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Ectoparasitas – Parasitologia Veterinária II (Ícaro Kayyan) - Organismos que habitam a pele de um ou outro organismo, denominado hospedeiro, por determinado período de tempo, dependendo totalmente de seus hospedeiros para fechar o seu ciclo. Considerados doenças parasitárias, a maioria de seus representantes são hematófagos e são, muitas vezes responsáveis pela transmissão de doenças. Holometabólicos: ovo – larva – pupa – imago (formas diferentes em cada estágio). Hemimetabólicos: Um tipo de metamorfose, onde as ninfas e os adultos não diferem quanto à forma e estilo de vida, havendo porém mudanças graduais e inconspícuas no tamanho, desenvolvimento dos ocelos e, finalmente, formação de asas e genitália. Exemplos podem ser encontrados em Orthoptera, Hemiptera, Homoptera. Ametabólicos: São insetos que durante toda a vida não apresentam mudanças fisiológicas, ou seja, não ocorre o processo de metamorfose. 1. Piolhos (Phthiraptera) 2. Pulgas (Siphonaptera) 3. Hemípteros (Heminoptera) 4. Dípteros (Diptera) 5. Miíases (larvas de dípteros) 6. Carrapatos (Ixodida – Ixodidae/Argasidae) 7. Sarnas (Acarina – Astigmata) 1. Phthiraptera * Apresenta corpo deprimido, não possuem asas, são hemimetabólicos (ovo – 3 ninfas - imago). Subordem: Mallophaga Falso piolho; Aparelho bucal mastigador; Cabeça mais longa que o tórax; Olhos compostos; Ectoparasita obrigatório permanente de aves e mamíferos; Nutre-se de produtos epidérmicos. Subordem: Anoplura Piolho verdadeiro; Aparelho bucal picador/sugador; Cabeça mais estreita que o tórax; Olhos ausentes; Ectoparasita obrigatório temporário, remitentes e hematófagos de mamíferos. Subordem: Amblycera Menopon (gallinae) Cabeça alargada e triangular na região temporal; Antena com 4 artículos alojados em fossetas; Parasita galináceos; Localização: penas. Menacanthus (stramineus) Parasita galinhas poedeiras, a debicagem não consegue retirar os piolhos; Cerdas na superfície do mesotórax e metatórax; Duas fileiras de cerdas para trás. Trichodectis (canis) Coloração amarelo claro, com manchas escuras e listras pretas em sua cabeça quadrangular; Corpo largo e piloso; Tarso com uma unha; No macho o primeiro artículo antenal igual ao comprimento dos outros dois; Na fêmea o abdome é mais largo e arredondado que no macho; Parasitam caninos; Localizam-se na pele. Subordem: Ischinocera Damalinea (bovis) Todos os metâmeros abdominais com placas tergais e paratergais; Cabeça mais larga que longa e região anterior arredondada; Antenas semelhantes nos dois sexos; Parasita bovinos. Felicola (subrostratus) Último metâmero com uma placa tergal transversal; Parasita felinos e outros carnívoros; Localiza-se na pele; Região pré antenal retangular. Goniacotes (gallinae) Piolho da penagem de aves domésticas; Menor malófago das aves; Cabeça quase circular; Antena com 5 segmentos; Pouca importância. Goniodes (dissimilis) Maior piolho das galinhas; Cor castanha; Antenas com 5 segmentos; Cabeça com 2 cerdas longas; Abdome largo e arredondado. Leplucus (caponis) Piolho de asa de galinha; Corpo alongado e estreito; Pernas estreitas; Par de pernas posterior 2 vezes o comprimento do par anterior. Columbricola (columbae) Piolho esguio do pombo. Subordem: Anoplura Haematopinus (suis) Cabeça longa e estreita; Tórax mais curto que a cabeça; Três pares de patas iguais; Parasita suínos, equinos e ruminantes. Linognathus (virtuli, pedalis, setosus, stenopsis) Abdome desprovido de placas quitinizadas; Um par de patas menor; Parasita bovinos; Localiza-se no pescoço, barbela e períneo. Solenopotes (capillatus) Parasita bovinos; Localiza-se na cabeça, cauda, pescoço, espáduas e ao redor do ânus. 2. Siphonaptera *Hematófagos, machos e fêmeas, não possuem asas, corpo lateralmente comprimido, anoplura, antenas em fossetas, ectoparasita obrigatório periódico (fase adulta), holometabólico, pernas longas e adaptadas ao salto. Em seu ciclo de vida a fêmea ovipõe no ambiente, as larvas eclodem e se alimentam de matéria orgânica no ambiente, 15 dias depois fazem a pupa, nesse estágio ela pode permanecer encasulada até 6 meses a depender das condições, em boas condições logo eclode e se torna adulto ou imago, os adultos não ficam o tempo todo no animal, eles se alimentam e saem. Família: Tungidae Pulgas semipenetrantes – cabeça, tórax e abdome descobertos Pulgas penetrantes – (Tunga) Cabeça, tórax e grande parte do abdome introduzidos no tecido do hospedeiro, para fora apenas a porção final do abdome para a oviposição. Tunga penetrans (bicho de pé) Parasita suínos, cães e seres humanos; Três segmentos torácicos mais curtos que o primeiro segmento abdominal; Deve ser pequena para conseguir penetrar a pele; Após fecundadas as fêmeas penetram a pele e ovipõem. Família: Pulicidae (Pullex) Não possuem ctenídeos; Maior que a Tunga; Acobreados; Hospedeiros intermediários de Dipilidium caninum; A larva da pulga no ambiente se alimenta dos ovos de DC, dentro da larva se forma o cisticercóide. Quando ele for adulto o cisticercóide eclode liberanado o DC que infecta o cão e o gato no momento em que estes se coçam e ingerem as pulgas infectadas. Parasita homens e suínos, eventualmente cães e gatos; Localiza-se nos pelos; 3 segmentos do tórax mais longos que o primeiro segmento abdominal. Ctenocephalis canis Principal pulga de cães e gatos; Holometabólicos; Ocasionalmente parasitam homens; Localizam-se na pele; HI de Dipilidium caninum (comum) , Dirofilaria immitis (raro) e Dipetalonema reconditum. Xenopsylla Pulga de roedores e homens; Transmissora de peste bubônica; Não possui ctenídeos. 3. Hemípteros *Ectoparasitas obrigatórios temporários, intermitente, tetrápode, hematófago, entomófagos ou fitófagos, hemimetabólicos, achatados dorsoventralmente, ovo – 5 estádios de ninfa – adulto. Família: Reduviidae Panstrongylus: antena próxima aos olhos; Triatoma: antenas no meio; Rhodinus: antena na extremidade da cabeça, longe dos olhos. *Os três gêneros são potenciais transmissores de T. cruzi Família: Cimicidae Gênero: Cimex Parasita aves e mamíferos silvestres. 4. Dipteros *Todos os mosquitos e moscas, picadores e não picadores, responsáveis por ataques de mosca nos rebanhos, hematófagos e holometabólicos. Subordem: Nematocera – antenas com pelo menos 6 segmentos ou mais Subordem: Brachycera (Tabanidae) – maioria possui antenas de 3 segmentos, podendo chegar a 5 Subordem: Cyclorrhapha – antenas com 3 segmentos deitados em uma depressão voltados para baixo. Os representantes Tabanidade tem a capacidade de transmitir doenças uma vez que se alimenta de vários animais (quando não conseguem se alimentar totalmente em um só), o sangue acumulado na sua peça bucal passa mecanicamente de um animal para outro o que pode causar inúmeras doenças. o Aedes x Culex : O Aedes tem a capacidade de ovipor em locais próximos a água e tem uma resistência ambiental muito grande, podendo ficar viáveis por muito tempo fora das condições ótimas, ao contrário do culex, que por não possuir essa resistência, fora da água resseca e morre. Por isso o Aedes é mais importante no caso de transmissãode doenças. Nutrem-se de matéria orgânica em decomposição (Macho) e sangue (fêmeas). Família: Culicidae Conhecido como mosquito; Antenas com 15 a 16 segmentos; Pernas longas Machos com antenas plumosas e fêmeas com antenas pilosas Nutrição por matéria orgânica, seiva e néctar (machos) e sangue (fêmeas). Ovipostura: Anopheles – água parada ou correnteza leve, ovos não resistem a ressecação, postos isoladamente na superfície da água e possuem flutuadores laterais. Aedes – qualquer local com água limpa parada, resistem a ressecação por meses, ovos postos isoladamente mas não possuem flutuadores. Culex – ovos colocados em posição vertical formando jangadas, capazes de flutuar e possuem baixa resistência a ressecação. Larvas: Aquáticas, se alimentam, ápodas, vermiformes, larvas de Culex possuem sifão respiratório. Pupas: forma de vírgula, móvel, não se alimentam, aquáticas. Anopheles Hábito crepuscular e noturno; Transmitem a Malária (Plasmodium vivax) Culex Doméstico Hábitos noturnos Fêmea ovipõe em água pura ou impura Após ovipostura as fêmeas morrem ou vivem muito pouco Transmite elefantíase, filária (Wuchereria sp) Aedes Cada segmento abdominal negro com pontinhos brancos Ovos resistentes à seca Ovos postos em água limpa ou pouco contaminada Hábitos diurnos _____________________________________________________________________________ Família Muscidae *Picadores e não picadores, responsáveis por ataques de moscas nos rebanhos. Musca – veículo de patógenos pelas patas Stomoxys – estábulos Haematobia – chifres Gênero Musca São atraídos por feridas, se alimentam das secreções das mesmas, M. domestica e M. autumnalis, ciclo de 10 a 50 dias, transmissão mecânica de patógenos, poder de disseminar doenças como mastite e conjuntivite, é hospedeiro intermediário de Habronema sp. Gênero Stomoxys calcitrans Parasita a maioria dos animais e homens, tem larga distribuição mundial, é fonte de perturbação para bovinos a pasto, macho e fêmeas são hematófagos, lotes de 25-50 ovos, ciclo de 12 a 60 dias em matéria em decomposição, sua picada é muito dolorosa, transmite mecanicamente patógenos como, Trypanosoma e Anaplasma, causa fortes prejuízos na produção leiteira, por exemplo. Gênero Haematobia irritans Hematófago, mosca do chifre, bubalinos e bovinos, presente em muitas regiões do mundo, fica sobre o dorso do animal, apesar do nome; As fêmeas só ovipõem em fezes frescas, L1, L2, L3, pupa e depois moscas adultas, ciclo completo em torno de uma semana, se alimenta por espoliação sanguínea, provoca irritações intensas e feridas cutâneas, causa miíases por atrair outras moscas, transmite além disso, Stephanofilaria (filarídeo cutâneo de bovino). 5. Miíases Mais importantes: Calliphoridae (varejeira) Cochliomyia hominivorax Cochliomyia macellaria Cuterebridae (berne) Dermatobia hominis Oestridae (Seios nasais de ovinos e caprinos de regiões frias) Oestrus ovis Gasterophilidae (ovipõe na região da boca ou na pata, essas larvas são ingeridas e levadas até a região fundica do estômago, problemas maiores geralmente estão associados a grande quantidade de parasitos) Gasterophilus nasalis Gasterophilus intestinalis Dermatobia hominis (berne) Captura no voo outras moscas e mosquitos, ovipõe no abdome desta outra mosca, logo em seguida essa mosca portando os ovos, vai ao animal se alimentar e as larvas sentem a temperatura e CO2, eclodem e vão para a pele integra e desenvolvem em L1, L2, L3, saem ao solo, se transformam em pupa, para logo então se transformarem em adultos. Oestrus ovis (cavitária dos seios nasais) Mosca não possui aparelho bucal funcional, fêmeas não põem ovos e sim larvas (larviposição) em seios nasais e paranasais de caprinos e ovinos, L3 sai da narina e vai ao chão, forma pupa e logo em seguida mosca adulta e retoma o ciclo. Gastherophilus Ovipõem nos pelos na região do externo ou na boca e vão para o estômago se desenvolver. 6. Carrapatos Ixodides – Ixodidae (duro) e Argasidae (mole). Classe Arachnida Carrapatos moles não possuem escudos e o capítulo é inconspícuo, carrapatos duros possuem escudo e capítulo é conspícuo. Machos possuem escudo por todo o dorso, fêmeas possuem apenas na parte posterior. Possuem cefalotórax e abdome, áceros (sem antenas), possuem órgão de Haller, possuem apêndices cefálicos (um par de quelíceras e palpos), o equivalente ao rostro é o postômio, suas peças bucais são adaptadas a sucção de fluidos, larvas possuem 3 pares de patas e adultos 4, providos ou não de olhos, quando sim, ficam no escudo. Sua respiração é filotraqueal ou cutânea, é de vida livre ou parasitária, parasita mamíferos, aves, répteis, anfíbios e artrópodes, ovo-larva-ninfa-adulto, qualquer destas fases pode parasitar, alimenta-se de sangue, epiderme, pelos, cabelos, substâncias em decomposição. Mecanismo de espoliação: Palpo se abre, quelícera vai para frente e para trás, o hipostômio penetra para fazer a sucção e ejecção de saliva. Ixodidae Possuem olhos, dimorfismo sexual, fêmeas fixam-se no hospedeiro até a fertilização, de inicio a sucção é moderada, posteriormente a sucção é capiosa ou rápida, a cópula acontece no hospedeiro, o macho procura a fêmea e em seguida deposita 2 ou 3 espermatóforos (ampola contendo espermatozoides) no receptáculo seminal da fêmea, isso leva em média 36h, a ovipostura quando a temperatura é baixa se retarda e quando a temperatura é alta se intensifica (<15ºC – 25ºC>). Sendo a teleógina a fêmea ingurgitada (cheia de sangue) e quenógena (fêmea após a ovipostura, seca). Podem se classificar quanto a quantidade de hospedeiros em Mono, Di e Trioxeno. Rhipicephalus (Boophilus) microplus – carrapato do boi, monóxeno, fêmea maior que o macho, quando teleóginas as fêmeas aumentam em até 6x o seu tamanho normal. Transmite tristeza parasitária bovina, Babesia bigenia, Babesia bovis, Anaplasma marginale, além de queda da produção de leite, perda de peso e estresse. Rhipicephalus sanguineus – carrapato que parasita caninos, felinos e carnívoros silvestres. Localiza-se no animal nas orelhas e membros anteriores, é trioxeno. Transmite Babesia canis e Ehrlichia canis. Amblyomma cajannense – carrapato do cavalo ou carrapato estrela, parasita equinos e suínos, é trioxeno, a fêmea teleógina cresce até 4x mais que o seu tamanho natural. Transmite Babesia equi (nutaliose) e Rickettsia parkeri (febre maculosa). Dermacentor nitens – Carrapato da orelha do cavalo, parasita equinos, asininos, bovinos, ovinos e caprinos. 7. Sarnas Ordem Acari, subordem Astigmata. Suas trocas gasosas são realizadas pela superfície do seu corpo, ácaros pequenos, tegumento muito fino é mais propenso a ser parasitado, não apresentam escudo, estigmas respiratórios ausentes, quelíceras em forma de pinças. Família Sarcoptidae (galerias na pele) Gênero Sarcoptes S. scabiei var. hominis S. scabiei var. suis S. scabiei var. bovis Gênero Knemidokoptes Knemidokoptes mutan Gênero Notoedries N. cati var. caniculli Sarcoptes scabiei – corpo arredondado, pernas curtas, espessas e cônicas, patas I e II com ventosas, patas III e IV muito curtas, ciclo de 10 a 13 dias, escavadores, transmissão por contato, se alimentam de linfa e fluidos corporais. Ciclo: fêmea faz galeria e deposita seus ovos, que evoluem para ninfa, que sobem adulta e fazem a cópula, voltam a formar galerias e ovipõem. Notoedriscati – Parasita gatos, coelhos e ratos, fêmeas hematófagas. Knemidokaptes – adultos sempre globosos, pernas curtas, ausência de cerdas e escamas dorsais, macho com ventosas em todas as patas Família Psoroptidae (superfície da pele) Gênero Psoroptidae P. equi var. ovis P. equi var. bovis Gênero Otodectes O. cynotis (orelha de cães, produz secreção escura) Gênero Chorioptes C. bovis – não escavam túneis, seu ciclo é completo na superfície da pele de seu hospedeiro. Psoroptes – corpo ovalado, patas I, II e III longas, patas IV longas. Chorioptes – patas I, II, III curtas, patas IV longas. Machos com patas IV bem menores. Otodectes – Sarna do ouvido do cão, gato, furão. Fêmea com patas I e II com ventosas, III com cerdas e IV curtas / Macho com patas I, II e III com ventosas e IV curtas. Subordem Prastigmata ou Trombidiformes Família Dermodicidae Gênero Dermodex D. folliculorum D. bovis D. canis Família Trombiculidae Gênero Trombicula T. alfredugesi T. batatas Gênero Apolonia A. tigipionses Ciclo de vida: penetra pelo folículo piloso e glândula sebácea, onde começa a se proliferar e se mantém distante o suficiente da superfície onde antiparasitários tópicos não alcançam, e longe o suficiente da camada onde agem os antiparasitários sistêmicos.
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