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Cálculo II – Prof. Marcus V. S. Rodrigues (Semestre 2015.1) 1 AULA 06 – Teorema Fundamental do Cálculo (parte 1) Definição 1. A integral de Riemann é por definição dada por i b n * i i máx x 0 i 1a f x dx lim f x x (1) onde o limite independe da particular escolha dos números * ix . Teorema 1 (Teorema Fundamental do Cálculo - 1ª parte). Se f for contínua no intervalo a,b e F é uma primitiva de f em a,b , então, b a f x dx F b F a (2) Prova. Considere a partição 0 1 2 n 1 nP: a x x x ... x x b , que divide o intervalo a,b em n subintervalos i 1 ix , x , cujo comprimento (ou a amplitude) é dado por i i i 1x x x , i 1,2,3, ...,n . Por hipótese F f para todo x em a,b , logo F é diferenciável e contínua neste intervalo. Então, Para cada intervalo i 1 ix , x , tem-se que F é contínua em i 1 ix , x e diferenciável em i 1 ix , x , ou seja, a função F satisfaz as hipóteses do Teorema do Valor Médio. Teorema do Valor Médio. Se uma função f for contínua em a,b e diferenciável em a,b , então existe c a,b tal que: f b f a f c b a . Cálculo II – Prof. Marcus V. S. Rodrigues (Semestre 2015.1) 2 Então, pode-se concluir que existe *i i 1 ic x , x tal que i i 1 i i 1 i i i 1 i F x F x F x F x F c x x x (3a) ou * *i i 1 i i i iF x F x F c x f c x (3b) Então, para cada subintervalo, pode-se escrever *1 1 1 1a, x : F x F a f c x *1 2 2 1 2 2x , x : F x F x f c x *2 3 3 2 3 3x , x : F x F x f c x *n 2 n 1 n 1 n 2 n 1 n 1x , x : F x F x f c x *n 1 n 1 n nx ,b : F b F x f c x Somando as equações precedentes, obtém-se como resultado n * i i i 1 F b F a f c x (4) Fazendo n implica que imáx x 0 . Como a função é contínua então o lado direito da equação (4) tende a b a f x dx , enquanto o lado esquerdo dessa equação é constante independente de n e igual a F b F a . Assim, pode-se escrever Cálculo II – Prof. Marcus V. S. Rodrigues (Semestre 2015.1) 3 i bn * i i máx x 0 i 1 a F b F a lim f c x f x dx (5a) ou, em notação alternativa, b b a a f x dx F x F b F a (5b) Exemplo 1. Calcule 1 2 0 x dx . Solução. A função 3 1 F x x 3 é uma primitiva de 2f x x em 0,1 , então, 1 1 3 32 3 0 0 1 1 1 1 x dx x 1 0 3 3 3 3 Exemplo 2. Calcule a integral 0 cos x dx . Solução. A função F x senx é uma primitiva de f x cos x em 0, , então, 0 0 cos x dx senx sen sen 0 0 Em geral, quando for aplicar o Teorema Fundamental do Cálculo, não há a necessidade de incluir uma constante de integração, pois, de qualquer forma, ela desaparecerá. É possível observar o seguinte fato Cálculo II – Prof. Marcus V. S. Rodrigues (Semestre 2015.1) 4 b b a a f x dx F x C F b C F a C F b F a (6) Assim, as integrais definidas e indefinidas se relacionam da seguinte forma, b b a a f x dx f x dx (7) Exemplo 3. Calcule 0 1 x x 1dx . Solução. Inicialmente resolve-se a integral indefinida x x 1dx Fazendo u x 1 , tem-se que du dx e x u 1 , então, 3 2 1 2 5 2 3 22 2x x 1dx u 1 u du u u du u u C 5 3 Como u x 1 , pode-se concluir que 5 2 3 22 2 x x 1dx x 1 x 1 C 5 3 Assim, 0 00 5 2 3 2 1 1 1 2 2 2 2 4 x x 1dx x x 1dx x 1 x 1 5 3 5 3 15 Pode-se resolver diretamente pelo método da mudança de variável, sem a necessidade de resolver primeiro a integral indefinida. 0 1 x x 1dx Cálculo II – Prof. Marcus V. S. Rodrigues (Semestre 2015.1) 5 Sendo assim, faz-se u x 1 , o que implica em du dx e 1x u . Então, se x 1 implica u 0 e x 0 implica u 1 . Logo, a integral com a mudança de variável se torna 0 1 1 3 2 1 2 5 2 3 2 0 1 0 2 2 2 2 4 x x 1dx u u du u u 5 3 5 3 15 A exigência da continuidade de f em a,b no enunciado do Teorema Fundamental do Cálculo é muito importante, pois se for aplicado este teorema a integrandos descontínuos no intervalo de integração pode-se obter resultados errôneos. Veja o exemplo abaixo. Exemplo 4. Seja a integral 1 2 1 1 dx x . Solução. Usando diretamente o teorema no intervalo 1,1 , 1 1 2 1 1 1 1 dx 1 1 2 xx Como a função 2 1 f x x é positiva em 1,1 , então o valor dessa integral não poderia ser negativo, o que implica em resultado errado. Isto se deve pelo que fato, que esta função apresenta uma descontinuidade infinita em x 0 . Exemplo 5. Mostre que se f for uma função ímpar e contínua em p,p , então p p f x dx 0 Cálculo II – Prof. Marcus V. S. Rodrigues (Semestre 2015.1) 6 Solução. Faz-se a mudança de variável u x , então du dx . Então, se x p implica que u p e se x p implica que u p . Assim, p p p p p p p p f x dx f x dx f u du f u du Do fato de que f é ímpar, então, tem-se f u f u , o que resulta em p p p p f x dx f u du Como p p p p f x dx f u du , então p p p p f x dx f x dx ou p p 2 f x dx 0 o que implica em p p f x dx 0 Teorema 2 (Teorema do Valor Médio para Integrais). Se f for contínua em um intervalo fechado a,b , então há pelo menos um x em a,b tal que b a f x dx f x b a (8) Cálculo II – Prof. Marcus V. S. Rodrigues (Semestre 2015.1) 7 Prova. Por hipótese f é contínua em a,b , então pelo Teorema do Valor Extremo, tem-se m f x M (9) onde m e M são os valores mínimo e máximo, respectivamente, que a função assume no intervalo. Teorema do Valor Extremo. Se uma função f for contínua em um intervalo fechado finito a,b , então f tem ambos um máximo e um mínimo absolutos em a,b . Em seguida, integrando a desigualdade dada pela equação (9) no intervalo a,b , é possível escrever b b b a a a mdx f x dx M dx (10a) obtendo b a m b a f x dx M b a (10b) ou ainda b a 1 m f x dx M b a (10c) Teorema do Valor Intermediário. Se uma função f for contínua em um intervalo fechado a,b ek é um número qualquer entre f a e f b , inclusive, então há no mínimo um número c a,b tal que f c k . Cálculo II – Prof. Marcus V. S. Rodrigues (Semestre 2015.1) 8 Logo, como o número b a 1 f x dx b a está compreendido entre m e M , e f x assume todos os valores compreendidos entre m e M em a,b , então pelo Teorema do Valor Intermediário existe x a,b , tal que b a 1 f x f x dx b a (11a) ou finalizando a prova b a f x dx f x b a (11b)
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