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Controle do Fluxo Sanguíneo em Tecidos

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Fisiologia I - capítulo 17 (guilherme ferreira morgado)
	Os tecidos dependem do fluxo sanguíneo devido a diversos fatores como o suprimento de oxigênio e de nutrientes, remoção de gás carbônico e hidrogênio e também para o transporte de hormônios. Certos órgãos recebem mais sangue que os demais, como fígado e rim; já os músculos em repouso são os que menos recebem sangue. 
	O fluxo sanguíneo não é mantido constantemente, porque para tal fato ocorrer seria necessária uma quantidade de sangue maior do que o coração consegue bombear. Logo, o fluxo sanguíneo é mantido no nível mínimo suficiente para suprir as necessidades. 
	O controle do fluxo sanguíneo pode ser dividido em agudo e a longo prazo. O agudo é realizado por meio de rápidas variações da vasodilatação ou vasoconstrição local das arteríolas, metarteríolas e esfíncteres. Já o de longo prazo são variações lentas do fluxo, através do número de vasos sanguíneos que suprem os tecidos. 
Controle agudo
	O aumento do metabolismo propicia um aumento do fluxo sanguíneo local, como também se ocorrer uma diminuição da disponibilidade de oxigênio, já que esse é um dos metabólicos mais necessários. Existem duas teorias que explicam esse aumento do fluxo. 1) A primeira é a teoria da vasodilatação para a regulação aguda do fluxo sanguíneo (possível atuação da adenosina) - diz que quanto maior o metabolismo menor a disponibilidade de oxigênio. Então, maior será a formação de substâncias vasodilatadoras, como a adenosina, dióxido de carbono, histamina, íons potássio e hidrogênio. Logo, essas substâncias são liberadas em resposta à deficiência de oxigênio. 
2) A segunda teoria é a da falta de oxigênio para o controle local do fluxo sanguíneo, que afirma que o oxigênio é necessário à contração do músculo vascular. Logo, na ausência desse gás os vasos iriam relaxar, além disso, o aumento do uso de oxigênio pelos tecidos reduziria a disponibilidade do mesmo para o músculo. 
	Além disso, a falta de glicose também pode causar vasodilatação, assim como a falta de outros nutrientes. No beribéri, faltam as vitaminas necessárias à fosforilação induzida pelo oxigênio para a produção de ATP, o que também causa uma vasodilatação local. 
	A hiperemia reativa acontece quando ocorre um bloqueio na irrigação e depois, quando essa for retomada, ocorrerá um aumento do fluxo compensando o tempo em que ele ficou bloqueado. A hiperemia reativa é outra manifestação do controle do fluxo pelos metabólicos, já que a ausência do fluxo põe em ação todos os fatores que provocam vasodilatação, persistindo até para repor o déficit tecidual de oxigênio. 
	A hiperemia ativa ocorre quando, pelo aumento da atividade do tecido, há um aumento do fluxo sanguíneo, uma vez que pela alta atividade as células estas consomem mais nutrientes e também liberam mais substâncias vasodilatadoras, o que causa a vasodilatação e o tecido recebe os nutrientes adicionais. 
	A elevação aguda da PA leva a um aumento do fluxo, mas logo depois esse volta ao normal enquanto que a PA não - isso é chamado de auto-regulação do fluxo sanguíneo. Sendo que existem duas teorias que a explicam: a metabólica e a miogênica. 
	1) Segundo a metabólica, o excesso de fluxo fornece oxigênio em demasia, o que provoca, então, a constrição dos vasos sanguíneos e o retorno do fluxo à faixa normal. 2) Já na teoria miogênica afirma-se que, com a elevada pressão, ocorre um estiramento súbito de pequenos vasos sanguíneos, o que provoca a contração do músculo liso - isso faz a constrição e essa contração é desencadeada pela despolarização induzida pelo estiramento. Esse mecanismo é importante na prevenção do estiramento excessivo do vaso, sendo que ele é mais frequente nas arteríolas. 
	O aumento do fluxo na microcirculação desencadeia um mecanismo que dilata as artérias maiores. As células endoteliais que revestem arteríolas e pequenas artérias secretam substâncias capazes de regular o diâmetro do vaso. Entre elas a mais importante é o fator de relaxamento derivado do endotélio (FRDE), sendo constituído de oxido nítrico. O rápido fluxo sanguíneo provoca um estresse por cisalhamento nas células endoteliais, o que provoca a liberação do oxido nítrico. Com isso o vaso dilata e isso aumenta a eficácia do controle local do fluxo sanguíneo. 
Controle a longo prazo
	Esse tipo de controle é de extrema eficácia na regulação do fluxo, sendo importante quando as demandas metabólicas se alteram a longo prazo. 
	O mecanismo de regulação a longo prazo consiste na alteração da vascularização do tecidos, ou seja, se o metabolismo aumenta, a vascularização também aumenta; já se diminui a vascularização acompanha. Logo, ocorre uma reconstrução física da vasculatura do tecido para atender as demandas. 
	O oxigênio também atua no controle a longo prazo, sendo comprovado em bebês prematuros, que são mantidos em tendas de oxigênio. Depois de retirados ocorre um hipercrescimento nos vasos da retina para compensar a menor oferta, o que pode levar a cegueira. 
	Existem diversos fatores que aumentam o crescimento de novos vasos. Os principais são: o fator de crescimento do endotélio vascular (FCEV), fator de crescimento de fibroblasto e angiogenina. Todos esses fatores angiogênicos fazem com que brotem novos vasos de outros vasos pequenos. Primeiro é dissolvida a membrana basal do endotélio, depois ocorre a divisão das células endoteliais formando cordões que depois originam tubos, que vão se conectar a outro, formando uma alça capilar. Se o fluxo for intenso, células musculares lisas invadem a parede. Alguns hormônios esteróides degradam vasos sanguíneos. 
	A vascularização é determinada pela necessidade máxima de fluxo sanguíneo e não pela necessidade média, o que possibilita aos músculos receberem nutrientes em atividades extremas. Mas esses vasos geralmente encontram-se contraídos, sendo abertos devido à necessidade. 
	Quando uma artéria ou veia é bloqueada, em geral, se desenvolve um novo canal. Primeiramente, há dilatação de pequenas alças vasculares que já conectavam o vaso com a parte de baixo, depois essa abertura colateral se intensifica suprindo metade das necessidades. Esses vasos colaterais continuam a crescer propiciando um fluxo praticamente normal, mas não suprem durante atividades físicas extenuantes. Então, durante um longo período ocorre multiplicação de novos vasos. 
Controle humoral
	Esse controle é feito por substâncias secretadas ou absorvidas como hormônios ou íons. 
	Quando o SNA simpático é estimulado, durante exercício ou estresse, as terminações nervosas liberam norepinefrina, que excita o coração e contrai as veias e arteríolas. Além disso, as adrenais secretam norepinefrina e epinefrina provocando os mesmos efeitos que a estimulação simpática. 
	A angiotensina II é outra substância vasoconstritora atuando nas pequenas arteríolas em todo o corpo, aumentando a resistência vascular periférica e a PA também. 
	A vasopressina, ou hormônio antidiurético, tem efeito constritor ainda mais forte que o da angiotensina II, mas somente pequenas quantidades dessa substância são secretadas. Ela tem a função primordial de aumentar a reabsorção de água pelos túbulos renais. 
	A endotelina, um peptídeo, também tem grande poder de vasoconstrição e está presente nas células endoteliais. Sendo que é liberado pela lesão do endotélio. 
	Diversas substâncias chamadas cininas provocam vasodilatação, como a bradicinina, que provoca a intensa dilatação arteriolar e aumento da permeabilidade capilar. 
	A histamina é liberada mediante lesão ou inflamação do tecido ou por uma reação alérgica. Ela tem a mesma atuação que a bradicinina. 
	Muitos íons atuam na vasodilatação e vasoconstrição. A vasodilatação é provocada por potássio, magnésio, acetato, citrato e gás carbônico. Sendo que o potássio e o magnésio agem diretamente na contração do músculo liso. Já um aumento da concentração de hidrogênio causa dilatação e uma queda constrição.

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