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MATERIAL DIDÁTICO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 0800 283 8380 www.ucamprominas.com.br Impressão e Editoração 2 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ...................................................................................................... 3 UNIDADE 1: INTRODUÇÃO ....................................................................................... 4 UNIDADE 2: A CIÊNCIA............................................................................................. 6 UNIDADE 3: OS TIPOS DE CONHECIMENTO ........................................................ 14 UNIDADE 4: A PESQUISA ....................................................................................... 21 UNIDADE 5: PESQUISA BIBLIOGRÁFICA ............................................................. 27 UNIDADE 6: O TRABALHO CIENTÍFICO ................................................................ 32 UNIDADE 7: A REVISÃO DE LITERATURA ........................................................... 34 UNIDADE 8: O ARTIGO CIENTÍFICO ...................................................................... 40 UNIDADE 9: A LEITURA .......................................................................................... 41 UNIDADE 10: A ESCRITA ........................................................................................ 42 UNIDADE 11: INSTRUMENTALIZAÇÃO CIENTÍFICA ............................................ 47 UNIDADE 12: PLÁGIO: O QUE É E COMO EVITAR .............................................. 57 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 69 ANEXOS ................................................................................................................... 73 3 APRESENTAÇÃO Caro aluno, Ao elaborarmos esta obra, visando contemplar a Disciplina Metodologia Científica, objetivamos construir um texto que possibilite a preparação do seu Trabalho de Conclusão de Curso. Constitui-se em um documento interno da instituição e tem como objetivo a orientação da pesquisa e elaboração do seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) – Artigo Científico – exigido para conclusão dos cursos de especialização desta instituição e alguns conceitos de trabalhos científicos aqui apresentados visam atender às necessidades da produção científica e do entendimento, a respeito do tipo de trabalho que você tem o compromisso de elaborar. Esperamos que você construa a sua pesquisa de acordo com as orientações contidas neste documento e, apoiando-se na Apostila de Métodos e Técnicas de Pesquisa disponibilizada juntamente com o seu material didático, confeccione seu Artigo Científico e o envie à Instituição, ele deverá ser encaminhado somente por e- mail em arquivo anexo, formato Word. Atendendo às demandas atuais de pesquisas que utilizam das benesses tecnológicas modernas, oferecemos a você uma gama de caminhos na informática para se realizarem esses tipos de pesquisas online1. Esperamos ainda, tornar a sua vida mais tranquila com relação a pesquisa científica. Dessa forma, você poderá dedicar-se com tempo e atitude assertiva àquilo que lhe é mais importante: sua formação pessoal e intelectual de forma crítica e prazerosa. Professora Náuplia Lopes 1 Na internet. 4 UNIDADE 1: INTRODUÇÃO A introdução desta Disciplina em sua grade curricular de estudos atende às exigências legais para elaboração de um Trabalho Científico para conclusão de cursos de especialização Lato sensu. Visamos, pois, a partir da elaboração desta obra, oportunizar ao nosso estudante o desenvolvimento de uma atitude científica necessária e inerente no processo de construção do conhecimento e do fazer educativo e a instrumentalização teórico-metodológica da pesquisa com vistas à iniciação científica em educação e ao uso da mesma na prática diária de aprendizagem. Nesta obra não se pretende esgotar o tema Metodologia Científica e, por isso, elegemos algumas questões que consideramos relevantes para que você consiga desenvolver sua atitude científica e sua pesquisa, conseguindo, assim, confeccionar seu TCC – trabalho de Conclusão de Curso, de maneira tranquila e sem muitas dificuldades. Para confecção desta obra, recolheu-se um vasto material bibliográfico e organizou-se uma sequência de informações que possam ser úteis a você nesta etapa final do curso. Nosso objetivo se restringe a uma pequena incursão pelo universo científico, posto que fazer pesquisa é fazer ciência, é buscar soluções para problemas da sociedade, é se colocar a serviço da humanidade e, muitas vezes é dar voz a atores sociais desconhecidos ou esquecidos do mundo acadêmico. Conforme Demo (2001), O estudante que queremos formar não é apenas técnico, mas fundamentalmente cidadão, que encontra na competência reconstrutiva de conhecimento seu perfil decisivo. Tem pela frente o duplo desafio de fazer o conhecimento progredir, mas, mormente, de o humanizar. [...] Pesquisa é, pois, razão acadêmica crucial de ser. A aprendizagem adequada é aquela efetivada dentro do processo de pesquisa do professor, no qual ambos – professor e aluno – aprendem, sabem pensar e aprendem a aprender. (DEMO, 2001, p.02) Em primeiro lugar, portanto, falaremos da Ciência e seus conceitos e quais as atitudes que devemos ter frente a ela, visto que conforme Lakatos e Marconi, a ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade. Um mesmo objeto ou fenômeno pode ser matéria de observação tanto para 5 o cientista como para o homem comum. O que os difere é a forma de observação. (LAKATOS e MARCONI, 2009, p. 23). Em seguida, faremos uma análise dos Tipos de Conhecimentos e ressaltaremos o Conhecimento Científico, posto ser este o conhecimento que deverá ser utilizado para a produção e pesquisa acadêmica. Na sequência, relataremos os Métodos Científicos existentes e que devem ser utilizados para fazer Ciência; o que vem a ser Projeto de Pesquisa, seus tipos e como realizá-los; a Pesquisa e seus conceitos; os Tipos de Pesquisas e como utilizá-las. Abordaremos separadamente a Pesquisa Bibliográfica por entendermos ser esta a mais aplicável no nosso caso devido a falta de tempo e a escassez de informações e condições didáticas e metodológicas para se realizar outros tipos de pesquisas. Falaremos também sobre os Métodos de Pesquisa; os variados Trabalhos Científicos, dando ênfase ao Artigo Científico, por ser este a exigência da instituição para o seu TCC. Ressaltaremos a importância do Planejamento e as etapas de elaboração do mesmo, terminando com a Revisão de Literatura, base para todo trabalho científico e, em nosso caso, a alma da Pesquisa e do TCC. Ao final e em anexo, elencamos várias Orientações Metodológicas no que tange a utilização da informática e da internet na pesquisa científica, bem como, abordaremos a questão plágio e como evitá-lo. As normas e técnicas contidas nesta obra, baseiam-se nas mais recentes normas e padrões da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)2 e em bibliografias de especialistas na área de Metodologia Científica3. 2 Associação Brasileira de Normas Técnicas, cujas normas também estão nas referências. 3 Vide referências. 6 UNIDADE 2: A CIÊNCIA Ao procurar pelo conceito de ciência encontram-se inúmeros e os mais diversos, posto ser este um assunto deveras complexo e, por isso mesmo, merece que se busque explicá-lo. Para Lakatos e Marconi (2009), a ciência se define por “um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazemreferência a objetos de uma mesma natureza” (p. 77). As mesmas autoras ainda afirmam que “a ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade” e acrescentam que “ um mesmo objeto ou fenômeno pode ser observado de maneira diferente, por um cientista e um homem comum” (LAKATOS e MARCONI, 2009, p. 75-76 – trecho adaptado). Outros autores como Junior (1988) conceituam ciência como “um conjunto de proposições (teorias) coerentes, sem contradições internas, com encadeamento racional, despida de valorações e subjetividade” (p. 23). Dencker (1998) diz que a ciência “caracteriza-se como uma forma especial de conhecimento da realidade empírica” e mais a frente afirma ser “um conhecimento racional. Metódico, sistemático, capaz de ser submetido à verificação e que passa por um processo de reflexão” (DENCKER, 1998, p. 65). Assim, podemos relacionar como sendo características da ciência: Finalidade ou objetivo – distinguir características, leis e princípios comuns que controlam os eventos; Função – aperfeiçoar e ampliar a relação do homem com a realidade através do conhecimento; Objeto – formal olhar das diversas ciências sobre um mesmo objeto material; – material aquilo que se pretende conhecer. Porém, nosso objetivo é a Metodologia Científica. 7 A Metodologia Científica Metodologia, do Grego – META, que significa ao largo, caminho; e LOGOS que significa discurso, estudo. Epistemologicamente significa “o estudo da ciência” – por isso a necessidade de conceituar ciência – ou a crítica ao conhecimento científico, através do exame das hipóteses, dos princípios e das conclusões, objetivando determinar seu alcance e seu valor. É, portanto, a disciplina que oferece os caminhos necessários para o autoaprendizado em que você é o sujeito do processo, aprendendo a pesquisar e a sistematizar o conhecimento adquirido, estudando todos os métodos científicos sob os aspectos descritivos e da análise reflexiva. Ao tratar do processo científico, a metodologia da ciência descreve o que são os métodos científicos da indução, dedução e o hipotético-dedutivo, incluindo outros procedimentos que levam à formulação das hipóteses, bem como, a elaboração e explicação de leis e teorias científicas, fazendo também uma análise crítica delas. Temos também a Metodologia do Trabalho Científico que, conforme Saloman (1999), trata-se de um estudo sobre um tema específico ou particular, com suficiente valor representativo e que obedece a rigorosa metodologia. Investiga determinado assunto não só em profundidade, mas também em todos os seus ângulos e aspectos, dependendo dos fins a que se destinam. (SALOMAN, 1999, p. 42). Sendo assim, a Metodologia consiste no estudo e avaliação dos vários métodos disponíveis, identificando suas limitações ou não em nível das implicações de suas atualizações. Noutro nível, a Metodologia prima por examinar e avaliar as técnicas, bem como a geração ou verificação de novos métodos que conduzem à captação e processamento de informações com vistas à resolução de problemas de investigação. A seguir, relacionaremos e analisaremos os métodos científicos e sua aplicabilidade. 8 OS MÉTODOS CIENTÍFICOS: DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO Preocupado em descobrir o funcionamento dos fenômenos naturais, o homem vem, desde os primórdios da humanidade, buscando explicações para as forças da natureza que o subjugavam e a morte. O conhecimento inicialmente adquirido empiricamente e de natureza mítica voltou-se à explicação desses fenômenos, relacionando-os a entidades sobrenaturais. A verdade era carregada de noções supra-humanas e a explicação firmava-se em motivações humanas, atribuídas a "forças" e potências sobrenaturais. O caráter dogmático surge à medida que o conhecimento religioso se voltou, também, para a explicação desses fenômenos da natureza e do caráter transcendental que se deu à morte, como fundamento de suas concepções. Em sendo, a verdade passou a ser baseada em revelações da divindade. O conhecimento religioso emerge como uma tentativa de explicar os acontecimentos através de causas primeiras e dos deuses. Assim, o homem somente poderia alcançar o conhecimento através de revelações e da inspiração divina. O caráter sagrado das leis, do conhecimento, da verdade, como explicações sobre o homem, seu surgimento, bem como, de todo o universo, determina uma aceitação acrítica dos mesmos, deslocando o olhar para a explicação da natureza da divindade. Na sequência surge o conhecimento filosófico que, por sua vez, busca uma investigação racional como tentativa de se buscar a captação da essência imutável do real, através da compreensão da forma e das leis da natureza. Sendo assim, a junção entre o senso comum, a explicação religiosa e o conhecimento filosófico, guiou as preocupações do homem consigo e com o universo. Foi somente a partir do século XVI que se iniciou uma linha de pensamento, cuja proposta era encontrar um conhecimento embasado em maiores garantias e na procura do que fosse real. Nesse sentido, não se buscava mais as causas prováveis e absolutas ou a natureza íntima das coisas; ao contrário, procurava-se compreender as relações existentes entre elas, assim como a explicação para os acontecimentos, através da observação científica e o raciocínio. Não obstante, da mesma forma que o conhecimento se desenvolveu, a sistematização de atividades e o método também sofreram transformações. Galileu Galilei, primeiro teórico do método experimental foi o pioneiro no trato desse 9 assunto, no nível de conhecimento científico. Apesar de discordar dos seguidores do filósofo Aristóteles, Galileu considera que o conhecimento da essência interior das substâncias individuais deve ser substituído pelo conhecimento das leis que presidem os fenômenos, como objetivo para as investigações. Para Galileu, a ciência tem como principal foco as relações quantitativas em detrimento da qualidade. Seu método pode ser descrito como indução experimental, podendo chegar a uma lei geral através da observação de certo número de casos particulares. Podemos expor os principais passos de seu método da seguinte forma: a) observação dos fenômenos; b) análise dos elementos constitutivos desses fenômenos, com a finalidade de estabelecer relações quantitativas entre eles; c) indução de certo número de hipóteses; d) verificação das hipóteses aventadas por intermédio de experiências; e) generalização do resultado das experiências para casos similares; f) confirmação das hipóteses, obtendo-se, a partir delas, leis gerais. Francis Bacon, outro estudioso da ciência e do método científico, também partiu da crítica a Aristóteles, por considerar que “o processo de abstração e o silogismo” - dedução formal, partindo de duas proposições (premissas), delas retirando uma terceira, chamada conclusão - “não propiciam um conhecimento completo do universo” (SALOMON, 1999). Parte-se, então, do pressuposto de que o conhecimento científico é o único caminho seguro para a verdade dos fatos, devendo seguir os seguintes passos: a) experimentação; b) formulação de hipóteses; c) repetição; d) testagem das hipóteses; e) formulação de generalizações; e f) leis. Na sequência e no mesmo século surge Descartes com sua obra, “Discurso do Método”, onde ele afasta-se dos processos indutivos, originando o método 10 conhecido como dedutivo. Para ele, chega-se à certeza através da razão, princípio absoluto do conhecimento humano. Neste caso, Descartes sugere quatro regras: a) evidência – não tomar como verdadeira uma coisa que não se reconheça evidentemente como tal, ou seja, evitar a precipitação e o preconceito, não incluindo juízos de valor; b) análise - dividir cada uma das dificuldades em tantas partesquantas necessárias para melhor resolvê-las, isto é, decompor o todo em suas partes constitutivas, indo sempre do mais complexo para o menos complexo; c) síntese - consiste em conduzir ordenadamente os pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, até o conhecimento dos objetos mais complexos; d) enumeração - realizar sempre enumerações minuciosas e revisões gerais a ponto de nada omitir. É claro que muitas outras visões foram sendo incorporadas aos métodos já existentes, fazendo com que surgissem também outros métodos, como veremos adiante. Antes, porém, cabe apresentar alguns conceitos de método. Para Salomon (1999), “O Método Científico é a estratégia que organiza e orienta a atividade científica, encaminhando à obtenção de um novo conhecimento científico que transforme a realidade”. (apud GARCIA, 1995). Conceitos de método A partir de diversos autores, relacionamos vários conceitos sobre método, a saber: Hegenberg afirma que método é o "Caminho pelo qual se chega a determinado resultado, ainda que esse caminho não tenha sido fixado de antemão de modo refletido e deliberado". (1976, p. 115); Ackoff diz que é a "Forma de selecionar técnicas e avaliar alternativas para ação científica". (apud HEGENBERG, 1976, p. 116); Para Trujillo é a "Forma ordenada de proceder ao longo de um caminho". (1974, p. 24); É a "Ordem que se deve impor aos diferentes processos necessários para atingir um fim dado" na visão de Jolivet, (1979, p. 71); São os "Conjuntos de processos que o espírito humano deve empregar na investigação e demonstração da verdade" para Cervo e Bervian (1978, p. 17); E para Kaplan "Caracteriza-se por ajudar a compreender, no sentido mais amplo, não os resultados 11 da investigação científica, mas o próprio processo de investigação". (apud GRAWITZ, 1975, p. 18). Método científico Podemos definir o método científico como a teoria da investigação que alcança seus objetivos, quando cumpre ou se propõe a cumprir, de forma científica, as seguintes etapas: a) Descobrimento do problema - ou brecha, num conjunto total de acontecimentos; b) Colocação precisa do problema - ou a recolocação de um velho problema à luz de novos conhecimentos; c) Procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes ao problema – pesquisa sobre o conhecido para tentar resolver o problema; d) Tentativa de solução do problema com auxílio dos meios identificados - se a tentativa resultar inútil, passa-se para a etapa seguinte, em caso contrário, passa-se para a subsequente; e) Invenção de novas ideias – criação e análise de hipóteses, teorias ou técnicas, ou ainda, produção de novos dados empíricos que possibilitem a resolução do problema; f) Obtenção de uma solução – pode ser exata ou aproximada do problema, utilizando-se do instrumental conceitual ou empírico disponível; g) Investigação das consequências da solução obtida – é a busca de prognósticos que possam ser feitos com seu auxílio, em se tratando de uma teoria; h) Prova ou comprovação da solução – comparação entre a solução encontrada e a totalidade das outras teorias e da informação empírica pertinente. Se o resultado for satisfatório, conclui-se a pesquisa B. Do contrário, passa-se para a etapa seguinte; i) Correção das hipóteses, teorias, procedimentos ou dados empregados na obtenção da solução incorreta – começa-se um novo ciclo de investigação. 12 Métodos específicos das Ciências Sociais Apesar de alguns autores fazerem distinção entre "método" e "métodos", ainda não ficou clara essa diferença e, portanto, utiliza-se o termo "método" em todos os casos e para tudo. Assim, em primeiro lugar, temos o método de abordagem assim discriminado: 1 - Método Indutivo – parte de questões particulares, caminhando geralmente para planos cada vez mais abrangentes, indo das constatações mais particulares às leis e teorias (conexão ascendente); 2 - Método Dedutivo – inverso do indutivo, parte das teorias e leis, na maioria das vezes, indo parar na ocorrência dos fenômenos particulares (conexão descendente); 3 - Método Hipotético-dedutivo – parte-se da percepção de uma lacuna nos conhecimentos, acerca da qual formulam-se hipóteses e, pelo processo de inferência dedutiva, testam-se a predição das ocorrências de fenômenos abrangidos pela hipótese. 4 - Método dialético – o mais profundo, penetra o mundo dos fenômenos, através de sua ação de recíprocidade, da contradição inerente ao fenômeno e das mudanças dialéticas que ocorrem na natureza e na sociedade. Temos ainda, os "métodos de procedimento" que seriam etapas mais concretas da investigação, objetivando e justificando-se por uma postura menos abstrata e mais restrita em termos de explicação geral dos fenômenos. Pressupõem- se uma atitude concreta em relação ao fenômeno, estando limitadas a um domínio particular. Listaremos a seguir estes métodos, na área restrita das ciências sociais, em que geralmente são utilizados vários ao mesmo tempo: 5 - Método Histórico – é o método que investiga acontecimentos, processos e instituições do passado com a finalidade de verificar a sua influência na sociedade atual. 6 - Método Comparativo – este método é bastante utilizado em estudos comparativos entre grupos do presente, do passado, ou entre os dois. Também se usa para comparações entre sociedades de iguais ou de diferentes estágios de desenvolvimento histórico; 7 - Método Monográfico – é um método bastante recortado e consiste no estudo de determinados indivíduos; suas profissões; as instituições; as condições de diversos 13 grupos, separadamente; estuda grupos ou comunidades; todos esses estudos partem da premissa de obtenção de generalizações; 8 - Método Estatístico – em termos quantitativos, esse método significa a redução de fenômenos sociológicos, políticos, econômicos, entre outros. A manipulação através da estatística permite analisar e comprovar ou não, as relações dos fenômenos entre si, além de permitir a obtenção de generalizações sobre sua natureza, ocorrência ou significado; 9 - Método Tipológico – muito semelhante ao método comparativo, permite ao pesquisador comparar fenômenos sociais complexos, criando tipos ou modelos ideais (que não existam de fato na sociedade), construídos a partir da análise de aspectos essenciais do fenômeno; 10 - Método Funcionalista – poderíamos dizer que esse método é mais de interpretação do que de investigação. A partir dele se estuda a sociedade partindo do pressuposto da função de suas unidades, isto é, como um sistema organizado de atividades; 11 - Método Estruturalista – parte da investigação de um fenômeno concreto, caminha para o nível abstrato, por intermédio da construção de um modelo que represente o objeto de estudo, chegando finalmente ao concreto, como uma realidade estruturada e relacionada com a experiência do sujeito social. Todos esses métodos podem ser utilizados em pesquisas científicas, devendo o pesquisador escolher aquele que lhe permitirá obter os resultados esperados. É um importante exercício científico a escolha do método a ser utilizado, dela dependendo o sucesso da pesquisa. Após a escolha do método, parte-se para a pesquisa, não antes de conhecer os tipos de conhecimento e a importância da utilização do conhecimento científico ao se fazer ciência. 14 UNIDADE 3: OS TIPOS DE CONHECIMENTO O que é conhecer? Podemos dizer, a partir das concepções de Cyrino e Penha (1992), que conhecer é, sem dúvidas "elaborar um modelo de realidade" e "projetar ordem onde havia caos" (CYRINO e PENHA, 1992, p. 13). Posto isso, três elementos se fazem necessários para que o conhecimento seja construído e internalizado: a) O objeto – aquilo que o sujeito analisa, busca e investiga para conhecer; b) O sujeito – aquele que conhece; c) A imagemmental – ideia, opinião ou conceito que resulta da relação sujeito-objeto e que habita a partir de então a subjetividade daquele que conhece. Sendo assim, podemos afirmar que o conhecimento não nasce do buraco negro da nossa mente, mas, sim, das experiências que arregimentamos e acumulamos em nossa vida diária, através dos relacionamentos interpessoais, de experiências, das construções, das leituras de livros e artigos diversos, das viagens. Conhecer é, pois, internalizar um novo conceito, ou um conceito original, sobre um fenômeno ou fato qualquer. Pensar e conhecer O animal homem diferencia-se dos outros animais pela sua capacidade de pensar e, ao fazê-lo, problematizar o seu ambiente fisicamente e culturalmente. Fisicamente significa a sua identificação com a natureza e culturalmente, refere-se a produção humana em todos os aspectos. Dessa forma o homem interfere e modifica o seu hábitat enquanto os outros animais apenas são adaptativos ao ambiente em que se encontram. Um exemplo seria o do João-de-barro, passarinho que desde o início da sua existência, constrói o mesmo tipo de moradia. Ao contrário do João-de-barro, passarinho, o homem começou morando em cavernas. Mais adiante, passou a construir choças e cabanas. Um pouco mais de evolução o levou a construir casas de madeiras, tijolos e cimento. Hoje, utiliza-se estruturas sofisticadíssimas como moradias: casas inteligentes, edifícios altíssimos e construções que tentam ser à prova de terremotos e furacões. A pergunta é: Por que o humano progrediu e o joão-de-barro, não? 15 A resposta a essa pregunta é que o homem pensava e pensa e, não somente executa ações. O pensar é que o leva a mofidificar o ambiente a sua volta e a mudar o como fazer. Podemos concluir então, nesse breve relato histórico que, sentir, pensar, problematizar e agir são ações extremamente necessárias e fundamentais no processo de produção de informações, saberes e conhecimentos. Os tipos de conhecimento humano Existem diversos tipos de conhecimento humano e todos eles com a mesma importância para a humanidade e seu desenvolvimento. É possível traçar estudos e análises tendo como base os diversos conhecimentos. Por exemplo, ao estudar o homem, podemos elencar diversas conclusões sobre a sua atuação e o seu papel na sociedade, baseando-nos, apenas, no senso comum ou na nossa experiência cotidiana; podemos questioná-lo quanto à sua origem e destino, assim como quanto à sua liberdade; podemos também, analisá-lo como um ser biológico, ao verificarmos as relações existentes entre determinados órgãos e suas funções, a partir do conhecimento científico; podemos, ainda, observá-lo como uma ser criado pela divindade, à sua imagem e semelhança, e meditar sobre o que dele dizem os diversos textos sagrados. Sendo assim, apesar da divisão entre os tipos de conhecimento em popular, filosófico, religioso e científico, estas podem coexistir na mesma pessoa, o que a torna uma pessoa sábia por transitar entre todas as esferas do conhecimento humano: um cientista, voltado, por exemplo, ao estudo da física, em muitos aspectos de sua vida cotidiana, pode agir segundo conhecimentos provenientes do senso comum, pode ser crente praticante de determinada religião e estar filiado a um sistema filosófico. A todo esse produto da inteligência humana, chamamos conhecimento. Além dele, temos as informações e os saberes. Os Saberes e os diversos tipos de conhecimento Os saberes e as informações são infinitos, porém, os conhecimentos podem ser classificados, como veremos abaixo: 16 1 - Conhecimento Empírico (ou conhecimento vulgar, ou senso-comum) É o conhecimento obtido ao acaso, no dia-a-dia e após inúmeras tentativas, ou seja, o conhecimento adquirido através de ações rotineiras e não planejadas. Exemplo: A chave está emperrando na fechadura e, de tanto experimentarmos abrir a porta, acabamos por descobrir (conhecer) um jeitinho de girar a chave sem emperrar. Apesar de sua aspiração à racionalidade e objetivo, o bom senso só consegue atingir essa condição de maneira muito limitada, podendo ser definido como o modo vulgar, popular, comum e espontâneo de conhecer, que se adquire no trato direto com as coisas e os seres humanos, sem análises ou críticas. "É o saber que preenche a nossa vida diária e que se possui sem o haver procurado ou estudado, sem a aplicação de um método e sem se haver refletido sobre algo". (BABINI, 1957, p. 21). Podemos dizer que o conhecimento popular tem as seguintes características: Superficialidade – posto que, conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode comprovar simplesmente olhando ou estando junto das coisas. Sensitividade – refere-se a estados de espírito, de vivências, de ânimo e emoções da vida. Subjetividade – as experiências e conhecimentos são organizados pelo próprio sujeito. Assistematicidade – não há um método de aquisição do conhecimento, este se dá sem planejamento e sem a busca da comprovação dos fatos. Acriticidade – não há a pretensão de confirmação sobre a condição de serem, os conhecimentos, verdadeiros ou não. É o que denominamos o saber da vida. Um tipo de saber que se baseia na vivência espontânea, começando no nascimento e indo até a morte. Assim, tudo pode se tornar objeto a ser "explorado" e representado nesse nível de conhecimento da realidade. O resultado dessa relação com o mundo é um saber classificado como empírico. Nesse mesmo âmbito de conhecimento, encontramos ainda o conhecimento mítico, modalidade de conhecimento baseada na intuição. Ajuda o ser humano a "explicar" o mundo por meio de representações simples, porém não racionais, nem resultantes de experimentações científicas. 17 É um conhecimento "expresso por meio de linguagem simbólica e imaginária" (CYRINO e PENHA, 1992, p. 14), onde o homem cria representações para atribuir um sentido às coisas, baseando-se na crença de que seres fantásticos e suas histórias sobrenaturais são responsáveis pela existência de todas as coisas. 2 - Conhecimento Religioso ou Teológico É um tipo de conhecimento que parte do princípio da infalibilidade e indiscutibilidade das verdades por consistirem em revelações da divindade, do sobrenatural. Exemplo: Acreditar que alguém foi curado por um milagre; acreditar em espírito ou acreditar em Duende; acreditar em reencarnação; entre outros. Sendo assim, se o saber da vida se baseia nas experiências de vida, sendo, portanto, espontâneo, e se o conhecimento mítico é fundamentado na crença em seres fantásticos e é elaborado fora da lógica racional, o saber teológico fundamenta-se na fé, não podendo ser confirmado ou negado. Esse tipo de conhecimento apóia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas e dependem das crenças e da formação moral de cada indivíduo. Parte, portanto, da compreensão e da aceitação da existência inegável de um Deus ou de deuses, que constituem a razão de ser de todas as coisas. Esses seres "revelam-se" aos humanos e, se assim são, não há porque a razão compreender esses dogmas, bastando, para tanto, aceitá-los. O conhecimento teológico investiga e tenta explicar somente esse proceso. 3 - Conhecimento Filosófico É o conhecimento que se faz especulando sobre fenômenos, gerando, assim, conceitos subjetivos. É fruto da reflexão e do raciocínio humano. Através dele, o homem busca dar sentido aos fenômenos gerais do universo, ultrapassando os limites formais da ciência. Exemplo: "O homem é a ponte entre o animal e o além- homem" (Friedrich Nietzsche). Podemos relacionar suas características, como sendo: Valorativo – As hipóteses filosóficas tem por base a experiência e não na experimentação, não podendo ser submetidas a observações; Não verificável – não se pode confirmar e nem refutar os enunciados de suas hipóteses; Racional – hálógica e correlação no conjunto de enunciados; 18 Sistemático – busca a representação coerente da realidade para apreendê-la em sua totalidade; Infalível e exato – não é submetido ao decisivo teste da observação ou experimentação. O conhecimento filosófico almeja responder às grandes indagações do homem buscando até leis mais universais que englobam e harmonizam as conclusões da ciência. Nesse sentido, o conhecimento filosófico busca os "porquês" de tudo o que existe, sendo ativo e colocando o homem como buscador de respostas para as infinitas perguntas que ele formula. Exemplos: De onde viemos?, Quem é o homem?, Para onde vamos?, Qual é o valor da vida humana?, O que é o sentido da vida?, O que é o tempo?, ente outras. 4 - Conhecimento Científico O conhecimento científico é racional e produzido a partir da investigação metódica da realidade, através de pesquisas, experimentos e da busca sobre a lógica dos fatos, fenômenos, seres e acontecimentos humanos e naturais. Trata-se portanto, de um conhecimento sistemático e metódico, proveniente da experimentação, validação e comprovação das hipóteses aventadas, possibilitando ao homem elaborar instrumentos para intervir na realidade e transformá-la para melhor ou para pior. O conhecimento científico tem como características, ser: Real, factual – parte das ocorrências, dos fenômenos e dos fatos; Contingente – tem a veracidade ou falsidade de suas proposições ou hipóteses comprovadas através da experimentação; Sistemático – forma um sistema de ideias (teorias) lógicas e não conhecimentos dispersos e desconexos; Verificável – pode ser comprovado e verificado a qualquer momento. Hipóteses não comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência; Falível – pode ser substituído por uma outra teoria descoberta ou desenvolvida por modernos aparelhos e máquinas, em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final. Aproximadamente exato – as teorias existentes podem ser reformuladas a partir de novas proposições e o desenvolvimento de novas técnicas. 19 Podemos ainda dizer, baseando-nos em Galliano (1979) que o Conhecimento Científico: - É racional e objetivo. - Atém-se aos fatos. - Transcende aos fatos. - É analítico. - Requer exatidão e clareza. - É comunicável. - É verificável. - Depende de investigação metódica. - Busca e aplica leis. - É explicativo. - Pode fazer predições. - É aberto. - É útil (GALLIANO, 1979, p. 24-30). 5 - Conhecimento técnico Saber fazer. Operacionalização. Esse conhecimento baseia-se no domínio do mundo e da natureza. É um conhecimento especializado e extremamente específico, esmerando-se na aplicação de todos os outros saberes que lhe podem ser úteis. Esse saber auxilia o homem a agir no mundo, levando-o as mais diversas atividades no que tange à produção técnica. Porém, a sua supervalorização pode levar a um desvio que coloque em segundo plano as atividades de pensar e de compreender os "porquês" das coisas, razão pela qual o emprego da tecnologia requer muito cuidado e bom senso. 6 - O saber das artes Buscando ordem para preencher o vazio humano, temos o saber da vida; buscando na crença a razão de ser de todas, temos o conhecimento mítico; buscando a fundamentação na ideia das divindades para buscar as verdades acabadas, temos o saber teológico; buscando as representações racionais da realidade, temos a filosofía e; se a ciência busca conhecer de maneira comprovada e segura; se a técnica busca aplicar conhecimentos, o saber das artes busca o refinamento do espírito ao oferecer-lhe a relação com o senso do belo e do grotesco. Experimentar o belo e extrair dele o fundamento para o refinamento de si mesmo é a 20 finalidade maior de tudo aquilo que se produz em termos de artes e sem as quais o ser humano se vê empobrecido. Podemos concluir que o homem é capaz de produzir diversos tipos de informações, conhecimentos e saberes. E disso ele é capaz porque pensa, problematiza, raciocina, julga, avalia, decide e age no mundo. Nesse sentido, um tipo de conhecimento não é melhor que o outro. Eles devem ser vistos numa perspectiva de complementaridade, interdisciplinaridade e até de transdisciplinaridade. Porém, no nosso caso, o conhecimento a ser utilizado é o conhecimento científico, pois, o objetivo do estudo científico é a comprovação dos fatos através das experiências, experimentações e pesquisas. 21 UNIDADE 4: A PESQUISA Tendo como objetivo descobrir respostas para indagações propostas mediante o uso de procedimentos científicos, a pesquisa é o processo de desenvolvimento do método científico. Pesquisar é o conjunto de ações que se propõe para encontrar a solução desejada de um problema, tendo por base procedimentos racionais e sistemáticos. Alguns procedimentos são comuns à pesquisa, tais como: a) Elaboração de questões ou proposição de problemas e levantamento de hipóteses ou soluções; b) Realização de leituras analíticas e observações; c) Registro e análise das leituras e das observações; d) Elaboração de explicações, generalizações, conclusões e previsões. As pesquisas podem ser do tipo descritivo, explicativo, exploratório e participante, sendo que as etapas desses tipos de pesquisa são: a) Formulação de um problema; b) Construção de hipóteses; c) Delineamento metodológico; d) Operacionalização de conceitos e variáveis; e) Seleção da amostra ou fonte de dados; f) Elaboração de instrumentos de coleta dos dados; g) Coleta dos dados; h) Análise e interpretação dos resultados; i) Redação do trabalho científico. O Problema Formular um problema é, sem dúvidas, o passo mais importante para se iniciar uma pesquisa. Um problema é um fenômeno ou fato ainda sem resposta ou explicações, sendo sua solução possibilitada pela pesquisa. A escolha do problema deve ser, então, a primeira tarefa do pesquisador, que deve seguir algumas diretrizes, a saber: a) O problema deve ser formulado como uma pergunta; b) Deve ser delimitado de modo claro, preciso e viável; 22 c) Apresentar, sempre que possível, algumas referências empíricas. É necessário incluir indagações, como: Por que pesquisar?, Qual a relevância do problema?, E quem será o beneficiário do resultado?. Hipótese Ao formular o problema é necessário aventar hipóteses que sugerirão explicações para o fato estudado e antecipará soluções para o problema escolhido. Portanto, para se construir as hipóteses devemos seguir algumas orientações. Veja abaixo: 1 - Construção das hipóteses A construção das hipóteses deve-se iniciar a partir: Da observação dos fatos; De poder incluir resultado de outras pesquisas; Da intuição do pesquisador; De constituir-se, em relação ao pesquisador, de suas crenças, seus valores, suas esperanças, seus sonhos. 2 - Características de boas hipóteses Boas hipóteses primam por algumas características fundamentais: Clareza conceitual; Definição operacional; Especificidade; Referências empíricas, evitando o uso de julgamentos de valor; Relacionar-se a uma teoria, quando possível. Delimitação O delineamento metodológico de uma pesquisa, também conhecido como recorte, inicia-se com a seleção das fontes de dados. Os dados podem ser fornecidos por pessoas ou documentos, dependendo da proposta que se quer discutir e do tema abordado. Um bom recorte principia em um profundo conhecimento do assunto por parte do pesquisador. Em seguida, deve-se fatorar uma questão problema, 23 delimitando o período de ocorrência do fato, o local onde será observado, a população ou sujeitos que serão analisados e o limite da pesquisa, ou seja, até onde se pretende chegar. Projeto de pesquisaToda pesquisa deve ser iniciada pelo plano ou projeto, ou planejamento da mesma. Para tanto, segue um exemplo de roteiro de plano ou projeto de pesquisa. I- Título da pesquisa II- Objeto e Justificativa. Introdução ao tema. O Problema da pesquisa (o que será pesquisado; a “pergunta”). Justificativa (por que escolheu esse problema). III- Revisão Bibliográfica: leitura e exposição das ideias já discutidas por outros autores; levantamento de críticas e dúvidas; explicar no que o seu trabalho se diferenciará dos demais já produzidos sobre o problema; esclarecer de que forma o seu trabalho contribuirá para o conhecimento do mesmo. IV –Hipóteses: explicar a obtenção das respostas provisórias baseadas na revisão bibliográfica que foram formuladas para estudar o problema. V -Procedimentos Metodológicos (como verificar as hipóteses): realizar a pesquisa, suas etapas e os procedimentos que serão adotados. Explicar o tipo de pesquisa (estudo setorial, histórico, de caso, entre outros); tipo de dados; período coberto; âmbito espacial, fontes de informação qualitativa e quantitativa. VI- Desenho da Pesquisa: o conteúdo que terá o relatório final da pesquisa; VII- Bibliografia: relacionar os autores utilizados e citados; VIII- Cronograma: delimitar as datas para as ações. Classificação da Pesquisa A pesquisa é um processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico e, conforme Gil, “O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos”. (GIL, 1999, p. 42). Quanto à forma de abordagem 1 - Pesquisa Quantitativa: 24 Nesse tipo de pesquisa, considera-se que tudo pode ser quantificável, ou seja, traduzindo em números opiniões e informações no intuito de classificá-las e analisá-las. Para tanto, requer recursos estatísticos. 2 - Pesquisa Qualitativa: Nesse tipo de pesquisa, considera-se que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo inseparável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito não podendo ser traduzidos em números, devendo ser analisados e observados sob outra ótica. Tipos de pesquisa 1 - Pesquisa Descritiva Observa, registra, descreve, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos, sem interferência do pesquisador, visando descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolvem o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados, questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de levantamento (LAKATOS e MARCONI, 2009). A pesquisa descritiva pode assumir a forma de: 1.1 - Estudo Exploratório – visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou construir hipóteses. 1.2 - Estudo de Caso – caracteriza-se pelo estudo exaustivo de poucos objetos, sendo possível com a Pesquisa Exploratória. (ECO, 2007). 2 - Pesquisa Experimental: Quando se determina um objeto de estudo. Seleciona- se as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, define-se as formas de controle e observação dos efeitos que a variável produz. Em ciências sociais, cujos objetos de estudos são pessoas, grupos ou instituições, as limitações éticas e técnicas reduzem, consideravelmente o uso da experimentação. (ECO, 2007 e DEMO, 1994). 3 - Pesquisa Exploratória: é toda pesquisa que busca constatar algo num organismo ou num fenômeno. Exemplo: Saber como os peixes respiram. (ECO, 2007). 4 - Pesquisa Intervencional: O pesquisador não se limita à simples observação, mas interfere pela exclusão, inclusão ou modificação de um determinado fator. 25 5- Pesquisa Metodológica: Refere-se ao tipo de pesquisa voltada para a inquirição de métodos e procedimentos adotados como científicos. “Faz parte da pesquisa metodológica o estudo de paradigmas, as crises da ciência, os métodos e as técnicas dominantes da produção científica” (DEMO, 1994, p.37). 6 - Pesquisa Observacional: O pesquisador simplesmente observa o paciente, as características da doença ou transtorno, e sua evolução, sem intervir ou modificar qualquer aspecto que esteja estudando. 7 - Pesquisa Teórica: É toda pesquisa que analisa uma determinada teoria. Exemplo: Saber o que é a Neutralidade Científica. (ECO, 2007). 8 - Pesquisa Transversal: descreve uma situação ou fenômeno em um momento não definido, apenas representado pela presença de uma doença ou transtorno, como, por exemplo, um estudo das alterações na cicatrização cutânea em pessoas portadoras de doenças crônicas, como o diabetes (LAKATOS e MARCONI, 2009). 9 - Pesquisa Documental: Utiliza de material sem tratamento analítico ou interpretativo: documentos oficiais, cartas, indumentárias, fotografias, registros de manifestações folclóricas, relatórios técnicos, gravações de entrevistas, pinturas, contratos, reportagens veiculadas a jornais, filmes, fotografias, diários, entre outros. É proveniente dos próprios órgãos, entidades ou empresas. (DEMO, 1994, p.45). 10 - Pesquisa Bibliográfica: Trata-se de levantamento de toda a bibliografia já publicada em forma de artigos em revistas e sites, teses, dissertações, livros, publicações avulsas e imprensa escrita ou online. A pesquisa bibliográfica objetiva colocar o pesquisador em contato com tudo o que foi escrito sobre determinado assunto, com a finalidade de colaborar na análise de sua pesquisa. (LAKATOS e MARCONI, 2009). É importante diferenciar a pesquisa documental (ou de fontes primárias, direta) da pesquisa bibliográfica (ou fontes secundárias, indireta) que, é aquela que se desenvolve tentando explicar um problema, utilizando o conhecimento disponível a partir das teorias publicadas em livros ou obras congêneres, como foi dito anteriormente. A pesquisa bibliográfica possui as seguintes fases de acordo com Salomon (1993, p. 213): a) escolha do tema; b) elaboração do plano de trabalho; c) identificação; 26 d) localização; e) compilação; f) fichamento; g) análise e interpretação; h) redação. 27 UNIDADE 5: PESQUISA BIBLIOGRÁFICA Conceito Biblio – livro e grafia – descrição, escrita A pesquisa bibliográfica consiste no exame da literatura científica para levantamento e análise do que já se produziu sobre determinado tema. (LAKATOS e MARCONI, 2009). Objetivos Esse tipo de pesquisa é fundamental para qualquer e toda pesquisa científica e parte do domínio da bibliografia especializada da área. A bibliografia retrospectiva e/ou atualizada caracteriza a relevância de determinadas áreas do conhecimento. Através dela o pesquisador arregimenta conhecimento suficiente e necessário sobre o que já foi publicado sobre um assunto, atualizando-se sobre o tema, evitando-se duplicação de pesquisas, acusações de plágio, redescobertas e perda de tempo; (DEMO, 1994, p.45). Sendo assim, a pesquisa bibliográfica deve reunir um certo número de autores renomados que tenham publicado conteúdos consistentes que fundamentam uma discussão teórica sobre a questão. O pesquisador deve saber articular as informações coletadas, concatenando-as com um nível de análise crítica e não apenas descritiva. Fases da pesquisa 1 - Fase preparatória Consiste no estudo dos aspectos gerais do assunto escolhido; na delimitação quanto a aspectos, período, idiomas; na identificação das palavras- chave ou cabeçalhos de assunto, na versão desses termos para outros idiomas, dependendo das fontes de pesquisa escolhida e sua adequação ao assunto. (LAKATOS e MARCONI, 2009). 2 - Levantamento bibliográfico Consiste na consulta às fontes de pesquisa escolhidas, devendo ser feita do ano corrente para trás, dentro do período preestabelecido. As referências de 28 interesse deverão ser armazenadas de acordo com as normas da ABNT. (LAKATOS e MARCONI, 2009). 3 - Obtençãodos documentos As cópias dos artigos científicos poderão ser obtidas através dos Serviços de Comutação Bibliográfica das bibliotecas especializadas. Para isso, será consultado o próprio acervo de periódicos ou solicitado às bibliotecas que compõem as redes e sistemas de informação. No Portal CAPES de periódicos eletrônicos as publicações estão disponibilizadas com o texto completo <www.periodicos.capes.gov.br>. No site <www.scielo.org> também se encontram disponibilizados todos os tipos de artigo, dissertação e tese, em todas as áreas do conhecimento. 4 - Fonte de pesquisa: Todo tipo de publicações impressas ou digitais em forma de livros, dicionários, enciclopédias, periódicos, resenhas, monografias, dissertações, ensaios, teses, apostilas, artigos, boletins, entre outros. Nesse esforço de busca e interpretação, a ciência está comprometida com o rigor da observação, logo, muitas conclusões configuram-se em conceitos, teses e leis. Portanto, ao pesquisarmos, não partimos do nada à medida em que alguma coisa já foi concluída sobre aquele fenômeno e referenciais teóricos auxiliam no reforço, na justificativa, na demonstração, no esclarecimento e na explicação do fenômeno estudado. 5 – Redação Ao redigir, deve-se ter em mente o público para o qual se destina, sendo claro, objetivo, conciso nos pontos simples, extenso naqueles de entendimento complexo e importante. Normalmente, utiliza-se a forma impessoal, devendo empregar corretamente os tempos verbais, a concordância e regras gramaticais, resguardando-se dos floreios do estilo livre, dispensados nas publicações científicas, reduzindo-se ao estritamente necessário, de vez que a acuidade científica é qualidade essencial a quem redige. (DEMO, 1994, p.45). http://www.scielo.org/ 29 6 - Operacionalização da Pesquisa Bibliográfica: Definição do Problema e Hipótese; Definição do tema; Definição de objeto; Pesquisa Exploratória; Justificativas teóricas das definições do tema, problema e hipótese; Definição das técnicas de coleta de dados; Seleção do material; Localização das fontes de dados; Pesquisa de Laboratório; Pesquisa de Campo; Pesquisa Bibliográfica; Pesquisa Documental; Utilização do material e montagem o trabalho; Fichamento, organização, processamento do material; Leitura do material. 7- Fichamento como técnica de tratamento do material bibliográfico É o registro do material bibliográfico em fichas impressas ou digitalizadas, onde são anotadas de forma ordenada as referências e o conteúdo resumido do material. 7.1 – Fichas Criado pelo Abade Rozier, da Academia Francesa de Ciência, no século XVII, o sistema de ficha é atualmente utilizado nas mais diversas situações. 7.2 - Conteúdo das fichas O conteúdo que constitui o corpo das fichas varia segundo sua finalidade, podendo ser: a) Bibliográfica, que se subdivide em: Bibliográfica de obra inteira; e Bibliográfica de parte de uma obra. b) de citações; 30 c) de resumo ou de conteúdo; d) de comentário ou analítica. 7.3 - Tipos de fichas A) Ficha Bibliográfica O campo do saber abordado; Os problemas significativos tratados; As conclusões alcançadas; As contribuições especiais em relação ao assunto do trabalho; As fontes dos dados que podem ser documentos, literatura existente; Estatísticas (documentação indireta de fontes primárias ou secundárias e documentação direta, com os dados colhidos pelo autor); Observação; Entrevista; questionário; formulário, entre outros; Os métodos de abordagem e de procedimento utilizados pelo autor; A utilização de recursos ilustrativos, tais como tabelas, quadros, gráficos, mapas, desenho, entre outros. (LAKATOS e MARCONI, 2009). B) Ficha de Citações Citação é a menção no texto de informação extraída de outra fonte para esclarecer, ilustrar ou sustentar o assunto apresentado. Devem ser evitadas citações referentes a assuntos amplamente divulgados, rotineiros ou de domínio público, bem como aqueles provenientes de publicações de natureza didática que reproduzem de forma resumida os documentos originais, tais como apostilas e anotações de aula. (ECO, 2007). 7.4 - Modelo de fichamento Nº do capítulo que será apoiado pela ficha Referência bibliográfica completa da obra consultada Nº da página a que se refere o conteúdo da ficha Utilize ( * )quando resumir os argumentos do autor que serão úteis ao seu estudo. Utilize aspas (“ “) quando transcrever períodos da obra consultada. Utilize barras ( / / ) quando avaliar o conteúdo parcial ou global da obra. 31 Esta padronização permitirá diferenciar o que é de responsabilidade do autor e o que é reflexão própria. Nº de referência da obra na biblioteca Nome da biblioteca e número de exemplares disponíveis 32 UNIDADE 6: O TRABALHO CIENTÍFICO Todo trabalho científico deve ter uma estrutura semelhante a que será desenvolvida a seguir: a) Introdução – formulação clara e simples do tema, sua delimitação, importância, caráter, justificativa, metodologia empregada e apresentação sintética da questão, bem como as hipóteses aventadas; b) Desenvolvimento – formulação lógica do trabalho, cuja finalidade é expor e demonstrar suas principais ideias. Geralmente apresenta três etapas: Explicação – apresenta o sentido do tema, analisando e compreendendo-o; Discussão – é o exame, a argumentação e a explicação do tema; Demonstração – é a dedução lógica do trabalho, implicando a construção do raciocínio. c) Conclusão – consiste no resumo sistematizado da argumentação desenvolvida. Deve constar na conclusão a relação entre as diferentes partes da argumentação e a união de ideias e reflexões. Identificação É a fase de reconhecimento do assunto pertinente ao tema em estudo. Como primeiro passo deve-se procurar por catálogos onde se encontram as relações das obras. Em seguida, tendo em mãos os livros ou periódicos, faz-se o levantamento dos assuntos abordados pelo sumário. Localização Tendo realizado o levantamento bibliográfico, com identificação das obras, passa-se à localização das fichas bibliográficas nos arquivos das bibliotecas públicas e particulares ou através de programas de computador, faz-se o arquivamento das fichas digitalizadas ou digitadas. Copilação É a reunião sistemática do material contido em livros, revistas, entre outros. Esse material pode ser obtido por meio de fotocópias impressas ou downloads de arquivos de sites especializados da internet. 33 Fichamento Tendo em suas mãos as fontes de referências, deve-se transcrever os dados em fichas, com o máximo de exatidão, posto que, a ficha permite a ordenação do assunto, ocupa pouco espaço, podendo ser impressa ou digital. Análise e Interpretação A primeira fase da análise e da interpretação é a crítica do material bibliográfico e divide-se em crítica interna e externa. A crítica externa é a feita sobre o significado, a importância e o valor histórico de um documento, considerando em si mesmo e em função do trabalho que está sendo elaborado e abrange: a crítica do texto averiguando se o texto sofreu alterações ao longo do tempo e se essas alterações foram autorizadas e realizadas pelo autor; a crítica da proveniência, investigando a origem do texto e as ideias anteriores e posteriores do autor; e a crítica da autenticidade, determinando o autor, o tema, o lugar e as circunstâncias da composição. A crítica interna é aquela que aprecia o sentido e o valor do conteúdo e compreende: a crítica de interpretação a partir da averiguação do sentido exato que o autor quis exprimir; e a crítica do valor interno do conteúdo que aprecia a obra e forma um juízo sobre a autoridade do autor e o valor que representao trabalho e as ideias nele contidas. 34 UNIDADE 7: A REVISÃO DE LITERATURA O referencial teórico é a base de sustentação de toda e qualquer pesquisa científica. Antes de conceder a sua contribuição para a ciência, é necessário conhecer o que já foi desenvolvido por outros pesquisadores acerca do tema em questão. Assim, o estudo da literatura, contribui em muitos sentidos: desde a definição dos objetivos do trabalho e as construções teóricas, até o planejamento da pesquisa, as comparações e a validação, podendo ser, ela mesma, a pesquisa. Para a elaboração de um referencial teórico, são sugeridos nove passos: (1) Defina o tema da sua pesquisa. (2) Reúna a bibliografia sobre o tema. Comece com pelo menos cinco referências para ter uma visão panorâmica sobre o assunto. (3) Dê uma olhada inicial nas referências e identifique uma ordem decrescente, ou seja, do assunto mais geral ao mais específico. (4) Leia a bibliografia reunida com atenção e liste as ideias principais em fichas ou arquivos online. (5) Identifique as ideias principais a serem aproveitadas em seu trabalho. Não se esqueça de indicar as referências de cada uma, colocando ATELED: autor, título, edição, local, editora e data, além, é claro, das páginas. (6) Rotule todas as ideias para facilitar sua referência futura. (7) Organize as ideias em seções ou assuntos na sequência do seu pensamento (em geral, 3 ou 4 seções bastam). (8) Escreva o referencial teórico seguindo a sequência que terão no texto. Dê preferência a ideias abordadas por diversos autores. (9) Conclua o referencial teórico identificando as principais ideias discutidas no seu texto e apontando para as questões de pesquisa em aberto na literatura. Escolha do Tema e da área da pesquisa A escolha do tema é de fundamental importância para o desenvolvimento da pesquisa e deve partir do seu interesse por ele e sua base teórica. A área de pesquisa corresponde ao seu campo de investigação. Normalmente a área de pesquisa é mais específica do que a sua área de estudo. Exemplos de áreas de pesquisa são “estratégia de operações”, “controle de qualidade” e “aprendizagem infantil”. 35 Os benefícios da especialização em uma área de pesquisa são muitos e trazem crescimento pessoal e profissional ao estudante, na medida em que: (i) ele fica a par com os desenvolvimentos mais recentes na sua área de busca do conhecimento; (ii) permite a ele fazer um trabalho de pesquisa mais relevante e focalizado; e (iii) possibilita o balancear entre a integração e a continuidade de diversos projetos. Sendo assim, cada projeto deveria explorar um assunto dentro da área de pesquisa escolhida. Fontes Bibliográficas As principais fontes a serem consultadas para a elaboração do referencial teórico são: artigos em periódicos, livros, teses, dissertações e artigos em congressos. 1 - Artigos de Periódicos Científicos Utilize como base artigos publicados em periódicos científicos de renome e com comitê de revisores. Artigos em revistas (Veja, Exame e outras), jornais e material de divulgação comercial não devem ser usados, a não ser que tragam alguma informação indispensável ao trabalho. Artigos científicos podem ser encontrados de diversas maneiras: (i) procurando em base de dados como o portal da Capes ou scielo e (ii) analisando a bibliografia usada em outros estudos sobre o assunto que você já conheça. 2 – Livros Utilize livros acadêmicos sobre o tema da pesquisa. Evite livros (i) para principiantes ou de bolso (literatura de consultório e de aeroporto), (ii) livros-texto (apesar de muitos serem úteis na consolidação de aspectos básicos de seu trabalho), (iii) livros de circulação restrita, tais como apostilas de instituições ou cadernos informativos. 3 - Artigos em congressos Faça uma busca por artigos apresentados em conferências ou congressos nacionais e internacionais de renome. Dê preferência aos artigos recentes (de até 5 anos atrás). Por apresentarem qualidade bastante diferenciada uns dos outros, 36 muitas vezes, só servem como fontes bibliográficas para obter referências de outros autores. Artigos de congresso costumam ser publicados em CD-ROM, contendo mecanismos eficientes de busca que podem agilizar sua pesquisa. 4 - Teses e dissertações Prefira teses e dissertações concluídas em universidades reconhecidas. Atualmente, os bancos de teses e dissertações se multiplicam e é fácil o acesso a esse tipo de publicação via download. Porém, cuidado para não copiar a estrutura e conteúdo da revisão elaborada por outros alunos. Isso seria um erro grave. Um PLÁGIO. E isso é crime, como veremos no item 12 desta obra. Estrutura do Referencial Teórico Planeje! O segredo de uma boa revisão da literatura é o planejamento. A apresentação do referencial teórico deve seguir a sequência dos tópicos pesquisados, não dos autores pesquisados. Sendo assim, primeiro, planeje quais os tópicos serão abordados. Em seguida, planeje como esses assuntos serão apresentados e, por fim, organize as ideias que serão lançadas nos parágrafos concatenados e desenvolvidos com cinco ou seis ideias diferentes, porém sequenciais. Tome cuidado para não apresentar a revisão da literatura no formato ficha de leitura, ou seja: o Autor A disse isso, o Autor B disse aquilo, o Autor C disse outra coisa, entre outros. Encontre os pontos de concordância e divergência entre os autores e conte a sua versão desses fatos, desenvolvendo a história da pesquisa. Para facilitar a organização da redação, construa uma matriz de referências com a lista de tópicos nas linhas e autores nas colunas para entender a relação entre estes elementos. A partir daí, costure seu texto, dialogando com os autores e dando a sua contribuição. Seções da Revisão: Estrutura do Texto Como em Alice no País das Maravilhas, quando o Rei pede ao Gato de Botas que escreva tudo o que acontecer na reunião, o gato diz não saber fazê-lo, ao que responde o Rei: “é só você escrever primeiro o começo, depois o meio e depois o 37 fim”. Assim também se faz em um texto científico, porém, parte-se do geral para o específico. A sequência da apresentação é, geralmente, a seguinte: 1 - Implementação: analisa de que forma a ideia que se tem pode ser colocada em prática. Relaciona as variáveis que deveriam ser consideradas na implementação. Elenca os recursos e competências necessários para que se faça o que se pretende. 2 - Conceitualização e utilidade: deve-se sempre partir do pressuposto da conceituação epistemológica, dizendo o que é o assunto em questão? Sobre o que especificamente você está falando? Qual aspecto do assunto é de seu interesse? Quem foi o autor dos conceitos que você pretende utilizar? Quais são as vantagens e desvantagens da sua ideia, comparada a outros conceitos? Pretende-se com isso situar o leitor quanto ao assunto, apresentando, nesse ínterim, o Estado da Arte disponível na literatura sobre o tema. Sendo assim, livros- texto não vão ser muitos úteis sob esta ótica. Para que se possa de fato conseguir alcançar o Estado da Arte sobre o tema, você terá que considerar artigos publicados em revistas e apresentados em congressos. Para tanto, consulte o www.scielo.org, entre outros. Reunindo Ideias O principal objetivo de uma revisão bibliográfica é reunir ideias de diferentes fontes, visando construir uma nova teoria ou uma nova visão sobre um assunto já conhecido. Os tipos básicos de composição são (a) reunir ideias comuns, (b) conectar ideias complementares entre si, (c) comparar ideias divergentes ou opostas. Veja: 1 - Reunindo ideias comuns: Os dois autores relacionados falam do mesmo aspecto do tema e concordam com ele. 2 - Conectando ideias complementares: Os dois autoresse complementam. 3 - Comparando ideias divergentes: Os autores são radicalmente contrários em seus pontos de vista. http://www.scielo.org/ 38 Erros Comuns Errar é humano, mas quem corrigirá seu trabalho não leva em consideração este tipo de fato. Sendo assim, consulte sempre o seu orientador e reveja as correções necessárias, cuidando-se para não cometer algum dos erros abaixo: Fazer uma revisão muito pequena e utilizar poucos autores, seja por pressa, falta de tempo ou desinteresse. É importante que você elenque os autores essenciais e os inclua no seu trabalho; Não esquecer as áreas afins; Deixar as referências incompletas ou erradas indica que você na realidade não conseguiu encontrar um fio condutor nas obras que consultou; Deixar de resumir claramente os autores principais revisados na literatura – você deve sempre tentar facilitar a vida do leitor, oferecendo resumos ou esquemas que ajudem a entender o assunto que está sendo abordado; Não colocar as conclusões de forma que reúna as ideias principais abordadas no texto. Má organização do material – revisão com seções muito curtas de um ou dois parágrafos apenas, com repetição de ideias ou no estilo de “ficha-de-leitura”, ou sem uma estrutura ou lógica identificável de apresentação; O referencial teórico utilizado deve ser ao mesmo tempo enxuto e completo. Você deve fazer uma revisão dos seus estudos e de todos os autores relevantes que estejam diretamente relacionados ao seu tema; Dê prioridade a obras recentes, posto que artigos ou livros com mais de 50 anos costumam estar desatualizados. Contudo, evite o excesso de apud. Se as obras principais são mais antigas, é preferível lê-las a ficar citando autores que outros autores citam; Dê prioridade (nesta ordem) a (i) artigos publicados em revistas e periódicos internacionais, (ii) artigos publicados em revistas e periódicos nacionais reconhecidos, (iii) livros publicados por bons editores, (iv) teses e dissertações de mestrado e doutorado, (v) anais de conferências e seminários internacionais, (vi) anais de conferências e seminários nacionais; Jamais tente interpretar ou adaptar ideias de outros autores fazendo com que elas fiquem parecidas com as suas ou reforcem-nas. O referencial teórico apresenta as ideias dos autores; 39 Evite o uso exagerado de citações literais sem comentários. O excesso de citações literais significa que você não se deu ao trabalho de sintetizar, conectar, reunir ideias de diferentes autores e construir seu próprio texto. 40 UNIDADE 8: O ARTIGO CIENTÍFICO Escrever um artigo é uma exigência no mundo acadêmico para aqueles que querem permanecer nele e serem reconhecidos ou, ainda, para que se obtenha um certificado de especialização Lato sensu, como é o nosso caso. Esses trabalhos ao serem apresentados passam pela leitura e avaliação de corretores e revisores, e são nessas atividades que se verificam os vários problemas de leitura e escrita de quem os produz, além do rigor científico, muitas vezes deixado de lado. Isto ocorre em todos os níveis acadêmicos, seja em relatórios da iniciação científica, dissertações de mestrado e mesmo teses de doutorado, ou na especialização Lato sensu, para obtenção do certificado, independentemente da nacionalidade ou idioma de origem. Em geral, os artigos apresentados e ou publicados são lidos na seguinte ordem: Título; Resumo; Resultados (tabelas e figuras); Metodologia; e, por último, a Conclusão. A pesquisa que trata dessas informações revela que para cada pessoa que lê um artigo completo, 10 lêem as tabelas e figuras, 100 lêem o Resumo e 1000 lêem somente o Título. Verifica-se com isso que não é só o problema de escrever bem, mas o de se criar o hábito da leitura, Ler e Escrever são duas faces da mesma moeda de educação (P.K.R. Nair, Gainesville, 2005). Por isso, é importante seguir os passos de elaboração do artigo e dar o devido peso aos itens relacionados acima, nessa ordem. As Demais considerações sobre como redigir e formatar um artigo estão contidas na Apostila “Métodos e Técnicas de Pesquisa”. 41 UNIDADE 9: A LEITURA Para se fazer ciência é necessário primeiramente que se faça uma leitura analítica de todo o referencial teórico que será utilizado. Esse é um método de estudo cujos objetivos são: - Auxiliar no desenvolvimento do raciocínio lógico; - Treinar para a compreensão e interpretação crítica do texto; - Fornecer instrumentos para o trabalho intelectual desenvolvido nos seminários, no estudo dirigido, no estudo pessoal e em grupos; - Favorecer a compreensão global do significado do texto; - Auxiliar na confecção de resumos, resenhas, relatórios, entre outros. Seus processos básicos são os seguintes: 1- Análise Textual – preparação do texto, trabalhar sobre unidades delimitadas (um capítulo, uma seção, uma parte, entre outras, sempre um trecho como um pensamento completo); - fazer uma leitura rápida e atenta da unidade para adquirir uma visão de conjunto da mesma; - levantar esclarecimentos relativos ao autor, ao vocabulário específico, aos fatos, doutrinas, autores citados que sejam importantes para a compreensão da mensagem; - esquematizar o texto, evidenciando sua estrutura redacional. 2- Análise Temática – Compreensão da mensagem do autor, fazer linha de raciocínio do autor e reconstruir um processo lógico e evidenciar a estrutura lógica do texto, esquematizando a sequência das ideias (Tema, Problema, Tese, Raciocínio, Ideias Secundárias); 3- Análise Interpretativa – Interpretação da mensagem do autor (Situação Filosófica e influências, Pressupostos, Associação de ideias e Crítica ); 4- Problematização – Levantamento e discussão de problemas relacionados com a mensagem do autor. (DEMO, 2002, p. 56-57). 42 UNIDADE 10: A ESCRITA Estilo de Redação do Trabalho Seguem algumas instruções que podem ajudar na redação de seu trabalho. NUNCA copie material (texto, figuras, tabelas) de terceiros sem referenciar. No caso de texto, evite cópias literais, pois elas devem vir entre aspas ou com parágrafo diferenciado, o que atrapalha muito a fluidez do texto. Leia os textos que contêm o material a ser explicado com atenção, coloque os livros de lado e gere sua própria explicação escrita. Quando as ideias coincidirem com aquelas de algum dos autores, referencie o autor. Lembre: plágio é crime. Tome muito cuidado com isso! Escreva com frases curtas e objetivas. Evite parágrafos com somente uma frase. Elimine palavras desnecessárias, especialmente adjetivos. Use uma narrativa impessoal, formal e direta. Use um bom vocabulário, evitando metáforas, gírias, palavras obscuras ou complexas e informalidades. Dê preferência `as frases curtas. Faça um “esqueleto” do que você irá escrever, especificando os conteúdos, parágrafo a parágrafo (lembre-se: um parágrafo não deve conter mais do que um assunto; um assunto, todavia, pode-se estender por diversos parágrafos). Sabendo o roteiro do que deverá ser escrito, a redação sairá muito mais fácil. SEMPRE tenha um esquema dos assuntos a serem discutidos por parágrafo no texto. Caso contrário, você vai acabar se perdendo e gerando um texto de má qualidade. Evite parágrafos de uma só frase. Um parágrafo é um conjunto de frases concatenadas, discorrendo sobre o mesmo assunto. Ao escrever um parágrafo ou frase, releia e pergunte-se: isto está claro? Todo o conhecimento necessário para entender este parágrafo já foi introduzido? Não estou usando jargões que ninguém mais vai entender? Não estou usando iniciais que não defini previamente? Em suma, leia o texto com os olhos de alguém que está tentando aprender com o material exposto. É assim que a banca avaliadora vai ler o seu trabalho. Caso algum parágrafo não traga referências,subentende-se que você tenha inventado tudo o que está escrito ali. Normalmente, esse não é o caso. Sendo assim, acrescente pelo menos uma referência por assunto ou parágrafo (exceto nos parágrafos que contenham resumos e conclusões, elaborados por você mesmo). O número mínimo de referências em uma dissertação de mestrado está na volta de 30 a 40 obras. Deste número, pelo menos metade devem ser artigos 43 provenientes de periódicos científicos ou de anais de congresso. Não escreva seções inteiras baseadas em uma única referência; utilize pelo menos três, mesmo que elas digam essencialmente a mesma coisa. É preciso que seja demonstrado ao leitor um certo esforço de pesquisa. Figuras copiadas devem ser referenciadas. Se forem copiadas iguais ao original, após a legenda coloque (Fonte: FOGLIATTO et al., 1998), por exemplo. Se forem adaptadas (traduzidas ou modificadas de alguma forma), coloque após a legenda (Adaptado de FOGLIATTO et al., 1998). Evite afirmações pessoais (“achismos”), superlativos (exageros de qualquer espécie) e informalidades. O texto técnico deve ser neutro e, obviamente, o mais técnico possível. Evite notas de rodapé. Normalmente, o que está sendo dito no rodapé pode ser introduzido entre parênteses no texto. Caso não haja essa possibilidade, você provavelmente está desviando do assunto principal, coisa que não deveria acontecer. Evite o uso de listas. Listas são usadas em apostilas e livros-texto. Teses e dissertações devem privilegiar o uso de parágrafos concatenados. (DEMO, 2002 e ECO, 2005). Formatação do texto Formate o texto em folha A4, margem superior 3,0 cm, inferior 2,0 cm, margem esquerda 3,0 cm, margem direita 2,0 cm. Parágrafo com recuo de 1,5 cm, fonte Arial ou Times New Roman 12 pt, espaçamento 1,5 entre linhas. Não use quebra de páginas, as quais devem ser usadas apenas se o layout da página for alterado (passar de retrato para paisagem e voltar para retrato, por exemplo). Títulos devem ser justificados à esquerda. Deixe uma linha entre texto – título – texto. Isso ajuda a destacar os títulos das seções e subseções. Figuras, tabelas e respectivas legendas devem ser centradas na página. Deixe uma linha entre texto – objeto – texto. Não deixe espaçamento entre a legenda e o objeto (figura ou tabela). A legenda deve ficar próxima do objeto ao qual ela pertence. Tabelas e figuras devem ser numeradas e receber legenda. As tabelas são numeradas na parte superior e as figuras na parte inferior. Legendas são uma 44 espécie de título e não devem receber ponto final. No interior de tabelas e figuras, use espaçamento simples e, se necessário para acomodar o conteúdo, a letra pode ser em tamanho menor. Figuras e tabelas retiradas do original em inglês devem ser traduzidas para a apresentação na dissertação. Sempre que possível, use tabelas digitadas no processador de texto (tabelas obtidas com scanner usualmente apresentam qualidade inferior ou ocupam muito espaço). A citação de tabelas e figuras deve ser feita utilizando a primeira letra em maiúsculo e o número do objeto: a Figura 2 apresenta a evolução de... A Tabela 3 contêm um sumário de... Nunca escreva figura abaixo, tabela a seguir, pois em função da paginação a posição das tabelas e figuras pode ser alterada na versão final. Ajuste a posição das tabelas e figuras para melhorar a paginação, evitando pedaços de páginas em branco. Segue exemplo de tabela inserida no texto: Tabela1 – Evolução de publicações nacionais abordando gestão de serviços Década Dissertações Teses 80 22 8 90 43 17 2000- Presente 127 52 Fonte: Ribeiro (2008) Como resumir: É aconselhável, em uma primeira leitura, fazer um esboço do texto tentando captar o plano geral da obra e seu desenvolvimento; A seguir volta-se a ler o texto para responder as duas questões principais: de que se trata o texto? O que ele pretende demonstrar? Com isso identificam-se as ideias centrais e o propósito do autor; A última leitura deve ser feita com a finalidade de compreender o sentido de cada parte importante, anotar as palavras-chave e verificar o tipo de relação entre as partes; 45 Uma vez compreendido o texto, selecionadas as palavras-chaves e entendida a relação entre as partes essenciais, pode-se passar a elaboração do resumo. (DEMO, 2002 e ECO, 2005). Tipos de Resumo Dependendo do caráter do trabalho que pretende realizar, o resumo pode ser: a) Indicativo ou descritivo – Quando faz referência às partes mais importantes do texto. Utiliza frases curtas, cada uma correspondendo a um elemento importante da obra. Não é simples enumeração do sumário ou índice do trabalho. Não dispensa a leitura do texto completo, pois apenas descreve sua natureza, forma e propósito. b) Informativo ou analítico – Quando contêm todas as informações principais apresentadas no texto e permite dispensar a leitura deste último; portanto, é mais amplo do que indicativo. Tem a finalidade de informar o conteúdo e as principais ideias do autor, salientando os objetivos e o assunto, os métodos e as técnicas; os resultados e as conclusões. Sendo uma apresentação do texto, esse tipo de resumo não deve conter comentários pessoais ou de quem fez o resumo; quando cita as do autor, cita-as entre aspas. Da mesma forma que na redação das fichas, procura-se evitar expressões tais como: o autor disse, segundo o autor, ou sendo ele a seguir, este livro, ou seja todas as palavras supérfluas. Deve-se dar preferência à forma impessoal. Crítico – Quando se formula um julgamento sobre o trabalho. É a crítica da forma, no que se refere aos aspectos metodológicos; do conteúdo; do desenvolvimento da lógica da demonstração, da técnica de apresentação das ideias principais. No resumo crítico não pode haver citações. (DEMO, 2002 e ECO, 2005). Resenha Crítica Conceito – é a apresentação do conteúdo de uma obra. Consiste na leitura, resumo, crítica e formulação de conceito de valor do livro. (DEMO, 2002 e ECO, 2005). Finalidade – apresentação de uma síntese das ideias fundamentais da obra. Requisitos básicos – conhecimento completo da obra: - capacidade de formular juízo de valor; - fidelidade ao pensamento do autor. Estrutura da Resenha: a) Referência bibliográfica (ABNT); 46 b) Credenciais do autor-nacionalidade, formação acadêmica, obras, entre outros; c) Digesto Resumo das principais ideias expressas pelo autor; Descrição sintética do conteúdo dos capítulos ou partes em que se divide a obra; d) Conclusões do autor; e) Crítica do resenhista; Julgamento da obra – Coerência entre a posição central e a explicação, discussão e demonstração. Adequado emprego dos métodos e técnicas específicos. Mérito da obra – Originalidade e contribuição para a ciência. Estilo empregado – Conciso, objetivo, simples, claro, entre outros. (DEMO, 2002 e ECO, 2005). 47 UNIDADE 11: INSTRUMENTALIZAÇÃO CIENTÍFICA Neste capítulo apresentaremos e analisaremos os recursos e as ferramentas disponibilizadas nos ambientes virtuais de pesquisa pela Internet (o ciberespaço), bem como, ofereceremos a você as dicas e alternativas de caminhos para fontes de pesquisa virtual e as formas de acessá-las e utilizá-las. Nos anexos você encontrará outras orientações para acessar e utilizar o site de publicações e pesquisas científicas: www.scielo.org (ANEXO A). Buscas na Internet Numa pequena viagem histórica constatamos que no passado as informações eram transmitidas oralmente. Com o surgimento da escrita, essas informações passaram a ser representadas graficamente. Hoje vemos um excesso de informação em todo lugar e a todo o momento. Atualmente, estamos na chamada Era da Informação. Nessa nova Era, assistimos
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