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A AGENDA 21

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Notas de Aulas – Prof. Luiz Azar Miguez
Capítulo 02
A AGENDA 21
	A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento do Rio de Janeiro em 1992 (CNUMAD) reuniu representantes de 178 países, sendo que cerca de 120 eram Chefes de Estado. Simultaneamente, realizou-se o Fórum Global das ONGs, um evento sem precedentes que reuniu mais de 4 000 Organizações Não Governamentais (ONGs), representando as sociedades civis de todo o mundo. À reunião desses dois eventos deu-se o nome de ECO-92.
	Entre os diversos documentos, declarações de princípios e convenções formalizados na ocasião, destacamos os seguintes :
Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento;
Convenção sobre Mudanças Climáticas;
Declaração de Princípios sobre as Florestas;
Convenção sobre a Biodiversidade; e
A Agenda 21, posteriormente denominada Programa 21.
DECLARAÇÃO DO RIO DE JANEIRO
SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO
 
Enumera 27 princípios com o objetivo de orientar a formulação de políticas e acordos internacionais que respeitem o interesse de todos, o desenvolvimento global e a integridade do meio ambiente :
PRINCÍPIO Nº 1 - 0s seres humanos são o centro das preocupações relacionadas com o desenvolvimento sustentável. Eles têm direito a uma vida saudável e produtiva em harmonia com o meio ambiente.
PRINCÍPIO Nº 2 - Em conformidade com a Carta das Nações Unidas e os princípios da lei internacional, os Estados têm o direito soberano de explorar os seus próprios recursos, segundo suas próprias políticas ambientais e de desenvolvimento. e têm a responsabilidade de assegurar que as atividades realizadas sob seu controle ou Jurisdição não causem danos ao meio ambiente de outros Estados ou de zonas que estejam fora dos limites da sua jurisdição.
PRINCÍPIO Nº 3 - 0 direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo que atenda eqüitativamente as necessidades ambientais e de desenvolvimento das gerações presentes e futuras.
PRINCÍPIO Nº 4 - Para alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção do meio ambiente deverá se constituir em parte integrante do processo de desenvolvimento e não devendo ser considerada de forma isolada.
PRINCÍPIO Nº 5 - Todos os Estados e todas as pessoas deverão cooperar na tarefa essencial de erradicar a pobreza como um requisito imprescindível do desenvolvimento sustentável, de modo a reduzir as disparidades nos níveis de vida e atender melhor as necessidades da maioria da população mundial.
PRINCÍPIO Nº 6 - Prioridade especial deverá ser dada à situação especifica e às necessidades dos países em desenvolvimento, principalmente os países menos desenvolvidos e os mais vulneráveis em termos ambientais. As medidas internacionais que vierem a ser adotadas em relação ao meio ambiente e ao desenvolvimento deverão levar em conta os interesses e as necessidades de todos os países. 
PRINCÍPIO Nº 7 - Os Estados deverão cooperar com espírito de solidariedade global para conservar, proteger e restabelecer a saúde e a integridade do ecossistema da Terra. Considerando que os Estados têm contribuído de diferentes modos para a degradação do meio ambiente, eles têm responsabilidades comuns, porém diferenciadas. 0s países desenvolvidos reconhecem a responsabilidade que lhes cabe na busca internacional pelo desenvolvimento sustentável face às pressões sobre o meio ambiente exercidas pelas suas sociedades e pelas tecnologias e recursos financeiros que possuem.
PRINCÍPIO Nº 8 - Para alcançar o desenvolvimento sustentável e uma qualidade de vida melhor para todas as pessoas, os Estados devem reduzir e eliminar os sistemas de produção e consumo não sustentáveis e promover políticas demográficas apropriadas. 
PRINCÍPIO Nº 9 - 0s Estados devem cooperar para fortalecer sua capacitação endógena voltada para o desenvolvimento sustentável, ampliando a compreensão científica através de intercâmbios de conhecimentos científicos e tecnológicos e intensificando o desenvolvimento, a adaptação, a difusão e a transferência de tecnologias, inclusive as novas e inovadoras.
PRINCÍPIO Nº 10 - A melhor maneira de tratar as questões ambientais é através da participação de todos os cidadãos interessados em vários níveis. No nível nacional, todo cidadão deverá ter acesso adequado às informações que as autoridades públicas possuem sobre o meio ambiente, inclusive informações sobre materiais e atividades perigosas para as suas comunidades, bem como a oportunidade de participar dos processos de tomada de decisão. 0s Estados devem facilitar e promover a conscientização e a participação do público, colocando as informações , ao alcance de todos. Deverá ser oferecido o acesso efetivo aos processos administrativos e Judiciais, inclusive o ressarcimento de danos.
PRINCÍPIO Nº 11 - 0s Estados deverão promulgar legislações ambientais eficazes. As normas, os objetivos e as prioridades ambientais devem refletir o contexto ambiental e de desenvolvimento em que se aplicam. Normas aplicadas por alguns países podem ser inadequadas e representar custos sociais e econômicos injustificáveis para outros, principalmente para os países em desenvolvimento.
PRINCÍPIO Nº 12 - 0s Estados devem cooperar para promover um sistema econômico internacional favorável e aberto que propicie o crescimento econômico e o desenvolvimento sustentável de todos os países, para tratar de modo mais adequado a degradação ambiental. Medidas de política comercial para fins ambientais não devem ser instrumentos de discriminação arbitrária ou injustificável, nem formas de restrição disfarçada ao comércio internacional. Devem ser evitadas as medidas unilaterais para solucionar problemas ambientais gerados fora da jurisdição do pais importador. As medidas ambientais voltadas para tratar de problemas globais ou transfronteiriços devem estar, sempre que possível, baseadas em consenso internacional.
PRINCÍPIO Nº 13 - 0s Estados devem desenvolver uma legislação nacional dispondo sobre a responsabilidade e a indenização das vítimas da poluição e de outros danos ambientais. E devem também cooperar de modo mais eficaz para a elaboração de novas normas internacionais suplementares sobre responsabilidade e indenização pelos efeitos adversos dos danos provocados em áreas situadas fora de sua jurisdição pelas atividades realizadas dentro de sua jurisdição, ou sob seu controle.
PRINCÍPIO Nº 14 - 0s Estados devem cooperar de modo efetivo para desestimular ou evitar o deslocamento ou a transferência para outros Estados de atividades ou substâncias que causem degradação ambiental grave ou que sejam nocivas a saúde humana.
PRINCÍPIO Nº 15 - Para proteger o meio ambiente, os Estados devem aplicar do modo mais amplo os princípios da prevenção conforme suas capacidades. Diante da ameaça de dano grave ou irreversível a falta de uma considerável certeza cientifica não deverá ser usada como motivo para adiar a adoção de medidas para evitar a degradação ambiental em decorrência dos seus custos.
PRINCÍPIO Nº 16 - As autoridades nacionais devem promover a internacionalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, considerando que o poluidor deve, em princípio, arcar com os custos da poluição, levando em conta o interesse público sem distorcer o comércio e os investimentos internacionais.
PRINCÍPIO Nº 17 - 0 estudo prévio de impacto ambiental, enquanto instrumento de política nacional, deverá ser elaborado para qualquer atividade ou obra proposta que provavelmente cause impacto negativo substancial ao meio ambiente e que esteja sujeita à decisão de uma autoridade nacional competente.
PRINCÍPIO Nº 18 - 0s Estados deverão notificar imediatamente os outros Estados sobre os desastres naturais e outras situações de emergência que possam causar efeitos nocivos repentinos sobre o meio ambiente destes Estados. A comunidade internacional deverá empreender todos os esforços possíveis para ajudar os Estados afetados.
PRINCÍPIO Nº 19- 0s Estados deverão prestar informação e notificar previamente de modo oportuno os Estados que possam ser afetados pelas atividades passíveis de provocarem significativos impactos ambientais nocivos transfronteiriços, e deverão também realizar consultas em datas acertadas com estes Estados.
PRINCÍPIO Nº 20 - As mulheres desempenharão um papel fundamental na gestão e no desenvolvimento ambientais. Sua participação plena é, portanto, essencial para se alcançar o desenvolvimento sustentável.
PRINCÍPIO Nº 21 - A criatividade, os ideais e os valores da juventude de todo o mundo devem ser mobilizados para construir uma aliança global que vise ao desenvolvimento sustentável e assegure um future melhor para todos.
PRINCÍPIO Nº 22 - 0s povos indígenas e suas comunidades, bem como outras comunidades locais, desempenham um papel fundamental na gestão e no desenvolvimento do meio ambiente, em função de seus conhecimentos e suas práticas tradicionais, 0s Estados devem reconhecer e dar apoio devido à sua identidade, cultura e interesses, e assegurar sua participação efetiva no processo de busca do desenvolvimento sustentável.
PRINCÍPIO Nº 23 - Devem ser protegidos o meio ambiente e os recursos naturais dos povos dominados, submetidos à ocupação e à opressão.
PRINCÍPIO Nº 24 - A guerra é inerentemente inimiga do desenvolvimento sustentável. Assim, os Estados deverão respeitar o direito internacional, promovendo proteção ao meio ambiente em períodos de conflitos armados e cooperar para o seu desenvolvimento no futuro, caso necessário.
PRINCÍPIO Nº 25 - A paz, o desenvolvimento e a proteção ao meio ambiente são interdependentes e inseparáveis.
PRINCÍPIO Nº 26 - 0s Estados devem resolver todas as suas controvérsias ambientais por meios pacíficos e em conformidade com a Carta das Nações Unidas.
PRINCÍPIO Nº 27 - 0s Estados e os povos devem cooperar com boa fé e espirito de solidariedade na aplicação dos princípios consagrados nesta Declaração e no desenvolvimento posterior do direito internacional relativo ao desenvolvimento sustentável.
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AGENDA 21
Resumo e comentários sobre o documento que talvez tenha sido o mais importante documento da ECO-92, atualmente denominado PROGRAMA 21
	Capítulo I – Preâmbulo
	A Agenda começa apontando os graves problemas por que passa a humanidade e faz uma conclamação a todas as nações para se unirem em prol do desenvolvimento sustentável. E adverte para o fato de que o êxito da sua execução é da responsabilidade dos governos e para concretiza-la são cruciais as estratégias, os planos, as políticas e os processos nacionais, sendo que a cooperação internacional deverá complementar e apoiar esses esforços nacionais. 0 sistema da ONU e outras organizações internacionais devem desempenhar um papel importante nessa cooperação. A participação pública e o envolvimento das ONGs devem ser estimulados.
SEÇÃO I 
DIMENSÒES SOCIAIS E ECONOMICAS
	Capítulo 2 - Cooperação internacional para acelerar o desenvolvimento sustentável dos países em desenvolvimento e políticas internas correlatas
	Há a necessidade de se estabelecer uma nova parceria mundial para alcançar o desenvolvimento sustentável, através da liberalização do comércio, livre oferta de recursos financeiros suficientes aos países em desenvolvimento e do estímulo às políticas macroeconômicas internas favoráveis a este tipo de desenvolvimento. 
	A Agenda recomenda um novo multilateralismo, aberto, não discriminatório e eqüitativo. Cabe à economia internacional oferecer um clima internacional propício a realização das metas relativas ao meio ambiente e desenvolvimento.
Os governos devem promover ações junto ao GATT, a UNCTAD e outras instituições econômicas regionais e internacionais pertinentes para estabelecer os seguintes princípios: 
evitar o uso de restrições que incidam sobre o comércio como forma de compensar as diferenças de custos decorrentes da aplicação de normas e regulamentações ambientais distintas;
garantir que estas normas e regulamentações não constituam formas de discriminação arbitrária ou injustificável, ou ainda uma forma disfarçada de restrição comercial;
evitar medidas unilaterais para fazer frente aos problemas ambientais que fujam à jurisdição do pais importador. 
	As medidas ambientais voltadas para problemas transfronteiricos ou mundiais devem, sempre que possível, basear-se em consenso internacional. Quanto à questão da divida extrema, que tem impactos importantes sobre a oferta de recursos financeiros para os países em desenvolvimento, a Agenda praticamente nada acrescenta, mantendo uma posição cautelosa, fazendo recomendações no sentido de estimular as negociações e elogiando os progressos alcançados, mencionando em particular as estratégias adotadas pelo Clube de Paris que representam um desafogo substancial para os países credores mais pobres.
	Capítulo 3 - Combatendo a pobreza
	A pobreza é um problema complexo e multidimensional, com origem ao mesmo tempo nas áreas nacional e internacional, não havendo, para isso, soluções uniformes e universalmente aplicáveis. Qualquer política voltada para a conservação e proteção da natureza deverá levar em conta os que dependem dela para a sua subsistência. Uma estratégia voltada para os problemas do desenvolvimento, da erradicação da pobreza e do meio ambiente, deverá considerar de imediato e simultaneamente os recursos, a produção e as pessoas, bem como questões demográficas, os cuidados com a saúde, a educação, os direitos da mulher, o papel dos jovens, dos indígenas e das comunidades locais, de acordo com processos democráticos de participação, associado ao aperfeiçoamento da sua gestão. 0 objetivo básico de longo prazo é o de capacitar todas as pessoas a atingir meios sustentáveis de subsistência. Política de emprego, de geração de renda, acesso à educação básica, respeito à diversidade cultural, delegação de poderes às comunidades locais são algumas recomendações da Agenda. 
	Capítulo 4 - Mudando os padrões de consumo
	As principais causas da deterioração ininterrupta do meio ambiente são os padrões insustentáveis de consumo e produção, especialmente nos países industrializados. Especial atenção deverá ser dada à demanda de recursos naturais gerada por este tipo de consumo. A mudança dos padrões de consumo exigirá estratégias multifacetadas centradas na demanda, no atendimento das necessidades básicas dos pobres e na redução do desperdício e do uso de recursos finitos no processo de produção. 
	0s objetivos para esta questão são: (1) promover padrões de consumo e produção que reduzam as pressões ambientais e atendam as necessidades básicas da humanidade e (2) desenvolver uma melhor compreensão do papel do consumo e da forma de se implementar padrões sustentáveis de recursos.
	As estratégias sugeridas são, entre outras, as seguintes: 
estimular o uso mais eficiente da energia e dos recursos; 
reduzir os resíduos ao mínimo, estimulando a reciclagem, a redução do desperdício na embalagem dos produtos e a introdução de novos produtos ambientalmente saudáveis; 
usar o poder de compra dos governos para estimular padrões de consumo e produção ambientalmente saudáveis; 
estabelecer políticas de preços que incorporem os custos ambientais (impostos e encargos, sistemas de deposito/restituição etc.), fornecendo indicações aos consumidores e produtores sobre estes custos; 
reforço aos valores que apoiam o consumo responsável através da educação, de programas de esclarecimento público, publicidade de produtos ambientalmente saudáveis etc. 
	Capítulo 5 - Dinâmica demográfica e sustentabilidade
	 0 crescimento da população mundial e da produção associado ao consumo insustentável impõem pressões cada vez mais intensas sobre o meio ambiente. Toma-se necessário desenvolver estratégias para mitigar esses impactos, pois prevê-se uma população superior a oito bilhões de pessoas para o ano 2020, 65% em áreas litorânease 60% em cidades com mais de 2,5 milhões de pessoas. A formulação de políticas nacionais devem levar em conta as tendências e os fatores demográficos, dentro de uma visão abrangente que inclua: mitigação da pobreza; saúde; qualidade de vida; melhoria das condições da mulher e o seu acesso à instrução e ao treinamento profissional, bem como a realização de suas aspirações pessoais e o reconhecimento dos direitos do indivíduo e das comunidades. Essas políticas devem levar em conta as migrações e as populações mais pobres em áreas criticas e grupos vulneráveis. As políticas nacionais de controle demográfico devem estar em conformidade com a liberdade, a dignidade e os valores pessoais dos indivíduos. 
	Capítulo 6 - Protegendo e promovendo as condições da saúde humana
	 0s vínculos entre saúde e melhoria ambiental e sócio econômica exigem esforços intersetoriais, abrangendo: educação, habitação, obras públicas e a participação de grupos comunitários, inclusive escolas, universidades, empresas, organizações religiosas, cívicas e culturais. Deve-se dar especial atenção aos programas preventivos e ao atendimento primário, especialmente nas zonas rurais, como parte do esforço integrado de promoção do desenvolvimento sustentável. A saúde depende de um ambiente propício, da existência de abastecimento seguro de água, de serviços de saneamento, de abastecimento seguro de alimentos e de nutrição.
	A estratégia geral voltada para obter saúde para todos até o ano 2000 inclui os seguintes objetivos: satisfazer as necessidades sanitárias básicas das populações rurais, urbanas e das periferias urbanas; proporcionar serviços especializados de saúde ambiental; e, coordenar a participação dos cidadãos e de todas as áreas relacionadas com a saúde. 
	Além do atendimento primário da saúde, a Agenda estabelece as seguintes áreas programas e suas metas : 
controle das moléstias contagiosas - erradicar a poliomielite até o ano 2000, reduzir em 95 % a mortalidade por sarampo ate 1995, reduzir entre 50 a 70% as mortes por diarréia infantil;
proteção dos grupos vulneráveis (crianças, jovens, mulheres, povos indígenas e os muito pobres) - desenvolver programas para melhorar as condições de saúde nos assentamentos humanos. especialmente nas favelas e para os sem-teto;
saúde urbana e redução dos riscos para a saúde resultantes da poluição e dos perigos ambientais - 10 a 40% de melhoria nos indicadores de saúde urbana; desenvolver tecnologia apropriada para o controle da poluição, fundamentada em pesquisas epidemiológicas e avaliação de risco; desenvolver mecanismos para controlar a distribuição e o uso de pesticidas; desenvolver tecnologias adequadas para a eliminação de lixo solido. 
	Capítulo 7 - Promovendo o desenvolvimento sustentável dos assentamentos humanos
	Os padrões de consumo nos países desenvolvidos representam pressões muito sérias sobre o meio ambiente global, enquanto no mundo em desenvolvimento os assentamentos humanos necessitam de mais matérias-primas e energia para superar o seu subdesenvolvimento. 
	O direito à habitação adequada está consagrado na Declaração Universal dos Direitos Humanos. 0 objetivo geral é melhorar a qualidade de vida, econômica e ambientalmente, bem como as condições de trabalho de todos, especialmente dos pobres tanto nas áreas rurais, quanto urbanas e para tal são as seguintes as áreas programas para os assentamentos humanos : 
oferecer a todos habitação adequada; 
aperfeiçoar o gerenciamento dos assentamentos; 
promover o planejamento e o gerenciamento sustentável do uso da terra;
prover infra-estrutura ambiental integrada (água, saneamento, drenagem, remoção de resíduos etc.); 
prover sistemas sustentáveis de energia e transporte; 
promover atividades sustentáveis na indústria da construção; 
promover o desenvolvimento dos recursos humanos e da capacitação institucionais e técnica para o aperfeiçoamento dos assentamentos humanos. 
	Capítulo 8 - Integração entre meio ambiente e desenvolvimento na tomada de decisão
	Muitos países tendem a separar os fatores econômicos, sociais e ambientais nos seus processos de formulação de políticas públicas, fato este que tem implicações profundas sobre a eficiência e sustentabilidade do desenvolvimento. Deve-se buscar meios para garantir a coerência entre planos, políticas e instrumentos das políticas setoriais, econômicas, sociais e ambientais, inclusive as medidas fiscais e o orçamento, nos diversos níveis de atuação. As áreas de programas para se alcançar uma abordagem integrada são as seguintes: 
exame das políticas, estratégias e planos governamentais visando uma integração gradual entre meio ambiente e desenvolvimento; 
fortalecimento das estruturas institucionais para permitir essa plena integração. através de uma estrutura jurídica e regulamentadora eficaz; 
utilização eficaz dos instrumentos econômicos e dos incentivos de mercado; estabelecimento de sistemas integrados de contabilidade ambiental e econômica. 
	A Agenda reconhece que as leis e regulamentos ambientais, embora importantes, não são capazes de resolver sozinhos os problemas relativos ao meio ambiente e ao desenvolvimento. Preços, mercados, políticas fiscais e econômicas desempenham papel complementar na determinação de atitudes e comportamentos. Dentre estes instrumentos esta o principio do poluidor-pagador e o do usuário-pagador. A idéia é inverter a tendência de tratar o meio ambiente como um bem gratuito, repassando os custos da degradação ambiental para outros setores da sociedade, outros países e outras gerações.
SEÇÃO II
	Capítulo 9 - Proteção da atmosfera
	Para melhorar a compreensão e previsão dos fenômenos atmosféricos e seus impactos sobre os ecossistemas e as conseqüências sobre a saúde e suas interações socio-econômicas, será preciso o aperfeiçoamento da base cientifica de forma a reduzir as incertezas e embasar as tomadas de decisões. 
	A promoção do desenvolvimento sustentável pode ser capaz de minimizar os impactos adversos sobre a atmosfera, aumentando a eficiência na produção e consumo de recursos, aperfeiçoando a tecnologia de redução da poluição e desenvolvendo novas tecnologias limpas e ambientalmente saudáveis.
	A prevenção da destruição da camada estratosférica de ozônio, devido as substancias como os CFCs, halogêneos etc., tem por finalidade mitigar os efeitos adversos da radiação ultravioleta que atinge a superfície da Terra em decorrência da destruição e modificação da camada de ozônio. 
	Para o combate à poluição transfronteiriça a Agenda recomenda estabelecer e fortalecer os acordos regionais, como por exemplo a Convenção da Comissão Econômica Européia sobre Poluição Atmosférica Transfronteiriça de Longo Alcance, de 1979.
	Capítulo 10 - Abordagem integrada do planejamento e gerenciamento dos recursos terrestres
	Estabelecimento e fortalecimento das estruturas políticas, procedimentos e métodos de planejamento com vistas ao desenvolvimento de abordagens integradas de planejamento e gerenciamento dos recursos terrestres (solo, minerais, água, biota etc.). 	Criar mecanismos para facilitar a intervenção e a participação ativa de todos os interessados, especialmente as comunidades e populações locais, nos processos de tomada de decisão relativas ao gerenciamento do uso da terra. 
	Capítulo 11 - Combate ao desflorestamento
	Manutenção dos múltiplos papéis e funções de todos os tipos de florestas, terras florestais e regiões de mata. 0s objetivos relativos a essa área são: 
reforçar as instituições nacionais ligadas a essa questão; 
ampliar o âmbito e a eficácia das atividades de manejo, conservação e desenvolvimento sustentável das florestas; 
garantir a produção e utilização sustentável dos bens e serviços florestais; 
fortalecer e aumentar a aptidão e os conhecimentos especializados para formular e implementar planos, programas, pesquisas e projetos de manejo, conservação e desenvolvimentode florestas e correlatos. 
	 As atividades recomendadas envolvem :
estimulo ao ensino e pesquisa;
a coleta, compilação e divulgação de dados; 
fortalecimento das estruturas e mecanismos administrativos governamentais, inclusive fornecendo pessoal, instalações e equipamentos;
promoção da participação do setor privado, sindicatos, cooperativas rurais, comunidades locais, populações indígenas, ONGs, grupos de usuários etc. nas atividades florestais.
	A Agenda prevê um programa para o manejo, conservação e provisão de cobertura vegetal para áreas degradadas por meio de reabilitação, florestamento e reflorestamento. 0s objetivos relacionados a esse aspecto do gerenciamento dos recursos terrestres são: 
manter as florestas existentes e expandir as áreas florestais; 
planejar e implementar planos de ação para o manejo, conservação e desenvolvimento sustentável de florestas; 
manter e aumentar as contribuições ecológicas, biológicas, climáticas, socioculturais e econômica das florestas; 
apoiar a adoção dos princípios da Declaração sobre Florestas, aprovados na CNUMAD. 
	Exemplos de atividades recomendadas: 
replantar árvores em áreas-tampão e de transição (montanhas, terras altas, degradadas e outras) para combater a desertificaçao;
formular e implementar programas nacionais para florestas plantadas; 
aumentar a proteção contra poluentes, incêndios, pragas, extração ilegal e a introdução não controlada de espécies exóticas.
	Para o aproveitamento e uso dos recursos das florestas, recomenda-se atividades tais como: 
promover e apoiar o turismo ecológico;
aperfeiçoar as indústrias de processamento de recursos florestais;
promover o uso de produtos florestais alternativos à queima para produção de energia, por exemplo, plantas medicinais, tinturas, fibras, gomas, resinas, forragens etc. 
Fortalecimento da capacidade de planejar, avaliar e acompanhar programas, projetos e atividades florestais e correlatas, através da avaliação e observação sistemática de sistemas de valoração de recursos florestais e maior acesso à informação por parte da comunidade de interessados, objetivando alcançar uma abordagem holística para o planejamento e programação de atividades. 
	Capítulo 12 - Manejo de ecossistemas frágeis: a luta contra a desertificação e a seca
	São ecossistemas frágeis os desertos, as terras semi-áridas, as montanhas, as terras úmidas, as ilhotas e determinadas áreas costeiras. A maioria desses ecossistemas tem dimensões regionais e transcende as fronteiras nacionais. A desertificação, que resulta de múltiplos fatores, inclusive das variações climáticas e das atividades humanas, atinge atualmente 1/6 da população e se estende por cerca de 1/4 da superfície terrestre. 
	No combate à desertificação, as prioridades são os programas de natureza preventiva para as terras não atingidas ou levemente degradadas:
fortalecimento da base de conhecimentos e desenvolvimento de sistemas de informação e de monitoramento para as regimes propensas a desertificação e seca; 
combate à degradação do solo : a)para as áreas não afetadas, ou levemente afetadas, esse programa objetiva implantar um manejo apropriado das formações naturais visando a conservação da biodiversidade, a proteção das bacias hidrográficas, e a sustentabilidade da produção; e, b)para as terras secas e seriamente desertificadas o objetivo é a sua regeneração visando ao uso produtivo, empreendendo programas acelerados de florestamento e reflorestamento usando espécies resistentes à seca e de crescimento rápido, implantando urgentemente medidas preventivas introduzindo melhores praticas de uso da terra, promovendo fontes de energia que aliviem as pressões sobre os recursos florestais.
fortalecimento dos esforços de desenvolvimento integrados para erradicar a pobreza e promover sistemas alternativos de subsistência em áreas propensas a desertificação;
desenvolvimento de programas antidesertificação abrangentes e sua integração aos planos nacionais.
desenvolvimento de planos abrangentes de preparação para a seca e esquemas de mitigação dos seus resultados, bem como para atender os refugiados ambientais. 
promoção da participação popular e da educação ambiental centrada no controle da desertificação e no manejo dos efeitos da seca, não apenas como uma solidariedade teórica, mas um envolvimento concreto e ativo calcado no conceito de parceria.
	Capítulo 13 - Gerenciamento de ecossistemas frágeis: desenvolvimento sustentável das montanhas
 As montanhas são fontes importantes de água, energia, diversidade biológica, minérios, produtos florestais e ar, além de proporcionar lazer. No entanto, elas são vulneráveis à erosão, deslizamentos de terra e perda da biodiversidade. Entre os habitantes das montanhas verifica-se um estado generalizado de pobreza e de perda do conhecimento autóctone. Mais da metade da população mundial é afetada de alguma maneira pela ecologia das montanhas: cerca de 10 % da população mundial vivem em áreas montanhosas e 40% em áreas adjacentes às bacias hidrográficas aí formadas. Uma área-programa para esse ecossistema frágil tem por objetivo ampliar os conhecimentos sobre a sua ecologia e o desenvolvimento sustentável dos seus ecossistemas. incluindo atividades como: incentivar o uso de tecnologias inócuas e praticas de manejo e conservação, incentivar a diversificação da economia, estabelecer reservas naturais e estabelecer mecanismos de cooperação e intercâmbio entre instituições dedicadas aos ecossistemas frágeis.
	Promoção do desenvolvimento integrado das bacias hidrográficas e de meios alternativos de subsistência. Para isso, os governos devem adotar medidas para evitar a erosão do solo, estabelecer comitês para o desenvolvimento integrado das bacias, estimular a participação popular no gerenciamento dos recursos locais através de uma legislação apropriada. empreender atividades geradoras de rendimentos em indústrias familiares e processamento agrícola, apoiar as ONGs e os grupos privados que colaboram com as comunidades locais na preparação de projetos que propiciem o desenvolvimento participativo dos habitantes locais.
	Capítulo 14 - Promoção do desenvolvimento rural e agrícola sustentável
	 A agricultura encontra-se diante do imenso desafio de aumentar a produção da terra sem provocar a sua exaustão. 0 principal objetivo do desenvolvimento rural e agrícola é aumentar a produção de alimentos de modo sustentável e incrementar a segurança alimentar. Com o objetivo de manter uma razão homem/terra sustentável, necessitamos da revisão, planejamento e programação integrada da política agrícola com vistas a elaborar recomendações que contribuam diretamente para o desenvolvimento de planos e programas de médio e longo prazos realísticos e operacionais. Para isso, os governos devem, entre outras atividades: 
analisar suas políticas agrícolas e de segurança alimentar; 
implementar políticas que influenciem positivamente a ocupação da terra;
considerar as tendências demográficas, os movimentos populacionais e as áreas criticas para a produção agrícola;
analisar a política em vigor no que diz respeito à melhoria das colheitas, armazenamento, processamento, distribuição e comercialização nos planos local, regional e nacional;
formular e implementar projetos agrícolas integrados que incluam outras atividades como manejo de pastagens, florestas etc.
obtenção da participação popular e desenvolvimento de recursos humanos - quanto maior for o grau de controle da comunidade sobre os recursos de que depende, maior será o estímulo ao desenvolvimento econômico e dos recursos humanos;
enfatizar as praticas de manejo, os direitos e deveres relacionados com o uso da terra e os acordos que modifiquem as formas de utilizar os recursos;
atividades para fortalecer e melhorar os serviços e instalações integrados de extensão agrícola;
reorientar as medidas existentespara ampliar o acesso à terra, à água, e aos recursos florestais, assegurando direitos iguais para as mulheres e outros grupos desfavorecidos;
melhora da produção agrícola e dos sistemas de cultivo por meio da diversificação do emprego agrícola e não-agrícola e do desenvolvimento da infra-estrutura;
melhoria da produtividade agrícola, o aumento da diversificação e da eficiência e a segurança alimentar em termos sustentáveis, a busca da auto-suficiência dos agricultores e a criação de empregos, especialmente para as populações mais pobres. 
promover e melhorar as redes financeiras rurais: fornecer infra-estrutura indispensável ao acesso aos insumos, aos serviços agrícolas e aos mercados, realizar pesquisas e difundir tecnologias de manejo agrícola integrado etc. 
utilizar os recursos terrestres através do planejamento, informação e educação, envolvendo os agricultores nesse processo, e estabelecer organismos nacionais e locais de planejamento agrícola.
conservação e reabilitação das terras degradadas, objetivando a realização de levantamentos detalhados a respeito da sua extensão, localização e gravidade, e a implementação de programas para recupera-tas, bem como para proteger as terras ameaçadas;
conservação e utilização sustentável dos recursos genéticos vegetais para a produção de alimentos e a agricultura sustentável com o objetivo fundamental de salvaguardar os recursos genéticos do mundo e ao mesmo tempo preservá-los para o uso sustentável: isso requer medidas que facilitem a conservação “in situ”, o desenvolvimento de coleções “ex situ” e bancos de germoplasmas;
fortalecer a pesquisa no setor público, desenvolver serviços de multiplicação e propagação, intercâmbio e difusão de recursos genéticos, promover a utilização de plantas e cultivos pouco conhecidos mas potencialmente úteis 
conservação e utilização sustentável dos recursos genéticos animais: enumerar e descrever todas as raças de gado utilizadas na pecuária da forma mais abrangente possível, estabelecer e implementar planos de ação para identificar raças ameaçadas, bem como a natureza da ameaça e as medidas de preservação e, estabelecer programas de desenvolvimento de raças autóctones com o objetivo de garantir a sua sobrevivência e evitar o risco de que elas venham a ser substituídas por outras raças ou programas de cruzamento de raças.
manejo e controle integrado das pragas da agricultura : estimativas conservadoras demonstram que as perdas pró e pós-colheita causadas pelas pragas atingem entre 25 e 50%. As pragas também afetam a saúde animal e causam perdas significativas. 0 uso excessivo do combate químico produz efeitos adversos sobre a saúde, o ambiente e os orçamentos agrícolas. A melhor opção e o manejo integrado das pragas que minimiza o uso de pesticida, associando controle biológico, resistência das plantas hospedeiras e praticas agrícolas adequadas;
ações visando assegurar o uso seguro e adequado dos pesticidas, adotar sistemas para controlar e monitorar a incidência de pragas, estimular a pesquisa e desenvolvimento de pesticidas seletivos que se tornam inócuos após o uso e assegurar que os rótulos dos pesticidas ofereçam aos agricultores informações compreensíveis sobre o seu manejo, aplicação e eliminação de modo seguro; 
atacar o problema do esgotamento dos nutrientes do solo face às demandas crescentes por alimento, promovendo a nutrição sustentável das plantas para aumento da produção alimentar, com uma abordagem integrada que assegure suprimentos sustentáveis de nutrientes sem danos para o meio ambiente e a produtividade do solo como, por exemplo, manter a fertilidade do solo, integrar as fontes orgânicas e inorgânicas de nutrientes e estimular os processos de reciclagem de resíduos;
diversificação da energia rural objetivam estimulando os processos de transição energética que substituam as fontes não sustentáveis, aumentando os insumos energéticos para atender as famílias rurais e implementando programas que favoreçam a auto-suficiência energética das áreas rurais em bases sustentáveis. 
	A avaliação dos efeitos da radiação ultravioleta decorrente da degradação da camada de ozônio estratosférico sobre plantas e animais envolve a ampliação dos conhecimentos, via pesquisa, nas regiões mais afetadas, principalmente no Hemisfério Sul onde este problema é mais grave. A propósito, a “Nuestra Propia Agenda Para a América Latina e Caribe” mostra uma grande preocupação quanto a ampliação das áreas afetadas pela destruição da camada de ozônio, podendo atingir superfícies ainda maiores na Argentina e Chile e podendo estender-se para áreas do Brasil e Uruguai .
	Capítulo 15 - Conservação da diversidade biológica
	Além de apoiar a Convenção sobre Diversidade Biológica, aprovada em junho de 1 992 , por 157 países, apresentam-se como objetivos; 
desenvolver estratégias nacionais para a conservação da diversidade biológica;
reconhecer e fomentar os métodos tradicionais e os conhecimentos das popu1ações indígenas e suas comunidades para a conservação da diversidade biológica e o seu uso sustentável, enfatizando o papel especifico das mulheres; 
implementar mecanismos para melhoria, geração, desenvolvimento e uso sustentável da biotecnologia e para a sua transferência segura;
adotar medidas apropriadas para a repartição justa e eqüitativa dos benefícios advindos da pesquisa e desenvolvimento na área do uso dos recursos biológicos e genéticos, inclusive da biotecnologia. 
	
	Capítulo 16 - Manejo ambientalmente saudável da biotecnologia
	A contribuição da biotecnologia para o desenvolvimento e o meio ambiente promete ser significativa para a saúde, a segurança alimentar, o abastecimento de água potável, a eficiência dos processos industriais, os métodos sustentáveis de florestamento e reflorestamento, a desintoxicação de resíduos perigosos etc. E também oferece novas oportunidades de parcerias globais, especialmente entre países ricos em recursos biológicos, mas carentes de capacitação científica e tecnológica, e os que desenvolveram a capacitação tecnológica para transformar recursos biológicos.
Em relação aos alimentos espera-se, na medida do possível, aumentar o rendimento dos principais cultivos, da criação de gado e das espécies agrícolas, mediante uso combinado dos recursos da moderna biotecnologia e do aperfeiçoamento tradicional de plantas, animais e microorganismos. Espera-se reduzir a necessidade de aumentar o volume da produção de alimentos, forragens e matérias-primas, melhorando o valor nutritivo das culturas, animais e microorganismos utilizados, bem como reduzindo as perdas pós-colheita dos produtos agrícolas. Outros objetivos são: aumentar o uso de técnicas de manejo integrado de pragas; aumentar a eficiência da fixação de nitrogênio e da absorção de minerais via simbiose de plantas superiores com microorganismos: e ampliar a capacitação em ciência básica e aplicada e no manejo de projetos complexos de pesquisa interdisciplinar. 
	Para a saúde, a biotecnologia deve contribuir para: reforçar ou criar programas que ajudem no combate as principais moléstias contagiosas; promover a boa saúde das pessoas de todas as idades; melhorar os programas para o tratamento específico das principais moléstias contagiosas.
A contribuição da biotecnologia para a proteção do meio ambiente envolve a adoção de processos de produção que otimizem os recursos naturais por meio da reciclagem da biomassa, da recuperação da energia e da minimização da geração de resíduos. Envolve a promoção do uso da biotecnologia na conservação e reabilitação dos solos e nos processos de florestamento e reflorestamento. Entre as atividades recomendadas merecem ser citadas as seguintes: desenvolver processos biotecnológicos para remover poluentes, onde as técnicas convencionais forem caras, indisponíveis, ineficientes ou inadequadas; promover o uso adequado de fertilizantes biológicos; desenvolver tecnologias facilmente aplicáveis para o tratamentode esgotos e dos resíduos orgânicos; promover novas biotecnologias para a extração de recursos minerais.
Uma questão polêmica com respeito a biotecnologia concerne ao direito de propriedade intelectual sobre os conhecimentos resultantes das atividades de P&D e suas aplicações. 0s países desenvolvidos defendem a ampliação desses direitos, enquanto os demais, principalmente os que detém significativos recursos genéticos naturais, mantém uma posição dúbia ou cautelosa sobre esta questão. 
	Capítulo 17 - Proteção dos oceanos, de todos os tipos de mares e das zonas costeiras
0 meio ambiente marinho (oceanos, mares e zonas costeiras adjacentes) forma um todo integrado e constitui um componente essencial do sistema que possibilita a existência de vida sobre a Terra, além de ser uma riqueza que oferece possibilidades para o desenvolvimento sustentável. Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, de 1982, constitui o grande marco institucional para a proteção do meio ambiente marinho e costeiro e ordenamento do uso dos seus recursos. 0 Brasil ratificou essa Convenção em 1988.
	Mais da metade da população mundial vive num raio de 60 km do litoral e este total pode se elevar a 75% em poucos anos, sendo que os ambientes costeiros e seus recursos experimentam acelerados processos de degradação. 
É crucial proteção do meio ambiente marinho, cuja degradação depende de múltiplos fatores, sendo que os de origem terrestre contribuem com 70% da poluição: o transporte marítimo e as descargas no mar, 20%. 0s poluentes que apresentam maior ameaça são: esgotos, nutrientes, compostos orgânicos sintéticos, sedimentos, lixo e plásticos, metais, radionucleotídeos, petróleo e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. Muitos destes poluentes apresentam, além de toxicidade, persistência e bioacumulação na cadeia alimentar. Essa poluição também pode ocorrer em decorrência de atividades em terra, como o uso da terra para fins agrícolas, construção de infra-estrutura costeira, desenvolvimento urbano, turismo etc. e não existe plano algum de caráter mundial para os problemas da poluição marinha de origem terrestre. Estima-se que 600 mil toneladas de petróleo são despejados no mar anualmente em decorrência do transporte marítimo. Para impedir essa degradação é necessária uma abordagem preventiva e integrada com as demais políticas ambientais, tais como as que enfatizam o uso de tecnologias limpas, a realização de estudos para avaliação prévia de impactos ambientais e melhoria do nível de vida das populações costeiras.
Com relação ao uso sustentável e conservação dos recursos marinhos vivos de alto mar, tratamos basicamente da pesca de alto mar, uma atividade que representa cerca de 5% de toda atividade pesqueira mundial. Apesar da Convenção das Nações Unidas sobre Direitos do Mar, o gerenciamento deste tipo de pesca é inadequado na maioria das áreas. Ha problemas de pesca não regulamentada de dimensão excessiva da frota, de troca de bandeira para fugir à fiscalização, de bancos de dados pouco confiáveis e de insuficiente cooperação entre os estados signatários. Para isso e necessário que os Estados, em conformidade com a legislação internacional, tomem medidas eficazes para monitorar e controlar as atividades pesqueiras por parte das embarcações que levem suas bandeiras: proibir o uso de dinamite, veneno e outras praticas equivalentes; proteger e restaurar as espécies ameaçadas; negociar acordos internacionais para o gerenciamento e a conservação eficazes dos estoques pesqueiros.
	Em relação aos recursos marinhos vivos sob jurisdição nacional, de onde provém 95% da pesca mundial, os problemas não são menores: pesca excessiva, incursões não autorizadas de frotas estrangeiras, degradação dos ecossistemas, supercapitalização e tamanho exagerado das frotas, a competição crescente entre a pesca artesanal e a de grande escala, bem como entre a pesca e outras atividades.
	Os habitats marinhos, como os recites de coral, manguezais e estuários, que estão entre os ecossistemas mais diversificados, integrados e produtivos da Terra, encontram-se em muitas partes ameaçados ou submetidos a intensas pressões. Entre outras providencias, os estados devem se comprometer a utilizar esses recursos de forma sustentável, levando em conta, nos seus programas de desenvolvimento e gerenciamento, os conhecimentos tradicionais, os interesses das comunidades locais, dos pequenos empreendimentos de pesca artesanal e dos povos indígenas. 
	Os ambientes marinhos são muito vulneráveis à mudança do clima e das condições atmosféricas e persistem muitas incertezas quanto aos danos que isso pode provocar. Aumentos de pequena monta no nível do mar podem provocar danos significativos em pequenas ilhas e faixas litorâneas. As estratégias a serem adotadas devem apoiar-se em dados sólidos, Dai a necessidade de ampliar a cooperação internacional e reformar o papel das organizações internacionais na coleta, análise e tratamento de dados relativos ao clima e aos oceanos e com relação às pequenas ilhas, particularmente os pequenos Estados insulares. Estas ilhas são extremamente vulneráveis ao aquecimento global da Terra e à conseqüente elevação do nível dos mares.
	0 fortalecimento da cooperação internacional constitui um meio importante para complementar os esforços nacionais e promover os intercâmbios necessários para formular e implementar planos e programas regionais, sub-regionais etc.
 
	Capítulo 18 - Proteção da qualidade e do abastecimento dos recursos hídricos
	A água é necessária em todos os aspectos da vida. 0 objetivo geral é assegurar uma oferta adequada de água doce de boa qualidade para toda a população do Planeta, preservando, ao mesmo tempo, as funções hidrológicas, biológicas e químicas dos ecossistemas, adaptando as atividades humanas aos limites da capacidade da natureza e combatendo vetores de moléstias relacionadas com a água. 
	A escassez generalizada, a destruição gradual e o agravamento da poluição dos recursos hídricos em muitas regiões do mundo, ao lado da implantação progressiva de atividades incompatíveis, exigem o planejamento e manejo integrado desses recursos. Tal integração deve cobrir todos os tipos de massas inter-relacionadas de água doce, incluindo as superficiais e as subterrâneas, levando em consideração aspectos quantitativos e qualitativos. Deve-se ainda reconhecer o caráter multissetorial do desenvolvimento dos recursos hídricos no contexto do desenvolvimento sócio - econômico, bem como os interesses múltiplos da sua utilização: abastecimento de água potável, saneamento, agricultura, desenvolvimento urbano, geração de energia hidroelétrica, pesqueiros de águas interiores, transporte, recreação, manejo de terras baixas e planícies etc. 
	0 manejo integrado dos recursos hídricos baseia-se na percepção da água como parte do ecossistema, como um recurso natural e um bem econômico e social cujas quantidade e qualidade determinam a natureza da sua utilização. A água doce, um recurso finito, altamente vulnerável e de múltiplos usos, deve ser gerida de modo integrado, o que exige mecanismos eficazes de coordenação e implementação. A fragmentação da responsabilidade entre órgãos setoriais constitui um impedimento ao manejo integrado. Ao desenvolver e usar os recursos hídricos, deve-se dar prioridade a satisfação das necessidades básicas e a proteção dos ecossistemas. Uma vez satisfeitas essas necessidades. os usuários da água devem pagar tarifas adequadas. Esse manejo integrado deve ser feito ao nível de bacia ou sub-bacia de captação. Quatro objetivos principais devem ser perseguidos: promover uma abordagem dinâmica, interativa e multissetorial do manejo dos recursos; fazer planos para utilização, proteção, conservação e manejo sustentável e racional desses recursos baseados nas necessidades e prioridades da comunidade, dentro do quadro da política nacional de desenvolvimento econômico; traçar, implementar e avaliar programas e projetos economicamente viáveise socialmente adequados, baseados numa abordagem que induza ampla participação pública na formulação das políticas e tomadas de decisão; e identificar, fortalecer ou desenvolver os mecanismos institucionais, legais e financeiros adequados à política hídrica. A avaliação dos recursos hídricos, constitui a base pratica para o seu manejo integrado e sustentável.
	A proteção dos recursos hídricos, da qualidade da água e dos ecossistemas aquáticos parte do princípio de que a água doce é um recurso indivisível e que a interligação complexa dos sistemas de água doce exige um manejo holístico, fundamentado no exame equilibrado das necessidades da população e do meio ambiente. 0s objetivos dessa área são os estabelecidos na Conferência das Nações Unidas Sobre a Água, de Mar del Plata, a saber: avaliar as conseqüências da ação dos vários usuários da água sobre o meio ambiente, apoiar medidas destinadas a controlar as moléstias relacionadas com a água e proteger os ecossistemas. 
	Para integrar os elementos de qualidade da água com o manejo integrado são necessárias as seguintes atividades: manutenção da integridade dos ecossistemas, incluindo os seres vivos; proteção da saúde pública através do suprimento adequado de água potável e do controle dos vetores insalubres no ambiente aquático; e, capacitação de recursos humanos. As atividades decorrentes desses objetivos envolvem ações para proteger e recuperar mananciais, controlar a poluição hídrica, reduzir a incidência das moléstias associadas à água, aplicar o principio do poluidor-pagador, identificar e aplicar as melhores praticas ambientais, bem como desenvolver novas tecnologias limpas.
	Abastecimento de água potável e saneamento constituem os objetivos prioritários das políticas hídricas. Estima-se que 80% de todas as moléstias e mais de 1/3 dos óbitos nos países em desenvolvimento sejam causados pelo consumo de água contaminada. 0s objetivos dessa área - programa são os estabelecidos na Declaração de Nova Deli sobre Água e Saneamento de 1990. Essa Declaração formalizou a necessidade de oferecer, em bases sustentáveis, acesso à água salubre em quantidade suficiente e saneamento adequado para todos, enfatizando o seguinte princípio: agir para todos em vez de mais para alguns. 
	Estima-se que no inicio do século XXI estarão vivendo nas zonas urbanas mais da metade da população mundial. 0s objetivos específicos fixados para o saneamento destas regiões foram os seguintes: (1) garantir que todos os residentes das zonas urbanas tenham acesso a pelo menos 40 litros per capita todo dia de água potável e que 75% da população disponha de serviço de saneamento, próprio ou comunitário; (2) estabelecer e aplicar normas qualitativas e quantitativas para o despejo de efluentes municipais e industriais; e (3) garantir que 75% dos resíduos sólidos gerados nas zonas urbanas sejam recolhidos e reciclados, ou eliminados de forma ambientalmente segura.
	Face às necessidades decorrentes do uso agrícola e pastoril e às de proteção dos ecossistemas, objetiva-se a busca de um equilíbrio entre as necessidades de abastecimento e saneamento, estabelecendo, por exemplo, medidas de manejo conjunto do uso da terra e dos recursos hídricos para aumentar a eficiência do uso da água de irrigação e evitar a erosão do solo, os alagamentos, a sedimentação, a salinização e os efeitos nocivos dos agrotóxicos e fertilizantes. Dentre as atividades que contemplam tais objetivos, estão ações relativas ao abastecimento de água e saneamento para os pobres da zona rural, manejo de recursos escassos, abastecimento de água para os rebanhos, pesca em águas interiores, desenvolvimento da aquicultura. 
	Os impactos da mudança climática sobre os recursos hídricos, são importantes, pois temperaturas mais altas e precipitações menores, ocorrendo ao mesmo tempo, provocam a diminuição da oferta de água e o aumento da sua demanda, simultaneamente.
	Capítulo 19 - Manejo ecologicamente saudável das substancias químicas toxicas, incluindo a prevenção do trafico internacional ilegal dos produtos tóxicos e perigosos
O uso dos produtos químicos é essencial para alcançar os objetivos socio-econômicos e as melhores praticas modernas demonstram que eles podem ser amplamente utilizados com boa relação custo-eficiência e alto grau de segurança. No entanto, a contaminação em larga escala continua prosseguindo, com graves danos a saúde, à estrutura genética, à reprodução e ao meio ambiente. Um pré requisito para planejar o seu uso é a expansão e aceleração da avaliação internacional dos riscos químicos para a saúde e o meio ambiente. 
	Entre as 100 mil substâncias químicas existentes no comércio e as milhares de origem natural com as quais os seres humanos estão em contato, há muitas que poluem ou contaminam os alimentos e os produtos comerciais. Para numerosos produtos químicos fabricados em grande escala faltam freqüentemente dados que permitam avaliar os riscos que eles apresentam. 0s objetivos para esta questão são: fortalecer a avaliação internacional e estabelecer diretrizes que permitam definir os níveis aceitáveis de exposição para um numero maior de substancias químicas. Estas providencias devem fornecer as bases para a harmonização da classificação e da rotulagem dos produtos químicos. 0 objetivo aqui e o de dispor de um sistema de classificação de riscos e rotulagem mundialmente harmonizado e facilmente compreensível. 0 sistema de rotulagem não deve conduzir a imposição de restrições comerciais injustificáveis.
	O intercâmbio de informações cientificas, técnicas, econômicas e jurídicas sobre produtos químicos tóxicos e os riscos químicos tem a idéia de aumentar a segurança com respeito a esses produtos, principalmente para os países importadores, que muitas vezes não possuem meios para garantir o seu transporte, manuseio, armazenamento e uso seguros. Uma grande preocupação tem sido as exportações de produtos químicos para países em desenvolvimento e que foram proibidos nos países produtores, ou que sofrem severas restrições em outros. 
	0 procedimento PIC - Consentimento Previamente Informado (principle PIC - do inglês; Prior informed Consent) é um sistema de notificação sobre os riscos relacionados com os pesticidas e outros produtos tóxicos, permitindo aos países tomar decisões mais seguras sobre as suas importações, impedindo que estas sejam feitas de modo indiscriminado e atomizado.
São propostos programas de redução dos riscos e prevenção dos acidentes e envenenamentos provocados por produtos químicos, adotando um enfoque amplo baseado na analise integral do cicio de vida dos produtos e para fortalecer a capacitação dos países para proceder manejos adequados desse tipo de produto e para combater o seu trafico internacional ilegal.
	Capítulo 20 - Manejo ambientalmente saudável dos resíduos perigosos, incluindo a prevenção do trafico internacional ilícito de resíduos perigosos
	0 controle efetivo da geração, do armazenamento, do tratamento, da reciclagem e reutilização, do transporte, da recuperação e do deposito dos resíduos perigosos é de extrema importância para a saúde humana, a proteção do meio ambiente, o manejo dos recursos naturais e o desenvolvimento sustentável. 
	Estão aumentando os custos diretos e indiretos que representam para a sociedade e os cidadãos a produção, manipulação e deposito de tais resíduos. O objetivo geral, no quadro de um manejo integrado do ciclo de vida dos produtos, impedir, tanto quanto possível. e reduzir ao mínimo a produção de resíduos perigosos e submeter esses resíduos a um manejo que impeça que eles provoquem danos ao meio ambiente, através do uso de tecnologias limpas e mais eficientes e da otimização dos materiais via reutilização dos mesmos, quando factíveis e ambientalmente saudáveis. 
	As políticas necessárias para alcançar tais objetivos devem contemplar mecanismos reguladores e de mercado. 0s governos devem realizar as seguintes atividades: 
modificarnormas ou especificações de compra para evitar a discriminação de matérias reciclados, desde que sejam ambientalmente saudáveis; 
criar incentivos para estimular a adoção de tecnologias limpas por parte das empresas;
intensificar a pesquisa para encontrar alternativas para os processos e substancias que atualmente produzem resíduos perigosos;
incentivar a indústria a tratar, reciclar, reutilizar e depositar os resíduos o mais próximo das fontes geradoras, caso a sua produção seja inevitável;
manter inventários desses resíduos, estabelecer métodos para classifica-los, avaliar a saúde das populações que residem perto dos seus depósitos, adotar o princípio poluidor-pagador e assegurar que seus estabelecimentos militares cumpram com as normas ambientais, aplicáveis no plano nacional, para o tratamento e deposito de resíduos perigosos. 
	Promover e fortalecer a cooperação internacional para o manejo dos movimentos transfronteiricos de resíduos perigosos. Para isso, entre as ações de governo está a de incorporar à legislação nacional o procedimento de notificação previsto na Convenção de Basiléia sobre Controle dos Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos de 1989. Essa Convenção estabelece, entre outras disposições, que os Estados signatários não permitirão a exportação de resíduos aos não - signatários (Art. 4), mas admite que entre estes se realizem acordos bilaterais ou multilaterais sobre movimentação de resíduos (Art. 11).
	0 Brasil ratificou essa Convenção em 1993. Com base nessa Convenção, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), através da Resolução 23 de 19-12-96, estabeleceu a proibição da importação de resíduos perigosos em todo o território nacional, sob qualquer forma e para qualquer fim, inclusive para reciclagem ou reaproveitamento. 
	A questão dos resíduos perigosos não estaria completa se não fosse coibido o seu trafico ilegal. Como se sabe, parte do movimento internacional desses resíduos está sendo feita em transgressão às legislações nacionais e aos instrumentos internacionais, acarretando graves prejuízos ao meio ambiente.
	Capítulo 21 - Manejo ambientalmente saudável dos resíduos sólidos e questões relacionadas com os esgotos
	Resíduos sólidos compreendem todos os restos domésticos e resíduos não perigosos, tais como os resíduos comerciais e institucionais, o lixo da rua e os entulhos de construção. Em alguns países, o sistema de gestão de resíduos sólidos também se ocupa dos resíduos humanos, tais como excrementos, cinzas de incineradores, sedimentos de fossas sépticas e de instalações de tratamento de esgoto. 
	0 manejo ambientalmente saudável desses recursos deve contemplar não só a sua deposição final segura, ou o seu reaproveitamento, mas buscar as suas causas, procurando mudar os padrões de produção e consumo não sustentáveis. Isso implica na utilização do conceito de gerenciamento integrado do ciclo de vida do produto (integrated life cycle management), um instrumento que oferece a oportunidade única de conciliar desenvolvimento com proteção ao meio ambiente.
	Esse gerenciamento baseia-se na analise. avaliação ou apreciação do ciclo de vida do produto {Life Cycle assessment), uma abordagem metodológica abrangente e holística que procura conhecer todos os impactos do produto sobre o meio ambiente, desde a extração das matérias-primas, seu transporte e beneficiamento, passando pelos processos de produção comercialização, uso, manutenção, descarte e deposição final. 	Um produto final ambientalmente saudável (por exemplo: bio-degradável) pode gerar impactos ambientais de vulto ao longo do seu processo de produção amplamente considerado. A idéia central é identificar e quantificar os impactos ambientais globais de um produto de acordo com uma abordagem capaz de incluir todas as fases dos processos de produção, distribuição e consumo de modo integrado. 
	0 conhecimento dos impactos de um produto ao longo do ciclo completo (consumo total de materiais e energia, emissões atmosféricas e hídricas, resíduos sólidos etc.), permitirá identificar os elementos do sistema que deverão ser modificados para reduzir os impactos negativos sobre o ambiente, sendo dessa forma compatível com o conceito de “produção limpa”.
	A redução ao máximo desse tipo de resíduo exige uma abordagem preventiva centrada na transformação dos padrões de produção e consumo. 0s governos devem iniciar programas para atingir a minimização sustentável da geração de resíduos, as ONGs e os grupos de consumidores devem ser estimuladas a participar desses programas, que podem ser elaborados com a cooperação das organizações internacionais. 0 desenvolvimento de recursos humanos para esse fim não deve se restringir apenas aos profissionais do setor de manejo dos resíduos, mas deve também buscar o apoio dos cidadãos e da indústria. 0s programas de redução de resíduos devem ter por objetivo conscientizar, educar e informar os grupos interessados e o público em geral. 0s países devem incorporar aos currículos das escolas princípios e praticas para a prevenção e a redução dos resíduos, bem como material sobre os seus impactos sobre o meio ambiente.
	A maximização da reciclagem e do reaproveitamento desses resíduos tem como base de ação o fato de que os custos dos serviços de sua disposição final podem duplicar ou triplicar até no início deste século, além de que algumas das práticas atuais de disposição final ameaçam o meio ambiente. 
	As atividades devem estar baseadas no rendimento dos resíduos, na identificação de mercados para produtos obtidos de material reaproveitado ou reciclado e devem ser realizadas conjuntamente com programas de educação ao público. São recomendados entre outros os seguintes meios de implementação: 
oferecer incentivos as autoridades locais e municipais para que reciclem a máxima proporção de resíduos;
empregar instrumentos econômicos e reguladores, inclusive incentivos fiscais para apoiar o princípio de que os que produzem resíduos devem pagar pela sua disposição final; 
implementar mecanismos específicos, tais como sistemas de deposito e devolução final como incentivo para a reutilização e reciclagem; 
promover a coleta em separado das partes recicláveis dos resíduos domésticos;
estimular o uso de material reciclável, sempre que possível, e estimular o desenvolvimento de mercados para eles.
	Mesmo com a minimização da geração de resíduos e a maximização da sua reciclagem e reutilização, sempre irá sobrar algum tipo de resíduo, cuja disposição final produz impactos sobre o ambiente que o recebe, mesmo quando devidamente tratado. Um dos objetivos é providenciar para que ate o ano de 1995, nos países desenvolvidos, e 2005, nos demais, pelo menos 50% do esgoto, das águas residuais e dos resíduos sólidos sejam tratados ou eliminados em conformidade com diretrizes nacionais ou internacionais de qualidade ambiental e sanitária, e a ampliação para toda a população dos serviços de coleta e disposição de resíduos de modo ambientalmente seguro e que proteja a saúde. 
	Para isso. os governos devem estabelecer mecanismos de financiamento para o desenvolvimento dos serviços de manejo dos recursos em zonas que carecem deles, aplicar o principio do poluidor - pagador, quando apropriado, por meio de tarifas que reflitam o custo do serviço; assegurar que quem produz resíduos pague a totalidade do custo do seu deposito em condições seguras para o meio ambiente; e, estimular a institucionalização da participação da comunidade no planejamento e implementação de procedimentos para o manejo de resíduos sólidos.
	Capítulo 22 - Manejo seguro e ambientalmente saudável dos resíduos radiativos
	O objetivo é assegurar que os resíduos radioativos sejam gerenciados, transportados, armazenados e depositados de maneira segura, tendo em vista a proteção da saúde e do meio ambiente. Esses resíduos são gerados no caso dos combustíveis nucleares e no uso de radionuclídeos na medicina, na indústria, na pesquisaetc. 0s riscos relacionados variam de muito baixos, nos resíduos de vida curta. até muito altos nos altamente radioativos. Estima-se que atualmente cerca de 200.000 m3 de resíduos de nível baixo e intermediário e 10.000 m3 de resíduos de alto nível de radioatividade são gerados em todo o mundo somente para a produção de energia nuclear.
	Nas atividades relacionadas com o manejo desses resíduos, os Estados, em cooperação com as organizações internacionais pertinentes, quando apropriado, devem promover medidas políticas e práticas para minimizar e limitar a geração desses resíduos e cuidar para que eles tenham tratamento, acondicionamento, transporte e deposito seguros. Devem apoiar os esforços da Agencia Internacional de Energia Atômica (IAEA) no desenvolvimento de normas, diretrizes e códigos relativos ao manejo desses resíduos em bases internacionalmente aceitas. Devem intensificar os esforços no sentido de implementar o Código de Práticas sobre Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Radioativos. 0s governos devem abster-se de promover ou permitir o armazenamento ou deposito desses resíduos perto do meio ambiente marinho, independentemente do seu nível de radioatividade. 0s Estados devem abster-se de exporta-los para os países que, individualmente ou por meio de acordo internacional, proíbam a sua importação, como por exemplo os países africanos signatários da Convenção de Bamako. 0s Estados, em cooperação com as organizações internacionais relacionadas com esta área, devem também oferecer assistência aos países em desenvolvimento para que estes estabeleçam ou fortaleçam sua infra-estrutura de manejo, incluindo legislação, organizações nacionais, instalações e recursos humanos especializados para a manipulação, processamento, armazenamento e deposito dos resíduos resultantes das suas aplicações nucleares.
SEÇÃO III - FORTALECIMENTO DO PAPEL DOS GRUPOS PRINCIPAIS
	Capítulo 23 - Preambulo da Seção III
	0 compromisso e a participação de todos os grupos sociais terão uma importância decisiva na implementação eficaz dos objetivos, das políticas e dos mecanismos ajustados pelos governos em todas as áreas de programas da agenda 21. Um dos pré-requisitos fundamentais para se alcançar um desenvolvimento sustentável e a ampla participação publica nos processos de tomada de decisão. Novas formas de participação são necessárias no contexto das questões relativas ao desenvolvimento e meio ambiente. Indivíduos, grupos e organizações devem ter acesso às informações que as autoridades nacionais possuem com relação a essas questões. Toda política, definição ou regra que afetem positivamente o acesso das ONGs aos trabalhos das instituições das Nações Unidas ou das agências associadas com a implementação da Agenda 21, ou a participação delas nesse trabalho, devem-se aplicar igualmente a todos os grupos importantes. 
	Capítulo 24 - Ação mundial pela mulher, com vistas a um desenvolvimento sustentável e eqüitativo
	A comunidade das Nações Unidas endossou diversos planos de ação e convenções para a integração plena, eqüitativa e benéfica da mulher em todas as atividades relativas ao desenvolvimento, em particular as Estratégias Prospectivas de Nairobi para o Progresso da Mulher, de 1985, que enfatizam o seu papel no manejo nacional e internacional dos ecossistemas e no controle da degradação ambiental. Também a Resolução 34/1 80 da Assembléia Geral da ONU e as convenções OIT e da UNESCO para eliminar todo tipo de discriminação contra a mulher e para assegurar a ela o acesso à educação, aos recursos e ao emprego seguro e em condições de igualdade. Vale lembrar que a discriminação contra a mulher não é uma prática exclusiva dos países mais atrasados. Conforme o relatório sobre desenvolvimento humano do PNUD (1993), nenhum pais do mundo trata suas mulheres igual que seus homens, um resultado profundamente dasalentador após tantos anos de debate sobre a igualdade entre sexos, de tantas lutas das mulheres e de tantas mudanças nas legislações nacionais.
	A implementação eficaz destes planos e convenções dependerá do envolvimento ativo da mulher nas decisões políticas e econômicas e será decisiva para o sucesso da implementação da agenda 21. 0s governos devem se propor a implementar as Estratégias de Nairobi, acima mencionadas: 
aumentar a proporção de mulheres nos postos de decisão, planejamento, assessoria técnica, manejo e outros ligados ao meio ambiente e desenvolvimento;
estabelecer estratégias de mudanças para eliminar todo tipo de obstáculo constitucional. jurídico, administrativo, cultural. social e econômico à plena participação da mulher no desenvolvimento sustentável e na vida publica;
implementar em caráter de urgência medidas para assegurar que mulheres e homens tenham o mesmo direito de decidir com liberdade e responsabilidade o numero e o espaçamento de seus filhos;
adotar e reforçar medidas para combater e eliminar todo tipo de violência contra a mulher. 
	Exemplos de atividades para implementar esses objetivos: 
implantar medidas para reduzir o analfabetismo entre mulheres e meninas e promover o acesso universal delas ao ensino de todos os níveis;
promover programas para aumentar as oportunidades de emprego em condições de igualdade;
promover programas para eliminar imagens, estereótipos, atitudes e preconceitos negativos contra a mulher. 
	Capítulo 25 - A infância e a juventude no desenvolvimento sustentável
	É imperiosa a participação da juventude, que representa cerca de 30% da população mundial, em todos os níveis dos processos de decisão, pois as decisões afetam sua vida atual e têm repercussões em seu futuro. Além de sua contribuição intelectual e capacidade de mobilizar apoio, os jovens trazem perspectivas peculiares que devem ser levadas em consideração. 
	0s governos devem instituir processos para promover o dialogo com as comunidades de jovens e estabelecer mecanismos para assegurar a estes o acesso às informações, dando-lhes oportunidade de manifestar suas opiniões. Cada país deve assegurar que mais de 50 % de sua juventude, com representação eqüitativa de ambos os sexos, esteja matriculada ou tenha acesso à educação secundaria ou a programa educacional ou de formação profissional equivalente, aumentando anualmente os índices de participação e acesso. Cada país deve adotar medidas para reduzir as atuais taxas de desemprego entre os jovens e combater as violações aos seus direitos, particularmente em relação as meninas e as mulheres jovens.
	Com respeito às crianças, os governos devem tomar medidas para assegurar a sobrevivência, a proteção e o desenvolvimento delas em conformidade com as metas estabelecidas pela Cúpula Mundial da Infância de 1990. E devem assegurar que os interesses da infância sejam plenamente considerados nos processos decisórios em favor do desenvolvimento sustentável. Uma das metas estabelecidas na Agenda é a ratificação da Convenção dos Direitos da Criança (Resolução 44/25 da Assembléia Geral da ONU de 1989). Além disso, a Agenda recomenda a promoção de atividades primárias de cuidado ambiental que atendam as necessidades básicas das comunidades e melhorem o ambiente das crianças em seus lares, Recomenda também a mobilização das comunidades por meio de escolas e centros de saúde locais, de maneira que as crianças e seus pais se tomem centros efetivos de atenção. As organizações internacionais e regionais devem encarregar-se da coordenação das áreas propostas e o UNICEF deve continuar cooperando e colaborando com outras organizações das Nações Unidas, governos e ONGs no desenvolvimento de programas em favor da infância. 
	Capítulo 26 - Reconhecimento e fortalecimento do papel das populações indígenas e suas comunidades
	As populações indígenas e suas comunidades. que representam uma parcela significativa da população mundial, têm uma relação histórica com suas terras e, em geral, descendem dos habitantes originais dessas terras. Durante muitas geraçõeselas desenvolveram um conhecimento cientifico tradicional holístico de suas terras, dos seus recursos naturais e do seu meio ambiente. Essas populações devem desfrutar a plenitude dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, sem impedimentos ou restrições. 0s governos e as organizações inter-governamentais devem cumprir os seguintes objetivos: 
estabelecer processos para investir de autoridade as populações indígenas e suas comunidades;
estabelecer mecanismos para que elas possam intensificar a sua participação ativa na formulação de políticas, leis e programas relacionados com o manejo de recursos e as estratégias de conservação no plano nacional e local que possam afeta-las;
favorecer e fortalecer a sua participação para apoiar e examinar as estratégias de desenvolvimento sustentável.
	0 fortalecimento das populações indígenas e suas comunidades envolve ações para reconhecer e proteger suas terras contra atividades insalubres ou inadequadas social e culturalmente, ações para proteger a propriedade intelectual e cultural indígenas e o direito de preservar sistemas e praticas consuetudinárias e, ações para reconhecer os seus valores, os seus conhecimentos tradicionais e as suas práticas de manejo de recursos, tendo em vista a promoção do desenvolvimento ambientalmente saudável e sustentável. Outra medida recomendada trata-se do estabelecimento de mecanismos nacionais de consultas aos povos indígenas com o objetivo de refletir suas necessidades e de incorporar suas práticas, seus valores e conhecimentos nas políticas e planos nacionais voltados para o manejo e conservação de recursos, bem como de outros relacionados com a busca de um desenvolvimento sustentável. Pode se afirmar sem sombra de dúvida que medidas como estas são indispensáveis para a conservação e uso socialmente apropriado dos recursos genéticos de uma região ou pais. Por isso elas devem ser encaradas como instrumentos de política publica para implementar e aperfeiçoar a Convenção sobre a Diversidade Biológica.
	
	Capítulo 27 - Fortalecimento do papel das organizações não-governamentais: parceiros para um desenvolvimento sustentável
	As ONGs desempenham um papel vital na formulação e implementação da democracia participativa e a sua credibilidade repousa sobre o papel responsável e construtivo que elas desempenham na sociedade. As organizações formais e informais, bem como os movimentos populares. devem ser reconhecidos como parceiros na implementação da Agenda 21. A independência é o maior atributo das ONGs e constitui uma pré-condição para a sua legitima participação. Elas possuem uma variedade de experiências, conhecimentos especializados e capacidade firmemente estabelecidos nos campos que serão particularmente importantes para o exame e a implementação do desenvolvimento sustentável. A comunidade das ONGs oferece uma rede mundial que deve ser utilizada, capacitada e fortalecida para apoiar os esforços de realização dos objetivos da Agenda.
	Este Capítulo, que se ocupa das ONGs sem fins lucrativos. tem os seguintes objetivos: desenvolver mecanismos para que elas desempenhem o seu papel de parceiras com responsabilidade e eficácia no processo de desenvolvimento sustentável e, examinar os procedimentos e mecanismos formais para ampliar a participação delas na formulação de políticas e tomadas de decisão em todos os níveis. 
	0s governos e os organismos internacionais devem promover e permitir a sua participação na concepção, no estabelecimento e na avaliação de mecanismos oficiais e de procedimentos formais relacionados com a Agenda 21 em todos os níveis. Para isso. tornam-se necessárias ações no âmbito das Nações Unidas para examinar os níveis de financiamento e apoio administrativos as ONGs, bem como para examinar o alcance e a eficácia da sua participação na implementação de programas e projetos. visando ampliar o seu papel de parceiras sociais e, proporcionar o acesso das ONGs aos dados e às informações pertinentes. 0s governos devem intensificar o dialogo com as ONGs e suas redes auto-organizadas, estimular e possibilitar a parceria com elas, conseguir a participação delas nos procedimentos e mecanismos nacionais, fazendo melhor uso de suas capacidades particulares, em especial nos campos do ensino. mitigação da pobreza, proteção e reabilitação do meio ambiente.
	Capítulo 28 - Iniciativas das autoridades locais em apoio a Agenda 21
	Como muitos dos problemas e soluções tratados na Agenda 21 têm suas raízes nas atividades locais, a participação e a cooperação das autoridades locais serão fatores determinantes para a realização de muitos dos seus objetivos. Essas autoridades constróem, operam e mantém a infra-estrutura econômica, social e ambiental; supervisionam os processos de planejamento; estabelecem as políticas e regulamentações ambientais locais e contribuem para implementar as políticas ambientais nacionais e subnacionais. 
	Como nível de governo mais próximo do povo, desempenham um papel essencial na educação, mobilização e resposta ao público em favor de um desenvolvimento sustentável. Um dos objetivos para essa área é que autoridades locais de cada pais realizem um processo de consulta à sua população (cidadãos e organizações locais cívicas, comunitárias, empresariais etc.), com vistas a alcançar um consenso para a elaboração de uma Agenda 21 local para a comunidade. Poucas cidades fizeram isso, sendo que a maioria das que fizeram encontram-se nos países ricos do Norte, Tal situação se deve em grande parte ao desconhecimento da Agenda. A implementação de agendas 21 locais deverá merecer alta prioridade pós-Rio/92, daí a necessidade de divulgá-la rapidamente e de modo acessível e adaptado aos diferentes públicos: funcionários de governo, autoridades locais, movimentos civis, organizações profissionais, instituições de ensino e pesquisa e público em geral A ênfase no desenvolvimento local e no fortalecimento da sociedade civil não deve ser pretexto para que o Estado nacional e a comunidade internacional se ausentem dos processos de desenvolvimento. Estes devem criar formas inovadoras de políticas de apoio as iniciativas locais, proporcionando o acesso aos recursos necessários para superar os obstáculos a plena utilização de recursos, de potencial humano, talentos e entusiasmo locais.
	Quase todos os capítulos da Agenda 21 trazem recomendações para as autoridades locais, algumas de modo especifico, outras que devem ser tratadas pelos diferentes níveis de governo. Assim pode-se, com facilidade, relacionar as diferentes autoridades de uma comunidade ou de um Município com as recomendações da agenda 21 e, com isso, dar inicio a um processo de elaboração de uma Agenda 21 local. 
	Capítulo 29 - Fortalecimento do papel dos trabalhadores e de seus sindicatos
	0s esforços para implementar o desenvolvimento sustentável envolverão ajustes e oportunidades nos níveis nacional e empresarial e os trabalhadores estarão entre os principais interessados. 0s sindicatos, enquanto representantes dos trabalhadores, são atores vitais para facilitar a obtenção do desenvolvimento sustentável, tendo em vista sua experiência em responder as mudanças industriais, a altíssima prioridade que dão à proteção do ambiente de trabalho e do meio ambiente relacionado e sua promoção do desenvolvimento econômico socialmente responsável. 
	0 objetivo geral proposto pela Agenda 21 é a mitigação da pobreza e o emprego pleno e sustentável que contribui com ambientes seguros, limpos e saudáveis. Para esse fim são necessárias as seguintes ações: 
promover a ratificação das convenções da OIT e a promulgação de legislações em apoio a elas; 
estabelecer mecanismos bipartites e tripartites sobre segurança, saúde e desenvolvimento sustentável; 
aumentar o numero de acordos ambientais coletivos; 
reduzir os acidentes, ferimentos e moléstias do trabalho;
aumentar a oferta de educação, treinamento e reciclagem para os trabalhadores, em particular

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