais;; • Encargos sociais;; • Contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência. AULA 4 – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS SOBRE CONTABILIDADE PÚBLICA A NBC T 16.1, aprovada pela Resolução CFC nº 1.128/08, conceitua e define o objeto, o objetivo e o campo de aplicação da Contabilidade Aplicada ao Setor Público: 26 Conceito de Contabilidade Pública ― NBC T 16.1: Contabilidade Aplicada ao Setor Público é o ramo da Ciência Contábil que aplica, no processo gerador de informações, os Princípios de Contabilidade e as normas contábeis direcionados ao controle patrimonial de entidades do setor público. Objeto da Contabilidade Pública ― NBC T 16.1 O objeto da Contabilidade Aplicada ao Setor Público é o patrimônio público. Objetivo da Contabilidade Pública ― NBC T 16.1 O objetivo da ContabilidadeAplicada ao Setor Público é fornecer aos usuários: • Informações sobre os resultados alcançados e os aspectos de natureza orçamentária, econômica, financeira e física do patrimônio da entidade do setor público e suas mutações, em apoio ao processo de tomada de decisão;; • A adequada prestação de contas;; • O necessário suporte para a instrumentalização do controle social. Função Social da Contabilidade Pública ― NBC T 16.1 A função social da Contabilidade Aplicada ao Setor Público deve refletir, sistematicamente, o ciclo da administração pública para evidenciar informações necessárias à tomada de decisões, à prestação de contas e à instrumentalização do controle social. Campo de Aplicação da Contabilidade Pública ― NBC T 16.1 O campo de aplicação da Contabilidade Aplicada ao Setor Público abrange todas as entidades do setor público. Elas devem observar as normas e as técnicas próprias da Contabilidade Aplicada ao Setor Público, considerando-se o seguinte escopo: • Integralmente, as entidades governamentais, os serviços sociais e os conselhos profissionais;; • Parcialmente, as demais entidades do setor público, para garantir procedimentos suficientes de prestação de contas e instrumentalização do controle social. 27 Regime contábil Regime contábil é um procedimento que estabelece as regras para classificação e registro das variações ou alterações patrimoniais (fatos contábeis). Os regimes contábeis podem ser: a) Regime de caixa: estabelece que as receitas sejam reconhecidas no momento do efetivo ingresso dos recursos financeiros e as despesas no momento da efetiva saída dos recursos financeiros;; b) Regime de competência: estabelece que as receitas e as despesas sejam reconhecidas no momento em que ocorrerem os seus respectivos fatos geradores, independentemente do ingresso ou da saída dos recursos financeiros;; c) Regime misto: mescla o regime de caixa e o regime de competência, ou seja, estabelece que as receitas sejam reconhecidas no momento do efetivo ingresso dos recursos financeiros e as despesas no momento em que ocorrerem os respectivos fatos geradores, independentemente do ingresso dos recursos financeiros. Princípios de Contabilidade sob a perspectiva do Setor Público O CFC, com base no Decreto-Lei nº 9.295, de 27/05/1946, com as alterações introduzidas pela Lei nº 12.249/2010, edita resoluções que visam a disciplinar as Normas Brasileiras de Contabilidade e regular os Princípios de Contabilidade. O Apêndice II da Resolução CFC nº 750/93, aprovado pela Resolução CFC nº 1111/07, trata dos Princípios de Contabilidade sob a perspectiva do Setor Público e, na sua introdução, traz o seguinte enunciado: 28 “O ponto de partida para qualquer área do conhecimento humano deve ser sempre os princípios que a sustentam. Esses princípios espelham a ideologia de determinado sistema, seus postulados básicos e seus fins. Vale dizer, os princípios são eleitos como fundamentos e qualificações essenciais da ordem que institui. Os princípios possuem o condão de declarar e consolidar os altos valores da vida humana e, por isso, são considerados pedras angulares e vigas-mestras do sistema”. Segundo o CFC, são seis os Princípios de contabilidade. Princípio da Entidade Art. 4º O Princípio da entidade reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, a um conjunto de pessoas, a uma sociedade ou a uma instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequência, nesta acepção, o patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. Parágrafo único. O patrimônio pertence à entidade, mas a recíproca não é verdadeira. A soma ou a agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova entidade, mas em uma unidade de natureza econômico- contábil. • Perspectivas do Setor Público O Princípio da Entidade se afirma, para o ente público, pela autonomia e responsabilização do patrimônio a ele pertencente. A autonomia patrimonial tem origem na destinação social do patrimônio e a responsabilização pela obrigatoriedade da prestação de contas pelos agentes públicos. Princípio da Continuidade Art. 5º O Princípio da Continuidade pressupõe que a Entidade continuará em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta essa circunstância. 29 • Perspectivas do Setor Público No âmbito da entidade pública, a continuidade está vinculada ao estrito cumprimento da destinação social do seu patrimônio, ou seja, a continuidade da entidade se dá enquanto perdurar sua finalidade. Princípio da Oportunidade Art. 6º O Princípio da Oportunidade refere-se ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais para produzir informações íntegras e tempestivas. Parágrafo único. A falta de integridade e tempestividade na produção e na divulgação da informação contábil pode ocasionar a perda de sua relevância, por isso é necessário ponderar a relação entre a oportunidade e a confiabilidade da informação. • Perspectivas do Setor Público O Princípio da Oportunidade é base indispensável à integridade e à fidedignidade dos processos de reconhecimento, mensuração e evidenciação da informação contábil, dos atos e dos fatos que afetam ou possam afetar o patrimônio da entidade pública, observadas as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público. A integridade e a fidedignidade dizem respeito à necessidade de as variações serem reconhecidas na sua totalidade, independentemente do cumprimento das formalidades legais para sua ocorrência, visando ao completo atendimento da essência sobre a forma. Princípio do Registro pelo Valor Original Art. 7º O Princípio do Registro pelo Valor Original determina que os componentes do patrimônio devem ser, inicialmente, registrados pelos valores originais das transações, expressos em moeda nacional”. • Perspectivas do Setor Público Nos registros dos atos e fatos contábeis, será considerado o valor original dos componentes patrimoniais. 30 Valor Original, que, ao longo do tempo, não se confunde com o custo histórico, corresponde ao valor resultantede consensos de mensuração com agentes internos ou externos, com base em valores de entrada ― a exemplo de custo histórico, custo histórico corrigido e custo corrente;; ou valores de saída ― a exemplo de valor de liquidação, valor de realização, valor presente do fluxo de benefício do ativo e valor justo. Princípio da Competência Art. 9º O Princípio da Competência determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento. Parágrafo único. O Princípio da Competência pressupõe a simultaneidade da confrontação de receitas e de despesas correlatas. • Perspectivas do Setor Público O Princípio da Competência aplica-se, integralmente, ao Setor Público. Princípio da Prudência Art. 10º O Princípio da Prudência determina a adoção do menor valor para os componentes do ativo e do maior para os do passivo, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido. Parágrafo único. O Princípio da Prudência pressupõe o emprego de certo grau de precaução no exercício dos julgamentos necessários às estimativas em certas condições de incerteza, no sentido de que ativos e receitas não sejam superestimados e que passivos e despesas não sejam subestimados, atribuindo maior confiabilidade ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais. • Perspectivas do Setor Público A prudência deve ser observada quando, existindo um ativo ou um passivo já escriturado por determinados valores, segundo os Princípios do Valor Original, surgirem possibilidades de novas mensurações. 31 A aplicação do Princípio da Prudência não deve levar a excessos ou a situações classificáveis, como manipulação do resultado, ocultação de passivos, super ou subavaliação de ativos. Pelo contrário, em consonância com os Princípios Constitucionais da Administração Pública, deve constituir garantia de inexistência de valores fictícios, de interesses de grupos ou pessoas, especialmente gestores, ordenadores e controladores. Principais normas e leis relacionadas com a Contabilidade Pública • Lei Federal nº 4.320 de 17/03/1964 ― Conhecida como Lei Geral de Finanças Públicas. Esta Lei estabelece regras de contabilidade e de controle dos orçamentos e balanços da União, Estados, Municípios e Distrito Federal;; • Lei Complementar nº 101, de 04/05/2000 ― Conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal, estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão;; • Códigos de Administração Financeira ― compõem a legislação que trata de matéria contábil, financeira e orçamentária, nas esferas estadual e municipal, de forma complementar à Lei nº 4.320/64;; • Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBCTSP), editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade, representam um importante marco na normatização da contabilidade do setor público;; • Manual de Contabilidade Aplicado ao Setor Público (MCASP), Aplicado à União, Estados, Distrito Federal e Municípios, editado pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN) do Ministério da Fazenda (MF), desenvolvido com conteúdo alinhado às NBCTSP;; • Manual Técnico de Contabilidade Aplicado ao Setor Público, Aplicado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, cujos volumes I e II recebem os subtítulos de Manual da Despesa Nacional e Manual da Receita Nacional, respectivamente. 32 AULA 5 – ASPECTOS PRÁTICOS A Contabilidade Pública mantém o foco na sua obrigação de fornecer informações claras e precisas aos cidadãos sobre os resultados alcançados pela gestão orçamentária, econômica, financeira e patrimonial das entidades do setor público. Para tanto, realiza o registro das suas operações que envolvem bens, direitos e obrigações com a utilização do Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP), de uso obrigatório pela União, estados, município e Distrito Federal. Patrimônio Público: Segundo a NBC T 16.2: “Patrimônio público é o conjunto de direitos e bens, tangíveis ou intangíveis, onerados ou não, adquiridos, formados, produzidos, recebidos, mantidos ou utilizados pelas entidades do setor público, que seja portador e represente um fluxo de benefícios, presente ou futuro, inerente à prestação de serviços públicos ou à exploração econômica por entidades do setor público e suas obrigações”. O patrimônio público é estruturado em três grupos: Ativos: “Recursos controlados pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que resultem, para a entidade, benefícios econômicos futuros ou potencial de serviços. Um ativo deve ser reconhecido quando for provável que benefícios futuros dele fluirão para a entidade e seu custo ou valor puder ser determinado em bases confiáveis” (MCASP 6ª edição). Passivos: “Obrigações presentes da entidade, derivadas de eventos passados, cujos pagamentos se esperam que resultem para a entidade em saídas de recursos capazes de gerar benefícios econômicos ou potencial de serviços. Um passivo deve ser reconhecido quando for provável que uma saída de recursos envolvendo benefícios econômicos seja exigida em liquidação de uma obrigação presente e o valor pelo qual essa liquidação se dará possa ser determinado em bases confiáveis” (MCASP 6ª edição). Patrimônio Líquido: “O valor residual dos ativos da entidade depois de deduzidos todos seus passivos” (MCASP 6ª edição). 33 Conforme disposto na NBC T 16.6, que trata das Demonstrações Contábeis do Setor Público, o ativo e o passivo são segregados em “circulante” e “não circulante”, com base em seus atributos de conversibilidade e exigibilidade. Por outro lado, a Lei nº 4.320/1964 segrega o ativo e o passivo em Financeiro e Permanente. Mensuração de Ativos e Passivos: Mensuração: é o processo que consiste em determinar os valores pelos quais os elementos das demonstrações contábeis devem ser reconhecidos e apresentados nas demonstrações contábeis. O patrimônio das entidades do setor público, o orçamento, a execução orçamentária e financeira e os atos administrativos que provoquem efeitos de caráter econômico e financeiro no patrimônio da entidade devem ser mensurados ou avaliados monetariamente pela contabilidade, observando o princípio da oportunidade, que estabelece que oreconhecimento e o registro, devem ser feitos integralmente no momento em que ocorrerem. Reconhecimento Inicial: As entidades, inicialmente, devem realizar ajustes para que o balanço patrimonial reflita a realidade dos seus elementos patrimoniais, mensurando inicialmente pelo custo ou valor justo, os estoques, imobilizados e intangíveis, adotando, posteriormente, procedimentos de mensuração após o reconhecimento inicial. Mensuração após o reconhecimento inicial: Após o reconhecimento inicial do ativo imobilizado e intangível, as entidades, a fim de identificar os respectivos valores justos, devem mensurar esses itens com a utilização de um entre dois modelos: • Método de reavaliação menos a depreciação e redução ao valor recuperável acumuladas, subsequentes;; • Método dos custos menos a depreciação, menos a redução ao valor recuperável, acumuladas. 34 Esse primeiro ajuste decorre de exercícios anteriores nos quais o patrimônio público não era depreciado, nem eram ajustadas as valorizações e desvalorizações ocorridas no valor dos bens. Reavaliação, redução ao valor recuperável, depreciação, amortização e exaustão: Esses itens somente devem ser realizados depois de estabelecido o valor justo inicial. Reavaliação é a adoção do valor de mercado ou de consenso entre as partes para bens do ativo. Diversos fatores podem fazer com que o valor contábil de um ativo não corresponda ao seu valor justo. Assim, caso a entidade adote esse método de mensuração após reconhecimento inicial de uma classe de ativo imobilizado ou intangível, é necessário que, de tempos em tempos, esses bens passem por um processo visando adequar o seu valor contábil. A frequência com que as reavaliações são realizadas depende das mudanças dos valores justos dos itens do ativo que serão reavaliados. Reavaliação do Ativo Imobilizado: Quando um item do ativo imobilizado é reavaliado, a depreciação acumulada na data da reavaliação deve ser eliminada contra o valor contábil bruto do ativo, atualizando-se o seu valor líquido pelo valor reavaliado, gerando aumento ou diminuição no valor contábil registrado. Se um item do ativo imobilizado for reavaliado, é necessário que toda a classe de contas do ativo imobilizado à qual pertence esse ativo seja reavaliada simultaneamente. A reavaliação pode ser realizada através da elaboração de um laudo técnico por perito ou entidade especializada, ou ainda através de relatório de avaliação realizado por uma comissão de servidores. Exemplos de fontes de informações para a avaliação do valor de um bem podem ser: o valor do metro quadrado do imóvel em determinada região ou a tabela FIPE no caso dos veículos. Caso seja impossível estabelecer o valor de mercado do ativo, pode-se defini-lo com base em parâmetros de referência que considerem bens com características, circunstâncias e localizações assemelhadas. 35 Reavaliação do Ativo Intangível: Após o seu reconhecimento inicial, um ativo intangível pode ser apresentado pelo seu valor reavaliado, correspondente ao seu valor justo à data da reavaliação menos qualquer amortização acumulada. O valor justo deve ser apurado em relação a um mercado ativo. Caso um ativo intangível em uma das classes de ativos intangíveis não possa ser reavaliado porque não existe mercado ativo para ele, este somente poderá ser mensurado pelo custo menos a amortização acumulada e a perda caso seja irrecuperável. Redução ao Valor Recuperável: Caso o valor contábil de um ativo imobilizado ou intangível apresente valor acima da quantia que será recuperada através do uso ou da venda desse ativo, é possível afirmar que esse ativo está em imparidade (impairment). A redução ao valor recuperável não deve ser confundida com a depreciação. Esta é entendida como o declínio gradual do potencial de geração de serviços por ativos de longa duração, ou seja, a perda do potencial de benefícios de um ativo motivada pelo desgaste, uso, ação da natureza ou obsolescência. Já o impairment é a desvalorização de um ativo quando seu valor contábil excede seu valor recuperável. Redução ao valor recuperável pode ser entendida como uma perda dos futuros benefícios econômicos ou do potencial de serviços de um ativo, além da depreciação. Quando o valor contábil for superior ao valor recuperável, ocorrerá uma perda por redução ao valor recuperável do ativo, que reflete um declínio na utilidade de um ativo para a entidade que o controla. Depreciação: É o declínio do potencial de geração de serviços por ativos de longa duração, ocasionada pelos seguintes fatores: • Deterioração física;; • Desgastes com uso;; • Obsolescência. Para efetuar-se a depreciação, é necessário que a base monetária inicial seja confiável, ou seja, o valor registrado deve espelhar o valor justo. 36 Métodos de Depreciação (NBC T 16.9): deve refletir o padrão em que os benefícios econômicos futuros ou potencial de serviços do ativo devem ser consumidos pela entidade. Vários métodos de depreciação podem ser utilizados para alocar de forma sistemática o valor depreciável de um ativo ao longo da sua vida útil. Não é exigido que todos os bens sejam avaliados pelo mesmo método. Caso Prático 1 (MCASP 6ª edição pág. 162): Uma entidade pretende realizar a depreciação de um bem utilizando o método das cotas constantes. O valor bruto contábil é R$ 2.600,00;; foi determinado o valor residual de R$ 600,00 e valor depreciável de R$ 2.000,00. A vida útil do bem é de cinco anos, conforme a política da entidade. Assim, a taxa de depreciação é de 20% ao ano. Por questões didáticas a depreciação será calculada anualmente. A tabela a seguir demonstra os cálculos: O método da soma dos dígitos resulta em uma taxa decrescente durante a vida útil. Esse é o método mais adequado para itens do imobilizado tais como veículos. Caso Prático 2 (MCASP 6ª edição pág. 163): Uma entidade pretende realizar a depreciação de um bem utilizando o método da soma dos dígitos. O valor bruto contábil é R$ 2.600,00;; foi determinado o valor residual de R$ 600,00 e valor depreciável de R$ 2.000,00. A vida útil do bem é de cinco anos, conforme a política da entidade. Assim, a taxa de depreciação ao ano é de 20%. Por questões didáticas, a depreciação será calculada anualmente. A tabela abaixo demonstra os cálculos: 37 O método das unidades
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