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Direito Penal II Prof. Guilherme Chamada antes Avaliação Prova 1 - 8 questões (meio a meio objetiva e discursiva) - valendo 8 pontos Atividades - 2 atividades valendo 1 ponto cada Prova Bibliografia - O que NÃO usar Julio Fabbrile Mirabeti (defasado) Damasio Evangelista de Jesus (defasado) Fernando Cappes (ruim) O que usar: Manual de Direito Penal Brasileiro - Eugenio Raul Zaffaroni (Difícil) Tratado de Direito Penal vol. 1- Cezar Roberto Bittencourt (Intermediário) Curso de Direito Penal - Luiz Regis Prado (objetivo, mas mais raso) Outras opções paulo cezar busato Juarez dos santos Curso de Direito Penal - Rogerio Greco Fernando Galvão Ementa Teoria do Crime ou Teoria do Delito Conceito de Crime Formal: é a conduta que viola a lei penal Material: é a conduta que ofende os bens jurídicos mais importantes para uma vida livre pacifica e comunitária Analítico: é um conduta típica antijurídica e culpável Tipicidade Antijuridicidade Culpabilidade Tentativa Concurso de agentes/pessoas Aula 1 - 15/02/17 Aula inaugural *pegar código Aula 2 - 17/02/17 Faltei - formatura Ana Reposto com Material Alaide Bergamo Teoria do crime/delito. Crime: conduta típica antijurídica e culpável. I. Conceito formal – crime é a conduta que viola a lei penal; II. Conceito material – crime é a conduta que ofende os bens jurídicos mais importantes para uma vida livre, pacifica e comunitária na comunidade; III. Conceito analítico - método analítico significa eu quero saber o que é algo e divido ele em seus elementos essenciais. Vou olhar o crime e vou estuda-lo a partir da sua decomposição. ❖ Tipicidade. ➢ Tipo e tipicidade. ✶ Tipo penal – é um instrumento legal logicamente necessário e de natureza predominantemente descritiva que tem por função a individualização de condutas penalmente relevantes. Tipos penais não se praticam. • Tipo penal é um instrumento legal: é algo que existe apenas como uma parte de um texto legal, nada mais é que um trecho de uma determinada lei, ato normativo, único lugar para encontrar é na lei e por tanto eles são previsões legais abstratas, que já mais pode ser confundido com aquilo que está no mundo concreto. Tipo como figura abstrata ≠ conduta como figura concreta. • Ela tem natureza predominantemente descritiva, todo tipo penal haverá a descrição de uma conduta abstrata hipotético. • Tipo penal ele tem como função ele tem como individualização as condutas descritas, quando o legislador descreve algo no tipo ele esta falando algo pra gente. ➔ Tipo penal é a descrição na lei de uma conduta relevante para o direito penal. Todo tipo penal é composto por dois preceitos: I. Preceito primário: é a descrição da conduta incriminada. II. Preceito secundário: previsão da pena para quem pratica a conduta. ✶ Tipicidade – é a adequação de uma conduta praticada, á descrição que dela de faz na lei penal. Adequação da conduta ao tipo. Tipicidade é uma relação que liga de alguma forma duas coisas diferentes (conduta ao tipo penal). A adequação típica acontece sempre que se pratica no mundo uma conduta que corresponde á aquilo que está descrito no tipo penal. Entre a conduta e o tipo, forma-se uma relação que se chama tipicidade ou adequação do tipo. Se a conduta não se adequa ao tipo penal ela é uma conduta atípica. • Atipicidade é a ausência de tipicidade. Existe duas espécies de tipicidade: I. Tipicidade direta ou imediata: ela vai acontecer sempre que a conduta corresponde perfeitamente ao tipo penal, ocorre uma sincronia perfeita. II. Tipicidade indireta ou medita: ela vai existir sempre que a conduta não corresponde perfeitamente ao tipo, sendo necessária a utilização de uma segunda norma penal para que a adequação ocorra. Norma de extensão, porque ela dilata o campo de aplicação do tipo penal, quando é praticado algum crime e ele não se encaixa perfeitamente no tipo é utilizado uma norma de extensão para se chegar no tipo, sendo assim uma tipicidade indireta. Normas de extensão permitidas: a. Norma que permite que a tentativa seja punida de modo indireto, Art. 14 §único. b. Norma que permite a punição da participação, aquele que não pratica o tipo penal, mas ele colabora para a pratica do tipo, Art. 29. ➢ Funções dos tipos penais. Os tipos penais exercem algumas funções importantes. ✶ Função de proteção ou função protetiva – está relacionada com a função que a dada ao tipo penal no momento da sua criação, demonstrando o porquê que se cria os tipos penais. O legislador cria tipos penais para proteger bens jurídicos, ele vai identificar a existência de um bem jurídico que precisa de uma proteção, é a partir disto que o legislador que vai inicializar o processo de criminalização. I. É proibido alguma coisa. II. É obrigatório alguma coisa. III. É permitido alguma coisa. Na busca dessa proteção desse bem jurídico, ele pensa qual é a normal que ele vai impor. A lei não define a norma e sim o crime (por causa do principio da legalidade). A partir da norma o legislador descreve o tipo. ✶ Função de garantia – está relacionada com as segurança jurídica dos cidadãos. Eu não posso ser surpreendido por uma punição que não estava prevista quando pratiquei. ✶ Função indiciaria – ela indica algo(..). ➢ Elementos dos tipos penais. Todo tipo penal é composto por elementos, são as palavras ou as expressões utilizadas pela lei para descrever a conduta. Esses elementos estão dizendo o que é necessário acontecer para que a conduta se adeque ao tipo. ✶ Elementos objetivos-descritivos – são aqueles cuja presença no caso concreto será verificada através da utilização dos sentidos (olfato, paladar..) O legislador ele descreve algo que ele percebe, utilizando sobretudo elementos objetivos- descritivos, quando eu olho para o caso concreto eu também tenho que utilizar meus sentidos. ✶ Elementos normativos – são aqueles cuja a percepção no caso concreto demanda a realização de uma atividade valorativa com base em parâmetros jurídicos ou culturais. Ele exige que o sujeito que esta aplicando o direito naquele caso, faça uma valoração interpretando a partir de determinados critérios. ✶ Elementos subjetivos – são aqueles que se referem a algo que existe no interior da mente do agente no momento da pratica da conduta. Também podem ser chamado de elementos psicológicos. São elementos que iram fazer referencias a intenções, finalidade e motivo. As vezes o tipo penal coloca na descrição referencias a intenção, finalidade e motivo. Aula 3 - 22/03/17 Classificação dos tipos penais 1ª Classificação de Tipos Penais: Básicos x Derivados - Básicos Tipo básico é aquele que descreve da forma mais genérica uma determinada conduta incriminada. Sempre que existem dois ou mais tipos penais para a mesma conduta, o que tem a descrição mais genérica, é chamado de tipo básico e os demais, são chamados de derivados. Exemplo: no caso do homicídio, o tipo básico é "matar alguém". - Derivados É aquele que surge pela inclusão de novas elementares a um tipo penal pré-existente. Legislador (olhando) Bem jurídico Norma Tipo Se o legislador quer dar um tratamento diferente do tipo básico a mesma conduta, deve criar um novo tipo, derivado do tipo básico. Adiciona-se uma parte elementar chamada de especializante ao tipo básico. Exemplo, quero dar uma pena diferente de 6 a 20 anos de prisão para homicídio, deve-se criar um novo tipo para homicídio, então "matar alguém mediante o emprego de veneno". "Matar alguém" é o tipo básico e "mediante o emprego de veneno" é a parte elementar especializante. Na vigência de ambos os tipos, a conduta se enquadra no tipo derivado (se se adequar, claro) Norma especial afasta norma geral. O tipo básico só é aplicado quando não se enquadra nos derivados OBS: Elementares X Circunstâncias Elementares podem ser do crime ou do tipo. Elementar é tudoaquilo que é indispensável para que uma conduta se adeque a um tipo penal. É tudo aquilo que necessariamente precisa estar presente no caso concreto para que uma conduta se adeque a um tipo. Exemplo: no tipo "matar alguém" é necessário que haja uma conduta de matar e que o objeto seja alguém. As circunstâncias são todas as particularidades do caso concreto que não influenciam na adequação típica. São os detalhes que estão presentes na realidade, mas são secundários. São elementos que se inexistentes não modificam a tipicidade do crime. Exemplo: A mata B em um bar com uma garrafada no sábado. A matar B é elementar, todo o resto é circunstância. Circunstâncias não fazem parte da tipicidade, não influem no tipo (nesse caso, matar alguém) somente fazem parte do crime. Circunstâncias não servem para identificar tipo, mas servem para dosar pena. Classificação de Tipos Derivados Tipo Qualificado Tipo qualificado é aquele cujo crime é mais grave do que o crime do tipo básico. O legislador cria esse tipo, porque acredita que essa conduta é mais séria, mais grave, de maior reprovabilidade. Ex: o roubo é um tipo qualificado de furto Tipo Privilegiado É um tipo derivado cujo crime é menos grave que o crime do tipo básico. Raro. Ex: infanticidio sob estado puerperal em relação ao homicídio, a pena é quase um terço a menos. Art. 123 CP Matar, sob influência do estado puerperal, o próprio filho durante o parto ou logo após. - Pena - detenção, de 2 a 6 anos - Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento. 2ª Classificação de Tipos Penais: Simples X Misto Tipo simples É aquele que possui um único núcleo*. Quando tenho um núcleo, somente a prática desse núcleo leva a tipicidade da conduta *Núcleo do tipo é a palavra ou expressão que representa a ação ou omissão típica. Ex: no homicídio "matar alguém", o núcleo é "matar". No tipo "ter em depósito x", o núcleo é a expressão "ter em depósito". Tipo Misto É aquele que possuiu mais de um núcleo. O maior que temos inclui 18 núcleos diferente, é o tipo de tráfico de drogas (importar, produzir, expor a venda, trazer consigo, etc.), art. 33 da Lei 11.343/2016. Basta que apenas um núcleo seja praticado, para configurar a tipicidade. Via de regra, se vários núcleos são cometidos, tem-se apenas um crime. Tipo Misto Tipos Mistos Alternativos Mais comum. Praticar um ou vários núcleos de um crime, somente um crime é cometido. Ocorre quando a prática de de mais de um núcleo representa uma única lesão ao bem jurídico. Ex: tráfico de drogas Tipo Misto Cumulativo Nesse tipo, os núcleos possuem independência, portanto tem-se um crime para cada núcleo. Ocorrem quando a prática de mais de um núcleo representa mais de uma lesão ao bem jurídico. * Ex: Art. 208 e 242 Art. 208 CP Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso; Art. 242 Dar parto alheio como próprio; registrar como deu filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil; * Macete: geralmente os núcleos que estão separados por vírgulas, são alternativos. Quando for cumulativo, geralmente vai ter os núcleos separados por ponto e vírgula. Estrutura da Tipicidade ou Estrutura dos Tipos Penais Grupos 1 - Tipos Ativos Dolosos 2 - Tipos Ativos Culposos 3 - Tipos Omissivos Dolosos 4 - Tipos Omissivos Culposos Estrutura da Tipicidade Ativa Dolosa Tipicidade Legal Tipicidade legal é adequação da conduta ao tipo penal descrito na lei em seus elementos explícitos e implícitos. A conduta está descrita na lei incluindo elementos implícitos? (Ex: dolo é implícito do homicídio) Elementos da Tipicidade Legal Tem-se tipicidade legal quando existe tipicidade objetiva e subjetiva. 1. Tipicidade Objetiva Tipo objetivo é o conjunto dos elementos descritivos e normativos do tipo penal. Sempre que a conduta preencher esse tipo objetivo, pode-se falar que existe tipicidade objetiva. 1.1 Núcleo Tipicidade indireta A conduta não corresponde ao núcleo, nesses casos o núcleo é substituído pela norma de extensão. Tipicidade se liga a norma de extensão e depois ao núcleo Acontece na tentativa de homicídio e na participação. 1.2 Elementos acidentais São todos os elementos descritivos e normativos que tem na função de delimitar a abrangência do tipo penal. Restringem abrangência do tipo penal; quanto mais elementos acidentais, mais restrito é o tipo (mais raro de acontecer e mais difícil de provar). 1.3 Resultado naturalístico Resultado naturalístico é a modificação objetiva do mundo exterior provocada pela conduta do agente e que com ela não se confunde. Só existem nos crimes materiais ou de resultado. Crime de mera conduta - não está presente o resultado. A mera prática da conduta é crime. Ex: dirigir embriagado. Crimes materiais ou crimes de resultado - além da conduta, é necessário o resultado para serem crimes. Ex: homicídio, lesão, aborto. É necessário que além de tentar matar, a morte seja consumada para que seja homicídio. 1.4 Nexo causal ou nexo de causalidade É a relação de causa e feito existente em a conduta do agente e o resultado naturalístico. Só existem nos crimes materiais ou de resultado. Nos crimes que tem resultado, só posso responsabilizar aquele que cuja conduta foi causa do resultado. Teoria da equivalência dos antecedentes ou da equivalência das causas ou Teoria Condition Sine Qua Non - o resultado não é decorrência de uma causa ou de um fator, decorre de várias causas. Existindo várias causas, todas contribuem de forma equivalente para o resultado. Todas as causas são igualmente importantes. Art. 13 CP O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera- se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.* * causa é tudo aquilo que sem aquilo, o resultado não teria acontecido. Se não é causa, não é crime. 1.4.1Processo de eliminação hipotética Ele é um método de raciocínio para olhar um caso concreto e observar o que é e o que não é causa. 1.4.1.1 Isolar Separa elementos. 1.4.1.2 Eliminar Elimina aquilo que foi isolado e se pergunta se o resultado se modifica ou não se modifica. Se modifica, é porque é relevante, então é causa. Regresso ao infinito - é uma consequência dessa teoria, cada causa, tem pelo menos uma causa até o infinito. Esse encadeamento de causas é uma corrente causal ou cadeia causal. Ex: A mata B com um revólver. A fabricação do revólver é causa, a invenção do revólver é causa, o nascimento de quem inventou o revólver é causa, etc. 1.4.1.3 Verificar Teoria da causalidade adequada Art. 13 CP parágrafo 1º $ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. Em situações de exceção, a conduta ainda que seja causa do resultado, é afastada por fato externo que muda radicalmente o cenário. Para usar essa teoria, o primeiro passo é isolar a conduta e verificar quais os resultados naturais/ previsíveis sem o fato externo. Ex: A dá um tiro em B e B morre de hemorragia (normal, previsível). A dá um tiro em B e B morre eletrocutado (não é normal) Se independente do fato externo, o resultado era previsível, mantém o nexo com a conduta, se não, é afastada a conduta. Aula - 03/03/17 1.5 Critérios de imputação objetiva Teorias da imputação objetiva Imputar significa atribuir algo a alguém. Essa teoria estuda quando se pode imputar um resultado jurídico a partir de parâmetros objetivos algo a alguém. Resultado jurídico é a ofensa ao bem jurídico. É a lesão ou o perigo de lesão ao bem jurídico. Quero saber quem eu posso responsabilizar e quais requisitos tenho que verificarpara responsabilizar esse alguém. Existem várias teorias sobre esse tema, mas observaremos a mais aceita de Claus Roxin. Sua teoria parte de dois conceitos de risco. Conceito: Risco São os perigos a bens jurídicos decorrentes das atividades humanas. Em todas as atividades há risco, mas existem leis para diminuir esses riscos Risco permitido: é todo aquele risco criado dentro dos padrões aceitos pelo direito. Risco proibido: riscos proibidos pelo direito A partir desses conceitos de riscos permitido e proibido que Claus Roxin desenvolve a Teoria da Imputação Objetiva. Critério 1 - Criação de risco proibido Só posso atribuir responsabilidade a alguém quando o sujeito praticou conduta com risco proibido. Pode ser a criação de um novo risco ou aumento de um risco já existente. Ex: crio um incêndio ou jogo gasolina em um incêndio que já existia. Não existe criação de risco proibido em 4 casos: - Quando a conduta do agente promove uma diminuição do risco Ex: A recebe tiros e precisa ser operado. Se a pessoa morre por causa da cirurgia, o médico não pode ser responsabilizado penalmente, pois sua conduta diminuiu o risco. - Substituição do risco por outro equivalente Alteram configuração dos fatos, sem alterar risco. Ex: há desmoronamento em trilho de trem. Funcionário da empresa de trens vê que um trem vai se chocar, muda de trilho, mas o outro também sofreu com desmoronamento. Não é responsabilizado. - Criação de risco permitido Só há responsabilidade em risco proibido. Ex: pessoas estava dirigindo carro em velocidade permitida e pessoa passa correndo na frente. Não é responsabilizado. - Criação de riscos juridicamente irrelevantes Um risco é irrelevante quando ele é extremamente improvável, imprevisível e incontrolável. São fatalidades, casos fortuitos. Ainda que gerem resultados, o sujeito não é imputável pelas consequências. Critério 2 - Realização do risco no resultado Para que se tenha responsabilidade jurídica , além de criar o risco proibido, é preciso que esse risco proibido se concretize e cause um resultado, seja o resultado uma lesão ou um perigo. Não existe realização do risco do resultado em 2 hipóteses: - Quando o resultado não é a realização do risco proibido criado. A conduta cria risco proibido e verifica-se que um resultado foi produzido. No entanto, é preciso observar se o resultado tem ou não relação com o risco proibido. Ex: estou dirigindo em alta velocidade, passo perto de um senhor que leva um susto e tem um infarto, não sou culpado. Dirigir em alta velocidade gera risco de atropelar alguém, não de matar alguém de infarte. - Quando o resultado não decorre diretamente do risco proibido criado. A conduta cria risco proibido e verifica-se que um resultado foi produzido. o resultado corresponde ao risco criado, mas é preciso verificar se o resultado decorre desse risco. É preciso se perguntar se o resultado aconteceria independentemente do risco proibido criado. Ex: estou dirigindo em alta velocidade (em 70km/h numa via de 40km/h) e atropelei um suicida que se joga de cima de uma arvore, e ele morre. Se o resultado morte é decorrente do excesso de velocidade (os 30km/h acima da velocidade), posso responsabilizar. Se a morte fosse ocorrer mesmo que ele estivesse a 40km/h, não posso responsabilizar o condutor. Essa resposta, geralmente será dada pela perícia. Proxima aula - trabalho Aula - 08/03/17 Não teve aula - tribunal do juri Aula - 10/03/17 Trabalho Aula - 15/03/17 2. Tipicidade Subjetiva Tipo subjetivo é o conjunto dos elementos subjetivos do tipo. Sempre que a conduta preencher os elementos subjetivos do tipo, pode-se falar que existe tipicidade subjetiva. Elementos da tipicidade subjetiva 2.1. Dolo Presente em todos os tipos ativos dolosos. A regra geral é que só existe crime, se existe dolo. Em razão do art. 18 parágrafo único, o dolo é implícito nos tipos penais Art. 18 CP Parágrafo único a Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. Art. 121 CP Parágrafo 3º Se o homicídio é culposo: - Pena - detenção, de um a três anos. - Aumento de pena Tipos culposos que podem ser punidos mais recorrentes: Homicídio Lesão corporal Receptação culposa Espécies de Dolo - Dolo direto Dolo direto é a consciência e a vontade de realizar os elementos objetivos do tipo Teoria da vontade: existe dolo quando o agente tem vontade, tem intenção, quer praticar o ato. Ex: matar alguém - matar (elemento obj.) + alguém (elemento objetivo) + consciência + vontade = homicídio com dolo direito Ex: furto - subtrair (elemento obj.) para si ou para outrem (elemento subj.) coisa (elemento obj.) alheia (elemento obj.) móvel (elemento obj.) Então furto com dolo direto = subtrair (elemento obj.) coisa (elemento obj.) alheia (elemento obj.) móvel (elemento obj.) + consciência + vontade Elementos do Dolo Direto - Elemento cognitivo Consciência Consciência é o conhecimento pelo agente daquilo que a sua conduta representa no mundo. É o sujeito saber o que está fazendo, compreender a sua conduta. No caso de matar alguém, é quando o sujeito sabe que sua conduta efetivamente mata alguém. É um conhecimento sobre a realidade, sobre o que o fato é, não é um conhecimento deontológico, não é um conhecimento jurídico, não é saber que o fato é proibido. À consciência se refere a prática do ato e não da ilicitude do ato. Ex: A porta droga, sabe que porta, mas acha que na quantidade que têm não é crime. Tem dolo direto. A porta droga, mas acha que é talco. Não tem dolo direto. - Elemento volitivo Vontade - Dolo eventual Dolo eventual é a representação e o consentimento com a possibilidade de realizar os elementos objetivos do tipo. Teoria do consentimento: representa e consente com a possibilidade de praticar a conduta típica Elemento cognitivo = Representação da possibilidade Previsão, cogitação que algo pode acontecer. Existe representação quando ao praticar conduta X eu imagino que algo pode dar errado e acontecer a possibilidade Y (realizar elementos objetivos do tipo). Não confundir representação ou previsão com previsibilidade. Não interessa se ele poderia ter previsto e sim se ele previu. O dolo surge do que é previsto. Elemento volitico = consentimento Estou disposto a correr esse risco, uma aceitação do risco. Geralmente está junto com a representação, no entanto em casos raros o sujeito representa, mas refuta/rejeita os riscos. Uma das situações, seria que o sujeito confia tanto na sua habilidade rejeitando os riscos. Ex: atirador de facas erra e mata a mulher Outra possibilidade, é o sujeito refletir sobre os acontecimentos e acreditar que nada vai acontecer , porque nunca acontece. Ex: ver celular enquanto está dirigindo 2.2. Elemento Subjetivo Diverso do Dolo Aula - 21/03/17 - 1ª aula 4MB matutino 2.2. Elemento Subjetivo Diverso do Dolo Às vezes encontra com o nome específico ou dolo especial, mas não é dolo e essa nomenclatura deve ser evitada. Presente apenas em alguns tipos ativos dolosos, mas nos que tem é indispensável Geralmente estão explícitos Elemento Subjetivo Diverso do Dolo pode ser: - Tendência Interna Transcendente (TIT) É o elemento subjetivo diverso do dolo presente em alguns tipos penais que exige que a conduta seja praticada com a intenção de atingir um determinado resultado. Geralmente descrevem uma conduta de fazer alguma coisa. No entanto, alguns tipos penais tem uma estrutura mais complexa, porque a conduta descrita será fazer algo com o fim de atingir um determinado resultado. Ex: art. 159 -sequestrar pessoa (fazer algo) com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate (fim). O que importa é a intenção. É um elemento subjetivo. O resgate não precisa ser pago, nem mesmo pedido, e ainda sim é sequestrose houver a intenção. Ex: associação criminosa: associar 3 ou + com intenção criminosa - Tendência Interna Peculiar (TIP) É o elemento subjetivo verso do dolo presente em alguns tipos penais que exige que a conduta seja praticada em razão de um estado anímico específico. Geralmente são tipos penais que exigem um motivo que já está presente no momento da conduta. Se refere a algo que aconteceu antes, não a algo que o agente quer que ocorra depois. Ex: matar alguém por motivo fútil Ex: matar alguém mediante paga ou promessa de dívida. (A promessa existe antes da conduta). Ex: Matar alguém mediante paga ou promessa de recompensa Se refere a algo que aconteceu antes, não algo que o agente quer que ocorra de depois. Aula - 22/03/17 Erro de tipo Divergência entre o que era desejado pelo agente e aquilo que acontece. Diferença entre a conduta desejada e a praticada. Grupos de Erro de Tipo Erro de tipo essencial Erro de tipo acidental Erro de tipo permissivo Erro de tipo essencial É o fenômeno que implica a ausência de dolo quando havendo uma tipicidade objetiva falta ou é falso o conhecimento da presença dos elementos objetivos do tipo no caso concreto. Quando o sujeito pratica uma conduta que preenche um tipo penal, no entanto, quando ele estava praticando a conduta, não tinha a consciência de pelo menos um dos resultados. Ex: dois amigos vão caçar. Um se fantasia de urso, o outro se assusta e mata o que se fantasiou. Objetivamente é homicídio, mas falta consciência. Ex: A envia via correio para B uma embalagem com drogas. Carteiro que faz entrega, objetivamente pratica crime de tráfico de drogas, mas falta elemento consciência. Ex: Vou a casa de alguém. Várias pessoas penduram seus casacos. Na hora de pegar o casaco, pego o casaco de outra pessoa achando que é o meu. Objetivamente é furto, mas falta consciência. Art. 20 CP O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui* o dolo, mas permite a punição por crime culposo**, se previsto em lei. * a lei fala que se excluiu o dolo, mas na verdade não há dolo. ** Apenas em alguns casos permite a punição por crime culposo. Erro Invencível/ Inevitável Erro de tipo invencível é aquele que o agente nas condições em que se encontrava não podia ter evitado, ainda que tivesse agido com toda a cautela juridicamente exigível. O agente imaginava que a realidade era diversa do que era de fatos. O erro invencível excluiu culpa e dolo. Não há nenhuma punição criminal. Ex: A envia via correio para B uma embalagem com drogas. Carteiro que faz entrega, objetivamente pratica crime de tráfico de drogas, mas falta elemento consciência. Erro Vencível/ Evitável É aquele que o agente nas condições em que se encontrava podia ter evitado caso tivesse agido com a cautela juridicamente exigível. O sujeito só cometeu por falta de cuidado, falta de atenção. Exclui o dolo, mas permite punição de crime culposo se previsto em lei. Ex: Vou a casa de alguém. Várias pessoas penduram seus casacos. Na hora de pegar o casaco, pego o casaco de outra pessoa achando que é o meu. Objetivamente é furto, mas falta consciência. Sujeito não tomou, todo o cuidado necessário, podia ter percebido que não era o casaco dele. Aqui não pode ser punido, pois não há furto culposo. Na prática, nos crimes sem forma culposa não faz diferença se é vencível ou invencível. ** no caso do urso, apesar de um cuidado ser exigido, ao observar o que seria exigido da pessoa Crimes com forma culposa - Homicídio - Lesão - Receptação Erro de tipo acidental: Divergência entre a conduta objetiva real e a conduta pretendida. O que acontece é diferente do que o sujeito queria ou pensava. 1. Erro sobre a pessoa - error in persona Art. 20 parágrafo 3º 3º - o erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. Só valem para crimes praticados diretamente contra a pessoa (homicídio, lesão) É o erro que ocorre quando o agente querendo praticar a conduta contra uma vítima determinada e acreditando estar agindo contra esta pratica a conduta contra pessoa diversa. Erro na identificação de quem é a vítima do crime. Ex: A queria matar o pai, mas mata vizinho. Não exclui o dolo e, consequentemente, não exclui o crime. No entanto, deve-se levar as características da vítima pretendida, não da pessoa atingida. Ex: A queria matar o pai, mas mata vizinho. Aplica-se agravante de matar ascendente/ descendente/cônjuge/irmão. Ex: A queria matar vizinho, mas mata pai. Não aplica-se agravante de matar ascendente Macete: agente é ruim de vista 2. Erro sobre o objeto Não é regulamentado na lei. Ocorre quando um sujeito queria praticar um crime contra um objeto determinado, mas acaba atingindo diverso. É o erro de identificação no objeto. Não se exclui o crime. O entendimento majoritário é que não se aplica por analogia o erro sobre a pessoa para o objeto. Se legislador quisesse que se aplica-se a mesma regra, deixaria explícito na lei. Então, na existência de erro sobre objeto deve- se levar em conta as características do objeto efetivamente atingido. Ex: A queria furtar um quadro de alto valor, mas acaba levando foto da família do sujeito que não tem valor econômico nenhum. Leva-se em conta o furto da foto e aplica-se princípio da insignificância. 3. Erro na execução - aberratio ictus Art. 73 Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no parágrafo 3º do art. 20 deste código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste código. Ocorre quando o agente querendo praticar o crime contra uma vítima determinada por erro ou acidente no uso dos meios de execução, atinge pessoa diversa. Só há erro na execução em relação a pessoas, deseja-se atingir uma pessoa, mas atinge-se outra. Sujeito identifica corretamente a pessoa, mas há um erro ou acidente que atinge pessoa diferente. Ex: A queria matar pai, mas erra o tiro e acerta o pipoqueiro. Macete: agente é ruim de mira A) Unidade Simples Situação na qual o sujeito não atinge a vítima pretendida e atinge apenas a vítima não pretendida. Tem um único resultado, então há um único crime. Aplicar regra art. 20 parágrafo 3º, leva-se em conta as características da pessoa pretendida. Ex: A queria matar pai, mas erra o tiro e acerta e mata o pipoqueiro. Há apenas um crime, o homicídio doloso do pipoqueiro levando em conta as características do pai, ou seja, há agravante de matar descendente. Ex: A queria matar pai, mas erra o tiro e acerta e o pipoqueiro que não morre. Há apenas um crime, a tentativa de homicídio do pipoqueiro levando em conta as características do pai, ou seja, pode ter agravante do pai. B) Unidade Complexa Atinge a vítima pretendida e também atinge a vítima não pretendida Tenho dois ou mais resultados, ou seja, dois ou mais crimes. Separar os crimes, e via de regra, tratar dolosamente o resultado produzido na vítima pretendida e culposamente o resultado da vítima não pretendida. Apenas o resultado contra a vítima pretendida leva em conta a característica da vítima pretendida. À única ressalva, é que se houver dolo eventual, será dolo para todos os resultados. 4. Resultado Diferente do Pretendido - aberratio criminis/ aberratio delicti Art. 74 CP Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o gente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste código. Ocorre quando o agente praticaa conduta querendo produzir um determinado resultado, mas por erro ou acidente nos meios de execução produz um resultado diverso do pretendido. O resultado tem uma diferença qualificativa. Ex: A quer atingir uma pessoa e atinge ou coisa, ou vice-versa. A) Unidade Simples Sempre que o agente não produz o resultado pretendido e produz apenas o resultado diverso do pretendido. Apenas um resultado, há apenas um crime. No resultado pretendido há uma tentativa, e no resultado diverso do pretendido há crime culposo. Como só ha um crime, via de regra só é levado em conta o resultado pretendido, o crime culposo, sendo absorvida a tentativa. Ex: A queria jogar pedra no ônibus, erra ônibus e acerta João. É lesão culposa e o dano é ignorado. Nos casos que não existe forma culposa: Se o resultado diverso do pretendido não for punível na forma culposa por falta de previsão legal, pune-se a tentativa de produzir o resultado pretendido. Ex: A queria jogar pedra em João, erra e acerta ônibus. É tentativa de lesão, ignora-se o dano porque não existe dano culposo. B) Unidade Complexa Produz resultado que pretendia e também o diverso do pretendido. Dois ou mais resultados, dois ou mais crimes. Vítima pretendida Vítima não pretendida Crime Não acerto Mato Homicídio doloso Não acerto Leso Tentativa de Homicídio Vítima pretendida Vítima não pretendida Crime Mata Mata Homicídio doloso + Homicidio culposo Mata Lesa Homicídio doloso + Lesão Corporal Culposa Lesa Mata Tentativa de Homicídio + Homicídio Culposo Lesa Lesa Tentativa de Homicídio + Lesão Corporal Culposa Via de regra, dolo no pretendido e culpa no não pretendido. Exceção: dolo eventual, é tudo eventual. Quando não há previsão de dolo culposo do resultado não pretendido, pune apenas o resultado pretendido. Ex: A queria jogar pedra em João. Além de acertar João, acerta ônibus. Responde por lesão corporal dolosa, e responderia por dano culposo. Como não há previsão legal de dano culposo, responde apenas por lesão corporal dolosa Aula - 28/03/17 Erro de tipo acidental: 5. Erro na causalidade - aberratio causae Não é regulado pelo código Pode ser usado para se referir a duas coisas diferentes: a) A primeira forma de erro na causalidade ocorre quando o agente pratica uma conduta visando a produção de um resultado e este se produz mediante uma causalidade diversa da prevista. Sujeito quer atingir o resultado e escolhe uma conduta que imagina que atingirá o seu objetivo. A conduta chega no resultado pretendido, mas por um caminho diferente. Ex: vou dar um tiro na cabeça de alguém, pessoa se levanta, acabo acertando pescoço, morre a caminho do hospital. Não exclui dolo, portanto não exclui crime. b) A segunda forma de erro na causalidade ocorre quando o agente pratica uma primeira conduta visando a produção de um resultado e após supor equivocadamente que ela se produziu, pratica uma segunda conduta, com finalidade diversa produzindo-se o resultado apenas em decorrência dessa. A pratica uma conduta querendo um resultado, não atinge o resultado, mas acha que atingiu. Achando que atingiu, pratica segunda conduta com outra finalidade, que por fim atinge o resultado pretendido. Ex: A atira em B. A acha que B morreu, mas não morreu. A enterra B, visando esconder o corpo, mas com isso acaba matando B. Conduta 1 - (tentativa de homicídio) Erro - não mata Conduta 2 - (homicídio culposo) Resultado - morte Como resolver? Zaffaroni - Depende: Dolus generalis é a existência desde o princípio da intenção de praticar as duas condutas. Existe dolus generalis quando o sujeito decide que vai praticar as duas condutas. Ex: A decidiu antes de fazer qualquer coisa que iria matar B e depois enterra-lo. Antes de mata-lo já tinha comprado pá e cavado a cova. O resultado é homicídio doloso, desconsidero o erro. Não existe dolus generalis quando o agente apenas decide praticar a segunda conduta após supor equivocadamente que o resultado já se produziu. Ex: A tenta matar B, acha que matou. Se desespera e decide enterrar. Vai no Balaroti compra pá, cava cova e enterra. B morre enterrado. São consideradas as duas condutas, a segunda sem dolo: tentativa de homicídio + homicídio culposo. Exclui-se o dolo da segunda conduta. Tipicidade Material É a relação de ofensividade existente entre a conduta do agente e o bem jurídico protegido pelo tipo. Se a conduta ofender o bem jurídico protegido, existe tipicidade material. Se não ofender, não existe tipicidade material e é um caso de atipicidade material. Ofensa abrange lesão e perigo de lesão ao bem jurídico. a) Não existe crime quando a conduta não gera nenhuma ofensa ao bem jurídico protegido pelo tipo. É uma conduta que preenche o tipo penal, mas não gera ofensa ao bem jurídico. Ex: porte de arma de fogo. A tem uma arma desmontada com peças faltantes no carro. Sem essas peças, a arma não atira. Não gera ofensa ao bem jurídico. b) Não existe crime se a conduta conduz a uma ofensa insignificante ao bem jurídico protegido. Princípio da insignificância. Ofensas que devem ser desconsideradas pelo direito. A lesão insignificante equivale a não existência de ofensa. Os crimes patrimoniais praticados com grave ameaça ou violência são considerados ainda que o dano patrimonial seja insignificante. Aula - 29/03/17 Trabalho 1- erro de tipo essencial - erro vencível - lesão corporal culposa Resultado diverso do pretendido - unidade complexa - dano culposo (não existe) 2 - erro sobre pessoa Erro na execução - unidade simples - homicídio doloso características do pai 3 - separar os dois crimes. Resolver primeiro o que acontece primeiro A morte da empregada - erro na execução com unidade simples - homicídio doloso com características da vítima pretendida Morte do carteiro - erro na execução com unidade complexa - homicídio doloso com características da vítima pretendida + homicídio culposo Aula - 04/04/17 Tipos Ativos Culposos Os ativos dolosos e culposos tem uma grande diferença. No doloso, o elemento central é o dolo (intenção), que é um elemento subjetivo. Já no crime culposo, o foco é um elemento objetivo, a intenção do agente é ignorada, observamos a maneira como o agente executa a conduta. Enquanto no crime doloso a conduta é incriminada por seu aspecto subjetivo, no crime culposo, ela é incriminada pelo seu aspecto objetivo. Definição de Culpa: é a violação de um dever de cuidado manifestada em uma conduta produtora de um resultado não desejado, nem consentido, mas objetivamente previsível. Culpa é uma violação de um dever de cuidado. Existem condutas que são lícitas, mas que se eu desejar pratica-las, devo cumprir algumas regras de cuidado. O agente tem deveres de cuidados. A culpa não está na conduta em si e sim prática dessas condutas sem cumprir o cuidado devido. Culpa expressa x Culpa implícita Os deveres de cuidado podem estar expressos (lei, portaria, etc.) Ex: dirigir é lícito, mas existem normas jurídicas que me dizem como devo dirigir, por exemplo, respeitar sinalização, limite de velocidade, etc. Posso também ter regras que não são expressas, não estão descritas no ato normativo, decorrem da natureza da atividade exercida. Apesar de não ter norma expressa, não significa que não seja um dever jurídico. Ex: cozinhar em casa, deixar cabo da panela virado para fora com crianças em cada. Não tem norma expressa contra isso, mas é um cuidado que se deve ter. Ex: guardar produtos de limpeza fora do alcance das crianças. Violação de cuidado não é crime em si mesma, só é crime quando produzem resultados. Esse resultado não era nem desejado (falta intenção), nem consentido (dolo eventual). O resultado tem que ser previsível, se o resultado for imprevisível não há culpa. Estrutura da tipicidade ativa culposa Tipicidade Material Igual em todos os tipos (igual doloso) TipicidadeLegal Tipicidade Subjetiva Não existe elemento subjetivo no elemento culposo Típico Objetiva Existem 5. Todas estão presentes em todos os crimes ativos culposos. 1 - Resultado naturalístico Diferente de resultado jurídico. Ex: se eu pulo um muro, não há resultado no mundo exterior, apenas no direito (invasão) Para existir culpa, tem de ter resultado real. Se não tem resultado, é apenas violação de dever de cuidado, não é crime. Preciso de um resultado, mas mais do que isso, preciso de um resultado específico. Tem que ter previsão de forma culposa*. Fator de azar: as mesmas condutas podem gerar resultados diversos, tendo ou não crime. Ex: A fura 10 sinais todos os dias, mas não produz resultado, não tem crime. B fura um único sinal, bate e mata alguém, é crime. Obs: Crime de embriaguez ao volante é um crime em si mesmo, crime doloso que não precisa de resultado. Mas se eu mato alguém, é homicídio culposo. *Responsabilidade culposa: lesão, homicídio, incêndio, epidemia. 2 - Nexo de causalidade Igual dos artigos ativos dolosos (rever lá). Art. 13 3 - Violação do dever de cuidado Só existe crime culposo se existe violação do dever de cuidar. Descumprimento de deve de cuidado ou inobservância do dever de cuidado. Se o sujeito, ao praticar a conduta, está cumprindo os deveres de cuidado, acontece um resultado, sujeito não pode ser culpado. A dificuldade da violação no dever de cuidado do caso concreto está em identificar se existiam deveres de cuidados, quais eram e se foram cumpridos. 3.1 Parâmetros para a verificação da violação do dever de cuidado A dificuldade da violação no dever de cuidado do caso concreto está em identificar se existiam deveres de cuidados, quais eram e se foram cumpridos. 3.1.1 Violação de norma jurídica de contenção de riscos Sempre que existir uma norma jurídica, uma norma expressa, criada com a função de conter riscos, essa norma está impondo um dever de cuidado. Ex: muitas (não todas) as regras de trânsito envolvem contenção de risco. Mesmo regra de estacionamento, podem envolver dever de cuidado. Ex: é proibido estacionar há menos de 3 metros da esquina. A estaciona a 1,5 da esquina. B tem que avançar seu carro devido a visibilidade reduzida, acaba atropelando ciclista C. A pode ser responsabilizado por homicídio culposo. 3.1.2 Violação de regulamentos técnicos ou desportivos Atividades específicas. Ex: medicina, engenharia. São técnicas porque o sujeito deve empregar técnicas corretas para realizar uma atividade técnica. Independentemente de norma escrita, tem que seguir a técnica. Entidades criam atos normativos, mas não necessariamente precisam estar descritas aqui. Vale também para tudo que diz respeito sobre a segurança no esporte. Cada modalidade esportiva se auto regulamenta Aula - 05/04/17 Não teve aula, prof. Doente. Aula - 11/04/17 3.1.3 Dever de informação e dever de omissão Relacionamentos com atividades que exigem do agente algum conhecimento. Exigem condutas que exigem do sujeito um determinado conhecimento para que ele posso exercer da forma correta. Ex: pilotar um avião. O sujeito que deseja praticar uma dessas atividades, mas não tem o conhecimento para realiza- las, deve se informar antes, obter conhecimento para a prática. Enquanto eu não consigo a informação, devo não praticar a conduta, esse é o dever de informação. Obtém informação suficiente Deve Obtém informação insuficiente Não obtém informação 3.1.4 Princípio da Confiança Aquele que age cumprindo os seus deveres de cuidado pode confiar que os outros também o farão. Sujeito só precisa agir corretamente, não precisa fiscalizar os outros. Quem cumpre seu dever de cuidado, pode confiar que os outros estão agindo corretamente. É aplicado nessas duas situações: Situação de cooperação Várias pessoas agindo em conjunto, exercendo uma atividade comum a elas, com divisão de tarefa. Cada um se preocupa em fazer a sua parte corretamente. Ex: equipe médica, equipe de construção civil. Situação de Várias pessoas agindo individualmente ao mesmo tempo. Cada um age sozinho, mas há interferência recíproca. Ex: trânsito. Exceções (não aplica princípio da confiança) A) Quando sujeito tem dever de fiscalização ou supervisão. Quem supervisiona, não pode confiar em quem é supervisionado. Ex: professor de auto-escola e aluno de auto-escola Agente Não Sabe Fazer Se Informar Pode Fazer Dever de Omissão B) Sempre que existem indícios concretos de que alguém violou, está violando ou irá violar seus deveres de cuidado. Ex: médico vê bisturi com sangue seco (não pode usar baseado no princípio da confiança). 4 - Relação de determinabilidade É uma relação ente a violação do dever do cuidado e o resultado naturalístico. Existe relação de determinabilidade quando a violação do dever de cuidado foi determinante para a ocorrência do resultado; não existe relação de determinabilidade quando o resultado se produziu independentemente da violação do dever de cuidado. Dessa forma, nem sempre que o agente viola o dever de cuidado e se produz um resultado, ele será culpado. Ex: sujeito está dirigindo acima da velocidade permitida. Criança estava brincando em árvore, cai. Ele atropela. O resultado acontece ou não em razão do excesso de velocidade? Deve ser chamada a perícia. Se ocorreu em razão da velocidade acima (os 10km acima da velocidade por exemplo), tem crime culposo. Se não, não existe crime culposo. 5 - Previsibilidade objetiva É a possibilidade que o agente ou qualquer outra pessoa nas mesmas condições tinha de prever a possibilidade da ocorrência do resultado como consequência de sua conduta. Preciso saber se o agente tinha condições de prever. Não interessa se de fato ele previu ou não. Previsão X Previsibilidade Já no dolo eventual é indispensável a previsão (pessoa tem que prever), no culposo a previsão é indispensável, mas a previsibilidade é indispensável. Previsível - Previsão = Culpa inconsciente Ex: pai deixa a criança no sofá, não imagina que ela ia cair. Previsível + Previsão - Consentimento = Culpa consciente Ex: pai deixa a criança no sofá, pensa que criança pode cair, mas pensa que vai ser rápido, ela não vai cair. Previsível + Previsão + Consentimento = Dolo eventual Ex: pai deixa a criança no sofá, imagina que criança pode cair, e pensa "se cair melhor, aprende" *** situações imprevisíveis não geram crimes culposo. Aula - 12/04/17 Prova Aula - 18/04/17 Correção da prova 1 descrição da conduta relevante para o direito penal na lei 2 ambos são ativos e dolosos. resultado só é necessário em crimes materiais. 3 4 5) a) querer é dolo direto b) além da criação de risco, precisa prever e consciência c) isso seria a culpa, para ser dolo eventual precisa da previsão e consentimento 6) Erro essencial, modalidade invencível (não era exigível pelo direito que ele abrisse o envelope), exclui dolo e culpa. 7) 8) Não é típica. Tem tipicidade legal, mas falta tipicidade material devido à princípio insignificância. 9) Não, falta relação de determinabilidade. Não pode falar de nexo de causalidade, pois ha nexo entre dirigir e o acidente Aula - 19/04/17 Modalidades de culpa São formas de violação de um dever de cuidado Art. 18 II CP Art. 18 - Diz-se o crime: II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. Imprudência Culpa ativa. Agir com excesso. Fazer mais do que aquilo que é permitido ou fazer algo que não era permitido. Ex: dirigir acima da velocidade permitida, ultrapassagem em local não permitida. Negligência Culpa omissiva. Fazer menos do que aquilo que era devido ou não fazer aquilo que era obrigatório. Ex: sujeito não liga os faróis dirigindo a noite Imperícia Falta de perícia. Falta de conhecimento técnico, especializado. Sujeito pratica conduta sem osconhecimentos necessários para praticá-lo. Ausência de conhecimento. Também pode aparecer quando sujeito tem o conhecimento, mas usa o conhecimento errado ou viola uma técnica, descumpre. Concorrência de culpas Duas ou mais pessoas contribuem culposamente para a ocorrência de um mesmo resultado. Então duas ou mais pessoas violam dever de cuidado e suas ações juntas levam a um resultado. Todos aqueles que concorrem para um resultado, serão imputados pelo resultado. Ex: durante a noite um motorista está dirigindo com faróis apagados, atravessa sinal verde, mas outro veículo fura o sinal e lhe acerta. Ambos serão responsáveis Ambos violaram dever de cuidado. A responde por lesão corporal de C e homicídio culposo de D. B responde por lesão corporal de A, lesão corporal de C e homicídio culposo de D. *Não há crime contra si mesmo. Crime no qual só a vítima é culpada. Naquele caso, se apenas um motorista violasse dever de cuidado e fosse a única vítima. Crimes Omissivos Omissão é descumprimento de norma impositiva. Omissão é um estado jurídico, não um estado físico. Opõe-se ao Crime ativo - norma proibitiva CARRO 1 Motorista A (Lesão corporal) Passageiro C (Lesão corporal) COLISÃO Ambos violam dever de cuidado CARRO 2 Motorista B (Nada) Passageiro D (Morre) Crimes ativos estão sempre ligados a uma norma penal incriminadora proibitiva, uma norma que diz para o sujeito não fazer, pune quem faz. Cada norma proibitiva proíbe uma conduta, sendo todas outras condutas permitidas. Norma impositiva/ mandamental Norma que manda fazer algo, obrigada prática de conduta. Pune-se quem não faz. Violação de normas impositivas geram crimes omissivos. Torna todas as outras proibidas. A norma impositiva é muito mais dura que a proibitiva, por isso existem muito mais normas proibitivas do que normas impositivas. Ex: Omissão de socorro - é obrigado a prestar assistência sempre que não colocar em risco. Art. 135 CP Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir; nesses casos, o socorro da autoridade pública. Modalidades de Crimes Omissivos Omissão própria Está relacionada com as normas impositivas contidas em um tipo omissivo. Violação de tipo omissivo. Geralmente começam com expressão "deixar de ...". Ex: art. 135 Características da Omissão Própria 1. Sempre traz crime que não exige resultado naturalístico. Nos crimes omissivos próprios pune-se a própria omissão. Ex: na omissão de socorro do art. 135, a mera omissão é crime, não precisa ter resultado nenhum. 2. Dever geral de solidariedade. É um dever imposto a todos. As normas impositivas criam deveres gerais de solidariedade. Alguns deveres gerais recaem sobre todo mundo, outros recaem sobre grupos de pessoas (ex. Médicos). Ex: Art. 269 CP Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Aula - 26/04/17 Faltei Omissão imprópria - n. Impositiva contida em um tipo ativo - n. Proibitiva - manda não fazer - pune quem faz - CR ativo Tipo ativo - n. Impositiva - mandou fazer - pune quem não faz - CR omissivo impróprio 2º dever agir para evitar a ocorrência de um resultado. Garante ou garantidor Omissão e ocorrência do Resultado Pune-se pelo resultado como se tivesse ativamente causado Estrutura da tipicidade na omissão própria TL - elementos comuns - 1/ 2 /3 (igual próprios) - elementos subjetivos T TM = Elementos comuns: aparecem na omissão própria e imprópria 1 - Situação típica = é a situação fática que faz que determinada norma impositiva incida no caso concreto, tornando devida determinada conduta pelo sujeito. S/ situação típica não há dever. 2 - possibilidade física de agir = 3 - exteriorização de conduta diversa = sujeito que tem dever de fazer algo, faz algo diferente, ou seja, descumprimento da norma impositiva. Elemento subjetivo Dolo Presente nos crimes dolosos. Tem de existir dolo do resultado. Para que tenha dolo na omissão imprópria o sujeito tem que ter dolo direto ou eventual de produzir o resultado. Sujeito se omite para produzir o resultado (dolo direto), ou, no mínimo, consente para produzir o resultado (dolo eventual). Ex 1: João, salva-vida, vê seu inimigo Carlos se afogando no mar. João deixa Carlos se afogar porque quer que ele morra. Atribui resultado dolosamente (dolo direto). Ex 2: João está com preguiça de ir trabalhar. Ele pensa que existe a possibilidade de alguém morrer porque ele não vai, mas mesmo assim decide não ir. João representou e consentiu com a possibilidade de acontecer uma morte. Atribui resultado dolosamente (dolo eventual). Culpa - nos crimes culposos Ex: João acorda e vê que está muito frio. Pensa que ninguém vai para o mar com esse frio. Decide voluntariamente não ir, certo que ninguém irá à praia. Uma pessoa vai lá e morre afogada. Atribui resultado culposamente (era previsível) Aula - 02/05/17 Antijuridicidade Tipicidade deve ser analisada antes da antijuridicidade. Dessa forma, somente condutas típicas serão analisadas. Antijuridicidade é a relação de contrariedade existente entre a conduta do agente e o ordenamento jurídico compreendido na sua totalidade. Saio da relação tipo e conduta e passo para relação entre conduta e direito. Uma conduta é antijurídica quando ofende o ordenamento jurídico. Uma conduta não é antijurídica quando está conforme, em harmonia com o direito. Antijuridicidade é a mesma coisa que ilicitude. A conduta que não é a antijurídica é chamada de conduta lícita ou permitida. Toda conduta típica viola uma norma jurídica, dessa forma, via de regra, toda conduta típica é antijurídica. Ela só vai ser lícita quando existir uma norma permissiva. Normas permissivas são aquelas que derrogam uma norma incriminadora tornando lícita a prática de uma conduta típica sob determinadas circunstâncias. Abrem exceções das condutas típicas. Derrogação - norma especial derroga norma geral. Tira parcialmente a validade da norma. Ex: aborto é proibido em todos os casos. No entanto há regra que permite que se pratique aborto caso não existe outra maneira de salvar a vida da gestante. Ex: legítima defesa. Permite praticar lesão corporal em circunstâncias específicas. Causas excludentes das Antijuridicidade Também chamadas de causas justificantes ou causa de justificação São os conjuntos de circunstâncias que fazem que uma norma permissiva incida sobre um caso concreto. Causa legal: causa que está expressão positivada na lei. - Legitima defesa (regulamentado no art. 25) - Estado de necessidade (regulamentado no art. 24) - Estrito cumprimento de dever legal (aberto, não regulamenta seu funcionamento, não diz o que é estrito cumprimento de dever legal) - Exercício regular de direito (aberto, não regulamenta seu funcionamento, não diz o que é estrito cumprimento de dever legal) Art. 23 CP Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. Art. 24 CP Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. Art. 25 CP Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Causas supralegais: não tem previsão legal expressa. Não prevista em lei, mas que em alguns casos atua comoexcludente. Consentimento do ofendido: Ex: tatuagem seria lesão corporal, mas como é consentido não é. Mecanismos pré-ordenado de defesa: Ex: colocar vidro no muro, colocar cachorro para defender casa. Aula - 03/05/17 Trabalho 3 1 - crime de omissão imprópria - deixar de notificar doença de notificação compulsória, não precisa de resultado. Decorre de geral de responsabilidade. Praticou crime do artigo 269 2 - garante contratual, se omite, ocorre resultado. Garante responde pelo resultado, no caso subtração, crime de furto. No entanto não há o elemento dolo (nem deseja nem consente). Não vai responder por crime pois não há forma culposa de furto. Aula - 09/05/17 Consentimento do ofendido Consentimento do ofendido é um ato pelo qual o titular do bem jurídico consente/ autoriza com a prática de uma conduta ofensiva a esse bem jurídico. Via de regra, o consentimento do ofendido produz exclusão de antijuridicidade. Em alguns casos, o consentimento age como causa de excludente de tipicidade. Alguns tipos penais tem a seguinte elementar dentre suas elementares: "sem consentimento do ofendido". O tipo penal pode ter essa elementar expressa ou implicitamente. A presença do consentimento nesses casos retira uma elementar do tipo retirando a tipicidade, então a conduta se torna atípica. Ex: Crime de aborto provocado por terceiro: Art. 125 CP Provocar aborto, sem o consentimento da gestante. Violação de Domicílio - está implícito a necessidade de não ter consentimento Art. 150 CP Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências. Violação de correspondência - está implícito a necessidade de não ter consentimento Art. 151 CP Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência fechada, dirigida a outrem. Vários tipos que trazem verbo "constranger" implicam na falta de consentimento, pois constranger significa obrigar, forçar contra a vontade. Ex: estupro. Crimes que não têm a elementar "sem consentimento do ofendido", a falta de consentimento no lugar de excluir a tipicidade, vai excluir a antijuridicidade. Ex: pessoa capaz me pede para dar um soco nela. O consentimento dela exclui a antijuridicidade. Outro exemplo, pessoa pede para destruir alguma coisa. O consentimento dela exclui a antijuridicidade. Requisitos para que consentimento produza efeitos 1) Consentimento pelo titular do bem jurídico Somente o titular pode consentir. Por isso, consentimento nunca vai envolver bens jurídicos coletivos. 2) Disponibilidade do bem jurídico Via de regra, bens jurídicos são disponíveis. No entanto, existem duas exceções. Vida A vida é um bem jurídico indisponível, dessa forma, não produz nenhum efeito o consentimento. Integridade Física Integridade física = corpo + saúde A integridade física é relativamente indisponível, ou seja, sua disponibilidade é limitada. A integridade física pode ser violada com nesses casos: Exigência médica Art. 13 CC Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo quando importar diminuição permanente da integridade física*, ou contrariar os bons costumes. Transplante Transplante só pode ser de partes que se regeneram ou órgãos que temos em duplicidade. Art. 13 CC Parágrafo único Parágrafo único. O ato previsto nesse artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial. Esterilização voluntária 3) Capacidade jurídica para consentir O consentimento só é válido quando é dado por capaz. Essa regra deve ser vista sob ótica de bom senso. Ex. Adolescente de 15 anos convida colega para ir na sua casa. Apesar do seu consentimento ser inválido, não se pode considerar que seu colega está invadindo domicílio. Em geral veda consentimento de menores de 18 anos, com exceção de exercício sexual. Consentimento é inválido apenas para menor de 14 anos. Art. 217 A CP Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos. 4) Manifestação livre do consentimento Expressão da autonomia da vontade. Consentimento via coação, indução ao erro torna consentimento inválido. 5) Correspondência entre o ato consentido e o ato praticado O consentimento deve ser em relação a um ato minimamente determinado. 6) Consentimento anterior ou simultâneo ao ato Consentimento posterior não produz efeito, não exclui nem tipicidade nem antijuridicidade. 7) Elemento subjetivo É o conhecimento pelo autor da conduta da existência do consentimento. Aula 10/05/2017 Legítima defesa Reação lícita a uma agressão ilícita. Agressão ilícita = agressão injusta - ofende o direito e ofende um bem jurídico. Direito permite que qualquer pessoa intervenha para impedir a ofensa do bem jurídico. Visa proteção das normas e do bem jurídico. É lícita porque atinge resultados juridicamente desejáveis: proteção das normas e do bem jurídico. Ela impede que uma ofensa chegue a suas últimas consequências. Art. 25 CP Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Finalidade da Legítima Defesa Considera-se em legítima defesa quem usando moderadamente os meios necessários repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Finalidade da legítima defesa: repelir. injusta agressão. Repelir é interromper e fazer cessar. Finalidades que não são da Legítima Defesa A legítima defesa não tem finalidade sancionatória, não é castigo, não é fazer o sujeito pagar pelo o que ele fez. Quem aplica a sanção é o Estado que não pode delegar. A legítima defesa não tem finalidade preventiva. Não tem carácter educatório . Requisitos da Legítima Defesa São necessários cinco requisitos. 4 expressos no art. 25 e o outro implícito. 1) Agressão injusta Agressão Só existe legítima defesa se existir injusta agressão. Agressão deve ser entendida como conduta humana. Só existe legítima defesa como reação de uma conduta humana. Então não existe legítima defesa contra ataques de animais, fenômenos da natureza. Ex: se alguém for atacado por cachorro e machucar o cachorro não é legítima defesa. Obs. Atos gerados quando a pessoa está inconsciente NÃO é considerado conduta. Não entra aqui sujeito alcoolizado, sob efeito de entorpecentes etc. Ex: sonambulismo. Injusta Injusta significa que o ofensor deve praticar uma conduta ilícita. Não existe legítima defesa como resposta a ação lícita. Ex: oficial de justiça tem mandato para pegar carro. Dono do carro não pode agredir oficial para defender seu bem. 2) Agressão atual ou iminente Agressão atual é aquela que está acontecendo, ou seja, que já se iniciou e ainda não se encerrou. Está acontecendo no presente. Se a agressão ainda não começou ou já terminou, não é legítima defesa. No entanto, abre-se a possibilidade de legítima defesa contra agressão iminente. Para que seja iminente, tem que ser extremamente provável é poder acontecer a qualquer momento. Não seria exigível que ela esperasse o resultado. Ex: Situação de faroeste. Não precisa esperar o outro cowboy atirar. Nunca existe legítima defesa depois que a agressão terminou. 3) A Direto próprio ou alheio Legítima Defesa Própria Quando sujeito atua em defesa própria Legítima Defesa de Terceiro Quando sujeito atua em defesa de terceiro. Agressão injusta + Agressão atual ou iminente + a defesa de direito próprio ou alheio = causa Causa = Situação justificante Fato que quando acontece faz nascer o direito de agir em legítima defesa. 4) Uso moderado dos Meios Necessários Tudo aquilo que for necessário. Se existirem dois ou mais meios suficientes, devo usar o meio menos lesivo. Uso moderado do meio é o uso suficiente para repelir. O exigível é que não se faça nada evidentemente desnecessário e/ou excessivo 5) Elemento subjetivoO sujeito que está agindo em legítima defesa deve saber que está agindo em legítima defesa. Aula 16/05/17 Estado de necessidade Situação de perigo independentemente da fonte do perigo. Se aplica a toda situação que não se aplica a legitima defesa. Protejo um bem jurídico ofendendo outro. Finalidade: Salvar. (Na legítima defesa era repelir) Art. 24 CP Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. $ 1º não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo $ 2º Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. Vai ser lícito quando estiverem presentes os requisitos de estado de necessidade. Elementos ou Requisitos do Estado de Necessidade. 1 - Situação de Perigo Atual a Direito Próprio ou Alheio Qualquer causa, qualquer fonte. Não precisa ter ação humana. Não ajo contra pessoa/fonte causadora do perigo e sim contra o perigo em si. O perigo já precisar existir, não significa que precisa já ter lesão 2 - Não provocação voluntária do perigo Quem criou o perigo por sua vontade está excluído do estado de necessidade. Quem cria o risco vira garante. Ex: solto cachorro em crianças que estão me incomodando. Acho que as crianças iam correr, mas uma congela. Dou um tiro no cachorro. Vou responder pelo tiro, não posso configurar como estado de necessidade. 3 - Inevitabiliade do perigo por outro meio menos lesivo Posso lesar um bem para salvar outro? Sim se for a única forma. Se tenho opções, tenho que escolher a menos lesiva. 4 - Ponderação entre os bens jurídicos em perigo Se o bem jurídico a ser lesado vale mais que outro, deve-se suportar o seu sacrifício. Ex: tem 15 crianças passando enquanto estou dirigindo. Ou bato o carro na árvore ou atropelo 15 crianças. Tenho que suportar bater o carro (lesão a patrimônio). - Caso 1: leso um bem menor, salvando um bem maior Lícito Ganho de proteção nos bens jurídicos. Ex: Leso patrimônio para salvar vida. - Caso 2: leso um bem maior, salvando um bem menor Ilícito Perda de proteção nos bens jurídicos. Ex: Leso vida para salvar patrimônio. - Caso 3: lesar e salvar patrimônio de valores semelhantes Não há estado de necessidade para bens do mesmo valor Ex: o caso dos náufragos ou o caso da tábua de salvação. Um navio naufraga. Salvam-se duas pessoas, mas há apenas uma boia que suporta apenas uma pessoa. Se eu matar a outra pessoa para ficar com a boia, não é estado de necessidade. Aula 17/05/17 Faltei Aula 23/05/17 4) Excesso exculpante Exculpar: retirar culpabilidade. Os atos praticados em excesso, são ilícitos, mas excluem a culpa. Quando decorrem de susto, medo ou perturbação psíquica Ex: caso marido Ana Hickman Culpabilidade Culpabilidade como elemento do crime. Juízo de reprovação. 3 Teorias da Culpabilidade 1) Teoria Psicológica da Culpabilidade Para a teoria psicológica a culpabilidade é composta apenas por elementos psicológicos = elementos subjetivos. A culpabilidade é composta por dois elementos: dolo nos crimes dolosos e culpa nos crimes culposos. Nosso ordenamento, entende que dolo e culpa fazem parte da tipicidade. 2) Teoria psicológico-normativa Para essa teoria a culpabilidade é composta por elementos psicológicos e por elementos normativos 3) Teoria normativa da culpabilidade Nessa teoria, a culpabilidade é composta por elementos apenas normativos. Frank, alemão, encontrou contradição na lei penal alemã. Culpar: atribuir culpa, conduta reprovável. Requisitos da culpabilidade Para que eu possa reprovar algo, preciso de dois requisitos: 1) Possibilidade de compreender a norma jurídica As pessoas precisam conhecer e compreender a norma. 2) Possibilidade concreta de cumprir a norma ex: A tinha que entregar documentos na Receita Federal, mas não consegue porque é atropelado e fica em coma. Culpabilidade Sabe que é proibido + escolhe a conduta contra a norma = reprovação Reprovável é o agente, não a conduta, pois o agente que pode conhecer a norma e escolher não segui-la. No entanto, reprovo o sujeito por algo que ele faz e não pelo o que ele é. É o juízo de reprovação que recai sobre o autor de uma conduta típica e antijurídica porque podendo compreender a ilicitude do fato e podendo cumprir a norma jurídica ainda assim optou por prática-la. Elementos da culpabilidade 1) Imputabilidade Imputar: atribuir responsabilidade. Imputável é a capacidade de ser responsabilizado. Inimputabilidade é a ausência de imputabilidade. Capacidade cognitiva: capacidade de compreender a ilicitude dos seus atos. Capacidade de julgamento dos próprios atos. Capacidade volitiva: capacidade de se autodeterminar a partir da compreensão da ilicitude. Capacidade de auto-controle. Todas as pessoas que tem saúde mental e nível de maturidade tem essas duas capacidades (cognitiva e volitiva), presumida nas pessoas adultas. Aula 24/05/17 Inimputabilidade a) Menoridade São penalmente inimputáveis os menores de 18 anos. Essa é uma regra absoluta, gera presunção absoluta, a única regra absoluta de inimputabilidade. Nesse caso, lei adota critério biológico de inimputabilidade. Art. 27 CP Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. Art. 228 CF São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas de legislação especial. b) Doença mental, desenvolvimento mental incompleto e desenvolvimento mental retardado É isento de pena = é inimputável. Não é regra absoluta, nem todos que tem doença mental ou desenvolvimento mental ou incompleto são inimputáveis, depende da perícia para observar seu estado mental no momento da prática do fato. O que importa é o estado do sujeito no momento da prática do crime, não importa sua capacidade durante o julgamento. Precisa de requisito causal e de requisito consequencial. Em razão do requisito causal, agente deve ser desprovido totalmente da capacidade volitiva e/ou cognitiva. Precisa que pelo menos uma capacidade esteja completamente afetada. Aqui se adota um sistema/critério biopsicológico Art. 26 CP É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardo, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Semi-imputabilidade Quando pelo menos uma das capacidades estava parcialmente afetada. Indivíduo só irá ser imputável quando tiver ambas capacidades completas. Art. 26 CP Parágrafo único: A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. c) Embriaguez completa involuntária Via de regra, embriaguez não exclui imputabilidade. Embriaguez é a perturbação do sistema nervoso central provocada pela ingestão de álcool ou substâncias de efeitos análogos. É um intoxicação que promove a alteração no sistema nervoso central. Não necessariamente precisa ser embriaguez alcoólica, pode ser por medicamentos não controlados que geram esse mesmo efeito (ex. antialérgico). Essa regra não se aplica para perturbações provocadas por drogas ilícitas e medicamentos controlados (tem regra própria). Para que sujeito seja inimputável por embriaguez incompleta, precisa perder pelo menos uma das capacidades completamente durante a ação. Aqui se adota um sistema/critério biopsicológico Embriaguez completa: Depressão, confusão mental, freio ilibitório. Para que seja completa, só precisaestar no estágio da depressão. Embriaguez involuntária: embriaguez decorre de caso fortuito ou força maior. Embriaguez Involuntária por Força Maior Na embriaguez involuntária por força maior, não existe ingestão voluntária da substância. Ex: funcionário que limpa containers usa produto com álcool no vap que cria fumaça alcoólica. Ele usa máscara para se proteger do álcool, mas a máscara estava com defeito. Embriaguez Involuntária por Caso fortuito Sujeito ingere substância sem saber que essa substância pode embriaga-lo. Ex: interações medicamentosas. Ex: bebe bebida alcoólica sem saber que tem álcool. Art. 28 CP II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Assim como no caso da doença mental, também tem semi-imputabilidade. Art. 28 CP § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. d) Dependência psicológica e drogadição involuntária Art. 45 11.343/2006 Lei de droga As drogas são definidas pela portaria 344/98 SVS/M. Medicamentos controlados estão incluídos nessa regra. A grosso modo, a dependência psicológica é tratada como doença mental. Trata ingestão involuntária de droga da mesma que embriaguez. ex: interação entre medicamentos controlados. Ex: alguém coloca uma droga na bebida do sujeito sem que ele saiba. Para que sujeito seja inimputável por dependência ou drogadição involuntária, precisa perder pelo menos uma das capacidades completamente durante a ação. Aqui se adota um sistema/critério biopsicológico Art. 46 11.343/2006 - regra de semi-imputabilidade 2) Potencial consciência da ilicitude 3) Exigibilidade de conduta conforme o direito Aula 30/05/17 2) Potencial consciência da ilicitude Art. 21 CP O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminui-la de um sexto a um terço. Conhecimento da lei: Desconhece tratamento jurídico, legal que é dado para um fato. Irrelevante. Consciência da ilicitude: Compreender que aquela conduta é contrário ao direito, mas em sentido amplo. Não precisa de conhecimento jurídico específico. Nesse sentido, observar essas três situações: 1) Sujeito tem consciência da ilicitude. A mais comum. Será culpado. 2) Sujeito não tem consciência da ilicitude, mas tem potencial consciência da ilicitude Não sabia, mas tinha condições de saber. Se o sujeito através de suas experiências sócio- culturais, poderia refletir, tinha condições de ter a consciência sobre a ilicitude. Tem erro de proibição direta vencível. É possível punir criminalmente o sujeito que não tenha consciência da ilicitude? Sim, desde que ele tenha potencial consciência da ilicitude. 3) Sujeito não tem consciência da ilicitude e não tem nem potencial consciência da ilicitude Não tinha consciência, nem alguma possibilidade concreta de ter consciência. Não é imputável. Tem erro de proibição direta invencível. 1 - O sujeito tinha razão para refletir sobre a ilicitude? Se o sujeito não tinha nenhuma condição de refletir sobre a ilicitude da sua conduta, o erro é invencível. Se o sujeito tinha condição de refletir, o erro é vencível. Situações que geram motivos para refletir: a) quando alguém provoca o sujeito a refletir b) sujeito sabe que está fazendo algo que lesa alguém ou a coletividade c) praticar um conduta em área que sabe ser regulada 2 - O sujeito realizou esforços suficientes para descobrir se a conduta era ilícita? Se o sujeito fez esforços suficientes para descobrir a ilicitude, o erro era invencível. Se o sujeito não fez esforços suficientes, o erro é vencível. 3 - O sujeito tinha ou não tinha condições de obter a consciência correta caso tivesse realizado esforços suficientes? Não - invencível Sim - vencível 3) Exigibilidade de conduta conforme o direito Exigibilidade de conduta diversa Via de regra, existe exigibilidade de conduta conforme o direito, exigir que as normas sejam cumpridas. Inexigibilidade de conduta conforme o direito Sempre que houver uma situação que torne o cumprimento da norma impossível ou extremamente oneroso, a conduta conforme o direito deixa de ser exigida. O cumprimento da norma traz sofrimento para o sujeito. O código penal traz dois casos de inexigibilidade da conduta, mas não necessariamente são só esses dois. Ex: furto famélico Casos na lei: a) Coação moral irresistível Coação moral é tudo aquilo que pressiona a mente de alguém, reduzindo ou suprimindo a sua liberdade de decisão para condiciona-lo a praticar determinada conduta. A coação moral irresistível retira do sujeito a possibilidade de escolha. Por isso, é excluída a culpabilidade do coagido. A culpa é transferida para o autor da coação. b) Obediência hierárquica Sujeito tem consciência da ilicitude Sujeito tem potencial consciência da ilicitude Não existe erro de proibição direta Sujeito tem culpabilidade Sujeito não tem consciência da ilicitude Sujeito tem potencial consciência da ilicitude Existe erro de proibição direta vencível Sujeito tem culpabilidade com redução de pena 1/6 a 1/3 Sujeito não tem consciência da ilicitude Sujeito não tem potencial consciência da ilicitude Existe erro de proibição direta invencível Sujeito não tem culpabilidade Não existe culpabilidade no agente que pratica a conduta no cumprimento de uma ordem não manifestadamente ilegal proferida por seu superior hierárquico. Manifestadamente ilegal: subordinado tem certeza que ordem é ilegal. Ele e superior podem ser punidos. Não manifestadamente ilegal: ordem é ilegal, mas tem aparência de ser legal. Subordinado não pode ser punido, somente superior. Ex: sujeito recebe ordem de destruir documentos Art. 22 CP Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestadamente ilegal, do superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem Aula 31/05/17 Faltei Requisitos da tentativas Aula 06/06/17 Tentativa Necessário que o crime não se consuma por circunstâncias alheias a vontade do agente Abandono da vontade de consumar O crime pode não se consumar devido ao abandono da vontade de consumar o crime. O que impede a consumação é o abandono da vontade e não uma circunstância alheia da vontade. Nesse caso não há tentativa e se aplica regra do art. 15 Cp. Agente não responde pela tentativa, é apenas punido pelos atos consumados Art. 15 CP O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. Ex: dou tiro em alguém, se fere, mas não morre, desisto de dar mais tiros. Não sou imputado por tentativa de homicídio, apenas por lesão corporal. Ex: decido furtar a casa de alguém. Quebro uma janela, entro na casa, mas descubro que é do meu ídolo de infância. Desisto de roubar. Não respondo por tentativa de furto, apenas por invasão de domicílio e dano. Desistência voluntária Desiste de prosseguir quando era necessário prosseguir para consumar crime. Garante que crime não se consume Arrependimento eficaz Sujeito já fez tudo que precisava ser feito. Se agente quiser parar o resultado, tem que fazer algo para impedir o resultado, tenho que reverter o que eu já fiz. Se não for eficaz o arrependimento, ou seja, se ainda sim o resultado é gerado, agente é imputado com o crime consumado. Ex: dei vários tiros na pessoa,
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