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4/9/15 1 Bactérias Patogênicas em alimentos: Gram Nega5vas profliliansoares@gmail.com • Enterobactérias ( Yersinia, Serra+a, Enterobacter, Klebsiella, Erwinia): Shigella spp; Escherichia coli; Salmonella spp. • Brucella spp. • Campylobacter spp. Shigella spp. Características do microrganismo Família : ENTEROBACTERIACEAE *Bacilos Gram-‐ anaeróbios faculta@vos ; Bastante similar E.coli diferencia-‐se por não produzir gás a par@r de carboidratos e por ser lactose-‐nega@va (disenteria) • Temperatura ó@ma de crescimento 37º C, são rela@vamente sensíveis ao calor; *são altamente invasivas; • produzem toxinas que podem atacar reves@mento do intes@no grosso; * Produzem shiga-‐toxina que destroem os ribossomos das células humanas, impedindo síntese protéica e matando a célula; *são oxidase nega@va, urease nega@va; • Contém quatro espécies:S. dysenteriae (soro@po A), S. flexneri (soro@po B), S. boydii (soro@po C) e S. sonnei (soro@po D). A S. sonnei é mais comum nos países desenvolvidos e a S. dysenteriae, S. flexneri e s. boydii nos países em desenvolvimento 4/9/15 2 Inflamação aguda do TI causada pela Shigella spp. Está associada à higiene pessoal e condições sanitárias deficientes. Indica contaminação recente do alimento com fezes humanas (fragilidade do microrganismo) Provoca disenteria devido à produção de uma toxina – toxina shiga Sintomas: disenteria (diarréia com presença de sangue e/ou muco), febre e náuseas, vômitos e dores abdominais S.sonnei apresenta sintomas mais brandos A evolução dos sintomas pode ocasionar a SHU (síndrome hemolí@ca urêmica: ocorre falência renal) que ocorre em crianças podendo ser fatal Período de Incubação: 12 a 96 h (para a S. dysenteriae é 1 semana) DI: 10 a 102 organismos (em adultos) As células de Shigella são encontradas nas fezes 1 a 2 semanas após a infecção • Disseminada através da via fecal-‐oral Shigelose ou Disenteria Bacilar Quadro Clínico *Dor abdominal caracterís@ca de cólica difusa, geralmente precedendo disenteria (sintoma mais freqüente), presente em cerca de 90% dos casos. De 1 a 3 dias após, as fezes se tornam muco sanguinolentas, a febre diminui e aumenta o número de evacuações, geralmente de pequeno volume e freqüentes, com urgência fecal e tenesmo (sensação dolorosa na bexiga ou na região anal) É mais severa em crianças entre 1 e 4 anos de idade, nos idosos e pessoas imunocomprome@das Alimentos envolvidos Alimentos contaminados com matéria fecal humana, seja através da água ou das mãos dos manipuladores Surtos: saladas cruas e cozidas, frutas (morangos). Leite, queijo, manteiga, arroz cozido, hamburguer, aves, peixes, frutos do mar, e água 4/9/15 3 Medidas de Controle *Melhoria da qualidade da água; *Boa higiene pessoal reforçando a correta lavagem de mãos; *Evitar água de lugares contaminados, como lagos, lagoas e piscinas não tratadas; Locais de uso cole@vo, como por exemplo; em creches que podem apresentar riscos maximizados quando as condições sanitárias não são adequadas, devem ser alvo de orientações e campanhas específicas Educação em saúde, par@cularmente em áreas de elevada incidência; Medidas de controle *Ocorrências em crianças de creches devem ser seguidas de isolamento, além orientações aos manipuladores de alimentos; *Pacientes infectados devem ser restringidos de manipular alimentos Salmonella spp. • Família: Enterobacteraciae • Bacilos Gram nega@vos, anaeróbios faculta@vos; • Fermentam glicose produzindo ácido e gás (exceto S. typhi) • Podem u@lizar citrato como única fonte de carbono • São termossensíveis, podendo ser destruídas a 60º C por 15 a 20 minutos • Móveis (a maioria das espécies); não esporulados; • Possui anogenos somá@cos O, flagelares H e os capsulares Vi • Os anogenos O e Vi são termoresistentes, não sendo destruídos pelo aquecimento a 100º C por 2 horas, o anogeno H é termolábil • Habita o tubo diges@vo de animais 4/9/15 4 Quadro Clínico • As doenças causadas pelas Salmonellas costumam ser subdivididas em três grupos: -‐ Febre @fóide causada pela Salmonella typhi -‐ Febre entérica causada pela Salmonella paratyphi A, B, C -‐ Salmonelose ou enterocolite causada pelas outras Salmonellas patogênicas (mais comum a S. entere+dis) Febre Tifóide • Só acomete o homem • Normalmente transmi@da pela água e alimentos contaminados com material fecal humano • É uma doença infectocontagiosa causada pela Salmonella typhi; • Não são destruídas pelo suco gástrico no estômago, atravessam a parede do intes@no delgado e caem na corrente linfá@ca. Mul@plicam-‐se dentro dos macrófagos, destruindo-‐os, liberando as bactérias para a corrente sanguínea • Sintomas são graves: sep@cemia, febre alta, diarréia e vômitos • O reservatório da S.typhi é o homem. Ele pode ser portador assintomá@co • Período de duração da doença: de 1 até 8 semanas (média 2 semanas) depende dadose infectante • Alimentos manipulados; água e alimentos contaminados (fezes ou urina do portador); alimentos mal cozidos ou crus; congelamento não destrói a bactéria (sorvetes) Febre Entérica • Sintomas semelhantes a febre @fóide porém mais brandos • É uma doença infectocontagiosa causada pela Salmonella paratyphi; • Duração da doença: 3 semanas 4/9/15 5 Medidas de Prevenção • Saneamento básico • Acesso à água tratada/ distribuição de hipoclorito de sódio a 2,5% • Incen@vo a bons hábitos de higiene • Consumir alimentos em locais com condições adequadas de higiene Salmonelose • Infecção causada pela S.entere+dis • Sintomas: diarréia, febre, dores abdominais, vômitos • Período de incubação: 12 a 36 h (duração da doença de 1 a 4 dias) • A an@bio@coterapia pode agravar o quadro clínico • Pode ser grave em crianças e recém-‐nascidos, e adultos imunodeprimidos • Enfermidade causada pela passagem e penetração das células da Salmonella no epitélio do intes@no delgado onde se mul@plicam • DI= 105 a 108 (em alimentos gordurosos pode ser menor= 50 células –chocolate) Epidemiologia • É um dos microrganismos mais frequentemente envolvidos em surtos e casos em diversos países e no Brasil • Amplamente distribuídas na natureza, trato intes@nal do homem e de animais (principalmente aves) • Aumento na incidência de salmonelose causada por S.enteri+dis envolvendo ovos e produtos à base de ovos. Este soro@po tem a peculiaridade de colonizar o canal ovopositor das galinhas, o que causa a contaminação da gema durante a formação do ovo 4/9/15 6 Alimentos envolvidos • Aqueles com Aw e PTN • Produtos lácteos, ovos, carnes e derivados • Surtos: peixes, camarões, coco, sobremesas com cremes, cacau, chocolate e suco de laranja não pasteurizado Medidas Preven5vas • Portadores não devem manipular alimentos • Lavar as mãos, principalmente antes e após manipular alimentos • Evitar carne mal cozida ou crua • Cozinhar bem ovos e carnes em geral • Evitar receitas que envolvam ovos crus, como maionese caseira, mousses e outros • Consumir apenas leite fervido ou pasteurizado • Manter os ovos refrigerados Campylobacter spp. • Caracterís@cas: Bacilos curvos, espiralados, muito finos e compridos; Gram -‐, móveis com flagelação monopolar que apresenta 2 a 3 vezes o comprimento da célula; Não produzem esporos, não fermentam e nem oxidam açúcares Oxidase posi@vos e redutores de nitrato Microaerófilos estritos > 3% e >15% O² Temperatura de crescimento ó@ma entre 42 e 43º C Sensíveis ao sal (2%), pH ácido e desidratação 3 espécies mais envolvidas em casos de gastrenterite humana: Campylobacter jejuni (a maioria dos surtos) ; Campylobacter coli; Campylobacter lari Comum em aves 4/9/15 7 Quadro Clínico • A infecção pode manifestar-‐se de várias formas sendo a enterocolite a mais comum • Sintomas: diarréia, febre baixa, dores abdominais. Pode ocorrer febre alta e disenteria. Inicialmente semelhante a gripe • Complicação a longo prazo: apendicite, pancrea@te e edema do cólon. Síndrome de Guillain-‐Barré (GBS): extenso comprome@mento do sistema nervoso periférico • Período de Incubação: de 2 a 10 dias • Mecanismo de patogenicidade não está completamente esclarecido, a adesão da mucosa é indispensável, e algumas cepas de C.jejuni produzem enterotoxina termolábil (semelhante a toxina colérica) e citotoxinas • DI: 102 • A bactéria é rapidamente destruída por calor 55 a 60º C, por vários minutos Epidemiologia • C.jejuni e C.coli são microrganismos que habitam o TGI de uma grande variedade de animais domés@cos e silvestres • Encontrados em bovinos, suínos, gatos, cães, roedores e, principalmente aves (pombos, frangos, patos e perus). • C.lari faz parte da flora intes@nal de gaivotas e aves de ambiente aquá@cos, menos frequente em mamíferos • Podem ser transmi@dos por portadores infectados • A maioria dos surtos relatou consumo de leite cru, carne de aves e outros animais Medidas preven5vas • Armazenar os alimentos prontos sob refrigeração ou congelamento • Cozinhar bem os alimentos • Evitar contaminação cruzada 4/9/15 8 Escherichia coli Características Gerais: Gram-, não esporulada, fermentam glicose com produção de ácidos e gás. A maioria fermenta também lactose. Apresentam antígenos somáticos O,antígenos flagelares H, e antígenos K Presença de E.coli indica: - Contaminação de origem fecal - Diversas linhagens são patogênicas ao homem e animais Alimentos envolvidos: Carne bovina moída ( maior responsável pela ocorrência) - hambúrguer, aves, leite cru, queijos, suco de frutas não pasteurizados, produtos de origem vegetal consumidos crus Linhagens Patogênicas Escherichia coli Grupo Caracterís5cas de adesão e invasão Toxinas Doença Enteropatogênica (EPEC) Aderem em grupos a mucosa intes@nal (ligação A/E), destroem as micovilosidades Não produzem Diarréia infan@l (RN, lactentes) Enterotoxigênica (ETEC) Aderem uniformemente a mucosa intes@nal LT e ST LT-‐ similar à toxina colérica Diarréia do viajante Enterohemorrágica (EHEC) Ligam-‐se fortementeàs células(ligação A/E) Linhagem principal O157:H7 Verotoxinas = toxinas shiga-‐like (SLT) Colite hemorrágica Enteroinvasiva (EIEC) Invadem células do cólon, propagam-‐se lateralmente às células adjacentes. Cepas semelhantes à Shigella Não produzem Disenteria similar à Shigella Enteroagrega@va (EAggEC) Aderem em grupos mas não invadem Toxinas semelhantes ST e LT (verotoxina) Diarréia, algumas linhagens SHU EPEC Diarréia mais grave que em outros patógenos, acompanhada de dores abdominais, vômitos e febre PI= 17 a 72 horas (36 h) DI= é presumivelmente baixa Epidemiologia: países desenvolvidos ocorre em surtos esporádicos Países em desenvolvimento: entre os principais agentes enteropatogênicos com índices de mortalidade bem altos. Crianças com mais de 1 ano são mais raras. Anos 60-‐70 surtos com soro@pos por O86 e O111 envolvendo crianças e adultos Prevenção: aleitamento materno 4/9/15 9 ETEC Diarréia líquida, febre baixa, dores abdominais e náuseas. Forma severa= cólera (diarréia aquosa tipo “água de arroz”, leva a desidratação PI= 8 a 44 h (26 h) DI= 106 a 108 células Diarréia do viajante= doença leve, autolimitada Atinge todas as faixas etárias. Endêmica em condições de saneamento precárias EHEC Diferenciam-se das outras cepas por não ser capazes de fermentar sorbitol, são β glucoronidase negativas e não se multiplicam bem em 44,5-45,5º C Colite hemorrágica pode evoluir para Síndrome Hemolítica-Urêmica (SHU). Taxa de mortalidade 3 a 17% 15% das infecções por E.coli O157:H7 desencadearam SHU DI= não é conhecida, suspeita-se ser semelhante à da Shigella sp (10 microrganismos) PI= 1 a 10 dias (média 3 a 4 dias) 1982- surto proveniente de hambúrguer Epidemiologia: gado é reservatório natural e o principal veículo de contaminação. Cozinhar bem a carne (molho suco claro/ carne moída T 71,1º C ou 68,3º C por 15 minutos EIEC Cepas tem características bioquímicas diferentes da E.coli mas semelhantes à Shigella: incapacidade de descarboxilar a lisina, não fermenta ou fermenta tardiamente a lactose, ausência de flagelos Diarréia líquida, dor abdominal severa, vômitos, tenesmos, cefaléia, febre, calafrios e mal estar geral, com eliminação de muco e sangue nas fezes PI= 8 a 24 h (11h) DI= 106 a 108 microrganismos 4/9/15 10 EAggEC Causa diarréia aquosa persistente, principalmente em crianças Duração: mais de 14 dias Brucella spp. • Leite e derivados não pasteurizados – principal via de transmissão • B. melitensis (caprinos, <frequencia ovinos), B. abortus (bovinos), B.suis (suínos): Clássicas • Mais patogênica: B. melitensis Brucelose: aguda-‐calafrios, febre, astenia,suores noturnos. Pode apresentar ainda, aumento de linfonodos, esplenomegalia, hepatomegalia; e evoluir para encefalite, meningite, neurite periférica Prevenção/ Controle: Pasteurização do leite e produtos lácteos; ferver o leite cru e deses@mular consumo de queijos artesanais com leite cru Vibrio cholerae Gram-‐, bacilos retos ou curvos, móveis com um único flagelo polar Fermentam glicose s/ produção de gás, oxidase e catalase posi@vos Apresentam anogenos O (mais de 100 sorogrupos diferentes) Ligam-‐se à super{cie da mucosa intes@nal (ID) produzem uma enterotoxina, a toxina colérica. A presença da toxina colérica altera o balanço do transporte de íons (Na+, Cl-‐, K+, HCO-‐3) 38 espécies, 10 são patogênicas, vários bió@pos Dois bió@pos: clássica e El Tor Soro@pos: Inaba, Ogawa e Hikojima Epidemias anteriores à 1950 causadas pelo V. cholerae O1 clássica Até 1993 acreditava-‐se que a doença relacionada as cepas que produzem toxinas e sorogrupo O1. 1º relato nova doença, Índia e Bangladesh (O139 = Bengal) 4/9/15 11 Cólera Pandemia atual, agente e@ológico V.cholerae O1 El Tor soro@po Inaba Presente na Índia, foi reconhecida em 1817 quando se espalhou por outros países = 1ª Pandemia 2ª Pandemia (1829)= Europa e América do Norte PI= 6 h a 5 dias Podem ser assintomá@cas, diarréia moderada ou diarréia aquosa e profusa. Casos severos perda de mais de 1 litro de fezes por hora, levando à perda rápida de líquidos, colapso circulatório e à morte. Casos V.cholerae não O1, diarréia mais moderada do que as cepas do sorogrupo O1 Cólera Terapia= reposição de líquidos Reservatório é o homem, sendo que o ciclo homem-‐doença é que mantém a doença Áreas endêmicas-‐ água contaminada com fezes Encontra-‐se amplamente distribuídas na natureza, águas de rio, mar. Em frutos do mar sobrevive por 45 dias. Medidas de Prevenção: Saneamento básico, cocção adequada de alimentos marinhos e prevenção de recontaminação pós-‐processamento Referências • Franco, B. D.G .M, Landgraf, M. Microbiologia dos Alimentos, Editora Atheneu, Rio de Janeiro, RJ 2002. • Secretaria de Estado de São Paulo. Centro de vigilância Epidemiológica. Manual de doenças transmi@das por alimentos e água • Forsythe, S.J. Microbiologia da segurança alimentar. Porto Alegre: Artmed, 2005.
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