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IOB – 2015 Direito Administrativo – André Barbieri CAPÍTULO 7: AGENTES PÚBLICOS Primeiramente, cumpre esclarecer que agente político é uma espécie de agente público. Agente público é toda e qualquer pessoa que presta serviço ou exerce função em nome do Estado, por aprovação em concurso ou não, remuneração ou não e mediante vínculo duradouro ou não. São espécies de agentes públicos: - Agentes Políticos - Agentes Administrativos - Particulares em colaboração com o Estado Obs.: essa classificação das espécies varia conforme o autor, mas essas três espécies são figuras adotadas pelo STF. 1 Agentes Políticos Um agente político é aquele indivíduo geralmente eleito. Sendo espécie do gênero agente público, está no topo da carreira estatal e possui competência constitucional ou legislativa. Todos os eleitos são considerados agentes políticos e ainda os membros do Ministério Público, os membros da Magistratura, os Ministros de Estado e os Secretários de Estado são agentes políticos. Defensor Público e Membros do Tribunal de Contas não são agentes políticos. Isso porque o Governador Requião no PR nomeou seu irmão para o Tribunal de Contas Estadual; mas o STF disse que feria a SV 13. A SV não se aplica a agentes políticos. 2 Agentes Administrativos Os agentes administrativos se desdobram em celetistas, estatutários e temporários, tendo suas diferenças relacionadas com o vínculo com a Administração Pública. Dentro dessa subdivisão, os celetistas possuem como características: emprego público, vínculo contratual onde se estabelecem os direitos e deveres do celetista, pois a CLT vai garantir direitos mínimos, serão julgados pela Justiça do Trabalho, prestam concurso público e podem responder por improbidade administrativa. Porém, de acordo com a Súmula nº 390 do TST, o empregado público não possui estabilidade. O empregado público não tem estabilidade, mas a exoneração [?] deve ser motivada (na prática basta dizer que é para corte de despesa pública). Servidor estatutário possui cargo público, vínculo legal com a Administração Pública, é julgado pela Justiça Estadual ou Federal comum, presta concurso público e responde por improbidade administrativa, ressalvando que há cargos em comissão ou de confiança que são de livre nomeação e livre exoneração. O estatutário pode adquirir estabilidade (art.41 CF), porém, está sujeito a alterações legais em seu estatuto, o que causa algumas desvantagens, porque não tem direito adquirido por estar atrelado à lei. O servidor temporário é aquele que exerce função pública (art. 37, IX, da CF), e possui três características: presta serviços de forma temporária, presta serviços no interesse da coletividade e presta serviços em situações excepcionais. O seu vínculo é híbrido, possui relação sui generis com a Administração Pública, sendo julgado pela Justiça Comum, Estadual ou Federal. Não adquire estabilidade. Não pode substituir a nomeação de aprovado em concurso publico pela contratação de um temporário para prestar o mesmo serviço que aquele aprovado no concurso, caracterizando fraude ao concurso público de acordo com o STF e STJ. 3 Particulares em Colaboração com o Estado Os particulares em colaboração são subdivididos em: voluntários, honoríficos ou designados, delegados e credenciados. Os voluntários são aqueles previamente cadastrados pela Administração Pública, como o projeto Amigos da Escola. Os honoríficos ou designados são, por exemplo, os mesários. Os delegados são os funcionários das concessionárias e permissionárias de serviços públicos. Os credenciados são agentes públicos enquanto particulares em colaboração com o Estado tendo um convênio com o Estado para atuarem em nome do Estado, como os médicos do Programa Mais Médicos. 4 Estabilidade x Vitaliciedade Em relação à aquisição da estabilidade, é necessário seguir os seguintes requisitos: aprovação prévia em concurso público, três anos de estágio probatório e avaliação especial de desempenho (art. 41, caput, da CF). O STF decidiu que não pode esperar a boa vontade da Administração Pública caso não aplique no prazo correto a avaliação especial de desempenho para que agente público adquira a estabilidade se completou três anos de estágio probatório, devendo adquiri-la tacitamente. A estabilidade é uma garantia no serviço público e a vitaliciedade é um garantia no cargo público. O estágio probatório da vitaliciedade geralmente será por um período de dois anos, enquanto que o estágio probatório da estabilidade será de três anos. Estabilidade é garantia atrelada ao serviço e seu estágio probatório é de três anos. A vitaliciedade é garantia atrelada ao cargo e seu estágio probatório é de dois anos. Existe, no entanto, a vitaliciedade instantânea, que é a decorrente de nomeação política (exemplo: após a indicação pela presidência da república de Ministro do STJ/STF e feita a sabatina, a vitaliciedade é adquirida a partir da assinatura do livro de posse). A vitaliciedade somente é perdida por sentença judicial transitada em julgado. A perda da estabilidade pode ocorrer em quatro hipóteses: - por sentença judicial transitada em julgado; por processo administrativo disciplinar; - por avaliação periódica de desempenho (art.41CF; obs.: cuidar que no art.41 tem duas avaliações: uma é essa periódica, que exonera o servidor e a outra é a para adquirir estabilidade após o estágio probatória); - e nos termos do art. 169, § 4º, da Constituição Federal – exoneração do estável em caso de extrapolação do teto previsto para gasto com funcionários ativos e inativos, respeitada a seguinte ordem: cargos em comissão (corte de gastos); - funcionários em estágio probatório e, por último, funcionários estáveis – nesse caso, os cargos não poderão ser providos por quatro anos e, para cada ano que esteve na administração, será indenizado com uma remuneração. Exercícios 28. (Cespe – DPE-ES – Defensor Público) Após três anos de efetivo exercício, é assegurada a estabilidade dos defensores públicos do estado, que somente perderão o cargo em virtude de sentença judicial transitada em julgado, mediante processo administrativo disciplinar em que lhe seja assegurada ampla defesa, por ato do defensor público geral do estado, ou em virtude de reprovação no procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, facultados, igualmente a ampla defesa e o contraditório. 29. (Funcab – 2012 – PC-RJ – Delegado de Polícia) No que diz respeito à aquisição da estabilidade do servidor público, assinale a alternativa correta: a) É exigido o requisito temporal de dois anos de efetivo exercício. b) Pode ser estendida aos titulares de cargos em comissão de livre nomeação e exoneração. c) Guarda correlação com o cargo e não com o serviço público. d) A avaliação negativa, pela Administração, do desempenho do servidor, pode excluí-lo do serviço público sem o ato de exoneração. Xe) O Servidor que não satisfizer as condições do estágio probatório deverá ser exonerado, observadas as formalidades legais. 5 Acumulação Lícita de Cargos A regra é não acumular cargo ou função pública. Existem seis hipóteses de acumulação lícita de cargos: 1ª) dois cargos de professor; 2ª) um cargo de professor e um de técnico; 3ª) dois cargos da área da saúde, com profissões regulamentadas; 4ª) um cargo de servidor e um de vereador; 5ª) um cargo de juiz e um cargo de professor; 6ª) um cargo de promotor e um de professor. Se o servidor público for eleito para cargo federal, estadual ou distrital, deverá se afastar do cargo público, sem recebimentode remuneração correspondente, recebendo apenas o subsídio do mandato eletivo. Se o servidor público for eleito para cargo municipal de prefeito, deverá se afastar do cargo originário e optar pela remuneração de um dos dois cargos. Se o servidor for eleito para cargo de vereador e houver compatibilidade de horário entre as funções, somar-se-ão as remunerações. Não havendo compatibilidade de horário, deverá se afastar do serviço público e escolher a remuneração de um dos cargos, assim como no caso de prefeito, tudo nos termos do art. 38 da Constituição Federal. O tempo de afastamento do cargo originário será observado para todos os efeitos, exceto para fins de promoção por merecimento. 6 Direito de Greve do Agente Público Nos termos do art. 37 da Constituição Federal, o direito de sindicalização do agente público é imediato, ou seja, independe de integração do Legislativo. O direito de greve do agente público requer lei específica, nos termos da Constituição Federal. No entanto, até os dias atuais não houve por parte do Legislativo a elaboração de lei específica. Assim, depois de inúmeros mandados de injunção no STF, que declaravam a mora, o Legislativo, permanecendo inerte o Poder Legislativo, o STF decidiu que a lei geral de greve se aplica ao servidor público, naquilo que for compatível. Assim, não é permitida a paralisação total de serviço público essencial, por ofensa ao Principio da Continuidade do Serviço Público. Todo e qualquer agente público tem o direito de realizar greve e de sindicalizar-se? Não, nos termos do art. 142 da Constituição Federal, o militar, membros das Forças Armadas, Exército, Marinha e Aeronáutica não podem sindicalizar-se nem fazer greve. Inclusive polícia militar, mas fazem. Como materializar o direito de greve do servidor público? Por lei específica a ser editada. Não é lei complementar. Qual a posição atual do STF sobre o tema? Ante a inércia do Legislativo na elaboração de lei específica, o STF decidiu que a lei geral de greve se aplicará ao servidor público, naquilo que for compatível. Exercícios 30. (FCC – 2012 – PGE-SP – Procurador) A greve no setor público é direito: a) Exercitável em todos os serviços públicos, civis ou militares, observados os limites da Lei de greve aplicável aos trabalhadores do setor provado, até que seja suprida a omissão legislativa. b) Assegurado ao militar dos Estados, embora seja vedado aos membros do Exército. Xc) Também exercitável pelos servidores públicos em estágio probatório. d) Assegurado pelo STF, que garantiu o exercício do direito de greve do servidor público, observada a legislação aplicável aos trabalhadores do setor privado, restringindo o exercício do direito, no entanto, aos contratados pelo regime da CLT. e) Garantido pelo legislador constitucional de forma não limitada, ressalvados apenas os serviços essenciais. 31. (FCC – 2012 – TRT – 1ª Região (RJ) – Juiz do Trabalho) De acordo com a Constituição Federal e com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o direito de greve dos servidores públicos: a) É assegurado apenas aos servidores sujeitos ao regime da Consolidação das Leis do Trabalho e é exercido nos mesmos termos e limites estabelecidos para os trabalhadores da iniciativa privada. b) Somente será assegurado quando da edição de lei específica, face a ausência de autoaplicabilidade da previsão constitucional. c) É assegurado por norma constitucional autoaplicável. [precisa lei específica] Xd) É assegurado constitucionalmente e enquanto não editada lei específica regulamentando os termos e limites para seu exercício, aplica-se, analogicamente, a legislação que regulamenta a matéria na iniciativa privada. e) É assegurado por norma constitucional de eficácia contida, limitando-se aos servidores, celetistas ou estatutários, que não exerçam atividade de natureza essencial. 7 Cargos em Comissão e Função de Confiança Art.37. V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento; - CC é para: assessoria, diretoria e chefia. - Função de confiança é só para servidor efetivo. Ex. a pessoa é analista do TRF e é convidado para assumir a FC de assessor do desembargador. - CC pode ser com vínculo (já era servidor) ou CC sem vínculo (não era servidor). O servidor da AP se afasta do cargo e assume o CC, depois ele se exonera ou é exonerado e volta ao cargo original (ele opta pela remuneração). CC sem vínculo é a ideia tradicional de CC (ad nutum).
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