Buscar

Contabilidade de instituições especificas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 56 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 56 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 56 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Contabilidade de instituições especificas 
Aula 1
Entidade de interesse social: características e evolução, funcionamento e legislação tributária
Nesta primeira unidade, serão abordadas as características do terceiro setor e sua constituição jurídica, bem como aspectos da legislação tributária aplicáveis às operações dessas organizações sem finalidade lucrativa, que integram o setor, fundamentais para a contextualização das regras contábeis que serão aplicadas no registro e apresentação de tais operações.
Aula 1Contextualização e evolução do terceiro setor
O terceiro setor é aquele formado por instituições decorrentes da iniciativa privada, de caráter voluntário, que visam essencialmente ao bem comum e não possuem finalidade de obter lucro com sua atuação. Nesse sentido, a Gerência de Estudos Setoriais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – Geset/BNDES, em sua publicação de 2001, Terceiro setor e desenvolvimento social, enfatiza que a conceituação mais aceita na época de sua emissão é de que esse setor representa
uma esfera de atuação pública, não estatal, formada a partir de iniciativas privadas voluntárias, sem fins lucrativos, no sentido do bem comum.
(GESET, 2001, p. 4)
O ambiente econômico tem em sua composição três diferentes setores.
Primeiro setor 
O primeiro deles é o poder público, representado pelo Estado, que apresenta como característica importante o fato de que os recursos são decorrentes da cobrança de tributos e da obtenção de financiamentos e, em função disso, devem ser direcionados para a aplicação no bem-estar da sociedade, na infraestrutura do país e nas demais funções sob a sua atribuição.
Segundo setor 
Por sua vez, o segundo setor é aquele composto pelas empresas do setor privado, cujos proprietários ou acionistas alocam os recursos oriundos do seu patrimônio, tomam financiamentos para o seu funcionamento e, então, buscam o lucro em suas operações, distribuindo-o diretamente aos sócios via dividendos, em empresas constituídas como sociedade por ações, ou retiradas de lucro, nas sociedades por quotas de responsabilidade limitada, e indiretamente via formação de reservas de lucros.
Terceiro setor
Por fim, o terceiro setor é composto por diversas organizações que têm como característica comum o fato de não visarem ao lucro. As origens dos recursos aplicados na manutenção dos objetivos dessas organizações surgem da própria atividade, das doações recebidas, das subvenções concedidas pelo poder público e financiamentos públicos ou privados; como característica importante, tais recursos devem ser direcionados obrigatoriamente para a manutenção do objetivo para o qual a organização foi constituída e que está explicitado em seu estatuto. O resultado apurado pela organização, ao fim do período contábil, sendo um superavit, deve ser reinvestido nas suas atividades, não podendo ser distribuído aos associados ou membros.
Podemos entender, então, que as organizações sem fins lucrativos (terceiro setor) e o Estado possuem em comum o fato de visarem, precipuamente, ao interesse da coletividade, ao interesse comum.
O terceiro setor é caracterizado por não ter finalidade lucrativa e visar ao bem comum!
Conforme pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, em 2011, existiam no Brasil, naquele ano, 499.518 entidades sem fins lucrativos, que representavam cerca de 9,7% do total de empresas em funcionamento no país e empregavam em torno de 6,4% dos assalariados (IBGE, 2013, p. 25). É importante lembrar que, para efeito desse estudo, o IBGE classifica como fundações privadas e associações sem fins lucrativos – Fasfil aquelas entidades que atendam, simultaneamente, aos seguintes critérios:
1. Privadas, não integrantes, portanto, do aparelho de Estado;
2. Sem fins lucrativos, isto é, organizações que não distribuem eventuais excedentes entre os proprietários ou diretores e que não possuem como razão primeira de existência a geração de lucros – podendo até gerá-los, desde que aplicados nas atividades fins;
3. Institucionalizadas, isto é, legalmente constituídas;
4. Autoadministradas ou capazes de gerenciar suas próprias atividades; e
5. Voluntárias, na medida em que podem ser constituídas livremente por qualquer grupo de pessoas, isto é, a atividade de associação ou de fundação da entidade é livremente decidida pelos sócios ou fundadores.
ftp.ibge.gov.br
Cabe ressaltar que as pessoas jurídicas devem ser classificadas em pessoas de direito público ou de direito privado. As pessoas de direito público compreendem os entes da federação — a União, os estados e os municípios, bem como as autarquias e as associações públicas.
Nos termos do artigo 44 da Lei nº 10.406/2002 (Código Civil), as pessoas jurídicas de direito privado são:
I. As associações;
II. As sociedades;
III. As fundações.
IV. As organizações religiosas.
V. Os partidos políticos.
VI. As empresas individuais de responsabilidade limitada.
A existência legal das pessoas jurídicas de direito privado, nos termos do artigo 45 da referida lei, é iniciada:
[...] com a inscrição do seu termo de constituição no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
(BRASIL, 2002, art. 45)
Dessas pessoas jurídicas, destacamos as sociedades empresárias, ou seja, com fins econômicos, que são tratadas do ponto de vista do direito civil no Livro II do Código Civil, que estabelece as normas relacionadas ao direito de empresa. Assim, nos termos do artigo 981 do Código Civil, essas sociedades surgem da reunião de pessoas que “se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados” (BRASIL, 2002).
Também com finalidade econômica, mas formada unicamente pelo seu titular, temos as empresas individuais de responsabilidade limitada – Eireli, que são tipificadas no artigo 980-A do referido código. As Eireli, nos termos da lei, terão o seu capital não inferior a 100 vezes o valor do maior salário mínimo que estiver em vigor no país, totalmente integralizados.
As demais pessoas jurídicas, apresentadas no referido artigo 44 — associações, fundações, organizações religiosas e partidos políticos —, são entidades sem finalidade de lucro e que caracterizam o terceiro setor. Assim, ressaltamos que o terceiro setor tem como característica relevante não ter como finalidade a obtenção de lucro.
Evolução histórica
As organizações sociais, que atuavam com vistas ao bem-estar comum no Brasil, notadamente de assistência às comunidades carentes, eram, em um passado mais distante, ligadas em sua grande maioria à Igreja Católica.
As Santas Casas, bem como as irmandades e as ordens terceiras (franciscana, dominicana, carmelita), que têm atuação registrada na nossa história a partir do século XVI, representam exemplo clássico da atuação da Igreja Católica no Brasil. Assim, da fase do Brasil Colônia até meados do século XIX, podemos observar a predominância da associação entre o poder estatal e a Igreja Católica com a finalidade de atendimento assistencial.
Apesar de podermos identificar, no fim do século XIX, a participação relevante de entidades sem fins lucrativos, como é o exemplo das Santas Casas, é no período dos governos militares, pós-revolução de 1964, que observamos a consolidação de muitas organizações, talvez por conta das restrições ao desenvolvimento de partidos políticos e instituições a eles ligadas. Outro aspecto que cabe destacar diz respeito à entrada em cena de outras religiões, unindo a caridade à prática religiosa.
Conforme Gohn (2013, p. 243):
Nos anos 70/80 as ONGs eram instituições de apoio aos movimentos sociais e populares, estavam por detrás deles na luta contra o regime militar e pela democratização do país. Ajudaram a construir um campo democrático popular. Nesta fase as ONGs se preocupavam em fortalecer a representatividade das organizações populares, ajudava a própria organização se estruturar, muitas delastrabalhavam numa linha de conscientização dos grupos organizados.
O ressurgimento da democracia, com o fim dos governos militares, que trouxe de volta à cena os partidos políticos, fortaleceu os sindicatos e também os movimentos sociais rurais e urbanos, contribuindo para a rápida criação dessas organizações. A esse propósito, Faria ressaltou que:
No Brasil, as organizações não governamentais sem fins lucrativos ganham força a partir do processo de redemocratização política que se deu após o período da Ditadura Militar (1964-1985). Mas foi a partir da década de 90 que surgiram as principais organizações não governamentais no país, como o Instituto Ethos (1998) e a Rede de ONGs da Mata Atlântica, (1992) que reúne cerca de 312 instituições em 16 estados.
(FARIA, c2016)
O período pós-governos militares, com a redemocratização do país, trouxe uma nova Constituição e, com esta, novos direitos trabalhistas, em particular, e socioeconômicos, em geral, e a expansão dos direitos relacionados à cidadania política, o que contribuiu para a criação de espaços para a atuação de entidades sem fins lucrativos. Mas, por outro lado, conforme o relatório do BNDES, esse período ficou caracterizado pela redução da ajuda internacional, que foi predominante no pós-1964.
Assim, concomitantemente à ampliação do espaço de atuação, como resultante das demandas sociais, os recursos tornam-se mais escassos, por força da redução da ajuda externa ao país. Nesse contexto, o aumento da capacitação institucional e a profissionalização da atuação levaram a uma concentração dos recursos nas organizações mais tradicionais e reconhecidas.
A participação do empresariado nacional, detectada pelo BNDES em sua pesquisa, por meio da criação de fundações e institutos com atuação em programas e projetos sociais, representou uma nova visão no movimento do terceiro setor e, principalmente, novas fontes de recursos para aquelas instituições que já atuavam nesse setor.
Nesse sentido, cabe ressaltar a colocação de Delgado (2004):
Até mesmo o segundo setor, que funciona com uma lógica diferente, na qual visa ao lucro, já a partir da década de 90, encabeça e dirige recursos para programas e projetos sociais, especialmente através de suas fundações e institutos, sendo assim mais uma opção de recursos para a área do terceiro setor.
Por fim, o terceiro setor, dada a sua importância, carece de uma norma que regule o seu funcionamento e dê transparência ao seu relacionamento com o Estado, abrangendo todas as entidades, independentemente de sua certificação, titulação ou qualificação.
Aula 2Tipos, características e funcionamento das entidades
Nesta aula, vamos tratar da personalidade jurídica das organizações que compõem o terceiro setor, que, como vimos na aula anterior, é formado por instituições que não têm finalidade de lucro em suas operações, mas, sim, visam ao bem comum.
Vamos concentrar os nossos estudos nos dois principais tipos jurídicos que podem adotar as organizações que integram o terceiro setor, que são as associações e as fundações, deixando de abordar, nesta disciplina, os partidos políticos e as organizações religiosas por conta da especificidade de suas atuações, que demandaria uma abordagem diferenciada.
Essas organizações, como qualquer pessoa jurídica, têm sua constituição regulada em lei. A esse propósito, o Código Civil (BRASIL, 2002), em seu artigo 45, assim estabeleceu:
Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Então, o registro dessas organizações, em alguns casos, exigirá a aprovação prévia do Poder Executivo, como as cooperativas e sindicatos, e deverá conter, nos termos do artigo 46:
I. A denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver;
II. O nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores;
III. O modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente;
IV. Se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;
V. Se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
VI. As condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso. (BRASIL, 2002, art. 46)
(BRASIL, 2002, art. 46)
A personalidade jurídica dessas organizações advém do seu registro, que lhes concede a capacidade de direito, ou seja, de estarem aptas a ser titulares de direitos, obrigações e possuir capacidade patrimonial.
Associações
As associações, nos termos do artigo 53 do Código Civil (BRASIL, 2002), são constituídas por pessoas que se organizam com finalidade não econômica e não possuem entre si direitos e obrigações de forma recíproca, ou seja, nenhum associado, por conta da associação, possui direitos contra outros associados ou obrigações perante estes.
É muito importante lembrar, nesse momento, o que nos ensinam Grazzioli et al. (2015, p. 25): “Cada um dos associados constitui uma individualidade, e a associação, outra, tendo cada um seus direitos, deveres e bens.”
Conforme o Manual do terceiro setor, elaborado pela equipe do Instituto Pro Bono – IPB:
[...] associação é toda união de pessoas, promovida com um fim determinado, seja de ordem beneficente, literária, científica, artística, recreativa, desportiva ou política, entre outras, que não tenha finalidade lucrativa. Sua finalidade pode ser altruística — como uma associação beneficente que atende a uma comunidade sem restrições qualificadas — ou não altruística, no sentido de que se restringe a um grupo seleto e homogêneo de associados.
(IPB, 2001, p. 9-10)
Devemos ressalvar que, apesar de as associações não terem a finalidade de obter lucro, elas não estão proibidas de realizar transações de natureza comercial, isto é, geradoras de receitas. Mas essas transações devem estar previa e expressamente contidas em seu estatuto, assim como todo o retorno obtido deve ser destinado em sua integralidade para custear a finalidade da organização.
O registro dos atos constitutivos das associações deve ser feito no Registro Civil de Pessoas Jurídicas – RCPJ, nos termos do artigo 114 da Lei nº 6.015/1973, que será vedado quando:
[...] o seu objeto ou circunstâncias relevantes indiquem destino ou atividades ilícitos ou contrários, nocivos ou perigosos ao bem público, à segurança do Estado e da coletividade, à ordem pública ou social, à moral e aos bons costumes.
A ata de constituição e o Estatuto são os atos constitutivos das associações, que lhes dão existência formal, ou seja, a sua personalidade jurídica. No estatuto, conforme artigo 54 do Código Civil, deverão constar:
1. I. A denominação, os fins e a sede da associação;
2. II. Os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados;
3. III. Os direitos e deveres dos associados;
4. IV. As fontes de recursos para sua manutenção;
5. V. O modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos;
6. VI. As condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução.
7. VII. A forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas. (BRASIL, 2002, art. 54)
A gestão das associações em geral se dá com a existência de, ao menos, três organismos: a assembleia geral; os administradores, que podem adotar a nomenclatura de diretoria executiva, superintendência, direção geral, entre outros; e o conselho fiscal. Destes, por força da determinação do Código Civil (BRASIL, 2002, art. 59), é a assembleia geral o órgão máximo de deliberação, que tem poderes privativos para a destituição dos administradores e alteração do estatuto, com o quórum e demais critérios estabelecidos no estatuto.
No entendimento de Grazzioli et al. (2015, p. 39), além desses poderes, o estatuto deve atribuir as seguintes competências à assembleia geral:
[...] eleger os administradores; aprovar a previsão orçamentária e o plano anual de ação, propostospreferencialmente pela Diretoria Executiva; estabelecer as diretrizes de atuação da Diretoria Executiva; deliberar sobre a alienação de bens patrimoniais de valor significativo; deliberar sobre a aceitação, ou não, de doações com encargo; apreciar as contas, aprovando-as ou rejeitando-as; aprovar alteração estatutária; denunciar às autoridades competentes os erros, fraudes ou crimes de que porventura tomar conhecimento, sem prejuízo de tomada das medidas administrativas e judiciais.
A administração da associação é exercida, em geral, por organismo denominado superintendência geral, diretoria executiva, entre outros, que será responsável pela realização dos atos de gestão da associação. As competências necessárias à realização dos atos de gestão a serem atribuídas ao órgão responsável pela administração são, entre outras, gerir os recursos da associação, contratar e demitir empregados, cumprir as deliberações feitas pela assembleia geral, fazer cumprir e cumprir o estatuto da associação e elaborar as peças contábeis e a prestação anual de contas.
A missão do conselho fiscal, por sua vez, é a de fiscalizar as ações tomadas pela direção da associação e como são utilizados os recursos financeiros captados. A sua constituição é muito importante, constando como condição necessária à obtenção de certificados e qualificações, bem como para a obtenção de recursos públicos. Um exemplo é a qualificação como organizações da sociedade civil de interesse público – Oscips, instituída pela Lei nº 9.790/1999, que exige, entre outros aspectos, a constituição de conselho fiscal para a sua obtenção.
Organizações Sociais – OSs e Oscips não são tipos de sociedades, mas sim qualificações que as sociedades sem fins lucrativos, como as associações e fundações, podem obter para se qualificarem a receber recursos públicos, isenções fiscais etc.
Fundações
As fundações, cuja constituição está prevista no artigo 62 do Código Civil (BRASIL, 2002), poderá ser feita pelo instituidor por meio de escritura pública ou testamento, em que serão declarados os bens (livres) colocados à disposição da organização e os fins aos quais ela se destina, apresentando, também, se tiver interesse, a maneira de administrá-la.
Da leitura do mencionado artigo 62 (BRASIL, 2002), depreendemos a importância dos bens no processo de criação das fundações. O seu patrimônio, então, uma preocupação do legislador, deve ser formado por bens livres, isto é, livres de ônus e legalmente disponíveis para a organização.
O parágrafo único desse artigo estabelece as finalidades que podem ter as fundações, são elas:
1. I. Assistência social;
2. II. Cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
3. III. Educação;
4. IV. Saúde;
5. V. Segurança alimentar e nutricional;
6. VI. Defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável;
7. VII. Pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos;
8. VIII. Promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos;
9. IX. Atividades religiosas.
Dessa forma, diferentemente da associação, a fundação não tem ampla liberdade de escolha de suas finalidades, devendo se sujeitar às restrições estabelecidas no Código Civil. Além disso, também encontra vedação a atuação das fundações para atingir finalidades particulares.
A criação de uma fundação pelo seu instituidor poderá se dar em vida ou após o seu falecimento, por meio de testamento, colocando os bens livres à disposição da fundação. O Ministério Público, nos termos dos artigos 66 a 69 do Código Civil, velará pelas fundações e será o responsável pela sua aprovação, bem como pelo acompanhamento das alterações do estatuto. Além disso, esse velamento inclui o exame das prestações anuais de contas, o acompanhamento das finalidades da organização e, por último, mas não menos importante, a presença nas reuniões deliberativas.
A estrutura de funcionamento de uma fundação será estabelecida em seu estatuto, que, nos termos do artigo 120 da Lei nº 6.015/1973, que trata do registro das fundações, deverá conter indicações acerca dos seguintes aspectos:
I. A denominação, o fundo social, quando houver, os fins e a sede da associação ou fundação, bem como o tempo de sua duração;
II. O modo por que se administra e representa a sociedade, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente;
III. Se o estatuto, o contrato ou o compromisso é reformável, no tocante à administração, e de que modo;
IV. Se os membros respondem ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
V. As condições de extinção da pessoa jurídica e nesse caso o destino do seu patrimônio;
VI. Os nomes dos fundadores ou instituidores e dos membros da diretoria, provisória ou definitiva, com indicação da nacionalidade, estado civil e profissão de cada um, bem como o nome e residência do apresentante dos exemplares.
As fundações, a exemplo das associações, também deverão ter a sua administração composta por no mínimo três componentes: órgão deliberativo (conselho superior ou curador); conselho fiscal, que é um órgão de controle, e o órgão responsável pela administração (superintendência, diretoria executiva etc.).
Conforme Grazzioli et al. (2015, p. 41-42), as atribuições do conselho curador devem ser:
a) Exercer a fiscalização superior do patrimônio e dos recursos da fundação;
b) Aprovar o orçamento, as contas, os balanços, o relatório anual e acompanhar a execução orçamentária;
c) Aprovar o critério de determinação de valores dos serviços, produtos e bens, contratados ou adquiridos para a consecução dos objetivos da fundação;
d) Pronunciar-se sobre a estratégia de ação da fundação, bem como sobre os programas específicos a serem desenvolvidos;
e) Aprovar as prioridades que devem ser observadas na promoção e na execução das atividades da fundação;
f) Autorizar a alienação a qualquer título, o arrendamento, a oneração ou o gravame dos bens imóveis da fundação, cuja decisão dependerá de posterior aprovação do Ministério Público;
g) Apreciar e aprovar a criação de estruturas de que trata esta fundação;
h) Aprovar o quadro de pessoal e suas alterações;
i) Conceder licença aos integrantes do Conselho;
j) Aprovar a realização de auditoria externa;
k) Alterar o estatuto, mediante deliberação de pelo menos 2/3 dos componentes do Conselho Curador, desde que a alteração proposta não contrarie ou desvirtue o seu fim e seja aprovada pelo órgão do Ministério Público;
l) Aprovar o Regimento Interno da Fundação e eventuais modificações, observada a legislação vigente;
m) Eleger os integrantes da Diretoria Executiva e substituí-los;
n) Eleger os integrantes do Conselho Fiscal;
o) Deliberar sobre quaisquer assuntos de interesse da fundação;
p) Resolver os casos omissos no Estatuto e no Regimento Interno.
O conselho curador ou conselho superior é, então, o órgão deliberativo da fundação, tendo a missão de conduzir a organização, elegendo os integrantes da superintendência ou diretoria executiva e do conselho fiscal, sendo também o responsável pelo planejamento estratégico da fundação e pelo estabelecimento das suas prioridades.
A atuação do conselho fiscal e da superintendência, ou diretoria executiva, é semelhante àquela que vimos nas associações. Um aspecto adicional é a atuação do Ministério Público do estado onde a fundação tenha a sua sede, que também tem por finalidade o controle dessas organizações, fiscalizando o seu funcionamento, apreciando as contas da administração, examinando as demonstrações contábeis, entre outros aspectos.
Aula 3Legislação tributária aplicada ao terceiro setor
As associações e fundações, organizações de interesse social, conforme destacado em nossa aula anterior, têm como diferença o fato de as fundações terem como característica principal a colocação de um patrimônio a serviço de um objetivo determinado e as associações serem caracterizadas pela união de pessoas, que se organizam para atingir um determinado fim.
Asduas são pessoas jurídicas de direito privado, com interesse público, pois desenvolvem atividades em benefício da coletividade.
Essas organizações são de extrema importância, já que, de modo geral, presenciamos a incapacidade dos entes governamentais de se articularem de forma satisfatória e desempenharem com competência o seu papel social. Assim, por visarem ao bem comum e desenvolverem atividades em benefício da coletividade, notadamente os mais carentes, e não terem por finalidade o lucro, compõem, juntamente com as organizações religiosas, sindicatos e partidos políticos, o denominado terceiro setor.
Em função dessas características, um importante aspecto da atuação das organizações que compõem esse setor é a tributação, que trataremos nesta aula. O repasse de recurso público e a concessão de isenções tributárias, bem como o reconhecimento de imunidade a tributos, são importantes instrumentos de fomento à atividade dessas entidades da sociedade civil.
Imunidade e isenção
A imunidade decorre, conforme entendimento dos juristas, de norma estabelecida na Constituição (BRASIL, 1988), ou seja, tem a sua origem e eficácia assegurada pelo texto desta. Na imunidade, há a vedação ao Estado de instituir impostos sobre quem goza dessa condição.
Conforme Maria da Conceição Bandeira do Ó (2016):
A regra da imunidade não pode ser compreendida como um direito a ser requerido pelas entidades ao governo, mas sim, um mandado constitucional dirigido aos governos, proibindo-os de tributar pessoas que cumprem os requisitos que a própria Constituição já indica.
A Constituição concedeu imunidade tributária às organizações sem fins lucrativos que atendessem aos requisitos estabelecidos em lei, conforme podemos observar no seu artigo 150, apresentado a seguir:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios: [...]
VI. Instituir impostos sobre: [...]
c) Patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei.
(BRASIL, 1988, grifo nosso)
Os requisitos são aqueles que constam da Lei nº 5.172/1966, denominada de Código Tributário Nacional, que estabelece, em seu artigo 9º, a vedação aos entes nacionais, União, estados e municípios de cobrarem impostos sobre “o patrimônio, a renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos”, desde que observados os requisitos apresentados no seu artigo 14, apresentado a seguir:
Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas:
I. Não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título;
II. Aplicarem integralmente, no país, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais;
III. Manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão.
Assim, para alcançarem a imunidade tributária, as organizações sociais sem fins lucrativos deverão aplicar integralmente no país os seus recursos e deverão atender aos princípios e demais regras contábeis, mantendo escrituração completa de seus atos administrativos, bem como elaborando as demonstrações contábeis.
Na imunidade, então, há uma “não tributação”, ou seja, nas situações estabelecidas pelo instituto da imunidade, não haverá a incidência da obrigação relacionada ao recolhimento de tributos. Mas é importante destacar que as obrigações que não sejam de cunho patrimonial, como a entrega de declarações e de prestação de informações, não estão amparadas pela imunidade e poderão ser exigidas pelo Estado.
Além disso, por conta do previsto no §1º do artigo 12 da Lei nº 9.532/1997,
não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável.
Esse artigo também estabelece requisitos para o gozo da imunidade, detalhando aqueles contidos no artigo 14 do Código Tributário Nacional e acrescentando, entre outros aspectos, a obrigatoriedade de apresentação de declaração de rendimentos, o recolhimento dos tributos retidos sobre os rendimentos pagos e a não remuneração de seus dirigentes. Mas, no caso de associações, fundações ou organizações da sociedade civil sem fins lucrativos, poderão ser remunerados:
Esse artigo também estabelece requisitos para o gozo da imunidade, detalhando aqueles contidos no artigo 14 do Código Tributário Nacional e acrescentando, entre outros aspectos, a obrigatoriedade de apresentação de declaração de rendimentos, o recolhimento dos tributos retidos sobre os rendimentos pagos e a não remuneração de seus dirigentes. Mas, no caso de associações, fundações ou organizações da sociedade civil sem fins lucrativos, poderão ser remunerados:
[...] desde que atuem efetivamente na gestão executiva e desde que cumpridos os requisitos previstos nos arts. 3º e 16 da Lei nº 9.790/99, respeitados como limites máximos os valores praticados pelo mercado na região correspondente à sua área de atuação. (BRASIL, 1997, art. 12, alínea a)
A imunidade assegura ao contribuinte o direito de não ser obrigado ao recolhimento de tributos, mas manterá as obrigações acessórias, sendo obrigado à entrega de declarações e outras informações, bem como os ganhos auferidos em aplicações de renda fixa ou renda variável estarão sujeitos à tributação.
Nas isenções, por sua vez, há a incidência do tributo, mas, por força da lei, há a dispensa de seu pagamento, sendo, na opinião de diversos juristas, um “favor fiscal”. Importa destacar que a imunidade nasce da norma constitucional, ao passo que a isenção, de norma legal. Assim, temos que, na isenção, há a ocorrência do fato gerador com a incidência do tributo e, então, o nascimento da obrigação tributária, mas sobrevém, por força da lei, a dispensa do pagamento devido.
O artigo 15 da Lei nº 9.532/1997 trata da isenção do imposto de renda da pessoa jurídica e da contribuição social sobre o lucro líquido das instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e das associações civis, condicionando a que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. Da mesma forma que as instituições imunes, também as isentas terão o ganho de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável tributados pelo imposto de renda.
Assim, de um modo geral, as entidades sem fins lucrativos estão isentas, desde que atendidos os requisitos legais, dos impostos sobre o patrimônio, a renda e a prestação de serviços, não realizando, dessa forma, recolhimentos de imposto sobre produtos industrializados – IPI, imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços – ICMS e impostos sobre serviços de qualquer natureza – ISS. No entanto, cabe destacar que a tributação do imposto de renda alcançará os ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável dessas organizações.
As entidades sem fins lucrativos que tenham reconhecidas por meio de certificação a condição de beneficentes de assistência social, nos termos da Lei nº 12.101/2009, estarão isentas de contribuições para a seguridade social. As análises e concessões ou renovações dos certificados serão efetuadas pelo Ministério da Saúde, quanto às entidades dessa área, pelo Ministério da Educação, no caso de entidades educacionais e, por fim, no Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quanto às demais entidades de caráter assistencial.
Encerramento
O que caracteriza o terceiro setor e qual a sua evolução no Brasil?
O terceiro setor é composto por entidades com natureza privada, mas sem o objetivo de lucro, que o caracteriza, não sendo, assim,integrante do setor público e nem do privado, no sentido convencional desse termo, porém se relacionando com ambos. As mais antigas ações identificadas com o terceiro setor estão relacionadas à assistência social, saúde e educação conduzidas mormente pela Igreja Católica. Mas, atualmente, vemos o florescer de organizações sem fins lucrativos ligadas à questão da cidadania.
Qual a constituição jurídica das organizações que integram esse setor?
Associações e fundações são as formas jurídicas que poderão ser utilizadas pelas organizações que se destinam à realização de transações com fins não econômicos ou não lucrativos e de interesse social, tendo a sua existência legal iniciada com o registro do ato de constituição e, quando determinado pela legislação em vigor, mediante a autorização ou aprovação do Poder Executivo.
A que obrigações fiscais estão sujeitas as entidades sem fins lucrativos?
As entidades sem fins lucrativos cujo patrimônio seja aplicado no desenvolvimento de suas finalidades no Brasil, que não distribua patrimônio e suas rendas e não remunerem ocupantes de seus órgãos estatutários e, conforme o Código Tributário Nacional, “manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão” serão imunes a tributos relativos ao patrimônio, renda e serviços. Mas precisam prestar informações à Receita Federal, entregando DIPJ e, dependendo de suas operações, a Dirf, DCTF e/ou Dacon.
Resumo da Unidade
Nesta unidade, você estudou o terceiro setor e as organizações que o compõem, conhecendo a sua evolução no Brasil. As associações e fundações destinadas à beneficência e assistência social, isto é, ao bem comum, que não têm finalidade de obter lucros com suas atuações, bem como organizações religiosas, partidos políticos e sindicatos, fazem parte desse setor, que tem característica privada. Essas organizações são pessoas jurídicas de direito privado, mas com caráter público, ao visarem ao bem comum. Por conta desse caráter público, a Constituição concedeu imunidade de tributos àquelas que atendam aos requisitos fixados na lei (no caso, ao Código Tributário Nacional e legislação específica). Além disso, a norma legal concedeu isenções de tributos nas mesmas condições. Como condição importante para a obtenção das imunidades e isenções, está a de manter escrita contábil regular, com base nos princípios contábeis que confiram exatidão às informações apresentadas, bem como atendam às obrigações acessórias das normas tributárias relacionadas à prestação de informações.
Aula 2
Gestão contábil
Esta segunda unidade tratará dos princípios fundamentais de contabilidade e dos aspectos básicos da contabilização das operações das entidades específicas, incluindo o registro contábil das principais operações realizadas por essas organizações, elementos fundamentais para a posterior preparação e entendimento das demonstrações contábeis, bem como das prestações de contas.
Aula 1Princípios fundamentais da contabilidade, elenco e plano de contas
As organizações que integram o Terceiro Setor e que são privadas, mas com características públicas, são tipificadas pela ausência de finalidade lucrativa e por buscarem o bem comum, sendo imunes a recolhimentos tributários, por força de norma constitucional, ou isentas, por força da lei. Não estão desobrigadas, no entanto, de obrigações acessórias relacionadas à prestação de informações e de adotarem escrituração completa, com obediência aos princípios e demais regras contábeis.
Todas as organizações, com ou sem fins lucrativos, devem observar os princípios contábeis no que diz respeito às suas transações, apesar das particularidades das organizações do Terceiro Setor.
Os princípios de contabilidade são os conceitos sobre os quais são erigidas as demais regras contábeis. No Brasil, foram inicialmente enunciados pelo Conselho Federal de Contabilidade – CFC através da Resolução nº 530/81, com o título de “Princípios Fundamentais de Contabilidade”. O objetivo então era o de prover suporte normativo à elaboração das demonstrações contábeis e dotar a contabilidade de um cunho científico.
O conjunto de princípios originalmente implantados foram alterados em duas oportunidades, mediante a atualização, revogação e substituição de alguns dos conceitos em vigor.
A primeira revisão ocorreu em 1993, com a edição da Resolução 750 do Conselho Federal de Contabilidade, e implicou a redução dos 16 princípios originalmente enunciados para apenas sete, que, por sua vez, foram novamente reduzidos com a edição da Resolução nº 1.282/2010, que eliminou o princípio da atualização monetária, restando, assim, apenas seis princípios de contabilidade. Além disso, com essa última alteração, o CFC passou a denominá-los de “Princípios de Contabilidade”, e não mais “Princípios Fundamentais de Contabilidade”.
A Resolução 750 foi revogada em 4 de janeiro de 2016 pela NBC TSP Estrutura Conceitual, mas sua revogação não significa necessariamente que os princípios de contabilidade estejam extintos. De modo geral, eles estão incluídos na NBC Estrutura Conceitual, implantada pela Resolução nº 1.374/2011. Conceitos como entidade contábil, continuidade, oportunidade e competência, apesar de não estarem explicitamente apresentados como princípios de contabilidade, estão contidos nos conceitos explicitados na NBC TG Estrutura Conceitual.
Entretanto, conforme seu prefácio, que introduz as alterações efetuadas na Estrutura Conceitual, o conceito de prudência foi suprimido por ser inconsistente com o aspecto de neutralidade na apresentação das informações contábeis.
Assim, a revogação das resoluções tem como objetivo precípuo a unicidade conceitual, fundamental para que se evitem divergências que poderiam comprometer aspectos formais das Normas Brasileiras de Contabilidade – NBCs.
Assim, eram seis os princípios de contabilidade enunciados pelo CFC:
i. O da entidade.
ii. O da continuidade.
iii. O da oportunidade.
iv. O do registro pelo valor original.
v. O da competência.
vi. O da prudência.
Vejamos cada um deles a seguir.
Princípio da entidade
O princípio da entidade, que indica o patrimônio como o objeto da contabilidade, é caracterizado pelo CFC, por meio da Resolução nº 1.282/2010, como afirmativo da autonomia patrimonial, destacando a independência desse patrimônio em relação àqueles pertencentes aos associados ou dirigentes das instituições.
Conforme o Blog do UC, esse princípio estabelece que
a entidade goza de autonomia; o patrimônio da entidade constitui objeto da ciência contábil; e o patrimônio da entidade não deve se confundir com o de terceiros, ainda que sejam os proprietários do negócio.
universitariocontador.blogspot.com.br
Princípio da continuidade
O enunciado do princípio da continuidade estabelece que a “entidade continuará em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta essa circunstância”. Assim, Ferreira resumiu esse princípio:
Esse princípio presume que todas as entidades empresariais continuarão a existir por tempo indeterminado, ou seja, os registros contábeis devem ser realizados como se a empresa não fosse deixar de existir.
Caso não houvesse o entendimento que uma empresa permanecerá existindo, não se poderiam realizar transações econômicas a prazo ou por longos períodos, uma vez que se esperaria que a empresa deixaria de existir em determinado período e não seria capaz de honrar com suas dívidas ou compromissos futuros. O princípio da continuidade nos dá a dimensão de que as entidades possuem uma vida contínua
contabeissemsegredos.com
Esses dois princípios de contabilidade são reconhecidos por diversos autores como sendo postulados contábeis.
Princípio da oportunidade
O princípio da oportunidade está relacionado ao momento no qual devem ser registradas as diversas transações realizadas pelas organizações, sendo que esse momento é aquele nas quais elas ocorrem. No entanto, considera-se de suma importância ponderar a relação entre a oportunidade e a confiabilidade da informação.Dessa forma, como resultado da aplicação desse princípio, destaca-se que:
a. desde que tecnicamente estimável, o registro das variações patrimonial deve ser feito mesmo na hipótese de somente existir razoável certeza de sua ocorrência;
b. o registro compreende os elementos quantitativos e qualitativos, contemplando os aspectos físicos e monetários;
c. o registro deve ensejar o reconhecimento universal das variações ocorridas no patrimônio da entidade em um período de tempo determinado, base necessária para gerar informações úteis ao processo decisório da gestão
www.boletimcontabil.com.br
Princípio do registro pelo valor original
O princípio do registro pelo valor original implica o reconhecimento dos diversos elementos que compõem o patrimônio por meio do valor original da transação do qual resultou, expresso em moeda nacional. O CFC entende que, ao longo do tempo, após a avaliação inicial, pode-se utilizar, na mensuração dos diversos componentes patrimoniais, o método do custo histórico ou uma variação dele, admitindo-se os seguintes:
Custo corrente 
Os ativos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais teriam de ser pagos se esses ativos ou ativos equivalentes fossem adquiridos na data ou no período das demonstrações contábeis. Os passivos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, não descontados, que seriam necessários para liquidar a obrigação na data ou no período das demonstrações contábeis.
Valor realizável 
Os ativos são mantidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais poderiam ser obtidos pela venda em uma forma ordenada. Os passivos são mantidos pelos valores em caixa e equivalentes de caixa, não descontados, que se espera seriam pagos para liquidar as correspondentes obrigações no curso normal das operações da Entidade.
Valor presente 
Os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de entrada líquida de caixa que se espera seja gerado pelo item no curso normal das operações da Entidade. Os passivos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de saída líquida de caixa que se espera seja necessário para liquidar o passivo no curso normal das operações da Entidade
Valor justo 
É o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo liquidado, entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em uma transação sem favorecimentos
Atualização monetária
Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis mediante o ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais.
Saiba mais acerca desses critérios acessando a Resolução 750/93, atualizada pela Resolução nº 1.282/2010 (Art. 7º, § 1º).
Princípio da competência
O princípio da competência vincula-se ao reconhecimento das receitas e confrontação das despesas correlatas no exercício de sua ocorrência, isto é, devemos reconhecer as receitas no período no qual ocorrer o seu fato gerador e os esforços para a sua obtenção tiverem sido em sua maior parte concretizados, bem como reconhecer as despesas que foram necessárias à sua obtenção.
Assim, as receitas e despesas devem ser registradas no período no qual ocorrer o fato gerador, independentemente do recebimento ou pagamento.
Por exemplo, uma venda a ser recebida em dez parcelas mensais terá a sua receita, bem como as despesas decorrentes dessa operação, reconhecidas no momento da entrega da mercadoria, e não quando do recebimento das parcelas.
Princípio da prudência
O último dos princípios, também conhecido como princípio do conservadorismo, está relacionado ao grau de precaução que se deve adotar na contabilidade, quando do exercício de julgamentos necessários às estimativas contábeis, para que os ativos e receitas não sejam superestimados e, consequentemente, os passivos e despesas subestimados, contribuindo para uma maior confiabilidade das informações contábeis.
Assim, no seu enunciado — trazido pela Resolução nº 1.282/2010 —, temos que esse princípio impõe “a adoção do menor valor para os componentes do ativo e do maior para os do passivo, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido”.
O plano de contas é de extrema importância para as empresas em geral, pois norteia o funcionamento de sua contabilidade, servindo também de elemento de controle interno organizacional. No plano de contas, teremos apresentadas todas as contas (elenco de contas) patrimoniais e de resultado, nas quais deverão ser registradas todas as transações realizadas pelas organizações.
O objetivo maior de um plano de contas é o de configurar os registros da organização, de forma a atender os princípios de contabilidade e demais normas contábeis. Além disso, entendemos que ele também tem por objetivo prover os gestores e demais usuários internos de informações necessárias, bem como atender exigências externas.
Usualmente, no plano de contas são apresentados: o elenco de contas, contendo a denominação das contas; um código numérico que identifica e hierarquiza cada uma das contas; a função; e o funcionamento das contas. Por exemplo, no Manual de procedimentos para o Terceiro Setor, editado pelo Conselho Federal de Contabilidade – CFC, é apresentado um modelo de plano de contas que é assim descrito:
O elenco de contas representa a estrutura de alocação ou de endereços de contas a serem utilizadas por entidade econômica, para onde são direcionados os fluxos dos registros contábeis. É nessa estrutura de contas que se materializa o reconhecimento das transações econômicas da entidade e onde se fornece o suporte para a estrutura das demonstrações contábeis.
O elenco de contas está dividido em cinco grandes grupos: (a) ativo; (b) passivo e patrimônio líquido; (c) resultado; (d) variações patrimoniais; e (e) encerramento do resultado. As contas do ativo estão dispostas por ordem decrescente de liquidez, como (a) ativo circulante; e (b) ativo não circulante. As contas do passivo estão dispostas por ordem decrescente de exigibilidade, como (a) passivo circulante; (b) passivo não circulante; e (c) patrimônio líquido.
(GRAZZIOLI et al., p. 117-118)
Esse manual também apresenta a função e o funcionamento das contas, conforme exemplo da conta caixa apresentado a seguir (p. 129):
	Identificação
	Código: 1.1.01
	Título: Caixa
	Função da conta
	Registra a movimentação dos recursos financeiros em espécie, em moeda nacional e estrangeira.
	
Fechamento da conta
	É debitada pela entrada de dinheiro em espécie
	
	É creditada pela saída de dinheiro em espécie
	Natureza do saldo
	Devedor.
	Instrumento de controle
	Boletim de escrituração do caixa validado diariamente.
Fonte: Grazzioli et al. (2015, p. 129).
Apresentamos um modelo de plano de contas extraído de Grazzioli et al. (2015, p. 118-128), no qual fizemos algumas adaptações.
Aula 2Contas específicas do Terceiro Setor – Função e funcionamento das contas específicas do Terceiro Setor
As organizações que integram o Terceiro Setor, para fazerem jus à imunidade ou isenção de pagamento dos tributos, concedida por conta de sua finalidade social, ou seja, por visarem ao bem comum e não terem finalidade lucrativa, devem manter sua contabilidade completa e respeitar os princípios e demais normas contábeis.
Seus registros contábeis, em vista dessas peculiaridades, apresentam algumas diferenças em relação àqueles efetuados pelas empresas que têm finalidade lucrativa, em especial os aspectos relacionados aos registros das doações e subvenções recebidas e às gratuidades concedidas.
O Conselho Federal de Contabilidade, para regular os registros contábeis, a mensuração dos ativos e passivos, a apresentação das demonstrações contábeis, emitiu a Interpretação Técnica Geral – ITG 2002, que tem por objetivo regulamentar a contabilidade das organizações do Terceiro Setor. Essa interpretação técnica foi objeto de uma revisão publicada em agosto de 2015 que lhe deu a sua configuração atual.
Nesta aula, ao fazermos a apresentaçãodas contas específicas do Terceiro Setor e de seu funcionamento, faremos sempre referência ao que está contido nessa norma orientadora. Dessa forma, apresentaremos a seguir apenas as principais contas que são peculiares às instituições específicas.
Contas do ativo
Título contábil
Depósitos bancários – Contas correntes de livre movimentação.
Essa conta registra recursos de livre aplicação por parte da organização e será debitada pelo recebimento de recursos mediante depósitos ou outras movimentações e creditada pelo pagamento dos cheques emitidos, pelos pagamentos efetuados mediante débito em conta, bem como outras movimentações redutoras dessa conta.
Depósitos bancários – Contas correntes recursos de terceiros.
Essa conta registra recursos de terceiros em poder da empresa por conta de parcerias e projetos sociais, terá movimentação idêntica à conta de livre movimentação, sendo debitada pela entrada dos recursos e creditada pelos pagamentos e transferências de conta.
Depósitos bancários – Contas correntes com restrição na movimentação.
Essa conta registra recursos que têm uma aplicação específica em virtude dos termos do convênio ou do objeto da contratação. A sua movimentação também será idêntica à das demais contas correntes e será debitada pela entrada dos recursos e creditada pelos pagamentos e transferências de conta.
Recursos antecipados em projetos e parcerias pendentes de prestação de contas.
Essa conta registra recursos antecipados para a realização de projetos com parceiros de projetos. Essa conta será debitada quando da antecipação dos recursos e creditada pela devolução de recursos, prestação de contas e recebimento de produtos/serviços decorrentes do projeto.
Contas de resultado devedor (despesas)
Título contábil
Gratuidades.
Essa conta, de natureza devedora, registra o valor das gratuidades concedidas. A conta é debitada pela apropriação ao resultado do valor das gratuidades concedidas e creditada pela baixa no encerramento do período contábil.
Trabalho voluntário.
Essa conta registra o valor dos trabalhos voluntários prestados à empresa. A conta é debitada quando da apropriação do valor dos serviços voluntários fornecidos à empresa e creditada na apuração do resultado.
Trabalho voluntário.
Essa conta registra o valor dos trabalhos voluntários prestados à empresa. A conta é debitada quando da apropriação do valor dos serviços voluntários fornecidos à empresa e creditada na apuração do resultado.
Despesas de projetos.
Essa conta registra o valor dos gastos com os projetos contratados com terceiros em função dos aportes de recursos recebidos. Essa conta deverá ter como subcontas elementos que permitam identificar o tipo de atividade, conforme previsto no item 10 da ITG 2002, como, por exemplo, educação, saúde e assistência social. A conta é debitada pelo valor do gasto e creditada no encerramento do período.
Contas de resultado credor (receitas)
Título contábil
Receita de custeio.
Essa conta registra o valor das entradas de recursos provenientes de doações, subvenções, venda de serviços e venda de produtos objeto do negócio da entidade e poderá ter subcontas que identifiquem a origem dos recursos. A conta é debitada no encerramento do período para transferência da receita para a conta de apuração e creditada pelo ingresso dos recursos, com a observância do princípio da competência.
Receitas de projetos.
Essa conta registra o valor das entradas de recursos destinados a projetos de assistência social, saúde, educação e deverá ter conta que identifique a destinação a ser dada aos recursos, nos termos do que está contido no item 10 do ITG 2002. A conta é debitada no encerramento do período e creditada pelo ingresso dos recursos.
Aula 3Métodos das partidas dobradas, escrituração contábil das principais operações das entidades do Terceiro Setor
As organizações que integram o Terceiro Setor, por se tratarem de empresas privadas com atuação pública, têm algumas peculiaridades em sua atuação que devem ser consideradas quando da contabilização. Em especial, destacamos os aspectos relacionados ao registro das doações e subvenções recebidas, o trabalho voluntário, a renúncia fiscal e as gratuidades concedidas.
Nesta aula, vamos tratar do registro contábil das operações que são típicas das organizações sem finalidade lucrativa, nos concentrando nas operações que as distinguem das demais sociedades.
O reconhecimento das doações deve obedecer também ao contido na NBC TG7, quando se tratar de uma subvenção governamental. Por esse normativo do Conselho Federal de Contabilidade, as subvenções não devem ser reconhecidas
até que exista uma razoável segurança de que a entidade cumprirá todas as condições estabelecidas e relacionadas à subvenção e de que ela será recebida.
Nos termos do item 6 da NBC TG7, as subvenções governamentais dizem respeito a subsídios, incentivo fiscal, doações, prêmios etc. Além disso, nesse reconhecimento, devemos nos ater ao princípio da competência, registrando-as como receita ao longo do período e fazendo a confrontação com as despesas que elas pretendem compensar. Lembrando, ainda, que, enquanto não atendidas as condições para o seu reconhecimento no resultado, devemos registrá-las em conta do passivo, que pode ser, por exemplo, a conta de receita diferida.
Nos termos do item 6 da NBC TG7, as subvenções governamentais dizem respeito a subsídios, incentivo fiscal, doações, prêmios etc.
Além disso, nesse reconhecimento, devemos nos ater ao princípio da competência, registrando-as como receita ao longo do período e fazendo a confrontação com as despesas que elas pretendem compensar. Lembrando, ainda, que, enquanto não atendidas as condições para o seu reconhecimento no resultado, devemos registrá-las em conta do passivo, que pode ser, por exemplo, a conta de receita diferida.
Exemplo 1
Recebimento de R$ 15.000,00 mensais para custeio da folha de pagamento com pesquisadores que farão o monitoramento da vida selvagem do Parque da Serra dos Órgãos. Os recursos são empregados no custeio desse serviço prestado. No recebimento, faríamos o seguinte lançamento contábil simplificado:
Rio de Janeiro, 30/1/2xx7
D  1.1.1.02.03    Bancos conta movimento – recursos com restrições.
C  4.1.1.01         Receita de doações R$ 15.000,00.
Pagamento da folha de pagamento relacionada aos pesquisadores.
Rio de Janeiro, 30/1/2xx7
D  3.1.1              Remuneração de pessoal com vínculo empregatício. Passivo Circulante.
C  1.1.1.02.03    Bancos conta movimento – recursos com restrições R$ 15.000,00. Ativo Circulante.
As doações recebidas sob a forma de bens que integrarão o patrimônio da organização devem ser avaliados a valor justo, nos termos do item 23 da NBC TG7. O registro contábil de reconhecimento desse ativo deve ser feito a débito da conta do ativo e crédito de receita diferida ou de conta retificadora do ativo, sendo apropriada ao resultado ao longo da vida útil do ativo.
Exemplo 2
A organização recebeu em 2/1/2xx7 uma máquina, como doação efetuada pelo Estado, para ser utilizada em sua atividade. O valor de mercado dessa máquina é de R$ 120.000,00 e a sua vida útil, de dez anos, sem valor residual.
Registro contábil simplificado.
Rio de Janeiro, 2/1/2xx7
D  1.2.3.03    Máquinas e instalações.
C  2.1.5         Receitas antecipadas ou diferidas R$ 12.000,00 (parcela de curto prazo).
C  2.2.2         Receitas antecipadas ou diferidas R$ 108.000,00 (parcela de longo prazo).
Então, a situação patrimonial, relacionada apenas com essa operação, seria assim apresentada:
	ATIVO NÃO CIRCULANTE
	PASSIVO
	Imobilizado
	
	Passivo circulante
	
	Máquinas e equipamentos
	120.000,00
	Receitas antecipadas ou diferidas
	12.000,00
	
	
	Passivo não circulante
	
	
	
	Receitas antecipadas ou diferidas
	108.000,00
Ao fim do primeiro mês, deveremos reconhecer a depreciação da máquina e apropriar a parcela correspondente da receita diferida.
A depreciação anual da máquina será de R$ 12.000,00, ou seja, o valor justo da máquina – R$ 120.000,00 – dividido pelo número de anos da vida útil, que será dividido em 12cotas mensais de R$ 1.000,00.
Assim, a contabilização será:
Depreciação
Rio de Janeiro, 31/1/2xx7
D  3.2.7              (Despesa) Depreciação e amortização.
C  1.2.4.03    (Depreciação acumulada de) Máquinas e instalações R$ 1.000,00.
Apropriação da receita
Rio de Janeiro, 31/1/2xx7
D  2.1.5              Receitas antecipadas ou diferidas (curto prazo).
C  4.1.1.01    Receita de doações R$ 1.000,00.
Transferência do longo para o curto prazo
Rio de Janeiro, 31/1/2xx7
D  2.2.2              Receitas antecipadas ou diferidas (longo prazo).
C  2.1.5    Receitas antecipadas ou diferidas (curto prazo) R$ 1.000,00.
A situação patrimonial seria assim apresentada:
	ATIVO NÃO CIRCULANTE
	PASSIVO
	Imobilizado
	
	Passivo circulante
	
	Máquinas e equipamentos
	120.000,00
	Receitas antecipadas ou diferidas
	12.000,00
	(-) Depreciação acumulada
	(1.000,00)
	Passivo não circulante
	
	
	
	Receitas antecipadas ou diferidas
	107.000,00
A NBC TG7, em seu item 25, reconhece a possibilidade de uma apresentação alternativa pela qual, em vez de se contabilizar no passivo uma receita diferida, adota-se uma conta retificadora, ajustando o saldo do próprio imobilizado. Nessa apresentação alternativa, no exemplo, teríamos a seguinte representação patrimonial:
No recebimento da máquina:
	ATIVO NÃO CIRCULANTE
	PASSIVO
	Imobilizado
	
	Passivo circulante
	
	Máquinas e equipamentos
	120.000,00
	
	
	(-) Subvenção governamental
	(120.000,00)
	Passivo não circulante
	
Ao fim do primeiro mês, após a depreciação:
	ATIVO NÃO CIRCULANTE
	PASSIVO
	Imobilizado
	
	Passivo circulante
	
	Máquinas e equipamentos
	120.000,00
	
	
	(-) Depreciação acumulada
	(1.000,00)
	Passivo não circulante
	
	(-) Subvenção governamental
	(119.000,00)
	
	
Contabilização dos projetos
Os projetos, representados pelos convênios, repasses e termos de parceria, firmados com o poder público ou entidades privadas, são importantes fontes de recursos para as organizações sem fins lucrativos. O Decreto 6.170/2007 assim conceitua convênios e repasses:
· Convênio
Convênio – acordo, ajuste ou qualquer outro instrumento que discipline a transferência de recursos financeiros de dotações consignadas nos orçamentos fiscal e da Seguridade Social da União e tenha como partícipe, de um lado, órgão ou entidade da administração pública federal, direta ou indireta, e, de outro lado, órgão ou entidade da administração pública estadual, distrital ou municipal, direta ou indireta, ou, ainda, entidades privadas sem fins lucrativos, visando à execução de programa de governo, envolvendo a realização de projeto, atividade, serviço, aquisição de bens ou evento de interesse recíproco, em regime de mútua cooperação.
· Repasses
Contrato de repasse – instrumento administrativo de interesse recíproco por meio do qual a transferência dos recursos financeiros se processa por intermédio de instituição ou agente financeiro público federal, que atua como mandatário da União.
Por sua vez, o termo de parceria foi instituído pela Lei nº 9.790/1999, que dispôs sobre a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos como organizações da sociedade civil de interesse público. Esse termo foi definido como:
Instrumento passível de ser firmado entre o poder público e as entidades qualificadas como organizações da sociedade civil de interesse público, destinado à formação de vínculo de cooperação entre as partes, para o fomento e a execução das atividades de interesse público previstas no art. 3º dessa lei.
As atividades são, em linhas gerais, voltadas à promoção da assistência social, da cultura, da defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico, da educação (gratuita), da saúde (gratuita), da segurança alimentar e nutricional, da defesa, da preservação e conservação do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável.
A contabilização dos recursos recebidos por conta dos projetos deve obedecer ao que está contido no item 12 do ITG 2002 (R1), que estabelece o seguinte:
As receitas decorrentes de doação, contribuição, convênio, parceria, auxílio e subvenção por meio de convênio, editais, contratos, termos de parceira e outros instrumentos, para aplicação específica, mediante constituição, ou não, de fundos, e as respectivas despesas devem ser registradas em contas próprias, inclusive as patrimoniais, segregadas das demais contas da entidade.
Além disso, os registros contábeis devem permitir a geração de informações para a prestação de contas àqueles que aportaram os recursos e, também, às entidades governamentais, bem como os usuários da informação contábil, em geral, nos termos do contido no item 17 do ITG 2002 (R1).
Exemplo
A Organização do Bem celebrou convênio com o município para treinamento profissionalizante de jovens e adultos carentes. O projeto prevê o treinamento de 100 pessoas no mês de fevereiro de 2xx7. Para a realização do projeto, foi estimado o seguinte gasto:
Pessoal: R$ 2.000,00.
Aluguel: R$ 2.500,00.
Materiais: R$ 4.000,00.
Alimentação: R$ 1.500,00.
Total: R$ 10.000,00.
Em janeiro de 2xx7, a Organização do Bem recebeu do município a quantia de R$ 10.000,00 mediante depósito em conta corrente.
Registro contábil desse recebimento
D  1.1.1.02.03    Bancos conta movimento – recursos com restrições.
C  2.1.3.01    Recursos de entidade pública nacional R$ 10.000,00.
Durante o mês de fevereiro, a organização executou o projeto e efetuou os pagamentos previstos, com o seguinte registro contábil:
Registro contábil dos pagamentos
D 3.3.2 Atividade de assistência social.
─ Pessoal: R$ 2.000,00.
─ Aluguel: R$ 2.500,00.
─ Materiais: R$ 4.000,00.
─ Alimentação: R$ 1.500,00.
C 1.1.1.02.03 Bancos conta movimento – recursos com restrições R$ 10.000,00.
Registro contábil do reconhecimento da receita com o projeto
D  2.1.3.01    Recursos de entidade pública nacional.
C  4.3.2         Atividade de assistência social R$ 10.000,00.
Observe-se que, em caso de exigência de contrapartida de recursos próprios da entidade, eles deverão ser transferidos para a conta corrente do convênio – no caso de recursos financeiros – e comporão a despesa com o projeto, mediante registro na conta 3.3, quer sejam recursos financeiros ou materiais.
Contabilização do trabalho voluntário
O trabalho voluntário é regulado pela Lei nº 9.608/1998, que o caracteriza como
a atividade não remunerada prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza ou a instituição privada de fins não lucrativos que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência à pessoa.
O serviço voluntário não estabelece vínculo empregatício e obrigações de natureza trabalhista ou previdenciária, mas, nos termos da lei, poderá o prestador de serviço ser ressarcido pelas despesas que comprovadamente incorrerem no desenvolvimento da atividade. Além disso, é necessário que a organização formalize, por meio de termo celebrado com o prestador, a prestação do serviço voluntário.
O registro do trabalho voluntário, conforme item 19 da ITG 2002 (R1), deverá ser feito com base no valor justo da prestação do serviço, como se tivesse ocorrido o desembolso financeiro, inclusive no que diz respeito aos integrantes dos órgãos da administração da organização.
Exemplo
A organização celebrou com um profissional de saúde termo para a prestação de atendimento voluntário a crianças carentes durante quatro horas semanais. O valor dos salários, para essa carga horária semanal, conforme informações colhidas, seria de R$ 2.335,00 mensais. Assim, o registro contábil relacionado ao pagamento no mês de janeiro de 2xx7 seria:
Apropriação da despesa com o serviço médico e a receita pelo trabalho voluntário.
D  3.1.4.05  Trabalho voluntário.
C  4.1.1.07  Receita de trabalho voluntário R$ 2.335,00.
Contabilização das gratuidades
As gratuidades, relacionadas à prestação de serviços pela organização, devem ser reconhecidas, segundo o item 16 do ITG 2002 (R1) pelo valor efetivamente praticado.
Exemplo
O Colégio do Bem presta serviço educacional e concede bolsa de estudo a comunidade carente.O total dessas bolsas equivale à mensalidade de R$ 15.000,00 no mês de janeiro de 2xx7.
Apropriação da receita
D  1.1.2.20  Gratuidade concedida.
C  4.4          Receitas com gratuidade concedida R$ 15.000,00.
Reconhecimento da despesa
D  3.4          Despesas com gratuidades concedidas.
C  1.1.2.20  Gratuidade concedida R$ 15.000,00.
Devemos observar que, nas notas explicativas, a entidade deverá destacar todas as gratuidades concedidas, de forma segregada, destacando aquelas que devem ser objeto de prestação de contas com entidades governamentais. Devem ser apresentados dados quantitativos, contendo os valores dos benefícios, número de beneficiados, quantidade de atendimentos, quantidade de bolsistas, contendo os valores das bolsas e os percentuais em relação ao total da receita.
Renúncias fiscais
A renúncia fiscal, conceituada pela Lei Complementar nº 101/2000, representa o benefício usufruído pelo contribuinte decorrente de “anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições” que demande tratamento diferenciado.
As organizações sem fins lucrativos, conforme visto anteriormente, estão isentas de um modo geral, desde que atendidos os requisitos legais, dos impostos sobre o patrimônio, a renda e a prestação de serviços, não realizando, dessa forma, recolhimentos de impostos sobre produtos industrializados (IPI), impostos sobre a circulação de mercadorias e serviços (ICMS) e impostos sobre serviços de qualquer natureza (ISS). No entanto, cabe destacar que a tributação do imposto de renda alcançará os ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável dessas organizações.
A ITG 2002 (R1), no item 9B, introduzido pela revisão efetuada em 2 de setembro de 2015, dispõe que “as imunidades tributárias não se enquadram no conceito de subvenções previsto na NBC TG 07, portanto não devem ser reconhecidas como receita no resultado”, dando um tratamento diverso daquele adotado anteriormente.
Apenas as entidades de saúde certificadas pelo CEBAS, obrigadas a obedecer também ao previsto na Portaria MS 1.970/2011, devem registrar e evidenciar a renúncia fiscal. Nesse caso, o registro contábil seria um débito em despesa com tributo e crédito em receita com a renúncia fiscal.
Encerramento
Qual a finalidade dos princípios fundamentais de contabilidade introduzidos pela Resolução 750 do Conselho Federal de Contabilidade – CFC?
Estabelecer uma base para a interpretação e aplicação das Normas Brasileiras de Contabilidade.
Porque creditamos a conta passiva “receita diferida ou antecipada”, quando a entidade de interesse especial recebe uma subvenção financeira do poder público?
O registro é feito nessa conta porque a entidade tem obrigações com a gestão desses recursos, somente podendo apropriar o resultado ao longo período necessário para o confronto com as despesas que essa subvenção deve compensar.
Como deve ser efetuado o registro contábil relacionado ao trabalho voluntário prestado a uma entidade social que presta serviço de limpeza e conservação de uma área pública?
Devemos efetuar o seguinte lançamento contábil (simplificado):
D Despesas de serviços voluntários na manutenção de área pública.
C Receitas de serviços voluntários com manutenção de área pública.
Resumo da Unidade
Nesta unidade, você estudou os princípios de contabilidade enunciados pelo Conselho Federal de Contabilidade, fundamental para a contabilização das diversas transações realizadas por uma entidade contábil. As organizações do Terceiro Setor, dada a peculiaridade de suas operações, como gratuidade, trabalhos voluntários, subvenções e doações, necessitam de um conjunto de contas específicas para a adequada apresentação de seu patrimônio e resultado das operações.
Aula 3
Demonstrações Contábeis
Nas unidades anteriores, conhecemos as principais características das organizações que integram o terceiro setor, sua evolução histórica, os aspectos tributários, as principais operações e sua contabilização. Nesta unidade, estudaremos as demonstrações contábeis que deverão ser elaboradas por essas organizações, destacando suas principais características.
Aula 1Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do exercício
As demonstrações contábeis a serem elaboradas e apresentadas pelas organizações do terceiro setor, isto é, pelas entidades sem finalidade de obter lucros em suas operações, são o balanço patrimonial, a demonstração do resultado do período, a demonstração das mutações do patrimônio líquido, a demonstração dos fluxos de caixa e as notas explicativas, conforme previsto no item 22 da ITG 2002 (R1).
Balanço patrimonial
A primeira delas, o balanço patrimonial, é a demonstração preparada pela contabilidade da organização com o objetivo de evidenciar, de forma qualitativa e quantitativa, numa determinada data, a sua posição patrimonial e financeira, mediante a apresentação das contas patrimoniais agrupadas de acordo com a natureza dos elementos que o compõem, em dois lados que estão sempre equilibrados como os pratos de uma balança.
Assim, as contas integrantes do Balanço Patrimonial são distribuídas em grupos de características semelhantes, como forma de tornar mais fácil a análise e interpretação da situação patrimonial da empresa, que é a grande relevância dessa demonstração.
Estrutura do Balanço Patrimonial
A estrutura do balanço patrimonial que consta na ITG 2002 (R1) é assim apresentada:
	ATIVO
	PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO
	Ativo circulante
	Passivo circulante
	Ativo não circulante
Realizável em longo prazo
Investimentos
Imobiliado
Intangível
	Passivo não circulante
	
	PASSIVO LÍQUIDO
Patrimônio social
Outras reservas
(+/-) Ajustes de avaliação patromonial
(+/-) Superávit ou déficit acumulado
	Total do ativo
	Total do passivo e PL
Esses elementos, exceto aqueles específicos das organizações do terceiro setor, como o patrimônio social e superavit ou deficit acumulado, seguem em linhas gerais o que está previsto na Lei nº 6.404/1976, por conta da orientação contida no item 57 da NBC TG26 (R1).
O art. 179 da Lei nº 6.404/1976 estabelece que as contas do ativo serão classificadas do seguinte modo:
I – No ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso de exercício social subsequente e as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte.
II – No ativo não circulante: os direitos realizáveis em longo prazo, os investimentos permanentes, o imobilizado e o intangível.
De forma diferente da exposta na ITG 2002 (R1), o § 2º do artigo 178 da Lei nº 6.404/1976 denomina o lado direito do balanço de passivo, que é composto por três grupos:
	Passivo circulante
	 
	Passivo não circulante
	 
	Patrimônio líquido
Por sua vez, a classificação em circulante e não circulante está prevista no artigo 180 da referida lei, que estabelece:
as obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ativo não circulante, serão classificadas no passivo circulante, quando se vencerem no exercício seguinte, e no passivo não circulante, se tiverem vencimento em prazo maior.
Lembrando, ainda, que a classificação levará em conta o prazo do ciclo operacional da companhia, se este for superior ao exercício social, isto é, superior a um ano.
De modo geral, as obrigações das empresas derivam de operações de empréstimos e financiamentos; operações de compra de bens e serviços; salários e encargos sociais a pagar; entre outras operações. Então, teremos contas como empréstimos e financiamentos a pagar; fornecedores a pagar; salários e encargos sociais a pagar.
O patrimônio líquido, por outro lado, guarda sensíveis diferenças entre o previsto na Lei nº 6.404/1976 e a ITG 2002 (R1). A estrutura prevista no modelo de demonstração apresentada na referida interpretação, apresentada anteriormente, não contempla elementos como: reservas de capital; reservas de lucros; e ações em tesouraria. Além disso, as contas capital sociale lucros ou prejuízos acumulados são substituídas, respectivamente, por patrimônio social e superavit ou deficit acumulado.
O valor do superavit ou deficit, conforme determinado no item 15 da ITG 2002 (R1), deve ser incorporado ao patrimônio social. Contudo, quando o superavit, ou parte dele, for formado por recursos que tenha restrição para aplicação, deve ser reconhecido em conta específica do patrimônio líquido.
Veja a Estrutura completa do Balanço Patrimonial, conforme consta da ITG 2002 (R1).
Demonstração do Resultado do Exercício
Outra importante demonstração é a demonstração do resultado do exercício, elaborada simultaneamente ao balanço patrimonial, que apresenta aspecto importante das operações realizadas pela organização durante determinado período de tempo, apresentando um dos elementos que, apesar de não ser tão crucial quanto para uma sociedade comercial, revela-se de grande importância ao mostrar se a organização obteve superavit no período.
Essa demonstração contábil tem por objetivo relatar o desempenho da empresa, mediante a apresentação da composição das receitas e despesas relativas a determinado período contábil, detalhando, assim, a formação do superavit ou do deficit do período.
Podemos, então, dizer que a demonstração do resultado é um resumo ordenado de receitas e despesas da empresa em determinado período, cuja apresentação, de forma dedutiva (vertical), contempla as receitas que são subtraídas das despesas e, em seguida, apresenta o resultado (superavit ou deficit).
O resultado é apurado utilizando-se conta denominada “apuração do resultado”, que receberá débitos e créditos em contrapartida ao encerramento das receitas e despesas do período.
Dessa forma, serão realizados os seguintes lançamentos contábeis:
· a) Encerramento das contas de despesas:
D Apuração do resultado
C Despesa ........................
· b) Encerramento das contas de receitas:
D Receitas .......................
C Apuração do resultado
Sendo credor o saldo final da conta apuração do resultado, a empresa terá obtido um superavit no período, que deverá ser transferido para superavit ou deficit acumulado, encerrando-se a conta de apuração do resultado. Por outro lado, sendo o saldo devedor, a empresa teve um deficit no período que, também, será levado à conta lucros ou prejuízos acumulados. Registrando-se conforme segue:
· a) Encerramento das contas de despesas:
D Apuração do resultado
C Despesa ........................
· b) Encerramento das contas de receitas:
D Receitas .......................
C Apuração do resultado
As receitas e despesas são registradas pela organização de acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade emitidas pelo CFC e, talvez, a mais importante seja o reconhecimento desses elementos com base no princípio da competência.
Conforme apresentado anteriormente, a Resolução 750 do CFC determinava o reconhecimento das receitas e despesas com a utilização desse princípio e, apesar da revogação dessa resolução, que impunha a obediência aos princípios de contabilidade, a NBC TG Estrutura Conceitual também determina a sua utilização, considerando que:
retrata com propriedade os efeitos de transações e outros eventos e circunstâncias sobre os recursos econômicos e reivindicações da entidade que reporta a informação nos períodos em que ditos efeitos são produzidos, ainda que os recebimentos e pagamentos em caixa derivados ocorram em períodos distintos.
(Item OB17 da NBC TG Estrutura Conceitual.)
De acordo com esse conceito, então, não importa o recebimento ou pagamento das despesas e receitas, o que é importante é a data da ocorrência dos respectivos fatos geradores. Desta forma, na apuração do resultado do exercício, devemos considerar todas as despesas incorridas e as receitas realizadas nesse período contábil, tenham ou não sido pagas ou recebidas.
Na apresentação do resultado, deve-se evidenciar as contas de receitas e despesas, de forma destacada, identificando-as por tipo de atividade, tais como educação, saúde, assistência social e demais atividades, nos termos do item 10 da ITG 2002 (R1). Bem como “benefícios concedidos pela entidade sem finalidade de lucros a título de gratuidade devem ser reconhecidos de forma segregada, destacando-se aqueles que devem ser utilizados em prestações de contas nos órgãos governamentais”. (Item 13 da ITG 2002 – R1).
Veja a estrutura da Demonstração do Resultado do Período que é apresentada na ITG 2002 (R1).
Aula 2Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido e Demonstração dos Fluxos de Caixa: Método Direto
Na primeira aula desta unidade, estudamos o balanço patrimonial e a demonstração do resultado do período, duas das demonstrações contábeis de preparação obrigatória para as organizações do terceiro setor. Nesta aula, abordaremos a demonstração dos fluxos de caixa (DFC) e a demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL), outras duas importantes demonstrações que, obrigatoriamente, devem ser elaboradas por essas entidades.
Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC)
Esta demonstração apresenta as modificações ocorridas nos saldos das disponibilidades mantidas pela empresa, durante o período contábil, a partir da evidenciação dos diversos pagamentos e recebimentos ocorridos no período. Tem como foco a identificação dos efeitos, no caixa da organização, das transações efetuadas com terceiros.
Assim, devemos notar que somente as transações que afetarem o caixa da empresa devem ser retratadas na demonstração.
Por exemplo, a aquisição de um veículo para ser utilizado na atividade da organização, em 20 de dezembro, se for efetuada com financiamento de 100% de seu valor, não será retratado na DFC desse período, pois não terá tido reflexo no caixa. A empresa terá incorporado ao seu ativo o veículo e um novo passivo surgirá em seu balanço patrimonial, mas não há ainda alteração do saldo de caixa.
O item 6 da NBC TG03 (R2) do CFC conceitua equivalentes-caixa como sendo a aplicação de recursos financeiros de curto prazo, contando com alta liquidez, e que são prontamente conversíveis em montante conhecido de caixa, com um insignificante risco de mudança de valor.
Assim, os equivalentes de caixa, conforme item 7 da referida NBC:
são mantidos com a finalidade de atender a compromissos de caixa de curto prazo, e não, para investimento ou outros propósitos. Para que um investimento seja qualificado como equivalente de caixa, ele precisa ter conversibilidade imediata em montante conhecido de caixa e estar sujeito a um insignificante risco de mudança de valor.
Dessa forma, uma aplicação somente poderá ser classificada como equivalente de caixa se tiver um vencimento em prazo igual ou inferior a três meses (90 dias), sempre a contar da data da aquisição.
A DFC deve apresentar os fluxos de caixa do período, conforme item 10 da NBC TG03 (R2), classificados por:
Fluxo das atividades operacionais
Os fluxos de caixa decorrentes das atividades operacionais são basicamente derivados das principais atividades geradoras de receita da entidade.
Alguns dos principais eventos que são considerados na formação do fluxo de caixa das operações são:
· Recebimentos de doações, contribuições voluntárias, mensalidades;
· Recebimentos pela venda de mercadorias e pela prestação de serviços;
· Pagamentos a fornecedores de bens e de serviços;
· Pagamentos a empregados e encargos sociais;
· Pagamentos de despesas operacionais.
· Fluxo das atividades de investimentos
· A atividade de financiamento é definida na NBC TG03 (R2) como transações referentes à aquisição e à venda de ativos de longo prazo e de outros investimentos não incluídos nos equivalentes de caixa.
· Assim, pagamentos referentes aquisição de imobilizados, investimentos e intangíveis serão saída de caixa da atividade de investimentos, bem como a saída de caixa para aplicação financeira, exceto de aplicações consideradas equivalente caixa. Recebimentos decorrentes da venda desses elementos e resgate do valor aplicado, são entradas de caixa desta atividade.
· Fluxo das atividades de financiamento
· A atividade de financiamento

Outros materiais