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Retrospectiva_Jurisprudncia_2020_-_Aline_Oliveira

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Sumário 
1- Apresentação ............................................................................................................................. 4 
2- Questões autorais ...................................................................................................................... 5 
3- Julgados selecionados .............................................................................................................. 8 
3.1 Apenas é legítima a cláusula de edital de concurso público que restrinja a participação 
de candidato pelo simples fato de responder a inquérito ou a ação penal, quando for 
instituída por lei e se mostrar constitucionalmente adequada. STF. Plenário. RE 
560900/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 5 e 6/2/2020 ......................................... 8 
3.2 Admite-se a anulação da a anistia política concedida quando se comprovar a ausência 
de perseguição política, mesmo depois de ter passado mais de 5 anos, desde que 
respeitado o devido processo legal e assegurada a não devolução das verbas já 
recebidas. STJ. 1ª Seção. MS 19070-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd. 
Min. Og Fernandes, julgado em 12/02/2020 ............................................................................ 10 
3.3 O prazo prescricional, no caso de ação de desapropriação indireta, é, em regra, de 10 
anos; excepcionalmente, será de 15 anos quando se comprove que não foram feitas obras 
ou serviços públicos no local. STJ. 1ª Seção. REsp 1757352-SC, Rel. Min. Herman 
Benjamin, julgado em 12/02/2020 (Recurso Repetitivo – Tema 1109) (Info 671). Obs: a 
súmula 119 do STJ está superada (Súmula 119-STJ: A ação de desapropriação indireta 
prescreve em vinte anos)............................................................................................................ 13 
3.4 Lei estadual pode exigir que servidor more no Município onde atua, mas não pode 
exigir que ele peça autorização todas as vezes em que for sair da localidade. STF. 
Plenário. ADPF 90, Rel. Luiz Fux, julgado em 03/04/2020 (Info 977). ................................ 15 
3.5 Para a condenação por responsabilidade civil do Município em decorrência de 
acidente em loja de fogos de artifício, é necessário comprovar que ele violou dever jurídico 
específico de agir (concedeu licença sem as cautelas legais ou tinha conhecimento de 
irregularidades que estavam sendo praticadas pelo particular). STF. Plenário. RE 
136861/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado 
em 11/3/2020 (repercussão geral – Tema 366) (Info 969). ................................................... 17 
3.6 Cabe à Justiça Comum (estadual ou federal) julgar ações contra concurso público 
realizado por órgãos e entidades da Administração Pública para contratação de 
empregados celetistas. STF. Plenário. RE 960429/RN, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado 
em 4 e 5/3/2020 (repercussão geral – Tema 992) (Info 968). .............................................. 20 
3.7 O prazo para se questionar a preterição de nomeação de candidato em concurso 
público é de 5 anos, contado da data em que o outro servidor foi nomeado no lugar do 
aprovado. STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1643048-GO, Rel. Min. Assusete Magalhães, 
julgado em 05/03/2020 (Info 668). ............................................................................................. 22 
 
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3.8 O Tribunal de Contas tem o prazo de 5 anos para julgar a legalidade do ato de 
concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, a partir da chegada do processo 
à Corte de Contas. STF. Plenário. RE 636553/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 
19/2/2020 (repercussão geral – Tema 445) (Info 967). ......................................................... 24 
3.9 Quando o Município não possui RPPS, o seu servidor público municipal, que se 
aposentará pelo INSS é afastado do cargo pelo fato de a aposentadoria ser hipótese de 
vacância, não podendo ser reintegrado para ficar recebendo, simultaneamente, a 
aposentadoria e os proventos. STF. 1ª Turma. ARE 1234192 AgR/PR e ARE 1250903 
AgR/PR, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgados 
em 16/6/2020 (Info 982). ............................................................................................................. 28 
3.10 Nomeação de dirigentes e desnecessidade de prévia aprovação da ALE. STF. 
Plenário. ADI 2167/RR, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Alexandre 
de Moraes, julgado em 3/6/2020 (Info 980). ............................................................................ 30 
3.11 Em regra, é imprescindível prévia licitação para a concessão ou permissão da 
exploração de serviços de transporte coletivo de passageiros. STF. Plenário. RE 1001104, 
Rel. Marco Aurélio, julgado em 15/05/2020 (Repercussão Geral – Tema 854) (Info 982 – 
clipping). ........................................................................................................................................ 33 
3.12 É prescritível a pretensão de ressarcimento ao erário fundada em decisão do Tribunal 
de Contas. STF. Plenário. RE 636886/AL, Rel. Alexandre de Moraes, julgado em 
20/04/2020 (Repercussão Geral – Tema 899) (Info 983 – clipping). ................................... 35 
3.13 Ante situação jurídica surgida em data posterior à Emenda Constitucional nº 19, de 
4 de junho de 1998, cabível é considerar, para efeito de teto, o somatório de valores 
percebidos a título de remuneração, proventos e pensão. (RE 602584, Relator(a): MARCO 
AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 06/08/2020, PROCESSO ELETRÔNICO 
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-277 DIVULG 20-11-2020 PUBLIC 23-11-2020)
 ........................................................................................................................................................ 39 
3.14 Em regra, o Estado não tem responsabilidade civil por atos praticados por presos 
foragidos; exceção: quando demonstrado nexo causal direto. STF. Plenário. RE 608880, 
Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Alexandre de Moraes, julgado em 08/09/2020 
(Repercussão Geral – Tema 362) (Info 993). .......................................................................... 45 
3.15 Judiciário não pode obrigar que o chefe do Poder Executivo encaminhe o projeto de 
lei para revisão geral anual dos servidores. STF. Plenário. RE 843112, Rel. Luiz Fux, 
julgado em 22/09/2020 (Repercussão Geral – Tema 624) (Info 998). ................................ 46 
3.16 É possível a delegação do poder de polícia – inclusive da possibilidade de aplicação 
de multas – para pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da Administração 
Pública indireta de capital social majoritariamente público que prestem exclusivamente 
serviço público de atuação própria do Estado e em regime não concorrencial. STF. 
Plenário. RE 633782/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 23/10/2020 (Repercussão Geral 
– Tema 532) (Info 996)................................................................................................................ 48 
4- Enunciados da I Jornada de Direito Administrativo CJF/STJ ........................................... 50 
5- EMENTAS ................................................................................................................................. 56 
 
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1- Apresentação 
 
Seja muito bem-vindo(a) à nossa retrospectiva de Direito Administrativo, com 
foco em procuradorias. O meu nome é Aline Oliveira, já atuei como residente 
jurídico tanto da PGE/RJ quanto da PGM/RJ, possuo três pós graduações: direito 
tributário e duas de direito público, uma pela UCAM e outra pela UERJ. Fui 
aprovada em alguns concursos de Procuradoriase de advogado (Paraty-RJ; 
Areias-SP; CODESG- em 03º lugar; IMBEL- 9º lugar), bem como no de analista 
do MPSP. 
No meu perfil do Instagram @prof_alineoliveira, sempre que possível, costumo 
colocar resumos das notícias dos tribunais superiores e algumas questões de 
concursos também. 
Fiquem atentos ao Instagram @deolhonaquestão, pois em breve será lançado o 
sistema de jurisprudência que também será uma excelente ferramenta nos 
estudos de vocês. 
A ideia é que vocês comecem fazendo as questões propostas e depois vejam os 
julgados selecionados. Ao final é importante refazer as questões para ver o que 
realmente memorizaram. 
Ah, colocamos também os enunciados da I Jornada de Direito Administrativo 
que, provavelmente, serão cobrados nos próximos concursos, especialmente 
banca CESPE. E para facilitar ainda mais a revisão de vocês, colocamos ao final 
as ementas dos julgados selecionados! 
Lembramos que o feedback de vocês sobre essa apostila é muito importante 
para gente! Fiquem à vontade para enviar críticas, sugestões, elogios no 
Instagram @prof_alineoliveira. Esse material é gratuito e vocês também podem 
divulgar para que mais pessoas tenham acesso! 
 
 
#vamosjuntos! #advocaciapública #procuradorias #2021énosso! 
 
 
 
 
 
 
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Vamos começar? 
 
2- Questões autorais 
 
Julgue os itens a seguir: 
1. A simples existência de inquéritos ou processos penais em curso não 
autoriza a eliminação de candidatos em concursos públicos. 
2. É vedado a lei instituir requisitos mais rigorosos para determinados 
cargos, tais como magistratura. 
3. Sem previsão constitucional adequada e instituída por lei, não é legítima 
a cláusula de edital de concurso público que restrinja a participação de 
candidato pelo simples fato de responder a inquérito ou ação penal. 
4. Não é possível a anulação do ato de anistia pela administração pública, 
mesmo quando decorrido o prazo decadencial contido na Lei N. 
9.784/1999. 
5. O prazo prescricional aplicável à desapropriação indireta, na hipótese em 
que o Poder Público tenha realizado obras no local ou atribuído natureza 
de utilidade pública ou de interesse social ao imóvel, é de 10 anos, 
conforme parágrafo único do art. 1.238 do CC. 
6. A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental não é cabível 
para definir a recepção de norma anterior à Constituição de 1988, eis que 
devemos observar o princípio da subsidiariedade. 
7. A proibição de saída do município sede da unidade em que o servidor 
atua sem autorização do superior hierárquico configura grave violação da 
liberdade fundamental de locomoção (artigo 5º, XV, da Constituição de 
1988) e do devido processo legal (artigo 5º, LIV, da Constituição), mercê 
de constituir medida de caráter excepcional no âmbito processual penal 
 
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(artigo 319, IV, do CPP), a revelar a desproporcionalidade da sua 
expansão como regra no âmbito administrativo. 
8. Para que fique caracterizada a responsabilidade civil do Estado por danos 
decorrentes do comércio de fogos de artifício, é necessário que exista a 
violação de um dever jurídico específico de agir, que ocorrerá quando for 
concedida a licença para funcionamento sem as cautelas legais ou 
quando for de conhecimento do poder público eventuais irregularidades 
praticadas pelo particular. 
9. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar controvérsias 
relacionadas à fase pré-contratual de seleção e de admissão de pessoal 
e eventual nulidade do certame em face da Administração Pública, direta 
e indireta, nas hipóteses em que adotado o regime celetista de 
contratação de pessoal. 
10. Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima, 
os Tribunais de Contas estão sujeitos ao prazo de 5 anos para o 
julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, 
reforma ou pensão, a contar da chegada do processo à respectiva Corte 
de Contas. 
11. O prazo para se questionar a preterição de nomeação de candidato em 
concurso público é de 5 anos, contado da data da homologação do 
concurso. 
12. Quando o Município não possui RPPS, o seu servidor público municipal, 
que se aposentará pelo INSS é afastado do cargo pelo fato de a 
aposentadoria ser hipótese de vacância, podendo ser reintegrado para 
ficar recebendo, simultaneamente, a aposentadoria e os proventos. 
13. É vedada à legislação estadual submeter à aprovação prévia da 
Assembleia Legislativa a nomeação de dirigentes de Autarquias, 
Fundações Públicas, Presidentes de Empresas de Economia Mista, 
Interventores de Municípios, bem como de titulares de Defensoria Pública 
e da Procuradoria-Geral do Estado; por afronta à separação de poderes. 
 
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14. Em regra, é imprescindível prévia licitação para a concessão ou 
permissão da exploração de serviços de transporte coletivo de 
passageiros. 
15. Salvo situações excepcionais, devidamente comprovadas, o implemento 
de transporte público coletivo pressupõe prévia licitação. 
16. É imprescritível a pretensão de ressarcimento ao erário fundada em 
decisão do Tribunal de Contas. 
17. Ante situação jurídica surgida em data posterior à Emenda Constitucional 
nº 19, de 4 de junho de 1998, cabível é considerar, para efeito de teto, o 
somatório de valores percebidos a título de remuneração, proventos e 
pensão. 
18. Nas situações jurídicas em que a Constituição Federal autoriza a 
acumulação de cargos, o teto remuneratório é considerado em relação à 
remuneração de cada um deles, e não ao somatório do que recebido. 
19. Joaquim fugiu da cadeia e, imediatamente, praticou um latrocínio como 
forma de obter um veículo para despistar os policiais que o seguiam. A 
esposa do proprietário do veículo que foi assassinado por Joaquim 
ingressa com ação contra o Estado pleiteando indenização e, segundo o 
STF, ela terá direito a essa indenização. 
20. Imagine que Caio e Bruno fugiram da cadeia, três meses depois, 
realizaram diversos roubos, furtos, homicídios e latrocínios. Maria, esposa 
de Bruno que foi vítima de um desses latrocínios tem direito a indenização 
por omissão do estado no dever de manter tais indivíduos devidamente 
presos. 
21. Em regra, o Estado não tem responsabilidade civil por atos praticados por 
presos foragidos; exceção: quando demonstrado nexo causal direto. 
22. Judiciário não pode obrigar que o chefe do Poder Executivo encaminhe o 
projeto de lei para revisão geral anual dos servidores. 
 
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23. Constatada a omissão do Poder Executivo na apresentação de projeto de 
lei que preveja a revisão geral anual da remuneração dos servidores 
públicos, cabe ao Poder Judiciário declarar a mora e determinar ao Poder 
Executivo que se manifeste de forma fundamentada sobre a conveniência 
e possibilidade de recomposição salarial ao funcionalismo. 
24. É possível a delegação do poder de polícia – inclusive da possibilidade de 
aplicação de multas – para pessoas jurídicas de direito privado, 
integrantes da Administração Pública indireta de capital social 
majoritariamente público que prestem exclusivamente serviço público de 
atuação própria do Estado e em regime não concorrencial. 
 
 
Gabarito 
1V; 2F; 3V; 4F; 5V; 6F; 7V; 8V; 9F; 10V; 11F; 12F; 13V; 14V; 15V; 16F; 17V; 
18V; 19V; 20F; 21V; 22V; 23V; 24V. 
 
3- Julgados selecionados 
 
3.1 Apenas é legítima a cláusula de edital de concurso público que restrinja a 
participação de candidato pelo simples fato de responder a inquérito ou a ação 
penal, quando for instituída por lei e se mostrar constitucionalmente adequada. 
STF. Plenário. RE 560900/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 5 e 
6/2/2020 
 
Tese “Sem previsão constitucional 
adequada e instituída por lei, não é 
legítima a cláusula de edital de 
concurso público que restrinja a 
participação de candidato pelo 
 
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simples fato de responder a inquérito 
ou ação penal”. 
Fundamento - A eliminação do candidato pelo fato 
de haver instauração de inquérito 
policial ou propositura de ação penal 
contra candidato, por si só, e sem o 
trânsito em julgado, violaria o 
princípio constitucional da 
presunção de inocência, da 
liberdade profissional e da ampla 
acessibilidade aos cargos 
públicos. 
 
Conflito entre princípios - Presunção de inocência, ampla 
acesso aos cargos públicos e 
princípio da liberdade profissional x 
princípio da moralidade 
administrativa. 
Como solucionar esse conflito? Nesse caso, como são normas de 
mesma hierarquia que apresentam 
soluções distintas, não podemos usar 
os critérios usuais para resolução de 
antinomias (hierárquico, cronológico e 
de especialidade). Vamos, portanto, 
resolver por meio da ponderação de 
valores. 
E o que decidiu o STF? 
- Via de regra não é possível eliminar 
o candidato pelo simples fato de 
existir instauração de inquérito policial 
ou propositura de ação penal contra 
candidato. Isso viola os princípios da 
 
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presunção de inocência, da liberdade 
profissional e da ampla acessibilidade 
aos cargos públicos. 
- Entretanto, algumas carreiras/ 
cargos públicos podem ter 
exigências mais rígidas previstas 
em lei. Exemplos: magistratura, 
segurança pública. Dessa forma, a lei 
pode prever que será eliminado o 
candidato que possuir condenação 
definitiva ou condenação de órgão 
colegiado, desde que se tenha uma 
relação de incompatibilidade entre a 
natureza do crime e as atribuições do 
cargo. 
 
3.2 Admite-se a anulação da a anistia política concedida quando se comprovar 
a ausência de perseguição política, mesmo depois de ter passado mais de 5 
anos, desde que respeitado o devido processo legal e assegurada a não 
devolução das verbas já recebidas. STJ. 1ª Seção. MS 19070-DF, Rel. Min. 
Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. Acd. Min. Og Fernandes, julgado em 
12/02/2020 
 
Adequação do entendimento do 
STJ ao que decidiu o STF 
Entendimento anterior do STJ: "a 
revisão das portarias concessivas de 
anistia submete-se à fluência do prazo 
decadencial previsto no art. 54 da Lei 
nº 9.784/99, o qual fixa em cinco anos 
o direito da Administração Pública de 
anular os atos administrativos que 
produzam efeitos favoráveis aos seus 
 
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destinatários" (STJ, MS 15.706/DF, 
Rel. Min. Castro Meira, Primeira 
Seção, DJe de 11/5/2011) 
 
Entendimento recente do STF e, 
posterior, revisão do STJ de seu 
entendimento: 
EMENTA Direito Constitucional. 
Repercussão geral. Direito 
Administrativo. Anistia política. 
Revisão. Exercício de autotutela da 
administração pública. Decadência. 
Não ocorrência. Procedimento 
administrativo com devido processo 
legal. Ato flagrantemente 
inconstitucional. Violação do art. 8º do 
ADCT. Não comprovação de ato com 
motivação exclusivamente política. 
Inexistência de inobservância do 
princípio da segurança jurídica. 
Recursos extraordinários providos, 
com fixação de tese. 1. A Constituição 
Federal de 1988, no art. 8º do ADCT, 
assim como os diplomas que versam 
sobre a anistia, não contempla 
aqueles militares que não foram 
vítimas de punição, demissão, 
afastamento de suas atividades 
profissionais por atos de motivação 
política, a exemplo dos cabos da 
Aeronáutica que foram licenciados 
com fundamento na legislação 
 
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disciplinar ordinária por alcançarem o 
tempo legal de serviço militar (Portaria 
nº 1.104-GM3/64). 2. O decurso do 
lapso temporal de 5 (cinco) anos não 
é causa impeditiva bastante para inibir 
a Administração Pública de revisar 
determinado ato, haja vista que a 
ressalva da parte final da cabeça do 
art. 54 da Lei nº 9.784/99 autoriza a 
anulação do ato a qualquer tempo, 
uma vez demonstrada, no âmbito do 
procedimento administrativo, com 
observância do devido processo legal, 
a má-fé do beneficiário. 3. As 
situações flagrantemente 
inconstitucionais não devem ser 
consolidadas pelo transcurso do 
prazo decadencial previsto no art. 54 
da Lei nº 9.784/99, sob pena de 
subversão dos princípios, das regras 
e dos preceitos previstos na 
Constituição Federal de 1988. 
Precedentes. 4. Recursos 
extraordinários providos. 5. Fixou-se a 
seguinte tese: “No exercício de seu 
poder de autotutela, poderá a 
Administração Pública rever os 
atos de concessão de anistia a 
cabos da Aeronáutica relativos à 
Portaria nº 1.104, editada pelo 
Ministro de Estado da Aeronáutica, 
em 12 de outubro de 1964 quando 
 
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se comprovar a ausência de ato 
com motivação exclusivamente 
política, assegurando-se ao 
anistiado, em procedimento 
administrativo, o devido processo 
legal e a não devolução das verbas 
já recebidas.” 
(RE 817338, Relator(a): DIAS 
TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 
16/10/2019, PROCESSO 
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO 
GERAL - MÉRITO DJe-190 DIVULG 
30-07-2020 PUBLIC 31-07-2020) 
Fundamentos A parte final do art. 54 da Lei 
9784/1999 autoriza a ANULAÇÃO A 
QUALQUER TEMPO, se 
demonstrada a má-fé do beneficiário, 
e desde que respeitado o devido 
processo legal. 
Trata-se de situação 
FLAGRANTEMENTE 
INCONSTITUCIONAL que não deve 
ser consolidada sob a alegação de 
decadência. 
 
3.3 O prazo prescricional, no caso de ação de desapropriação indireta, é, em 
regra, de 10 anos; excepcionalmente, será de 15 anos quando se comprove que 
não foram feitas obras ou serviços públicos no local. STJ. 1ª Seção. REsp 
1757352-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 12/02/2020 (Recurso 
Repetitivo – Tema 1109) (Info 671). Obs: a súmula 119 do STJ está superada 
(Súmula 119-STJ: A ação de desapropriação indireta prescreve em vinte anos). 
 
 
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Divergências 1ª Turma do STJ defendia ser o prazo 
de 15 anos, já que não se aplicaria ao 
Poder Público a hipótese redutora do 
art. 1.238, parágrafo único do CC. 
(Aglnt no REsp 1.553.477/SC, Rel. 
Ministro Gurgel de Faria, rel. p/ 
Acórdão Ministro Napoleão Nunes 
Maia Filho, Primeira Turma, DJe 
13/6/2017). 
A 2ª Turma do STJ e outros 
julgados da 1ª Turma, por sua vez, 
defendiam que o prazo seria de 10 
anos. (REsp 1.449.916/PB, Primeira 
Turma, Rel. Ministro Gurgel de Faria, 
DJe de 19/4/2017). 
 
Tese do julgamento do recurso 
repetitivo 
"O prazo prescricional aplicável à 
desapropriação indireta, na hipótese 
em que o Poder Público tenha 
realizado obras no local ou atribuído 
natureza de utilidade pública ou de 
interesse social ao imóvel, é de 10 
anos, conforme parágrafo único do 
art. 1.238 do CC". 
Fundamentos A ação de indenização por 
apossamento administrativo possui 
natureza real e não pessoal; posse da 
Administração Pública tem como 
finalidade a realização de obras ou 
serviços de caráter produtivo, razão 
pela qual deve ser aplicável o prazo 
 
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prescricional decenal (art. 1.238, § 
único do CC). 
ATENÇÃO “A prescrição decenal é questionada 
em alguns julgados da Primeira 
Turma, sob o argumento de que, por 
se tratar de uma regra extraordinária, 
deve ser interpretada de forma 
restrita, aplicando-se, portanto, 
apenas em favor de particulares. A 
solução da controvérsia deve ser 
encontrada na técnica hermenêutica. 
Veja-se que tanto o caput quanto o 
parágrafo único não são voltados à 
Administração Pública, porquanto 
presentes dentro do Código Civil e, 
dessarte, regulam ambos as relações 
entre particulares, tão somente. Em 
qualquer uma das hipóteses, vale-se 
o intérprete da analogia.” 
 
3.4 Lei estadual pode exigir que servidor more no Município onde atua, mas não 
pode exigir que ele peça autorização todas as vezes em que for sair da 
localidade. STF. Plenário. ADPF 90, Rel. Luiz Fux, julgado em 03/04/2020(Info 
977). 
 
Conflito Art. 144, §7 CRFB x art. 5, XV e LIV 
CRFB 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, 
sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à 
 
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liberdade, à igualdade, à segurança e 
à propriedade, nos termos seguintes: 
(...) 
XV - é livre a locomoção no território 
nacional em tempo de paz, podendo 
qualquer pessoa, nos termos da lei, 
nele entrar, permanecer ou dele sair 
com seus bens; 
(...) 
LIV - ninguém será privado da 
liberdade ou de seus bens sem o 
devido processo legal; 
 
Art. 144. A segurança pública, dever 
do Estado, direito e responsabilidade 
de todos, é exercida para a 
preservação da ordem pública e da 
incolumidade das pessoas e do 
patrimônio, através dos seguintes 
órgãos: 
(...) 
§ 7º A lei disciplinará a organização e 
o funcionamento dos órgãos 
responsáveis pela segurança pública, 
de maneira a garantir a eficiência de 
suas atividades. 
 
 
Fundamentos - “a proibição de ausentar-se da 
Comarca é medida cautelar penal 
prevista no artigo 319, IV, do Código 
de Processo Penal, que apenas pode 
 
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17 
ser decretada em caráter 
excepcionalíssimo, quando: (i) a 
permanência for conveniente ou 
necessária para a investigação ou 
instrução; e (ii) a medida for adequada 
à gravidade do crime, circunstâncias 
do fato e condições pessoais do 
indiciado ou acusado (artigo 282, II, 
CPP).” Assim, não pode ser adotada 
em caráter geral e irrestrito aos 
servidores públicos. 
- Afronta aos núcleos básicos dos 
direitos fundamentais dos servidores 
públicos (art. 5, XV e LIV CRFB) 
 
3.5 Para a condenação por responsabilidade civil do Município em decorrência 
de acidente em loja de fogos de artifício, é necessário comprovar que ele violou 
dever jurídico específico de agir (concedeu licença sem as cautelas legais ou 
tinha conhecimento de irregularidades que estavam sendo praticadas pelo 
particular). STF. Plenário. RE 136861/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o 
ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/3/2020 (repercussão geral – Tema 
366) (Info 969). 
 
Tese fixada em Repercussão Geral “Para que fique caracterizada a 
responsabilidade civil do Estado por 
danos decorrentes do comércio de 
fogos de artifício, é necessário que 
exista a violação de um dever jurídico 
específico de agir, que ocorrerá 
quando for concedida a licença para 
funcionamento sem as cautelas legais 
ou quando for de conhecimento do 
 
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18 
poder público eventuais 
irregularidades praticadas pelo 
particular” 
Conflito Falha na fiscalização do Poder 
Público x não localizar a apontada 
omissão estatal em realizar a vistoria 
prévia do imóvel para fins de 
expedição de licença de 
funcionamento aos proprietários da 
loja como causa necessária para a 
ocorrência dos danos. 
Fundamentos Tese vencida: admite-se a 
responsabilização do ente estatal 
pelas condutas omissivas que, em 
razão deste não agir, causem danos 
aos terceiros, na modalidade de 
responsabilidade objetiva do Estado 
Responsabilidade civil imputada aos 
particulares (regida pelo CC e 
legislações esparsas do direito 
privado) é diferente da imputada ao 
Estado (art. 37, §6 CRFB); 
Existência de omissão específica no 
caso concreto. 
Tese vencedora: loja clandestina de 
fogos de artifício; má-fé dos 
proprietários e comerciantes, já que 
não é possível iniciar as vendas antes 
da autorização de funcionamento 
(ocorre com o término do 
procedimento que foi instaurado). 
Também foi afirmado é um ato 
 
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19 
complexo; o Estado não pode ser 
segurador universal; entender de 
forma diversa seria “desconsiderar o 
poder normativo de um comando 
proibitivo”. 
“Não houve comportamento positivo 
ou negativo do Poder Público que 
causasse o dano. O Poder Público 
estava seguindo o procedimento. 
Quem não seguiu foram os 
responsáveis pelo acidente.” 
(...) 
“A omissão específica no comércio de 
fogos de artifício ocorrerá quando for 
concedida a licença para 
funcionamento sem as cautelas legais 
ou quando for de conhecimento do 
poder público eventuais 
irregularidades praticadas pelo 
particular. O simples requerimento de 
licença de instalação ou recolhimento 
da taxa de funcionamento não são 
suficientes para caracterizar o dever 
específico de agir” 
 
Responsabilidade por omissão Controvérsia doutrinária e 
jurisprudencial: responsabilidade 
subjetiva, sendo necessário ao 
ofendido demonstrar a culpa do 
agente ou a falha ou mal 
funcionamento do serviço público (Ex: 
RE 179147 e (RE 369820) X 
 
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20 
independe de prova de culpa, uma 
vez que o art. 37, §6 da CRFB não 
trouxe essa distinção entre ação ou 
omissão estatal (ARE 847116) 
 
Atenção: O STF no RE 841.526, 
submetido à sistemática da 
repercussão geral, definiu a 
aplicabilidade da teoria do risco 
administrativo também quanto às 
condutas omissivas do Estado. 
 
 
3.6 Cabe à Justiça Comum (estadual ou federal) julgar ações contra concurso 
público realizado por órgãos e entidades da Administração Pública para 
contratação de empregados celetistas. STF. Plenário. RE 960429/RN, Rel. Min. 
Gilmar Mendes, julgado em 4 e 5/3/2020 (repercussão geral – Tema 992) (Info 
968). 
 
Tese Compete à Justiça comum 
processar e julgar controvérsias 
relacionadas à fase pré-contratual de 
seleção e de admissão de pessoal e 
eventual nulidade do certame em face 
da Administração Pública, direta e 
indireta, nas hipóteses em que 
adotado o regime celetista de 
contratação de pessoal. 
Fundamentos O concurso público ato é de natureza 
jurídico administrativa e não há, ainda, 
pacto de trabalho. É notório, portanto, 
 
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21 
a prevalência do caráter público na 
fase pré-contratual; inexistência de 
relação de trabalho de modo a atrair a 
competência da justiça do trabalho; a 
competência da justiça do trabalho é 
para tratar de assuntos que envolvam 
a relação de trabalho em sentido 
estrito; deve ser considerado como 
critério para definição de competência 
o da natureza da matéria discutida 
(eminentemente administrativa). 
 TST X STF TRT e TST: “cabe à Justiça do 
Trabalho não apenas conhecer as 
causas relativas às controvérsias 
pertinentes aos atos da vida do 
trabalhador e à rescisão contratual, 
mas também aqueles que inibem a 
admissão como empregado, seja à luz 
do artigo 7º, XXX e XXXI, da 
Constituição, mas também à luz do 
artigo 37 constitucional quando 
envolvidas empresas públicas e 
sociedades de economia mista, à 
conta da regra de atração pertinente, 
a par do descrito no artigo 173, § 1º, 
II, da Carta de 1988, com as 
alterações posteriores” 
 
STF: “Após a interposição do ARE, o 
Ministro Luís Roberto Barroso, em 
decisão monocrática, deu provimento 
ao recurso extraordinário, 
 
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22 
sustentando que o TST havia 
divergido do entendimento do STF “no 
sentido de que cabe a Justiça comum 
pronunciar-se sobre a existência, a 
validade e a eficácia das relações 
entre servidores e o poder público 
fundadas em vínculo jurídico-
administrativo”. Em seguida, o 
relator acabou reconsiderando sua 
decisão para aplicar a presente 
tese de repercussão geral.” 
 
 
3.7 O prazo para se questionar a preterição de nomeação de candidato em 
concurso público é de 5 anos, contado da data em que o outro servidor foi 
nomeado no lugar do aprovado. STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1643048-GO, 
Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 05/03/2020 (Info 668). 
 
Conflito Prazo a partir da homologação do 
concurso x prazo a partir da efetiva 
lesão 
Solução Prazo de 5 anos, na forma do Decreto 
20.910/1932, a contar danomeação 
do outro servidor 
Fundamentos - A alteração do edital gera mera 
expectativa de lesão a direito. Assim, 
apenas com a nomeação de outro 
servidor é que se inicia o prazo 
prescricional. 
- Ofensa ao art. 1º da Lei n° 7.144/83, 
ao lhe dar interpretação diferente 
 
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23 
daquela adotada pacificamente pelo 
STJ. 
Art. 1º Prescreve em 1 (um) ano, a 
contar da data em que for publicada a 
homologação do resultado final, o 
direito de ação contra quaisquer atos 
relativos a concursos para provimento 
de cargos e empregos na 
Administração Federal Direta e nas 
Autarquias Federais. 
 
Vejamos, agora, a jurisprudência do 
STJ: “as normas previstas na Lei 
7.144/1983 aplicam-se meramente a 
atos concernentes ao concurso 
público, nos quais não se insere, 
contudo, a controvérsia instaurada 
sobre aventada preterição ao direito 
público subjetivo de nomeação para o 
candidato aprovado e classificado 
dentro do número de vagas ofertadas 
no edital de abertura, hipótese para a 
qual o prazo é o previsto no Decreto 
20.910/1932" (STJ, AgRg no REsp 
14.87.720/RS, Rel. Ministro MAURO 
CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA 
TURMA, DJe de 24/11/2014).” 
 
 
 
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24 
3.8 O Tribunal de Contas tem o prazo de 5 anos para julgar a legalidade do ato 
de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, a partir da chegada 
do processo à Corte de Contas. STF. Plenário. RE 636553/RS, Rel. Min. Gilmar 
Mendes, julgado em 19/2/2020 (repercussão geral – Tema 445) (Info 967). 
 
Tese “Em atenção aos princípios da 
segurança jurídica e da confiança 
legítima, os Tribunais de Contas 
estão sujeitos ao prazo de 5 anos 
para o julgamento da legalidade do 
ato de concessão inicial de 
aposentadoria, reforma ou pensão, a 
contar da chegada do processo à 
respectiva Corte de Contas" 
Conflito Aposentadoria é ato complexo1 e não 
se sujeita a prescrição do art. 54 da 
Lei 9.784/ 1999 nem ao contraditório 
e ampla defesa. O prazo deveria ser 
contado a partir do ato que julgou a 
legalidade da aposentadoria. Violação 
aos arts. 5º, XXXV, LV; 37, caput; 71 
e 74 do texto constitucional 
 
X 
 
deve ser respeitado o prazo 
decadencial de 05 anos e deve ser 
respeitado o contraditório e ampla 
defesa. 
 
1 Na leitura do inteiro teor, constata-se que há discussão no tocante a natureza jurídica do ato de concessão 
de aposentadoria ou pensão: ato composto, complexo ou simples. Há crítica doutrinária em relação a essa 
classificação de ato complexo que o STF entendeu e, possivelmente, o tema será revisitado pela Corte no 
futuro. 
 
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25 
Distinguishing e alteração do 
entendimento do STF 
(1) Ato jurídico perfeito (já 
registrado pelo Tribunal de 
Contas) que concede 
aposentadoria ou pensão para 
ser anulado pelo TC após 
extenso lapso temporal deve 
respeitar o contraditório e 
ampla defesa. 
(2) Nos demais casos, o 
julgamento pelo TC da 
legalidade da aposentadoria ou 
pensão pode ser realizado sem 
a participação dos 
interessados, desde que 
respeitado o prazo razoável de 
05 anos contados a partir da 
data da chegada do processo 
ao TCU. O STF, antes do 
julgamento do RE 636553/RS 
trazia essa exceção a súmula 
vinculante 03. 
Súmula Vinculante 3-STF: Nos 
processos perante o Tribunal 
de Contas da União 
asseguram-se o contraditório e 
a ampla defesa quando da 
decisão puder resultar 
anulação ou revogação de ato 
administrativo que beneficie o 
interessado, excetuada a 
apreciação da legalidade do 
ato de concessão inicial de 
 
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26 
aposentadoria, reforma e 
pensão. 
 
(3) ATENÇÃO: Após o 
julgamento do RE 636553/RS, 
temos que uma vez 
ultrapassado esse prazo, será 
considerado registrado 
tacitamente. Em nenhum caso 
é necessário contraditório e 
ampla defesa.* 
Fundamentos Respeito ao princípio da segurança 
jurídica e da confiança legítima, bem 
como da necessidade da 
estabilização das relações jurídicas. 
 
Nesse sentido, foi mencionado no 
inteiro teor, “Assim, apesar de 
entender que a concessão da 
aposentadoria é ato complexo e que o 
art. 54 da Lei 9784/1999 não se aplica 
diretamente à hipótese, parece-me 
que, por motivos de segurança 
jurídica e necessidade da 
estabilização das relações, é 
necessário fixar-se, por analogia (art. 
1º do Decreto 20.910/1932), um prazo 
para que a Corte de Contas exerça 
seu dever constitucional.” 
 
“Art. 1º As dívidas passivas da União, 
dos Estados e dos Municípios, bem 
 
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27 
assim todo e qualquer direito ou ação 
contra a Fazenda federal, estadual ou 
municipal, seja qual for a sua 
natureza, prescrevem em cinco anos 
contados da data do ato ou fato do 
qual se originarem”. 
*
 
(Fonte: CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O Tribunal de Contas tem o 
prazo de 5 anos para julgar a legalidade do ato de concessão inicial de 
aposentadoria, reforma ou pensão, prazo esse contado da chegada do 
processo à Corte de Contas. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: 
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/b47767f992
ce8624345aca182b76b202>. Acesso em: 03/01/2021) 
 
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/b47767f992ce8624345aca182b76b202
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/b47767f992ce8624345aca182b76b202
 
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28 
3.9 Quando o Município não possui RPPS, o seu servidor público municipal, que 
se aposentará pelo INSS é afastado do cargo pelo fato de a aposentadoria ser 
hipótese de vacância, não podendo ser reintegrado para ficar recebendo, 
simultaneamente, a aposentadoria e os proventos. STF. 1ª Turma. ARE 1234192 
AgR/PR e ARE 1250903 AgR/PR, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. 
Alexandre de Moraes, julgados em 16/6/2020 (Info 982). 
 
Distinguishing Acumulação de provento de 
aposentadoria após o exercício de 
emprego público, regido pela CLT, 
com vencimentos de cargo efetivo 
 
X 
 
Quando não há regime Próprio de 
Previdência no ente (caso concreto 
analisado pelo STF, nesse julgado) 
 
“à falta de Regime Próprio de 
Previdência, a aposentadoria a que 
alude a legislação municipal, 
enquanto causa de vacância do 
cargo público, logicamente só pode 
ser a do Regime Geral, de modo que 
a pretensão de reingresso ao cargo 
vago representa burla ao concurso 
público.” 
 
Fundamentos Não há vedação a ocupação de um 
cargo público e, simultaneamente, 
receba proventos de aposentadoria, 
desde que obtida pelo exercício de 
OUTRA ATIVIDADE; violação ao art. 
37, caput e §10 da CRFB. 
 
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29 
Art. 37. A administração pública direta 
e indireta de qualquer dos Poderes da 
União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios obedecerá 
aos princípios de legalidade, 
impessoalidade, moralidade, 
publicidade e eficiência e, também, ao 
seguinte: 
(...) 
§ 10. É vedada a percepção 
simultânea de proventos de 
aposentadoria decorrentes do art. 40 
ou dos arts. 42 e 142 com a 
remuneração de cargo, emprego ou 
função pública, ressalvados os cargos 
acumuláveis na forma desta 
Constituição, os cargos eletivos e os 
cargos em comissão declarados em 
lei de livre nomeação e exoneração; 
 
mesmo antes da EC 20/1998, quando 
não havia a vedação de acumulação 
de proventos com vencimentos de 
cargo público, era exigida pelo STF a 
realização e aprovação em concurso 
público para o provimento do cargo 
público após a aposentadoria; 
qualquer reingresso no cargo exige a 
prévia aprovação em concurso. 
 
 
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30 
3.10 Nomeação de dirigentes e desnecessidade de prévia aprovação da ALE. 
STF. Plenário. ADI 2167/RR, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. 
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 3/6/2020 (Info980). 
 
Quais dirigentes? “É vedada à legislação estadual 
submeter à aprovação prévia da 
Assembleia Legislativa a nomeação 
de dirigentes de Autarquias, 
Fundações Públicas, Presidentes de 
Empresas de Economia Mista, 
Interventores de Municípios, bem 
como de titulares de Defensoria 
Pública e da Procuradoria-Geral do 
Estado; por afronta à separação de 
poderes.” 
Fundamentos Inovação em relação ao modelo 
constitucional federal, o que levou a 
afronta à reserva de administração; 
separação dos poderes; competência 
privativa do Chefe do Executivo de 
dirigir a Administração Pública. 
 
A título de aprofundamento, citamos Márcio Cavalcante: 
“Fundações, autarquias, sociedades de economia mista e 
assemelhados 
Além de não ser possível submeter à arguição do 
Legislativo a nomeação de titulares de fundações e 
autarquias, é ilegítima a intervenção parlamentar no 
processo de preenchimento da direção das entidades 
privadas da Administração indireta dos estados. A escolha 
dos dirigentes dessas empresas é matéria inserida no 
âmbito do regime estrutural de cada uma delas. 
Obs: no caso das autarquias, vale ressaltar que é possível 
exigir sabatina prévia para os membros das agências 
reguladoras, que são autarquias especiais. Pela legislação, 
 
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31 
os conselheiros, no modelo federal, são submetidos à 
aprovação do Poder Legislativo. 
Como funciona a nomeação do interventor? 
Em algumas hipóteses de intervenção estadual, será 
necessário que o Governador do Estado nomeie um 
interventor. Essa nomeação será feita no próprio decreto 
de intervenção. O tema é tratado no art. 36, § 1º da CF/88: 
Art. 36 (...) 
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a 
amplitude, o prazo e as condições de execução e que, se 
couber, nomeará o interventor, será submetido à 
apreciação do Congresso Nacional ou da Assembleia 
Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas. 
Repare que o § 1º estabelece que o decreto de intervenção 
editado pelo Governador do Estado será submetido à 
apreciação da Assembleia Legislativa, no prazo de 24 
horas depois de editado.2 
O STF, ao interpretar esse dispositivo, afirma que a 
Assembleia Legislativa irá averiguar as condições, 
hipóteses, extensão e legalidade da intervenção, mas que 
não poderá questionar o nome do interventor. 
A intervenção é um ato do chefe do Poder Executivo. O 
interventor é de sua escolha e confiança. Essa é a divisão 
entre o Executivo e o Legislativo no tema. 
Desse modo, é inconstitucional a norma da Constituição do 
Estado de Roraima que exige prévia sabatina e aprovação 
da Assembleia para que o Governador possa nomear o 
interventor. A Assembleia Legislativa não irá examinar o 
nome do interventor nem mesmo a posteriori. 
Permitir a rejeição do nome de interventor resulta, na 
verdade, na escolha dele pela Assembleia Legislativa, 
considerando que o parlamento poderá, em tese, recusar 
sucessivamente as indicações do Governador até ser 
chamado alguém de seu interesse. 
Se a Assembleia Legislativa entender que a intervenção 
decretada é questão meramente política, deverá rejeitar a 
 
2 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Nomeação de dirigentes e desnecessidade de prévia aprovação da 
ALE. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: 
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/589f763b060f8c19170cdf5196e2bf
87>. Acesso em: 03/01/2021 
 
 
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32 
medida, o que pode caracterizar crime de responsabilidade 
do chefe do Executivo. 
Titular da Defensoria Pública do Estado (Defensor Público-
Geral) 
No tocante ao Defensor Público-geral do Estado, a 
previsão é inconstitucional porque CF/88 afirmou que lei 
complementar deve prescrever as normas gerais das 
Defensorias Públicas dos Estados (art. 134, § 1º). 
A fim de cumprir esse mandamento constitucional, foi 
editada a Lei Complementar federal 80/94. 
Essa LC estabeleceu que o titular da Defensoria Pública da 
União precisa ser aprovado pela maioria absoluta do 
Senado Federal: 
Art. 6º A Defensoria Pública da União tem por chefe o 
Defensor Público-Geral Federal, nomeado pelo Presidente 
da República, dentre membros estáveis da Carreira e 
maiores de 35 (trinta e cinco) anos, escolhidos em lista 
tríplice formada pelo voto direto, secreto, plurinominal e 
obrigatório de seus membros, após a aprovação de seu 
nome pela maioria absoluta dos membros do Senado 
Federal, para mandato de 2 (dois) anos, permitida uma 
recondução, precedida de nova aprovação do Senado 
Federal. 
A LC 80/94 não fez essa mesma exigência quanto ao titular 
da Defensoria Pública estadual: 
Art. 99. A Defensoria Pública do Estado tem por chefe o 
Defensor Público-Geral, nomeado pelo Governador do 
Estado, dentre membros estáveis da Carreira e maiores de 
35 (trinta e cinco) anos, escolhidos em lista tríplice formada 
pelo voto direto, secreto, plurinominal e obrigatório de seus 
membros, para mandato de 2 (dois) anos, permitida uma 
recondução. 
Não se estipulou essa necessidade aos Estados, porque 
se seguiu o mesmo modelo dos Ministérios Públicos (que 
também não exigem prévia aprovação da ALE), a fim de 
evitar a politização da Defensoria. 
Titular da PGE (Procurador-Geral do Estado) 
Exigir a prévia arguição e aprovação do Procurador-Geral 
do Estado pela Assembleia Legislativa viola a Constituição 
Federal porque afeta a separação dos Poderes e interfere 
diretamente na estrutura hierárquica do Poder Executivo. 
Essa previsão transfere ao Legislativo o controle sobre 
agente público, que, conforme lei orgânica, integra o 
 
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33 
gabinete do chefe do Executivo como secretário de 
governo.” 
 
3.11 Em regra, é imprescindível prévia licitação para a concessão ou permissão 
da exploração de serviços de transporte coletivo de passageiros. STF. Plenário. 
RE 1001104, Rel. Marco Aurélio, julgado em 15/05/2020 (Repercussão Geral – 
Tema 854) (Info 982 – clipping). 
 
Conflito Necessidade ou não de licitação para 
a concessão ou permissão da 
exploração de serviços de transporte 
coletivo de passageiros? 
 
Leis estaduais e municipais anteriores 
a 1988 que previam mero 
credenciamento, sem licitação para a 
escolha do particular que prestaria o 
serviço de transporte coletivo de 
passageiros x art. 175 CRFB 
Fundamentos Os artigos 37, XXI, e 175 da CRFB 
impõem prévia licitação para 
concessões de serviços públicos. 
Vejamos tais dispositivos 
constitucionais: 
Art. 37. A administração pública direta 
e indireta de qualquer dos Poderes da 
União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios obedecerá 
aos princípios de legalidade, 
impessoalidade, moralidade, 
publicidade e eficiência e, também, ao 
seguinte: 
 
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34 
(...) 
XXI - ressalvados os casos 
especificados na legislação, as obras, 
serviços, compras e alienações serão 
contratados mediante processo de 
licitação pública que assegure 
igualdade de condições a todos os 
concorrentes, com cláusulas que 
estabeleçam obrigações de 
pagamento, mantidas as condições 
efetivas da proposta, nos termos da 
lei, o qual somente permitirá as 
exigências de qualificação técnica e 
econômica indispensáveis à garantia 
do cumprimento das obrigações. 
(...) 
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, 
na forma da lei, diretamente ou sob 
regime de concessão ou permissão, 
sempre através de licitação, a 
prestação de serviços públicos. 
 
 
Tese Salvo situações excepcionais, 
devidamente comprovadas, o 
implemento de transporte público 
coletivo pressupõe prévia licitação. 
 
E quais são as situações 
excepcionais? 
Não houve essa definição no inteiro 
teor do acórdão! 
 
 
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35 
3.12 É prescritível a pretensão de ressarcimento ao erário fundada em decisão 
do Tribunal de Contas. STF. Plenário. RE 636886/AL, Rel. Alexandre de Moraes, 
julgado em 20/04/2020 (RepercussãoGeral – Tema 899) (Info 983 – clipping). 
 
Tese "É prescritível a pretensão de 
ressarcimento ao erário fundada em 
decisão de Tribunal de Contas" 
Conflito União alegou violação ao art. 37, § 5º, 
da CF/88, porque “não se aplica o art. 
40, § 4º da lei n. 6830/80 (decretação 
de prescrição de ofício) às execuções 
de título extrajudicial propostas com 
supedâneo em acórdão do TCU que 
descortinam, em última análise, a 
existência do dever de ressarcimento 
ao erário” 
 
X 
 
a prescritibilidade 
Fundamentos Ausência de análise de ato doloso ou 
não de improbidade pelo TCU; não há 
decisão “judicial” do TCU 
caracterizando que houve ato ilícito 
doloso, inexistindo contraditório e 
ampla defesa; apesar de a CRFB falar 
em “julgar”, não se trata de atividade 
jurisdicional, na verdade, a atividade 
do TCU é eminentemente 
administrativa, sem as garantias do 
devido processo legal. O julgar é no 
sentido de examinar e analisar as 
 
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36 
contas; ausência de previsão 
constitucional expressa de previsão 
de imprescritibilidade no tocante ao 
ressarcimento ao erário fundado em 
decisão do TC. 
ATENÇÃO TEMA 666, decidido em Repercussão 
Geral no RE 669.069 (Rel. Min. 
TEORI ZAVASCKI), com a seguinte 
TESE:É prescritível a ação de 
reparação de danos à Fazenda 
Pública decorrente de ilícito civil3 ou 
TEMA 897, decidido na Repercussão 
Geral no RE 852.475, Red. 
p/Acórdão: Min. EDSON FACHIN, 
com a seguinte TESE: São 
imprescritíveis as ações de 
ressarcimento ao erário fundadas na 
prática de ato doloso tipificado na Lei 
de Improbidade Administrativa. 
Requisitos: 
(1) prática de ato de improbidade 
administrativa devidamente 
tipificado na Lei 8.429/92; (2) 
presença do elemento subjetivo do 
tipo DOLO; conforme TESE, com a 
qual guardo reservas, que 
estabeleceu: São imprescritíveis as 
ações de ressarcimento ao erário 
fundadas na prática de ato doloso 
 
3 “Em relação a todos os demais atos ilícitos não caracterizados como atos de improbidade ou atentatórios 
à probidade na administração praticados sem dolo, ou ainda, pretéritos à edição da Lei 8.429/1992, 
manteve-se a ampla possibilidade de ajuizamento de ações de ressarcimento, dentro do respectivo prazo 
prescricional, aplicando-se o TEMA 666, como decidido em Repercussão Geral no RE 669.069” 
 
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37 
tipificado na Lei de Improbidade 
Administrativa (TEMA 897 RE-RG 
852475, Red. p/Acórdão: Min. 
EDSON FACHIN). 
 
Revisando com Márcio Cavalcante4: 
 
SITUAÇÃO PRESCRIÇÃO 
Ação de reparação por danos 
causados à Fazenda Pública em 
razão da prática de ILÍCITO CIVIL 
 
Ex: particular, dirigindo seu veículo, 
por imprudência, colide com o carro 
de um órgão público estadual em 
serviço. Estado terá o prazo de 5 anos 
para buscar o ressarcimento. 
é PRESCRITÍVEL 
 
(STF RE 669069/MG) 
 
Tema 666 
Pretensão de ressarcimento ao erário 
fundada em decisão do Tribunal de 
Contas 
é PRESCRITÍVEL 
 
(STF RE 636886/AL) 
 
Tema 899 
Ação de ressarcimento decorrente de 
ato de improbidade administrativa 
praticado com CULPA 
é PRESCRITÍVEL 
 
(devem ser propostas no prazo do art. 
23 da LIA) 
Ação de ressarcimento decorrente de 
ato de improbidade administrativa 
praticado com DOLO 
é IMPRESCRITÍVEL 
 
(§ 5º do art. 37 da CF/88) 
 
4 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É prescritível a pretensão de ressarcimento ao erário fundada em 
decisão do Tribunal de Contas. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: 
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/58ae23d878a47004366189884c2f8
440>. Acesso em: 04/01/2021 
 
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38 
 
STF RE 852475/SP 
 
Tema 897 
Ação pedindo a reparação civil 
decorrente de 
 
DANOS AMBIENTAIS 
 
É imprescritível a pretensão de 
reparação civil de dano ambiental. 
 
Ex: não há prazo para ACP ajuizada 
pelo MP objetivando a reparação de 
danos decorrentes de degradação ao 
meio ambiente. 
 
Embora a Constituição e as leis 
ordinárias não tratem sobre prazo 
prescricional para a reparação de 
danos civis ambientais, a reparação 
do meio ambiente é direito 
fundamental indisponível, devendo, 
portanto, ser reconhecida a 
imprescritibilidade dessa pretensão. 
é IMPRESCRITÍVEL 
 
(STF RE 654833) 
 
Tema 999 
 
 
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39 
3.13 Ante situação jurídica surgida em data posterior à Emenda Constitucional 
nº 19, de 4 de junho de 1998, cabível é considerar, para efeito de teto, o 
somatório de valores percebidos a título de remuneração, proventos e pensão. 
(RE 602584, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 
06/08/2020, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO 
DJe-277 DIVULG 20-11-2020 PUBLIC 23-11-2020) 
 
É oportuno lembrar desses outros julgados, antes de analisarmos o de 2020. 
Vejamos, então, o que também já foi decidido: 
TETO CONSTITUCIONAL – ACUMULAÇÃO DE CARGOS – ALCANCE. Nas 
situações jurídicas em que a Constituição Federal autoriza a acumulação de cargos, 
o teto remuneratório é considerado em relação à remuneração de cada um deles, e 
não ao somatório do que recebido. 
(RE 612975, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 27/04/2017, 
ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-203 DIVULG 
06-09-2017 PUBLIC 08-09-2017) 
 
TETO CONSTITUCIONAL – ACUMULAÇÃO DE CARGOS – ALCANCE. Nas 
situações jurídicas em que a Constituição Federal autoriza a acumulação de cargos, 
o teto remuneratório é considerado em relação à remuneração de cada um deles, e 
não ao somatório do que recebido. 
(RE 602043, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 27/04/2017, 
ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-203 DIVULG 
06-09-2017 PUBLIC 08-09-2017) 
 
Tese Ante situação jurídica surgida em data 
posterior à Emenda Constitucional nº 
19, de 4 de junho de 1998, cabível é 
considerar, para efeito de teto, o 
somatório de valores percebidos a 
título de remuneração, proventos e 
pensão. 
 
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40 
Pontos importantes mencionados 
no inteiro teor 
O teto remuneratório possui eficácia 
imediata; a observância do teto é 
condição de legitimidade para as 
remunerações do serviço público; a 
CRFB autoriza a cumulação de 
proventos de aposentadoria com 
pensão por morte por serem oriundas 
de fatos geradores distintos, mas o 
teto deve ser respeitado; o pagamento 
de remuneração superior ao teto é 
violação qualificada da CRFB. 
ATENÇÃO (trechos retirados do 
inteiro teor) 
“Como se observa da leitura do texto 
reformado, a emenda relacionou 
diretamente o dispositivo relativo ao 
teto constitucional (art. 37, XI, CRFB), 
como o regime das acumulações (art. 
37, XVI, da CRFB). A expressa 
remissão, assim como a previsão de 
incidência do teto sobre a 
remuneração e o subsídios 
“percebidos cumulativamente ou não, 
incluídas as vantagens pessoais ou 
de qualquer outra natureza” são as 
diretrizes de interpretação que a 
Constituição oferece para a hipótese 
dos autos. 
(...) 
Neste ponto, a parte final do art. 37, 
XVI, da CRFB parece não deixar 
dúvidas de que, mesmo nos casos de 
percepção cumulativa, deve-se 
observar “em qualquer caso o 
 
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41 
disposto no inciso XI”. Noutras 
palavras, a interpretação dada por 
esta Corte ao regime do teto 
remuneratório é também aplicável ao 
conjunto das remunerações 
percebidas de forma cumulativa. 
Conquanto o inciso XVI do art. 37 
refira-se às hipóteses de cargos 
públicos cumuláveis e o tema em 
julgamento trate de percebimento 
conjunto de proventos de 
aposentadoria oriundos de cargo 
público e pensão por morte, as razões 
que determinam a incidência do teto 
do inciso XI do art. 37 são igualmente 
aplicáveis na hipótese sob exame. 
Tal posicionamento é também 
acompanhado pela doutrina. Maria 
Sylvia Zanella Di Pietroaduz, por 
exemplo, que (DI PIETRO, Maria 
Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 
22ª ed. São Paulo: Atlas, 2016, p. 
540): 
“Com a Emenda Constitucional n.º 
41/03, tenta-se novamente impor um 
tento, devolvendo-se ao Congresso 
Nacional, com a sanção do Presidente 
da República, a competência para 
fixar os subsídios dos Ministros do 
Supremo Tribunal Federal (art. 48, 
XV), e alterando-se, mais uma vez, o 
 
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42 
artigo 37, I, que passou a vigorar com 
a seguinte redação: 
(…) 
A leitura desse dispositivo, conjugada 
com outros dispositivos da 
Constituição, permite as seguintes 
conclusões : 
(…) 
g) o teto atinge os proventos dos 
aposentados e a pensão devida aos 
dependentes do servidor falecido;” 
Haveria, ainda, outra razão a 
corroborar a interpretação pela 
incidência do teto à hipótese em tela. 
Posteriormente à Emenda 
Constitucional 19/98, que, na linha 
dos precedentes indicados, instituiu a 
aplicação do regime do teto 
remuneratório, o constituinte 
reformador, por meio da Emenda 
Constitucional 20/98, também 
estendeu aos proventos recebidos 
pelos servidores inativos o teto 
remuneratório. 
Tal dispositivo decorreu da inserção 
do antigo § 8º do art. 40 (“Observado 
o disposto no art. 37, XI, os proventos 
de aposentadoria e as pensões serão 
revistos na mesma proporção e na 
mesma data, sempre que se modificar 
a remuneração dos servidores em 
atividade, sendo também estendidos 
 
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43 
aos aposentados e aos pensionistas 
quaisquer benefícios ou vantagens 
posteriormente concedidos aos 
servidores em atividade, inclusive 
quando decorrentes da transformação 
ou reclassificação do cargo ou função 
em que se deu a aposentadoria ou 
que serviu de referência para a 
concessão da pensão, na forma da 
lei”) do Texto Constitucional. A 
mesma emenda ainda acrescentou o 
§ 11 ao art. 40: 
Ҥ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 
37, XI, à soma total dos proventos de 
inatividade, inclusive quando 
decorrentes da acumulação de cargos 
ou empregos públicos, bem como de 
outras atividades sujeitas a 
contribuição para o regime geral de 
previdência social, e ao montante 
resultante da adição de proventos de 
inatividade com remuneração de 
cargo acumulável na forma desta 
Constituição, cargo em comissão 
declarado em lei de livre nomeação e 
exoneração, e de cargo eletivo.” 
O sentido que se dessume da norma 
é portanto inequívoco: a aplicação do 
art. 37, XI, da CRFB, deve ser 
respeitada inclusive na hipótese de 
cumulação de proventos de 
aposentadoria advinda de exercício 
 
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44 
de cargo público com pensão por 
morte devida dependente de servidor 
público falecido. Ainda que oriundos 
de fatos geradores distintos e, 
portanto, cumuláveis, é à soma de 
ambas as vantagens que o teto do art. 
37, XI CRFB incide, devendo, 
portanto, atingir a soma total do 
montante cumulado percebível. 
 
(...) Como disse ao início, se não 
houvesse uma crise fiscal e social, 
possivelmente me inclinaria também 
por esse entendimento que professa o 
Ministro Celso de Mello. A linha que 
me inspirou - e penso que a muitos 
dos demais Colegas - é que não 
estamos falando de algo adquirido por 
direito próprio, mas de benefício 
adquirido por atuação de terceiro. 
Acho que se houver uma situação de 
dependência ou de risco social, 
justifica-se. Mas um servidor que já 
ganha no teto, com todas as vênias, 
nem é dependente nem está em risco 
social. Por essa razão, ao botar os 
dois pratos na balança - os 
argumentos primorosamente 
expostos pelo Ministro Celso e os 
argumentos contrapostos -, eu me 
inclinei pelo argumento contraposto 
de permitir a acumulação, porém com 
 
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45 
o limite do teto. Pela simples razão, 
Ministro Celso, da inexistência de 
dependência e de risco social. “ 
 
3.14 Em regra, o Estado não tem responsabilidade civil por atos praticados por 
presos foragidos; exceção: quando demonstrado nexo causal direto. STF. 
Plenário. RE 608880, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Alexandre de 
Moraes, julgado em 08/09/2020 (Repercussão Geral – Tema 362) (Info 993). 
 
Tese "Nos termos do artigo 37, § 6º, da 
Constituição Federal, não se 
caracteriza a responsabilidade civil 
objetiva do Estado por danos 
decorrentes de crime praticado por 
pessoa foragida do sistema prisional, 
quando não demonstrado o nexo 
causal direto entre o momento da fuga 
e a conduta praticada” 
Fundamentos Teoria do risco administrativo 
(responsabilidade objetiva). 
Requisitos exigidos: “ocorrência do 
dano; ação ou omissão administrativa; 
existência de nexo causal entre o 
dano e a ação ou omissão 
administrativa e ausência de causa 
excludente da responsabilidade 
estatal”; mesmo a responsabilidade 
sendo objetiva admite situações 
liberatórias ex: força maior e caso 
fortuito; culpa exclusiva de terceiros; 
ausência de nexo causal. 
 
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46 
Trechos selecionados do inteiro teor “Infere-se que ( i) o intervalo entre fato 
administrativo e o fato típico (critério 
cronológico) e (ii) o surgimento de 
causas supervenientes 
independentes (v.g., formação de 
quadrilha), que deram origem a novo 
nexo causal, contribuíram para 
suprimir a relação de causa (evasão 
do apenado do sistema penal) e efeito 
(fato criminoso). Nesse sentido, a fuga 
de presidiário e o cometimento de 
crime (elementos fáticos), sem 
qualquer relação lógica com sua 
evasão, extirpa o elemento normativo, 
“segundo o qual a responsabilidade 
civil só se estabelece em relação aos 
efeitos diretos e imediatos causados 
pela conduta do agente. A incorreta 
visualização do nexo causal pode 
levar à distorção de rumos, fazendo 
alguém responder pelo que não fez”, 
adverte SERGIO CAVALIERI FILHO 
(Programa de Responsabilidade Civil 
. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2019).” 
 
3.15 Judiciário não pode obrigar que o chefe do Poder Executivo encaminhe o 
projeto de lei para revisão geral anual dos servidores. STF. Plenário. RE 843112, 
Rel. Luiz Fux, julgado em 22/09/2020 (Repercussão Geral – Tema 624) (Info 
998). 
 
Tese "O Poder Judiciário não possui 
competência para determinar ao 
 
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47 
Poder Executivo a apresentação de 
projeto de lei que vise a promover a 
revisão geral anual da remuneração 
dos servidores públicos, tampouco 
para fixar o respectivo índice de 
correção" 
Importante lembrar Tema 19 da 
Repercussão Geral 
“Tema 19 da Repercussão Geral, 
constatada a omissão do Poder 
Executivo na apresentação de projeto 
de lei que preveja a revisão geral 
anual da remuneração dos servidores 
públicos, cabe ao Poder Judiciário 
declarar a mora e determinar ao 
Poder Executivo que se manifeste de 
forma fundamentada sobre a 
conveniência e possibilidade de 
recomposição salarial ao 
funcionalismo.” 
Fundamentos “o art. 37, X, da Constituição, ao falar 
em revisão, não institui direito 
subjetivo a acréscimo remuneratório 
e, também, por vislumbrar enormes 
dificuldades para o Poder Judiciário 
avaliar o contexto macroeconômico e 
graduar o reajuste possível e 
adequado. Tanto do ponto de vista 
estritamente técnico quanto do ponto 
de vista da legitimidade da Corte para 
esse tipo de avaliação. “ e respeito ao 
princípio da separação dos poderes. 
 
 
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48 
3.16 É possível a delegação do poder de polícia – inclusive da possibilidade de 
aplicação de multas – para pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da 
Administração Pública indireta de capital social majoritariamente público que 
prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em 
regime não concorrencial. STF. Plenário. RE 633782/MG, Rel. Min. Luiz Fux, 
julgado em 23/10/2020 (Repercussão Geral – Tema 532) (Info996). 
 
Tese É constitucional a delegação do poder 
de polícia, por meio de lei, a pessoas 
jurídicas de direito privado integrantes 
da Administração Pública indireta de 
capital social majoritariamente público 
que prestem exclusivamente serviço 
público de atuação própria do Estado 
e em regime não concorrencial 
 
Poder de polícia originário Poder de polícia delegado 
Administração Pública Direta Administração Pública Indireta 
 A quem é possível delegar? 
 
A quem é possível delegar? 
 Entes de Direito Público (lei formal + 
personalidade de direito público); 
Pessoas Jurídicas de Direito Privado 
da Administração Indireta? 
Doutrina Majoritária: não; 
ATENÇÃO: Houve mudança de 
entendimento recente no STF (essa 
decisão que estamos analisando!). 
Em 23.10.2020, o STF entendeu que 
não há óbice constitucional ao 
exercício da atividade de polícia 
 
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49 
administrativa em relação as pessoas 
jurídicas de direito privado da 
Administração Indireta, inclusive 
quanto à aplicação de multas. 
 
 
E o que pensa o STJ sobre esse 
assunto? 
O STJ divide em ciclos de polícia e 
permite a sua delegação a pessoas 
jurídicas de direito privado da 
Administração Indireta, se for em 
relação ao consentimento e a 
fiscalização. Vejamos: 
Ciclos de Polícia 
 Ordem: norma legal que 
estabelece, de forma 
primária, as restrições e as 
condições para o exercício 
das atividades; 
 Consentimento: anuência 
do Estado para que o 
particular desenvolva 
determinada atividade ou 
utilize a propriedade; (PODE 
DELEGAR) 
 Fiscalização: verificação do 
cumprimento, pelo particular, 
da ordem e do consentimento 
de polícia; (PODE 
DELEGAR) 
 
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50 
 Sanção: medida coercitiva 
aplicada ao particular que 
descumpre a ordem de polícia 
ou os limites impostos no 
consentimento de polícia. 
 
4- Enunciados da I Jornada de Direito Administrativo CJF/STJ 
 
1- A autorização para apresentação de projetos, levantamentos, 
investigações ou estudos no âmbito do Procedimento de Manifestação de 
Interesse, quando concedida mediante restrição ao número de 
participantes, deve se dar por meio de seleção imparcial dos 
interessados, com ampla publicidade e critérios objetivos. 
2- O administrador público está autorizado por lei a valer-se do desforço 
imediato sem necessidade de autorização judicial, solicitando, se 
necessário, força policial, contanto que o faça preventivamente ou logo 
após a invasão ou ocupação de imóvel público de uso especial, comum 
ou dominical, e não vá além do indispensável à manutenção ou restituição 
da posse (art. 37 da Constituição Federal; art. 1.210, §1º, do Código Civil; 
art. 79, § 2º, do Decreto-Lei n. 9.760/1946; e art. 11 da Lei n. 9.636/1998). 
3- Não constitui ofensa ao artigo 9º do Decreto-Lei n. 3.365/1941 o exame 
por parte do Poder Judiciário, no curso do processo de desapropriação, 
da regularidade do processo administrativo de desapropriação e da 
presença dos elementos de validade do ato de declaração de utilidade 
pública. 
4- O ato declaratório da desapropriação, por utilidade ou necessidade 
pública, ou por interesse social, deve ser motivado de maneira explícita, 
clara e congruente, não sendo suficiente a mera referência à hipótese 
legal. 
5- O conceito de dirigentes de organização da sociedade civil estabelecido 
no artigo 2º, inciso IV, da Lei Federal n. 13.019/2014 contempla 
profissionais com a atuação efetiva na gestão executiva da entidade, por 
 
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51 
meio do exercício de funções de administração, gestão, controle e 
representação da pessoa jurídica, e, por isso, não se estende aos 
membros de órgãos colegiados não executivos, independentemente da 
nomenclatura adotada pelo estatuto social. 
6- O atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos pela 
Administração Pública autoriza o contratado a suspender o cumprimento 
de suas obrigações até que seja normalizada a situação, mesmo sem 
provimento jurisdicional. 
7- Configura ato de improbidade administrativa a conduta do agente público 
que, em atuação legislativa lato sensu, recebe vantagem econômica 
indevida. 
8- O exercício da função social das empresas estatais é condicionado ao 
atendimento da sua finalidade pública específica e deve levar em conta 
os padrões de eficiência exigidos das sociedades empresárias atuantes 
no mercado, conforme delimitações e orientações dos §§1º a 3º do art. 27 
da Lei 13.303/2016. 
9- Em respeito ao princípio da autonomia federativa (art. 18 da CF), a 
vedação ao acúmulo dos títulos de OSCIP e OS prevista no art. 2º, inc. 
IX, c/c art. 18, §§ 1º e 2º, da Lei n. 9.790/1999 apenas se refere à esfera 
federal, não abrangendo a qualificação como OS nos Estados, no Distrito 
Federal e nos Municípios. 
10- Em contratos administrativos decorrentes de licitações regidas pela Lei n. 
8.666/1993, é facultado à Administração Pública propor aditivo para 
alterar a cláusula de resolução de conflitos entre as partes, incluindo 
métodos alternativos ao Poder Judiciário como Mediação, Arbitragem e 
Dispute Board. 
11- O contrato de desempenho previsto na Lei 13.934/2019, quando 
celebrado entre órgãos que mantêm entre si relação hierárquica, significa 
a suspensão da hierarquia administrativa, por autovinculação do órgão 
superior, em relação ao objeto acordado, para substituí-la por uma 
regulação contratual, nos termos do art. 3º da referida Lei. 
12- A decisão administrativa robótica deve ser suficientemente motivada, 
sendo a sua opacidade motivo de invalidação. 
 
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52 
13- As empresas estatais são organizações públicas pela sua finalidade, 
portanto, submetem-se à aplicabilidade da Lei 12.527/2011 “ Lei de 
Acesso à Informação “, de acordo com o artigo 1º, parágrafo único, inciso 
II, não cabendo a decretos e outras normas infralegais estabelecer outras 
restrições de acesso a informações não previstas na Lei. 
14- A demonstração da existência de relevante interesse coletivo ou de 
imperativo de segurança nacional, descrita no parágrafo 1º do art. 2º da 
Lei 13.303/2016, será atendida por meio do envio ao órgão legislativo 
competente de estudos/documentos (anexos à exposição de motivos) 
com dados objetivos que justifiquem a decisão pela criação de empresa 
pública ou de sociedade de economia mista cujo objeto é a exploração de 
atividade econômica. 
15- A administração pública promoverá a publicidade das arbitragens da qual 
seja parte, nos termos da Lei de Acesso à Informação. 
16- As hipóteses de remoção de servidor público a pedido, 
independentemente do interesse da Administração, fixadas no art. 36, 
parágrafo único, III, da Lei 8.112/1990 são taxativas. Por esse motivo, a 
autoridade que indefere a remoção quando não presentes os requisitos 
da lei não pratica ato ilegal ou abusivo. 
17- Os contratos celebrados pelas empresas estatais, regidos pela Lei n. 
13.303/16, não possuem aplicação subsidiária da Lei n. 8.666/93. Em 
casos de lacuna contratual, aplicam-se as disposições daquela Lei e as 
regras e os princípios de direito privado. 
18- A ausência de previsão editalícia não afasta a possibilidade de celebração 
de compromisso arbitral em conflitos oriundos de contratos 
administrativos. 
19- As controvérsias acerca de equilíbrio econômico-financeiro dos contratos 
administrativos integram a categoria das relativas a direitos patrimoniais 
disponíveis, para cuja solução se admitem meios extrajudiciais 
adequados de prevenção e resolução de controvérsias, notadamente a 
conciliação, a mediação, o comitê de resolução de disputas e a 
arbitragem. 
 
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53 
20- O exercício da autotutela administrativa, para o desfazimento do ato 
administrativo que produza efeitos concretos favoráveis aos seus 
destinatários, está condicionadoà prévia intimação e oportunidade de 
contraditório aos beneficiários do ato. 
21- A conduta de apresentação de documentos falsos ou adulterados por 
pessoa jurídica em processo licitatório configura o ato lesivo previsto no 
art. 5º, IV, “d”, da Lei n. 12.846/2013, independentemente de essa sagrar-
se vencedora no certame ou ter a continuidade da sua participação 
obstada nesse. 
22- A participação de empresa estatal no capital de empresa privada que não 
integra a Administração Pública enquadra-se dentre as hipóteses de 
“oportunidades de negócio” prevista no art. 28, § 4º, da Lei 13.303/2016, 
devendo a decisão pela referida participação observar os ditames legais 
e os regulamentos editados pela empresa estatal a respeito desta 
possibilidade. 
23- O art. 9º, II, c/c art. 10 da Lei 8.112 estabelece a nomeação de servidor 
em comissão para cargos de confiança vagos. A existência de processo 
seletivo por competências para escolha de servidor para cargos de 
confiança vagos não equipara as regras deste processo seletivo às de 
concurso público, e nem o regime jurídico de servidor em comissão ao de 
servidor em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de 
provimento efetivo ou de carreira. 
24- Viola a legalidade o regulamento interno de licitações e contratos editado 
por empresa estatal de qualquer ente da federação que estabelece prazo 
inferior ao previsto no artigo 83, § 2º, da Lei Federal nº 13.303/2016, 
referente à apresentação de defesa prévia no âmbito de processo 
administrativo sancionador. 
25- A ausência de tutela a que se refere o art. 3º, caput, da Lei 13.848/2019 
impede a interposição de recurso hierárquico impróprio contra decisões 
finais proferidas pela diretoria colegiada das agências reguladoras, 
ressalvados os casos de previsão legal expressa e assegurada, em todo 
caso, a apreciação judicial, em atenção ao disposto no art. 5º, XXXV, da 
Constituição Federal. 
 
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26- A Lei n. 10.520/2002 define o bem ou serviço comum baseada em critérios 
eminentemente mercadológicos, de modo que a complexidade técnica ou 
a natureza intelectual do bem ou serviço não impede a aplicação do 
pregão se o mercado possui definições usualmente praticadas em relação 
ao objeto da licitação. 
27- A contratação para celebração de oportunidade de negócios, conforme 
prevista pelo art. 28, § 3º, II, e § 4º da Lei n. 13.303/2016 deverá ser 
avaliada de acordo com as práticas do setor de atuação da empresa 
estatal. A menção à inviabilidade de competição para concretização da 
oportunidade de negócios deve ser entendida como impossibilidade de 
comparação objetiva, no caso das propostas de parceria e de 
reestruturação societária e como desnecessidade de procedimento 
competitivo, quando a oportunidade puder ser ofertada a todos os 
interessados. 
28- Na fase interna da licitação para concessões e parcerias público-privadas, 
o Poder Concedente deverá indicar as razões que o levaram a alocar o 
risco no concessionário ou no Poder Concedente, tendo como diretriz a 
melhor capacidade da parte para gerenciá-lo. 
29- A Administração Pública pode promover comunicações formais com 
potenciais interessados durante a fase de planejamento das contratações 
públicas para a obtenção de informações técnicas e comerciais relevantes 
à definição do objeto e elaboração do projeto básico ou termo de 
referência, sendo que este diálogo públicoprivado deve ser registrado no 
processo administrativo e não impede o particular colaborador de 
participar em eventual licitação pública, ou mesmo de celebrar o 
respectivo contrato, tampouco lhe confere a autoria do projeto básico ou 
termo de referência. 
30- A "inviabilidade de procedimento competitivo" prevista no art. 28, § 3º, inc. 
II, da Lei 13.303/2016 não significa que, para a configuração de uma 
oportunidade de negócio, somente poderá haver apenas um interessado 
em estabelecer uma parceria com a empresa estatal. É possível que, 
mesmo diante de mais de um interessado, esteja configurada a 
inviabilidade de procedimento competitivo. 
 
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31- A avaliação do bem expropriado deve levar em conta as condições 
mercadológicas existentes à época da efetiva perda da posse do bem. 
32- É possível a contratação de seguro de responsabilidade civil aos 
administradores de empresas estatais, na forma do artigo 17, §1º, da Lei 
Federal n. 13.303/2016, a qual não abrangerá a prática de atos 
fraudulentos de favorecimento pessoal ou práticas dolosas lesivas à 
companhia e ao mercado de capitais. 
33- O prazo processual, no âmbito do processo administrativo, deverá ser 
contado em dias corridos mesmo com a vigência dos arts. 15 e 219 do 
CPC, salvo se existir norma específica estabelecendo essa forma de 
contagem. 
34- Nos contratos de concessão e PPP, o reajuste contratual para reposição 
do valor da moeda no tempo é automático e deve ser aplicado 
independentemente de alegações do Poder Público sobre 
descumprimentos contratuais ou desequilíbrio econômico-financeiro do 
contrato, os quais devem ser apurados em processos administrativos 
próprios para este fim, nos quais garantir-se-ão ao parceiro privado os 
direitos ao contraditório e à ampla defesa. 
35- Cabe mandado de segurança para pleitear que seja obedecida a ordem 
cronológica para pagamentos em relação a crédito já reconhecido e 
atestado pela Administração, de acordo com o art. 5º, caput, da Lei n. 
8.666/1993. 
36- A responsabilidade solidária das empresas consorciadas pelos atos 
praticados na licitação e na execução do contrato, de que trata o inciso V 
do artigo 33 da Lei n. 8.666/1993, refere-se à responsabilidade civil, não 
se estendendo às penalidades administrativas. 
37- A estabilidade do servidor titular de cargo público efetivo depende da 
reunião de dois requisitos cumulativos: (i) o efetivo desempenho das 
atribuições do cargo pelo período de 3 (três) anos; e (ii) a confirmação do 
servidor no serviço mediante aprovação pela comissão de avaliação 
responsável (art. 41, caput e §4.º, da CRFB c/c arts. 20 a 22 da Lei n. 
8.112/1990). Assim, não há estabilização automática em virtude do 
 
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tempo, sendo o resultado positivo em avaliação especial de desempenho 
uma condição indispensável para a aquisição da estabilidade. 
38- A realização de Análise de Impacto Regulatório (AIR) por órgãos e 
entidades da administração pública federal deve contemplar a alternativa 
de não regulação estatal ou desregulação, conforme o caso. 
39- A indicação e a aceitação de árbitros pela Administração Pública não 
dependem de seleção pública formal, como concurso ou licitação, mas 
devem ser objeto de fundamentação prévia e por escrito, considerando os 
elementos relevantes. 
40- Nas ações indenizatórias ajuizadas contra a Fazenda Pública aplicase o 
prazo prescricional quinquenal previsto no Decreto nº 20.910/1932 (art. 
1º), em detrimento do prazo trienal estabelecido no Código Civil de 2002 
(art. 206, § 3º, V), por se tratar de norma especial que prevalece sobre a 
geral. 
5- EMENTAS 
 
Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL. 
IDONEIDADE MORAL DE CANDIDATOS EM CONCURSOS PÚBLICOS. 
INQUÉRITOS POLICIAIS OU PROCESSOS PENAIS EM CURSO. 
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. PRINCÍPIO DA MORALIDADE 
ADMINISTRATIVA. 1. Como regra geral, a simples existência de inquéritos ou 
processos penais em curso não autoriza a eliminação de candidatos em 
concursos públicos, o que pressupõe: (i) condenação por órgão colegiado ou 
definitiva; e (ii) relação de incompatibilidade entre a natureza do crime em 
questão e as atribuições do cargo concretamente pretendido, a ser demonstrada 
de forma motivada por decisão da autoridade competente. 2. A lei pode instituir 
requisitos mais rigorosos para determinados cargos, em razão da relevância das 
atribuições envolvidas, como é o caso, por exemplo,

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