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www.deolhonaquestao.com 1 www.deolhonaquestao.com 2 Sumário 1- Apresentação ............................................................................................................................. 4 2- Questões autorais ...................................................................................................................... 5 3- Julgados selecionados .............................................................................................................. 8 3.1 Apenas é legítima a cláusula de edital de concurso público que restrinja a participação de candidato pelo simples fato de responder a inquérito ou a ação penal, quando for instituída por lei e se mostrar constitucionalmente adequada. STF. Plenário. RE 560900/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 5 e 6/2/2020 ......................................... 8 3.2 Admite-se a anulação da a anistia política concedida quando se comprovar a ausência de perseguição política, mesmo depois de ter passado mais de 5 anos, desde que respeitado o devido processo legal e assegurada a não devolução das verbas já recebidas. STJ. 1ª Seção. MS 19070-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd. Min. Og Fernandes, julgado em 12/02/2020 ............................................................................ 10 3.3 O prazo prescricional, no caso de ação de desapropriação indireta, é, em regra, de 10 anos; excepcionalmente, será de 15 anos quando se comprove que não foram feitas obras ou serviços públicos no local. STJ. 1ª Seção. REsp 1757352-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 12/02/2020 (Recurso Repetitivo – Tema 1109) (Info 671). Obs: a súmula 119 do STJ está superada (Súmula 119-STJ: A ação de desapropriação indireta prescreve em vinte anos)............................................................................................................ 13 3.4 Lei estadual pode exigir que servidor more no Município onde atua, mas não pode exigir que ele peça autorização todas as vezes em que for sair da localidade. STF. Plenário. ADPF 90, Rel. Luiz Fux, julgado em 03/04/2020 (Info 977). ................................ 15 3.5 Para a condenação por responsabilidade civil do Município em decorrência de acidente em loja de fogos de artifício, é necessário comprovar que ele violou dever jurídico específico de agir (concedeu licença sem as cautelas legais ou tinha conhecimento de irregularidades que estavam sendo praticadas pelo particular). STF. Plenário. RE 136861/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/3/2020 (repercussão geral – Tema 366) (Info 969). ................................................... 17 3.6 Cabe à Justiça Comum (estadual ou federal) julgar ações contra concurso público realizado por órgãos e entidades da Administração Pública para contratação de empregados celetistas. STF. Plenário. RE 960429/RN, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4 e 5/3/2020 (repercussão geral – Tema 992) (Info 968). .............................................. 20 3.7 O prazo para se questionar a preterição de nomeação de candidato em concurso público é de 5 anos, contado da data em que o outro servidor foi nomeado no lugar do aprovado. STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1643048-GO, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 05/03/2020 (Info 668). ............................................................................................. 22 www.deolhonaquestao.com 3 3.8 O Tribunal de Contas tem o prazo de 5 anos para julgar a legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, a partir da chegada do processo à Corte de Contas. STF. Plenário. RE 636553/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/2/2020 (repercussão geral – Tema 445) (Info 967). ......................................................... 24 3.9 Quando o Município não possui RPPS, o seu servidor público municipal, que se aposentará pelo INSS é afastado do cargo pelo fato de a aposentadoria ser hipótese de vacância, não podendo ser reintegrado para ficar recebendo, simultaneamente, a aposentadoria e os proventos. STF. 1ª Turma. ARE 1234192 AgR/PR e ARE 1250903 AgR/PR, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgados em 16/6/2020 (Info 982). ............................................................................................................. 28 3.10 Nomeação de dirigentes e desnecessidade de prévia aprovação da ALE. STF. Plenário. ADI 2167/RR, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 3/6/2020 (Info 980). ............................................................................ 30 3.11 Em regra, é imprescindível prévia licitação para a concessão ou permissão da exploração de serviços de transporte coletivo de passageiros. STF. Plenário. RE 1001104, Rel. Marco Aurélio, julgado em 15/05/2020 (Repercussão Geral – Tema 854) (Info 982 – clipping). ........................................................................................................................................ 33 3.12 É prescritível a pretensão de ressarcimento ao erário fundada em decisão do Tribunal de Contas. STF. Plenário. RE 636886/AL, Rel. Alexandre de Moraes, julgado em 20/04/2020 (Repercussão Geral – Tema 899) (Info 983 – clipping). ................................... 35 3.13 Ante situação jurídica surgida em data posterior à Emenda Constitucional nº 19, de 4 de junho de 1998, cabível é considerar, para efeito de teto, o somatório de valores percebidos a título de remuneração, proventos e pensão. (RE 602584, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 06/08/2020, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-277 DIVULG 20-11-2020 PUBLIC 23-11-2020) ........................................................................................................................................................ 39 3.14 Em regra, o Estado não tem responsabilidade civil por atos praticados por presos foragidos; exceção: quando demonstrado nexo causal direto. STF. Plenário. RE 608880, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Alexandre de Moraes, julgado em 08/09/2020 (Repercussão Geral – Tema 362) (Info 993). .......................................................................... 45 3.15 Judiciário não pode obrigar que o chefe do Poder Executivo encaminhe o projeto de lei para revisão geral anual dos servidores. STF. Plenário. RE 843112, Rel. Luiz Fux, julgado em 22/09/2020 (Repercussão Geral – Tema 624) (Info 998). ................................ 46 3.16 É possível a delegação do poder de polícia – inclusive da possibilidade de aplicação de multas – para pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da Administração Pública indireta de capital social majoritariamente público que prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em regime não concorrencial. STF. Plenário. RE 633782/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 23/10/2020 (Repercussão Geral – Tema 532) (Info 996)................................................................................................................ 48 4- Enunciados da I Jornada de Direito Administrativo CJF/STJ ........................................... 50 5- EMENTAS ................................................................................................................................. 56 www.deolhonaquestao.com 4 1- Apresentação Seja muito bem-vindo(a) à nossa retrospectiva de Direito Administrativo, com foco em procuradorias. O meu nome é Aline Oliveira, já atuei como residente jurídico tanto da PGE/RJ quanto da PGM/RJ, possuo três pós graduações: direito tributário e duas de direito público, uma pela UCAM e outra pela UERJ. Fui aprovada em alguns concursos de Procuradoriase de advogado (Paraty-RJ; Areias-SP; CODESG- em 03º lugar; IMBEL- 9º lugar), bem como no de analista do MPSP. No meu perfil do Instagram @prof_alineoliveira, sempre que possível, costumo colocar resumos das notícias dos tribunais superiores e algumas questões de concursos também. Fiquem atentos ao Instagram @deolhonaquestão, pois em breve será lançado o sistema de jurisprudência que também será uma excelente ferramenta nos estudos de vocês. A ideia é que vocês comecem fazendo as questões propostas e depois vejam os julgados selecionados. Ao final é importante refazer as questões para ver o que realmente memorizaram. Ah, colocamos também os enunciados da I Jornada de Direito Administrativo que, provavelmente, serão cobrados nos próximos concursos, especialmente banca CESPE. E para facilitar ainda mais a revisão de vocês, colocamos ao final as ementas dos julgados selecionados! Lembramos que o feedback de vocês sobre essa apostila é muito importante para gente! Fiquem à vontade para enviar críticas, sugestões, elogios no Instagram @prof_alineoliveira. Esse material é gratuito e vocês também podem divulgar para que mais pessoas tenham acesso! #vamosjuntos! #advocaciapública #procuradorias #2021énosso! www.deolhonaquestao.com 5 Vamos começar? 2- Questões autorais Julgue os itens a seguir: 1. A simples existência de inquéritos ou processos penais em curso não autoriza a eliminação de candidatos em concursos públicos. 2. É vedado a lei instituir requisitos mais rigorosos para determinados cargos, tais como magistratura. 3. Sem previsão constitucional adequada e instituída por lei, não é legítima a cláusula de edital de concurso público que restrinja a participação de candidato pelo simples fato de responder a inquérito ou ação penal. 4. Não é possível a anulação do ato de anistia pela administração pública, mesmo quando decorrido o prazo decadencial contido na Lei N. 9.784/1999. 5. O prazo prescricional aplicável à desapropriação indireta, na hipótese em que o Poder Público tenha realizado obras no local ou atribuído natureza de utilidade pública ou de interesse social ao imóvel, é de 10 anos, conforme parágrafo único do art. 1.238 do CC. 6. A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental não é cabível para definir a recepção de norma anterior à Constituição de 1988, eis que devemos observar o princípio da subsidiariedade. 7. A proibição de saída do município sede da unidade em que o servidor atua sem autorização do superior hierárquico configura grave violação da liberdade fundamental de locomoção (artigo 5º, XV, da Constituição de 1988) e do devido processo legal (artigo 5º, LIV, da Constituição), mercê de constituir medida de caráter excepcional no âmbito processual penal www.deolhonaquestao.com 6 (artigo 319, IV, do CPP), a revelar a desproporcionalidade da sua expansão como regra no âmbito administrativo. 8. Para que fique caracterizada a responsabilidade civil do Estado por danos decorrentes do comércio de fogos de artifício, é necessário que exista a violação de um dever jurídico específico de agir, que ocorrerá quando for concedida a licença para funcionamento sem as cautelas legais ou quando for de conhecimento do poder público eventuais irregularidades praticadas pelo particular. 9. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar controvérsias relacionadas à fase pré-contratual de seleção e de admissão de pessoal e eventual nulidade do certame em face da Administração Pública, direta e indireta, nas hipóteses em que adotado o regime celetista de contratação de pessoal. 10. Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima, os Tribunais de Contas estão sujeitos ao prazo de 5 anos para o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do processo à respectiva Corte de Contas. 11. O prazo para se questionar a preterição de nomeação de candidato em concurso público é de 5 anos, contado da data da homologação do concurso. 12. Quando o Município não possui RPPS, o seu servidor público municipal, que se aposentará pelo INSS é afastado do cargo pelo fato de a aposentadoria ser hipótese de vacância, podendo ser reintegrado para ficar recebendo, simultaneamente, a aposentadoria e os proventos. 13. É vedada à legislação estadual submeter à aprovação prévia da Assembleia Legislativa a nomeação de dirigentes de Autarquias, Fundações Públicas, Presidentes de Empresas de Economia Mista, Interventores de Municípios, bem como de titulares de Defensoria Pública e da Procuradoria-Geral do Estado; por afronta à separação de poderes. www.deolhonaquestao.com 7 14. Em regra, é imprescindível prévia licitação para a concessão ou permissão da exploração de serviços de transporte coletivo de passageiros. 15. Salvo situações excepcionais, devidamente comprovadas, o implemento de transporte público coletivo pressupõe prévia licitação. 16. É imprescritível a pretensão de ressarcimento ao erário fundada em decisão do Tribunal de Contas. 17. Ante situação jurídica surgida em data posterior à Emenda Constitucional nº 19, de 4 de junho de 1998, cabível é considerar, para efeito de teto, o somatório de valores percebidos a título de remuneração, proventos e pensão. 18. Nas situações jurídicas em que a Constituição Federal autoriza a acumulação de cargos, o teto remuneratório é considerado em relação à remuneração de cada um deles, e não ao somatório do que recebido. 19. Joaquim fugiu da cadeia e, imediatamente, praticou um latrocínio como forma de obter um veículo para despistar os policiais que o seguiam. A esposa do proprietário do veículo que foi assassinado por Joaquim ingressa com ação contra o Estado pleiteando indenização e, segundo o STF, ela terá direito a essa indenização. 20. Imagine que Caio e Bruno fugiram da cadeia, três meses depois, realizaram diversos roubos, furtos, homicídios e latrocínios. Maria, esposa de Bruno que foi vítima de um desses latrocínios tem direito a indenização por omissão do estado no dever de manter tais indivíduos devidamente presos. 21. Em regra, o Estado não tem responsabilidade civil por atos praticados por presos foragidos; exceção: quando demonstrado nexo causal direto. 22. Judiciário não pode obrigar que o chefe do Poder Executivo encaminhe o projeto de lei para revisão geral anual dos servidores. www.deolhonaquestao.com 8 23. Constatada a omissão do Poder Executivo na apresentação de projeto de lei que preveja a revisão geral anual da remuneração dos servidores públicos, cabe ao Poder Judiciário declarar a mora e determinar ao Poder Executivo que se manifeste de forma fundamentada sobre a conveniência e possibilidade de recomposição salarial ao funcionalismo. 24. É possível a delegação do poder de polícia – inclusive da possibilidade de aplicação de multas – para pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da Administração Pública indireta de capital social majoritariamente público que prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em regime não concorrencial. Gabarito 1V; 2F; 3V; 4F; 5V; 6F; 7V; 8V; 9F; 10V; 11F; 12F; 13V; 14V; 15V; 16F; 17V; 18V; 19V; 20F; 21V; 22V; 23V; 24V. 3- Julgados selecionados 3.1 Apenas é legítima a cláusula de edital de concurso público que restrinja a participação de candidato pelo simples fato de responder a inquérito ou a ação penal, quando for instituída por lei e se mostrar constitucionalmente adequada. STF. Plenário. RE 560900/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 5 e 6/2/2020 Tese “Sem previsão constitucional adequada e instituída por lei, não é legítima a cláusula de edital de concurso público que restrinja a participação de candidato pelo www.deolhonaquestao.com9 simples fato de responder a inquérito ou ação penal”. Fundamento - A eliminação do candidato pelo fato de haver instauração de inquérito policial ou propositura de ação penal contra candidato, por si só, e sem o trânsito em julgado, violaria o princípio constitucional da presunção de inocência, da liberdade profissional e da ampla acessibilidade aos cargos públicos. Conflito entre princípios - Presunção de inocência, ampla acesso aos cargos públicos e princípio da liberdade profissional x princípio da moralidade administrativa. Como solucionar esse conflito? Nesse caso, como são normas de mesma hierarquia que apresentam soluções distintas, não podemos usar os critérios usuais para resolução de antinomias (hierárquico, cronológico e de especialidade). Vamos, portanto, resolver por meio da ponderação de valores. E o que decidiu o STF? - Via de regra não é possível eliminar o candidato pelo simples fato de existir instauração de inquérito policial ou propositura de ação penal contra candidato. Isso viola os princípios da www.deolhonaquestao.com 10 presunção de inocência, da liberdade profissional e da ampla acessibilidade aos cargos públicos. - Entretanto, algumas carreiras/ cargos públicos podem ter exigências mais rígidas previstas em lei. Exemplos: magistratura, segurança pública. Dessa forma, a lei pode prever que será eliminado o candidato que possuir condenação definitiva ou condenação de órgão colegiado, desde que se tenha uma relação de incompatibilidade entre a natureza do crime e as atribuições do cargo. 3.2 Admite-se a anulação da a anistia política concedida quando se comprovar a ausência de perseguição política, mesmo depois de ter passado mais de 5 anos, desde que respeitado o devido processo legal e assegurada a não devolução das verbas já recebidas. STJ. 1ª Seção. MS 19070-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd. Min. Og Fernandes, julgado em 12/02/2020 Adequação do entendimento do STJ ao que decidiu o STF Entendimento anterior do STJ: "a revisão das portarias concessivas de anistia submete-se à fluência do prazo decadencial previsto no art. 54 da Lei nº 9.784/99, o qual fixa em cinco anos o direito da Administração Pública de anular os atos administrativos que produzam efeitos favoráveis aos seus www.deolhonaquestao.com 11 destinatários" (STJ, MS 15.706/DF, Rel. Min. Castro Meira, Primeira Seção, DJe de 11/5/2011) Entendimento recente do STF e, posterior, revisão do STJ de seu entendimento: EMENTA Direito Constitucional. Repercussão geral. Direito Administrativo. Anistia política. Revisão. Exercício de autotutela da administração pública. Decadência. Não ocorrência. Procedimento administrativo com devido processo legal. Ato flagrantemente inconstitucional. Violação do art. 8º do ADCT. Não comprovação de ato com motivação exclusivamente política. Inexistência de inobservância do princípio da segurança jurídica. Recursos extraordinários providos, com fixação de tese. 1. A Constituição Federal de 1988, no art. 8º do ADCT, assim como os diplomas que versam sobre a anistia, não contempla aqueles militares que não foram vítimas de punição, demissão, afastamento de suas atividades profissionais por atos de motivação política, a exemplo dos cabos da Aeronáutica que foram licenciados com fundamento na legislação www.deolhonaquestao.com 12 disciplinar ordinária por alcançarem o tempo legal de serviço militar (Portaria nº 1.104-GM3/64). 2. O decurso do lapso temporal de 5 (cinco) anos não é causa impeditiva bastante para inibir a Administração Pública de revisar determinado ato, haja vista que a ressalva da parte final da cabeça do art. 54 da Lei nº 9.784/99 autoriza a anulação do ato a qualquer tempo, uma vez demonstrada, no âmbito do procedimento administrativo, com observância do devido processo legal, a má-fé do beneficiário. 3. As situações flagrantemente inconstitucionais não devem ser consolidadas pelo transcurso do prazo decadencial previsto no art. 54 da Lei nº 9.784/99, sob pena de subversão dos princípios, das regras e dos preceitos previstos na Constituição Federal de 1988. Precedentes. 4. Recursos extraordinários providos. 5. Fixou-se a seguinte tese: “No exercício de seu poder de autotutela, poderá a Administração Pública rever os atos de concessão de anistia a cabos da Aeronáutica relativos à Portaria nº 1.104, editada pelo Ministro de Estado da Aeronáutica, em 12 de outubro de 1964 quando www.deolhonaquestao.com 13 se comprovar a ausência de ato com motivação exclusivamente política, assegurando-se ao anistiado, em procedimento administrativo, o devido processo legal e a não devolução das verbas já recebidas.” (RE 817338, Relator(a): DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 16/10/2019, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-190 DIVULG 30-07-2020 PUBLIC 31-07-2020) Fundamentos A parte final do art. 54 da Lei 9784/1999 autoriza a ANULAÇÃO A QUALQUER TEMPO, se demonstrada a má-fé do beneficiário, e desde que respeitado o devido processo legal. Trata-se de situação FLAGRANTEMENTE INCONSTITUCIONAL que não deve ser consolidada sob a alegação de decadência. 3.3 O prazo prescricional, no caso de ação de desapropriação indireta, é, em regra, de 10 anos; excepcionalmente, será de 15 anos quando se comprove que não foram feitas obras ou serviços públicos no local. STJ. 1ª Seção. REsp 1757352-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 12/02/2020 (Recurso Repetitivo – Tema 1109) (Info 671). Obs: a súmula 119 do STJ está superada (Súmula 119-STJ: A ação de desapropriação indireta prescreve em vinte anos). www.deolhonaquestao.com 14 Divergências 1ª Turma do STJ defendia ser o prazo de 15 anos, já que não se aplicaria ao Poder Público a hipótese redutora do art. 1.238, parágrafo único do CC. (Aglnt no REsp 1.553.477/SC, Rel. Ministro Gurgel de Faria, rel. p/ Acórdão Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 13/6/2017). A 2ª Turma do STJ e outros julgados da 1ª Turma, por sua vez, defendiam que o prazo seria de 10 anos. (REsp 1.449.916/PB, Primeira Turma, Rel. Ministro Gurgel de Faria, DJe de 19/4/2017). Tese do julgamento do recurso repetitivo "O prazo prescricional aplicável à desapropriação indireta, na hipótese em que o Poder Público tenha realizado obras no local ou atribuído natureza de utilidade pública ou de interesse social ao imóvel, é de 10 anos, conforme parágrafo único do art. 1.238 do CC". Fundamentos A ação de indenização por apossamento administrativo possui natureza real e não pessoal; posse da Administração Pública tem como finalidade a realização de obras ou serviços de caráter produtivo, razão pela qual deve ser aplicável o prazo www.deolhonaquestao.com 15 prescricional decenal (art. 1.238, § único do CC). ATENÇÃO “A prescrição decenal é questionada em alguns julgados da Primeira Turma, sob o argumento de que, por se tratar de uma regra extraordinária, deve ser interpretada de forma restrita, aplicando-se, portanto, apenas em favor de particulares. A solução da controvérsia deve ser encontrada na técnica hermenêutica. Veja-se que tanto o caput quanto o parágrafo único não são voltados à Administração Pública, porquanto presentes dentro do Código Civil e, dessarte, regulam ambos as relações entre particulares, tão somente. Em qualquer uma das hipóteses, vale-se o intérprete da analogia.” 3.4 Lei estadual pode exigir que servidor more no Município onde atua, mas não pode exigir que ele peça autorização todas as vezes em que for sair da localidade. STF. Plenário. ADPF 90, Rel. Luiz Fux, julgado em 03/04/2020(Info 977). Conflito Art. 144, §7 CRFB x art. 5, XV e LIV CRFB Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à www.deolhonaquestao.com 16 liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; (...) LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: (...) § 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades. Fundamentos - “a proibição de ausentar-se da Comarca é medida cautelar penal prevista no artigo 319, IV, do Código de Processo Penal, que apenas pode www.deolhonaquestao.com 17 ser decretada em caráter excepcionalíssimo, quando: (i) a permanência for conveniente ou necessária para a investigação ou instrução; e (ii) a medida for adequada à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado (artigo 282, II, CPP).” Assim, não pode ser adotada em caráter geral e irrestrito aos servidores públicos. - Afronta aos núcleos básicos dos direitos fundamentais dos servidores públicos (art. 5, XV e LIV CRFB) 3.5 Para a condenação por responsabilidade civil do Município em decorrência de acidente em loja de fogos de artifício, é necessário comprovar que ele violou dever jurídico específico de agir (concedeu licença sem as cautelas legais ou tinha conhecimento de irregularidades que estavam sendo praticadas pelo particular). STF. Plenário. RE 136861/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/3/2020 (repercussão geral – Tema 366) (Info 969). Tese fixada em Repercussão Geral “Para que fique caracterizada a responsabilidade civil do Estado por danos decorrentes do comércio de fogos de artifício, é necessário que exista a violação de um dever jurídico específico de agir, que ocorrerá quando for concedida a licença para funcionamento sem as cautelas legais ou quando for de conhecimento do www.deolhonaquestao.com 18 poder público eventuais irregularidades praticadas pelo particular” Conflito Falha na fiscalização do Poder Público x não localizar a apontada omissão estatal em realizar a vistoria prévia do imóvel para fins de expedição de licença de funcionamento aos proprietários da loja como causa necessária para a ocorrência dos danos. Fundamentos Tese vencida: admite-se a responsabilização do ente estatal pelas condutas omissivas que, em razão deste não agir, causem danos aos terceiros, na modalidade de responsabilidade objetiva do Estado Responsabilidade civil imputada aos particulares (regida pelo CC e legislações esparsas do direito privado) é diferente da imputada ao Estado (art. 37, §6 CRFB); Existência de omissão específica no caso concreto. Tese vencedora: loja clandestina de fogos de artifício; má-fé dos proprietários e comerciantes, já que não é possível iniciar as vendas antes da autorização de funcionamento (ocorre com o término do procedimento que foi instaurado). Também foi afirmado é um ato www.deolhonaquestao.com 19 complexo; o Estado não pode ser segurador universal; entender de forma diversa seria “desconsiderar o poder normativo de um comando proibitivo”. “Não houve comportamento positivo ou negativo do Poder Público que causasse o dano. O Poder Público estava seguindo o procedimento. Quem não seguiu foram os responsáveis pelo acidente.” (...) “A omissão específica no comércio de fogos de artifício ocorrerá quando for concedida a licença para funcionamento sem as cautelas legais ou quando for de conhecimento do poder público eventuais irregularidades praticadas pelo particular. O simples requerimento de licença de instalação ou recolhimento da taxa de funcionamento não são suficientes para caracterizar o dever específico de agir” Responsabilidade por omissão Controvérsia doutrinária e jurisprudencial: responsabilidade subjetiva, sendo necessário ao ofendido demonstrar a culpa do agente ou a falha ou mal funcionamento do serviço público (Ex: RE 179147 e (RE 369820) X www.deolhonaquestao.com 20 independe de prova de culpa, uma vez que o art. 37, §6 da CRFB não trouxe essa distinção entre ação ou omissão estatal (ARE 847116) Atenção: O STF no RE 841.526, submetido à sistemática da repercussão geral, definiu a aplicabilidade da teoria do risco administrativo também quanto às condutas omissivas do Estado. 3.6 Cabe à Justiça Comum (estadual ou federal) julgar ações contra concurso público realizado por órgãos e entidades da Administração Pública para contratação de empregados celetistas. STF. Plenário. RE 960429/RN, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4 e 5/3/2020 (repercussão geral – Tema 992) (Info 968). Tese Compete à Justiça comum processar e julgar controvérsias relacionadas à fase pré-contratual de seleção e de admissão de pessoal e eventual nulidade do certame em face da Administração Pública, direta e indireta, nas hipóteses em que adotado o regime celetista de contratação de pessoal. Fundamentos O concurso público ato é de natureza jurídico administrativa e não há, ainda, pacto de trabalho. É notório, portanto, www.deolhonaquestao.com 21 a prevalência do caráter público na fase pré-contratual; inexistência de relação de trabalho de modo a atrair a competência da justiça do trabalho; a competência da justiça do trabalho é para tratar de assuntos que envolvam a relação de trabalho em sentido estrito; deve ser considerado como critério para definição de competência o da natureza da matéria discutida (eminentemente administrativa). TST X STF TRT e TST: “cabe à Justiça do Trabalho não apenas conhecer as causas relativas às controvérsias pertinentes aos atos da vida do trabalhador e à rescisão contratual, mas também aqueles que inibem a admissão como empregado, seja à luz do artigo 7º, XXX e XXXI, da Constituição, mas também à luz do artigo 37 constitucional quando envolvidas empresas públicas e sociedades de economia mista, à conta da regra de atração pertinente, a par do descrito no artigo 173, § 1º, II, da Carta de 1988, com as alterações posteriores” STF: “Após a interposição do ARE, o Ministro Luís Roberto Barroso, em decisão monocrática, deu provimento ao recurso extraordinário, www.deolhonaquestao.com 22 sustentando que o TST havia divergido do entendimento do STF “no sentido de que cabe a Justiça comum pronunciar-se sobre a existência, a validade e a eficácia das relações entre servidores e o poder público fundadas em vínculo jurídico- administrativo”. Em seguida, o relator acabou reconsiderando sua decisão para aplicar a presente tese de repercussão geral.” 3.7 O prazo para se questionar a preterição de nomeação de candidato em concurso público é de 5 anos, contado da data em que o outro servidor foi nomeado no lugar do aprovado. STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1643048-GO, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 05/03/2020 (Info 668). Conflito Prazo a partir da homologação do concurso x prazo a partir da efetiva lesão Solução Prazo de 5 anos, na forma do Decreto 20.910/1932, a contar danomeação do outro servidor Fundamentos - A alteração do edital gera mera expectativa de lesão a direito. Assim, apenas com a nomeação de outro servidor é que se inicia o prazo prescricional. - Ofensa ao art. 1º da Lei n° 7.144/83, ao lhe dar interpretação diferente www.deolhonaquestao.com 23 daquela adotada pacificamente pelo STJ. Art. 1º Prescreve em 1 (um) ano, a contar da data em que for publicada a homologação do resultado final, o direito de ação contra quaisquer atos relativos a concursos para provimento de cargos e empregos na Administração Federal Direta e nas Autarquias Federais. Vejamos, agora, a jurisprudência do STJ: “as normas previstas na Lei 7.144/1983 aplicam-se meramente a atos concernentes ao concurso público, nos quais não se insere, contudo, a controvérsia instaurada sobre aventada preterição ao direito público subjetivo de nomeação para o candidato aprovado e classificado dentro do número de vagas ofertadas no edital de abertura, hipótese para a qual o prazo é o previsto no Decreto 20.910/1932" (STJ, AgRg no REsp 14.87.720/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe de 24/11/2014).” www.deolhonaquestao.com 24 3.8 O Tribunal de Contas tem o prazo de 5 anos para julgar a legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, a partir da chegada do processo à Corte de Contas. STF. Plenário. RE 636553/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/2/2020 (repercussão geral – Tema 445) (Info 967). Tese “Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima, os Tribunais de Contas estão sujeitos ao prazo de 5 anos para o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do processo à respectiva Corte de Contas" Conflito Aposentadoria é ato complexo1 e não se sujeita a prescrição do art. 54 da Lei 9.784/ 1999 nem ao contraditório e ampla defesa. O prazo deveria ser contado a partir do ato que julgou a legalidade da aposentadoria. Violação aos arts. 5º, XXXV, LV; 37, caput; 71 e 74 do texto constitucional X deve ser respeitado o prazo decadencial de 05 anos e deve ser respeitado o contraditório e ampla defesa. 1 Na leitura do inteiro teor, constata-se que há discussão no tocante a natureza jurídica do ato de concessão de aposentadoria ou pensão: ato composto, complexo ou simples. Há crítica doutrinária em relação a essa classificação de ato complexo que o STF entendeu e, possivelmente, o tema será revisitado pela Corte no futuro. www.deolhonaquestao.com 25 Distinguishing e alteração do entendimento do STF (1) Ato jurídico perfeito (já registrado pelo Tribunal de Contas) que concede aposentadoria ou pensão para ser anulado pelo TC após extenso lapso temporal deve respeitar o contraditório e ampla defesa. (2) Nos demais casos, o julgamento pelo TC da legalidade da aposentadoria ou pensão pode ser realizado sem a participação dos interessados, desde que respeitado o prazo razoável de 05 anos contados a partir da data da chegada do processo ao TCU. O STF, antes do julgamento do RE 636553/RS trazia essa exceção a súmula vinculante 03. Súmula Vinculante 3-STF: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de www.deolhonaquestao.com 26 aposentadoria, reforma e pensão. (3) ATENÇÃO: Após o julgamento do RE 636553/RS, temos que uma vez ultrapassado esse prazo, será considerado registrado tacitamente. Em nenhum caso é necessário contraditório e ampla defesa.* Fundamentos Respeito ao princípio da segurança jurídica e da confiança legítima, bem como da necessidade da estabilização das relações jurídicas. Nesse sentido, foi mencionado no inteiro teor, “Assim, apesar de entender que a concessão da aposentadoria é ato complexo e que o art. 54 da Lei 9784/1999 não se aplica diretamente à hipótese, parece-me que, por motivos de segurança jurídica e necessidade da estabilização das relações, é necessário fixar-se, por analogia (art. 1º do Decreto 20.910/1932), um prazo para que a Corte de Contas exerça seu dever constitucional.” “Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem www.deolhonaquestao.com 27 assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem”. * (Fonte: CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O Tribunal de Contas tem o prazo de 5 anos para julgar a legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, prazo esse contado da chegada do processo à Corte de Contas. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/b47767f992 ce8624345aca182b76b202>. Acesso em: 03/01/2021) https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/b47767f992ce8624345aca182b76b202 https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/b47767f992ce8624345aca182b76b202 www.deolhonaquestao.com 28 3.9 Quando o Município não possui RPPS, o seu servidor público municipal, que se aposentará pelo INSS é afastado do cargo pelo fato de a aposentadoria ser hipótese de vacância, não podendo ser reintegrado para ficar recebendo, simultaneamente, a aposentadoria e os proventos. STF. 1ª Turma. ARE 1234192 AgR/PR e ARE 1250903 AgR/PR, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgados em 16/6/2020 (Info 982). Distinguishing Acumulação de provento de aposentadoria após o exercício de emprego público, regido pela CLT, com vencimentos de cargo efetivo X Quando não há regime Próprio de Previdência no ente (caso concreto analisado pelo STF, nesse julgado) “à falta de Regime Próprio de Previdência, a aposentadoria a que alude a legislação municipal, enquanto causa de vacância do cargo público, logicamente só pode ser a do Regime Geral, de modo que a pretensão de reingresso ao cargo vago representa burla ao concurso público.” Fundamentos Não há vedação a ocupação de um cargo público e, simultaneamente, receba proventos de aposentadoria, desde que obtida pelo exercício de OUTRA ATIVIDADE; violação ao art. 37, caput e §10 da CRFB. www.deolhonaquestao.com 29 Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) § 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração; mesmo antes da EC 20/1998, quando não havia a vedação de acumulação de proventos com vencimentos de cargo público, era exigida pelo STF a realização e aprovação em concurso público para o provimento do cargo público após a aposentadoria; qualquer reingresso no cargo exige a prévia aprovação em concurso. www.deolhonaquestao.com 30 3.10 Nomeação de dirigentes e desnecessidade de prévia aprovação da ALE. STF. Plenário. ADI 2167/RR, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 3/6/2020 (Info980). Quais dirigentes? “É vedada à legislação estadual submeter à aprovação prévia da Assembleia Legislativa a nomeação de dirigentes de Autarquias, Fundações Públicas, Presidentes de Empresas de Economia Mista, Interventores de Municípios, bem como de titulares de Defensoria Pública e da Procuradoria-Geral do Estado; por afronta à separação de poderes.” Fundamentos Inovação em relação ao modelo constitucional federal, o que levou a afronta à reserva de administração; separação dos poderes; competência privativa do Chefe do Executivo de dirigir a Administração Pública. A título de aprofundamento, citamos Márcio Cavalcante: “Fundações, autarquias, sociedades de economia mista e assemelhados Além de não ser possível submeter à arguição do Legislativo a nomeação de titulares de fundações e autarquias, é ilegítima a intervenção parlamentar no processo de preenchimento da direção das entidades privadas da Administração indireta dos estados. A escolha dos dirigentes dessas empresas é matéria inserida no âmbito do regime estrutural de cada uma delas. Obs: no caso das autarquias, vale ressaltar que é possível exigir sabatina prévia para os membros das agências reguladoras, que são autarquias especiais. Pela legislação, www.deolhonaquestao.com 31 os conselheiros, no modelo federal, são submetidos à aprovação do Poder Legislativo. Como funciona a nomeação do interventor? Em algumas hipóteses de intervenção estadual, será necessário que o Governador do Estado nomeie um interventor. Essa nomeação será feita no próprio decreto de intervenção. O tema é tratado no art. 36, § 1º da CF/88: Art. 36 (...) § 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacional ou da Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas. Repare que o § 1º estabelece que o decreto de intervenção editado pelo Governador do Estado será submetido à apreciação da Assembleia Legislativa, no prazo de 24 horas depois de editado.2 O STF, ao interpretar esse dispositivo, afirma que a Assembleia Legislativa irá averiguar as condições, hipóteses, extensão e legalidade da intervenção, mas que não poderá questionar o nome do interventor. A intervenção é um ato do chefe do Poder Executivo. O interventor é de sua escolha e confiança. Essa é a divisão entre o Executivo e o Legislativo no tema. Desse modo, é inconstitucional a norma da Constituição do Estado de Roraima que exige prévia sabatina e aprovação da Assembleia para que o Governador possa nomear o interventor. A Assembleia Legislativa não irá examinar o nome do interventor nem mesmo a posteriori. Permitir a rejeição do nome de interventor resulta, na verdade, na escolha dele pela Assembleia Legislativa, considerando que o parlamento poderá, em tese, recusar sucessivamente as indicações do Governador até ser chamado alguém de seu interesse. Se a Assembleia Legislativa entender que a intervenção decretada é questão meramente política, deverá rejeitar a 2 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Nomeação de dirigentes e desnecessidade de prévia aprovação da ALE. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/589f763b060f8c19170cdf5196e2bf 87>. Acesso em: 03/01/2021 www.deolhonaquestao.com 32 medida, o que pode caracterizar crime de responsabilidade do chefe do Executivo. Titular da Defensoria Pública do Estado (Defensor Público- Geral) No tocante ao Defensor Público-geral do Estado, a previsão é inconstitucional porque CF/88 afirmou que lei complementar deve prescrever as normas gerais das Defensorias Públicas dos Estados (art. 134, § 1º). A fim de cumprir esse mandamento constitucional, foi editada a Lei Complementar federal 80/94. Essa LC estabeleceu que o titular da Defensoria Pública da União precisa ser aprovado pela maioria absoluta do Senado Federal: Art. 6º A Defensoria Pública da União tem por chefe o Defensor Público-Geral Federal, nomeado pelo Presidente da República, dentre membros estáveis da Carreira e maiores de 35 (trinta e cinco) anos, escolhidos em lista tríplice formada pelo voto direto, secreto, plurinominal e obrigatório de seus membros, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de 2 (dois) anos, permitida uma recondução, precedida de nova aprovação do Senado Federal. A LC 80/94 não fez essa mesma exigência quanto ao titular da Defensoria Pública estadual: Art. 99. A Defensoria Pública do Estado tem por chefe o Defensor Público-Geral, nomeado pelo Governador do Estado, dentre membros estáveis da Carreira e maiores de 35 (trinta e cinco) anos, escolhidos em lista tríplice formada pelo voto direto, secreto, plurinominal e obrigatório de seus membros, para mandato de 2 (dois) anos, permitida uma recondução. Não se estipulou essa necessidade aos Estados, porque se seguiu o mesmo modelo dos Ministérios Públicos (que também não exigem prévia aprovação da ALE), a fim de evitar a politização da Defensoria. Titular da PGE (Procurador-Geral do Estado) Exigir a prévia arguição e aprovação do Procurador-Geral do Estado pela Assembleia Legislativa viola a Constituição Federal porque afeta a separação dos Poderes e interfere diretamente na estrutura hierárquica do Poder Executivo. Essa previsão transfere ao Legislativo o controle sobre agente público, que, conforme lei orgânica, integra o www.deolhonaquestao.com 33 gabinete do chefe do Executivo como secretário de governo.” 3.11 Em regra, é imprescindível prévia licitação para a concessão ou permissão da exploração de serviços de transporte coletivo de passageiros. STF. Plenário. RE 1001104, Rel. Marco Aurélio, julgado em 15/05/2020 (Repercussão Geral – Tema 854) (Info 982 – clipping). Conflito Necessidade ou não de licitação para a concessão ou permissão da exploração de serviços de transporte coletivo de passageiros? Leis estaduais e municipais anteriores a 1988 que previam mero credenciamento, sem licitação para a escolha do particular que prestaria o serviço de transporte coletivo de passageiros x art. 175 CRFB Fundamentos Os artigos 37, XXI, e 175 da CRFB impõem prévia licitação para concessões de serviços públicos. Vejamos tais dispositivos constitucionais: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: www.deolhonaquestao.com 34 (...) XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. (...) Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. Tese Salvo situações excepcionais, devidamente comprovadas, o implemento de transporte público coletivo pressupõe prévia licitação. E quais são as situações excepcionais? Não houve essa definição no inteiro teor do acórdão! www.deolhonaquestao.com 35 3.12 É prescritível a pretensão de ressarcimento ao erário fundada em decisão do Tribunal de Contas. STF. Plenário. RE 636886/AL, Rel. Alexandre de Moraes, julgado em 20/04/2020 (RepercussãoGeral – Tema 899) (Info 983 – clipping). Tese "É prescritível a pretensão de ressarcimento ao erário fundada em decisão de Tribunal de Contas" Conflito União alegou violação ao art. 37, § 5º, da CF/88, porque “não se aplica o art. 40, § 4º da lei n. 6830/80 (decretação de prescrição de ofício) às execuções de título extrajudicial propostas com supedâneo em acórdão do TCU que descortinam, em última análise, a existência do dever de ressarcimento ao erário” X a prescritibilidade Fundamentos Ausência de análise de ato doloso ou não de improbidade pelo TCU; não há decisão “judicial” do TCU caracterizando que houve ato ilícito doloso, inexistindo contraditório e ampla defesa; apesar de a CRFB falar em “julgar”, não se trata de atividade jurisdicional, na verdade, a atividade do TCU é eminentemente administrativa, sem as garantias do devido processo legal. O julgar é no sentido de examinar e analisar as www.deolhonaquestao.com 36 contas; ausência de previsão constitucional expressa de previsão de imprescritibilidade no tocante ao ressarcimento ao erário fundado em decisão do TC. ATENÇÃO TEMA 666, decidido em Repercussão Geral no RE 669.069 (Rel. Min. TEORI ZAVASCKI), com a seguinte TESE:É prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil3 ou TEMA 897, decidido na Repercussão Geral no RE 852.475, Red. p/Acórdão: Min. EDSON FACHIN, com a seguinte TESE: São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso tipificado na Lei de Improbidade Administrativa. Requisitos: (1) prática de ato de improbidade administrativa devidamente tipificado na Lei 8.429/92; (2) presença do elemento subjetivo do tipo DOLO; conforme TESE, com a qual guardo reservas, que estabeleceu: São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso 3 “Em relação a todos os demais atos ilícitos não caracterizados como atos de improbidade ou atentatórios à probidade na administração praticados sem dolo, ou ainda, pretéritos à edição da Lei 8.429/1992, manteve-se a ampla possibilidade de ajuizamento de ações de ressarcimento, dentro do respectivo prazo prescricional, aplicando-se o TEMA 666, como decidido em Repercussão Geral no RE 669.069” www.deolhonaquestao.com 37 tipificado na Lei de Improbidade Administrativa (TEMA 897 RE-RG 852475, Red. p/Acórdão: Min. EDSON FACHIN). Revisando com Márcio Cavalcante4: SITUAÇÃO PRESCRIÇÃO Ação de reparação por danos causados à Fazenda Pública em razão da prática de ILÍCITO CIVIL Ex: particular, dirigindo seu veículo, por imprudência, colide com o carro de um órgão público estadual em serviço. Estado terá o prazo de 5 anos para buscar o ressarcimento. é PRESCRITÍVEL (STF RE 669069/MG) Tema 666 Pretensão de ressarcimento ao erário fundada em decisão do Tribunal de Contas é PRESCRITÍVEL (STF RE 636886/AL) Tema 899 Ação de ressarcimento decorrente de ato de improbidade administrativa praticado com CULPA é PRESCRITÍVEL (devem ser propostas no prazo do art. 23 da LIA) Ação de ressarcimento decorrente de ato de improbidade administrativa praticado com DOLO é IMPRESCRITÍVEL (§ 5º do art. 37 da CF/88) 4 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É prescritível a pretensão de ressarcimento ao erário fundada em decisão do Tribunal de Contas. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/58ae23d878a47004366189884c2f8 440>. Acesso em: 04/01/2021 www.deolhonaquestao.com 38 STF RE 852475/SP Tema 897 Ação pedindo a reparação civil decorrente de DANOS AMBIENTAIS É imprescritível a pretensão de reparação civil de dano ambiental. Ex: não há prazo para ACP ajuizada pelo MP objetivando a reparação de danos decorrentes de degradação ao meio ambiente. Embora a Constituição e as leis ordinárias não tratem sobre prazo prescricional para a reparação de danos civis ambientais, a reparação do meio ambiente é direito fundamental indisponível, devendo, portanto, ser reconhecida a imprescritibilidade dessa pretensão. é IMPRESCRITÍVEL (STF RE 654833) Tema 999 www.deolhonaquestao.com 39 3.13 Ante situação jurídica surgida em data posterior à Emenda Constitucional nº 19, de 4 de junho de 1998, cabível é considerar, para efeito de teto, o somatório de valores percebidos a título de remuneração, proventos e pensão. (RE 602584, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 06/08/2020, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-277 DIVULG 20-11-2020 PUBLIC 23-11-2020) É oportuno lembrar desses outros julgados, antes de analisarmos o de 2020. Vejamos, então, o que também já foi decidido: TETO CONSTITUCIONAL – ACUMULAÇÃO DE CARGOS – ALCANCE. Nas situações jurídicas em que a Constituição Federal autoriza a acumulação de cargos, o teto remuneratório é considerado em relação à remuneração de cada um deles, e não ao somatório do que recebido. (RE 612975, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 27/04/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-203 DIVULG 06-09-2017 PUBLIC 08-09-2017) TETO CONSTITUCIONAL – ACUMULAÇÃO DE CARGOS – ALCANCE. Nas situações jurídicas em que a Constituição Federal autoriza a acumulação de cargos, o teto remuneratório é considerado em relação à remuneração de cada um deles, e não ao somatório do que recebido. (RE 602043, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 27/04/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-203 DIVULG 06-09-2017 PUBLIC 08-09-2017) Tese Ante situação jurídica surgida em data posterior à Emenda Constitucional nº 19, de 4 de junho de 1998, cabível é considerar, para efeito de teto, o somatório de valores percebidos a título de remuneração, proventos e pensão. www.deolhonaquestao.com 40 Pontos importantes mencionados no inteiro teor O teto remuneratório possui eficácia imediata; a observância do teto é condição de legitimidade para as remunerações do serviço público; a CRFB autoriza a cumulação de proventos de aposentadoria com pensão por morte por serem oriundas de fatos geradores distintos, mas o teto deve ser respeitado; o pagamento de remuneração superior ao teto é violação qualificada da CRFB. ATENÇÃO (trechos retirados do inteiro teor) “Como se observa da leitura do texto reformado, a emenda relacionou diretamente o dispositivo relativo ao teto constitucional (art. 37, XI, CRFB), como o regime das acumulações (art. 37, XVI, da CRFB). A expressa remissão, assim como a previsão de incidência do teto sobre a remuneração e o subsídios “percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza” são as diretrizes de interpretação que a Constituição oferece para a hipótese dos autos. (...) Neste ponto, a parte final do art. 37, XVI, da CRFB parece não deixar dúvidas de que, mesmo nos casos de percepção cumulativa, deve-se observar “em qualquer caso o www.deolhonaquestao.com 41 disposto no inciso XI”. Noutras palavras, a interpretação dada por esta Corte ao regime do teto remuneratório é também aplicável ao conjunto das remunerações percebidas de forma cumulativa. Conquanto o inciso XVI do art. 37 refira-se às hipóteses de cargos públicos cumuláveis e o tema em julgamento trate de percebimento conjunto de proventos de aposentadoria oriundos de cargo público e pensão por morte, as razões que determinam a incidência do teto do inciso XI do art. 37 são igualmente aplicáveis na hipótese sob exame. Tal posicionamento é também acompanhado pela doutrina. Maria Sylvia Zanella Di Pietroaduz, por exemplo, que (DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 22ª ed. São Paulo: Atlas, 2016, p. 540): “Com a Emenda Constitucional n.º 41/03, tenta-se novamente impor um tento, devolvendo-se ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, a competência para fixar os subsídios dos Ministros do Supremo Tribunal Federal (art. 48, XV), e alterando-se, mais uma vez, o www.deolhonaquestao.com 42 artigo 37, I, que passou a vigorar com a seguinte redação: (…) A leitura desse dispositivo, conjugada com outros dispositivos da Constituição, permite as seguintes conclusões : (…) g) o teto atinge os proventos dos aposentados e a pensão devida aos dependentes do servidor falecido;” Haveria, ainda, outra razão a corroborar a interpretação pela incidência do teto à hipótese em tela. Posteriormente à Emenda Constitucional 19/98, que, na linha dos precedentes indicados, instituiu a aplicação do regime do teto remuneratório, o constituinte reformador, por meio da Emenda Constitucional 20/98, também estendeu aos proventos recebidos pelos servidores inativos o teto remuneratório. Tal dispositivo decorreu da inserção do antigo § 8º do art. 40 (“Observado o disposto no art. 37, XI, os proventos de aposentadoria e as pensões serão revistos na mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores em atividade, sendo também estendidos www.deolhonaquestao.com 43 aos aposentados e aos pensionistas quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidos aos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da transformação ou reclassificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão, na forma da lei”) do Texto Constitucional. A mesma emenda ainda acrescentou o § 11 ao art. 40: “§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência social, e ao montante resultante da adição de proventos de inatividade com remuneração de cargo acumulável na forma desta Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração, e de cargo eletivo.” O sentido que se dessume da norma é portanto inequívoco: a aplicação do art. 37, XI, da CRFB, deve ser respeitada inclusive na hipótese de cumulação de proventos de aposentadoria advinda de exercício www.deolhonaquestao.com 44 de cargo público com pensão por morte devida dependente de servidor público falecido. Ainda que oriundos de fatos geradores distintos e, portanto, cumuláveis, é à soma de ambas as vantagens que o teto do art. 37, XI CRFB incide, devendo, portanto, atingir a soma total do montante cumulado percebível. (...) Como disse ao início, se não houvesse uma crise fiscal e social, possivelmente me inclinaria também por esse entendimento que professa o Ministro Celso de Mello. A linha que me inspirou - e penso que a muitos dos demais Colegas - é que não estamos falando de algo adquirido por direito próprio, mas de benefício adquirido por atuação de terceiro. Acho que se houver uma situação de dependência ou de risco social, justifica-se. Mas um servidor que já ganha no teto, com todas as vênias, nem é dependente nem está em risco social. Por essa razão, ao botar os dois pratos na balança - os argumentos primorosamente expostos pelo Ministro Celso e os argumentos contrapostos -, eu me inclinei pelo argumento contraposto de permitir a acumulação, porém com www.deolhonaquestao.com 45 o limite do teto. Pela simples razão, Ministro Celso, da inexistência de dependência e de risco social. “ 3.14 Em regra, o Estado não tem responsabilidade civil por atos praticados por presos foragidos; exceção: quando demonstrado nexo causal direto. STF. Plenário. RE 608880, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Alexandre de Moraes, julgado em 08/09/2020 (Repercussão Geral – Tema 362) (Info 993). Tese "Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, não se caracteriza a responsabilidade civil objetiva do Estado por danos decorrentes de crime praticado por pessoa foragida do sistema prisional, quando não demonstrado o nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta praticada” Fundamentos Teoria do risco administrativo (responsabilidade objetiva). Requisitos exigidos: “ocorrência do dano; ação ou omissão administrativa; existência de nexo causal entre o dano e a ação ou omissão administrativa e ausência de causa excludente da responsabilidade estatal”; mesmo a responsabilidade sendo objetiva admite situações liberatórias ex: força maior e caso fortuito; culpa exclusiva de terceiros; ausência de nexo causal. www.deolhonaquestao.com 46 Trechos selecionados do inteiro teor “Infere-se que ( i) o intervalo entre fato administrativo e o fato típico (critério cronológico) e (ii) o surgimento de causas supervenientes independentes (v.g., formação de quadrilha), que deram origem a novo nexo causal, contribuíram para suprimir a relação de causa (evasão do apenado do sistema penal) e efeito (fato criminoso). Nesse sentido, a fuga de presidiário e o cometimento de crime (elementos fáticos), sem qualquer relação lógica com sua evasão, extirpa o elemento normativo, “segundo o qual a responsabilidade civil só se estabelece em relação aos efeitos diretos e imediatos causados pela conduta do agente. A incorreta visualização do nexo causal pode levar à distorção de rumos, fazendo alguém responder pelo que não fez”, adverte SERGIO CAVALIERI FILHO (Programa de Responsabilidade Civil . 13. ed. São Paulo: Atlas, 2019).” 3.15 Judiciário não pode obrigar que o chefe do Poder Executivo encaminhe o projeto de lei para revisão geral anual dos servidores. STF. Plenário. RE 843112, Rel. Luiz Fux, julgado em 22/09/2020 (Repercussão Geral – Tema 624) (Info 998). Tese "O Poder Judiciário não possui competência para determinar ao www.deolhonaquestao.com 47 Poder Executivo a apresentação de projeto de lei que vise a promover a revisão geral anual da remuneração dos servidores públicos, tampouco para fixar o respectivo índice de correção" Importante lembrar Tema 19 da Repercussão Geral “Tema 19 da Repercussão Geral, constatada a omissão do Poder Executivo na apresentação de projeto de lei que preveja a revisão geral anual da remuneração dos servidores públicos, cabe ao Poder Judiciário declarar a mora e determinar ao Poder Executivo que se manifeste de forma fundamentada sobre a conveniência e possibilidade de recomposição salarial ao funcionalismo.” Fundamentos “o art. 37, X, da Constituição, ao falar em revisão, não institui direito subjetivo a acréscimo remuneratório e, também, por vislumbrar enormes dificuldades para o Poder Judiciário avaliar o contexto macroeconômico e graduar o reajuste possível e adequado. Tanto do ponto de vista estritamente técnico quanto do ponto de vista da legitimidade da Corte para esse tipo de avaliação. “ e respeito ao princípio da separação dos poderes. www.deolhonaquestao.com 48 3.16 É possível a delegação do poder de polícia – inclusive da possibilidade de aplicação de multas – para pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da Administração Pública indireta de capital social majoritariamente público que prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em regime não concorrencial. STF. Plenário. RE 633782/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 23/10/2020 (Repercussão Geral – Tema 532) (Info996). Tese É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas de direito privado integrantes da Administração Pública indireta de capital social majoritariamente público que prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em regime não concorrencial Poder de polícia originário Poder de polícia delegado Administração Pública Direta Administração Pública Indireta A quem é possível delegar? A quem é possível delegar? Entes de Direito Público (lei formal + personalidade de direito público); Pessoas Jurídicas de Direito Privado da Administração Indireta? Doutrina Majoritária: não; ATENÇÃO: Houve mudança de entendimento recente no STF (essa decisão que estamos analisando!). Em 23.10.2020, o STF entendeu que não há óbice constitucional ao exercício da atividade de polícia www.deolhonaquestao.com 49 administrativa em relação as pessoas jurídicas de direito privado da Administração Indireta, inclusive quanto à aplicação de multas. E o que pensa o STJ sobre esse assunto? O STJ divide em ciclos de polícia e permite a sua delegação a pessoas jurídicas de direito privado da Administração Indireta, se for em relação ao consentimento e a fiscalização. Vejamos: Ciclos de Polícia Ordem: norma legal que estabelece, de forma primária, as restrições e as condições para o exercício das atividades; Consentimento: anuência do Estado para que o particular desenvolva determinada atividade ou utilize a propriedade; (PODE DELEGAR) Fiscalização: verificação do cumprimento, pelo particular, da ordem e do consentimento de polícia; (PODE DELEGAR) www.deolhonaquestao.com 50 Sanção: medida coercitiva aplicada ao particular que descumpre a ordem de polícia ou os limites impostos no consentimento de polícia. 4- Enunciados da I Jornada de Direito Administrativo CJF/STJ 1- A autorização para apresentação de projetos, levantamentos, investigações ou estudos no âmbito do Procedimento de Manifestação de Interesse, quando concedida mediante restrição ao número de participantes, deve se dar por meio de seleção imparcial dos interessados, com ampla publicidade e critérios objetivos. 2- O administrador público está autorizado por lei a valer-se do desforço imediato sem necessidade de autorização judicial, solicitando, se necessário, força policial, contanto que o faça preventivamente ou logo após a invasão ou ocupação de imóvel público de uso especial, comum ou dominical, e não vá além do indispensável à manutenção ou restituição da posse (art. 37 da Constituição Federal; art. 1.210, §1º, do Código Civil; art. 79, § 2º, do Decreto-Lei n. 9.760/1946; e art. 11 da Lei n. 9.636/1998). 3- Não constitui ofensa ao artigo 9º do Decreto-Lei n. 3.365/1941 o exame por parte do Poder Judiciário, no curso do processo de desapropriação, da regularidade do processo administrativo de desapropriação e da presença dos elementos de validade do ato de declaração de utilidade pública. 4- O ato declaratório da desapropriação, por utilidade ou necessidade pública, ou por interesse social, deve ser motivado de maneira explícita, clara e congruente, não sendo suficiente a mera referência à hipótese legal. 5- O conceito de dirigentes de organização da sociedade civil estabelecido no artigo 2º, inciso IV, da Lei Federal n. 13.019/2014 contempla profissionais com a atuação efetiva na gestão executiva da entidade, por www.deolhonaquestao.com 51 meio do exercício de funções de administração, gestão, controle e representação da pessoa jurídica, e, por isso, não se estende aos membros de órgãos colegiados não executivos, independentemente da nomenclatura adotada pelo estatuto social. 6- O atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos pela Administração Pública autoriza o contratado a suspender o cumprimento de suas obrigações até que seja normalizada a situação, mesmo sem provimento jurisdicional. 7- Configura ato de improbidade administrativa a conduta do agente público que, em atuação legislativa lato sensu, recebe vantagem econômica indevida. 8- O exercício da função social das empresas estatais é condicionado ao atendimento da sua finalidade pública específica e deve levar em conta os padrões de eficiência exigidos das sociedades empresárias atuantes no mercado, conforme delimitações e orientações dos §§1º a 3º do art. 27 da Lei 13.303/2016. 9- Em respeito ao princípio da autonomia federativa (art. 18 da CF), a vedação ao acúmulo dos títulos de OSCIP e OS prevista no art. 2º, inc. IX, c/c art. 18, §§ 1º e 2º, da Lei n. 9.790/1999 apenas se refere à esfera federal, não abrangendo a qualificação como OS nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios. 10- Em contratos administrativos decorrentes de licitações regidas pela Lei n. 8.666/1993, é facultado à Administração Pública propor aditivo para alterar a cláusula de resolução de conflitos entre as partes, incluindo métodos alternativos ao Poder Judiciário como Mediação, Arbitragem e Dispute Board. 11- O contrato de desempenho previsto na Lei 13.934/2019, quando celebrado entre órgãos que mantêm entre si relação hierárquica, significa a suspensão da hierarquia administrativa, por autovinculação do órgão superior, em relação ao objeto acordado, para substituí-la por uma regulação contratual, nos termos do art. 3º da referida Lei. 12- A decisão administrativa robótica deve ser suficientemente motivada, sendo a sua opacidade motivo de invalidação. www.deolhonaquestao.com 52 13- As empresas estatais são organizações públicas pela sua finalidade, portanto, submetem-se à aplicabilidade da Lei 12.527/2011 “ Lei de Acesso à Informação “, de acordo com o artigo 1º, parágrafo único, inciso II, não cabendo a decretos e outras normas infralegais estabelecer outras restrições de acesso a informações não previstas na Lei. 14- A demonstração da existência de relevante interesse coletivo ou de imperativo de segurança nacional, descrita no parágrafo 1º do art. 2º da Lei 13.303/2016, será atendida por meio do envio ao órgão legislativo competente de estudos/documentos (anexos à exposição de motivos) com dados objetivos que justifiquem a decisão pela criação de empresa pública ou de sociedade de economia mista cujo objeto é a exploração de atividade econômica. 15- A administração pública promoverá a publicidade das arbitragens da qual seja parte, nos termos da Lei de Acesso à Informação. 16- As hipóteses de remoção de servidor público a pedido, independentemente do interesse da Administração, fixadas no art. 36, parágrafo único, III, da Lei 8.112/1990 são taxativas. Por esse motivo, a autoridade que indefere a remoção quando não presentes os requisitos da lei não pratica ato ilegal ou abusivo. 17- Os contratos celebrados pelas empresas estatais, regidos pela Lei n. 13.303/16, não possuem aplicação subsidiária da Lei n. 8.666/93. Em casos de lacuna contratual, aplicam-se as disposições daquela Lei e as regras e os princípios de direito privado. 18- A ausência de previsão editalícia não afasta a possibilidade de celebração de compromisso arbitral em conflitos oriundos de contratos administrativos. 19- As controvérsias acerca de equilíbrio econômico-financeiro dos contratos administrativos integram a categoria das relativas a direitos patrimoniais disponíveis, para cuja solução se admitem meios extrajudiciais adequados de prevenção e resolução de controvérsias, notadamente a conciliação, a mediação, o comitê de resolução de disputas e a arbitragem. www.deolhonaquestao.com 53 20- O exercício da autotutela administrativa, para o desfazimento do ato administrativo que produza efeitos concretos favoráveis aos seus destinatários, está condicionadoà prévia intimação e oportunidade de contraditório aos beneficiários do ato. 21- A conduta de apresentação de documentos falsos ou adulterados por pessoa jurídica em processo licitatório configura o ato lesivo previsto no art. 5º, IV, “d”, da Lei n. 12.846/2013, independentemente de essa sagrar- se vencedora no certame ou ter a continuidade da sua participação obstada nesse. 22- A participação de empresa estatal no capital de empresa privada que não integra a Administração Pública enquadra-se dentre as hipóteses de “oportunidades de negócio” prevista no art. 28, § 4º, da Lei 13.303/2016, devendo a decisão pela referida participação observar os ditames legais e os regulamentos editados pela empresa estatal a respeito desta possibilidade. 23- O art. 9º, II, c/c art. 10 da Lei 8.112 estabelece a nomeação de servidor em comissão para cargos de confiança vagos. A existência de processo seletivo por competências para escolha de servidor para cargos de confiança vagos não equipara as regras deste processo seletivo às de concurso público, e nem o regime jurídico de servidor em comissão ao de servidor em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de provimento efetivo ou de carreira. 24- Viola a legalidade o regulamento interno de licitações e contratos editado por empresa estatal de qualquer ente da federação que estabelece prazo inferior ao previsto no artigo 83, § 2º, da Lei Federal nº 13.303/2016, referente à apresentação de defesa prévia no âmbito de processo administrativo sancionador. 25- A ausência de tutela a que se refere o art. 3º, caput, da Lei 13.848/2019 impede a interposição de recurso hierárquico impróprio contra decisões finais proferidas pela diretoria colegiada das agências reguladoras, ressalvados os casos de previsão legal expressa e assegurada, em todo caso, a apreciação judicial, em atenção ao disposto no art. 5º, XXXV, da Constituição Federal. www.deolhonaquestao.com 54 26- A Lei n. 10.520/2002 define o bem ou serviço comum baseada em critérios eminentemente mercadológicos, de modo que a complexidade técnica ou a natureza intelectual do bem ou serviço não impede a aplicação do pregão se o mercado possui definições usualmente praticadas em relação ao objeto da licitação. 27- A contratação para celebração de oportunidade de negócios, conforme prevista pelo art. 28, § 3º, II, e § 4º da Lei n. 13.303/2016 deverá ser avaliada de acordo com as práticas do setor de atuação da empresa estatal. A menção à inviabilidade de competição para concretização da oportunidade de negócios deve ser entendida como impossibilidade de comparação objetiva, no caso das propostas de parceria e de reestruturação societária e como desnecessidade de procedimento competitivo, quando a oportunidade puder ser ofertada a todos os interessados. 28- Na fase interna da licitação para concessões e parcerias público-privadas, o Poder Concedente deverá indicar as razões que o levaram a alocar o risco no concessionário ou no Poder Concedente, tendo como diretriz a melhor capacidade da parte para gerenciá-lo. 29- A Administração Pública pode promover comunicações formais com potenciais interessados durante a fase de planejamento das contratações públicas para a obtenção de informações técnicas e comerciais relevantes à definição do objeto e elaboração do projeto básico ou termo de referência, sendo que este diálogo públicoprivado deve ser registrado no processo administrativo e não impede o particular colaborador de participar em eventual licitação pública, ou mesmo de celebrar o respectivo contrato, tampouco lhe confere a autoria do projeto básico ou termo de referência. 30- A "inviabilidade de procedimento competitivo" prevista no art. 28, § 3º, inc. II, da Lei 13.303/2016 não significa que, para a configuração de uma oportunidade de negócio, somente poderá haver apenas um interessado em estabelecer uma parceria com a empresa estatal. É possível que, mesmo diante de mais de um interessado, esteja configurada a inviabilidade de procedimento competitivo. www.deolhonaquestao.com 55 31- A avaliação do bem expropriado deve levar em conta as condições mercadológicas existentes à época da efetiva perda da posse do bem. 32- É possível a contratação de seguro de responsabilidade civil aos administradores de empresas estatais, na forma do artigo 17, §1º, da Lei Federal n. 13.303/2016, a qual não abrangerá a prática de atos fraudulentos de favorecimento pessoal ou práticas dolosas lesivas à companhia e ao mercado de capitais. 33- O prazo processual, no âmbito do processo administrativo, deverá ser contado em dias corridos mesmo com a vigência dos arts. 15 e 219 do CPC, salvo se existir norma específica estabelecendo essa forma de contagem. 34- Nos contratos de concessão e PPP, o reajuste contratual para reposição do valor da moeda no tempo é automático e deve ser aplicado independentemente de alegações do Poder Público sobre descumprimentos contratuais ou desequilíbrio econômico-financeiro do contrato, os quais devem ser apurados em processos administrativos próprios para este fim, nos quais garantir-se-ão ao parceiro privado os direitos ao contraditório e à ampla defesa. 35- Cabe mandado de segurança para pleitear que seja obedecida a ordem cronológica para pagamentos em relação a crédito já reconhecido e atestado pela Administração, de acordo com o art. 5º, caput, da Lei n. 8.666/1993. 36- A responsabilidade solidária das empresas consorciadas pelos atos praticados na licitação e na execução do contrato, de que trata o inciso V do artigo 33 da Lei n. 8.666/1993, refere-se à responsabilidade civil, não se estendendo às penalidades administrativas. 37- A estabilidade do servidor titular de cargo público efetivo depende da reunião de dois requisitos cumulativos: (i) o efetivo desempenho das atribuições do cargo pelo período de 3 (três) anos; e (ii) a confirmação do servidor no serviço mediante aprovação pela comissão de avaliação responsável (art. 41, caput e §4.º, da CRFB c/c arts. 20 a 22 da Lei n. 8.112/1990). Assim, não há estabilização automática em virtude do www.deolhonaquestao.com 56 tempo, sendo o resultado positivo em avaliação especial de desempenho uma condição indispensável para a aquisição da estabilidade. 38- A realização de Análise de Impacto Regulatório (AIR) por órgãos e entidades da administração pública federal deve contemplar a alternativa de não regulação estatal ou desregulação, conforme o caso. 39- A indicação e a aceitação de árbitros pela Administração Pública não dependem de seleção pública formal, como concurso ou licitação, mas devem ser objeto de fundamentação prévia e por escrito, considerando os elementos relevantes. 40- Nas ações indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública aplicase o prazo prescricional quinquenal previsto no Decreto nº 20.910/1932 (art. 1º), em detrimento do prazo trienal estabelecido no Código Civil de 2002 (art. 206, § 3º, V), por se tratar de norma especial que prevalece sobre a geral. 5- EMENTAS Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL. IDONEIDADE MORAL DE CANDIDATOS EM CONCURSOS PÚBLICOS. INQUÉRITOS POLICIAIS OU PROCESSOS PENAIS EM CURSO. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. PRINCÍPIO DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA. 1. Como regra geral, a simples existência de inquéritos ou processos penais em curso não autoriza a eliminação de candidatos em concursos públicos, o que pressupõe: (i) condenação por órgão colegiado ou definitiva; e (ii) relação de incompatibilidade entre a natureza do crime em questão e as atribuições do cargo concretamente pretendido, a ser demonstrada de forma motivada por decisão da autoridade competente. 2. A lei pode instituir requisitos mais rigorosos para determinados cargos, em razão da relevância das atribuições envolvidas, como é o caso, por exemplo,
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