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Educação Ambiental Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco Reitor Prof. Ms. Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino Prof. Ms. Daniel de Lima Diretor Financeiro Prof. Eduardo Luiz Campano Santini Diretor Administrativo Prof. Ms. Renato Valença Correia Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Coord. de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONPEX Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza Coordenação Adjunta de Ensino Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo Coordenação Adjunta de Pesquisa Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Coordenação Adjunta de Extensão Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves Coordenador NEAD - Núcleo de Educação à Distância Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal Web Designer Thiago Azenha Revisão Textual Kauê Berto Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt 2020 by Editora Edufatecie Copyright do Texto C 2021 Os autores Copyright C Edição 2020. Editora Edufatecie O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi- tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP M425e Mataruco, Sônia Maria Crivelli Educação ambiental / Sônia Maria Crivelli Mataruco Paranavaí: EduFatecie, 2020. 138 p.: il. Color. 1. Educação ambiental. I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III Título. DD : 23 ed. 363.07 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333 Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Cândido Bertier Fortes, 2178, Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rodovia BR - 376, KM 102, nº 1000 - Chácara Jaraguá , Paranavaí, PR (44) 3045-9898 www.unifatecie.edu.br/site As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site Shutterstock e Pixabay. AUTORA Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco ● Mestre na área de Educação pela Unespar Campus de Paranavaí (2015 - 2016); ● Graduada em Licenciatura em Matemática na Universidade Filadélfia de Londri- na – Unifil (concluído em 2014); ● Graduada em Tecnologia em Gestão Ambiental pela Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná – Fatecie (2009); ● Graduada em bacharelado em Administração pela Faculdade Estadual de Edu- cação Ciências e Letras de Paranavaí (1992); ● Pós-graduada em Marketing e Gestão de pessoas pela Faculdade Estadual de Educação Ciências e Letras de Paranavaí; ● Pós-graduada em Psicopedagogia Institucional pela Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná – Fatecie; ● Pós-graduada em Auditoria e Certificação Ambiental pela Faculdade de Tecno- logia e Ciências do Norte do Paraná – Fatecie; ● Pós-graduada em Saneamento Ambiental pela UEMP 2018/2019. Atualmente, é Gestora ambiental da Companhia de Saneamento do Paraná – Sa- nepar, além de professora e coordenadora de curso na Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná - Fatecie, atuando, principalmente, nos seguintes temas: gerenciamen- to ambiental, recursos hídricos e hidrologia, sustentabilidade ambiental, responsabilidade socioambiental, poluição e resíduos, gestão de águas, saneamento, agronegócio, educação ambiental, gestão de negócios ambientais, fundamentos de marketing e administração de materiais e patrimônio, saneamento, agroecologia e gestão ambiental, tópicos especiais de administração. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/0836891204233076 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Caro (a) aluno (a), seja muito bem-vindo (a) à leitura do livro que utilizaremos na disciplina Educação Ambiental aplicada à Pedagogia. Este livro foi carinhosamente planejado para que você possa ter um conhecimento geral dos principais assuntos sobre meio ambien- te. Tal conteúdo servirá de base para compreensão dos temas abordados, com o objetivo de levá-lo a ter consciência dos problemas ambientais e perceber que, antes de qualquer ação, é preciso pensar na sustentabilidade do nosso planeta para o futuro das gerações futuras. A disciplina “Educação Ambiental” apresenta assuntos ligados ao meio ambien- te. Neste sentido, para facilitar os estudos, dividimos este material em quatro unidades de acordo com os temas e suas relações entre si. Desta forma, na primeira unidade demonstraremos como os processos ecológicos são responsáveis pelo bom funciona- mento dos ambientes naturais e como é alterado por ações antrópicas. Apresentaremos também os conceitos vitais necessários para que o homem possa trabalhar respeitando a natureza e proporcione equilíbrio do ecossistema, sabendo que este depende das ações diárias realizadas pelo homem. Nesta unidade, temos como objetivo levá-los a compreensão da importância de buscar integrar as dimensões ambientais, sociais e econômicas, transformando os atuais padrões de desenvolvimento em um novo modelo que, além de preservar os recursos na- turais, possa reduzir a pobreza, as desigualdades de renda e de gênero, a exclusão social, promova a paz, a segurança alimentar, o uso eficiente dos recursos, dentre outros desafios comuns que os países enfrentam. Entretanto, discutiremos os tópicos sobre as inter-relações ecológicas e o desenvol- vimento sustentável e conceituaremos e contextualizaremos ecologia, espécie, população, comunidade, ecossistema. Além disso, abordaremos a importância do entendimento das relações entre sociedade e natureza, bem como a compreensão dos objetivos e as metas desenvolvimento sustentável (ODS) e seus benefícios para nossa sociedade. Explana- remos, ainda, os objetivos definidos pela ONU para o desenvolvimento sustentável, que trazem metas as quais deverão ser implementadas por todos os países até o ano de 2030. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propõem diversos assuntos de ele- vada importância para a humanidade a fim de transformar a vida no planeta. Garantir a sustentabilidade do meio ambiente é garantir, antes de qualquer coisa, que a fome, a pobreza e a miséria estarão afastadas definitivamente e, com isso, cessará a dura realidade que obriga as pessoas à exploração predatória dos recursos disponíveis em deter- minadas áreas. É importante destacar que apenas com uma situação de vida regular é que os habitantes de uma determinada região poderão tornar-se permeáveis as “novas ideias”. Na segunda unidade, abordaremos os diversos problemas ambientais da atuali- dade, uma vez que o planeta é afetado por vários problemas ambientais, muitos deles provocados por diversas ações humanas. Estes problemas afetam a fauna, a flora, o solo, as águas, o ar etc. Assim, pretendemos chamar a atenção sobre os principais problemas que afetam o meio ambiente, demonstrando que são problemas sistêmicos, o que significa que estão interligados e são interdependentes. Citaremos, além disso, problemas ocasionados pelo desmatamento, suas conse- quências à biodiversidade, queimadas, êxodo rural, processo de industrialização, efeito estufa, entre outros. Relataremos sobre os Pressupostos teórico-metodológicos da Educa- ção Ambiental, mostrando que, quando nos referimos à educação ambiental, não estamos tratando apenas de natureza, como geralmente esse termo é concebido, mas a um conjunto de relações sociais, políticas, históricas e econômicas, cujo homem é sujeito participante, transformador e, consequentemente, receptor de suas ações. Concluiremos citando as correntes que têm uma longa tradição em educação ambiental, como a corrente naturalista, conservacionista/recursista, resolutiva, sistêmica, científica, humanista, moral/ética e as correntes mais recentes, comoos riscos à saúde pública e minimizar os possíveis impactos ambientais adversos. A problemática dos resíduos sólidos é um tanto complexa, pois envolve diversos atores de uma sociedade. Para programar ações de melhorias públicas, a população precisa estar consciente de todo o processo, pois somente assim teremos a colaboração de todos. Tal conscientização demanda tempo, pois envolve mudança comportamental e cultural das pessoas, o que é um processo lento. Para Barbieri (2011), a escassez é o esgotamento das reservas naturais de água. É majorada, principalmente, pelo aumento populacional e pela industrialização, a exemplo das faltas de água nas grandes metrópoles. No Brasil, este problema ocorre também por conta da distribuição natural, haja vista que a região amazônica possui maior parte dos ma- nanciais, aproximadamente 72%, a região Centro-Sul com 27% e o nordeste com apenas 1%, região que sofre com as constantes secas.] SAIBA MAIS Para Franco (2013), a biodiversidade refere-se à quantidade de variedade biológica animal e vegetal existente em um ecossistema e que, automaticamente, constitui a bios- fera. A biodiversidade se desenvolve a partir da inter-relação entre os seres vivos, seja animal ou vegetal, mais os elementos naturais indispensáveis ao desenvolvimento da vida, como sol, água e ar. Exemplos da ação do homem e suas consequências na biodiversidade do planeta: • Eliminação ou alteração do habitat pelo homem - é o principal fator da diminuição da biodiversidade. A retirada desordenada da camada de vegetação nativa para a constru- ção de casas ou para a atividade agropecuária altera o meio ambiente. Em média, 90% das espécies extintas acabaram em consequência da destruição de seu habitat; • Superexploração comercial - ameaça muitas espécies marinhas e alguns animais ter- restres; • Poluição das águas, solo e ar - estressam os ecossistemas e matam os organismos; • Introdução de espécies exóticas - ameaçam os locais por predação, competição ou alteração do habitat natural. Fonte: Franco (2013). 41UNIDADE II Problemas Ambientais REFLITA Hoje, no mundo todo, as crianças e os adolescentes representam 31% da população. Eles estão crescendo num mundo mais acelerado do que aquele vivido por quem hoje possui uma idade superior aos 70 anos, por exemplo. As informações chegam de forma global mais rapidamente e não se pode supor que eles não saibam dos perigos que corre o planeta Terra. Em ritmo igualmente acelerado, o desmatamento prossegue, co- locando em risco todas as chances que terão de transformar o mundo para melhor Fonte: ALBERTO (2016). 42UNIDADE II Problemas Ambientais 2. INDUSTRIALIZAÇÃO E SEUS EFEITOS No Brasil, somente no final do século XIX e começo do século XX é que grandes fazendeiros de São Paulo que enriqueceram com o café começaram a investir no setor industrial de forma significativa, havendo, desta forma, grande investimento no desenvolvi- mento industrial nas grandes cidades da região Sudeste. Além do capital interno investido pelos cafeicultores, houve a abertura da economia com incentivos fiscais para o capital internacional e muitas nações europeias investiram seu capital na produção agrícola, na urbanização e no extrativismo de riquezas naturais no Brasil. Diversas multinacionais, principalmente montadoras de veículos, construíram grandes fábricas em cidades como São Paulo, São Bernardo do Campo, Guarulhos, Santo André, Diadema, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. No século XX, o processo de industrialização e a mecanização da agricultura muitos trabalhadores rurais migraram para as cidades atraídos em busca de trabalho nas fábricas e melhores salários, e o resultado disso foi o êxodo rural do Nordeste para o Sudeste do país. Os migrantes nordestinos fugitivos da seca do Nordeste e do desemprego foram em busca de trabalho e melhores condições de vida nas grandes cidades do Sudeste (SILVA, 2013, p. 166). Com a industrialização, as cidades consolidaram ainda mais seu poder, concen- trando um número ainda maior de habitantes e fortalecendo o papel na condução da vida social das nações. Esse fato acabou por gerar certo conforto para os empresários, que tinham à sua disposição grande massa de trabalhadores ou mão de obra disponível a um preço irrisório, intensificando a exploração humana por parte dos detentores emergentes dos novos meios de produção. 43UNIDADE II Problemas Ambientais Vale ressaltar que, agregado à Revolução Industrial, ocorreu também uma Revolução Agrícola. A utilização de novos métodos agrícolas, rotação de safras, sementes selecionadas e o surgimento de novos equipamentos agrícolas produziram um extraordinário aumento na produção de alimentos. Grandes proprietários rurais passaram a investir na tecnologia de produção agrícola, fato que levou a agricultura ter como fonte principal do progresso técnico a mecanização e o desenvolvimento de produtos químicos e biológicos, optando pela mono- cultura, ou seja, uma área de cultivo muito grande com uma mesma espécie. Outro fato relacionado à migração interna ou ao êxodo rural ocorreu com a cons- trução de Brasília, no final da década de 1950. Muitos migrantes do Norte e Nordeste do país foram em busca de empregos na região central do país, principalmente na construção civil. As cidades satélites de Brasília cresceram desordenadamente, causando problemas sociais que persistem até os dias de hoje. Com o advento da Revolução Industrial, tornou-se possível adaptar à máquina a ferra- menta antes empunhada pelo homem. A máquina pode, agora, executar trabalhos anteriormen- te executados de forma manual. A habilidade manual deixa de ser necessária; o trabalhador hábil, especializado e criativo nos padrões anteriores deixa de ter importância. A atividade do operário passa a ser a de vigiar e acompanhar as operações executadas pela máquina. O processo estendeu-se com força durante as décadas de 70 e 80. Entretanto, como as cidades não ofereciam infraestrutura adequada aos migrantes, eles passam a residir em habitações sem boas condições como favelas e cortiços. Além disso, como os empregos não eram suficientes para todos e, como agravan- te, a grande maioria dos imigrantes não possuía qualificação necessária para o trabalho especificado, muitos deles partiam para o mercado de trabalho informal e outros acabavam incorporando à grande massa dos mendigos. Outro problema causado pela Revolução Industrial e, consequentemente, pelo do êxodo rural foi o agrupamento de pessoas na mesma área (urbana), aumentando a violên- cia, principalmente nos bairros de periferia. Além disso, como são bairros carentes, sem hospitais e escolas, as populações destes locais acabaram sofrendo com o atendimento destes serviços. Escolas com excesso de alunos por sala de aula e hospitais superlotados foram e são as consequências deste fato. Os municípios rurais também acabam sendo afetados pelo êxodo rural. Com a diminuição da população local, reduz-se a arrecadação de impostos, a produção agrícola decresce e muitos municípios acabam entrando em crise. Há casos de municípios que deixam de existir quando todos os habitantes deixam a região. Desta forma, a disponibilidade de pessoas nas áreas rurais vem diminuindo cons- tantemente nos últimos anos, chegando a taxas de urbanização de até 94% em alguns 44UNIDADE II Problemas Ambientais estados da região sul e sudeste do Brasil, de acordo com dados do IBGE, ou seja, de cada 100 habitantes, apenas seis ainda vivem em áreas rurais nestas regiões. Além disso, a distância entre o campo e as cidades vem se encurtando e o acesso às tecnologias tem se tornado a cada dia mais evidente. De acordo Antunes (2002), em 2050, 60% da população mundial residirá nas cida- des, realidade muito diferente da década de 50, quando para cada dois moradores da zona rural existia aproximadamente um morador das cidades, conforme demonstra o gráfico abaixo.GRÁFICO 2 - ÊXODO RURAL NO MUNDO (1950 – 2030) Fonte: ONU (2012). Entretanto, os efeitos da Revolução Industrial no Brasil foram positivos em muitos aspectos, pois ocorreu um enorme aumento da produtividade, em função da utilização dos equipamentos mecânicos, da energia a vapor e, posteriormente, da eletricidade, que passaram a substituir a força animal. 45UNIDADE II Problemas Ambientais O processo de urbanização influiu positivamente em alguns indicadores na- cionais, no decorrer do século XX. Os principais exemplos foram a queda da mortalidade infantil (que passou da taxa de 150 mortes para cada mil nascidos vivos em 1940 para 29,6 em 2000), o aumento da expectativa de vida (40,7 anos de vida média em 1940 para 70,5 em 2000), a queda da taxa de fertilidade (6,16 filhos por mulher em idade fértil em 1940 para 2,38 em 2000) e o nível de escolaridade (55,9% de analfabetos em 1940 para 13,6% em 2000). Foi notável também a ampliação do saneamento e a ampliação da coleta de lixo domiciliar, mas apesar da melhora referida alguns desses indi- cadores ainda deixam muito a desejar (MARICATO, 2005, p. 01). Segundo Hobsbawm (1986), a Revolução Industrial foi provedora de conforto e transformações sociais para aquelas classes nas quais ocorreram as menores alterações na sua forma de vida. Paralelamente, elas receberam os maiores benefícios materiais de- correntes desse processo. Tal classe social tampouco percebeu que estava perturbando a classe operária com este novo modo de produção. Para os mais pobres, a Revolução Industrial destruiu hábitos de vida sem que fosse oferecida uma nova condição social: foi a própria desagregação social. Era o nascimento de uma sociedade industrial, na qual a maioria tinha como única fonte de renda o salário. Diferentemente, a sociedade pré-industrial detinha suas terras e oficinas artesanais que, de algum modo, suplementavam a renda obtida no trabalho fabril. Relacionado à questão ambiental, um dos aspectos negativos é que a Revolução Industrial trouxe um aumento da poluição do ar e dos rios, pois muitas indústrias passaram a despejar produtos químicos e lixo em rios e córregos. Uso de mão de obra infantil (na pri- meira etapa da industrialização). A industrialização também trouxe um mundo de consumo, que convive com a miséria social, com o desprezo e com a falta das condições mínimas e até mesmo, muitas vezes, de sobrevivência. O Brasil possui uma grande quantidade de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza. Assim, por representar um país subdesenvolvido emergente, a pobreza no Brasil apresenta elevados patamares. Para Faleiros (2003, p. 32), Pobreza é um conceito difícil de definir, mas que todo mundo entende quando se o menciona. Talvez porque cada qual, cada indivíduo sabe perfeitamente o que seria para ele e sua família uma situação de pobreza. Para um poderia ser não comer; para outro, vestir-se pobremente; para um terceiro, baixar seu nível de vida habitual. São muito imprecisas, portanto, as definições habituais sobre a pobreza. Fala-se que a ‘pobreza absoluta’ seria aquela em que a pessoa não pode alimentar-se com o mínimo suficiente para sua manutenção fisiológica. Para Falcão e Costa (2014, p. 51), no livro “Brasil sem miséria”, a pobreza é enten- dida atende por diversos nomes: Insuficiência de renda; acesso precário à água, energia elétrica, saúde e mo- radia; baixa escolaridade; insegurança alimentar e nutricional; formas precá- 46UNIDADE II Problemas Ambientais rias de inserção no mundo do trabalho, entre outros. As diversas caracterís- ticas que traduzem as distintas manifestações da pobreza têm expressão no território e assim se pode afirmar que a miséria tem nome, endereço, cor e sexo e, embora a renda também seja um indicador de pobreza, trata-se de um mecanismo insuficiente para medir o bem-estar. A pobreza se manifesta, sobretudo, em privação do bem-estar. Com isto, afirmamos que a pobreza é um fenômeno multidimensional e, portanto, requer também indicadores não monetários para seu dimensionamento. No ano de 2011, foi anunciada a linha de extrema pobreza oficial do Plano Brasil sem miséria: renda familiar per capita de R$ 70 reais – posteriormente atualizada, em 2014, para R$77 reais per capita. A linha de extrema pobreza foi estabelecida com base em parâmetros internacionais, como a linha do Banco Mundial de US$1,25 por dia. Segundo dados oficiais do Ministério de Desenvolvimento de Combate à fome, havia no Brasil até o ano de 2012 cerca de 16,27 milhões de pessoas em condição de “ex- trema pobreza”, ou seja, com uma renda familiar mensal abaixo dos R$70,00 por pessoa. O gráfico abaixo mostra a evolução da desigualdade de renda no Brasil desde 1976. A medida adotada é o Coeficiente de GINI , tido como padrão internacional para mensurar a desigualdade de renda. GRÁFICO 3 - EVOLUÇÃO DA DESIGUALDADE DE RENDA NO BRASIL DESDE 1976 Fonte: IPEA (s. d.). Quanto menor o coeficiente de GINI, menor é a desigualdade de renda dentro de um país. Para que as pessoas melhorem de vida e o abismo entre ricos e pobres diminua, a renda das famílias mais pobres precisa crescer. Mas nada disso é possível se um país não se desenvolver como um todo. 47UNIDADE II Problemas Ambientais Devido a algumas políticas de combate à desigualdade social promovidas nos últimos anos, a desigualdade social no Brasil vem caindo, chegando em 2012 a níveis de 1960. Em 2015, o coeficiente de desigualdade no Brasil atingiu 0,514. (PNAD, 2015). Vale lembrar que ultrapassar esse valor não significa abandonar a pobreza por completo, mas somente a pobreza extrema. FIGURA 2 - DESIGUALDADE DE RENDA NO MUNDO Fonte: Banco Mundial (2014). De acordo com o artigo 3º da Constituição Federal, para a erradicação da pobreza e das desigualdades, objetivo fundamental da República constitucionalizado é necessá- rio modificar-se os padrões de relações culturais e econômicas que as provocam e que aprofundam a exclusão, inclusive as sustentadas pela atividade estatal na implementação de políticas públicas, na formulação de leis e no julgamento das demandas levadas aos tribunais, como: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Complementando, Jamur (2000, p. 18-21) afirma, também, que: 48UNIDADE II Problemas Ambientais A pobreza extrema e a exclusão social constituem uma violação da dignidade humana e que devem ser tomadas medidas urgentes para o conhecimento maior do problema da pobreza extrema e de suas causas, particularmente aquelas relacionadas ao problema do desenvolvimento, visando a promover os direitos das camadas mais pobres, pôr fim à extrema pobreza e à exclusão social e promover uma melhor distribuição dos frutos do progresso social. É essencial que os Estados estimulem a participação das camadas mais po- bres nas decisões adotadas em relação às suas comunidades, à promoção dos direitos humanos e aos esforços para combater a pobreza extrema. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, mais de 30% das mortes que acontecem todos os dias estão relacionadas às causas da pobreza extrema, como fome, diarreia, pneumonia e tuberculose. Morre-se por doenças que poderiam ser prevenidas e curadas com custo muito baixo. Famílias que estão na linha da pobreza extrema convivem com um enorme sofrimento diário e podem estar em uma situação duplamente difícil ao verem suas crianças doentes e capturadas em um ciclo vicioso: miséria, internação, rein- ternação e até morte. Como ressalta o Informe de Desenvolvimento Humano 2000 do PNUD, a erradica- ção da pobreza constitui uma tarefa importante dos direitos humanos no século XXI. Um nível decente de vida, nutrição suficiente, atençãoà saúde, educação, trabalho e proteção contra as calamidades são, além de metas do desenvolvimento, direitos humanos. A miséria traz ainda consequências como a violência, as drogas e a criminalidade, além de baixo desempenho nas escolas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define violência como o uso de força física ou poder, por ameaça ou na prática, contra si próprio, outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade, que resulte ou possa resultar em sofri- mento, morte, dano psicológico, desenvolvimento prejudicado ou privação. Essa definição agrega a intencionalidade à prática do ato violento propriamente dito, desconsiderando o efeito produzido. No tocante às drogas, seu uso causa problemas irreparáveis à saúde das pessoas e, para sua produção, muitas vezes, causa desmatamento e perda de biodiversidade. A poluição também pode ser gerada durante o processo de secagem das folhas de tabaco, feita em estufas que requerem a queima de madeira nem sempre proveniente de reflorestamento. O problema do descarte inadequado engloba praticamente todas as drogas de origem química, com ênfase às bitucas de cigarro. São consumidos cerca de 140 milhões de cigarros por ano no Brasil. O mau hábito de descartar bitucas no chão leva à contaminação pelo perigoso acetato de chumbo e nicotina, além de outras cerca de 50 substâncias comprovadamente cancerígenas a rios e mares. 49UNIDADE II Problemas Ambientais Desta forma, não é difícil de compreender a relação existente entre a ação do homem e o aumento do número de doenças. O impacto negativo do homem no ambiente tem relação direta com a saúde, uma vez que necessitamos dos componentes do meio ambiente para a nossa sobrevivência. É impossível sobreviver sem acesso à água e ao ar, por exemplo. Se esses elementos estão comprometidos, nossa saúde também ficará. REFLITA De acordo com Lustosa (2011), a pobreza extrema e a exclusão social constituem uma violação da dignidade humana. Ninguém quer ser estigmatizado com a definição de carência; que não tem renda suficiente para sua manutenção. Ao aceitar a pobreza e assumi-la seria o mesmo que desistir de lutar. Entretanto, segundo um dado oficial do Ministério de Desenvolvimento de Combate à fome – 2012, havia no Brasil até esse ano cerca de 16,27 milhões de pessoas em condi- ção de “extrema pobreza”, ou seja, com uma renda familiar mensal abaixo dos R$70,00 por pessoa. Em 2011 foi anunciada a linha de extrema pobreza oficial do Plano Brasil sem Miséria: renda familiar per capita de R$70 reais – posteriormente atualizada, em maio de 2014, para R$77 reais per capita. A linha de extrema pobreza foi estabelecida com base em parâmetros internacionais, como a linha do Banco Mundial de US$1,25 por dia. Fonte: Lustosa (2011). 50UNIDADE II Problemas Ambientais 3. PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL Os aspectos pedagógicos e metodológicos devem possuir cunho participativo apoiado numa postura crítica, emancipadora e conscientizadora, através de uma aborda- gem sistêmica. A abordagem sistêmica nos permite ver “mais e melhor.” Nos permite ver e com- preender a realidade que é sempre complexa. A realidade é feita de diferentes elementos que interagem permanentemente. Compõe sistema que, por sua vez, é constituído por conjunto de partes que são integradas e pressupõe um dado limite). A realidade é complexa pois é feita de múltiplas dimensões: ecológica , socioeconô- mica, cultural, política, jurídica, científica e tecnológica, etc (LÉVY, 2011, p. 190) Para compreender esta realidade complexa a abordagem sistêmica é fundamen- tal, assim como o “pensamento complexo”, para os quais os fundamentos pedagógicos e metodológicos são importantíssimos, assim como os aspectos da multidimensionalidade e interdisciplinaridade (LÉVY, 2011, p. 188). Portanto, para realizar avaliação de sustentabilidade é fundamental pensar no “sistema” como um todo, pensar no conjunto de elementos que compõem a realidade e na sua complexidade (LÉVY, 2011, p. 188) Um sistema é definido como um conjunto de componentes inter-relacionados e organizados dentro de uma estrutura autônoma, operando de acordo com objetivos deter- minados: componentes, interação, entradas, saídas e limites (LÉVY, 2011, p. 188) 51UNIDADE II Problemas Ambientais A teoria construtivista parte da premissa de que o conhecimento não é dado, nada está pronto, acabado, mas se constitui pela interação do indivíduo com o meio físico e social (Piaget, 1987). O ser humano é compreendido como ser histórico, que se constrói através das suas relações com o mundo natural e social, o que dá sentido à constituição do sujeito (Vygotsky, 1996). Segundo Paulo Freire (2003), a educação deve ser vista como processo de eman- cipação e transformação do mundo, em que o papel do educador não é o de convencer o educando, mas de vencer com ele, construir junto. O grande desafio do educador está em, pela formação permanente, buscar subsídios teórico-práticos, para o exercício da docência, para a compreensão de que o conteúdo a ser trabalhado é uma síntese da humanidade e que, ao ser considerado relevante, conduz o aluno a transitar por ele, provocando inquieta- ções que o fazem avançar ainda mais. A educação é vista como acesso à construção de um processo emancipatório a partir da conscientização dos sujeitos (autoconhecimento e conhecimento da realidade). A participação é um pressuposto da própria aprendizagem. Você só conhece realmente o que construiu autonomamente. “Quanto mais ativamente uma pessoa participa da aquisição de um conhecimento, mais ela integrará e reterá aquilo que aprender” (Lévy, 2011, p. 198). O papel do mediador é de fundamental importância, devendo promover o interesse e o empoderamento dos participantes. A abordagem sistêmica nos permite ver “mais e melhor”; nos permite ver e compreender a realidade que é sempre complexa. A realidade é feita de diferentes elementos que interagem permanentemente e compõem um sistema que, por sua vez, é constituído por um conjunto de partes que são integradas e pressupõem um dado limite. Um sistema é definido como um conjunto de componentes inter-relaciona- dos e organizados dentro de uma estrutura autônoma, operando de acordo com objetivos determinados: componentes, interação, entradas, saídas e limites. Poder perceber um dado sistema, permite identificar as relações entre seus compo- nentes (suas interdependências). Assim, mais importante do que pensar em estratégias de desenvolvimento para um sistema é poder olhar sistemicamente o desenvolvimento como um processo em permanente construção. A realidade é sempre complexa. É o resultado de um “tecer conjunto” da relação so- ciedade/natureza como “unicidade” que, em última análise, constitui o “sistema ambiente”, onde ocorrem fluxos permanentes de matéria e energia. A abordagem sistêmica é fundamental, assim como o “pensamento complexo”, para os quais os fundamentos pedagógicos e metodológicos vistos anteriormente são importan- 52UNIDADE II Problemas Ambientais tíssimos, assim como os aspectos da multidimensionalidade e interdisciplinaridade. Portanto, para realizar avaliação de sustentabilidade é fundamental pensar no “sistema” como um todo, pensar no conjunto de elementos que compõem realidade e na sua complexidade. A realidade é complexa, pois é feita de múltiplas dimensões: ecológica, socioeco- nômica, cultural, política, jurídica, científica, tecnológica etc. Nos fundamentos do desen- volvimento sustentável, podemos perceber de modo bastante claro este entendimento. Os documentos da Eco-92, especialmente a Agenda-21, trazem com bastante propriedade este entendimento (você encontrará na internet um abundante material sobre este grande evento acontecido em 1992 no Rio de Janeiro e que trouxe grandes contribuições ao mundo com novas perspectivas de desenvolvimento e consciência planetária sobre o ambiente). O conhecimentopara o materialismo-histórico é fruto da relação entre homem e natureza e das relações sociais mais amplas. As forças sociais que se materializam em instituições, grupos, formas de pensar e interpretar o mundo são a base sobre a qual se criam os instrumentos de apreensão dos fenômenos naturais e sociais. Quando se aborda o campo da educação ambiental, podemos nos dar conta de que, apesar de sua preocupação comum com o meio ambiente e do reconhecimento do papel central da educação para a melhoria da relação com este último, os diferentes auto- res (pesquisadores, professores, pedagogos, animadores, associações, organismos etc.) adotam diferentes discursos sobre a EA e propõem diversas maneiras de conceber e de praticar a ação educativa neste campo. Cada um predica sua própria visão e viu-se, inclu- sive, formarem-se “igrejinhas” pedagógicas que propõem a maneira “correta” de educar, “o melhor” programa e o método “adequado”. Quando nos referimos à educação ambiental, não estamos tratando apenas de natureza, como geralmente esse termo é concebido, mas a um conjunto de relações so- ciais, políticas, históricas e econômicas, cujo homem é sujeito participante, transformador, e consequentemente receptor de suas ações. Philippi et al. (2014) aponta que a crise ambiental é uma leitura da crise da própria sociedade, uma vez que a gestão dos recursos naturais encontra-se muito além das ques- tões técnicas, referindo-se também ao contexto econômico, social, político e cultural. A educação ambiental vista como um agente de transformação exige uma profunda mudança de valores e atitudes, “uma nova visão de mundo, o que ultrapassa bastante o universo meramente conservacionista.” (BRÜGGER, 1999, p.34). Assim, essa educação não visa somente apontar os problemas de degradação ambiental, poluição, uso inade- 53UNIDADE II Problemas Ambientais quado de recursos, mas, sim, entender o porquê desses problemas, suas raízes históricas, sociais, culturais e, no caso da sociedade capitalista, principalmente, a econômica. A realização de trabalhos na área da educação ambiental, assim como qualquer outro trabalho educativo, que envolva a formação de sujeitos, não pode ser realizada de maneira isolada ou mesmo constituída de práticas descontextualizadas. A Constituição Brasileira, de 1988, incorporou em seu texto a Educação Am- biental, conforme o Art. 225, ressaltando a qualidade de vida como integrante da própria cidadania. Os Parâmetros Curriculares Nacionais apresentam a questão ambiental como um dos temas transversais do currículo do Ensino Fundamental, mas a sua efetivação no cotidiano escolar ainda deixa muito a desejar e, em muitos casos, tem se limitado a ações isoladas e/ou a enten- dimentos parcializados sobre a questão ambiental, orientados por uma visão excessivamente biologizada, dentro de uma vertente ecológico-preservacio- nista, e/ou fica restrita a eventos comemorativos (dia da árvore, dia do meio ambiente), ou ainda limitada à realização de algumas atividades práticas, denominadas extra-curriculares, eventuais (campanha do lixo, coleta para re- ciclagem, caminhadas ecológicas, visitas, plantio de hortas, etc.), sem a con- textualização necessária e sem a internalização sobre o real entendimento da problemática ambiental no cotidiano das comunidades escolares (SOARES et al., 2003, p. 9). A educação ambiental crítica deve então proporcionar aos sujeitos uma apropriação de conhecimentos capazes de gerar ações e jamais deve ser admitida como uma forma de adestramento, definida em “uma forma de adequação dos indivíduos ao sistema social vigente” (BRÜGGER, 1999, p. 35). Rangel (2003) afirma que, apesar de alguns estudos demonstrarem a interdepen- dência entre os elementos abióticos e bióticos, de maneira a enfocar a ecologia, quando se trata do ser humano, geralmente, este é visto como ameaça, ou como ameaçado. Nesta perspectiva, a educação ambiental só se refere à mudança de condutas. Entretan- to, concebemos a educação ambiental como um processo que envolve o meio natural, cultural, político e social. [...] reafirma-se o homem, não como ser ameaçado e ameaçador, mas como ser integrante do meio ambiente, cuja reconstrução e preservação, não só reflete na vida humana, como necessita da vida humana de qualidade. [...] estendendo-se, então, os cuidados com o meio ambiente ao próprio homem e suas condições de vida. Esses cuidados contemplam, portanto, os valores da vida cidadã, a exemplo da saúde, sexualidade, família, trabalho, ciência e tecnologia, cultura, linguagens (RANGEL, 2003, p. 136). Portanto, é de indispensável necessidade que entendamos a educação ambiental, não somente como àquela referente ao meio ambiente, considerado como natureza, mas, sim, numa ótica mais ampla, que envolve o homem e suas relações estabelecidas socialmente. Lima (2015) destaca que, para um programa de educação ambiental atingir seus objetivos, é preciso ocorrer o envolvimento coletivo. Para ele, os estudos de Paulo Freire, com a pedagogia crítica e libertadora, é o mais adequado para tal. O autor aponta, ainda, 54UNIDADE II Problemas Ambientais diversas estratégias de ensino para a prática da educação ambiental, tais como: discussão em classe, envolvendo todos; discussão em grupo; mutirão de ideias, quando pequenos grupos sugerem soluções para um dado problema, porém, sem se preocupar com análise crítica, num tempo de dez a 15 minutos; trabalho de grupos, em que quatro a oito membros se tornam responsáveis pela execução de uma tarefa; debate, com dois grupos de argu- mentos diferentes e um terceiro que avalia as ideias expostas; questionário; reflexão, que envolve a análise crítica; imitação da mídia, o grupo organiza sua própria versão de jornais, televisão, rádio e filmes; projetos; solução de problemas, que considera a apresentação e solução de problemas; jogos de simulação, operacionalização de situações reais referentes a um problema; exploração do ambiente local, por meio de observações. A escolha de uma ou outra estratégia deve considerar o perfil ambiental das comunidades a serem envolvidas (características sistêmicas de manutenção da vida e de seus valores) e seu respectivo metabolismo (desenvolvimento dos processos, seus movimentos e tendências). “Sem conhecer os objetivos, problemas, prioridades e valo- res de uma dada comunidade torna-se praticamente impossível planejar sem cometer gafes” (DIAS, 2004, p. 219). 55UNIDADE II Problemas Ambientais 4. CORRENTES DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL A escola, com o ensino formal, volta-se para os processos de formação do cidadão. Em se tratando de EA, possui várias correntes e tendências entre pesquisadores, o que, infelizmente, não leva à unificação; aparentemente há divergência entre elas. Portanto, as divergências ferem diretamente seu princípio central, que é a convergência (união e esforços) para conservação dos recursos naturais, para o desenvolvimento com sustentabi- lidade e a qualidade de vida socioambiental. Porém, essas correntes podem ser unificadas frente ao objeto de estudo e ao problema enfrentado, que deve ser revertido. Há 15 correntes de pensamento e atuação da Educação ambiental formal, desde as mais antigas, concebidas na década de 1970, até as atuais. Entre as correntes que têm uma longa tradição em educação ambiental, analisaremos as seguintes: a corrente natura- lista, conservacionista/recursista, resolutiva, sistêmica, científica, humanista e moral/ética. Já entre as correntes mais recentes estão: a corrente holística, biorregionalista, práxica, crítica, feminista, etnográfica, eco-educação e a sustentabilidade. a. A corrente naturalista Esta corrente é centrada na relação com a natureza. O enfoque educativo pode ser cognitivo (aprender com coisas sobre a natureza), experiencial (ver na natureza e aprender com ela), afetivo, espiritual ou artístico (associando a criatividade humana à da natureza). Napedagogia para os adultos (andragogia), Phillip (2014) afirma igualmente que de nada 56UNIDADE II Problemas Ambientais serve querer resolver os problemas ambientais se não se compreende pelo menos como “funciona” a natureza; deve-se aprender a entrar em contato com ela, por intermédio de nossos sentidos e de outros meios sensíveis: o enfoque é sensualista, mas também espiri- tualista, pois se trata de explorar a dimensão simbólica de nossa relação com a natureza e de compreender que somos parte integrante dela. Também frente aos adultos, Phillip (2014) insiste sobre a importância de considerar a natureza como educadora e como um meio de aprendizagem; a educação ao ar livre (outdoor education) é um dos meios mais eficazes para aprender sobre o mundo natural e para fazer compreender os direitos inerentes da natureza a existir por e para ela mesma; o lugar ou papel ou “nicho” do ser humano se define apenas nesta perspectiva ética. Para Phillip (2014, p. 672): A educação ambiental é exemplo do que é realizado para incorporar valores relacionados às mudanças no desenvolvimento socioambiental, dando à so- ciedade oportunidade e informação para tomar decisões com responsabilida- de, pautadas na ideia de território solidário. Para compreender melhor a sistemática da educação ambiental e suas vertentes pe- dagógicas, se faz necessário saber as principais correntes de pensamentos que contribuíram para consolidação desse processo pedagógico voltado à conservação do meio ambiente. Primordialmente, tem-se a corrente naturalista, que, em sua essência, valoriza o contato direto com a natureza, para fortalecer os laços afetivos entre esta e o ser humano a partir de experiências intensas, elevadas a nível espiritual. b. A corrente conservacionista/recursista Esta corrente agrupa as proposições centradas na “conservação” dos recursos, tanto no que concerne à sua qualidade como à sua quantidade: a água, o solo, a energia, as plantas (principalmente as plantas comestíveis e medicinais) e os animais (pelos re- cursos que podem ser obtidos deles), o patrimônio genético, o patrimônio construído etc. Quando se fala de “conservação da natureza”, como da biodiversidade, trata-se, sobretudo, de uma natureza-recurso. Encontramos aqui uma preocupação com a “administração do meio ambiente”, ou, melhor dizendo, de gestão ambiental. Os programas de educação ambiental centrados nos três “R” já clássicos, os da Redução, da Reutilização e da Reciclagem, ou aqueles centrados em preocupações de gestão ambiental (gestão da água, gestão do lixo, gestão da energia, por exemplo) se asso- ciam à corrente conservacionista/recursista. Geralmente se dá ênfase ao desenvolvimento 57UNIDADE II Problemas Ambientais de habilidades de gestão ambiental e ao ecocivismo. Encontram-se aqui imperativos de ação: comportamentos individuais e projetos coletivos. A corrente conservacionista prega o equilíbrio no uso dos recursos naturais em quantidade e qualidade no manejo. Há uma preocupação com a gestão ambiental. Aqui a educação é voltada para a conservação do meio ambiente. Surgiu em meio à Segunda Guerra Mundial, quando a escassez assolava os países envolvidos no conflito e a economia, a reutilização e a reciclagem dos recursos, tanto por parte dos soldados como da própria população atingida pelas consequências da luta bélica, foram as bases do pensamento conservador que deu origem a esta corrente. c. A corrente resolutiva A corrente resolutiva considera o Meio Ambiente como um conjunto de proble- máticas que só é possível de se resolver através da informação e da capacitação das pessoas em solucionar esses problemas. Aqui adotou-se “um modelo pedagógico centrado no desenvolvimento sequencial de habilidades de resolução de problemas” (SATO, 2011, p. 21). Assim, os educadores que utilizam esse pensamento se concentram no problema e envidam esforços nas soluções. d. A corrente sistêmica Pela corrente sistêmica, a educação ambiental é voltada para a análise estrutural do meio ambiente e seus componentes, bem como a relação dos elementos biofísicos e sociais, que permite uma visão conjunta da realidade ambiental e, assim, identificar os seus problemas e escolher soluções. O processo de educação ambiental que partiu da análise das relações de causa e efeitos através de experimentos e observações dos resultados por eles obtidos, com o fim de obter a solução para os problemas ambientais, deu origem à corrente científica, que, a seu turno, está intimamente ligada às ciências do Meio Ambiente. e. A corrente humanista A corrente humanista enfatiza a dimensão humana do meio ambiente, e este último constituindo o meio de vida do Homem, considerando as dimensões históricas, sociais, culturais, políticas e econômicas. A educação ambiental por esta corrente se efetiva por meio das ciências humanas a partir de uma visão humanista de meio ambiente enquanto meio de sobrevivência do ser humano. O ambiente não é somente apreendido como um 58UNIDADE II Problemas Ambientais conjunto de elementos biofísicos, que basta ser abordado com objetividade e rigor para ser melhor compreendido, para interagir melhor. Corresponde a um meio de vida, com suas dimensões históricas, culturais, políti- cas, econômicas, estéticas, não pode ser abordada sem se levar em conta sua significação, seu valor simbólico. O patrimônio não é somente natural, é igualmente cultural: as construções e os or- denamentos humanos são testemunhos da aliança entre a criação humana e os materiais e as possibilidades da natureza. A arquitetura, entre outros elementos, se encontra no centro desta interação. Neste caso, a porta de entrada para apreender o meio ambiente é frequen- temente a paisagem. Esta última é seguidamente modelada pela atividade humana; ela fala ao mesmo tempo da evolução dos sistemas naturais que a compõem e das populações humanas que estabeleceram nela suas trajetórias. f. Corrente ética ou moral Por fim, entre as correntes clássicas, existe a corrente ética ou moral, em que os educadores se baseiam no fundamento de que as relações do homem com o meio ambiente devem ser pautadas por um conjunto de valores individuais e coletivos, prescrevendo um código de comportamentos socialmente desejáveis no manejo dos recursos naturais. g. Corrente científica Algumas proposições de educação ambiental dão ênfase ao processo científico, com o objetivo de abordar com rigor as realidades e problemáticas ambientais e de com- preendê-las melhor, identificando mais especificamente as relações de causa e efeito. O processo está centrado na indução de hipóteses a partir de observações e na verificação de hipóteses, por meio de novas observações ou por experimentação. Nesta corrente, a educação ambiental está seguidamente associada ao desenvolvimento de conhecimentos e de habilidades relativas às ciências do meio ambiente, do campo de pesquisa essencialmente interdisciplinar para a transdisciplinaridade. Como na corrente sistêmica, o enfoque é, sobretudo, cognitivo: o meio ambiente é objeto de conhecimento. Não obstante os modelos pedagógicos de educação ambiental clássicos, desenvol- vidos no decorrer do século XX, atualmente, destacam-se também algumas correntes mais recentes: holística, biorregionalista, práxica, crítica, feminista, etnográfica da ecoeducação, da sustentabilidade. 59UNIDADE II Problemas Ambientais h. A Corrente holística O enfoque desta corrente do pensamento holístico é profundamente ecológico, e de acordo com ele, o indivíduo e a natureza não estão separados, mas formam um conjunto impossível de ser dissociado. Por isso é que qualquer forma de agressão à natureza e ao meio ambiente, para a abordagem holística, é pura e sim plesmente um a form a de suicídio. É preciso levar-se em conta não apenas o conjunto das múltiplas dimensões das realidades socioambientais, como também as diversas dimensões da pessoaque entra em relação com estas realidades, da globalidade e da complexidade de seu ser no mundo. O sentido global aqui é muito diferente do planetário: significa, antes, holístico, referindo-se à totalidade de cada ser, de cada realidade e à rede de relações que une os seres entre si em conjuntos nos quais eles adquirem sentido. A corrente holística não associa proposições necessariamente homogêneas, como é o caso das outras correntes. Algumas proposições, por exemplo, estão mais centradas em preocupações de tipo psicopedagógico apontando para o desenvolvimento global da pessoa em relação ao seu meio ambiente. Outras estão ancoradas numa verdadeira cos- mologia (ou visão do mundo) em que todos os seres estão relacionados entre si, o que leva a um conhecimento orgânico do mundo e a um atuar participativo em e com o ambiente. Numa perspectiva holística mais fundamental ainda, Nigel Hoffmann (1994) se ins- pira no filósofo Heidegger e no poeta naturalista Goethe para propor um enfoque orgânico das realidades ambientais. Devem-se abordar, efetivamente, as realidades ambientais de uma maneira diferente daquelas que contribuíram para a deterioração do meio ambiente. O processo de investigação não consiste em conhecer as coisas a partir do exterior, para explicá-las, originando de uma solicitação, de um desejo de preservar seu ser essencial permitindo-lhes revelar-se com sua própria linguagem. i. Corrente biorregionalista A corrente biorregionalista se inspira geralmente numa ética ecocêntrica e centra a educação ambiental no desenvolvimento de uma relação preferencial com o meio local ou regional, no desenvolvimento de um sentimento de pertença a este último e no compromis- so em favor da valorização deste meio. Sauvé (2005) reconhece aqui o caráter inoportuno desta pedagogia do além que baseia a educação em considerações exógenas ou em problemáticas planetárias que não são vistas em relação com as realidades do contexto de vida e que oferecem poucas oca- siões concretas para atuações responsáveis. 60UNIDADE II Problemas Ambientais j. Corrente práxica A ênfase desta corrente está na aprendizagem da ação, pela ação e para a melhoria desta. Não se trata de desenvolver a priori os conhecimentos e as habilidades com vistas a uma eventual ação, mas em pôr-se imediatamente em situação de ação e de aprender através do projeto por e para esse projeto. A aprendizagem convida a uma reflexão na ação, no projeto em curso. Lembremos que a práxis consiste essencialmente em integrar a reflexão e a ação, que, assim, se alimentam mutuamente. O processo da corrente práxica é, por excelência, o da pesquisa-ação, cujo objetivo essencial é o de operar uma mudança num meio (nas pessoas e no meio ambiente) e cuja dinâmica é participativa, envolvendo os diferentes atores de uma situação por transformar. Em educação ambiental, as mudanças previstas podem ser de ordem socioambiental e educacional. k. Corrente de Crítica Social Muitas vezes associada à da crítica social, se inspira no campo da “teoria crítica”, que foi inicialmente desenvolvida em ciências sociais e que integrou o campo da educação, para finalmente se encontrar com o da educação ambiental nos anos de 1980 (Robottom e Hart, 1993). Esta corrente insiste, essencialmente, na análise das dinâmicas sociais que se encontram na base das realidades e problemáticas ambientais: análise de intenções, de posições, de argumentos, de valores explícitos e implícitos, de decisões e de ações dos diferentes protagonistas de uma situação. Para Robottom e Hart (10993, p. 24): A postura crítica é igualmente aplicada às realidades educacionais.A educa- ção ambiental que se inscreve numa perspectiva sociocrítica (socially critical environmental education) convida os participantes a entrar num processo de pesquisa em relação a suas próprias atividades de educação ambiental [...]. É preciso considerar particularmente as rupturas entre o que o prático pensa que faz e o que na realidade faz e entre o que os participantes querem fazer e o que podem fazer em seu contexto de intervenção específica. O prático deve se comprometer neste questionamento, porque a busca de soluções válidas passa pela análise das relações entre a teoria e a prática. [...] A reflexão críti- ca deve abranger igualmente as premissas e valores que fundam as políticas educacionais, as estruturas organizacionais e as práticas em aula. O prático pode desenvolver, através deste enfoque crítico das realidades do meio, sua própria teoria da educação ambiental. l. Corrente Feminista Em matéria de meio ambiente, uma ligação estreita ficou estabelecida entre a do- minação das mulheres e a da natureza: trabalhar para restabelecer relações harmônicas com a natureza é indissociável de um projeto social que aponta para a harmonização das relações entre os humanos, mais especificamente entre os homens e as mulheres. 61UNIDADE II Problemas Ambientais Tal corrente se opõe, no entanto, ao predomínio do enfoque racional das problemá- ticas ambientais, tal como frequentemente se observa nas teorias e práticas da corrente de crítica social. Os enfoques intuitivo, afetivo, simbólico, espiritual ou artístico das realidades do meio ambiente são igualmente valorizados. No contexto de uma ética da responsabili- dade, a ênfase está na entrega: cuidar do outro humano e o outro como humano, com uma atenção permanente e afetuosa. m. Corrente etnográfica Dá ênfase ao caráter cultural da relação com o meio ambiente. A educação am- biental não deve impor uma visão de mundo, sendo preciso levar em conta a cultura de referência das populações ou das comunidades envolvidas. Propõe não somente adaptar a pedagogia às realidades culturais diferentes, como se inspirar nas pedagogias de diversas culturas. n. Corrente da ecoeducação Está dominada pela perspectiva educacional da educação ambiental. Não se trata de resolver problemas, mas de aproveitar a relação com o meio ambiente como cadinho de desenvolvimento pessoal, para o fundamento de um atuar significativo e responsável. O meio ambiente é percebido aqui como uma esfera de interação essencial para a ecoformação ou para a ecoontogênese. Distinguiremos aqui estas duas proposições, muito próximas ambas, no entanto distintas, principalmente em relação a seus respectivos contextos de referência. o. Corrente da sustentabilidade A ideologia do desenvolvimento sustentável, que conheceu sua expansão em mea- dos dos anos de 1980, penetrou pouco a pouco o movimento da educação ambiental e se impôs como uma perspectiva dominante. Para responder às recomendações do Capítulo 36 da Agenda 21, resultante da Cúpula da Terra em 1992, a UNESCO substituiu seu Programa Internacional de Educação Ambiental por um Programa de Educação para um futuro viável (UNESCO, 1997), cujo objetivo é o de contribuir para a promoção do desenvolvimento sustentável. Este último supõe que o desenvolvimento econômico, considerado como a base do desenvolvimento humano, é indissociável da conservação dos recursos naturais e de um compartilhar equi- tativo dos recursos. Trata-se de aprender a utilizar racionalmente os recursos de hoje para que haja suficientemente para todos e se possa assegurar as necessidades do amanhã. 62UNIDADE II Problemas Ambientais As florestas são imprescindíveis para a manutenção dos recursos hídricos ao abas- tecimento das cidades, onde vive a maioria da população. O desmatamento incontrolado e insano está causando a desertificação e levará fatalmente ao desabastecimento de água e à formação de solo improdutivo para a produção de alimentos. A natureza trabalha e produz na forma cíclica, mostrando o caminho para a atuação do homem. Todos os tipos de plantas, sejam as rasteiras, os arbustos, as árvores ou as flores, têm uma importância indispensável para a nossa qualidade de vida. As plantas nutrem os solos e ajudam a produzir alimentos e água. Suas folhas servemcomo adubos para a terra e tornam a natureza rica e viva. Desta maneira, diante da intensa degradação da natureza, medidas urgentes de- vem ser tomadas por todos a benefício do homem e do próprio meio ambiente, a fim de minimizar os impactos negativos que têm levado os recursos naturais e a escassez em nome da melhoria da qualidade de vida. Segundo Oliveira e Medeiros (2010), a educação ambiental não se refere apenas à ecologia e preservação do meio ambiente, indo muito além destes, abarcando a vivência do homem em sociedade e as relações estabelecidas por este. A transformação e a busca de superação de comportamentos destrutivos (matança de animais, queimadas, desflores- tamento, desperdício de recursos naturais não renováveis como a água) são necessárias para o processo da própria humanização do homem. Para os autores, não se trata apenas de estudar, ou mesmo entender, o processo de degradação pelo qual o planeta Terra vem passando. Além destes, é necessário que en- tendamos a educação ambiental, como educação política, que envolve escolhas, decisões e opções que não tomamos sozinhos, já que vivemos em sociedade – no nosso caso, a sociedade da informação. Portanto, fazer uma educação para o meio ambiente implica envolver todas as áreas do conhecimento em prol de um conhecimento comum: o de que somos parte, e como tal dependemos do todo. Mesmo em um mundo capitalista, conduzido pelo econômico, há a intensa necessidade de percebemos que há muito além do capital e que o desenvolvimento a qualquer custo gera o contrário: o retrocesso. Com isso, queremos dizer que não dá mais para mascararmos as ações do homem contra o meio ambiente, pois vivemos e vemos as consequências negativas de tais ações (OLIVEIRA; MEDEIROS, 2010). Enquanto seres produzidos historicamente, sabemos que muitas atitudes errôneas foram transmitidas e repassadas de geração para geração. Assim, o que temos visto no tempo atual é o acúmulo de séculos, décadas e anos de uma relação parasitária do homem para com o meio ambiente, no sentido de que este se torna hospedeiro, retirando e não devolvendo nada de bom em troca (OLIVEIRA; MEDEIROS, 2010). 63UNIDADE II Problemas Ambientais Somente uma política concisa e bem planejada de Educação Ambiental é capaz de mudar essa terrível realidade, e temível futuro, pelo esgotamento dos recursos naturais e degradação do meio ambiente, dirimindo as consequências da ação devastadora do ser humano e proporcionando uma melhor qualidade de vida, bem como o equilíbrio entre desenvolvimento, progresso e sustentabilidade. 64UNIDADE II Problemas Ambientais LEITURA COMPLEMENTAR Resumo: O presente trabalho tem por finalidade apresentar alguns conceitos de Educação Ambiental e a relação com a Educação Infantil. Para gerar uma qualidade de vida sustentável, se faz necessário um (re) pensar sobre o meio ambiente; das ações do homem e o seu habitat. Tendo por base este contexto, faz-se necessário iniciar a formação de cidadãos conscientes com a preservação do meio ambiente desde a Educação Infantil, quando o principal objetivo é conscientizar o aluno da importância que o meio ambiente tem para a sua vida. Através do contato com o meio ambiente, associando a teoria à prática é que se assimila o conteúdo de forma ampla e contínua. Para realização deste trabalho, recorreu-se a pesquisas bibliográficas e estudo de caso, quando foram realizadas análises nas ações do projeto “A magia do plantar: reestruturando o espaço vazio trazendo cores, cheiros e sabores” dentro de um Centro Municipal de Educação Infantil na cidade de Ponta Grossa. O estudo da Educação Ambiental está voltado para a formação ética do cidadão. Fonte: Grzebieluka, Kubiak e Schille (2014). 65UNIDADE II Problemas Ambientais MATERIAL COMPLEMENTAR FILME/VÍDEO Título: Documentário Mata Atlântica - Paulo Rufino- Produção Casa de Cinema RBMA Reserva da Biosfera da Mata Atlântica Ano: 2013 Sinopse: descreve as características da atlântica e a definição de seu clima e sua biodiversidade. Link: https://www.youtube.com/watch?v=laQi_VxsbvQ FILME/VÍDEO 2 Título: Impactos Ambientais e Desenvolvimento Sustentável Ano: 2014 Sinopse: fornece definições sobre conceitos de impacto, aspecto e poluição ambiental, falando-se sobre todos os tipos de poluição. Link: https://www.youtube.com/watch?v=QGHHhYCdErs 66 Plano de Estudo: ● Breve histórico da educação ambiental; ● Educação ambiental; ● A Política Nacional de Educação Ambiental - PNEA (lei nº 9.795/1999); ● Transversalidade; Objetivos da Aprendizagem: ● O objeto deste capítulo é dar ênfase na importância da educação para desen- volver de forma sustentável, além de fazer uma reflexão dentro de uma visão ampla do surgimento da Educação Ambiental a nível mundial e em nosso país e analisar problemas e possíveis soluções, bem como o papel da escola nas demandas ambientais contemporâneas. ● Além disso, o objetivo está em demonstrar que educar é um fenômeno típico, uma necessidade ontológica de nossa espécie e, assim, deve ser compreendido para que possa ser concretamente realizado. Refere-se, ainda, aos processos sociais relativos à aprendizagem – que se traduz na dimensão pessoal pela percepção sensível, capacidade reflexiva e atuação objetiva e dialógica na realidade. Ocorre por meio de múltiplas mediações sociais e ecológicas que se manifestam nas esferas individuais e coletivas por nós compartilhadas, o que pressupõe, em seu movimento constitutivo, os lugares e o momento histórico em que vivemos. UNIDADE III Conceitos e Históricos da Educação Ambiental Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco 67UNIDADE III Conceitos e Históricos da Educação Ambiental INTRODUÇÃO Nesta unidade, buscaremos desenvolver os principais conceitos que permitam a você, estudante, refletir nos fundamentos da educação ambiental, partindo da definição de educação e de ambiente, além de reconhecer os diferentes conceitos relacionados às questões de ordem ambiental e as relações que se estabelecem entre sociedade e nature- za, assim como também a evidência clara de que o modo de produzir a vida em sociedade é o determinante da problemática ambiental, social e econômica. O livro Primavera Silenciosa, publicado em 1962 pela jornalista norte-americana Rachel Carson, denunciou a ação impactante do homem sobre o ambiente, estimulou a discussão mundial sobre a necessidade de se proteger a natureza contra os humanos e promoveu a qualidade ambiental como pressuposto para a qualidade de vida dos homens. A obra trouxe à tona a necessidade de preocupar-se com o uso de agrotóxico na natureza e o quanto este traz prejuízos para a biodiversidade e para o recurso à água. Educação Ambiental promove qualidade de vida e a Constituição Federal do Brasil, em seu artigo 225, afirma que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equili- brado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida”. Trabalhar educação ambiental com os indivíduos significa educá-los e capacitá-lo para o uso sustentável dos recursos hídricos e demais recursos naturais, para a busca de alternativas de menor impacto ambiental e maior reflexão sobre os significados dos conceitos de qualidade hídrica, qualidade ambiental, qualidade de vida e sustentabilidade, evitando que, pela sua ganância, desencadeie uma série de eventos que coloque não só a sua vida em risco, mas também a vida do planeta. Desta forma, falaremos também da transversalidade da Educação Ambiental e da forma como que é inserida na Constituição Federal de 1988, pela elucidação dos pontos mais importantes da Lei nº 9.795/99 (Lei de Educação Ambiental), pela importância da transversalidade e, por fim, por breves reflexões sobre o modo como que é aplicada nas escolas atualmente 68UNIDADE III Conceitos e Históricos da Educação Ambiental 1. BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL A Educação Ambiental (EA) era um assunto o qual as pessoasnão levavam tão a sério, pois era difícil encontrar referências que abordassem o tema citado e não havia cursos de especialização para capacitar profissionais na referida área. Diante disso, a preocupação com o meio ambiente se restringia somente a peque- nos grupos de estudiosos e outros interessados em conhecer profundamente sobre meio ambiente que saíam a campo para pesquisar ou até mesmo passear e apreciar a natureza, que era de caráter exuberante. Daí por diante, começaram a ser divulgadas de maneira lenta as informações refe- rentes à temática, o que despertou curiosidades em outros estudiosos que também preten- diam obter mais conhecimentos. Assim, eles poderiam compreender a história da educação ambiental, os acontecimentos e os conceitos, como bem a primeira grande catástrofe. A primeira grande catástrofe ambiental sintoma da inadequação do estilo de vida do ser humano - viria acontecer em Londres provocaria a morte de 1.600 pessoas desencadeando o processo de sensibilização sobre a qualidade ambiental na Inglaterra, e culminando com aprovação da Lei de Ar Puro pelo Parlamento, em 1956. Esse fato desencadeou uma série de discussões em outros países, catalisando o surgimento do ambientalismo nos Estados Unidos a partir de 1960 (DIAS, 2004, p.77). Assim, a Educação Ambiental tem seu surgimento a partir das preocupações de ecologistas em chamar a atenção para os problemas ambientais devido ao uso descontro- 69UNIDADE III Conceitos e Históricos da Educação Ambiental lado dos recursos naturais e destruição das florestas e, com isso, envolver a sociedade em ações ambientalmente corretas. No ano de 1962, a jornalista Rachel Carson lançava seu clássico livro Primavera Silenciosa, relatando o uso excessivo dos produtos químicos, logo o efeito maléfico sobre os recursos ambientais. Devido à preocupação mundial com a educação ambiental, houve a reunião de 1968, em Roma, quando alguns cientistas dos países desenvolvidos discutiram temas sobre o consumo, as reservas de recursos naturais não renováveis e o crescimento da população mundial. Em 1972, o Clube de Roma publicou um relatório chamado “Os Limites do Cresci- mento”, previsão bastante pessimista do futuro da humanidade, se o modelo de exploração dos recursos naturais não fosse modificado. Também em 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU) realizou, em Estocolmo, Suécia, a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano. Nessa conferência, foi criado o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) (MARCATTO, 2002). Segundo Medina (2008), a Conferência de Estocolmo inspirou um interesse reno- vado na Educação Ambiental na década de 1970, tendo sido estabelecida uma série de princípios norteadores para um programa internacional e planejado um seminário interna- cional sobre o tema, que se realizou em Belgrado, em 1975. No ano de 1977, aconteceu a Conferência Intergovernamental de Educação Am- biental, em Tbilisi, ex-União Soviética. As definições dessa Conferência continuam muito atuais, sendo adotadas por governos, administradores, políticos e educadores em pratica- mente todo o mundo (MARCATTO, 2002 apud. CZAPSKI, 1998). Segundo Leff ( 2001) em Tbilisi, na Geórgia, em 1977, aconteceu a conferência mais marcante da história da Educação Ambiental, em sua declaração, foram definidos princípios, estratégias, objetivos, funções, características e recomendações para a Educa- ção Ambiental. Ali foi definido o seguinte: A Educação Ambiental é um processo de reconhecimento de valores e clarificação de conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as atitudes em relação ao meio, para entender e apreciar as inter-relações entre os seres humanos suas culturas e seus meios biofísicos. A Educação Ambiental também está relacionada com a prática das tomadas de decisões e a ética que conduzem para a melhoria da qualidade de vida ( LEFF, 2001.p 200). No Brasil, em 1977, foi fundada a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), que tem como objetivo formar um grupo para elaboração de um documento sobre EA, 70UNIDADE III Conceitos e Históricos da Educação Ambiental com o intuito de definir seu papel no contexto da realidade socioeconômico-educacional brasileira (DIAS, 2001). Em 1984, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) apresenta resolução estabelecendo diretrizes para as ações de EA, aprovada a Resolução 001/86 (1986) que estabelecia as responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente (DIAS, 2001). Nos anos seguintes, ocorreram diversos eventos voltados para a Educação Am- biental, dentre os quais: Comissão Brundtland em 1987; definida como Nosso Futuro em Comum, a ECO 92 no Rio de Janeiro 1992, que definiu a Agenda 21 com destaque no dilema da relação homem-natureza e também no combate às desigualdades sociais; Viena 1993; Cairo 1994; Copenhagem e Beijing 1995; Roma e Istambul 1996; Milênio em New York em 2000; a Cúpula do Desenvolvimento Sustentável em Joanesburgo em 2002. No Brasil, pela primeira vez em sua história, era inserido um capítulo específico direcionado ao meio ambiente em sua Constituição Federal (1988, p. 103), Art. 225: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. O meio ambiente passa a ser considerado como um bem comum a todos. Segundo Marcatto (2002), através da Lei Federal nº 9.795, sancionada em 1999 e re- formulada em 2002, por meio do Decreto nº 4.281, que define a “Política Nacional de Educação Ambiental”, a EA deverá estar presente em todos os níveis de ensino no âmbito escolar. Através da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvi- mento ECO-92, ocorrida no Rio de Janeiro, o Brasil elaborou a Agenda 21, que tem como objetivo estabelecer equilíbrio entre as estratégias das políticas ambientais e o desenvol- vimento econômico e social, para consolidar um desenvolvimento sustentável. Em 2002, realizou-se, em Johannesburgo, África do Sul, o Encontro da Terra, também denominado Rio+10, com a finalidade de avaliar as decisões tomadas na Conferência do Rio em 1992 (MARCATTO, 2002). Atualmente, no cenário ambiental, tivemos a Rio+20, cujo alvo, assim como as demais conferências, é pensar/discutir e elaborar metas que resultem em um objetivo final: a preservação do ambiente. O Rio+20 realizou-se no Rio de Janeiro e contou com aproxi- madamente 188 países. Ao que tange o Desenvolvimento Sustentável (DS), as principais metas são desenvolver uma economia verde com base no DS e a erradicação da pobreza. 71UNIDADE III Conceitos e Históricos da Educação Ambiental Nesta conferência, foi elaborado um relatório final designado como “O futuro que queremos”. Nesse compilado, ficaram definidas algumas ações que versam em: a) Lidar globalmente com a sustentabilidade; b) Produção e consumo sustentáveis; c) Tecnologias ambientalmente saudáveis e transferências destas; d) Medir o crescimento sustentável; e) Relatórios de sustentabilidade empresarial, entre outros. Enfim, essa conferência foi alvo de muitas críticas, entre o emaranhado de questio- namentos. Cabe ressaltar que as ações propostas serão trabalhadas/estudadas até 2015 e que a partir desse ano ou da próxima conferência é que teremos algo objetivo, ou seja, por enquanto continuamos com as propostas, sem ações. 72UNIDADE III Conceitos e Históricos da Educação Ambiental 2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL A ideia de a Terra ser fonte inesgotável de recursos para geração de riquezas e progresso material não deve existir mais, pois já presenciamos em muitos lugares que os recursos hídricos mundiais estão entrando em colapso, seja por quantidadeou qualidade. No relato de Adorno (2002), ele diz que a população tem aumentado considera- velmente e o problema desse aumento não é apenas o da falta de alimentos. Estes são e poderão ser produzidos em quantidades suficientes para abastecer o mundo. A grande questão é que temos explorado cada vez mais os recursos presentes na natureza e as fontes de água potável do planeta vêm diminuindo ano após ano, fato que ocorre não porque a natureza não consegue prover água suficiente para todos nós, mas porque a humanidade tem o péssimo hábito de poluir e destruir sistematicamente as nascentes e as reservas de água. Atualmente, encontrar o equilíbrio entre satisfação das necessidades e preservar o meio ambiente não é uma tarefa fácil, por vários fatores: falta de educação financeira e ambiental da população. Os seres humanos enfrentaram, ao longo da sua história, inúmeras dificuldades e desafios ambientais e, para a superação desses desafios, surge a educação ambiental como um caminho para promoção de mudanças de valores, sentimentos, atitudes e, princi- palmente, para mostrar ao homem que ele faz parte do ecossistema, necessitando, dessa forma, cuidar do meio em que vive. 73UNIDADE III Conceitos e Históricos da Educação Ambiental Entretanto, é fato que o homem, em decorrência do crescimento populacional, precisou desenvolver tecnologias para melhorar o processo produtivo e, assim, produzir mais, no intuito de satisfazendo suas necessidades. Porém mesmo com novas tecnologias não deixou de degradar, muito pelo contrário, poluiu ainda mais. Acompanhando esse avanço tecnológico, o homem também se deparou com gran- des problemas ambientais em decorrência da intensificação da exploração dos recursos naturais, geração de resíduos e maior produção de agrotóxicos. Assim, surge a necessi- dade de buscar soluções para os problemas ambientais no intuito de garantir um futuro melhor para a humanidade. Porém, falta clareza para entender que a educação é o melhor caminho para instruir as pessoas da necessidade de preservar o meio ambiente. Para Taglieber (2004, p. 14), é preciso chamar a atenção para essa problemática, mostrando que: Na atualidade, frente à problemática ambiental, a compreensão das limitações dos ecossistemas do Planeta, a educação geral passa necessariamente pelo foco da dimensão ambiental, isto é, para sobrevivência da humanidade é necessário que cada coletividade tome consciência desses limites e comece a valorizar, preservar, conservar e proteger seu meio ambiente. A educação precisa enfocar aspectos específicos da época e das necessidades expressas pela coletividade atual. Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (1997) reforçam que as tecnologias podem ser usadas como metodologias para sensibilizar sobre determinada problemática e dentre os conteúdos que devem ser trabalhados em sala de aula, de forma transversal e interdisciplinar, está a Educação Ambiental (EA). Consideramos que um dos grandes desafios do século XXI é conseguir que o homem utilize as tecnologias como instrumento em suas práticas, entendendo as conse- quências das ações humanas sobre a natureza e quais caminhos seguir para preservar os recursos naturais necessários para sua própria sobrevivência. Segundo a resolução nº 2, de 15 de junho de 2012, estabelece as Diretrizes Cur- riculares Nacionais para a Educação Ambiental e em seu artigo segundo, p. 2, define a educação ambiental como: uma dimensão da educação, é atividade intencional da prática social, que deve imprimir ao desenvolvimento individual um caráter social em sua rela- ção com a natureza e com os outros seres humanos, visando potencializar essa atividade humana com a finalidade de torná-la plena de prática social e de ética ambiental De acordo com a Conferência sub-regional de Educação Ambiental para a Educa- ção Secundária ocorrida em Chosica/Peru (1976, p. 1): 74UNIDADE III Conceitos e Históricos da Educação Ambiental A educação ambiental é a ação educativa permanente pela qual a comuni- dade educativa tem a tomada de consciência de sua realidade global, do tipo de relações que os homens estabelecem entre si e com a natureza, dos problemas derivados de ditas relações e suas causas profundas. Ela desen- volve, mediante uma prática que vincula o educando com a comunidade, va- lores e atitudes que promovem um comportamento dirigido a transformação superadora dessa realidade, tanto em seus aspectos naturais como sociais, desenvolvendo no educando as habilidades e atitudes necessárias para dita transformação Conferência Sub-regional de Educação Ambiental para a Edu- cação Secundária. Para Leff (2001, p. 188), “o ambiente não é a ecologia, mas a complexidade do mundo”, sendo preciso “aprender um novo saber sobre o ambiente”. O autor, em seu livro intitulado “Epistemologia Ambiental”, procura levar o leitor a uma reflexão sobre os fenô- menos ambientais, mostrando que cabe a todas as pessoas buscar mudança de valores, comportamentos e estilos de vida voltados para a conservação dos recursos naturais para se ter qualidade de vida e deixar um ambiente ecologicamente sustentável para as futuras gerações. Desta forma, a relação sociedade-natureza evidencia os desafios para a construção de novos conhecimentos, novas formas de relação, novas concepções e novos valores. FIGURA 3 - SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS Fonte: Dias (2001). As práticas educativas ambientais devem proporcionar mudanças de hábitos, ati- tudes e práticas sociais, sendo, portanto, a Educação Ambiental o caminho para que as pessoas adquiram consciência da importância de terem atitudes sustentáveis. É inegável que a educação ambiental contribui significativamente para a proteção do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida. 75UNIDADE III Conceitos e Históricos da Educação Ambiental Nesse sentido, Linhares e Piemonte (2010, p. 120) apontam que: Há de se promover urgente conscientização social sobre a problemática do meio ambiente visando à educação e ética ambientais, proporcionando, por consequência, uma vida mais saudável para a população mundial, que esbarra com as novas tecnologias e o crescimento demográfico, que estão ocorrendo sem o devido cuidado com o meio ambiente. Imprescindível, portanto, um esforço para a educação em questões ambientais dirigidas tanto às gerações jovens como aos adultos e que se preste à devida atenção ao setor da população menos privilegiado, para fundamentar as bases de uma opinião pública bem informada e de uma conduta dos indivíduos, das empresas e das coletividades inspirada por sua responsabilidade sobre a proteção e melhoria do meio ambiente em toda sua dimensão humana. Mudança de paradigmas implica discutir valores para construir uma sociedade mais justa, que satisfaça as necessidades das gerações atuais, sem comprometer a sobrevivên- cia das futuras gerações. Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2011), a atuação dos educadores am- bientais nas políticas públicas de águas é portadora de um significativo potencial sinérgico capaz de incutir e sedimentar uma perspectiva realmente sistêmica, integradora e ambiental como diferencial para qualificar a gestão dos recursos hídricos no país e promover a efetiva melhoria nas condições de vida das pessoas e do meio com o qual convivem. Para Medina (2001, p. 17), dentre várias definições sobre o que é EA, destaca-se: A Educação Ambiental como processo [...] consiste em propiciar às pessoas uma compreensão crítica e global do ambiente, para elucidar valores e desenvolver atitudes que lhes permitam adotar uma posição consciente e participativa a respeito das questões relacionadas com a conservação e a adequada utilização dos recursos naturais deve ter como objetivos a melhoria da qualidade de vida a eliminação da pobreza extrema e do consumismo desenfreado. Assim, a promoção de processos continuados e permanentes de desenvolvimento de capacidades e de Educação Ambiental paraa Gestão de Águas constitui iniciativa es- tratégica fundamental para assegurar a sustentabilidade do crescimento da economia e a promoção do desenvolvimento sustentável (Ministério do Meio Ambiente, 2011). Entendendo que educação ambiental é um processo que deve partir do interno para o externo, levando a mudanças de hábitos e comportamentos como pequenas ini- ciativas no lar, escola e bairro, até alcançar uma abrangência mais ampla, que envolva uma região, estado e país, beneficiando todo o ecossistema e a humanidade, a família e a escola figuram como os principais responsáveis por disseminar a importância dos bons hábitos e da consciência ambiental. Os resultados obtidos são levados pelo resto da vida e disseminados, garantindo a eficácia e a construção de uma sociedade mais responsável ecologicamente. 76UNIDADE III Conceitos e Históricos da Educação Ambiental No Brasil, com a aprovação da Lei nº 9.795/1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental, e dentre várias premissas, a lei afirma tratar-se de um componente essencial e permanente da educação no Brasil, que deve estar presente de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal. 77UNIDADE III Conceitos e Históricos da Educação Ambiental 3. A POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL - PNEA (LEI Nº 9.795/1999) FIGURA 4 - EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL, NÃO FORMAL E INFORMAL Fonte: CECIERJ (2014). A Lei de Educação Ambiental, apesar de sua extrema importância para a educa- ção, é de raro conhecimento do corpo docente. Em suma, a Lei nº 9.795/99 traz as linhas gerais do que deve tratar a Educação Ambiental, traçando, ainda, a maneira como deve ser trabalhada no ensino formal. A Política Nacional de Educação Ambiental - PNEA (Lei nº 9.795/1999) estabelece, como um dos objetivos estratégicos da EA, o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se 78UNIDADE III Conceitos e Históricos da Educação Ambiental a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania. De forma coerente com a política das águas, a construção de uma cultura da participação, qualificada com o diálogo, mostra-se como um dos eixos centrais da PNEA. Segundo o artigo 1º da Lei nº 9.795, entende-se por educação ambiental: Os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem va- lores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essen- cial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL, 1999, on-line). O art. 1° define expressamente o conceito de Educação Ambiental, em que trata a Educação Ambiental como prática que condiz não apenas com o ensino formal, mas com um emaranhado de processos que leva os indivíduos a conservar o meio ambiente. Assim, deve-se destacar que o meio ambiente é composto não apenas pelo meio ambiente natural, pois, de acordo com o já versado em tópico precedente, é composto dos ambientes natural, cultural, artificial e laboral. O artigo 2° da Lei em análise trata da transversalidade da Educação Ambiental, mo- tivo pelo qual será analisado em tópico específico. Já o art. 3°, por sua vez, repete as disposições do art. 225 da CRFB/88, deixando expresso que é dever do poder público e de toda sociedade a promoção da Educação Ambiental. Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à Educação Am- biental, incumbindo: I – ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituição Federal, definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da socie- dade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; II – às ins- tituições educativas, promover a Educação Ambiental de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem; III – aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente – Sisnama, promover ações de Edu- cação Ambiental integradas aos programas de conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente; IV – aos meios de comunicação de massa, co- laborar de maneira ativa e permanente na disseminação de informações e práticas educativas sobre meio ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua programação; V – às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover programas destinados à capacitação dos tra- balhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente; VI – à sociedade como um todo, manter atenção permanente à for- mação de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a solução de problemas ambientais (BRASIL, 1999, on-line). No art. 4°, são expressos os princípios básicos da Educação Ambiental. É impor- tantíssimo que tais princípios sejam levados ao conhecimento dos professores, para que, por meio deles, possam desenvolver suas práticas integradas à educação de convivência no meio. 79UNIDADE III Conceitos e Históricos da Educação Ambiental I – o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo; II – a concep- ção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da susten- tabilidade; III – o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na pers- pectiva da inter, multi e transdisciplinaridade; IV – a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais; V – a garantia de continuidade e permanência do processo educativo; VI – a permanente avaliação crítica do processo educativo; VII – a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais; VIII – o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural (BRASIL, 1999, on-line). Os princípios precisam ser trabalhados em conjunto com os objetivos da Educação Ambiental dispostos em seguida pela Lei nº 9.795/99. No seu artigo 5º, também como um dos seus objetivos fundamentais que a educação ambiental deve promover o desenvolvi- mento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômi- cos, científicos, culturais e éticos. Assim, segundo Tundisi (2006), o desenvolvimento econômico e a complexidade da organização das sociedades humanas produziram inúmeras alterações no ciclo hidrológico e na qualidade da água. Desta forma, urge a promoção de uma gestão de desenvolvimento que produza utilizando recursos hídricos de forma sustentável. A EA é um caminho para reconstruir a relação ser humano/natureza, contribuin- do para o desenvolvimento de uma consciência social e planetária. De acordo com PCN (1998), durante muitos séculos, o ser humano se imaginou no centro do Universo, com a natureza à sua disposição, e apropriou-se de seus processos, alterou seus ciclos, redefiniu seus espaços, mas acabou deparando-se com uma crise ambiental que coloca em risco a vida do planeta, inclusive a humana. O art. 10 (1999, on-line) ensina que a Educação Ambiental “[...] será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e moda- lidades do ensino formal.” Isso apenas deixa claro o quanto deve ser cíclica e englobada em todas as séries desde o aprendizado escolar inicial. O art. 11, por sua vez, estabelece que a dimensão ambiental deve estar presente no currículo de formação de professores em todos os níveis e disciplinas. É certo que as reformas curriculares dos cursos de ensino superior até então não abrangeram efetiva- mente as questões ambientais apesar da obrigatoriedade prevista no art. 12 da Lei nº 9.795/99 (que determinaa corrente holística, biorregionalista, práxica, crítica, feminista, etnográfica, eco-educação e a sustentabilidade. Na terceira unidade, explanaremos sobre a importância da efetivação da política de educação ambiental, a qual visa, precipuamente, estabelecer um vínculo entre o indivíduo e o meio ambiente, tornando o primeiro responsável pela preservação e desenvolvimento. Para isto, conceituaremos e contextualizaremos Educação Ambiental, explanaremos resu- midamente sobre os históricos da Educação Ambiental, bem como sua transversalidade, a Educação Ambiental na Constituição de 1988 e os pontos relevantes da Lei nº 9.795/99 (Lei de Educação Ambiental), no intuito de demonstrar que mudanças de paradigmas implicam discutir valores para a construção de uma sociedade mais justa, que satisfaça as necessi- dades das gerações atuais, sem comprometer a sobrevivência das futuras gerações. Para finalizar, na quarta unidade, com o tema Educação ambiental, relataremos a tão falada sustentabilidade e sua relação com o desenvolvimento. Enfatizaremos a di- ferença entre desenvolvimento e crescimento, conceituando-os e mostrando o papel da sociedade, do governo e das empresas na busca por um mundo mais sustentável em todas as suas dimensões: ambiental, social e econômico. Discutiremos os capítulos da Agenda 21 global e biodiversidade, que servem como instrumento de planejamento participativo em que se admite de forma explícita a responsa- bilidade dos governos em impulsionar programas e projetos ambientais através de políticas que visam a justiça social e a preservação do meio ambiente e deve ser implementada tanto pelos governos quanto pela sociedade, concretizando o lema da ECO92: “pensar globalmente, agir localmente”. Falaremos também sobre gerenciamento dos resíduos sólidos como sendo a garantia de sustentabilidade para as futuras gerações, uma vez que há uma crescente preocupação com a preservação dos recursos naturais e com a questão de saúde pública associada ao ge- renciamento dos resíduos sólidos e almeja-se, por políticas públicas, atingir novos patamares de consciência ambiental, de tecnologia limpa e de crescimento sustentável. Portanto, a partir dos estudos destes capítulos, que possamos cuidar do meio ambiente, utilizando mecanismos que permitam a proteção ambiental, assegurando a qua- lidade de vida das pessoas e, principalmente, a conservação dos recursos hídricos do solo e da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da sociedade, pois é da natureza que retiramos nossos alimentos e garantimos nossa sobrevivência e é possível o desenvolvimento de forma sustentável. Bom estudo e que, a partir dessa leitura, você possa ser um agente em defesa do meio ambiente. SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 8 Princípios e Objetivos da Educação Ambiental UNIDADE II ................................................................................................... 36 Problemas Ambientais UNIDADE III .................................................................................................. 69 Conceitos e Históricos da Educação Ambiental UNIDADE IV .................................................................................................. 97 Educação Ambiental 5 Plano de Estudo: ● Conceitos básicos da ecologia, espécie, população, comunidade, ecossistema e os níveis de organização; ● Os Níveis de Organização da Vida em um Ecossistema; ● Relações entre os seres vivos; ● A importância das inter-relações ecológicas; ● Objetivos do desenvolvimento sustentável. Objetivos da Aprendizagem: ● Levar à compreensão da importância de buscar integrar as dimensões, ambientais, transformando os atuais padrões de desenvolvimento em um novo modelo que, além de preservar os recursos naturais, possa reduzir a pobreza, as desigualdades de renda e de gênero, a exclusão social, bem como promova a paz, a segurança alimentar, o uso efi- ciente dos recursos, dentre outros desafios comuns que os países enfrentam. ● Compreender as características da informação e quem as utiliza. UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco 6UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental INTRODUÇÃO A natureza é sábia e, através dos seus exemplos, ensina ao homem como proceder para estabelecer uma relação harmoniosa e saudável com o meio onde vive. O homem ne- cessita da natureza para extrair os recursos naturais. Entretanto, na maioria das vezes, faz o uso de técnicas de manejo inadequadas, não preservando ou não promovendo meios para que haja reposição desses recursos de forma que possa suprir a atual e a futura geração. Diante dessa preocupação com o meio ambiente e com os impactos da ação do homem na natureza, os estudos elaborados têm apontado que as consequências das extinções prematuras de espécies, causadas pelo homem, incidem diretamente sobre seus habitats e, também, sobre a qualidade de vida das populações. Assim, o conhecimento das inter-relações entre os organismos existentes é fator primordial para a boa relação homem-natureza. Quando a sociedade analisa os problemas ambientais existentes e busca conhecer a forma como os organismos se relacionam entre si, dá um grande passo que conduz ao desenvolvimento sustentável, pois os organismos da Terra não vivem isolados: interagem uns com os outros e com o meio ambiente. Nesse intuito, os Objetivos para o Desenvolvimento do Milênio (ODS) foram for- mulados no ano de 2015, visando conciliar economia, ecologia e direitos humanos. Tais objetivos foram propostos durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU, 2015), na qual seus 193 Estados-membros aprovaram, por unanimidade, uma nova Agenda global para os próximos 15 anos, baseada em 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), subdivididos em 169 metas concretas que serão monitoradas por 300 indicadores. Para a aprovação desses objetivos, a ONU contou, além dos membros de Estados, com a colaboração de diversos stakeholders e consultas em mais de 100 países. A proposta da ONU (2015) não é apenas combater a fome e proteger o meio am- biente, mas também inclui temas até então ausentes: energia limpa, cidades sustentáveis, consumo e produção responsáveis, redução de diferenças entre homens e mulheres, igualdade de gênero e raça, entre outros. 7UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental A Agenda 2030 deve ser amplamente discutida no meio acadêmico pelo fato de in- fluenciar significativamente todos os seguimentos empresariais, os tomadores de decisão, sejam eles formuladores de políticas públicas governamentais ou do setor privado. O mundo passa por um momento de transformações quais devem nos levar a um novo modelo de desenvolvimento, social e ambientalmente mais adequado às necessida- des humanas, cujo sucesso só se alcançará se todos, tanto individual como coletivamente, seja nas corporações ou nos governos, se propuserem a fazer de forma diferente aquilo que está ao alcance de suas ações. 8UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental 1. CONCEITOS BÁSICOS DA ECOLOGIA, ESPÉCIE, POPULAÇÃO, COMUNIDADE, ECOSSISTEMA E OS NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO Preservar o meio ambiente é fundamental para manter a saúde do planeta e de todos os seres vivos que moram nele. Os seres humanos só conseguem sobreviver graças à natureza, afinal usamos os animais e plantas para nos alimentar, água para beber e tomar banho, além de muitos outros recursos que nem percebemos. A ecologia é a ciência que estuda as relações entre os seres vivos e os meios onde vivem. A palavra deriva do grego oikos, que significa lugar onde se vive, ou seja, meio ambiente. Para melhor compreensão do mundo vivo, são usados os níveis de organização. A ecologia moderna usa como baseàs faculdades a observância do descrito nos arts. 10 e 11). Não são necessárias profundas pesquisas para que se comprove a lacuna presente na maioria dos cursos superiores, que sequer tratam do meio transversalmente. 80UNIDADE III Conceitos e Históricos da Educação Ambiental Seria indispensável pelo menos a inclusão de matéria voltada especificamente para ensino de questões conexas ao ambiente na grade curricular dos cursos superiores, objeti- vando dar ciência aos alunos acerca de seu caráter transversal. Isso realmente precisa se efetivar, pois é importante que os futuros professores do ensino básico se gabaritem para ensinar Educação Ambiental, construindo os alicerces do conhecimento de seus alunos para uma compreensão acertada do que é o meio ambiente. Preocupado com a transmissão do conhecimento sobre o meio àqueles docentes mais antigos, o legislador inseriu no parágrafo único do art. 11 (1999, on-line) que “[...] os professores em atividade devem receber formação complementar em suas áreas de atuação [...]”. Ainda é desconhecida a maneira como se dará tal formação complementar e quais cursos serão disponibilizados pelo Poder Público para esse desiderato. Tal com- plementação é essencial para que saibam como transmitir o conhecimento sobre meio ambiente para seus alunos, independentemente do grau de desenvolvimento destes. Trata o art. 13 da Educação Ambiental não-formal. Ele diz que por Educação Am- biental não-formal devem se entender as ações e práticas educativas voltadas à sensibili- zação da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente. Sob o enfoque informal, a Educação Ambiental está presente em todas as manifestações voltadas para o respeito e resguardo da coletividade. Abrange desde os aprendizados vindos da convivência parental, ao diálogo entre amigos no trabalho e em momentos de descontração, não havendo método específico para ensiná-la, tampouco para aprendê-la, devido a sua intensidade e abrangência. Assim, o Poder Público, em níveis federal, estadual e municipal, incentivará: I – a difusão, por intermédio dos meios de comunicação de massa, em espa- ços nobres, de programas e campanhas educativas, e de informações acerca de temas relacionados ao meio ambiente; II – a ampla participação da esco- la, da universidade e de organizações não-governamentais na formulação e execução de programas e atividades vinculadas à Educação Ambiental não- -formal; III – a participação de empresas públicas e privadas no desenvolvi- mento de programas de Educação Ambiental em parceria com a escola, a universidade e as organizações não-governamentais; IV – a sensibilização da sociedade para a importância das unidades de conservação; V – a sensi- bilização ambiental das populações tradicionais ligadas às unidades de con- servação; VI – a sensibilização ambiental dos agricultores; VII – o ecoturismo (BRASIL, 1999, on-line). Em seguida, com o intuito de adentrar na problemática da transversalidade da Edu- cação Ambiental nas escolas, será feita uma breve análise dos artigos da Lei nº 9.795/99 que tratam expressamente do assunto e uma reflexão acerca da forma que o meio ambiente deve ser elucidado em sala de aula. 81UNIDADE III Conceitos e Históricos da Educação Ambiental A Educação Ambiental é uma das mais importantes exigências educacionais da atualidade, não só no Brasil, mas também no mundo. Por isso, analisar suas finalidades e objetivos são fatores de destaque. Segundo Dias (2001), a Educação Ambiental tem como finalidade: a) Ajudar a fazer compreender claramente a existência e a importância da interde- pendência econômica, social, política e ecológica nas zonas urbanas e rurais; b) Proporcionar a todas as pessoas a possibilidade de adquirir os conhecimentos dos valores, o interesse ativo e as atitudes necessárias para proteger e melhorar o meio ambiente; c) Induzir novas formas de conduta nos indivíduos, nos grupos sociais e na socie- dade, em seu conjunto, a respeito do meio ambiente. Os objetivos são: a) Consciência – ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirirem consciência do meio ambiente global e ajudar-lhes a sensibilizarem-se por essas questões; b) Conhecimento – ajudar os grupos sociais e os indivíduo a adquirirem diver- sidade de experiências e compreensão fundamental do meio ambiente e dos problemas anexos; c) Comportamento – ajudar os grupos sociais e os indivíduos a comprometerem-se com uma série de valores e a sentirem interesse e preocupação pelo meio am- biente, motivando-os de tal modo que possam participar ativamente da melhoria e da proteção do meio ambiente; d) Habilidades – ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirirem as habilida- des necessárias para determinar e resolver os problemas ambientais; e) Participação – proporcionar aos grupos sociais e aos indivíduos a possibilidade de participarem ativamente das tarefas que tem por objetivo resolver problemas ambientais. 82UNIDADE III Conceitos e Históricos da Educação Ambiental 6. TRANSVERSALIDADE FIGURA 5 - TEMAS TRANSVERSAIS Fonte: Terra (2015). Por transversalidade deve se entender aquilo que designa algo transversal, que “[...] passa, ou que está, de través ou obliquamente [...] Que atravessa perpendicularmente a superfície de um órgão.” Séguin (2000, p. 67). Aplicada na seara educacional, a transversalidade deve ser vista como uma forma de se tratarem temas que devem ser difundidos continuamente no ensino formal, através de todas as disciplinas e níveis de ensino. Esses assuntos são chamados pelos PCN’s 83UNIDADE III Conceitos e Históricos da Educação Ambiental (Parâmetros Curriculares Nacionais - uma série de cadernos que traçam as diretrizes do ensino formal pátrio) de “temas transversais”. Por tratarem de questões sociais, os Temas Transversais têm natureza dife- rente das áreas convencionais. Sua complexidade faz com que nenhuma das áreas, isoladamente, seja suficiente para abordá-los. Ao contrário, a proble- mática dos Temas Transversais atravessa os diferentes campos do conheci- mento. Por exemplo, a questão ambiental não é compreensível apenas a par- tir das contribuições da Geografia. Necessita de conhecimentos históricos, das Ciências Naturais, da Sociologia, da Demografia, da Economia, entre outros (PEREIRA; TERZI, 2009, p. 176). 84UNIDADE III Conceitos e Históricos da Educação Ambiental 7. INTERDISCIPLINARIDADE DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL FIGURA 6 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO FAZER INTERDISCIPLINAR A PARTIR DO CONCEITO DE INTERDISCIPLINARIDADE ADOTADO NESTE TRABALHO Fonte: Diálogos interprofissionais e interdisciplinares na prática extensionista: o caminho para a inserção do conceito ampliado de saúde na formação acadêmica (scielo.br). Disponível em: https://www.scielo.br/scielo. php?pid=S1414-32832019000100263&script=sci_arttext. Acesso: 24 nov. 2020 85UNIDADE III Conceitos e Históricos da Educação Ambiental A Educação Ambiental (EA) é uma importante ferramenta para fortalecer a educação nacional e sua integração de saberes objetiva-se o rompimento da perspectiva unilateral do conhecimento, por meio da interdisciplinaridade e da adoção dos Temas Transversais, em especial o tema Meio Ambiente. A interdisciplinaridade surge em resposta à diversidade, à complexidade e à dinâ- mica do mundo atual e, apesar da contemporaneidade da discussão, não é uma proposta recente. Desde os anos de 1960, a proposta interdisciplinar tem sido apontada como alter- nativa à produção de conhecimento na busca de respostas não encontradas nos moldes do conhecimento simplificador, dicotômico e disciplinar da ciência moderna. Para Almeida Filho (2014), o reconhecimento das limitações apresentadas pelo pa- radigma simplista ao desenvolvimento científico teria exaurido a capacidade de apreensão da complexidade das realidades concretas da natureza, da história e das culturas humanas. Neste sentido,reivindica a interdisciplinaridade que “[...] ao invés de se apresentar como alternativa para substituição de um jeito de produzir e transmitir conhecimento, se propõe a ampliar a nossa visão de mundo, de nós mesmos e da realidade, no propósito de superar a visão disciplinar” (ALMEIDA FILHO, 2014. p. 21). A Interdisciplinaridade constitui-se quando cada profissional faz uma leitura do ambiente de acordo com o seu saber específico, contribuindo para desvendar o real e apontando para outras leituras realizadas pelos seus pare. O tema comum, extraído do cotidiano, integra e promove a interação de pessoas, áreas, disciplinas, produzindo um conhecimento mais amplo e coletivizado. As leituras, descrições, interpretações e análises diferentes do mesmo objeto de trabalho permitem a elaboração de um outro saber, que busca um entendimento e uma compreensão do ambiente por inteiro. Porém, essa interação não deve ser buscada apenas em nível de integração de conteúdos, mas, sim, em nível de integração de conhecimentos parciais, específicos como os acima, buscando sempre uma visão de conhecimento local e global. A Interdisciplinaridade pressupõe, basicamente, [...] uma intersubjetividade, não pretende a construção de uma superciência, mas uma mudança de atitude frente ao problema do conhecimento, uma substituição da concepção fragmentária para a unitária do ser humano. (FAZENDA, 2002, p. 40). A Interdisciplinaridade, ainda, é um termo utilizado para [...] caracterizar a colaboração existente entre disciplinas diversas ou entre setores heterogêneos de uma mesma ciência (Exemplo: Psicologia e seus diferentes setores - Personalidade, Desenvolvimento Social etc.). Caracteriza- se por uma intensa reciprocidade nas trocas, visando um enriquecimento mútuo. (FAZENDA, 2002, p. 41). 86UNIDADE III Conceitos e Históricos da Educação Ambiental A abordagem interdisciplinar pretende superar a fragmentação do conhecimento. Entretanto, esse é um importante viés a ser perseguido pelos educadores ambientais, no qual se permite, pela compreensão mais globalizada do ambiente, trabalhar a interação em equilíbrio dos seres humanos com a natureza. Para Cascino (2000), lutar por uma Educação Ambiental que considere comunida- de, política e transformação, preservação dos meios naturais, aspirações dos grupos, que consolide lutas efetivas na direção da diversidade, em todos os níveis e em todos os tipos de vida do planeta, é, indiscutivelmente, a luta por uma nova Educação Ambiental. Dentro da generalização do discurso educacional presente na sociedade, escolher a concepção de educação que referenciará a prática educativa e interdisciplinar é uma decisão eminentemente política a ser tomada pelos educadores. [...] a educação ambiental deve ser uma concepção totalizadora de educação e que é possível quando resulta de um projeto político pedagógico orgâni- co, construído coletivamente na interação escola e comunidade, e articulado com os movimentos populares organizados comprometidos com a preser- vação da vida em seu sentido mais profundo. (GARCIA apud GUIMARÃES, 2000, p. 68). Em Educação Ambiental, sempre se disse que o fundamento para o desenvolvimen- to de toda prática é sua característica interdisciplinar. Tal afirmação correta está fundada na análise de seu percurso histórico, inclusive como um poderoso instrumento para rever as práticas educacionais mais tradicionais. Torna-se necessário pensar a Educação Ambiental/Interdisciplinaridade em termos de processo de formação total do homem como agente ambiental, quando é preciso sempre partir de um referencial seguro, galgado no suporte Teórico/Prático. A Educação Ambiental está também interligada ao método interdisciplinar. Entre- tanto, esse método está compreendido e aplicado numa perspectiva educativa. [...] a Educação Ambiental, como perspectiva educativa, pode estar presente em todas as disciplinas, quando analisa temas que permitem enfocar as rela- ções entre a humanidade e o meio natural, e as relações sociais, sem deixar de lado as suas especificidades (REIGOTA, 2001, p. 25). A este respeito, Educação Ambiental e Interdisciplinaridade podem e devem real- mente Constituir/Construir um motor de Transformação/Libertação pedagógica, em que, neste sentido, venham a agir como um integrador de criatividade, girando em torno desses vetores que questionam, sobretudo, e criticam uma realidade existente no processo edu- cacional. 87UNIDADE III Conceitos e Históricos da Educação Ambiental A Educação Ambiental como disciplina integradora nos vários segmentos educa- cionais pode ser um enriquecedor exercício que antecede a inclusão dessa perspectiva nas outras disciplinas clássicas do enfoque curricular. Com uma percepção mais totalizadora, a Educação Ambiental/Interdisciplinaridade, busca, através de apostas metodológicas, informar e estimular a percepção dos educado- res ambientais, profissionais e pessoas, de modo a sensibilizá-los para participar de ações das quais, num exercício pleno de cidadania, possam encontrar soluções sustentáveis que assegurem a manutenção e elevação da qualidade de vida e da qualidade que o ser humano tem de se integrar. 88UNIDADE III Conceitos e Históricos da Educação Ambiental 8. A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA CONSTITUIÇÃO DE 1988 FIGURA 7 - JUSTIÇA AMBIENTAL Fonte: Rusch (2019). É importante destacar de início que a Carta Magna trouxe grande avanço no que toca às questões ambientais, pois foi uma das primeiras constituições do mundo a tratar do meio ambiente em capítulo próprio, o que veio a ser feito em demais países por meio de emendas, conforme lembra Édis Milaré (2004), ao referir-se às modificações nas Cons- tituições do Chile e Panamá (1972), Iugoslávia (1974), Portugal (1976) e Espanha (1978). Foi necessária uma longa espera para que surgisse, na seara nacional, regulamen- tação expressa da matéria. A norma do art. 225 §1°, VI, da CRFB/88 é de eficácia plena e, por isso, independente de regulamentação legal. Tem-se que, desde a previsão pela Lei 89UNIDADE III Conceitos e Históricos da Educação Ambiental Maior, a Educação Ambiental já tinha se inserido como assunto relevante no ensino, apesar da inexistência de previsões específicas e maior regulamentação no âmbito federal. Assim, a Constituição Federal de 1988, em seu art. 225 entende: “meio ambiente” como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. A Constituição Federal (1988, p. 103), Art. 225, prevê que toda a coletividade tem responsabilidade na proteção do meio ambiente, visando garantir seu equilíbrio ecológico com “qualidade de vida a todos os seres vivos”, dando sustentação para o meio ambiente se recompor em caso de degradação. “Cabe ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para os presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988, on-line). O § 1º, I ao VII da Constituição Federal incumbe ao poder público assegurar a efetividade do direito de: I. Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o ma- nejo ecológico das espécies e ecossistemas; II. Preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do país e fiscalizar as entidades dedica- das à pesquisa e manipulação de material genético; III. Definir, em todas as unidades da federação, espaços territoriais e seus componentes a serem es- pecialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somen- te através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; IV. Exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V. Controlar a produção, a comercialização e o empre- go de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para avida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI. Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII. Proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoque a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade (BRASIL, 1988, p. 103). Após a previsão constitucional datada de 1988, somente depois de mais de dez anos, em 27 de abril de 1999, foi promulgada a Lei nº 9.795, que é pertinente ao assunto. 90UNIDADE III Conceitos e Históricos da Educação Ambiental CONSIDERAÇÕES FINAIS A educação ambiental surgiu com uma ideia conservacionista, de preservação do meio ambiente tal como está. Tal ideia foi se modificando e agregando questões sociais, humanas e políticas. A evolução dos parâmetros de educação ambiental teve seu marco principalmente nas conferências internacionais do clima e meio ambiente. As pressões populares durante a Rio+20, por exemplo, forçaram instituições governamentais a dar mais atenção às Metas do Milênio. A Carta da Terra foi outra iniciativa fortalecida por uma iniciativa de movimento popular. No Brasil, a educação ambiental ainda é assunto periférico, apesar de seu cres- cimento nas agendas populares. A regulamentação da política de educação ambiental municipal da cidade é um dos objetivos previstos pela atual gestão. A educação deve ser vista não como apenas um meio de repassar informações. Ela tem a capacidade e postura perante a sociedade. É por meio da educação ambiental que se alcança o desenvolvimento de uma conscientização com foco no interesse do aluno pela preservação ambiental construída de forma conjunta. O objetivo maior da educação ambiental é promover no sujeito a adoção de uma nova postura em relação ao ambiente em que vive, a partir de suas experiências pessoais. O processo de orientação educacional é de suma importância na vida das pessoas, seja por meio das instituições educacionais seja no seio familiar. De forma que o aprendi- zado passa por um conjunto de interações, sejam elas, professor/aluno ou familiar, o mais importante é que as transformações aconteçam de forma positiva na vida do sujeito. Na leitura da Lei nº 9.795/99, depreende-se claramente o quanto enfatiza a impor- tância do meio ambiente e sua contínua contextualização nos planos da educação formal e informal. Em que pese a não efetividade de muitas das disposições legais, é necessário que os problemas relacionados à Educação Ambiental sejam trazidos à tona. Dentre eles, o destaque para a transversalidade é dos mais imprescindíveis, por- que, enquanto todos os professores não conseguirem perceber a abrangência e impor- tância do meio ambiente, discutindo isso com os alunos, não haverá como se falar de um vigoroso processo de conscientização. Por causa da necessária reiteração da relevância e ocorrência desse processo é que o legislador, sabiamente, preferiu pela contextualização transversal, em vez de inserção do meio ambiente em disciplina específica. 91UNIDADE III Conceitos e Históricos da Educação Ambiental SAIBA MAIS A Lei nº 6.938/1981- Política Nacional do Meio Ambiente no Brasil - tem por objetivo a preservação, a melhoria e a recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visan- do assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana. A educação ambiental deve ser trabalhada em todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para a participação ativa na defesa do meio ambiente, e complementa em seu artigo quarto que deve haver a compatibili- zação do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico. Fonte: Brasil (1981). REFLITA A primeira visão quando se pensa em “meio ambiente” é de um lugar com muito verde, com muitos bichos ou, então, uma bela praia e que somente tais lugares merecem o respeito da educação ambiental. Porém, quero que você reflita o seguinte: educação ambiental é para todo ambiente e engloba tudo o que ele apresenta. Portanto, o ambiente doméstico, a escola, a faculdade e até mesmo o metrô/ônibus ou trem que você pega para chegar em qualquer lugar são lugares para a educação ambiental. Educação ambiental é para ser aplicada em todo ambiente. Produzir menos lixo é mais sustentável que reciclar. É preciso usar água somente quando for estritamente necessário. Fonte: Lys (2019). 92UNIDADE III Conceitos e Históricos da Educação Ambiental LEITURA COMPLEMENTAR Título: Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Sinopse: a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS (Lei nº 12.305/2010) estabelece em seu art. 8º um rol de instrumentos necessários para o alcance dos objetivos da política, sendo que os planos de resíduos sólidos são um dos principais e mais impor- tantes instrumentos, podendo ser elaborados a nível nacional, estadual, microrregional, de regiões metropolitanas ou aglomerações urbanas, intermunicipal, municipal, bem como a nível dos geradores descritos no art. 20. Link: http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/residuos-solidos/instrumentos- -da-politica-de-residuos/planos-municipais-de-gest%C3%A3o-integrada-de-res%C3%AD- duos-s%C3%B3lidos Título: Lei nº 12.305 - Política Nacional de Resíduos Sólidos Sinopse: no final do século passado e no início deste século, uma onda verde tomou conta de todo planeta. As pessoas começaram a perceber que os recursos naturais estavam se esgotando e que, para ter a preservação da vida na terra, é preciso a preserva- ção do meio ambiente. No início, as discussões eram calorosas e o poder público não deu a devida importância ao tema, mas o que poderia causar um esfriamento na divulgação do assunto foi na verdade um combustível, para que a onda verde movimentasse o mundo. Link: http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/lei-12305-pol%C3%ADtica-nacional- -de-res%C3%ADduos-s%C3%B3lidos. 93UNIDADE III Conceitos e Históricos da Educação Ambiental MATERIAL COMPLEMENTAR FILME/VÍDEO Título: História e contexto da educação ambiental Ano: 2017 Sinopse: lutas de convencimento das pessoas em relação ao meio ambiente através do processo educativo. Busca pela consciência ambiental e conservação e preservação da natureza. Link: https://www.youtube.com/watch?v=Z1dTem-OhKU. FILME/VÍDEO 2 Título: Educação Ambiental - Aula 3: Concepções de Educação ambiental Ano: 2018 Sinopse: formas de trabalhar educação ambiental. Educação ambiental de aspecto ambiental no sentido cognitivo, sobre o ambiente, que informa sobre os elementos da natureza; a edu- cação ambiental afetiva busca educação ambiental no ambiente, sensações sobre ecoturismo, paisagem que leva a sensibilização através da emoção, mostrando a realidade; educação ambiental participativa para o ambiente, trabalhando para a construção de políticas públicas que possibilite melhor qualidade de vida. Link: https://www.youtube.com/watch?v=YLqVMjmd6xM. 94 Plano de Estudo: ● Agenda 21 global e Biodiversidade; ● Conceito de desenvolvimento sustentável; ● As dimensões do desenvolvimento sustentável; ● Gerenciamento dos resíduos sólidos. Objetivos da Aprendizagem: ● Contribuir de forma significante na compreensão do conceito de desenvolvimento e como a transição para sustentabilidade, entendendo o que as dimensões e os objetivos do desenvolvimento sustentável proporcionam para uma sociedade. E através da Educação ambiental a sustentabilidade possa tornar uma prática diária proporcionando melhoria de qualidade da vida do homem e de todos os seres vivos na Terra e ao mesmo tempo respeitando a capacidade de produção dos ecossistemas nos quais vivemos. UNIDADE IV Educação Ambiental Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco 95UNIDADE IV Educação Ambiental INTRODUÇÃO A Agenda 21 é, sem dúvida,um dos grandes legados da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992, que sistematiza um plano de ações com o objetivo de alcançar o desenvolvimento sustentável. Durante dois anos, governos e entidades de diversos países contribuíram com propostas para a criação deste plano de ações para concretizar o ideal de desenvolver sem agredir ao meio ambiente. A inovação trazida por essa agenda foi colocar em primeira ordem o que geralmen- te costumava ficar sempre em último lugar quando o assunto era desenvolvimento: o meio ambiente. Até então, todas as políticas de desenvolvimento visavam sempre o crescimento econômico, legando ao último lugar a preocupação com o futuro ambiental do planeta, isso quando ainda se atribuía alguma preocupação a este assunto. A partir de então, 179 países assumiram o compromisso de contribuir para a pre- servação do meio ambiente. A Agenda 21 é um instrumento de planejamento participativo através do qual se admite de forma explícita a responsabilidade dos governos em impulsionar programas e projetos ambientais por meio de políticas que visam a justiça social e a preservação do meio ambiente e deve ser implementada tanto pelos governos quanto pela sociedade, concretizando o lema da ECO92: “pensar globalmente, agir localmente”. Ao todo, 179 países participaram da Rio 92, acordaram e assinaram a Agenda 21 Global, um programa de ação baseado num documento de 40 capítulos, que constitui a mais abrangente tentativa já realizada de promover, em escala planetária, um novo padrão de desenvolvimento, denominado “desenvolvimento sustentável”. O termo “Agenda 21” foi usado no sentido de intenções, desejo de mudança para esse novo modelo de desenvolvi- mento para o século XXI. 96UNIDADE IV Educação Ambiental 1. AGENDA 21 GLOBAL E BIODIVERSIDADE A Agenda 21 Global foi o Documento assinado em 14 de junho de 1992, no Rio de Janeiro, por 179 países, resultado da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - Rio 92, podendo ser definida como um instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que con- cilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. Organizada por grupos temáticos em 40 capítulos, é dividida em quatro seções, onde são apontadas as bases para ações, os objetivos, as atividades e os meios de implementação de planos, programas e projetos direcionados à melhoria da qualidade de vida e às questões relativas à conservação e gestão de recursos para o desenvolvimento sustentável. As experiências aprendidas com a construção da agenda 21 são de grande utili- dade para a consecução dos Objetivos Desenvolvimento do Milênio - ODM. Essas lições decorrem do fato de a Agenda 21 funcionar como canal para envolver a sociedade, o que pode propiciar maior participação na consecução dos ODM; contribuir para agregar conceitos à aferição das Metas e à avaliação de tendências no horizonte de longo prazo; ajudar, por ter mais amplitude, na adaptação/adoção de Metas e indicadores apropriados à cada realidade e contribuir, avaliando se o que se faz para os ODM está no caminho da sustentabilidade do desenvolvimento. A Agenda está organizada em seções e capítulos, tratando das dimensões sociais e econômicas, nos quais são discutidas as políticas internacionais que podem ajudar a 97UNIDADE IV Educação Ambiental viabilizar o desenvolvimento sustentável nos países em desenvolvimento, as estratégias de combate à pobreza e à miséria, a necessidade de introduzir mudanças nos padrões de produ- ção e consumo, as inter-relações entre sustentabilidade e dinâmica demográfica e as propostas para a melhoria da saúde pública e da qualidade de vida dos assentamentos humanos. A referida agenda aponta, ainda, os graves problemas pelos quais passa a humani- dade e faz uma conclamação a todas as nações para se unirem em prol do desenvolvimento sustentável. Adverte para o fato de que o êxito da sua execução é da responsabilidade dos governos e que, para concretizá-la, são cruciais as estratégias, os planos, as políticas e os processos nacionais, sendo que a cooperação internacional deverá complementar e apoiar esses esforços. O sistema da ONU e outras organizações internacionais devem desempe- nhar um papel importante nessa cooperação. A participação pública e o envolvimento das ONGs (Organizações Não-Governamentais) devem ser estimulados. Relata também a importância da cooperação internacional para acelerar o desen- volvimento sustentável dos países em desenvolvimento e políticas internas correlatas. Enfatiza, ainda, o combate à pobreza, buscando a capacitação dos pobres para a obtenção de meios de subsistência sustentáveis. É de importante destaque que, no capítulo quatro, demonstra a importância de buscar mudança dos padrões de consumo. Também trata da dinâmica demográfica e sustentabilidade, fazendo exame dos padrões insustentáveis de produção e consumo e estabelecendo a importância de de- senvolvimento de políticas e estratégias nacionais para estimular mudanças nos padrões insustentáveis de consumo. Além disso, fala da proteção e promoção das condições da saúde humana, enfatizando a satisfação das necessidades de atendimento primário da saúde, especialmente nas zonas rurais, controle das moléstias contagiosas, proteção dos grupos vulneráveis, o desafio da saúde urbana e redução dos riscos para a saúde decor- rentes da poluição e dos perigos ambientais. Trata ainda da promoção do desenvolvimento sustentável dos assentamentos humanos: promover a existência integrada de infraestrutura ambiental (água, saneamento, drenagem e manejo de resíduos sólidos); promover sistemas sustentáveis de energia e transporte nos assentamentos humanos; promover o planejamento e o manejo dos as- sentamentos humanos localizados em áreas sujeitas a desastres; promover atividades sustentáveis na indústria da construção. Já a seção II trata da conservação e do gerenciamento dos recursos para o desen- volvimento, possui 14 capítulos e diz respeito ao manejo dos recursos naturais (incluindo solos, água, mares e energia) e de resíduos e substâncias tóxicas de forma a assegurar 98UNIDADE IV Educação Ambiental o desenvolvimento sustentável. Em seu capítulo nove, trata da proteção da atmosfera. No capítulo dez, faz a abordagem integrada do planejamento e do gerenciamento dos recursos terrestres e relata a abordagem integrada do planejamento e do gerenciamento dos recur- sos terrestres. Relata também a importância do combate ao desfloramento: estabelecimento e/ou fortalecimento das capacidades de planejamento, avaliação e acompanhamento de progra- mas, projetos e atividades da área florestal, ou conexos, inclusive comércio e operações comerciais. ● Capítulo 12 Manejo de ecossistemas frágeis, a luta contra a desertificação e a seca, entre outros, estabelece o fortalecimento da base de conhecimentos e desenvolvimento de sistemas de informação e monitoramento para regiões propensas à desertificação e seca, sem esque- cer os aspectos econômicos e sociais desses ecossistemas e o combate à degradação do solo por meio da intensificação das atividades de conservação do solo, florestamento e reflorestamento. ● Capítulo 13 Gerenciamento de ecossistemas frágeis, desenvolvimento sustentável das mon- tanhas - geração e fortalecimento dos conhecimentos relativos à ecologia e ao Desenvol- vimento Sustentável dos ecossistemas das montanhas e promoção do desenvolvimento integrado das bacias hidrográficas e de meios alternativos de subsistência. ● Capítulo 14: Promoção do desenvolvimento rural e agrícola sustentável, relata a importância em rever, planejamento e programação integrada da política agrícola à luz do aspecto multifuncional da agricultura, em especial no que diz respeito à segurança alimentar e aoDesenvolvimento Sustentável; obtenção da participação popular e promoção do desen- volvimento de recursos humanos para a agricultura sustentável e melhoria na produção agrícola e dos sistemas de cultivo por meio da diversificação do emprego não agrícola e do desenvolvimento da infraestrutura. ● Capítulo 15: Conservação da diversidade biológica 99UNIDADE IV Educação Ambiental ● Capítulo 16: Manejo ambientalmente saudável da biotecnologia: aumento da disponibilidade de alimentos, forragens e matérias-primas renováveis; melhoria da saúde humana; aumento da proteção do meio ambiente e aumento da segurança e desenvolvimento de mecanismos de cooperação internacional. ● Capítulo 17: Proteção dos oceanos, de todos os tipos de mares – inclusive mares fechados e semifechados – e das zonas costeiras, e proteção, uso racional e desenvolvimento de seus recursos vivos: gerenciamento integrado e desenvolvimento sustentável das zonas costei- ras, inclusive zonas econômicas exclusivas e entre outros a proteção do meio ambiente marinho e uso sustentável e conservação dos recursos marinhos vivos de alto-mar. ● Capítulo 18: Proteção da qualidade e do abastecimento dos recursos hídricos: aplicação de critérios integrados no desenvolvimento, manejo e uso dos recursos hídricos; desenvolvi- mento e manejo integrado dos recursos hídricos; avaliação dos recursos hídricos; proteção dos recursos hídricos, da qualidade da água e dos ecossistemas aquáticos; abastecimento de água potável e saneamento; água e desenvolvimento urbano sustentável; água para produção sustentável de alimentos e desenvolvimento rural sustentável; impactos da mu- dança do clima sobre os recursos hídricos. ● Capítulo 19: Manejo ecologicamente saudável das substâncias químicas tóxicas, incluída a prevenção do tráfico internacional ilegal dos produtos tóxicos e perigosos-expansão e ace- leração da avaliação internacional dos riscos químicos; harmonização da classificação e da rotulagem dos produtos químicos; intercâmbio de informações sobre os produtos químicos tóxicos e os riscos químicos; implantação de programas de redução dos riscos; fortale- cimento das capacidades e potenciais nacionais para o manejo dos produtos químicos; prevenção do tráfico internacional ilegal dos produtos tóxicos e perigosos. ● Capítulo 20: Manejo ambientalmente saudável dos resíduos sólidos e questões relacionadas do tráfico internacional ilícito de resíduos perigosos; promoção da prevenção e redução ao 100UNIDADE IV Educação Ambiental mínimo dos resíduos perigosos e promoção e fortalecimento da cooperação internacional para o manejo dos movimentos transfronteiriços de resíduos perigosos; além da prevenção do tráfico internacional ilícito de resíduos perigosos. ● Capítulo 21: Manejo ambientalmente saudável dos resíduos sólidos e questões relacionadas com os esgotos proteção da qualidade e da oferta dos recursos de água doce. ● Capítulo 22: Manejo seguro e ambientalmente saudável dos resíduos radioativos; promoção do manejo seguro e ambientalmente saudável dos resíduos radioativos. A seção III relata o fortalecimento do papel dos grupos principais e aborda as ações necessárias para promover a participação, nos processos decisórios, de alguns dos segmentos sociais mais relevantes. O compromisso e a participação genuína de todos os grupos sociais terão uma importância decisiva na implementação eficaz dos objetivos, das políticas e dos mecanismos ajustados pelos Governos em todas as áreas de programas da Agenda 21. Como pré-requisito fundamental para alcançar o desenvolvimento sustentável, fica estabelecida a ampla participação da opinião pública na tomada de decisões. Portanto, a necessidade de uma sociedade consciente exige que se preparem indivíduos, grupos e organizações para participarem em procedimentos de avaliação do impacto ambiental, bem como conhecer e participar das decisões, principalmente aquelas que possam vir a afetar as comunidades nas quais vivem e trabalham. Os próximos capítulos estão estruturados de forma a avançar na direção de uma au- têntica participação pública em apoio aos esforços comuns pelo desenvolvimento sustentável. O capítulo 23 traz em seu preâmbulo o compromisso e a participação de todos os grupos sociais são de fundamental importância na implementação dos objetivos da Agenda 21. Indivíduos, grupos e organizações devem ter acesso à informação pertinente ao meio ambiente e desenvolvimento, detidas pelas autoridades nacionais. Toda política, definição ou norma que afete o acesso das ONGs ao trabalho das instituições e organismos das Nações Unidas relacionado com a implantação da Agenda 21, ou a participação dela neste trabalho, deve aplicar-se igualmente a todos os grupos importantes. 101UNIDADE IV Educação Ambiental ● Capítulo 24: Ação mundial pela mulher, com vistas a um desenvolvimento sustentável e equitati- vo, o foco está no endosso estabelecido pela Comunidade Internacional, quanto aos vários planos de ação, e convenções que permitem a integração plena, equitativa e benéfica da mulher em todas as atividades relativas ao desenvolvimento. O objetivo é propor aos Go- vernos nacionais a implementação de estratégias prospectivas para o progresso da mulher, particularmente em relação à participação da mulher no manejo nacional dos ecossistemas e no controle da degradação ambiental. Ao lado disso, pretende-se aumentar a proporção de mulheres nos postos de decisão, planejamento, assessoria técnica, manejo e divulgação no campo de meio ambiente e desenvolvimento. Os Governos devem se dedicar ativamente a implementar as atividades elencadas pela Agenda 21, entre elas: ● Medidas para examinar políticas e estabelecer planos a fim de aumentar a proporção de mulheres que participem como responsáveis pela tomada de decisões, planejadoras, gerentes, cientistas e assessoras técnicas na formula- ção, no desenvolvimento e na implementação de políticas e programas para o desenvolvimento sustentável; ● Medidas para fortalecer e dar poderes a organismos, organizações não gover- namentais e grupos femininos a fim de aumentar o fortalecimento institucional para o desenvolvimento sustentável; ● Programas para apoiar e aumentar as oportunidades de emprego em condições de igualdade e remuneração equitativa da mulher nos setores formal e informal, com sistemas e serviços de apoio econômico, político e sociais adequados que compreendam o cuidado das crianças, em particular creches e licença para os pais, e acesso igual a crédito, terra e outros recursos naturais. 102UNIDADE IV Educação Ambiental ● Capítulo 25: A infância e a juventude no desenvolvimento sustentável; promoção do papel da juventude e de sua participação ativa na proteção do meio ambiente e no fomento do de- senvolvimento econômico e social; e a criança no desenvolvimento sustentável. ● Capítulo 26: Reconhecimento e fortalecimento do papel das populações indígenas e suas co- munidades; as populações indígenas e suas comunidades, que representam um percentual significativo da população mundial, têm uma relação histórica com suas terras e, em geral, descendem dos habitantes originais dessas terras. As populações indígenas e suas comu- nidades devem desfrutar a plenitude dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, sem impedimentos ou discriminações. Sua capacidade de participar plenamente das práticas de desenvolvimento sus- tentável em suas terras tendeu a ser limitada, em consequência de fatores de natureza econômica, social e histórica. Tendo em vista a inter-relação entre o meio natural, seu desenvolvimento sustentá- vel e o bem-estar cultural, social, econômico e físico das populações indígenas, os esforços nacionais e internacionais de implementação de um desenvolvimento ambientalmente saudável e sustentável devem reconhecer, acomodar, promover e fortalecer o papel das populações indígenase suas comunidades, tomando por base os instrumentos de política pública para implementar e aperfeiçoar a Convenção sobre a Diversidade Biológica. ● Capítulo 27: Fortalecimento do papel das organizações não governamentais: parceiros para um desenvolvimento sustentável; a democracia participativa tem se fortalecido com o papel que as organizações não-governamentais vêm desempenhando, na modelagem e imple- mentação. A sua credibilidade está sustentada sobre o papel responsável e construtivo que desempenham na sociedade. As organizações formais e informais, bem como os movi- mentos populares, devem ser reconhecidas como parceiras na implementação da Agenda 21. A comunidade mundial vem enfrentando um grande desafio na busca da substituição dos padrões de desenvolvimento insustentável por um desenvolvimento ambientalmente saudável e sustentável. 103UNIDADE IV Educação Ambiental O objetivo é fazer com que a sociedade, os governos e os organismos interna- cionais desenvolvam mecanismos para permitir que as organizações não governamentais desempenhem seu papel de parceiras com responsabilidade e eficácia no processo de desenvolvimento sustentável e ambientalmente saudável. ● Capítulo 28: Iniciativas das autoridades locais em apoio à Agenda 21; como muitos dos proble- mas e soluções tratados na Agenda 21 têm suas raízes nas atividades locais é necessário o envolvimento das autoridades das próprias regiões nos processos de planejamento. Como nível de governo mais próximo do povo, desempenham um papel fundamental na educação, mobilização e resposta ao público, em favor de um desenvolvimento sustentável. Deve-se fomentar parceria entre órgãos internacionais com o objetivo de melhorar e ampliar as instituições já existentes que trabalham nos campos da capacitação institucional e técnica das autoridades locais e no manejo do meio ambiente. Todas as autoridades locais de cada país devem ser estimuladas a implementar e movimentar programas a assegurar a repre- sentação da mulher e da juventude nos processos de tomada de decisões, planejamento e implementação. O intercâmbio de informações, experiências e assistência técnica deve ser incentivado. ● Capítulo 29: Fortalecimento do papel dos Trabalhadores e de seus sindicatos; para a imple- mentação do desenvolvimento sustentável, cabe o envolvimento e ajustes de oportunida- des aos níveis nacionais e empresariais e à classe dos trabalhadores, que estará entre os primeiros interessados. O objetivo é abrandar a pobreza e o emprego pleno e sustentável, que contribui para ambientes seguros, limpos e saudáveis. Para esse fim, são necessárias as seguintes ações: promover a ratificação das con- venções da OIT (Organização Internacional do Trabalho) e a promulgação de legislações em apoio a elas; estabelecer mecanismos bipartites e tripartites sobre segurança, saúde e desenvolvimento sustentável; aumentar o número de acordos ambientais coletivos; reduzir os acidentes, ferimentos e moléstias do trabalho; aumentar a oferta de educação, capaci- tação e atualização para os trabalhadores, em particular nas áreas de saúde e segurança. Os trabalhadores devem ser envolvidos a participar plenamente da implementação e avaliação das atividades relacionadas com a Agenda 21. 104UNIDADE IV Educação Ambiental ● Capítulo 30: Fortalecimento do papel do comércio e da indústria; para o desenvolvimento econômico e social de um país, o papel do comércio e da indústria é de fundamental im- portância. O objetivo principal do processo de desenvolvimento é, sem dúvida, o resultado das atividades do comércio e da indústria. As empresas comerciais, grandes e pequenas, formais e informais, proporcionam oportunidades importantes de intercâmbio, emprego e subsistência. As oportunidades comerciais disponíveis para a mulher estão contribuindo para o desenvolvimento profissional dela, fortalecendo seu papel econômico e transfor- mando os sistemas sociais. O comércio e a indústria, inclusive as empresas transnacionais e suas organizações representativas, devem participar plenamente da implementação e avaliação das atividades da Agenda 21. O objetivo é aumentar a eficiência da utilização de recursos, inclusive com o aumento da reutilização e reciclagem de resíduos. Como área de programas, fica estabelecido o que segue: ● promoção de uma população mais limpa; ● promoção da responsabilidade empresarial. ● Capítulo 31: A comunidade científica e tecnológica; melhoria da comunicação e cooperação entre a comunidade científica e tecnológica, os responsáveis por decisões e o público e promoção de códigos de conduta e diretrizes relacionados com ciência e tecnologia. ● Capítulo 32: Fortalecimento do papel dos agricultores; um terço da superfície da Terra é ocupada pela agricultura, que constitui a atividade central de grande parte da população mundial. As atividades agrícolas estão intimamente ligadas com a natureza, agregando valor por meio da produção de recursos renováveis, ao mesmo tempo em que se tornam vulneráveis à exploração excessiva e ao manejo inadequado. A área de programa traz como proposta uma abordagem centrada no agricultor, que é a chave para alcançar a sustentabilidade tanto nos países desenvolvidos como naqueles em desenvolvimento. O ponto fundamental é a motivação dos agricultores, e as políticas governamentais que proporcionam incentivos para que sejam gerenciados recursos naturais de maneira eficiente e sustentável. Os trabalhos da Agenda 21 contemplam também o desenvolvimento sustentável das populações que vivem em ecossistemas marginais e frágeis. Os governos e as orga- nizações de agricultores têm o papel de criar mecanismos para documentar, sintetizar e 105UNIDADE IV Educação Ambiental difundir experiências locais de conhecimentos, práticas e projetos. Também o estabeleci- mento de redes, visando ao intercâmbio de experiências relacionadas com a agricultura, que ajudem a conservar os recursos do solo, hídricos e florestais, a reduzir ao mínimo o uso de produtos químicos e reduzir ou reutilizar os resíduos agrícolas. A seção IV, sobre meios de Implementação, discorre sobre mecanismos financeiros e instrumentos jurídicos nacionais e internacionais existentes e a serem criados, com vistas à implementação de programas e projetos orientados para a sustentabilidade. ● Capítulo 33: Recursos e mecanismos de financiamento; o foco deste capítulo está na identifi- cação de meios que proporcionam recursos financeiros novos e adicionais, principalmente para os países em desenvolvimento. A Agenda 21 trabalha em torno do crescimento econô- mico, do desenvolvimento social e da erradicação da pobreza, como prioridades absolutas dos países em desenvolvimento, que são essenciais para alcançar os objetivos nacionais e mundiais de sustentabilidade. ● Capítulo 34: Transferência de tecnologia ambientalmente saudável, cooperação e fortalecimento institucional - a necessidade de acesso a tecnologias ambientalmente saudáveis e de sua transferência em condições favoráveis é de grande importância. A cooperação tecnológica supõe esforços comuns das empresas e dos Governos, ambos provedores e receptores de tecnologia. As disponibilidades de informação científicas e tecnológicas são requisitos essenciais para o desenvolvimento sustentável. O provimento de informação adequada sobre os aspectos ambientais das tecnologias atuais tem dois componentes inter-relacio- nados, ou seja, aperfeiçoar a informação sobre as tecnologias atuais e as mais modernas, inclusive sobre seus riscos ambientais, e facilitar o acesso às tecnologias ambientalmente saudáveis. O objetivo principal de um melhor acesso à informação tecnológica é permitir escolhas com conhecimento de causa que facilitem aos países o acesso ou a transferência de tecnologias e o fortalecimento de suas capacidades tecnológicas. ● Capítulo 35: A ciência para o desenvolvimento sustentável;fortalecimento da base científica para o manejo sustentável; aumento do conhecimento científico; melhora da avaliação científica de longo prazo; aumento das capacidades e potenciais científicos. 106UNIDADE IV Educação Ambiental ● Capítulo 36: Promoção do ensino, da conscientização e do treinamento; a Agenda 21 não poderia deixar de contemplar uma área de programa de fundamental importância para o desenvolvimento do ser humano. E por meio do processo de ensino, conscientização e treinamento que procuramos satisfazer as necessidades básicas, o fortalecimento institu- cional e técnico, dados e informações, ciência e papel dos principais grupos. As áreas de programas deste capítulo tratam da: ● Reorientação do ensino no sentido do desenvolvimento sustentável; ● Aumento da consciência pública; ● Promoção do treinamento. ● Capítulo 37: Mecanismos nacionais e cooperação Internacional para fortalecimento institucional nos países em desenvolvimento: Este capítulo nos mostra como desenvolver e melhorar as capacidades nacionais e as sub-regionais e regionais conexas de desenvolvimento sustentável, com a participação dos setores não-governamentais. O programa tem como foco a prestação de apoio por meio de promoção de um processo constante de participação para determinar as necessi- dades e prioridades dos países, relacionadas com a promoção da Agenda 21. É de grande importância o desenvolvimento dos recursos humanos, técnicos, profissionais, e o desen- volvimento das capacidades institucionais na agenda dos países, assim como a melhoria da eficácia das instituições existentes e das organizações não governamentais, inclusive das instituições científicas e tecnológicas. ● Capítulo 38: Arranjos institucionais internacionais, tem como objetivo a integração das questões de meio ambiente e desenvolvimento nos planos nacional, sub-regional, regional e interna- cional, inclusive nos arranjos institucionais do sistema das Nações Unidas. Como objetivo específico, foram elencados: ● Assegurar e examinar a implementação da Agenda 21 de forma a alcançar o desenvolvimento sustentável em todos os países; Realçar o papel e funcionamento do sistema das Nações Unidas no campo do meio ambiente e desenvolvimento. 107UNIDADE IV Educação Ambiental ● Todos os organismos, organizações e programas pertinentes do sistema devem adotar programas concretos para a implementação da Agenda 21. E, em suas respectivas áreas de competência, devem proporcionar orientação para as atividades das Nações Unidas ou assessoramento aos Governos, quando solicitado. ● Capítulo 39: Instrumentos e mecanismos jurídicos internacionais; deve-se levar em considera- ção o avanço do desenvolvimento do Direito Internacional para o desenvolvimento susten- tável, com especial atenção para o delicado equilíbrio entre as preocupações com o meio ambiente e com o desenvolvimento. Também há a necessidade de esclarecer e reforçar a relação entre instrumentos ou acordos internacionais existentes no campo do meio ambien- te. Deve-se considerar sempre as necessidades especiais dos países em desenvolvimento. Conforme descrito no documento da Agenda 21 da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento 2001, no capítulo 40 são descritas as informações para a tomada de decisões - no desenvolvimento sustentável, cada pessoa é usuária e provedora de informação, considerada em sentido amplo, o que inclui dados, informações e experiências de conhecimentos adequadamente apresentados. A necessidade de infor- mação surge em todos os níveis, desde o de tomada de decisões superiores, nos planos nacional e internacional, ao comunitário e individual. As áreas de programas buscam de- senvolver as seguintes questões: redução das diferenças em matéria de dados e melhoria de disponibilidade da informação. Fonte: Senado Federal (2001). 108UNIDADE IV Educação Ambiental SAIBA MAIS A Agenda enumera os objetivos a serem atingidos pelas sociedades para atingir a sustentabilidade: ● Parceria e conscientização: a Agenda 21 é um processo público e participativo para o planejamento e a implementação das políticas e ações para o desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, ela é um importante instrumento para a conscientização ambiental e para a mobilização de cidadãos e cidadãs na formulação de políticas, na consolidação da responsabilidade social e no fortalecimento dos mecanismos partici- pativos e democráticos. ● Comprometimento com soluções: é um documento que estabeleceu a impor- tância de cada país se comprometer a refletir, global e localmente, sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações não-governamentais e todos os setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para os problemas socioambien- tais. ● Definição de prioridades: a Agenda 21 resulta na análise da situação atual de um país, Estado, município, região e setor e planeja o futuro de forma sustentável. Este esforço de planejar o futuro gera oportunidades para que as sociedades e os governos possam definir prioridades nas políticas públicas. ● Questões social, ambiental e econômica: a Agenda 21 não está restrita às questões ligadas à preservação e conservação da natureza, mas, sim, a uma proposta que rompe com o desenvolvimento dominante, onde predomina o econômico, dando lugar à sustentabilidade ampliada, que une a Agenda ambiental e a Agenda social, ao enunciar a indissociabilidade entre os fatores sociais e ambientais e a necessidade de que a degradação do meio ambiente seja enfrentada com o problema mundial da pobreza. ● A responsabilidade dos governos: os governos têm o compromisso e a respon- sabilidade de deslanchar e facilitar o processo de implementação em todas as escalas. Além dos governos, a convocação da Agenda 21 visa mobilizar todos os segmentos da sociedade, chamando-os de “atores relevantes” e “parceiros do desenvolvimento sustentável”. ● Um processo social: torná-la realidade é, antes de tudo, um processo social no qual todos os envolvidos vão pactuando paulatinamente novos consensos e montando uma Agenda possível rumo ao futuro que se deseja sustentável. Fonte: Bezerra, Facchina e Ribas (2002). 109UNIDADE IV Educação Ambiental REFLITA Segundo Bezerra (2002), a Agenda 21 é um plano de ação formulado internacionalmente para ser adotado em escala global, nacional e localmente por organizações do sistema das Nações Unidas, pelos governos e pela sociedade civil, em todas as áreas em que a ação humana impacta o meio ambiente. Reflete um consenso mundial e compromisso político, que estabelece um diálogo permanente e construtivo inspirado na necessidade de atingir uma economia em nível mundial mais eficiente e equitativa. Constitui a mais abrangente tentativa já realizada de orientação para um novo padrão de desenvolvimen- to no século 21, cujo alicerce é a sinergia da sustentabilidade ambiental, social e econô- mica, perpassando em todas as suas ações propostas. A Agenda 21 segue o princípio de “Pensar globalmente, agir localmente”. Fonte: Bezerra, Facchina e Ribas (2002). 110UNIDADE IV Educação Ambiental 2. CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Existem diferentes interpretações para o termo desenvolvimento sustentável. No en- tanto, o governo brasileiro adota a definição apresentada no documento Nosso futuro comum, publicado em 1987, também conhecido como Relatório Bruntland, no qual desenvolvimento sustentável é concebido como “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. O Relatório Bruntland – elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas e presidida pela então Primeira-Ministra da Noruega, Gro-Bruntland – faz parte de uma série de iniciativas, anteriores à Agenda 21, as quais reafirmam uma visão crítica do modelode desenvolvimento adotado pelos países industrializados e reproduzido pelas nações em desenvolvimento, e que ressaltam os riscos do uso excessivo dos recursos naturais sem considerar a capacidade de suporte dos ecossistemas. O relatório aponta para a incompatibilidade entre desenvolvimento sus- tentável e os padrões de produção e consumo vigentes. O ser humano, desde a sua existência, busca transformar os recursos naturais a seu favor, pois desenvolver, transformar, progredir faz parte da sua natureza. Entretanto, ao longo da história, o próprio conceito de desenvolvimento tem sofrido diversas alterações. Quando falávamos em crescimento econômico entendíamos que estávamos desenvolven- do, e nem se quer imaginávamos que uma simples palavra como desenvolvimento pudesse significar tanto para uma nação como para o meio ambiente. Dizer que uma nação cresceu, 111UNIDADE IV Educação Ambiental significa que ela realmente está progredindo, avançando, mas não necessariamente sig- nifica que está desenvolvendo, pois desenvolvimento engloba crescer além do aspecto geográfico, econômico, mas também social, dando condições dignas para que a população possa ter moradia, alimento, saúde, lazer, educação, etc. Importante ressaltar que o as- pecto ambiental nem era comentado, neste conceito de desenvolvimento implantado. Entre os indicadores de mensuração do crescimento econômico, está o Produto Interno Bruto (PIB), que pode ser definido como “o valor de mercado de todos os bens e serviços finais produzidos em um país em um dado período de tempo” (SALES, 2013, p.62) nos setores de agropecuária, serviços e indústria. Dessa forma, quando comparado o PIB de um ano e este é superior ao anterior, houve crescimento do país; o oposto, recessão (PASSOS, 2012). Já o conceito de Desen- volvimento Econômico está relacionado à melhoria do bem-estar da população. Furtado (1983, p. 90) distingue os conceitos de crescimento e desenvolvimento da seguinte forma: Assim, o conceito de desenvolvimento compreende a ideia de crescimento, superando-a. Com efeito: ele se refere ao crescimento de um conjunto de es- trutura complexa. Essa complexidade estrutural não é uma questão de nível tecnológico. Na verdade, ela traduz a diversidade das formas sociais e eco- nômicas engendrada pela divisão do trabalho social. Porque deve satisfazer às múltiplas necessidades de uma coletividade é que o conjunto econômico nacional apresenta sua grande complexidade de estrutura. Esta sofre a ação permanente de uma multiplicidade de fatores sociais e institucionais que es- capam à análise econômica corrente [...]. O conceito de crescimento deve ser reservado para exprimir a expansão da produção real no quadro de um sub- conjunto econômico. Esse crescimento não implica, necessariamente, modi- ficações nas funções de produção, isto é, na forma em que se combinam os fatores no setor produtivo em questão. Com a definição dada pelo autor, constata-se que o crescimento econômico nem sempre garante o desenvolvimento, ou seja, mesmo que haja crescimento na geração de riqueza, se esta não for distribuída de forma justa, não necessariamente trará melhorias na qualidade de vida da população em geral. Sachs (2014, p. 13) avalia que: [...] os objetivos do desenvolvimento vão bem além da mera multiplicação da riqueza material. O crescimento é uma condição necessária, mas de forma al- guma suficiente (muito menos é um objetivo em si mesmo), para se alcançar à meta de uma vida melhor, mais feliz e mais completa para todos. Para o autor, o termo desenvolvimento sustentável abrange oito dimensões da sustentabilidade, pois somente se considera desenvolvimento sustentável quando há o atendimento de todas as dimensões: ambiental, econômica, social, cultural, espacial, psicológica, política nacional e internacional. 112UNIDADE IV Educação Ambiental Brasileiro (2006, p. 88) aponta que: Embora tenha ocorrido uma evolução sobre o conceito nas últimas décadas, a atual busca pelo desenvolvimento continua primando pelo crescimento eco- nômico, em primeiro plano, continuando a negligenciar a distribuição desigual das riquezas; o agravamento da pobreza e exclusão social; a precarização das relações de trabalho; e o esgotamento dos recursos naturais. Já o termo “desenvolvimento sustentável” surgiu a partir de estudos da Organiza- ção das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas. Nasceu com a intenção de dar uma resposta para a humanidade diante da crise social e ambiental pela qual o mundo passava. O Conceito de desenvolvimento sustentável, conforme o Relatório de Brundtland1 de 1991, pressupõe um modelo de desenvolvimento que “atenda às necessidades da atual geração, sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”. Desenvolvimento sustentável traz melhoria na qualidade de vida de todos os habitantes do mundo sem aumentar o uso de recursos naturais além da capa- cidade da Terra. A construção do conceito de desenvolvimento sustentável continuou durante a Cú- pula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, da ONU, realizada em Joanesburgo, África do Sul, em 2002. REFLITA Para Furtado (1983), garantir a sustentabilidade do meio ambiente é garantir, antes de qualquer coisa, que a fome, a pobreza e a miséria estarão afastadas definitivamente e, com isso, terminará a dura realidade que força as pessoas a praticar a exploração pre- datória dos recursos disponíveis em determinadas áreas. Pois só com uma situação de vida regular os habitantes de uma determinada região poderão tornar-se permeáveis às “novas ideias”. Assim, será que estamos próximos de uma sociedade que realmente possui um desen- volvimento sustentável e vive com sustentabilidade? Fonte: Furtado (1983). 113UNIDADE IV Educação Ambiental 3. AS DIMENSÕES DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Fonte: Ministério do Meio Ambiente (2014). A Declaração de Joanesburgo estabelece que o desenvolvimento sustentável se baseia em três pilares: desenvolvimento econômico, desenvolvimento social e proteção ambiental, conforme demonstrado na figura abaixo. FIGURA 1: DESENHO ESQUEMÁTICO RELACIONANDO PARÂMETROS PARA SE ALCANÇAR O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Fonte: Barbosa (2008). 114UNIDADE IV Educação Ambiental Segundo Cavalcanti (2003), o desenvolvimento sustentável pode requerer ações distintas em cada região do mundo. Os esforços para construir um modo de vida verdadei- ramente sustentável requerem a integração entre: ● Crescimento e equidade econômica: lançar os olhos para todas as nações de forma que possam estar integradas promovendo um crescimento responsável. ● Saber usar os recursos do planeta de forma eficiente, visando um mercado competitivo que busque a internacionalização de custos ambientais. Assim, a sustenta- bilidade seria alcançada pela racionalização econômica local, nacional e planetária. Para se implementar a sustentabilidade necessária, seria a racionalização econômica local e nacional (RATTNER, 1999). ● Conservação de Recursos Naturais e do Meio Ambiente: buscar reduzir o consu- mo de recursos e diminuir a poluição, conservando os habitats naturais. ● Desenvolvimento Social: buscar a igualdade de condições, de acesso a bens, da boa qualidade dos serviços necessários para uma vida digna, onde as pessoas possam ter emprego, alimento, educação, energia, serviço de saúde, água e saneamento, respeito aos seus direitos trabalhistas e às suas diversidades culturais. Satterthwaite (2004) entende que, para atingirmos a sustentabilidade do ecodesen- volvimento, precisamos contemplar cinco dimensões: a) Sustentabilidade social: o processo deve se dar de maneira que reduza substan- cialmente as diferenças sociais; b) Sustentabilidade econômica: define-se por uma “alocação e gestão mais efi- cientes dos recursos e por um fluxo regular do investimento público e privado”. A eficiência econômica deve ser medida, sobretudo em termosde critérios macrossociais; c) Sustentabilidade ecológica: compreende o uso dos potenciais inerentes aos variados ecossistemas compatíveis com sua mínima deterioração; d) Sustentabilidade espacial/geográfica: pressupõe evitar a excessiva concentração geográfica de populações, de atividades e do poder. Busca uma relação mais equilibrada cidade/campo; e) Sustentabilidade cultural: significa traduzir o “conceito normativo de ecodesen- volvimento em uma pluralidade de soluções particulares, que respeitem as especificidades de cada ecossistema, de cada cultura e de cada local”; Lemos (2012) concorda com todas as dimensões anteriormente citadas e comple- menta que é necessário incorporar entre elas o fim da pobreza, da tirania, da carência de 115UNIDADE IV Educação Ambiental oportunidades econômicas e o fim da negligência dos serviços públicos, da intolerância ou interferência excessiva de Estados repressivos. Segundo o Relatório da Comissão Brundtland, uma série de medidas deve ser tomada pelos países para promover o desenvolvimento sustentável. Entre elas: ● limitação do crescimento populacional; ● garantia de recursos básicos (água, alimentos, energia) a longo prazo; ● preservação da biodiversidade e dos ecossistemas; ● diminuição do consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias com uso de fontes energéticas renováveis; ● aumento da produção industrial nos países não-industrializados com base em tecnologias ecologicamente adaptadas; ● controle da urbanização desordenada e integração entre campo e cidades menores; ● atendimento das necessidades básicas (saúde, escola, moradia). Já em âmbito internacional, as metas propostas pelo Relatório da Comissão Brun- dtland estabelecem: ● adoção da estratégia de desenvolvimento sustentável pelas organizações de desenvolvimento (órgãos e instituições internacionais de financiamento); ● proteção dos ecossistemas supra-nacionais, como a Antártica, oceanos etc. pela comunidade internacional; ● banimento das guerras; ● implantação de um programa de desenvolvimento sustentável pela Organização das Nações Unidas (ONU). Algumas outras medidas para a implantação de um programa minimamente ade- quado de desenvolvimento sustentável são: ● uso de novos materiais na construção; ● reestruturação da distribuição de zonas residenciais e industriais; ● aproveitamento e consumo de fontes alternativas de energia, como a solar, a eólica e a geotérmica; ● reciclagem de materiais reaproveitáveis; ● consumo racional de água e de alimentos; ● redução do uso de produtos químicos prejudiciais à saúde na produção de alimentos. 116UNIDADE IV Educação Ambiental REFLITA Para Sarti (2011), com o desenvolvimento das atividades industriais vieram gran- des impactos ambientais e isso não é nenhum segredo. O ritmo acelerado dessas ati- vidades impede que o meio ambiente tenha tempo necessário para se recuperar do consumo dos seus recursos pelo homem e dos resíduos gerados por eles. Para tentar diminuir esse impacto, vários estudos e discussões vêm sendo realizados há mais de duas décadas pelos países, principalmente no que diz respeito ao desenvolvi- mento sustentável. Isso trouxe algumas melhorias ao longo dos anos, mas muito ainda tem que ser feito diante desse problema global visando atitudes mais sustentáveis. De- senvolvimento sustentável e sustentabilidade, esses dois termos por muitas vezes se confundem, mas têm significados distintos. Fonte: Sarti e Hiratuka (2011). SAIBA MAIS Para Mota (2001), a sustentabilidade é a capacidade de se sustentar, de se man- ter. Já o desenvolvimento sustentável pode ser entendido como desenvolvimento que satisfaz as necessidades das gerações presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades. Esses termos foram inicialmente discutidos na Conferência de Estocolmo (1972) e vêm sendo discutido nas últimas décadas, mas foi na World Commission on Environment and Development (WCED, 1987) que se tornou conhecido e posteriormente popular na Eco 92. O termo sustentável tem sentido amplo, sendo um adjetivo derivado do verbo latino sustentare, que significa o que pode ser mantido, que pode ser perpetuado, estando implícito o fator tempo. O termo desenvolvimento sustentável foi divulgado no informa- tivo Nosso Futuro Comum (WCED, 1987), o qual cita também três fatores dos quais o desenvolvimento sustentável depende completamente: 1) Um alto valor deve ser dado aos recursos naturais, à biodiversidade biológica e à purificação da água e do ar, promovida pelo meio ambiente natural; 117UNIDADE IV Educação Ambiental 2) Pessoas devem descobrir e trocar informações sobre novas tecnologias que resul- tem em mais trabalho, aperfeiçoem o uso de recursos naturais renováveis e aumentem a produção de alimentos; 3) Igualdade e justiça devem ser promovidas entre todas as pessoas e gerações para reduzir a pobreza, a violência e construir melhores comunidades. Esses três fatores podem ser resumidos no tripé do desenvolvimento: eficiência (sus- tentabilidade econômica), equidade (sustentabilidade social) e conservação (sustenta- bilidade ambiental). No Southern African Perspectives (1997), foram reunidos outros seis aspectos do de- senvolvimento sustentável: 1. Ênfase na interdependência entre desenvolvimento e a conservação de recursos; 2. Um horizonte de longo tempo; 3. A natureza multidimensional do conceito que implica na dificuldade para conciliar interesses governamentais e instituições acadêmicas; 4. Incorpora externalidades ambientais (no tempo, no espaço, de um setor para outro, de uma população para outra), tratando-as como problemas não resolvidos; 5. Possui enfoque participativo; 6. Defende uma estreita relação entre pesquisa e política. A conceitualização de desenvolvimento sustentável se baseia, grande parte, das inúme- ras tentativas de enfrentar os erros, deficiências e injustiças do sistema industrializado imposto no período pós-guerra. O desenvolvimento sustentável é o que promove a sustentabilidade. Os planos de de- senvolvimento sustentável buscam a sustentabilidade de duas maneiras: a) Sustentabilidade tecnológica - são planos baseados na crença de que a tecnologia pode expandir os limites das atividades econômicas e solucionar a escassez de re- cursos, compensando danos ambientais. Esses planos baseiam-se na inovação tec- nológica acoplada a um sistema de avaliação que reflete o verdadeiro custo de uso e disponibilização dos recursos naturais, e são desenvolvidos em resposta ao inevitável crescimento da população humana, a urgente necessidade de mais trabalho e ao desejo de melhorar a qualidade de vida das pessoas. Os economistas referem-se à sustentabi- lidade tecnológica como uma fraca sustentabilidade, pois é alcançada pela manutenção ou perpetuação do estoque de capital total, ou seja, dos serviços e bens que satisfaçam as necessidades e desejos humanos. b) Sustentabilidade ecológica - são os planos que se fundamentam nos avanços do co- 118UNIDADE IV Educação Ambiental nhecimento ecológico e de proteção ambiental, requerendo níveis reduzidos ou estáveis de crescimento populacional e de uso dos recursos naturais, para manter as atividades humanas dentro dos limites impostos pelo meio ambiente. Isso significa viver dentro da capacidade de suporte do meio ou sustentação ecológica, onde os sistemas naturais norteiam o modelo de desenvolvimento econômico, como por exemplo: resíduos da construção civil torna-se matéria prima para outras atividades; uso dos recursos naturais a taxas renováveis, sem exceder a capacidade natural de purificação da água e do ar. A sustentabilidade é promovida pelo desenvolvimento sustentável e é determinada pelo anseio de condições sociais e econômicas tais como altos níveis de participação da po- pulação e baixos níveis de desemprego. Sustentabilidade é um processo que envolve várias vertentesprecisando ainda de muitos debates em todos os níveis da sociedade, buscando: a) reconhecer a necessidade de reduzir seu excesso de consumo em benefício daque- les que não possuem condições de consumir o mínimo necessário; b) a mudança do modo de vida, privilegiando a redução ou eliminação de insumos não renováveis; c) reciclagem em geral; d) a educação ambiental em todas as suas facetas; e) a conservação dos recursos hídricos, florestais e solos. Fonte: Mota (2001). 119UNIDADE IV Educação Ambiental 4. GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS Fonte: Biosferamg (s. d.). A crescente preocupação com a preservação dos recursos naturais e com a questão de saúde pública associada ao gerenciamento dos resíduos sólidos almeja-se por políticas públicas que permitam atingir novos patamares de consciência ambiental, de tecnologia 120UNIDADE IV Educação Ambiental limpa e de crescimento sustentável. Nesse sentido, no ano de 2010 foi sancionada a Políti- ca Nacional de Resíduos Sólidos, a Lei nº 12.305, entendida como um instrumento indutor do desenvolvimento social, econômico e ambiental. A Lei nº 12.305/2010, no art. 9º, descreve que, na gestão e gerenciamento de resí- duos sólidos, deve ser observada a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. A legislação traz ainda um tema que deve ser bastante difundido no meio empresarial: a logística reversa associada à gestão de resíduos sólidos, a aplicação de técnicas do programa de Produção Mais Limpa e programas de gerenciamento que visam o Resíduo Zero. Logística reversa são ações, procedimentos e meios relacionados com a coleta e restituição dos resíduos sólidos (restos, embalagens, materiais desgastados, produtos ven- cidos e/ou obsoletos, etc.) aos setores empresariais para reaproveitamento em seu ciclo ou novos ciclos de produção ou, ainda, outras destinações ambientalmente adequadas. A logística reversa é um instrumento importante de desenvolvimento econômico e social, devendo ser operacionalizada através de cooperativas e associações de trabalhadores em reciclagem e reaproveitamento de resíduos em parceria com os poderes públicos e os setores empresariais. É, ainda, uma ferramenta relacionada diretamente com a implemen- tação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos entre fabricantes, importadores, distribuidores, comércio, poderes públicos e consumidores (Lei 12.305/2010, artigo 3º, incisos XII, XVII; artigo 8º, incisos III, IV e VI). Tal logística será detalhada através de acordos setoriais e termos de compromissos das empresas e setores empresariais com os poderes públicos. As empresas também terão que elaborar planos de gerenciamentos dos seus resíduos. Os poderes públicos podem (e devem) implantar medidas de apoio à adequação das empresas através de incentivos fiscais, financiamentos e créditos para a prevenção e redução de resíduos nos processos produtivos, implantação de programas de geren- ciamento e estruturação da logística reversa, inclusive no desenvolvimento de sistemas de gestão empresarial, voltados à capacitação de recursos humanos para a otimização no uso, reaproveitamento e reinserção de matérias primas nos ciclos de produção (Lei 12.305/2010, artigos 42-46, 55,56). A lei trata ainda da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a ser implementada de forma individualizada e encadeada, abrangendo os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, os consumidores e os titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos (toda a seção II do capítulo III da Lei 12.305). 121UNIDADE IV Educação Ambiental A Lei 12.305/2010 considera gestão integrada de resíduos sólidos o conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para os problemas decorrentes do descarte de tais resíduos, de forma a se considerarem as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, sob a premissa do desenvolvimento sustentável. Um conceito de sustentabilidade muito aplicado visando o gerenciamento dos resíduos sólidos é o conceito dos 3 R’s que tange tanto a área ambiental quanto a eco- nômica e a social. Conforme citado anteriormente, o primeiro passo para a sustentabilidade é a não geração do resíduo, mas buscas implantar os 3 R’s da sustentabilidade (reduzir, reutilizar e reciclar) caso sua geração seja inevitável. Essas três ações ajudam a minimizar o des- perdício de materiais e produtos, além de poupar a natureza da extração inesgotável de recursos. Adotando estas práticas, é possível diminuir o custo de vida, reduzindo gastos, além de favorecer o desenvolvimento sustentável. SAIBA MAIS De acordo com ministério da Saúde, no projeto de coleta seletiva e educação ambiental (2005), a política dos 3 R’s da sustentabilidade – reciclar, reutilizar e reduzir – é uma medida criada para que as pessoas diminuam a produção de lixo. É claro que essa não é a única medida de preservar a natureza, mas, com certeza, é um importante passo para garantir um mundo melhor para as gerações futuras. O “reduzir” engloba economia de todas as formas possíveis, o “reutilizar” envolve o rea- proveitamento do produto e o “reciclar” remete à separação do que é e não é lixo e ao envio de embalagens para a reciclagem. 1. Reutilizar: não jogue fora o que ainda pode ser utilizado – roupas, sapatos, móveis, bijuterias, brinquedos e livros podem ser doados; 2. Reciclar: faça a coleta seletiva em casa; encaminhe o lixo para empresas recicla- doras – garrafas de plástico, embalagens de produtos de limpeza e higiene, latinhas de ferro e alumínio, embalagens longa vida, jornais, revistas, folhetos, papéis e óleo vegetal podem ser reaproveitados. Fonte: Ministério da Saúde (2005). 122UNIDADE IV Educação Ambiental CONSIDERAÇÕES FINAIS O desenvolvimento sustentável não é um estado permanente de equilíbrio, mas, sim, de mudanças quanto ao acesso aos recursos e quanto à distribuição de custos e bene- fícios. Controlar e destinar de forma inadequada os resíduos sólidos pode causar inúmeras consequências negativas à economia ao setor social e ambiental. A Agenda 21 traduz em ações o conceito de desenvolvimento sustentável. Os princípios e estratégias da Agenda 21 Brasileira serviram de subsídio para a Conferência Nacional de Meio Ambiente, Conferência das Cidades e Conferência da Saúde. As ativida- des que contribuirão para a promoção integrada de meios de subsistência sustentáveis e para a proteção do meio ambiente incluem diversas intervenções setoriais que envolvem uma série de atores – de locais a globais – e que são essenciais em todos os planos, especialmente no nível da comunidade e no nível local. Nos planos nacional e internacio- nal serão necessárias ações habilitadoras que levem plenamente em conta as situações regionais e sub-regionais, pois elas apoiarão umas abordagens em nível local, adaptada às especificidades de cada país. As ações prioritárias da Agenda 21 Brasileira são os programas de inclusão social (com o acesso de toda a população à educação, saúde e distribuição de renda), a susten- tabilidade urbana e rural, a preservação dos recursos naturais e minerais e a ética política para o planejamento rumo ao desenvolvimento sustentável. Mas o mais importante ponto dessas ações prioritárias, segundo este estudo, é o planejamento de sistema de produção e consumo sustentáveis contra a cultura do desperdício. 123UNIDADE IV Educação Ambiental LEITURA COMPLEMENTAR Título: O Brasil na Conferência de Estocolmo Sinopse: em Estocolmo, o maior problema consistiu no fato de que a absoluta maioria das decisões a serem tomadas para a compatibilização entre desenvolvimento e meio ambiente pertencia à esfera da soberania nacional. A decisão de não se tocar em re- comendações de caráter nacional esvaziou essede estudo os ecossistemas, mas estuda também os organismos. 9UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental 2. OS NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO DA VIDA EM UM ECOSSISTEMA ● Espécie: organismos com características genéticas semelhantes. Com isso, o cruzamento de indivíduos da mesma espécie gera descendentes férteis. Exemplos: caran- guejos, ursos, pau-brasil etc.; ● População: termo que designa o conjunto de organismos da mesma espécie. Inicialmente usado para grupos humanos, depois ampliados para qualquer organismo. Exemplo: grupo de peixes-palhaço; ● Comunidade: conjunto das populações que vivem numa mesma região, tam- bém chamado de “comunidade biológica”, “biocenose” ou “biótopo”. Exemplo: aves, insetos e plantas de uma região; ● Biocenose: são as diversas espécies que vivem em determinado local e inte- ragem entre si. ● Biótopo: corresponde a uma parte do habitat. É uma área com condições am- bientais específicas que permitem a vida de determinadas espécies. Exemplo: trecho de uma floresta ou de uma lagoa; ● Ecossistema: conjunto de comunidades que interagem entre si e com o am- biente. Formado pela interação de biocenoses e biótopos. Exemplos: pode ser uma lagoa, uma floresta ou até um aquário; 10UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental ● Bioma: reunião de ecossistemas com características próprias de diversidade biológica e condições ambientais. Exemplos: a Mata Atlântica, o Cerrado e a Amazônia são alguns dos biomas brasileiros; ● Biosfera: conjunto de todos os ecossistemas das diferentes regiões do planeta. É a reunião de toda a biodiversidade existente na Terra. Nesse contexto, há interações entre as comunidades bióticas que compõem um ecossistema, as quais são chamadas de “interações biológicas” ou “relações ecológicas” e determinam relações dos seres vivos entre si e o meio em que habitam para sobreviverem e se reproduzirem. 11UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental 3. RELAÇÕES ENTRE OS SERES VIVOS Esta comunidade, formada por todos os indivíduos que fazem parte de um determi- nado ecossistema, possui diversas formas de interações entre os seres que a constituem, geralmente relacionadas à obtenção de alimento, abrigo, proteção, reprodução, etc., con- forme Freire; Castro e Motokane (2016). As relações ecológicas podem ser classificadas segundo o nível de interdependência: ● Intraespecíficas ou homotípicas: para seres da mesma espécie; ● Interespecíficas ou heterotípicas: para seres de espécies diferentes. ● Também podem ser classificadas de acordo com os benefícios ou prejuízos que apresentam: ● Relações harmônicas: quando a resultada da associação entre as espécies é positiva, na qual um ou os dois são beneficiados sem o prejuízo de nenhum deles. ● Relações desarmônicas: quando o resultado desta relação for negativo, ou seja, se houver prejuízos para uma ou ambas as espécies envolvidas. Para Freire, Castro e Motokane (2016), deixando de observar essas relações, podemos extinguir espécies ou deixá-las em vias de extinção, o que interfere na cadeia alimentar, afetando suas predadoras, que passarão a ter dificuldades para arranjar ali- mentos, bem com as suas presas naturais, que terão desenvolvimento desenfreado. Isso constitui um ciclo vicioso de desequilíbrio ambiental que chegará às espécies da flora, as quais também sofrerão com o desequilíbrio, tanto de predadores naturais quanto de espécies polinizadoras. 12UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental Preservar os animais, portanto, não é só uma questão ecológica e cultural. A inter- ferência da destruição e extinção prematura de espécies da fauna incide diretamente na vegetação e, por consequência, em todo o bioma, afetando também os rios e cursos d’água e a qualidade do ar, além das populações que estão economicamente ligadas à pesca, à caça ou ao extrativismo. 13UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental 4. A IMPORTÂNCIA DAS INTER-RELAÇÕES ECOLÓGICAS Conhecer e compreender as inter-relações existentes entre os inúmeros seres vivos existentes na terra é fundamental para a sobrevivência e desenvolvimento da espécie humana. As relações ecológicas se particularizam pela forma de interação que os seres vivos mantêm entre si, sendo categorizadas de acordo com os benefícios e/ou prejuízos que trazem aos organismos. A espécie humana construiu, desde sua origem, uma relação ímpar com a natureza para suprir suas necessidades. Essa convivência necessita ser har- moniosa e organizada. Antunes (2002) diz que a história tem demonstrado que o homem consegue, du- rante um período, viver isolado, mas não durante toda a sua existência, pois o homem é, por sua natureza, animal social e político, vivendo em multidão, ainda mais que todos os outros animais, o que se evidencia pela natural necessidade. Portanto, é na sociedade que o homem encontra condições favoráveis para o seu desenvolvimento. Os organismos estabelecem relações mútuas entre si e com o ambiente físico, baseados nas interações que ocorrem no mundo natural. O entendimento dos diferentes fenômenos que englobam essas relações e interações entre seres vivos (incluindo o homem) e os componentes abióticos é amplamente discutido à luz de teorias ecológicas. O ambiente é alterado, físico e quimicamente, pela maneira como os indivíduos realizam suas ativida- des. Também as interações entre organismos, têm influência na vida de outros seres, da mesma espécie e de espécies diferentes (BEGON, 2007, p. 223). 14UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental Na natureza os seres vivos mantêm entre si vários tipos de interações ecológicas que podem ser consideradas como sendo harmônicas ou positivas e desarmônicas ou negativas: as interações harmônicas ou positivas são aquelas nas quais não há prejuízo para as espécies participantes e vantagem para, pelo menos, uma delas; as interações desarmônicas ou negativas são aquelas nas quais pelo menos uma das espécies partici- pantes é prejudicada, podendo existir benefício para uma delas. Com a exploração de determinado conjunto de recursos, cada espécie define o seu nicho ecológico, também entendido como o papel desempenhado por esta espécie no ecossistema. Se não existissem competidores, predadores e parasitas em seu ambiente, uma espécie seria capaz de viver sob maior amplitude de condições ambientais (seu nicho fundamental) do que faria na presença de outras espécies que a afetam negativamente (seu nicho realizado). Por outro lado, a presença de espécies benéficas pode aumentar a gama de condições em que uma espécie consegue sobreviver. Dentro de cada um dos tipos de interações mencionados acima, ainda podemos classificá-las em interações intraespecíficas e interespecíficas, conforme ocorre entre indi- víduos da mesma espécie ou entre espécies diferentes respectivamente, conforme tabela abaixo que mostra os principais tipos de interações ecológicas possíveis de ocorrer entre organismos de duas espécies. Essas relações ecológicas são muito importantes, pois garantem a sobrevivência dos diferentes seres vivos e ajudam no combate da densidade populacional, de modo que favorecem o equilíbrio ecológico. Para Leripio (2001), ecossistema é o conjunto formado pelo meio ambiente, pelos seres que aí vivem e pela dependência recíproca. É a unidade fundamental da ecologia. São exemplos de ecossistemas: uma floresta, uma lagoa, uma campina, um aquário etc. Quando não se consegue repor os recursos, ou quando sua reposição é menor que o consumo, considera-se que este recurso é limitado. A abundância ou escassez influencia a distribuição das espécies e no desenvolvimento de uma sociedade. Por exemplo, uma pequena quantidade de água doce em um determinado ambiente poderá limitar o interesse de investimentos na área. 15UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental TABELA 1 - PRINCIPAIS TIPOS DE INTERAÇÕES ECOLÓGICASproblema de seu significado, simplificando sensivelmente os debates. Link: https://amaliagodoy.blogspot.com/2015/12/o-brasil-na-conferencia-de-esto- colmo.html. Título: O que é 5S Sinopse: 5S, antes de mais nada, é uma ferramenta baseada na organização de métodos e preceitos que visa tornar o ambiente de trabalho mais organizado, simples, se- guro e, principalmente, eficiente. O conceito vem quebrar um antigo paradigma utilizado por muitas pessoas, principalmente por funcionários já antigos de uma empresa, que há anos exercem a mesma função, aquele tal: “a minha bagunça é organizada” ou “eu me encontro na minha bagunça”. Tais afirmativas são rigorosamente combatidas quando se pensa em aplicar os passos 5s dentro de uma empresa, uma vez que, logo de princípio, é usada uma palavra que deve ser abolida do vocabulário de uma empresa, a palavra “bagunça”. Link: https://administradores.com.br/artigos/o-que-e-5s. Título: Princípio dos 3 R’s Sinopse: a gestão sustentável dos resíduos sólidos pressupõe uma abordagem que tenha como referência o princípio dos 3R´s, apresentado na Agenda 21: redução (do uso de matérias-primas e energia e do desperdício nas fontes geradoras), reutilização direta dos produtos e reciclagem de materiais. A hierarquia dos 3R´s segue o princípio de que causa menor impacto evitar a gera- ção do lixo do que reciclar os materiais após seu descarte. A reciclagem de materiais polui menos o ambiente e envolve menor uso de recursos naturais, mas raramente questiona o atual padrão de produção, não levando à diminuição do desperdício nem da produção desenfreada de lixo. Link: https://dgi.unifesp.br/ecounifesp/index.php?option=com_content&view=arti- cle&id=10&Itemid=8. 124 REFERÊNCIAS ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. A Dialética do Esclarecimento. Rio de Janeiro: Zahar - Editora, 2002, 72 p. ALBERTO, M. Por que é importante cuidar dos animais e do Meio Ambiente? 2016. 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Destacamos que o ensino desenvolvido numa perspectiva interdisciplinar, além de superar a fragmentação e linearidade dos conteúdos escolares, permite formar conceitos de procedimentos, atitudes e habilidades e competências para tomadas de decisões quali- ficadas e responsáveis quanto às intervenções futuras no ambiente. Faz-se necessário formar um sujeito consciente e capaz de efetuar mudanças, nas suas atitudes, de maneira a interferir positivamente no meio, com acesso à informação clara e objetiva para a formação de uma consciência crítica, capaz de levar às comunidades a se mobilizarem por um ambiente mais digno e saudável A formação de uma consciência ambiental depende das interações entre os sujei- tos nos diferentes espaços e, independentemente de qual corrente adotada, a educação ambiental será sempre um sistema mais eficaz a médio e longo prazo para se construir uma sociedade mais sustentável, haja vista que tem seu foco na construção de uma consciência ambiental sólida, determinando valores e modo de agir que garantam que as relações homem-natureza se perpetuaram equilibradas no decorrer do tempo, fazendo com que as futuras gerações tenham acesso aos recursos naturais de hoje. Para isso, a Agenda 21 foi constituída como um dos principais resultados da Eco-92 para o desenvolvimento e o meio ambiente, tendo como ambição acabar primeiramente com a pobreza, que atinge milhares de pessoas em diversos países. Para acabá-la, é preciso dar aos pobres: cultura, ensino para que consigam se incluir na sociedade e poder ter uma vida sustentável, além de ter como objetivo que os países consigam se desenvolver sustentavelmente com equilíbrio nos setores de educação, economia, agricultura e social sem agredir a natureza. Para finalizar, precisamos estar atentos aos objetivos e metas estabelecidos pela ONU - (ODS), que devem ser implementados por todos os países até 2030. Essas decisões 134 determinarão o curso global de ação para acabar com a pobreza, promover a prosperidade e o bem-estar para todos, proteger o meio ambiente e enfrentar as mudanças climáticas. Uma das formas de levar educação ambiental à comunidade é pela ação direta do professor na sala de aula e em atividades extracurriculares. Através de atividades como lei- tura, trabalhos escolares, pesquisas e debates, os alunos poderão entender os problemas que afetam a comunidade onde vivem; instados a refletir e criticar as ações de desrespeito à ecologia, a essa riqueza que é patrimônio do planeta e de todos os que nele se encontram. Os professores são a peça fundamental no processo de conscientização da so- ciedade dos problemas ambientais, pois buscarão desenvolver em seus alunos hábitos e atitudes sadias de conservação ambiental e respeito à natureza, transformando-os em cidadãos conscientes e comprometidos com o futuro do país. Professora Me. Sônia Maria Crivelli MatarucoPOSSÍVEIS DE OCORRER ENTRE ORGANISMOS DE DUAS ESPÉCIES Relações Interações Harmônicas Interações Desarmônicas Intra Específica Colônia (+) Sociedade (+) Competição. Principais tipos de intera- ções ecológicas entre os seres vivos (-) Inter Específica Mutualismo (+ +) Cooperação (+ +) Comensalismo (+0) Inquilinismo (+0) Epifitismo (+ 0) Competição (- -) Parasitismo (+ -) Predatismo (+ -) Amensalismo (+ -) Fonte: Biomania (s.d.). Essa relação de escassez e/ou abundância nos leva a refletir sobre como se dá o equilíbrio ecológico que consiste na relação entre os organismos vivos entre si com o ecossistema, assegurando a sobrevivência das espécies, bem como a preservação dos recursos naturais. A sociedade que apresentar um ecossistema perturbado e não buscar um equilíbrio ecológico receberá, cedo ou tarde, resposta pelos seus atos, uma vez que a espécie hu- mana não é só a que mais contribui para esse desequilíbrio, mas também a mais atingida pelas alterações ambientais. Vale lembrar que o ecossistema com sua capacidade de resiliência tende a reverter naturalmente um quadro de desequilíbrio. No entanto, nem sempre isso é possível ou o tempo necessário para que o equilíbrio ecológico seja estabelecido novamente é muito grande, o que pode causar outras alterações ainda mais graves. Portanto, para se garantir equilíbrio ambiental, basta proteger o ecossistema. Os ecossistemas são sistemas equilibrados e cada espécie viva tem o seu papel no funcionamento do ecossistema que pertence. Para Leripio (2001), a existência da cobertura 16UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental vegetal e diversidade genética da flora local depende diretamente da ação de alguns inte- grantes da fauna silvestre, sendo os insetos voadores e pássaros os maiores protagonistas dessas ações, pois, através de suas estratégias de obtenção de alimento em busca do néctar das flores é que se procede a polinização, na qual grãos de pólen são carregador involuntariamente em seus corpos, o que possibilita que esses grãos fecundem flores de outras árvores da mesma espécie em áreas diferentes. O autor citado complementa que as aves e mamíferos frutívoros são considerados os “plantadores da mata”, pois se alimentam dos frutos nativos, processo a partir do qual se procede a dispersão das sementes pelas fezes em todas as áreas de sua existência. O controle populacional é outra importante função dos animais silvestres na natu- reza, pois eles integram uma cadeia alimentar bem organizada, n qual os consumidores primários dependem da flora em equilíbrio para a sobrevivência, por se tratarem de animais herbívoros que servem de alimento para os consumidores secundários (algumas espécies de serpentes, corujas e mamíferos carnívoros de médio porte), que, por sua vez, são preda- dos pelos consumidores terciários ou os chamados “animais topo de cadeia”, representados pelas aves de rapina, répteis e mamíferos carnívoros de grande porte. 17UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental 5. OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Durante a realização da Cúpula do Milênio, reunião promovida pela Organização das Nações Unidas, em Nova York, em setembro de 2000, líderes de 189 países firmaram um pacto. Desse pacto, cujo foco principal era o compromisso de combater a pobreza e a fome no mundo, nasceu um documento chamado Declaração do Milênio. Ficou, assim, estabelecido como prioridade eliminar a extrema pobreza e a fome do mundo até 2015. A realização da Cúpula do Milênio representou um momento de síntese na história das ONU. Nas reflexões que se deram em decorrência da sua convocação e preparação da Cúpula, pôde ser confirmada a gravidade da pobreza que assolava o mundo e a necessidade de se conseguir maior visibilidade para o problema e maior compromisso dos países no seu combate. Para a Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD, 1991), os objetivos que derivam do conceito de desenvolvimento sustentável estão relacionados com o processo de crescimento da cidade e objetiva a conservação do uso racional dos recursos naturais incorporados às atividades produtivas. Entre esses objetivos estão: 1. Crescimento renovável; 2. Mudança de qualidade do crescimento; 3. Satisfação das necessidades essenciais por emprego, água, energia, alimento e saneamento básico; 4. Garantia de um nível sustentável da população; 18UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental 5. Conservação e proteção da base de recursos; 6. Reorientação da tecnologia e do gerenciamento de risco. De acordo com o Guia sobre Desenvolvimento Sustentável, no ano de 2016 entrou em vigor a resolução da Organização das Nações Unidas (ONU, 2015) intitulada “Transfor- mar o nosso mundo: Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável”. Para Alves (2015), “a concepção dos cinco P’s é eloquente, pois estabelece cinco prioridades equidistantes, projetadas dentro de um círculo, cujo centro é um pentágono, representando o “desenvolvimento sustentável”. No topo do desenho estão colocadas as Pessoas (erradicação da pobreza), no nível intermediário estão o Planeta (recursos naturais e clima) e a Prosperidade (bem-estar humano) e na base do círculo estão a Paz (sociedades pacíficas, justas e inclusivas) e as Parcerias (governança global sólida). Os cinco componentes, por sua vez, sustentam o acordo com o estabelecido nos 17 objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS). Os temas definidos como ODS são muitos, mas, basicamente, têm um ponto em comum: tornar o desenvolvimento humano mais seguro e garantir condições de vida adequadas sob o ponto de vista social, ambiental e econômico. No coração da Agenda 2030 estão cinco eixos de atuação para o Desenvolvimento Sustentável (5 P’s da sustentabilidade), sendo pessoas, prosperidade, paz, parcerias e planeta, conforme demonstrado na figura abaixo: FIGURA 1 - OS CINCO P’S DA AGENDA AMBIENTAL Fonte: Os cinco P’s da Agenda 2030 (ONU,2015). Disponível em: Plataforma Agenda 2030. Acesso: 24 nov. 2020. 19UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental Encontrar as interdependências entre os 17 objetivos nos ajuda a encontrar as raízes dos problemas e criar soluções sustentáveis de longo prazo. O objetivo de uma agenda é sempre, em primeiro lugar, organizar os temas e faci- litar o entendimento das pessoas para, em seguida, mobilizar, engajar e convocar à ação. O desejo da Organização das Nações Unidas com estabelecimento dessa Agenda é levar todos os países a aspirar o desenvolvimento, mas não a qualquer custo, em prejuízo de pessoas e do planeta. Para a ONU (2015, s/p): é fundamental que a agenda seja “sustentável”, isto é, equilibre novas res- postas e soluções econômicas, ambientais e sociais, algo que apenas será possível se cada indivíduo, e cada uma das instituições (governos, empre- sas, organizações da sociedade civil) mudem atitudes e comportamentos na direção de um jeito melhor de viver no planeta no século 21. Para melhor entendimento, os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) significam: 1. Erradicação da pobreza: “acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares”; Para a ONU (2015), este constitui o maior desafio entre todos para o atendimento do desenvolvimento sustentável. A ONU (2015) demonstra muita preocupação com o assunto e entende que um dos caminhos para solucionar este sério problema é o estabelecimento parcerias que viabilizem a mobilização de recursos para a criação de programas e políticas que erradiquem a pobre- za em todos os sentidos. Esses programas devem oferecer as populações vulneráveis condições mínimas de sobrevivência e seja possível reduzir à metade a proporção de pessoas que vivem em situação de pobreza. Estabelecer parcerias e programas não significa fornecer cestas básicas, pois não resolverá a situação. É preciso oferecer condições para que o cidadão tenha possibilidadede se auto sustentar por meio de um trabalho e uma remuneração digna (ONU, 2015). 2. Fome zero e agricultura sustentável: acabar com a fome, alcançar a segu- rança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável”; Segundo a ONU (2015), existem mais de 500 milhões de pessoas em situação de desnutrição no planeta. A meta do segundo objetivo do desenvolvimento sustentável é que, até 2030, os países desenvolvam programas e políticas que possam dobrar a produtividade 20UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental dos pequenos agricultores, incluindo mulheres e povos indígenas, de modo a aumentar a renda de suas famílias. Esperamos que sejam realmente estabelecidos programas para este fim, que mos- trem a importância de produzir de forma sustentável, respeitando o meio ambiente, ou seja, produzir mais alimento na mesma área e não provocar ainda mais desmatamentos. De todo alimento produzido no mundo, mais de um terço é desperdiçado, custando aproximadamente US$750 bilhões à economia global anualmente. Entretanto, as perdas não se limitam apenas a esfera econômica, mas também de outros insumos que foram necessários para a produção, como a água, energia e trabalho, emitindo, ainda, gases estufa ao longo do processo. Segundo o relatório “O Caminho para a Dignidade até 2030” (2015), as possíveis causas para a deficiência no sistema de distribuição e a consequente insegurança alimentar são: conflitos, terrorismo, corrupção, mudanças climáticas, degradação do meio ambiente e a pobreza, citada anteriormente como sendo a principal raiz do problema de acessibilidade a alimentos no mundo. A declaração afirma ainda que nenhum ser humano em estado de fome terá preocupação com o meio ambiente. 3. Saúde e bem-estar: “assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades”; As metas da Agenda 2030 estão não apenas na redução da mortalidade neonatal, da obesidade e na erradicação de doenças como o HIV, tuberculose e malária, mas também na conscientização quanto ao uso de álcool e drogas e no esclarecimento cada vez maior em torno da saúde mental e da importância do bem-estar psicológico e físico (ONU, 2015). Segundo a Organização Nações Unidas - ONU ( 2015 saúde pode ser definida como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença ou enfermidades”. Sendo assim, não basta apenas estar sem nenhuma doença: é necessário estar bem consigo mesmo e com o corpo, sem sentir dores ou, até mesmo, tristeza. 4. Educação de qualidade: “assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos”; Este objetivo trata de todos os níveis educacionais, desde a primeira infância até a vida adulta, e tem como de suas metas garantir que a educação seja viável para todas e todos, sem discriminação de gênero. Isso é importante pelo fato de que as meninas são as principais prejudicadas em seu desenvolvimento educacional, pois, em comparação 21UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental aos meninos, a educação delas costuma ficar em segundo plano. Além disso, muitas são obrigadas a abandonar os estudos em função de casamentos e gestações precoces (ONU, 2015). Relacionado a este fato, Philippi Jr. et al. (2002, p. 42) fala da importância da edu- cação para o desenvolvimento sustentável: Falta evidentemente mais educação: educação do empresário, para que não despeje o resíduo industrial nos rios; educação dos investidores imobiliários, para que respeitem as leis de zoneamento e orientem os projetos de modo a preservar a qualidade de vida do povo; educação dos comerciantes, para que não se estabeleçam onde a lei não permite e comprovem a conivência de autoridades públicas para a continuação de suas práticas ilegais, educação do político, para que não venda leis e decisões administrativas, para que não estimule e nem acoberte ilegalidades, para que não faça barganhas contra os interesses do povo; educação do povo, para que tome consciência de que cada situação danosa para o meio ambiente é uma agressão aos seus direi- tos comunitários e agressão aos direitos de cada um. 5. Igualdade de gênero: “alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”; Objetivando a erradicação de todas as formas de violência contra meninas e mu- lheres, uma das metas da Agenda 2030 é viabilizar que meninas e mulheres recebam os mesmos incentivos e oportunidades educacionais, profissionais e de participação política que meninos e homens, bem como o igual acesso a serviços de saúde e segurança (ONU, 2015). 6. Água potável e saneamento: “assegurar a disponibilidade e gestão susten- tável da água e saneamento para todos”; Saneamento básico, como o próprio nome já diz, é muito básico para que todas as pessoas não tenham acesso. A Agenda 2030 prevê como meta uma gestão mais responsável dos recursos hídri- cos, incluindo a implementação de saneamento básico em todas as regiões vulneráveis e a proteção dos ecossistemas relacionados à água, como rios e florestas (ONU, 2015). O gráfico abaixo traz as principais metas para saneamento básico no Brasil, que é fornecer água tratada a 99 % da população, esgoto sanitário a 93% e diminuir as perdas de água tratada para 31%. 22UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental GRÁFICO 1 - PRINCIPAIS METAS PARA SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL Fonte: Plano Nacional de Saneamento Básico (2013). 7. Energia acessível e limpa: “assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia, para todos”; Mais do que oferecer a todas as pessoas acesso à energia, é garantir que a ener- gia fornecida também seja limpa e barata, para que não haja prejuízos ao meio ambiente durante a sua produção e, também, dificuldades de acesso pelas pessoas de baixa renda e em situação de vulnerabilidade (ONU, 2015). No setor elétrico brasileiro, o ano de 2016 foi marcado pela entrada de fonte solar fotovoltaica (FV) no Balanço Energético Nacional. O Brasil possui um quadro de depen- dência energética da geração das hidrelétricas e essa é uma questão que traz inúmeras complicações para o sistema de energia brasileiro. De acordo com o último Balanço Energético Nacional, realizado pelo Ministério de Minas e Energia, em 2016, a geração hidráulica corresponde a 64% da Matriz Elétrica Brasileira e, ainda segundo o documento, pelo terceiro ano consecutivo houve redução da oferta de energia hidráulica devido às condições hidrológicas desfavoráveis. 8. Trabalho decente e crescimento econômico: “promover o crescimento eco- nômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalho decente para todos”; 23UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental Para garantir emprego, principalmente para os jovens sem formação, a Agenda es- timula o empreendedorismo, a criatividade e a inovação, além de incentivar a formalização e o crescimento das micro, pequenas e médias empresas, inclusive por meio do acesso a serviços financeiros (ONU, 2015). 9. Indústria, inovação e infraestrutura: “promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalho decente para todos”; Buscar incentivar os países para promover as pesquisas científicas, dar condições para as pessoas terem acesso à internet e, assim, obterem conhecimento de todas as novidades tecnológicas de produção, para que os países menos desenvolvidos possam crescer na sua capacidade produtiva de forma que garanta sustentabilidade (ONU, 2015). 10. Redução das desigualdades: “reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles”; Reduzir desigualdades é mais do que promover uma melhor distribuição de renda dentro das nações ou de romper com os privilégios comerciais de nações ricas em relação às mais pobres. Está em estreitar os laços entre as pessoas que ocupamos territórios do planeta, sejam elas nativas ou imigrantes. A xenofobia é um problema grave, causador de diversas violências, que faz com que várias pessoas se vejam marginalizadas e com menos oportunidades somente por pertencerem a um território ou etnia diferente (ONU, 2015). 11. Cidades e comunidades sustentáveis: “reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles”; É visível a urbanidade do mundo e essa situação ocasiona diversos problemas am- bientais como: doenças, impermeabilização do solo, acúmulo de lixo, poluição atmosférica e dos recursos hídricos etc. 12. Consumo e produção responsáveis: “assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis”; Com o consumismo e a exaustão dos recursos naturais, teremos não apenas falta de água, mas também a falta de outros recursos, como alimentos, minerais, energia etc. Nesse caso, a Agenda estimula a redução da geração de resíduos e reutilização e recicla- gem (ONU,2015). 24UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental 13. Ação contra mudança global do clima: “tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos”; Apesar da diminuição do aumento do buraco na camada de ozônio, ainda estamos cada vez mais aumentando o desmatamento a poluição do ar, fatores que influenciam di- retamente no aquecimento do planeta. As metas da Agenda 2030 consistem em aumentar os investimentos dos países no desenvolvimento de tecnologias que permitam reduzir o desgaste do planeta (ONU, 2015). 14. Vida na água: “conservar e usar sustentavelmente os oceanos, os mares e os recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável”; De acordo com a ONU, há 13 mil pedaços de plástico em cada quilômetro quadrado do oceano. Uma das metas da Agenda para este objetivo é aumentar a conscientização quanto à poluição dos oceanos. Para isso, ela prevê para 2030 o fim de todas as práticas ilegais de pescaria que prejudicam o ecossistema marinho (ONU, 2015). 15. Vida terrestre: proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a deser- tificação, deter e reverter a degradação da terra, e deter a perda de biodiversidade; Com o aumento dos desastres ambientais em diversas regiões do planeta, como vazamentos de substâncias químicas, rompimento de barragens e incêndios, a Agenda 2030 tem como meta aumentar a mobilização para reverter as consequências dessas de- gradações e também para prevenir novos desastres (ONU,2015). 16. Paz, justiça e instituições eficazes: promover sociedades pacíficas e in- clusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis; A Agenda prevê que os países combatam a corrupção, a impunidade, as práticas abusivas e discriminatórias, a tortura, bem como todas as formas de restrição das liberda- des individuais (ONU,2015). 17. Parcerias e meios de implementação: fortalecer os meios de implementa- ção e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável; Para que todos esses objetivos se tornem realidade, é importante que haja relações de parceria e cooperação entre as nações. Por isso, uma das metas da Agenda 2030 é que 25UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental os países em melhores condições financeiras ajudem os países em desenvolvimento a alcançar a sustentabilidade da dívida de longo prazo, por meio de políticas coordenadas destinadas a promover o financiamento, a redução e a reestruturação da dívida, conforme apropriado, e tratar da dívida externa dos países pobres altamente endividados para reduzir o superendividamento (ONU, 2015). SAIBA MAIS O Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil é uma contribuição ímpar para a avaliação dos ODM, pois seus dados desagregados vão além das médias, permitindo verificar o ponto de partida e a evolução do bem-estar das populações de cada porção do território brasileiro. Trata-se de um banco de dados georreferenciado, contendo informações socioeconômicas para os 5.507 municípios brasileiros: são dezenas de indicadores, tais como população (total, rural, urbana, por gênero, por faixa etária etc.), renda per capita (individual, familiar, total, oriunda do trabalho etc.), taxa de alfabetização (por gênero, raça, faixa etária etc.), taxa de mortalidade, IDH e outros. O software gera mapas (Brasil, regiões e estados), perfis municipais, tabelas, análises estatísticas, etc., a partir dos dados censitários (IBGE) de 1991 e 2000 (PNUMA, 2015). O Projeto do Milênio recomenda uma estratégia global para auxiliar as nações a mudar o curso contra a pobreza. Usando as metas determinadas pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, as recomendações de políticas feitas pelo Projeto são centradas em: ● Planejamento para o horizonte temporal de 2015; ● Busca dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio como metas mínimas nos países em desenvolvimento; ● Especificações de como os países doadores devem agir em relação a seus compromissos de ajuda, comércio e alívio da dívida externa para coerentemente apoiar os países mais pobres do mundo no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. ● A maior parte do trabalho do Projeto é levada a cabo por dez forças-tarefa temáticas, totalizando mais de 250 especialistas de todo o mundo, incluindo: pesquisadores e cientistas, formuladores de políticas, representantes de ONGs, agências da ONU, Banco Mundial, FMI e o setor privado. Nos últimos três anos, as forças- tarefa conduziram extensas pesquisas em suas áreas de perícia, a fim de produzir recomendações para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. 26UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental A recomendação principal do Projeto do Milênio é a de que os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio devem estar no centro das estratégias nacionais e internacionais de combate à pobreza. Para que isso aconteça, os países em desenvolvimento precisam administrar vigorosas “avaliações de necessidades”, para identificar em que ponto eles estão posicionados em relação aos Objetivos e quais as intervenções necessárias para que se entre no eixo para 2015. Porém, para que os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio sejam alcançados, os países doadores também devem fazer sua parte neste acordo global. Os Objetivos contêm uma meta específica para que seja estabelecida uma “parceria global para o desenvolvimento”, que detalha o que é necessário dos países mais ricos para que seja financiada a luta contra a pobreza no mundo em desenvolvimento. Alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio requer um aumento marcante no volume de Ajuda Oficial ao Desenvolvimento (ODA). As descobertas do Projeto demonstram que, nos países em desenvolvimento, com “estratégias de redução da pobreza baseadas nos ODM” e em consonância com o compromisso de 0,7% do PIB feito pelos países desenvolvidos, os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio podem ser alcançados, mesmo nos países mais pobres, até 2015 (PNUMA, 2015). O Brasil tem um novo objetivo. Não adianta melhorar apenas as estatísticas gerais sem oferecer condições iguais a todas as etnias. Por isso, a partir de 2006, a ONU estipulou um nono objetivo para o Brasil: garantir que as melhorias obtidas na luta pelo cumprimento dos objetivos do milênio promovam igualdade de condições para brancos e negros. Tal meta foi batizada de “Os objetivos do milênio sem o racismo” e será levada em conta na análise dos resultados finais da campanha, ou seja, só vamos cumprir os oito objetivos principais se lá em 2015 brancos e negros estiverem em condições iguais. Fonte: As Metas do Milênio da ONU ( 2015) Objetivos de Desenvolvimento Sustentável | PNUD Brasil (undp.org). Acesso: 24 nov.2020 27UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental REFLITA Os animais cumprem um papelmuito importante para o equilíbrio do planeta, pois, são os principais responsáveis pela respiração, fenômeno capaz de equilibrar a fotossíntese. A fotossíntese precisa de luz solar, água e gás carbônico para produzir açúcares. Os animais, ao respirarem, quebram essas moléculas e absorvem a energia armazenada, liberando a água e o gás carbônico novamente (fundamental para a vida vegetal). E, embora as plantas também respirem, sua liberação de gás carbônico é mais lenta. Em um ambiente sem animais haveria uma forte tendência ao gás carbônico se fixar nas plantas, interrompendo a fotossíntese e aumentando o efeito estufa produzido pela camada de gás carbônico. Fonte: UOL (s. d.). As plantas e os animais são essenciais para a manutenção da vida na Terra. As plantas fazem, entre outras coisas, a fotossíntese, absorvendo gás carbônico e libe- rando oxigênio. Os animais são agentes polinizadores, garantindo a germinação de novas árvores. Um beneficia o outro, e todos são beneficiados. Por isso é tão impor- tante à proteção ambiental. Você consegue imaginar este planeta sem plantas e animais? Por que é importante cuidar dos animais e do meio ambiente? Talvez você nunca tenha pensado a respei- to disso, no entanto os animais estão sempre presentes em nosso cotidiano e muitas vezes não damos conta de sua presença. Se estendermos essa pergunta ao universo ecológico, vamos perceber que sem os animais habitando o planeta Terra a vida sim- plesmente iria se extinguir. Fonte: LBV (2016). 28UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental CONSIDERAÇÕES FINAIS Os problemas ambientais desencadeiam uma série de questionamentos sobre suas causas e consequências. Essas causas e consequências afetam a relação entre os homens e deles com a natureza. O ser humano deve observar os exemplos da natureza e ter a consciência de que a biosfera tem limites e que estes devem ser respeitados, sendo necessário repensar práticas, costumes e padrões de consumo e tecnologias empregadas, pois com os pa- radigmas atuais, não haverá planeta suficiente para manter a sociedade com a inclusão que ainda precisa ser feita. Desta maneira, diante da intensa degradação da natureza, medidas urgentes de- vem ser tomadas por todos a benefício do homem e do próprio meio ambiente, a fim de minimizar os impactos negativos que tem levado os recursos naturais e a escassez em nome da melhoria da qualidade de vida. Estamos cada vez mais questionando o atual modelo de desenvolvimento. Por isso, entendemos a necessidade de termos um olhar para o passado, compreender a natureza e aplicar este conhecimento a benefício do homem e da própria natureza. Segundo Leripio, a relação meio ambiente e desenvolvimento devem deixar de ser conflitantes para tornar-se uma relação de parceria. O ponto chave da questão passa a ser a necessidade de uma convivência pacífica entre a boa qualidade do meio ambiente e o desenvolvimento econômico (LERIPIO, 2001). A Agenda 2030 sinaliza a compreensão por todos de que a humanidade pode e deve fazer escolhas por trajetórias tecnológicas, sociais, econômicas que maximizem os ganhos para as pessoas e para o planeta, visando a prosperidade e a paz, de forma colabo- rativa, por meio de parcerias. A Agenda mostra, ainda, a necessidade em reduzir a geração de resíduos por meio da prevenção, redução, reciclagem e reutilização e pensar na imensa oportunidade para trabalhar em parcerias. Importante ressaltar que cerca de cinco a 20 milhões de pessoas morrem por ano por causa da fome, muitas delas crianças, e alterar essa situação significa buscar mudan- ças no estilo de vida da sociedade. A própria Constituição de 1988, em seu Preâmbulo, trata da erradicação da pobreza e da marginalização, mas, infelizmente, temos ainda “um longo caminho a percorrer”. 29UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental Garantir o alimento para todos, superar a miséria e a fome exige mais que esforço: comprometimento de todos os agentes públicos e privados, atendendo às exigências e a busca da sustentabilidade social. Há uma estreita sintonia entre as prioridades da Agenda 21 e os Objetivos e Metas de Desenvolvimento do Milênio. A Agenda 21 é um importante instrumento para que temas essenciais à sustentabilidade do desenvolvimento alcancem a transversalidade necessária nas políticas de governo, como é o caso do meio ambiente e do próprio combate à pobreza. Os ODM dão finalidade e direção comuns aos esforços empreendidos no combate à pobreza, em seu sentido amplo. A oportunidade de tirar-se o máximo proveito da experiên- cia da Agenda 21 para o atendimento dos ODM é dada porque, do conjunto de instrumentos direcionados à sustentabilidade do desenvolvimento, possivelmente, a Agenda 21 seja o mais completo, em termos de setores e temas transversais tratados e, sobretudo, o que mais permeou os diferentes setores da sociedade níveis de governo. A Agenda 21 constitui-se no principal referencial de princípios e valores que estariam contidos no conceito de desenvolvimento sustentável. É o canal para envolver a sociedade (método) e o desenvolvimento social, meio ambiente e desenvolvimento, habitat, gênero, direitos humanos etc. Considerando-se que já havia um amadurecimento em torno dos princípios que norteariam o tratamento desses temas em prol do desenvolvimento humano sustentável, tratava-se, então, acima de tudo, de estabelecer um acordo em torno dos grandes objetivos e metas que os países estariam dispostos a cumprir. 30UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental LEITURA COMPLEMENTAR Olhando o passado e o futuro: revendo pressupostos sobre as inter-relações pessoa-ambiente O texto examina alguns dos pressupostos que guiaram os primeiros trabalhos em Psicologia Ambiental e os revisa à luz de perspectivas contemporâneas. Muitos desses pressupostos continuam a ter relevância, mas são necessárias algumas modificações e acréscimos para dar conta do desenvolvimento em ideias e pesquisas ao longo dos anos. É preciso: ir além da pesquisa multidisciplinar, engajando-se no pensamento interdisciplinar e pesquisa em colaboração com pessoas de outras disciplinas; ampliar a atenção com as questões éticas; examinar o papel da tecnologia na vida das pessoas; reconhecer a na- tureza holística das transações pessoa-ambiente levando em consideração a diversidade criada por idade, gênero, nível de capacidade/incapacidade, cultura e economia. Fonte: Scielo (2019). Relações ecológicas - Os tipos de relacionamento entre os seres vivos Na natureza, existem diversos tipos de relações entre os seres vivos, sendo al- gumas benéficas e outras prejudiciais para cada um dos envolvidos. Essas relações são classificadas como positivas, quando há ganho para um dos envolvidos ou para ambos, e como negativas, quando há prejuízo pelo menos para um dos envolvidos. Quando ocorrem entre indivíduos da mesma espécie, as relações são denominadas intraespecíficas e, quan- do são de espécies diferentes, chamamos de interespecífica. Fonte: UOL (2019). Interações Ecológicas Este texto traz complemento mais abrangente sobre as relações ecológicas, possi- bilitando maiores conhecimentos sobre o conteúdo ministrado neste capítulo. Fonte: Biomania (s. d.). 31UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental Objetivos de Desenvolvimento Sustentável Este texto traz os objetivos do desenvolvimento sustentável, demonstrando suas metas dentro de cada objetivo. Fonte: Itamaraty (2019). Novas propostas para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) Em 2015 termina o prazo estabelecido para o cumprimento das metas dos oito Ob- jetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que foram definidos na Cúpula do Milênio, da Organização das Nações Unidas (ONU), no ano 2000, em Nova Iorque. Atualmente, a ONU está realizando um debate global para definir quais serão as novas metas que substituirão os ODMs,entre 2015 e 2030, e que vão dar continuidade às decisões da Conferência do Meio Ambiente de 2012, a Rio + 20. Fonte: Alves (2014). 32UNIDADE I Princípios e Objetivos da Educação Ambiental MATERIAL COMPLEMENTAR FILME/VÍDEO Título: Relações ecológicas Ano: 2016 Sinopse: a vida na terra, seja ao nível de uma pequena poça ou ao nível de um ecossistema que abrange um continente, se resume em interações. Além de interagirem com o meio físico, os organismos interagem com indivíduos da sua espécie e com outras espécies, estabelecendo o que chamamos de relações eco- lógicas. As relações ecológicas podem ser harmônicas (quando não há prejuízo para nenhum indivíduo) ou desarmônicas (quando um indivíduo é prejudicado por outro). Ambas ocorrem tanto ao nível intra-específico (entre indivíduos da mesma espécie) quanto ao nível interespecífico (entre espécies diferentes). Link: https://www.youtube.com/watch?v=SZbMnJ99q3U. FILME/VÍDEO 2 Título: Relações Ecológicas Ano: 2013 Sinopse: recortes de filmes mostrando diferentes Relações ecoló- gicas intraespecíficas e interespecíficas. Link: https://www.youtube.com/watch?v=SB5jkiM4R8g. FILME/VÍDEO 3 Título: Conheça os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável Ano: 2017 Sinopse: relata os problemas da revolução devido produção em massa e consumismo e as propostas do ODS. Link: https://www.youtube.com/watch?v=_3ejiX6AvLY. FILME/VÍDEO 4 Título: O que é essa tal de sustentabilidade? Ano: 2016 Sinopse: o que é essa tal de sustentabilidade traz uma provoca- ção sobre o tema e o autor Saulo com este vídeo inicia uma série de quebras de paradigmas sobre o tema. Link: https://www.youtube.com/watch?v=tBr6GvbeJvo. FILME/VÍDEO 5 Título: Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável – Uni- dade I Ano: 2013 Sinopse: o vídeo traz conceitos sobre meio ambiente, ecologia, interações ecológicas, explicando as inter-relações ecossistêmi- cas e equilíbrio ecológico. Link:https://www.youtube.com/watch?time_continue=116&- v=HLOCF_Z9XdY. 33 Plano de Estudo: ● Problemas ambientais que afetam o planeta - introdução da relação de depredação do ser humano sobre o meio ambiente; ● Industrialização e seus efeitos; ● Pressupostos teórico-metodológicos da Educação Ambiental; ● Correntes da educação ambiental. Objetivos da Aprendizagem: ● Demonstraremos que os problemas ambientais são sistêmicos, o que significa que estão interligados e são interdependentes. Esses problemas precisam ser vistos, exatamente, como diferentes facetas de uma única crise, que é em gran- de medida uma crise de percepção. Assim, promover conhecimentos necessá- rios à compreensão do ambiente, de modo a suscitar uma consciência social que possa gerar atitudes capazes de afetar comportamentos, onde a educação ambiental não pode ser definida em práticas isoladas, mas deve ser um pro- cesso contínuo de tomada e retomada de decisões, análises e, principalmente, ações, já que dessas dependem o futuro da humanidade, a qualidade de vida e a manutenção da vida na terra. UNIDADE II Problemas Ambientais Professora Me. Sônia Maria Crivelli Mataruco 34UNIDADE II Problemas Ambientais INTRODUÇÃO Modernamente, as relações estabelecidas entre os indivíduos e os recursos natu- rais, levando-se em conta, como não poderia deixar de ser, fatores como o consumismo desenfreado, o desenvolvimento capitalista, bem como a expansão populacional, têm levado o meio ambiente a atual situação de crise. A interferência desordenada humana no meio ambiente é a grande causadora da perda da biodiversidade mundial. Desta forma, a importância de preservar as plantas e os animais tem sido cada vez mais discutida na atualidade. Plantas e animais têm sido exterminados de maneira muito rápida pela ação humana, quando as matas e florestas são de extrema importância para o equilíbrio ecológico do planeta Terra e para o bom funcio- namento climático. Desse modo, dentre as principais causas da perda de biodiversidade, destacam-se a destruição de habitat, a introdução de espécies exóticas e o uso exagerado de recursos naturais. A biodiversidade é ameaçada pela introdução de espécies exóticas: ao inserirmos uma espécie nova em um ambiente que não é o seu, ela pode competir com as outras, predar fortemente algumas espécies, reproduzir-se exageradamente e até mesmo provo- car doenças. Percebe-se, portanto, que essa ação pode provocar a destruição de algumas espécies, afetando diretamente o equilíbrio daquele ecossistema. Consequentemente, posterior a estes fatos, no Brasil, o desenvolvimento de atividades industriais gerou diversos problemas para a economia, com destaque para o encarecimento dos alimentos e o agravamento do problema de escassez de mão de obra. 35UNIDADE II Problemas Ambientais 1. PROBLEMAS AMBIENTAIS QUE AFETAM O PLANETA - INTRODUÇÃO DA RELAÇÃO DE DEPREDAÇÃO DO SER HUMANO SOBRE O MEIO AMBIENTE Se voltássemos na história, perceberíamos que o homem sempre estabeleceu uma relação de dominação com a natureza e, com o passar dos tempos, cada geração viveu em realidades sociais e culturais diferentes. No entanto, a descrição dos relatos de um passado distante pode favorecer o enriquecimento dos argumentos nas discussões e reflexões sobre a relação sociedade natureza no tempo e no espaço, buscando impedir a devastação de toda forma de vida no planeta. Por volta de 1966, o governo criou uma política de incentivos fiscais em nome do desenvolvimento econômico. Na época, os agricultores, para terem direito de receber o incentivo financeiro para plantar e adquirir equipamentos, necessitavam assumir o com- promisso de desmatar. O governo entendia que, para desenvolver, havia a necessidade do desmatamento no intuito de expandir atividades produtivas e maior obtenção de solo para a agropecuária, uso das árvores na indústria madeireira e a especulação imobiliária. Após anos de incentivos à produção e à ocupação de terras, os sinais de destruição ficam mais claros. Em 1978, a área desmatada chegou a 14 milhões de hectares, processo de desmatamento que trouxe prejuízos ambientais e socioeconômicos muito significativos, como: ● A ocorrência de desequilíbrios climáticos com a diminuição das chuvas devido à alteração das áreas de mata e do clima, causando grandes períodos de estiagem e redução 36UNIDADE II Problemas Ambientais da umidade relativa do ar, pois, com a remoção das folhagens, há uma queda da regulação da temperatura ambiental, deixando-a mais alta e instável; ● Perda de biodiversidade da fauna e flora nativas, podendo o equilíbrio ecológico tornar-se ameaçado; ● Degradação de mananciais pela remoção da proteção das nascentes, prejudi- cando a impermeabilização do solo em torno da água; ● O esgotamento dos solos com a intensificação de processos de erosão e desertificação. Além dos problemas anteriormente citados, para a sociedade, o desmatamento ainda traz diversos prejuízos, como o enfraquecimento do ecoturismo, a diminuição das possibilidades de pesquisas para a área de fármaco, a perda qualidade da água e o au- mento da resistência a doenças e pragas na agricultura que provém, muitas vezes, do cruzamento entre espécies nativas próximas. Segundo Castro (2005), a exploração de madeiras no Brasil foi responsável pelo desaparecimento de espécies de árvores e animais que perderam seu habitat. A pecuária, para Margulis (2003), constitui a principal atividade responsável pela maior parte do des- matamento. Nesse sentido, Castro (2007) complementa que uma das principais soluções a serem adotadas para a preservação do meio ambiente seria a implantação de políticas que visem o desenvolvimento sustentável, através do fortalecimento do comércio de carbono. O desmatamento, também chamado de desflorestamento, nas florestas brasileiras começou no instante da chegada dos portugueses ao nosso país, no ano de 1500. Interes- sados no lucro com a venda do pau-brasil na Europa, os portugueses iniciaram a explora-ção da Mata Atlântica. As caravelas portuguesas partiam do litoral brasileiro, carregadas de toras de pau-brasil para serem vendidas no mercado europeu. Enquanto a madeira era utilizada para a confecção de móveis e instrumentos musicais, a seiva avermelhada do pau-brasil era usada para tingir tecidos. Desde então, o desmatamento em nosso país foi uma constante. Depois da Mata Atlântica, foi a vez da Floresta Amazônica sofrer as consequências da derrubada ilegal de árvores. Em busca de madeiras de lei como o mogno, por exemplo, empresas madeireiras instalaram-se na região amazônica para fazer a exploração ilegal. Embora os casos da Floresta Amazônica e da Mata Atlântica sejam os mais problemáticos, o desmatamento ocorre nos quatro cantos do país. Além da derrubada predatória para fins econômicos, outras formas de atuação do ser humano têm provocado o desmatamento. A derrubada de matas tem ocorrido também 37UNIDADE II Problemas Ambientais nas chamadas frentes agrícolas. Para aumentar a quantidade de áreas para a agricultura, muitos fazendeiros derrubam quilômetros de árvores para o plantio. O crescimento das cidades sem que haja planejamento urbano adequado, por sua vez, pode ser causador de vários impactos ambientais. Um dos principais é a retirada de áreas verdes para a construção de prédios, residências, fábricas e outros tipos de construção. Com pouca área verde, aumenta-se muito a poluição atmosférica, além de ser um fator determinante no aumento de enchentes e alagamentos em períodos de grande quantidade de chuvas. O crescimento populacional e o desenvolvimento das indústrias demandam áreas amplas nas cidades e arredores. Áreas enormes de matas são derrubadas para a construção de condomínios residenciais e polos industriais. Rodovias também seguem neste sentido. Cruzando os quatro cantos do país, estes projetos rodoviários provocam a derrubada de grandes faixas de florestas. Outro problema sério, que provoca a destruição do verde, são as queimadas e incêndios florestais. Muitos deles ocorrem por motivos econômicos. Proibidos de queimar matas protegidas por lei, muitos fazendeiros provocam estes incêndios para ampliar as áreas para a criação de gado ou para o cultivo. Além disso, também ocorrem incêndios por pura irresponsabilidade de motoristas: bombeiros afirmam que muitos incêndios têm como causa inicial as pontas de cigarros jogadas nas beiradas das rodovias. GRÁFICO 1 - DESMATAMENTO DA AMAZÔNIA LEGAL (1988 - 2016) Fonte: INPE (2019). 38UNIDADE II Problemas Ambientais Segundo dados do relatório de organizações como Greenpeace (2017), o desmata- mento da floresta amazônica no Brasil é contínuo, mas o tamanho das áreas afetadas vive uma rotina de altos e baixos nas últimas duas décadas. A prática na região já teve crescimento de 29% (entre 2012 e 2013), bem como reduções de até 42% (entre 2008 e 2009). Segundo Luzzi, (2015), os principais problemas ambientais atuais são: poluição do ar por gases poluentes gerados, principalmente, pela queima de combustíveis fósseis (carvão mineral, gasolina e diesel) e indústrias; poluição de rios, lagos, mares e oceanos provocados por despejos de esgotos e lixo, acidentes ambientais (vazamento de petróleo), etc. Essa poluição leva à eutrofização, que pode ter causas naturais ou ser provocado por uma ação humana negativa nas águas (causas artificiais). Atualmente, tem se tornado um problema ambiental grave, derivado do aumento do descarte de lixo, esgoto e substâncias químicas, principalmente nas águas de lagos do Brasil próximos ou dentro de grandes cen- tros urbanos. Como consequência, a água perde sua transparência natural e, em muitos casos, ela adquire uma tonalidade esverdeada ou até azulada. A mudança de coloração é provocada, principalmente: ● pelo aumento de algas; ● pelo envelhecimento da água represada; ● pelo crescimento da quantidade de vegetais na água (principalmente plantas que vivem na superfície); ● pela redução do oxigênio na água. As mudanças ocorridas no processo de eutrofização podem prejudicar o equi- líbrio ecológico do ecossistema existente nas águas do local, provocando a morte de peixes e o aumento de outras formas de vida, como, por exemplo, algas. O aumento de cianobactérias (organismos tóxicos), por exemplo, compromete a qualidade da água destinada ao abastecimento público. Outro impacto da atualidade, segundo Luzzi (2015), é a poluição do solo provocada por contaminação (agrotóxicos, fertilizantes e produtos químicos) e o descarte incorreto de lixo. A Agropecuária tem causado impactos ambientais significativos no cerrado, no panta- nal e na floresta amazônica. Grandes áreas verdes têm sido desmatadas para a criação de gado e o plantio de soja. Estes problemas têm prejudicado os ecossistemas destas regiões, além da diminuição das áreas verdes que deveriam ser preservadas. Alguns climatologistas afirmam que o desmatamento na floresta amazônica pode ocasionar a diminuição das chuvas na região sudeste do Brasil, o aumento dos processos de desertificação e a erosão do solo. Exemplos de áreas que sofrem com estes problemas 39UNIDADE II Problemas Ambientais no Brasil são o Sul da Amazônia, o norte do Pantanal Mato-grossense e o norte do cerrado. Assim, há o esgotamento do solo (perda da fertilidade para a agricultura), provocado pelo uso incorreto, além de queimadas em matas e florestas como forma de ampliar áreas para pasto ou agricultura e o desmatamento com o corte ilegal de árvores para comercialização de madeira, causando a diminuição e extinção de espécies animais, provocadas pela caça predatória e destruição de ecossistemas. Não poderíamos deixar de relatar a falta de água para o consumo humano, causa- da pelo uso irracional (desperdício), contaminação e poluição dos recursos hídricos, além do aquecimento global, causado pela grande quantidade de emissão de gases do efeito estufa, entre outros. Segundo relatório de 2014 da Organização Mundial da Saúde - OMS, em 2012, cerca de Sete milhões de pessoas morreram no mundo por causa da poluição do ar. Percebe-se que esses problemas estão interligados, uma vez que todos contribuem para alteração do clima e, consequentemente, para o aquecimento global. O aquecimento global é o aumento da temperatura média do planeta devido à maior absorção da radiação infravermelha térmica na atmosfera. As consequências são desastrosas, como o degelo, fenômeno que derrete as camadas de gelo e aumenta o nível dos oceanos, ameaçando, assim, a existência das cidades costeiras. As espécies marinhas também são atingidas. A desertificação, alteração do regime de chuvas, tempestades, furacões, inunda- ções e a redução da biodiversidade são consequências desse problema, e, sem dúvidas, o aquecimento global é a maior ameaça à sobrevivência dos seres (PINOTTI, 2016). A mineração é uma outra atividade causadora de vários impactos ambientais no Bra- sil. O pequeno garimpo irregular pode provocar contaminação, principalmente por mercúrio, nas águas de rios, lagos e também no solo. As grandes empresas mineradoras também geram impactos ambientais significativos: além de removerem áreas verdes, costumam abrir grandes crateras no solo, provocando alterações na paisagem ambiental. Exemplos de áreas que sofrem com estes problemas no Brasil são: Pará (extração de bauxita, cobre, manganês, ouro e níquel), Minas Gerais (extração de ouro e manganês) e Goiás (extração de níquel e cobre). Outro problema é a destinação de resíduos dos mais variados processos produtivos e a escassez e falta de qualidade da água, que constitui um importante elemento para vida dos seres. Compreender que a destinação final adequada dos resíduos, segundo Ibrahin (2014), inclui a reciclagem, a reutilização, a compostagem, o aproveitamento energético ou 40UNIDADE II Problemas Ambientais destinações diferentes admitidas por órgãos competentes, de modo que a evitar