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Acordao 2017. 2RESP 1260923 3

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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.260.923 - RS (2011/0105856-1)
 
RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN
RECORRENTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL 
RECORRIDO : MAURO GOMES DE MOURA E OUTROS
ADVOGADO : RICARDO HANNA BERTELLI E OUTRO(S) - RS057124 
EMENTA
PROCESSO CIVIL. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. ESTUÁRIO DA 
LAGOA DOS PATOS. LICENCIAMENTO AMBIENTAL. ESTUDO 
PRÉVIO DE IMPACTO AMBIENTAL. PETIÇÃO INICIAL. 
RECEBIMENTO. PRESENÇA DE INDÍCIOS DE COMETIMENTO DE 
ATO ÍMPROBO. IN DUBIO PRO SOCIETATE . RECURSO ESPECIAL 
PROVIDO.
HISTÓRICO DA DEMANDA
1. Trata-se de Ação Civil Pública por ato de improbidade administrativa (art. 
11 da Lei 8.429/1992) ajuizada pelo Ministério Público Federal contra 
servidores da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) que 
concederam Licença Prévia à empresa Bunge Fertilizantes S/A para construir 
complexo industrial (indústria de fertilizantes, fábrica de ácido sulfúrico e 
terminal portuário de produtos químicos) em área de alta vulnerabilidade 
ambiental ("Estuário da Lagoa dos Patos"), sem o devido Estudo Prévio de 
Impacto Ambiental.
2. O Juiz de primeiro grau rejeitou a petição inicial e julgou extinto o processo 
sem resolução do mérito. O Tribunal a quo deu provimento aos Embargos 
Infringentes dos recorridos, mantendo a sentença.
RECEBIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL
3. Incumbe a todo e qualquer servidor público zelar pela legalidade, 
integridade, honestidade, lealdade, publicidade e eficácia do licenciamento 
ambiental, instrumento por excelência de prevenção contra a degradação do 
meio ambiente e de realização, in concreto , do objetivo constitucional do 
desenvolvimento ecologicamente equilibrado. Infração ao due process 
ambiental – valor maior de ordem pública lastreado no princípio da legalidade 
estrita – implica reações jurídicas simultâneas mas independentes, nos campos 
civil (p. ex., responsabilidade pelo dano causado e improbidade 
administrativa), administrativo (p. ex., sanções disciplinares e, com efeitos ex 
tunc , nulidade absoluta do ato viciado, nos termos do art. 166 do Código 
Civil) e penal (p. ex. sanções estabelecidas nos arts. 66, 67 e 69-A da Lei 
9.605/1998).
4. As normas ambientais encerram obrigações não só para quem usa recursos 
naturais, mas também para o administrador público que por eles deve velar. O 
agente do Estado que, com dolo genérico, descumpre, comissiva ou 
omissivamente, tais deveres de atuação positiva comete improbidade 
administrativa, nos termos do art. 11 da Lei 8.429/1992. 
5. Como regra geral, o elemento subjetivo na Ação de Improbidade 
Administrativa deve, na sua plenitude, ser apreciado na instrução processual, 
após ampla produção de prova e máximo contraditório. Nos termos do art. 17, 
§ 8º, da Lei 8.429/1992, a presença de indícios de cometimento de atos ilícitos 
Documento: 1565500 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/04/2017 Página 1 de 12
 
 
Superior Tribunal de Justiça
autoriza o recebimento da petição inicial da Ação de Improbidade 
Administrativa, devendo prevalecer na fase inicial o princípio in dubio pro 
societate. Nesse sentido: REsp 1.065.213/RS, Rel. Ministro Francisco 
Falcão, Primeira Turma, DJe 17.11.2008; AgRg no REsp 1.533.238/SP, Rel. 
Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 14.12.2015; AgRg 
no AREsp 674.126/PB, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, 
DJe 2.12.2015; AgRg no AREsp 491.041/BA, Rel. Ministro Humberto 
Martins, Segunda Turma, DJe 18.12.2015.
6. Assim, deve ser provido o Recurso Especial do Parquet Federal para que 
seja recebida a petição inicial.
7. Recurso Especial provido.
 
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima 
indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça: 
""A Turma, por unanimidade, deu provimento ao recurso, nos termos do voto do(a) 
Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs. Ministros Og Fernandes, Mauro Campbell 
Marques, Assusete Magalhães (Presidente) e Francisco Falcão votaram com o Sr. 
Ministro Relator." 
 
Brasília, 15 de dezembro de 2016(data do julgamento).
MINISTRO HERMAN BENJAMIN 
Relator
Documento: 1565500 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/04/2017 Página 2 de 12
 
 
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.260.923 - RS (2011/0105856-1)
RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN
RECORRENTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL 
RECORRIDO : MAURO GOMES DE MOURA E OUTROS
ADVOGADO : RICARDO HANNA BERTELLI E OUTRO(S) - RS057124 
RELATÓRIO
O EXMO. SR. MINISTRO HERMAN BENJAMIN (Relator): 
Trata-se de Recurso Especial interposto com fundamento no art. 105, III, "a" e "c", da 
CF. Na origem, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região deu provimento à Apelação 
do Ministério Público (fl. 516): 
AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE 
ADMINISTRATIVA. EXTINÇÃO COM BASE NO ART. 17, § 80, DA LEI 
8.429/92.INICIAL QUE, ROBUSTAMENTE INSTRUÍDA, ATRIBUI AOS 
RÉUS OMISSÕES ENQUADRADAS, EM TESE, NO ART. 11, CAPUT E 
INCISO II, DA LEI DE IMPROBIDADE. REJEIÇÃO DA INICIAL QUE SE 
CONDICIONA À COMPROVAÇÃO CABAL DA INEXISTÊNCIA DO ATO 
DE IMPROBIDADE, DA IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO OU DA 
INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. NOTIFICAÇÃO PREVIA. OBJETIVO 
DE EVITAR LIDES TEMERÁRIAS OU INFUNDADAS. PRECEDENTES 
DESSE E. TRIBUNAL. DISPENSA, POR SERVIDORES DA FEPAM, DE 
EIA/RIMA PARA A EMISSÃO DE LICENÇA PRÉVIA (LP) DESTINADA 
À CONSTRUÇÃO DE INDÚSTRIA DE FERTILIZANTES, FÁBRICA DE 
ÁCIDO SULFÚRICO E TERMINAL DE PRODUTOS QUÍMICOS NO 
PORTO DE RIO GRANDE. AUSÊNCIA DE JUSTIFICATIVA 
ADMINISTRATIVA. ATIVIDADES MODIFICADORAS DO MEIO 
AMBIENTE EXPRESSAMENTE ARROLADAS NO ART. 20 DA 
RESOLUÇÃO CONAMA Nº 001/86. SIGNIFICATIVO IMPACTO 
AMBIENTAL E ALTA VULNERABILIDADE DA ÁREA 
RECONHECIDOS PELOS PADRÕES DE CLASSIFICAÇÃO, DE 
ATIVIDADES DA FEPAM. DOLO SUFICIENTEMENTE 
DEMONSTRADO. DESNECESSIDADE DE OCORRÊNCIA DO DANO. 
ARTS. 21, 19 E 12, 111, DA LEI 8.429. RISCO DE DANO DECORRENTE 
DA EMISSÃO DA LP. Apelação conhecida e provida.
Os Embargos de Declaração foram rejeitados (fls. 540-549), e os 
Infringentes, providos (fls. 625-643). Eis a ementa do acórdão destes:
EMBARGOS INFRINGENTES. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. 
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. IRREGULARIDADE. CONDUTAS 
ENQUADRADAS NO ART. 11 DA LEI No 8.429/92 . CONFIGURAÇÃO 
Documento: 1565500 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/04/2017 Página 3 de 12
 
 
Superior Tribunal de Justiça
DO ATO ÍMPROBO. DOLO. NECESSIDADE.
A configuração de ato de improbidade administrativa depende 
da verificação de elemento subjetivo - dolo no caso das condutas dos arts 9º e 
l1 da Lei n 8.429/92.
O recorrente afirma que houve, além de divergência jurisprudencial, 
ofensa aos artigos 11, II, 12, III, e 17, § 8º, da Lei 8.429/1992.
Contrarrazões às fls. 749-823.
O MPF opinou pelo provimento do recurso às fls. 866-877.
É o relatório. 
 
Documento: 1565500 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/04/2017 Página 4 de 12
 
 
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.260.923 - RS (2011/0105856-1)
 
VOTO
O EXMO. SR. MINISTRO HERMAN BENJAMIN (Relator): 
Trata-se de Ação Civil Pública por ato de improbidade administrativa ajuizada pelo 
Ministério Público Federal, em petição inicial assinada pela ilustre Procuradora da 
República Anelise Becker, contra servidores da Fundação Estadual de Proteção 
Ambiental (FEPAM) que concederam Licença Prévia à empresa Bunge Fertilizantes 
S/A para construir complexo industrial em área de alta vulnerabilidade ambiental, sem 
o devido Estudo Prévio de Impacto Ambiental. A competência da Justiça Federal está 
bem caracterizada, pois se trata, em tese, de improbidade administrativa prejudicial a 
bem federal, não devendo, aqui, haver confusão entre competência administrativa para 
o licenciamento ambiental e competênciajudicial para processar e julgar atos 
ímprobos.
O Juiz de primeiro grau rejeitou a petição inicial e julgou extinto o 
processo sem resolução do mérito.
O Tribunal a quo deu provimento aos Embargos Infringentes dos 
recorridos, mantendo a sentença.
O Recurso Especial do Parquet Federal bem esclarece as questões em 
debate:
2. Em julgamento do recurso de apelação do Ministério Público 
Federal, a 4a Turma do Tribunal Regional Federal, por maioria, reformou a 
decisão singular que rejeitara a inicial pela ausência do agir doloso dos 
requeridos, adotando parecer ministerial, cujo acórdão recebeu a seguinte 
ementa:
"AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE 
ADMINISTRATIVA. EXTINÇAO COM BASE NO ART. 17, 
§ 80, DA LEI 8.429/92. INICIAL QUE, ROBUSTAMENTE 
INSTRUÍDA, ATRIBUI AOS RÉUS OMISSÕES 
ENQUADRADAS, EM TESE, NO ART. 11, CAPUT E 
INCISO II, DA LEI DE IMPROBIDADE. REJEIÇÃO DA 
INICIAL QUE SE CONDICIONA À COMPROVAÇÃO 
CABAL DA INEXISTÊNCIA DO ATO DE IMPROBIDADE, 
Documento: 1565500 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/04/2017 Página 5 de 12
 
 
Superior Tribunal de Justiça
DA IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO OU DA INADEQUAÇÃO 
DA VIA ELEITA. NOTIFICAÇÃO PREVIA. OBJETIVO DE 
EVITAR LIDES TEMERÁRIAS OU INFUNDADAS. 
PRECEDENTES DESSE E. TRIBUNAL. DISPENSA, POR 
SERVIDORES DA FEPAM, DE EIA/RIMA PARA A EMISSÃO 
DE LICENÇA PRÉVIA (LP) DESTINADA À CONSTRUÇÃO 
DE INDÚSTRIA DE FERTILIZANTES, FÁBRICA DE ÁCIDO 
SULFÚRICO E TERMINAL DE PRODUTOS QUÍMICOS NO 
PORTO DE RIO GRANDE . AUSÊNCIA DE JUSTIFICATIVA 
ADMINISTRATIVA. ATIVIDADES MODIFICADORAS DO 
MEIO AMBIENTE EXPRESSAMENTE ARROLADAS NO 
ART. 20 DA RESOLUÇÃO CONAMA NO 001/86. 
SIGNIFICATIVO IMPACTO AMBIENTAL E ALTA 
VULNERABILIDADE DA ÁREA RECONHECIDOS PELOS 
PADRÕES DE CLASSIFICAÇÃO DE ATIVIDADES DA 
FEPAM. DOLO SUFICIENTEMENTE DEMONSTRADO. 
DESNECESSIDADE DE OCORRÊNCIA DO DANO. ARTS. 
21, 1, E 12, 111, DA LEI 8.429. RISCO DE DANO 
DECORRENTE DA EMISSÃO DA LP. Apelação conhecida e 
provida." (FI. 476). (fl. 649, grifei).
(...) ação civil pública com pedido de condenação por ato de 
improbidade administrativa contra MAURO GOMES DE MOURA, DIEGO 
HOFEMEISTER, CLAUREN MOURA MARTINS, ROSEANE ADEGAS e 
RENATO DAS CHAGAS E SILVA, servidores do órgão ambiental do Estado 
do Rio Grande do Sul, FEPAM, pelo agir tipificado, no artigo 11, caput, e, 
inciso 11, com sanção prevista no 12, inciso III, ambos da Lei n.' 8.429/92, em 
razão da concessão de licença prévia à empresa BUNGE FERTILIZANTES 
S.A., permissiva da construção de complexo industrial, em área de alta 
vulnerabilidade ambiental , com desprezo a expressos normativos ambientais, 
no Porto Organizado de Rio Grande/RS (fls. 03/42). (fl. 655, grifei).
A r. sentença (fl. 355) rejeitou a inicial julgando extinto o 
processo sem resolução do mérito (art. 267, inc. I, do CPC e art. 17, § 8º, da 
Lei n. 8.429/1992) (fl. 663, grifei).
(...) impossibilidade de estancar-se a ação de improbidade na 
alegada ausência de dolo, se, suficiente, em fase preliminar, a Inicial 
roborada em procedimentos administrativos de investigação regulares, 
narrando fatos que encontram tipificação na lei de improbidade (fl. 666, 
grifei).
Como bem informa o parecer do Ministério Público Federal (fls. 
866-877), há indícios da presença do elemento subjetivo. Vejamos:
14. Como no caso em questão houve, por parte dos agentes 
Documento: 1565500 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/04/2017 Página 6 de 12
 
 
Superior Tribunal de Justiça
públicos ambientais, omissão da prática do ato da ofício consistente na 
exigência do EIA/RIMA, uma vez que concederam licença ambiental à 
empresa BUNGE FERTILIZANTES S/A, sem exigir do empreendedor a 
elaboração de Estudo Prévio da Impacto Ambiental ou parecer técnico 
justificativo da sua não exigência.
(...)
18. No caso in concreto, os Agente públicos Ambientais tinham 
a responsabilidade de impedir o resultado danoso ao meio ambiente, pois, 
tinham conhecimento de que a implantação daquele complexo industrial- 
portuário possui alta vulnerabilidade ambiental, mas mesmo assim expediram 
licença sem a devida observância às normas de proteção ambientais.
(...)
24. A inicial descreve fatos graves que denotam a violação 
pelos réus, dos seus deveres funcionais , uma vez que a instalação de obra ou 
atividade que implique potencial degradação do meio ambiente, está sujeita à 
estudo prévio de impacto ambiental, existindo, portanto, embasamento 
jurídico, para apuração da improbidade administrativa exposta na inicial.
(...)
26. Portanto, somente após o processamento e regular instrução 
probatória da ação, é qua haverá subsídios para emissão da um juízo para 
procedência ou não da ação de improbidade.
27. Dessa forma, não havendo dúvidas que foi precoce a 
extinção da ação de improbidade administrativa, porquanto, suficientemente 
demonstrado a conduta dos réus em desacordo com os princípios da 
legalidade e da imparcialidade, merecendo, portanto, investigação condizente 
com a sua gravidade (grifei).
Ora, sabe-se que incumbe a todo e qualquer servidor público zelar pela 
legalidade, integridade, honestidade, lealdade, publicidade e eficácia do licenciamento 
ambiental, instrumento por excelência de prevenção contra a degradação do meio 
ambiente e de realização, in concreto , do objetivo constitucional do desenvolvimento 
ecologicamente equilibrado. Infração ao due process ambiental – valor maior de 
ordem pública lastreado no princípio da legalidade estrita – implica reações jurídicas 
simultâneas mas independentes, nos campos civil (p. ex., responsabilidade pelo dano 
causado e improbidade administrativa), administrativo (p. ex., sanções disciplinares e, 
com efeitos ex tunc , nulidade absoluta do ato viciado, nos termos do art. 166 do 
Código Civil) e penal (p. ex. sanções estabelecidas nos arts. 66, 67 e 69-A da Lei 
9.605/98).
As normas ambientais encerram obrigações não só para quem usa 
recursos naturais, mas também para o administrador público que por eles deve velar. O 
Documento: 1565500 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/04/2017 Página 7 de 12
 
 
Superior Tribunal de Justiça
agente do Estado que, com dolo genérico, descumpre, comissiva ou omissivamente, 
tais deveres de atuação positiva comete improbidade administrativa, nos termos do art. 
11 da Lei 8.429/1992, sem prejuízo de outras sanções e da responsabilidade civil por 
eventual dano causado, previstas na legislação.
Em tese, "Projeto de Compensação Ambiental" não substitui Estudo 
Prévio de Impacto Ambiental ou Relatório de Ausência de Impacto Ambiental 
Significativo , tanto mais porque resulta na supressão de garantia de audiência pública e 
de outros atos administrativos vinculados, típicos do devido processo ambiental . 
Saliente-se que, neste momento, nenhum juízo de valor é feito sobre o mérito da 
demanda, pois caberá à instância ordinária analisar, em profundidade, a 
caracterização ou não de improbidade administrativa.
Como regra geral, o elemento subjetivo na Ação de Improbidade 
Administrativa deve, na sua plenitude, ser apreciado na instrução processual, após 
ampla produção de prova e máximo contraditório.
Nos termos do art. 17, § 8º, da Lei 8.429/1992, a presença de indícios de 
cometimento de atos previstos na referida lei autoriza o recebimento da petição inicial 
da Ação de Improbidade Administrativa. Ademais, deve prevalecer na fase inicial o 
princípio in dubio pro societate. 
Nesse sentido:
AÇÃO CIVIL. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. 
REJEIÇÃO DA INICIAL. ARTIGO 17, § 8º, DA LEI Nº 8.429/92. 
RETORNO DOS AUTOS À INSTÂNCIA ORDINÁRIA.
I - Trata-se de ação civil ajuizada pelo MINISTÉRIO PÚBLICO 
DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL visando apurar possível prática de 
ato administrativo consubstanciado no pagamentode "propinas" a Oficiais de 
Justiça em atividade no Poder Judiciário daquele Estado, mecanismo 
articulado por um escritório de advocacia.
II - O acórdão recorrido manteve o entendimento monocrático 
no sentido da rejeição precoce da inicial sob os fundamentos de que a quantia 
era irrisória e que os demandados já respondem a processo administrativo e a 
ação penal pelo mesmo motivo.
III - Tal fundamentação não pode ser enquadrada nos termos do 
artigo 17, § 8º, da Lei nº 8.429/92, que permite a rejeição da inicial de forma 
excepcional quando cabalmente verificadas a inexistência do ato, a 
improcedência da ação ou a inadequação da via eleita.
Documento: 1565500 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/04/2017 Página 8 de 12
 
 
Superior Tribunal de Justiça
IV - Pretensão acolhida, com a anulação das decisões e retorno 
dos autos à instância ordinária, para que a respectiva ação civil por 
improbidade administrativa tenha seu curso regular.
V - Recurso provido.
(REsp 1065213/RS, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, 
PRIMEIRA TURMA, DJe 17/11/2008)
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO 
REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL DE 
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. RECEBIMENTO DA PETIÇÃO 
INICIAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535, II, DO CPC. FUNDAMENTAÇÃO 
DEFICIENTE. SÚMULA 284/STF. AUSÊNCIA DE 
PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 211/STJ E 282/STF. 
FUNDAMENTO AUTÔNOMO NÃO IMPUGNADO. SÚMULA 283/STF. 
PRESENÇA DE INDÍCIOS DE ATO DE IMPROBIDADE 
ADMINISTRATIVA EXPRESSAMENTE RECONHECIDOS PELO 
TRIBUNAL DE ORIGEM. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICO 
PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO 
REGIMENTAL NÃO PROVIDO.
1. É deficiente a fundamentação do recurso especial em que a 
alegação de ofensa aos art. 535 do CPC se faz de forma genérica, sem a 
demonstração exata dos pontos pelos quais o acórdão se fez omisso, 
contraditório ou obscuro. Aplica-se, na hipótese, o óbice da Súmula 284/STF.
(...)
4. O Tribunal de origem, ao analisar a controvérsia, 
expressamente consignou que havendo"indícios da prática dos atos de 
improbidade, bem como do envolvimento da Requerida, a petição inicial 
deve ser recebida, aplicando-se, à semelhança do que ocorre no processo 
penal, por ocasião do recebimento da denúncia, o princípio do in dubio 
pro societate '" (fl. 11.941).
(...)
7. Agravo regimental não provido.
(AgRg no REsp 1533238/SP, Rel. Ministro MAURO 
CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe 14/12/2015)
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM 
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. IMPROBIDADE 
ADMINISTRATIVA. INDÍCIOS DE CONDUTA ÍMPROBA. SÚMULA 
7/STJ. RAZÕES DE RECURSO QUE NÃO IMPUGNAM, 
ESPECIFICAMENTE, OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. 
SÚMULA 182/STJ. ALEGADA VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. 
INEXISTÊNCIA. ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DE ORIGEM EM 
CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. 
INCIDÊNCIA DA SÚMULA 83 DO STJ. AGRAVO REGIMENTAL 
CONHECIDO, EM PARTE, E, NESSA PARTE, IMPROVIDO.
I. Interposto Agravo Regimental, com razões que não 
impugnam, especificamente, os fundamentos da decisão agravada, mormente 
quanto à incidência da Súmula 7/STJ, não prospera o inconformismo, em face 
Documento: 1565500 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/04/2017 Página 9 de 12
 
 
Superior Tribunal de Justiça
da Súmula 182 desta Corte.
(...)
III. O aresto impugnado está alinhado à jurisprudência do 
STJ, no sentido de que, existindo indícios de cometimento de atos de 
improbidade administrativa, a petição inicial deve ser recebida, 
fundamentadamente, pois, na fase inicial, prevista no art. 17, §§ 7º, 8º e 9º 
da Lei 8.429/92, vale o princípio in dubio pro societate , inclusive para 
verificação da existência do elemento subjetivo, a fim de possibilitar o 
maior resguardo do interesse público. Precedentes do STJ: AgRg no 
AREsp 592.571/RJ, Rel. Ministro OLINDO MENEZES (Desembargador 
Convocado do TRF/1ª Região), PRIMEIRA TURMA, DJe de 05/08/2015; 
AgRg no REsp 1.466.157/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL 
MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe de 26/06/2015; AgRg no AREsp 
660.396/PI, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, 
DJe de 25/06/2015; AgRg no AREsp 604.949/RS, Rel. Ministro HERMAN 
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 21/05/2015.
IV. Agravo Regimental parcialmente conhecido, e, nessa parte, 
improvido.
(AgRg no AREsp 674.126/PB, Rel. Ministra ASSUSETE 
MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA, DJe 02/12/2015) (grifei).
PROCESSO CIVIL. ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE 
ADMINISTRATIVA. RECEBIMENTO DA AÇÃO. INDÍCIOS DE 
PRÁTICA DE ATOS ÍMPROBOS. IN DUBIO PRO SOCIETATE . 
REALINHAMENTO DE VOTO.
1. Na hipótese, a Corte Regional entendeu que os fatos e 
fundamentos jurídicos não foram devidamente especificados pelo MPF, o que 
inviabilizaria a ação de improbidade administrativa. Desse modo, a decisão 
que rejeitou liminarmente a demanda (art. 17, § 6º, da Lei n. 8.429/92) em 
relação a todos os ora recorridos fora mantida.
(...)
5. Nos termos do art. 17, § 8º, da Lei n. 8.429/1992, a ação de 
improbidade administrativa só deve ser rejeitada de plano se o órgão 
julgador se convencer da inexistência do ato de improbidade, da 
improcedência da ação ou da inadequação da via eleita, de tal sorte que a 
presença de indícios da prática de atos ímprobos é suficiente ao 
recebimento e processamento da ação, uma vez que, nessa fase, impera o 
princípio do in dubio pro societate. Precedentes: AgRg no REsp 
1.382.920/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado 
em 5/12/2013, DJe 16/12/2013; AgRg no AREsp 318.511/DF, Rel. Ministra 
Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 5/9/2013, DJe 17/9/2013.
(...)
7. O feito deve ter sua regular instrução, porquanto há indícios 
de direcionamento do processo licitatório da motoniveladora, de modo que o 
Tribunal a quo se precipitou ao manter o indeferimento da inicial com base em 
documentos da CGU, sem que fosse dada oportunidade de processamento e 
instrução da ação de improbidade em relação à Volvo do Brasil Veículos Ltda., 
Movesa Máquinas Ltda. e Gilberto Mottin Filho.
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Agravo regimental parcialmente provido.
(AgRg no AREsp 491.041/BA, Rel. Ministro HUMBERTO 
MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe 18/12/2015) (grifei).
Assim, deve ser provido o Recurso Especial do Parquet Federal para que 
seja recebida a petição inicial.
Por tudo isso, dou provimento ao Recurso Especial.
É como voto.
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Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEGUNDA TURMA
 
 
Número Registro: 2011/0105856-1 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.260.923 / RS
Números Origem: 200671010052260 201001788628
PAUTA: 15/12/2016 JULGADO: 15/12/2016
Relator
Exmo. Sr. Ministro HERMAN BENJAMIN
Presidente da Sessão
Exma. Sra. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. SANDRA VERÔNICA CUREAU
Secretária
Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL 
RECORRIDO : MAURO GOMES DE MOURA E OUTROS
ADVOGADO : RICARDO HANNA BERTELLI E OUTRO(S) - RS057124 
ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Atos 
Administrativos - Improbidade Administrativa
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão 
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, deu provimento ao recurso, nos termos do voto do(a) Sr(a). 
Ministro(a)-Relator(a)."
Os Srs. Ministros Og Fernandes, Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães 
(Presidente) e Francisco Falcão votaram com o Sr. Ministro Relator.
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