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1 Texto 1- Administrar é planejar: a visão de Fayol (Extraído de Escrivão Filho, E.; Perussi Filho, S. Teorias de Administração, Saraiva, 2010) Edmundo Escrivão Filho Michel Lenon Cerri INTRODUÇÃO O que faz um administrador? Quais atividades caracterizam seu trabalho? Que tarefas ele desempenha para que a organização atinja alta eficiência? Quais conhecimentos, habilidades e competências lhe são necessárias? Quais fatores podem afetar a maneira de administrar dos executivos? São essas questões que se pretende responder sob a ótica das proposições de Henri Fayol, considerado o precursor da chamada Teoria Clássica da Administração e um dos nomes mais importantes de toda a Teoria Administrativa. Durante sua trajetória, Fayol defendeu arduamente o ensino administrativo em escolas e universidades e a substituição do empirismo e da improvisação que vigoravam nos negócios de sua época por uma doutrina administrativa que pudesse orientar os administradores, isto é, que definisse o que e como eles deveriam executar suas tarefas. Na verdade, os objetivos de Fayol visavam a facilitar o gerenciamento nas empresas e constituir uma estrutura organizacional racional a fim de aumentar a eficiência das organizações. Abreu 1 expõe que seus objetivos básicos eram: "(...) a identificação de normas ou princípios de organização (capazes de garantir, de maneira eficiente, o seu funcionamento) e, também, a indicação da melhor forma de organizar a estrutura de uma empresa". Com isso, os cinco elementos da administração ou funções do administrador apresentadas por Fayol - previsão, organização, comando, coordenação, e controle (POC3) - constituem o processo administrativo e, para ele, são encontrados em todos os tipos e tamanhos de empresa. Sobre essa forma prescritiva e normativa de se definir as atividades dos administradores, repousam rudes críticas de vários pesquisadores, estudiosos e profissionais posteriores a ele, como Henry Mintzberg, Rosemary Stewart 3 e Peter Senge. Porém, ao apresentar sucintamente a obra de Fayol, não se deixará de expor o momento histórico, político, econômico e social que serviu de contexto para ele desenvolvê-la e aplicá-la. BIOGRAFIA E OBRA Fayol nasceu na cidade de Constantinopla (atual Istambul, capital da Turquia) no ano de 1841. Pertencente a uma família francesa burguesa, cursou Engenharia na Escola Nacional de Minas, em Saint-Etienne, França. Seu primeiro emprego foi na mineradora Société Anonyme de Commentry--Fourchambault et Decazeville, onde galgou postos até atingir o de diretor-geral, o qual ele exerceu de 1888 a 1918. Convencido da importância e da necessidade de organizar o pessoal das grandes empresas de modo racional, dedicou-se desde a juventude ao estudo desse assunto, chegando a criar uma teoria administrativa que recebeu o nome de fayolismo e que ainda domina grande parte do que é assumido como as atividades de um administrador de empresas. No entanto, somente quando Fayol estava com mais de 70 anos é que seu livro foi publicado e suas ideias tornaram-se populares. Sua obra clássica, Administration Industrielle et Générale, veio, primeiramente, na forma de artigo em um boletim de associação comercial (Bulletin de la Société de l'Industrie Minérale) e somente teve sua publicação no idioma inglês (General and Industrial 2 Management) em 1949. Em português, o livro recebeu o título de Administração Industrial e Geral e foi publicado em 1950. Após deixar a presidência da mineradora em 1918, Fayol voltou-se à Administração Pública, à difusão de seus princípios e ao ensino na Escola Superior de Guerra de Paris. Ele morreu no ano de 1925. De acordo com Lodi, Lyndall Urwick foi, indubitavelmente, o maior divulgador da obra de Fayol. A função administração A doutrina administrativa propagada por Fayol tinha por objetivo facilitar a gerência de empresas, fossem industriais, religiosas ou militares. Fayol defendeu que o conjunto de atividades de todas empresas pode ser dividido em seis grupos: ■ operações técnicas: produção, fabricação, transformação; ■ operações comerciais: compras, vendas, permutas; ■ operações financeiras: procura e gerência de capitais; ■ operações de segurança: proteção de bens e de pessoas; ■ operações de contabilidade: inventários, balanços, preços de custo, estatísticas; ■ operações administrativas: previsão, organização, direção, coordenação e controle. Para Fayol, "(...) esses grupos de operações ou funções essenciais existem sempre em qualquer empresa, seja ela simples ou complexa, pequena ou grande". Porém, para o autor, nenhuma das cinco primeiras operações tem por objetivo formular o programa geral da empresa, constituir seu corpo social e material, coordenar os esforços, harmonizar os atos, manter a segurança das pessoas e os bens da organização. Essas atividades ou responsabilidades são concernentes ao último tipo de função ou operação essencial, designada administração. Além disso, de acordo com Fayol, a administração não era privilégio exclusivo dos chefes ou dos componentes do alto escalão das empresas, mas, sim, uma função que se estendia por todos os membros da organização em maior ou menor intensidade. O engenheiro francês chegou à conclusão de que, à medida que alguém se eleva na hierarquia da empresa, aumentam-se a capacidade e a necessidade de conhecimentos e de habilidades administrativas; em contrapartida, reduz-se a capacidade técnica. Dessa forma, Fayol concluiu que "a capacidade técnica é a principal capacidade dos agentes inferiores da grande empresa e dos chefes da pequena empresa industrial; a capacidade administrativa é a principal capacidade dos grandes chefes". Além disso, Fayol fez uma diferenciação das habilidades esperadas de cada grupo de operações ou de funções essenciais (técnica, comercial, financeira, de segurança, de contabilidade e administrativa). Para cada uma delas, há um relativo conjunto de qualidades, capacidades, habilidades e conhecimentos, como qualidades físicas (saúde, vigor), intelectuais (discernimento) e morais (iniciativa, dignidade). Essas questões expostas por Fayol tinham por objetivo enaltecer a importância da função administrativa dentro das organizações e garantir a devida atenção que essa ocupação deveria receber. 3 Ensino administrativo Fayol valorizou a função administrativa e definiu que esta é a capacidade mais importante dos agentes superiores. Assim, desafiou e estimulou as escolas superiores a dedicar maior crédito àquilo que ele havia concluído. Fayol observou a relevância que o gerenciamento tinha (e, evidentemente, ainda tem) para as organizações e que o ensino dessa disciplina era negligenciado pelas escolas e universidades. Muita ênfase era dada ao ensino de métodos técnicos, porém, o ensino voltado para coordenar esforços e desenvolver planos de ações organizacionais era incipiente, praticamente inexistente. Ele não descartava a necessidade do ensino técnico, mas condenava a sua exclusividade. Afirmava que o ensino totalmente técnico não correspondia às necessidades gerais das organizações e que a verdadeira razão da ausência de ensino administrativo nas escolas profissionais era a falta de doutrina: "sem doutrina não há ensino possível". Entretanto, alertava que a simples "(...) proclamação dos princípios não basta. Sua luz, como a dos faróis, não guia senão aqueles que conhecem o caminho do porto. Um princípio, sem meio de pô-lo em execução, carece de eficácia". Sua intenção era minimizar o empirismo dominante e reduzir as técnicas utilizadas por cada administrador e tidas por eles próprios como as melhores práticas propondouma teoria administrativa consistente, fundamentada e universal, que pudesse ser empregada por todos os tipos de dirigentes a fim de ajudá-los a desempenhar suas atividades. Princípios gerais de administração Fayol utilizou o termo "princípios", afastando o sentido de imutável e rígido ao extremo. Acrescentou que nada é absoluto ou inflexível em administração e que era necessário considerar variáveis e características peculiares a cada empresa. Além disso, expunha a improvável possibilidade de o mesmo princípio ser aplicado duas vezes em condições idênticas. Entretanto, ele acreditava que o conhecimento gerencial poderia ser ensinado. Com isso, estabeleceu alguns princípios para orientar a ação gerencial. Fayol expôs, também, que "tais princípios serão, pois, maleáveis e suscetíveis de adaptar-se a todas as necessidades. A questão consiste em saber servir-se deles: essa é uma arte difícil que exige inteligência, experiência, decisão e comedimento". Os 14 princípios gerais de administração definidos por Fayol são: 1 a divisão do trabalho; 2 a autoridade e responsabilidade; 3 a disciplina; 4 a unidade de comando; 5 fl unidade de direção; 6 a subordinação do interesse particular ao interesse geral; 7 a remuneração do pessoal; 8 a centralização; 9 a hierarquia; 10 a ordem; 11 a equidade; 12 a estabilidade do pessoal; 13 a iniciativa; 14 a união do pessoal. 4 CONTEXTUALIZAÇÃO DA OBRA Beaud afirma que, no decorrer do século XIX, principalmente em virtude do crescimento da indústria mecanizada, se opera a extensão do modo de produção capitalista. Sob a liderança da Inglaterra, a primeira grande potência mercantil, Alemanha, França e Estados Unidos detinham significativa importância no mercado mundial, representando entre dois terços e três quintos de toda a produção do planeta. Principalmente nessas nações dominantes da época, intensifica-se o processo de imigração e urbanização, e, assim, muitos artesãos transformam-se em pequenos fabricantes. Mas, ao mesmo tempo em que o capitalismo adquiria proporções cada vez maiores, também conhecia fortes abalos e depressões. Na verdade, para Beaud toda a fase de industrialização capitalista é caracterizada por movimentos cíclicos de uma certa regularidade: períodos de prosperidade e de euforia freados por uma recessão ou assolados por uma crise. Ainda no final do século XIX, houve o que se chamou de a "Grande Depressão" mundial — um período marcado por falências bancárias; recuo na produção de ferro fundido; aumento do desemprego na Áustria e na Alemanha; protecionismo e formação de cartéis na Alemanha; crise na construção das vias férreas e expansão do desemprego nos Estados Unidos; pânico na bolsa e crise de crédito que conduziram a uma reação protecionista na França; recessão do setor têxtil, construção naval e metalúrgico na Grã-Bretanha. Paralelamente, o patronato estruturou o capitalismo e formaram-se empresas ou grupos de grande porte (nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha), cartéis (na Alemanha) e organizações profissionais (na França). Algumas das consequências desse período foram a acentuação dos preços acompanhada pela redução da produção, o crescimento do desemprego na Grã-Bretanha e a redução dos salários nos Estados Unidos e na França, em especial nos setores atingidos pela crise. Beaud afirma que a Grande Depressão, que teve início com a crise de 1873 e se estendeu até 1895, abre o que se poderia chamar de a segunda idade do capitalismo: a "Idade do Imperialismo", especialmente com o desenvolvimento de uma segunda geração de técnicas industriais e de indústrias; a afirmação do movimento operário que, nos países industrializados, arrancou apreciáveis concessões; a concentração do capital e o surgimento do capital financeiro; uma nova onda de colonização e de expansão em escala mundial, que desembocou na partilha do mundo e na Grande Guerra. No período que precedeu a Primeira Guerra Mundial, os capitalismos inglês e francês foram alcançados, e logo superados, pelos novos capitalismos alemão e norte-americano. Isso ocorreu, em parte, devido às rudes crises que marcaram o final do século XIX. O movimento das classes operárias Esse mesmo período - final do século XIX e início do século XX - foi o cenário do movimento das classes operárias. Beaud aponta que esse movimento marcou a passagem de uma fase em que o capitalismo se desenvolveu utilizando uma mão de obra desenraizada, dependente, subjugada e esmagada, para uma fase em que a classe capitalista dominante teve de contar com operários que tomavam consciência de sua situação, organizavam-se e, finalmente, impunham uma nova relação de forças. "Ele se desenvolve no âmbito de uma transformação mais ampla da sociedade, também provocada pela industrialização capitalista: o prosseguimento do processo do assalariamento (58% na França, em 1911) e a intensificação da urbanização (44%, na França)." Na França, país de Fayol, os efetivos da classe operária passaram de 3 milhões no final do século XIX para 5 milhões na véspera da Primeira Grande Guerra e a transformação do emprego manufatureiro foi sensível: "(...) o emprego no artesanato cai de 2,5 para 0,9 milhão e o emprego nas empresas industriais cresce de 1,2 para 4,5 milhões". 5 As greves tornaram-se cada vez mais intensas e longas, e, particularmente nesses períodos de crise, houve também o desenvolvimento das organizações operárias, como sindicatos, associações e partidos: "na França, lei concedendo a liberdade de associação (1884), leis sobre a duração do trabalho (1874, 1892 e 1900), sobre higiene e segurança (1893), sobre acidentes do trabalho (1898), sobre as aposentadorias (1905), sobre descanso semanal (1906)." Com isso, instituiu-se uma nova relação de forças entre capital e trabalho. Um novo momento do capitalismo Beaud discorre sobre um novo momento do capitalismo, no qual a concorrência entre os capitalistas acirrou-se; as rivalidades entre os grandes capitalismos nacionais ganharam maiores proporções, ampliaram-se as crises e, com isso, algumas pessoas viam próxima a "morte do capitalismo". Entretanto, "o capitalismo se adapta, se transforma, abre novas perspectivas, modifica o terreno do afrontamento". Inicialmente, as greves, que eram combatidas com dureza, vão, pouco a pouco, sendo admitidas; as leis sociais são aperfeiçoadas; a produção vai sendo amortizada e inúmeros sistemas de salários são inventados. Diante do acirramento da concorrência intercapitalista, as reações e as ofensivas são múltiplas. Primeiramente, é o protecionismo - na Alemanha, na França e nos Estados Unidos -, em especial, sob a forma de elevação das tarifas. Em seguida, são os cartéis na Alemanha. Paralelamente, desenvolveram-se, com uma abundância extraordinária, progressos científicos e técnicos, invenções e inovações que abriram novos caminhos, em especial no bloco dominante da época: Alemanha, França, Grã-Bretanha e Estados Unidos. Beaud afirma que em todo lugar crescia o porte médio dos estabelecimentos e das empresas - na França, por exemplo, em 1906 um décimo da mão de obra assalariada estava empregada nas companhias com mais de 500 assalariados. Observam-se, também, acentuados investimentos no exterior, pois, a exportação era um dos meios de assegurar o escoamento da produção. Na França, eles triplicaram de 1880 a 1914, e é justamente "(...) nesse movimento de expansão dos capitalismos nacionais em escala mundial que se desenvolvem os diferentes surtos de colonização desse período". Diante disso, crescem os conflitos entre as potências capitalistas, as rivalidades nacionais,as alianças e as derrubadas de alianças; agrava-se a situação entre os capitalismos nacionais no final do século XIX e no início do século XX, acentuando-se as rivalidades imperiais, os atritos e os enfrentamentos. Interesses industriais e financeiros, bem como ímpetos patrióticos - mesmo que não constituam a única causa - culminaram na Primeira Guerra Mundial, entre 1914 e 1918. Esses acontecimentos marcam o momento histórico, político, social e econômico que Fayol vivenciou e no qual desenvolveu sua teoria. Indubitavelmente, as mudanças e as revoluções que ocorreram nessa época tiveram grande influência sobre toda a sua obra. DESCRIÇÃO DO TRABALHO DO ADMINISTRADOR O interesse de Fayol girou, em especial, em torno de estudo e da prática no gerenciamento dos níveis superiores da hierarquia, diferentemente de seu contemporâneo, o norte-americano Frederick Winslow Taylor, que focou os níveis inferiores da hierarquia. Clutterbuck e Crainer afirmam que "embora, tanto Taylor quanto Fayol aceitassem a ideia da divisão de trabalho, diferiam sobre por onde deveriam começar as modificações: Fayol começou por cima; Taylor, por baixo". Fayol definiu os cinco elementos da administração, isto é, as cinco atividades que cabem ao administrador: previsão, organização, coordenação, comando e controle. 6 PREVISÃO Prever significa ao mesmo tempo visualizar, avaliar o futuro e prepará-lo. Sua principal manifestação é o desenvolvimento do programa de ação que serve como "carta náutica" para a organização. Ele é, concomitantemente, o resultado esperado pela empresa, o futuro visualizado e traçado e as etapas, as decisões e as ações que a empresa deverá seguir para atingi-lo. O plano de ação é concebido com base nos recursos da empresa (imóveis, matérias-primas e capitais, por exemplo), na natureza e na relativa importância das operações em curso, bem como nas possibilidades futuras. Fayol esclarece que o plano deve ter unidade, continuidade, flexibilidade e precisão. Em resumo, o programa de ação constitui-se no instrumento fundamental de governo e facilita a utilização dos recursos da empresa e a escolha dos melhores meios a empregar para atingir os objetivos organizacionais. Em virtude disso, Fayol atribui grande importância a esse elemento. ORGANIZAÇÃO Fayol definiu que organizar uma empresa "(...) é dotá-la de tudo que é útil ao seu funcionamento: matérias-primas, utensílios, capitais e pessoal". Organizar envolve, ao mesmo tempo, constituir o organismo material e o organismo social. Estabelecido o organismo material, ou seja, os recursos materiais necessários, o corpo social ou pessoal deve executar todas as operações que a empresa demanda. Entretanto, Fayol adverte que não basta agrupar homens e distribuir funções; é preciso que o organismo social se adapte às necessidades da empresa. Ele queria dizer que as pessoas certas deveriam constituir o corpo social e que essas pessoas deveriam ser incumbidas das funções corretas para que a alta produtividade fosse conquistada. Em outras palavras, o indivíduo certo deve executar a função correta no lugar exato, para que atinja o máximo de sua capacidade - o que é, indubitavelmente, um dos interesses dos administradores. Fayol defendeu ainda que a constituição do organismo social, como responsabilidade do administrador, é consideravelmente importante para a empresa. Grande parte do sucesso da organização depende dos indivíduos que a compõem, que, por sua vez, dependem de dirigentes capacitados para executar a seleção e a contratação desses indivíduos. COMANDO Após a constituição do corpo social, é necessário fazê-lo funcionar: eis a missão do comando. No entanto, "essa missão se reparte entre os diversos chefes da empresa, cada um com os encargos e a responsabilidade de sua unidade". Fayol definiu aquilo que o chefe encarregado do comando deve fazer ou possuir: 1 a profundo conhecimento de seu pessoal; 2 a excluir os indivíduos incapazes; 3 a conhecer bem os convênios que regem as relações entre a empresa e seus agentes; 4 a dar o bom exemplo; 5 a fazer inspeções periódicas do corpo social; 6 a reunir seus principais colaboradores em conferências, nas quais se preparam a unidade de direção e a convergência dos esforços; 7° não se deixar absorver pelos detalhes; 8 o incentivar no pessoal a atividade, a iniciativa e o devotamente. Resumidamente, objetiva-se alcançar o máximo de rendimento dos funcionários sob os interesses organizacionais. 7 COORDENAÇÃO Coordenar significa harmonizar todos os atos, tarefas ou atividades da empresa a fim de facilitar o seu funcionamento. Trata-se de proporcionar mecanismos para que o organismo material e social de cada função desempenhe seu papel de maneira segura e econômica. Fayol acrescenta, ainda, que é importante considerar, em qualquer uma das operações - técnica, comercial, financeira ou outra -, as obrigações e as consequências que essa operação acarreta para todas as funções da organização. E o equilíbrio entre as despesas e os recursos financeiros; a disponibilidade de imóveis e de equipamentos e as necessidades de fabricação; o abastecimento e o consumo; as vendas e a produção. Na verdade, "é adaptar os meios ao fim, dar às coisas e aos atos as proporções convenientes". CONTROLE O controle consiste em verificar se as atividades estão em conformidade com o programa adotado, com as ordens dadas e com os planos estabelecidos. Envolve também identificar as falhas e os possíveis erros, a fim de que possam ser corrigidos e evitados. O controle não é restrito às atividades técnicas e deve ser aplicado em toda a empresa. Nas operações administrativas, por exemplo, é preciso se certificar de que o programa de ação da empresa seja cumprido e atualizado e se o organismo social é completo. Sobre todas as funções é (e deve ser) exercido o controle para que haja ajuste entre o plano estabelecido e a prática organizacional. Contudo, Fayol é enfático e veemente sobre a maneira de se desempenhar esta função. Para que o controle tenha, primeiramente, crédito e, em seguida, seja ativo e eficiente, é imperativo que existam a imparcialidade e a impessoalidade por parte do controlador: "o controle é suspeito quando o controlador depende, em qualquer grau, do controlado e mesmo quando apenas existem, entre os dois, relações muito estreitas de interesse, de parentesco ou de camaradagem". CRÍTICAS À DESCRIÇÃO Fayol propôs 14 princípios gerais e cinco elementos como os parâmetros universais da administração: "Fayol acreditava que os mesmos princípios da administração podiam ser aplicados a organizações de todos os tipos, industriais, comerciais, governamentais, políticas ou até mesmo religiosas, indepen- dentemente do seu tamanho". Entre as qualidades e os conhecimentos necessários ao chefe de uma grande empresa, mesmo a um chefe de Estado, e o que se exige de um artesão, chefe e único de sua indústria ou de seu comércio, não há, senão, diferenças degrau. São elementos da mesma natureza, associados a diferentes graus, que constituem o valor dos chefes, grandes e pequenos? Essa "generalização" fez com que Fayol sofresse muitas objeções de pensadores posteriores: O caráter prescritivo desses princípios é evidente. Eles são propostos como receitas para a vida diária do administrador. Por outro lado, o caráter universal desses princípios os tornava muito vagos e pouco indicativos da decisão no momento certo especialmente porque eles podem colidir e autoeliminar-se num dado momento. Mintzberg também fez duras críticas aos elementos de Administração apresentados por Fayol: A verdade é que essascinco palavras (previsão, organização, comando, coordenação e controle), que vêm dominando o vocabulário da administração desde que o industrial francês Henri Fayol as introduziu pela primeira vez em 1916, dizem muito pouco sobre o que os executivos realmente fazem. Na melhor das hipóteses, indicam alguns objetivos vagos adotados pelos executivos em sua rotina. 8 Além da controvérsia sobre a universalidade do fayolismo, existem argumentações contrárias à amplitude de análise do autor. A obra de Fayol discorre sobre as organizações como sistemas fechados, compostos por um número reduzido de variáveis, que podem ser conhecidas, previsíveis e perfeitamente tratadas pelos 15 princípios gerais e universais. Pode-se observar, no texto de Fayol, a ausência de considerações a respeito das relações com clientes, fornecedores, parceiros, concorrentes, enfim, com o mercado no qual as organizações estão presentes. É marcante, ainda, a inexistência de constatações acerca do comportamento e do relacionamento humano e não são consideradas as relações informais que existem entre indivíduos de todos os níveis em todas organizações. Além disso, nota-se que a autoridade era legitimada pelos rígidos planos formais que deveriam ser instituídos pelas organizações. Fayol afirmava que, se "(...) a previsão, a organização, o comando, a coordenação e o controle são exercidos eficazmente em todos os setores da empresa, todas as funções têm desempenho conveniente e a marcha da empresa é satisfatória". Ou seja, se as operações administrativas são bem cumpridas e executadas, consequentemente, conduzirão qualquer tipo de organização - independentemente de suas características ou variáveis inerentes — a elevados níveis de desempenho. Clutterbuck e Crainer expõem que, embora alguns princípios ainda sejam bastante valorizados pelas atuais teorias de gerenciamento — como unidade de comando e responsabilidade seguida da autoridade - "a aplicação das teorias de Fayol ao atual mundo dos negócios é, inevitavelmente, limitada". COMENTÁRIOS SOBRE A DESCRIÇÃO E AS CRÍTICAS Torna-se, portanto, imperativo despir-se de uma visão unilateral e microscópica a fim de se obter uma compreensão mais abrangente dos fatos, das proposições, das considerações e das situações vividas e experimentadas pelos autores, em particular, neste caso, Henri Fayol. FORMAÇÃO DO AUTOR Fayol nasceu em 1841 e aos 17 anos foi para a Escola de Minas, onde concluiu os seus estudos em Engenharia. Eis o primeiro nível ou prisma de análise sobre Fayol: sua formação. Enquanto Frederick W. Taylor e outros engenheiros americanos desenvolviam a chamada Administração Científica nos Estados Unidos, surgia, na França, a Teoria Clássica da Administração, cujo principal representante foi Henri Fayol. Embora ambos, Taylor e Fayol, tivessem a mesma formação - Engenharia -, o primeiro focou seus estudos nas atividades que eram realizadas pelos operários, isto é, nos níveis mais baixos da hierarquia da empresa, por meio da divisão do trabalho e do estudo dos tempos e dos movimentos. De forma diferente, Fayol atentou para as atividades que compunham as funções dos níveis mais elevados da hierarquia, ou seja, as tarefas desempenhadas pelos administradores. Em virtude de seus históricos de formação, torna-se natural que Fayol, assim como Taylor, tenha focado seus estudos em métodos de trabalho ou em melhores formas de executar as atividades. Não seria surpreendente se ele tivesse se debruçado em estudos de tecnologias, por exemplo. Isso comprova que Fayol buscava garantir maior eficiência nas organizações, por meio do estudo e da análise das atividades dos funcionários, e que a especialidade do autor, em função de sua formação, o conduziu a determinados focos de análise e de proposições. ENFOQUE DA ANÁLISE Todos aqueles que contribuem para a Teoria Administrativa o fazem sobre determinados enfoques de análise, isto é, observam os fenômenos de inúmeras formas. 9 E Fayol? Sob qual "óptica" ele desenvolveu a sua teoria? Quais foram "os óculos utilizados por Fayol para melhor enxergar os possíveis problemas e melhorias" nas organizações? Já registramos que Fayol era engenheiro de minas. Dessa forma, grande parte do que ele observou - seu foco de análise - e, posteriormente, expôs para o mundo, está fortemente atrelado a ferramentas, sistematização, parametrização, métodos e procedimentos para executar o trabalho. Logo, seu pen- samento sistemático, de precisão, de uma forma monolítica, provavelmente conformado por sua formação, também não teria relação com a ortodoxia de seus princípios e elementos, constituídos como gerais e universais a todos os tipos de empresas? Fayol, se fosse um psicólogo, não teria focado seus estudos nos aspectos psíquicos ou comportamentais dos indivíduos? Como sociólogo, não deveria atentar para as relações grupais na sociedade? Como economista, seria excepcional dizer que Fayol poderia ter focado seus estudos nos benefícios nos ou rendimentos financeiros? Tendo outro tipo de formação, talvez não tivesse analisado diferentes aspectos em vez de racionalização do trabalho de administradores de empresas? A que ponto quer-se chegar? Grande parte das observações e das considerações apresentadas por pesquisadores e estudiosos são consequência do que, possivelmente, fizeram, da experiência que possuem ou daquilo que eles utilizaram - dos "óculos" utilizados - para enxergar os fenômenos organizacionais. Isso conduz à constatação de que, em uma mesma situação, diferentes indivíduos podem ter diversos níveis de análises e atingir variadas conclusões. Fayol produziu suas teorias marcado por sua história, sua formação e sua trajetória pessoal. CONTEXTO HISTÓRICO, POLÍTICO, ECONÔMICO E SOCIAL Os escritos de Fayol, não de modo diferente dos demais estudiosos, refletem o momento histórico, político, econômico e social no qual ele viveu. Ao assumir uma empresa que de 1885 a 1888 não pagara dividendos e estava declinando rumo à bancarrota, ele desenvolveu e pôs em prática sua teoria, a qual tornou a mineradora bastante rentável e a deixou em uma situação financeira bem confortável. Embora estivesse assumido uma empresa com a situação interna desfavorável, enfrentou uma situação externa caracterizada por sensíveis transformações em diversos aspectos. O momento histórico era marcado por constantes e acentuadas mudanças em âmbito mundial. Na época, havia grande crescimento do número de fábricas, bem como do porte médio e do quadro de funcionários das organizações. Entretanto, o mercado ora estava em ascensão, ora em recessão. Além disso, os conflitos entre nações se intensificavam. Esses fatores exigiam novas maneiras de gerenciar o pessoal e as empresas para que as organizações não se tornassem "inadministráveis", ou mesmo deixassem de existir. E foi exatamente a essa exigência que Fayol procurou atender. Para tanto, criou uma teoria que buscava levar os administradores a melhor compreender e desempenhar as atividades de gerenciamento. E precisamente nesse ponto que se pretende chegar. Os contextos histórico, político, econômico e social foram, e continuam sendo, aspectos que influenciam profundamente as análises e as conclusões dos autores, e isso permite afirmar que, se Fayol estivesse inserido em contextos diferentes, possivelmente sua obra teria proposições e constatações diferentes. MÉTODOS Enquanto estudiosos e pesquisadores posteriores, fossem eles críticos ou simpatizantes da obra fayoliana, desenvolveram seus trabalhos com base em observações ou em análises de diários e de anotações de executivos, Fayol instituiu seus preceitos fundamentando-os em sua prática diária como administradorda mineradora. As dificuldades, as conquistas e as experiências pelas quais ele passou foram marcantes e ampararam toda a sua teoria. Fayol tinha papel ativo nas decisões e nas ações da empresa que foi o estudo de campo que resultou em sua obra, afinal, ele era o administrador da empresa; em outras palavras, ele era um dos próprios 10 seres investigados. Dessa forma, é válido ressaltar que os métodos são, da mesma forma, importantes para a condução de análises de fenômenos administrativos e podem conduzir a conclusões dessemelhantes, dependendo de quais forem utilizados. AUTORIDADE Um aspecto bastante interessante da obra fayoliana é a autoridade, que, de acordo com este autor, deveria ser instituída pelos planos formais que definiam o que os indivíduos deveriam e não deveriam fazer. Na verdade, a definição proposta por Fayol para as regras ou os planos formais que deveriam direcionar as ações e as decisões dos indivíduos era suficiente para impor ordem e a consequente adequação aos objetivos organizacionais. A simples existência de planos seria suficiente para harmonia entre previsão e execução, entre o comandante e o comandado ou entre o chefe e o subordinado. Fayol afirmava que os próprios planos impunham autoridade necessária e moviam as pessoas para a maior eficiência e que, caso não fossem cumpridos, sanções deveriam ser utilizadas. Em outras palavras, refere-se à autoridade impessoal, legitimada pelos planos, em que prevalece aquilo que está instituído, independentemente de quem seja o superior ou o subordinado. VALORES ORGANIZACIONAIS ACIMA DOS VALORES INDIVIDUAIS Alguns pesquisadores e pensadores dos aspectos empresariais expuseram o ininterrupto conflito entre indivíduos e organização, Fayol, no entanto, é enfático em apresentar os indivíduos como seres que são motivados e movidos exclusivamente pelo dinheiro — homo economicus. Nas palavras de um dos maiores sociólogos de todos os tempos, o alemão Max Weber, juntamente com Karl Mannheim, o homo economicus definido por Henri Fayol é o ser cuja racionalidade dominante em suas decisões e ações é a instrumental. Nesse tipo de racionalidade, os meios utilizados para se atingir os fins (que, nesse caso, era apenas o financeiro) não são relevantes, já que a racionalidade instrumental utiliza determinadas condutas visando sempre aos resultados. Os mesmos pensadores Weber e Mannheim expuseram também outro tipo de racionalidade: a substantiva. Esse segundo tipo é aquela dos indivíduos que não buscam apenas atingir seus objetivos (dinheiro, particularmente nesse caso), mas questionam os meios, as maneiras e as formas para alcançá-los. Aspectos como cultura, crenças e, principalmente, valores são fundamentais para as pessoas em que esse tipo de racionalidade é dominante. O fato de se atingir os objetivos, na verdade, é praticamente indiferente. Ao analisar as proposições de Fayol, é possível constatar que ele estava conduzindo os indivíduos a incorporar, por um lado, cada vez mais a racionalidade instrumental e a se despojar, por outro, da racionalidade, cujos valores ou méritos intrínsecos exercem forte influência. O sexto princípio de Administração - subordinação do interesse particular ao interesse geral - comprova essa tendência. Em outras palavras, Fayol estava incentivando os indivíduos a colocar os objetivos organizacionais acima dos pessoais; a trocar os valores individuais pelos valores da empresa, pois, se as organizações contassem com indivíduos que não se prendessem a seus valores pessoais, almejassem apenas o dinheiro e fossem motivados pelo capital, inevitavelmente, a empresa seria mais produtiva, lucrativa e eficiente. Esse pensamento, que revela acentuada impessoalidade e alienação, conduz a um trabalho sem alma, no qual apenas o corpo é exigido e o prazer é extinto; os interesses organizacionais predominam sobre os individuais e cada vez mais os valores do "ser chamado organização" cauterizam os valores do "ser chamado humano". 11 HOMOGENEIDADE Fayol, ao assumir a direção da mineradora em 1888, enfrentava um mercado relativamente homogêneo. Os clientes da época não demandavam elevado mix de produtos, baixos preços e altos níveis de qualidade, como ocorre no início do século XXI. Além disso, não existia a grande quantidade de empresas que compõem o mercado atualmente, competindo por produtos similares. Um exemplo dessa diferença de contexto é que Comamboult - mineradora administrada por Fayol - não possuía grande quantidade de clientes (na verdade, eram algumas ferrovias e siderúrgicas) nem muitos concorrentes. Naquele mercado pouco competitivo, essa empresa detinha praticamente o monopólio e, mesmo em virtude das crises e das mudanças sociais, econômicas e políticas que ocorriam na época, as atividades da empresa praticamente se mantiveram inalteradas. Também não existia a comunicação via satélite, Internet, e-commerce, tampouco, ouvia-se falar em União Europeia, Alca, Nafta, globalização e as poderosas Tecnologias de Informação. Dessa forma, o mercado de atuação de muitas empresas limitava-se a sua cidade ou à região próxima, diferentemente da situação que observamos nos dias atuais, em que praticamente não existem fronteiras limitadoras. Esses fatos influenciaram sensivelmente não apenas a maneira de Fayol administrar a mineradora, mas também a forma prescritiva e normativa utilizada por ele ao propor toda a sua teoria. QUALIDADES E CONHECIMENTOS DESEJÁVEIS AOS EXECUTIVOS Kennedy declara que Fayol acreditava que um administrador obtinha o máximo de desempenho de seus subordinados valendo-se de suas qualidades de liderança, de seu conhecimento da empresa e dos funcionários e da capacidade de incutir um senso de dever. Sob a ótica de Fayol, a primeira condição inerente ao chefe de uma grande empresa é ser um bom administrador. Para isso, ele apresenta as qualidades e os conhecimentos desejáveis a todos os administradores de empresas: 1. saúde e vigor físico; 2. inteligência e vigor intelectual; 3. qualidades morais - perseverança; vontade reflexiva e, se necessário, audácia; coragem ao assumir responsabilidades; sentimento do dever, dentre outras; 4. ampla cultura geral; 5. capacidade administrativa — prever, organizar, comandar, coordenar e controlar; 6. noções gerais sobre todas as funções essenciais; 7. maior competência possível na especialidade profissional característica da empresa. SISTEMATIZAÇÃO DOS CONCEITOS DA TEORIA FAYOLIANA 1. Dentre várias proposições da obra de Fayol, pode-se constatar que ele buscava: 2. substituir o empirismo e a improvisação por ciência; 3. racionalizar o trabalho e atingir alta eficiência; 4. dividir especializar o trabalho; 5. definir e distinguir as capacidades e os conhecimentos necessários aos diferentes cargos e funções; 6. diferenciar habilidades e conhecimentos gerenciais (necessários aos "planejadores" do trabalho) de habilidades e conhecimentos técnicos (necessários aos "executores" do trabalho). 12 CONSIDERAÇÕES FINAIS Henri Fayol é considerado, juntamente com Taylor, um dos fundadores da Teoria da Administração e, de acordo com Kennedy, foi o primeiro a perguntar "o que é administração", a analisar a natureza da atividade administrativa e a formular uma teoria completa da administração. Para Wren, Fayol criou a primeira teoria de gerenciamento por meio de seus princípios e elementos de gerenciamento. Além disso, Fayol justificou a necessidade de se formular uma teoria, pois, "o gerenciamento era uma atividade encontrada em todos os tipos de organizações; a habilidade gerencial tornava-se mais importante à medida que uma pessoa se elevava na hierarquia e o gerenciamentopoderia ser ensinado". Segundo Wren, "a função de gerenciamento de Fayol era uma forma de identificar a administração como algo à parte das atividades técnicas, mas essencial para conquistar economia por meio da integração de ambas". Kennedy sistematizou dessa forma as cinco funções do administrador criadas por Fayol: (...) uma organização começa com um plano estratégico ou uma definição de objetivos, evolui para uma estrutura que visa a colocar esse plano em prática, segue como uma atividade controlada entre administrador e subordinados, tem o trabalho de seus diversos departamentos harmonizado por uma administração coordenada e, finalmente, é sujeita a verificações da eficiência de seu sistema (...) E, com isso, Fayol racionalizou tanto a estrutura da empresa quanto o próprio administrador, mostrando o que e como eles deveriam fazer para serem eficientes. Para um dos principais nomes de toda a Teoria Administrativa, Henri Fayol, o verdadeiro executivo é aquele que executa eficientemente a previsão, a organização, o comando, a coordenação e o controle da empresa. Ao compreender parte do contexto histórico, político, econômico e social vivido pelo autor, bem como sua formação, seu enfoque de análise e os métodos utilizados, chega-se à conclusão de que várias de suas proposições eram cabíveis à época. Da mesma forma, à luz de teorias, pesquisas e estudos posteriores, comprova-se a ineficiência de alguns princípios de Fayol, o que, de maneira alguma, permite desconsiderar completamente o que ele apresentou. O objetivo deste capítulo foi apresentar o notável legado de Fayol, compreendido como fundamental para o desenvolvimento da Administração contemporânea, enfocando, especialmente, sua contribuição sobre o trabalho do administrador. QUESTÕES DO CAPÍTULO 1) Na visão de Fayol, qual era a principal função do administrador? Explique. 2) Discorra acerca dos cinco Elementos da Administração apresentados por Henri Fayol. 3) Fayol definiu aquilo que o chefe encarregado pelo comando deveria fazer ou possuir. Dê exemplos reais de cada uma dessas atitudes ou características. 4) Para Fayol, quais eram as qualidades e os conhecimentos desejáveis a todos os administradores de empresa? Qual(is) delas você acrescentaria e qual(is) eliminaria? Por quê? 5) Relacione a teoria fayoliana ao atual contexto empresarial, justificando o que poderia ser utilizado, aperfeiçoado e eliminado; ou seja, como uma empresa poderia utilizar a Teoria Clássica da Administração nos dias atuais? 13 ESTUDO DE CASO TUDO LIMPO, mas .... Fundada na década de 1980 para atuar no segmento de serviços de limpeza, (em hotéis, empresas e universidades, por exemplo) a TUDO LIMPO S.A. tornou-se uma das maiores e principais companhias do setor no Brasil, tendo em sua carteira de clientes empresas importantes e mundialmente reconhecidas. O aumento do número de habitantes no Brasil, a instalação de diversas multinacionais no país, as mudanças de mercado, as novas formas de competição, a acentuada expansão do setor, o grande incremento de demanda e a eficiente divulgação dos produtos e serviços oferecidos pela TUDO LIMPO S.A., dentre outros fatores, foram propulsores fundamentais para o crescimento exponencial da empresa entre os anos de 2003 e 2005. Porém, em virtude da forma com que esse crescimento aconteceu e, principalmente, pela maneira utilizada pela corporação ao planejá-lo e administrá-lo, alguns problemas surgiram. A TUDO LIMPO S.A. ampliou sensivelmente sua carteira de clientes sem estabelecer uma estrutura capaz de suportar tal ação, ou seja, a empresa crescia sem projetar, avaliar e se preparar para o futuro. Assim, alguns fatos foram observados nesse momento de crescimento exacerbado da corporação: 1. Administração voltada essencialmente à solução de problemas de forma paliativa, momentânea (popularmente conhecida como aquela que apenas "apaga incêndios"); 2. Múltiplas, confusas e ambíguas ordens de comando; 3. Inexistência de coordenação e controle de atividades; 4. Manutenção de estrutura organizacional para atender a uma demanda que exigia uma estrutura muito mais preparada; 5. Ausência de planejamento e de visão de longo prazo. Como consequência, vários problemas surgiram: problemas de comunicação interna e externa; falha na logística; falta de recursos materiais e humanos para a realização do trabalho; contratações urgentes de profissionais indicados por colaboradores do alto escalão o que, em muitos casos, refletiu na utilização de mão de obra desqualificada; ordem dada por um supervisor que, instantes depois, era modificada por um gerente e vice-versa; desperdício de materiais; definição, coordenação e controle de atividades feitas por funcionários novatos e despreparados, devido à negligente execução dessas funções por parte dos profissionais responsáveis; sobrecarga de trabalho de alguns colaboradores e ociosidade de outros; gerência desempenhando funções operacionais em virtude de confuso direcionamento de mão de obra às corretas necessidades, além de problemas de atraso nos pagamentos de compromissos financeiros. Inevitavelmente, esses fatores implicaram na insatisfação de grande parte dos colaboradores (especialmente os de nível operacional), na degradação da imagem da empresa e da qualidade dos produtos e serviços providos, além da perda de significativos clientes e de capitais humanos. Questões 1) Em sua opinião, sob a ótica de Fayol, qual teria sido a maior falha administradores da TUDO LIMPO S.A.? Justifique sua resposta. 2) Relacione os problemas e as consequências que seriam apresentados na TUDO LIMPO S.A. com os cinco Elementos da Administração de Fayol 3) Disserte sobre algumas proposições que, em sua opinião, seriam fundamentais para a TUDO LIMPO S.A. eliminar alguns dos problemas apresentados e desempenhar melhor suas atividades.
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