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Direito Civil - Pablo Stolze - Aula 14

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INTENSIVO REGULAR ROTATIVO 
 Disciplina: Direito Civil 
 Aula 14 
 Prof.: Pablo Stolze 
 Datas: 30/10/2007 e 01/11/2007 
 
1 
Material disponibilizado pelo Professor: 
 
 
BANCO DE JURISPRUDÊNCIA 
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
PROF. PABLO STOLZE GAGLIANO 
 
 
 
1. DANO MORAL 
 
 
A indenização por dano moral não está sujeita à tarifação prevista na Lei de Imprensa. 
(Súmula 281, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 28.04.2004, DJ 13.05.2004 p. 200) 
 
A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. 
(Súmula 227, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 08.09.1999, DJ 20.10.1999 p. 49) 
 
São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato. 
(Súmula 37, CORTE ESPECIAL, julgado em 12.03.1992, DJ 17.03.1992 p. 3172, REPDJ 19.03.1992 
p. 3201) 
 
CIVIL. DANOS ESTÉTICOS E MORAIS. CUMULAÇÃO. Os danos estéticos devem ser indenizados 
independentemente do ressarcimento dos danos morais, sempre que tiverem causa autônoma. 
Recurso especial conhecido e provido em parte. 
(REsp 251.719/SP, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, TERCEIRA TURMA, julgado em 25.10.2005, DJ 
02.05.2006 p. 299) 
 
Separação judicial. Proteção da pessoa dos filhos (guarda e interesse). Danos morais (reparação). 
Cabimento. 
 1. O cônjuge responsável pela separação pode ficar com a guarda do filho menor, em se tratando 
de solução que melhor atenda ao interesse da criança. Há permissão legal para que se regule por 
maneira diferente a situação do menor com os pais. Em casos tais, justifica-se e se recomenda que 
prevaleça o interesse do menor. 
 2. O sistema jurídico brasileiro admite, na separação e no divórcio, a indenização por dano moral. 
Juridicamente, portanto, tal pedido é possível: responde pela indenização o cônjuge responsável 
exclusivo pela separação. 
 3. Caso em que, diante do comportamento injurioso do cônjuge varão, a Turma conheceu do 
especial e deu provimento ao recurso, por ofensa ao art. 159 do Cód. Civil, para admitir a obrigação 
de se ressarcirem danos morais. 
(REsp 37051/SP, Rel. Ministro NILSON NAVES, TERCEIRA TURMA, julgado em 17.04.2001, DJ 
25.06.2001 p. 167) 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL. ABANDONO MORAL. REPARAÇÃO. DANOS MORAIS. 
IMPOSSIBILIDADE. 
1. A indenização por dano moral pressupõe a prática de ato ilícito, não rendendo ensejo à 
aplicabilidade da norma do art. 159 do Código Civil de 1916 o abandono afetivo, incapaz de 
reparação pecuniária. 
 INTENSIVO REGULAR ROTATIVO 
 Disciplina: Direito Civil 
 Aula 14 
 Prof.: Pablo Stolze 
 Datas: 30/10/2007 e 01/11/2007 
 
2 
2. Recurso especial conhecido e provido. 
(REsp 757.411/MG, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, QUARTA TURMA, julgado em 29.11.2005, 
DJ 27.03.2006 p. 299) 
 
 
2. VEÍCULO CONDUZIDO POR TERCEIRO 
 
 
ACIDENTE DE TRÂNSITO. TRANSPORTE BENÉVOLO. VEÍCULO CONDUZIDO POR UM DOS 
COMPANHEIROS DE VIAGEM DA VÍTIMA, DEVIDAMENTE HABILITADO. 
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO PROPRIETÁRIO DO AUTOMÓVEL. 
RESPONSABILIDADE PELO FATO DA COISA. 
- Em matéria de acidente automobilístico, o proprietário do veículo responde objetiva e 
solidariamente pelos atos culposos de terceiro que o conduz e que provoca o acidente, pouco 
importando que o motorista não seja seu empregado ou preposto, ou que o transporte seja gratuito 
ou oneroso, uma vez que sendo o automóvel um veículo perigoso, o seu mau uso cria a 
responsabilidade pelos danos causados a terceiros. 
- Provada a responsabilidade do condutor, o proprietário do veículo fica solidariamente responsável 
pela reparação do dano, como criador do risco para os seus semelhantes. 
Recurso especial provido. 
(REsp 577.902/DF, Rel. Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, Rel. p/ Acórdão Ministra NANCY 
ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 13.06.2006, DJ 28.08.2006 p. 279) 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL - ACIDENTE DE TRÂNSITO - OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR - 
SOLIDARIEDADE - PROPRIETÁRIO DO VEÍCULO. 
- Quem permite que terceiro conduza seu veículo é responsável solidário pelos danos causados 
culposamente pelo permissionário. 
- Recurso provido. 
(REsp 343.649/MG, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, TERCEIRA TURMA, julgado em 
05.02.2004, DJ 25.02.2004 p. 168) 
 
 
ADMINISTRATIVO - RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO - ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO - 
AMBULÂNCIA MUNICIPAL - MOTORISTA ESTADUAL - SOLIDARIEDADE - DANOS MATERIAIS - 
FAMÍLIA POBRE - PRESUNÇÃO DE QUE A VÍTIMA MENOR CONTRIBUÍA PARA O SUSTENTO DO LAR - 
SÚMULA 07/STJ - SÚMULA 491/STF - PENSIONAMENTO AOS PAIS DA VÍTIMA ATÉ A IDADE EM QUE 
ESTA COMPLETARIA 65 ANOS - DESCONTO DO VALOR DO SEGURO OBRIGATÓRIO - SÚMULA 
246/STJ - DIVERGÊNCIA NÃO-CONFIGURADA - AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. 
1. O Tribunal "a quo", louvado em provas, verificou que a vítima já auxiliava nas despesas da casa. 
Incidência da Súmula 07/STJ. 
2. O STJ proclama que em acidentes que envolvam vítimas menores, de famílias de baixa renda, são 
devidos danos materiais. Presume-se que contribuam para o sustento do lar. É a realidade brasileira. 
3. "É indenizável o acidente que cause a morte de filho menor, ainda que não exerça trabalho 
remunerado." (Súmula 491/STF). 
4. "O valor do seguro obrigatório deve ser deduzido da indenização judicialmente fixada." (Súmula 
246/STJ). 
5. A jurisprudência do STJ reconhece a responsabilidade solidária do proprietário do veículo por 
acidente onde o carro é guiado por terceiro. 
6. Em acidente automobilístico, com falecimento de menor de família pobre, a jurisprudência do STJ 
confere aos pais pensionamento de 2/3 do salário mínimo a partir dos 14 anos (idade inicial mínima 
admitida pelo Direito do Trabalho) até a época em que a vítima completaria 25 anos (idade onde, 
 INTENSIVO REGULAR ROTATIVO 
 Disciplina: Direito Civil 
 Aula 14 
 Prof.: Pablo Stolze 
 Datas: 30/10/2007 e 01/11/2007 
 
3 
normalmente, há a constituição duma nova família e diminui o auxílio aos pais). Daí até os eventuais 
65 anos (idade média de vida do brasileiro) a pensão reduz-se a 1/3 do salário mínimo. 
7. Recursos parcialmente providos. 
(REsp 335.058/PR, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, PRIMEIRA TURMA, julgado em 
18.11.2003, DJ 15.12.2003 p. 185) 
 
3. RESPONSABILIDADE CIVIL DE MÉDICOS E HOSPITAIS 
 
DIREITO CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ERRO MÉDICO. OPERAÇÃO GINECOLÓGICA. MORTE DA 
PACIENTE. VERIFICAÇÃO DE CONDUTA CULPOSA DO MÉDICO-CIRURGIÃO. NECESSIDADE DE 
REEXAME DE PROVA. SUMÚLA 7/STJ. 
DANOS MORAIS. CRITÉRIOS PARA FIXAÇÃO. CONTROLE PELO STJ. 
I – Dos elementos trazidos aos autos, concluiu o acórdão recorrido pela responsabilidade exclusiva 
do anestesista, que liberou, precocemente, a vítima para o quarto, antes de sua total recuperação, 
vindo ela a sofrer parada cárdio-respiratória no corredor do hospital, fato que a levou a óbito, após 
passar três anos em coma. A pretensão de responsabilizar, solidariamente, o médico cirurgião pelo 
ocorrido importa, necessariamente, em reexame do acervo fático-probatório da causa, o que é 
vedado em âmbito de especial, a teor do enunciado 7 da Súmula desta Corte. 
II – O arbitramento do valor indenizatório por dano moral sujeita-se ao controle do Superior Tribunal 
de Justiça, podendo ser majorado quando se mostrar incapaz de punir adequadamente o autor do 
ato ilícito e de indenizar satisfatoriamente os prejuízos extrapatrimoniais sofridos. 
 Recurso especial provido, em parte. 
(REsp 880.349/MG, Rel. Ministro CASTRO FILHO, TERCEIRA TURMA, julgado em 26.06.2007, DJ 
24.09.2007 p. 297) 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL. CONSUMIDOR.INFECÇÃO HOSPITALAR. 
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO HOSPITAL. ART. 14 DO CDC. DANO MORAL. 
QUANTUM INDENIZATÓRIO. 
O hospital responde objetivamente pela infecção hospitalar, pois esta decorre do fato da internação e 
não da atividade médica em si. 
O valor arbitrado a título de danos morais pelo Tribunal a quo não se revela exagerado ou 
desproporcional às peculiaridades da espécie, não justificando a excepcional intervenção desta Corte 
para revê-lo. 
Recurso especial não conhecido. 
(REsp 629.212/RJ, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, QUARTA TURMA, julgado em 15.05.2007, DJ 
17.09.2007 p. 285) 
 
Direito civil. Suicídio cometido por paciente internado em hospital, para tratamento de câncer. 
Hipótese em que a vítima havia manifestado a intenção de se suicidar para seus parentes, que 
avisaram o médico responsável dessa circunstância. Omissão do hospital configurada, à medida que 
nenhum providência terapêutica, como a sedação do paciente ou administração de anti-depressivos, 
foi tomada para impedir o desastre que se havia anunciado. 
- O hospital é responsável pela incolumidade do paciente internado em suas dependências. Isso 
implica a obrigação de tratamento de qualquer patologia relevante apresentada por esse paciente, 
ainda que não relacionada especificamente à doença que motivou a internação. 
- Se o paciente, durante o tratamento de câncer, apresenta quadro depressivo acentuado, com 
tendência suicida, é obrigação do hospital promover tratamento adequado dessa patologia, 
ministrando anti-depressivos ou tomando qualquer outra medida que, do ponto de vista médico, seja 
cabível. 
- Na hipótese de ausência de qualquer providência por parte do hospital, é possível responsabilizá-lo 
pelo suicídio cometido pela vítima dentro de suas dependências. 
 INTENSIVO REGULAR ROTATIVO 
 Disciplina: Direito Civil 
 Aula 14 
 Prof.: Pablo Stolze 
 Datas: 30/10/2007 e 01/11/2007 
 
4 
Recurso especial não conhecido. 
(REsp 494.206/MG, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, Rel. p/ Acórdão Ministra NANCY 
ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 16.11.2006, DJ 18.12.2006 p. 361) 
 
CIVIL. INDENIZAÇÃO. MORTE. CULPA. MÉDICOS. AFASTAMENTO. CONDENAÇÃO. 
HOSPITAL. RESPONSABILIDADE. OBJETIVA. IMPOSSIBILIDADE. 
1 - A responsabilidade dos hospitais, no que tange à atuação técnico-profissional dos médicos que 
neles atuam ou a eles sejam ligados por convênio, é subjetiva, ou seja, dependente da comprovação 
de culpa dos prepostos, presumindo-se a dos preponentes. 
Nesse sentido são as normas dos arts. 159, 1521, III, e 1545 do Código Civil de 1916 e, atualmente, 
as dos arts. 186 e 951 do novo Código Civil, bem com a súmula 341 - STF (É presumida a culpa do 
patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto.). 
2 - Em razão disso, não se pode dar guarida à tese do acórdão de, arrimado nas provas colhidas, 
excluir, de modo expresso, a culpa dos médicos e, ao mesmo tempo, admitir a responsabilidade 
objetiva do hospital, para condená-lo a pagar indenização por morte de paciente. 
3 - O art. 14 do CDC, conforme melhor doutrina, não conflita com essa conclusão, dado que a 
responsabilidade objetiva, nele prevista para o prestador de serviços, no presente caso, o hospital, 
circunscreve-se apenas aos serviços única e exclusivamente relacionados com o estabelecimento 
empresarial propriamente dito, ou seja, aqueles que digam respeito à estadia do paciente 
(internação), instalações, equipamentos, serviços auxiliares (enfermagem, exames, radiologia), etc e 
não aos serviços técnicos-profissionais dos médicos que ali atuam, permanecendo estes na relação 
subjetiva de preposição (culpa). 
4 - Recurso especial conhecido e provido para julgar improcedente o pedido. 
(REsp 258.389/SP, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, QUARTA TURMA, julgado em 16.06.2005, 
DJ 22.08.2005 p. 275) 
 
AGRAVO REGIMENTAL. RESPONSABILIDADE MÉDICA. OBRIGAÇÃO DE MEIO. 
REEXAME FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 07/STJ. INCIDÊNCIA. 
1. Segundo doutrina dominante, a relação entre médico e paciente é contratual e encerra, de modo 
geral (salvo cirurgias plásticas embelezadoras), obrigação de meio e não de resultado. Precedente. 
2. Afastada pelo acórdão recorrido a responsabilidade civil do médico diante da ausência de culpa e 
comprovada a pré-disposição do paciente ao descolamento da retina - fato ocasionador da cegueira - 
por ser portador de alta-miopia, a pretensão de modificação do julgado esbarra, inevitavelmente, no 
óbice da súmula 07/STJ. 
3. Agravo regimental improvido. 
(AgRg no REsp 
 256.174/DF, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, QUARTA TURMA, julgado em 04.11.2004, DJ 
22.11.2004 p. 345) 
 
CIVIL E PROCESSUAL - CIRURGIA ESTÉTICA OU PLÁSTICA - OBRIGAÇÃO DE RESULTADO 
(RESPONSABILIDADE CONTRATUAL OU OBJETIVA) - INDENIZAÇÃO - INVERSÃO DO ÔNUS DA 
PROVA. 
I - Contratada a realização da cirurgia estética embelezadora, o cirurgião assume obrigação de 
resultado (Responsabilidade contratual ou objetiva), devendo indenizar pelo não cumprimento da 
mesma, decorrente de eventual deformidade ou de alguma irregularidade. 
II - Cabível a inversão do ônus da prova. 
III - Recurso conhecido e provido. 
(REsp 
 81.101/PR, Rel. Ministro WALDEMAR ZVEITER, TERCEIRA TURMA, julgado em 13.04.1999, DJ 
31.05.1999 p. 140) 
 
 INTENSIVO REGULAR ROTATIVO 
 Disciplina: Direito Civil 
 Aula 14 
 Prof.: Pablo Stolze 
 Datas: 30/10/2007 e 01/11/2007 
 
5 
4. RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PLANOS DE SAÚDE 
 
CIVIL E PROCESSUAL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS. PLANO DE SAÚDE. ERRO EM TRATAMENTO 
ODONTOLÓGICO. RESPONSABILIDADE CIVIL. LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO NÃO CONFIGURADO. 
CERCEAMENTO DE DEFESA INOCORRENTE. 
MATÉRIA DE PROVA. REEXAME. IMPOSSIBILIDADE. PREQUESTIONAMENTO. 
AUSÊNCIA. SÚMULAS NS. 282 E 356-STF. 
I. A empresa prestadora do plano de assistência à saúde é parte legitimada passivamente para a 
ação indenizatória movida por filiado em face de erro verificado em tratamento odontológico 
realizado por dentistas por ela credenciados, ressalvado o direito de regresso contra os profissionais 
responsáveis pelos danos materiais e morais causados. 
II. Inexistência, na espécie, de litisconsórcio passivo necessário. 
III. Cerceamento de defesa inocorrente, fundado o acórdão em prova técnica produzida nos autos, 
tida como satisfatória e esclarecedora, cuja desconstituição, para considerar-se necessária a colheita 
de testemunhos, exige o reexame do quadro fático, com óbice na Súmula n. 7 do STJ. 
IV. Ausência de suficiente prequestionamento em relação a tema suscitado. 
V. Recurso especial não conhecido. 
(REsp 328.309/RJ, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em 
08.10.2002, DJ 17.03.2003 p. 234) 
 
CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS MÉDICOS. Quem se compromete a 
prestar assistência médica por meio de profissionais que indica, é responsável pelos serviços que 
estes prestam. Recurso especial não conhecido. 
(REsp 138.059/MG, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, TERCEIRA TURMA, julgado em 13.03.2001, DJ 
11.06.2001 p. 197) 
 
5. RESPONSABILIDADE CIVIL DOS BANCOS 
 
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ROUBO DE COFRE ALUGADO. 
RESPONSABILIDADE DA INSTITUIÇÃO BANCÁRIA DEPOSITÁRIA. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. 
POSSIBILIDADE. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. 
Os bancos depositários são, em tese, responsáveis pelo ressarcimento dos danos materiais e morais 
causados em decorrência do furto ou roubo dos bens colocados sob sua custódia em cofres de 
segurança alugados aos seus clientes, independentemente da prévia discriminação dos objetos ali 
guardados. 
Recurso especial não conhecido. 
(REsp767.923/DF, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA, QUARTA TURMA, julgado em 05.06.2007, 
DJ 06.08.2007 p. 501) 
 
CIVIL E PROCESSUAL. ACÓRDÃO ESTADUAL. NULIDADE NÃO CONFIGURADA. AÇÃO DE 
INDENIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL. ASSALTO EM CAIXA ELETRÔNICO OCORRIDO DENTRO 
DA AGÊNCIA BANCÁRIA. MORTE DA VÍTIMA. DEVER DE INDENIZAR. 
I. Não há omissão, contradição ou obscuridade no acórdão estadual, eis que o mesmo enfrentou, 
suficientemente, a matéria controvertida, apenas que com conclusões desfavoráveis à parte ré. 
II. Inocorrendo o assalto, em que houve vítima fatal, na via pública, porém, sim, dentro da agência 
bancária onde o cliente sacava valor de caixa eletrônico após o horário do expediente, responde a 
instituição ré pela indenização respectiva, pelo seu dever de proporcionar segurança adequada no 
local, que está sob a sua responsabilidade exclusiva. 
III. Recurso especial não conhecido. 
(REsp 488.310/RJ, Rel. Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR, Rel. p/ Acórdão Ministro ALDIR 
PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em 28.10.2003, DJ 22.03.2004 p. 312) 
 INTENSIVO REGULAR ROTATIVO 
 Disciplina: Direito Civil 
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 Prof.: Pablo Stolze 
 Datas: 30/10/2007 e 01/11/2007 
 
6 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL – ROUBO PRATICADO POR FUNCIONÁRIO DE ESTABELECIMENTO 
BANCÁRIO QUE VITIMOU OUTRO EMPREGADO – CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR AFASTADOS - 
LEGITIMIDADE PASSIVA – BANCO BANERJ – PRECEDENTES - DANO MORAL – VALOR – CONTROLE 
PELO STJ. 
I – Se o aresto recorrido enfrentou satisfatoriamente todas as questões submetidas ao seu 
conhecimento, ainda que de forma contrária ao interesse da parte, não há que se falar em omissão 
ou ausência de fundamentação. 
II - O banco é responsável civilmente pelo assalto praticado por seu funcionário contra outro colega 
de trabalho, durante o horário de expediente da vítima, que exercia atividade perigosa, sem que 
fossem tomadas quaisquer providências para minimizar o risco. 
III - É possível a intervenção desta Corte para reduzir ou aumentar o valor do dano moral apenas 
nos casos em que o quantum arbitrado pelo acórdão recorrido se mostre irrisório ou exagerado, o 
que não ocorreu no caso concreto. 
Recurso não conhecido. 
(REsp 613.036/RJ, Rel. Ministro CASTRO FILHO, TERCEIRA TURMA, julgado em 14.06.2004, DJ 
01.07.2004 p. 194) 
 
6. Fique por Dentro 
 
 
24/10/2007 - 08h28 
DECISÃO 
Banco e empresa de segurança devem pagar indenização de R$1,1 milhão a policial 
baleado dentro de agência 
O banco Bradesco deve pagar, juntamente com a empresa de segurança Guarda Patrimonial de São 
Paulo, indenização por danos morais e materiais pelos disparos que atingiram o policial militar Mário 
Zan Castro Correia, em 31 de julho de 1985. A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) 
decidiu que as duas instituições são responsáveis pela segurança dos cidadãos que se encontrem no 
interior das agências e fixou a indenização por danos morais em R$ 1,140 milhão, corrigidos pelo 
INPC a partir da última sessão. 
 
O policial foi ferido pelo vigia do banco durante repressão a um assalto em que ambos atuavam. O 
tiro atingiu Mário Zan nas costas, resultando em quadriplegia (imobilidade dos membros inferiores e 
perda de 80% da capacidade de movimento dos membros superiores). Em decorrência do acidente o 
policial formulou na justiça pedido de reparação pelos danos moral, estético e indenização pelos 
danos materiais decorrentes do evento. 
 
A sentença julgou improcedente o pedido do policial sob o fundamento de que a prova testemunhal 
colhida seria incompatível com as demais provas, colhidas no inquérito policial. 
 
Inconformado, o policial atingido interpôs recurso para o Tribunal de Justiça Justiça de São Paulo 
(TJ/SP), que reconheceu a culpa do vigilante e condenou tanto o banco quanto a empresa de 
segurança a indenizar o policial por danos morais e materiais. A indenização por danos morais foi 
fixada em três mil salários mínimos, mais correção e juros de 1% ao mês. Por danos materiais, a 
justiça paulista determinou constituição de capital e pagamento mensal de pensão equivalente à 
complementação dos vencimentos que teria o policial pelo seu crescimento na carreira, até que a 
vítima complete 65 anos. Também se determinou a inclusão da vítima em folha de pagamento. 
Tanto o Bradesco como Guarda Patrimonial interpuseram recursos especiais ao STJ. 
 
 INTENSIVO REGULAR ROTATIVO 
 Disciplina: Direito Civil 
 Aula 14 
 Prof.: Pablo Stolze 
 Datas: 30/10/2007 e 01/11/2007 
 
7 
Para a ministra relatora Nancy Andrighi, embora o Bradesco tivesse preferido contratar uma empresa 
de segurança, a atividade bancária contém um risco inerente, por envolver guarda e movimentação 
de dinheiro. “De uma forma ou de outra, é sempre do banco a responsabilidade final por garantir a 
segurança dos cidadãos que se encontram no interior das agências”, assinalou a relatora, ministra 
Nancy Andrighi. Assim, mesmo tendo terceirizado, com fundamento na lei, a atividade de vigilância 
nas agências, o banco deve responder diretamente pelos danos causados, nos termos da 
jurisprudência já consolidada no Superior Tribunal de Justiça. 
 
No que diz respeito aos danos morais, a Ministra ponderou que há uma diferença fundamental entre 
a hipótese decidida, de tetraplegia, e as hipóteses que usualmente são tomadas como paradigmas 
em julgamentos no STJ, nas quais há o falecimento da vítima. Para a ministra Nancy Andrighi, em 
que pese a vida ser o bem mais precioso do ser humano, as hipóteses de falecimento não podem ser 
tomados como as hipóteses máximas de lesão, para fins de fixar a indenização por dano moral. Isso 
porque, em tais casos, não é à própria vítima que se repara pela perda da vida, mas aos parentes 
próximos, pela perda de um ente querido. A dor, não é a dor da morte, mas a dor da perda de 
alguém próximo. 
 
Já quando se discute tetraplegia, é à própria vítima que a indenização se destina. O que se visa a 
reparar é a dor causada pela completa transformação da vida do “próprio policial que passou, num 
instante, de jovem com 24 anos, saudável, forte, pai de família e com todo o futuro pela frente, a 
pessoa portadora de necessidades especiais, sem poder mover suas pernas, mal podendo mover os 
braços e sem a capacidade para, sozinho, lidar até mesmo com sua higiene pessoal.” 
Assim, tendo em vista a enorme gravidade da lesão causada, a Terceira Turma, seguindo 
jurisprudência da Casa, vedou a fixação de indenização em salários mínimos e, inovando quanto ao 
montante, fixou a reparação pelo dano moral ao policial, já há mais de 20 anos vivendo sem poder 
se movimentar, no valor em R$ 1,140 milhão. O STJ também excluiu a necessidade de cumular a 
garantia de constituição de garantia com a inclusão em folha, mantendo apenas a primeira. 
 
Autor(a):Coordenadoria de Editoria e Imprensa STJ 
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7. TEXTO COMPLEMENTAR 
 
“Responsabilidade dos Bancos por Assaltos em Terminais Eletrônicos” 
 
 
Pablo Stolze Gagliano 
 
1 – Introdução 
 
 
Recentemente, o Superior Tribunal de Justiça, por ocasião do julgamento do Recurso Especial nº 
488.310 - RJ (2002/0170598-3), sendo relator o então Min. Ruy Rosado de Aguiar, e, para o 
acórdão, o Min. Aldir Passarinho Júnior, enfrentou um dos mais palpitantes temas da atualidade, na 
seara da Responsabilidade Civil. 
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Posto não houvesse sido conhecido o recurso, o STJ, neste julgado, descortinou o seu entendimento 
no que tange a uma das mais lamentáveis e freqüentes cenas dos grandes centros urbanos 
brasileiros: o assalto nos caixas bancários eletrônicos. 
 
Vale conferir a ementa do importante julgado: 
 
“CIVIL E PROCESSUAL. ACÓRDÃO ESTADUAL. NULIDADE NÃO 
CONFIGURADA. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE 
CIVIL. ASSALTO EM CAIXA ELETRÔNICO OCORRIDO DENTRO DA 
AGÊNCIA BANCÁRIA. MORTE DA VÍTIMA. DEVER DE INDENIZAR. 
I. Não há omissão, contradição ou obscuridade no acórdão estadual, eis que o 
mesmo enfrentou, suficientemente, a matéria controvertida, apenas que com 
conclusões desfavoráveis à parte ré. 
II. Inocorrendo o assalto, em que houve vítima fatal, na via pública, porém, 
sim, dentro da agência bancária onde o cliente sacava valor de caixa eletrônico 
após o horário do expediente, responde a instituição ré pela indenização 
respectiva, pelo seu dever de proporcionar segurança adequada no local, que 
está sob a sua responsabilidade exclusiva. 
III. Recurso especial não conhecido”. 
 
 
Trata-se, em síntese, da trágica morte de correntista, assaltado e fatalmente agredido ao sacar 
dinheiro em terminal de auto-atendimento, no interior da agência bancária. 
 
Circunstância peculiar, aliás, que deve ser registrada é o fato de o roubo haver ocorrido fora do 
horário do expediente. 
 
Tal entendimento rende ensejo a uma profunda reflexão acerca da responsabilidade civil do banco, à 
luz da teoria da atividade de risco, explicitamente consagrada no art. 927 do Código Civil de 2002. 
 
Neste texto, portanto, cuidaremos de analisar os termos do presente acórdão, passando em revista a 
responsabilidade civil das instituições financeiras e do Estado, em uma indispensável perspectiva 
civil-constitucional. 
 
 
 
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2 – Passando em Revista a Responsabilidade Civil dos Bancos1 
 
Inicialmente, cumpre-nos, por amor à precisão científica, fazermos um registro de cunho 
terminológico. 
 
A palavra banco, nos dias que correm, perdeu espaço para a expressão “instituição 
financeira”, mais abrangente e precisa, por caracterizar, não apenas os estabelecimentos que 
gerenciam a guarda e o depósito de valores (bancos, na acepção tradicional), mas, sobretudo, por 
traduzir a idéia de instituição de crédito. 
 
Nesse sentido, preleciona ARNOLDO WALD: 
 
 
“Na realidade, o banco moderno não se restringe a recolher as economias 
monetárias dos que lhas confiam, para emprestá-las, através do mútuo de dinheiro, 
aos seus clientes, como ocorria no passado. 
Atualmente, o conceito de banco foi substituído ou complementado pelo de 
instituição financeira, ou até de conglomerado financeiro, cuja função no mercado é o 
exercício do crédito sob as suas novas e sofisticadas formas, das quais o recebimento 
de depósitos em dinheiro e sua aplicação é uma das mais antigas, mas não a única. 
 
E conclui o autor: 
 
 
“É, portanto, o exercício técnico e profissional do crédito, que tanto pode ser de 
dinheiro, quanto de outra natureza (o de assinatura, p. ex., através do aceite cambial 
ou do aval), que caracteriza a instituição financeira, e o estabelecimento de crédito, 
hoje intensamente empolgados pelos chamados serviços bancários”.2 
 
A par de tais considerações, é corrente na prática judiciária a utilização da palavra banco, pelo que 
empregaremos, neste texto, ambas as expressões como sinônimas. 
 
 
1
 Sobre o tema, discorremos em nosso Novo Curso de Direito Civil – III, Responsabilidade Civil, 2ª edição. São Paulo: Saraiva, 
2004. 
2
 WALD, Arnoldo. O Novo Direito Monetário. 2. Ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2002, pág. 186. 
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Posto isso, devemos enfrentar tema mais espinhoso: devem os bancos (ou instituições financeiras) 
responder por eventuais danos sofridos por seus clientes (consumidores), em virtude de assalto, por 
ocasião do uso de terminal eletrônico, mesmo fora do horário de expediente? 
 
Para respondermos adequadamente à esta indagação, é necessário analisarmos a responsabilidade 
civil em uma tríplice perspectiva, como veremos abaixo. 
 
3 – Planos de Análise da Responsabilidade Civil dos Bancos: em face de seus prepostos, de 
terceiros e dos seus clientes (consumidores) 
 
Pelos danos causados aos seus prepostos (empregados), respondem as instituições na forma da 
legislação específica em vigor, segundo os princípios que regem o “acidente de trabalho”. 
 
Imagine-se o exemplo de o caixa do banco acidentar-se na porta automática, ou sofrer ferimento 
durante um assalto. 
 
Em se tratando de acidente de trabalho, sem prejuízo da verba previdenciária, poderá ser ajuizada 
demanda contra o empregador (ação de responsabilidade civil). 
 
Em face dos seus clientes, por sua vez, não temos dúvida de ser, o banco, parte de uma relação de 
consumo, de maneira que, o seu cliente, é reputado consumidor. 
 
Por isso, não consideramos tão necessárias as Resoluções 2878 e 2892/01 do Banco Central do 
Brasil, referentes ao denominado “Código do Cliente Bancário”, as quais, posto não isentas de justas 
críticas, apenas explicitam, em nosso sentir, mandamentos do Código do Consumidor. 
 
Já em face de terceiros, a situação é mais complexa. 
 
Entendemos, no caso, que se deve aplicar a norma contida no parágrafo único do art. 927 do CC, 
que admite responsabilidade civil objetiva, em função do risco da atividade habitualmente 
exercida. 
 
Nesse sentido, responsabilizando a instituição financeira por dano causado a terceiros, já há 
jurisprudência no próprio Superior Tribunal de Justiça (grifos nossos): 
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“RESPONSABILIDADE CIVIL. CHEQUE. TALONARIO SOB A GUARDA DO BANCO. 
FURTO. LEGITIMIDADE DO BANCO. INOCORRENCIA DE VIOLAÇÃO DA LEI FEDERAL. 
DISSIDIO NÃO DEMONSTRADO. PRECEDENTES. RECURSO NÃO CONHECIDO. 
I - PODE A INSTITUIÇÃO FINANCEIRA RESPONDER PELOS DANOS 
SOFRIDOS POR COMERCIANTE, QUANDO ESSE, TOMANDO TODAS AS 
PRECAUÇÕES, RECEBE CHEQUE COMO FORMA DE PAGAMENTO, 
POSTERIORMENTE DEVOLVIDO PELA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA POR SER DE 
TALONARIO FURTADO DE DENTRO DE UMA DAS SUAS AGENCIAS. 
II - PARA CARACTERIZAÇÃO DO DISSIDIO, NECESSARIO O COTEJO ANALITICO 
DAS BASES FATICAS QUE SUSTENTAM AS TESES EM CONFLITO.” (STJ, Acórdão RESP 
56502 / MG ; RECURSO ESPECIAL 1994/0033758-2, Relator Min. SÁLVIO DE 
FIGUEIREDO TEIXEIRA, Data da Decisão 04/03/1997 Orgão Julgador QUARTA TURMA) 
 
“RESPONSABILIDADE CIVIL. BANCO. ABERTURA DE CONTA. DOCUMENTOS DE 
TERCEIRO. ENTREGA DE TALONARIO. LEGITIMIDADE ATIVA. GERENTE DE 
SUPERMERCADO. 
1. FALTA DE DILIGENCIA DO BANCO NA ABERTURA DE CONTAS E 
ENTREGA DE TALONARIO A PESSOA QUE SE APRESENTA COM DOCUMENTOS 
DE IDENTIDADE DE TERCEIROS, PERDIDOS OU EXTRAVIADOS. RECONHECIDA 
A CULPA DO ESTABELECIMENTOBANCARIO, RESPONDE ELE PELO PREJUIZO 
CAUSADO AO COMERCIANTE, PELA UTILIZAÇÃO DOS CHEQUES PARA 
PAGAMENTO DE MERCADORIA. 
2. O GERENTE DO SUPERMERCADO, QUE RESPONDE PELOS CHEQUES 
DEVOLVIDOS, ESTA LEGITIMADO A PROPOR A AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. RECURSO 
NÃO CONHECIDO.” (STJ, Acórdão RESP 47335 / SP ; RECURSO ESPECIAL 
1994/0012062-1, Relator Min. RUY ROSADO DE AGUIAR, Data da Decisão 29/11/1994 
Orgão Julgador QUARTA TURMA) 
 
Na mesma linha, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais foi ainda mais longe, ao já admitir aplicação 
da teoria do risco, em hipótese congênere: 
 
“INDENIZAÇÃO. DOCUMENTO FALSO. ABERTURA DE CONTA CORRENTE. DANO 
A TERCEIRO NÃO CLIENTE. RESPONSABILIDADE DO BANCO. TEORIA DO RISCO 
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PROFISSIONAL. CIÊNCIA DO USO INDEVIDO DO DOCUMENTO. MANUTENÇÃO DO 
PROTESTO. RESPONSABILIDADE. QUANTUM INDENIZATÓRIO. CRITÉRIOS PARA 
FIXAÇÃO. 1 - Correm por conta do Banco os riscos inerentes à sua atividade, 
devendo responder pelos danos causados a terceiro pela inclusão de seu 
nome no SERASA e no SPC, em razão da abertura de conta corrente com base 
em documento falso. 2 - O não-cancelamento do protesto, após o conhecimento de 
que o CPF constante do cheque não pertencia ao seu emitente, conduz à 
responsabilidade pelos danos daí advindos. 3 - Para a fixação do quantum 
indenizatório, o juiz deve pautar-se pelo bom senso, moderação e prudência, devendo 
considerar, também, os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, bem como o 
componente punitivo e pedagógico da condenação e os constrangimentos por que 
passou o ofendido. 4 - Preliminar rejeitada, não providos a primeira apelação e o 
recurso adesivo, segunda apelação provida.” (TJMG, Apelação, Número do Processo: 
0364499-7, Orgão Julgador: Segunda Câmara Cível, Relator: Pereira da Silva, 
Data da Julgamento: 10/09/2002) 
 
 
Por todo o exposto, podemos concluir que, se um terceiro é vítima de atividade danosa do banco, a 
responsabilidade civil deste último independerá da aferição de culpa, por estar afeta ao âmbito de 
incidência do parágrafo único do art. 927 do CC (atividade de risco). 
 
E se a tal conclusão, por esta via de raciocínio, o intérprete não chegar, poderá, em nosso sentir, 
trilhar outra vereda: o art. 17 do Código de Defesa do Consumidor equipara aos 
consumidores todas as vítimas do evento (bystanders), viabilizando, da mesma forma, 
aplicação dos princípios da responsabilidade civil objetiva. 
4 – Os Fundamentos do Acórdão e o Caso Sub Judice à Luz da Teoria da Atividade de Risco 
 
 
O culto Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR JR., com habitual sabedoria, ao enfrentar a questão sub 
judice, no Recurso Especial sob análise, assevera que: 
 
 
“O critério da razoabilidade invocado pelo recorrente leva à conclusão de que o 
estabelecimento comercial que se beneficia com a instalação de caixas 
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eletrônicos, o que também serve para facilitar os seus negócios, angariar 
clientes e diminuir gastos, deve responder pelo risco que decorre da instalação 
desses postos, alvo constante da ação dos ladrões. Isto é, o risco é criado pela 
instalação do caixa e por ele deve responder a empresa. Segundo o novo Código 
Civil, trata-se até de responsabilidade objetiva (art. 927, § único, do CC)” 
 
 
Nota-se, pois, que o eminente Ministro encarta a exploração dos terminais eletrônicos – 
corretamente, em nosso pensar - no conceito (aberto) de atividade de risco, previsto na segunda 
parte do parágrafo único do art. 927 do CC. 
 
De fato, por se tratar de um risco criado (risco-proveito), nada mais razoável do que se sustentar a 
responsabilidade civil do banco pelos danos causados aos seus clientes, usuários deste tipo de 
serviço. 
 
Por outro lado, o Ministro ALDIR PASSARINHO Jr., acompanhado pelo Ministro FERNANDO 
GONÇALVES, ressalva que os assaltos ocorridos em terminais localizados, não na própria agência, 
mas em via pública, resultariam na responsabilidade do Estado, e não do banco (REsp. 402.870-SP): 
 
 
“Geralmente, tais caixas eletrônicos estão situados fora das agências bancárias e 
no interior de bens públicos de uso comum (Código Civil, art. 66, I), de modo que 
sua fiscalização deve ficar a cargo dos agentes da segurança pública, nos termos 
do contido no artigo 144 da Constituição da República e no artigo 139 da 
Constituição Estadual Paulista'. 
.................................................................................. . 
'Verificado o ato delituoso contra o filho dos 
autores em plena via pública, desvincula-se a instituição 
bancária de qualquer responsabilidade (fl. 183)'”. 
 
 
E, conclui, no presente Recurso Especial: 
 
 
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“Efetivamente, como assentado acima, estou em que não há responsabilidade da 
instituição bancária se o ato lesivo ocorreu na via pública, eis que cabe ao Estado 
e não ao particular a segurança da área, inexistindo norma legal que estenda, ao 
último, tal ônus. Mas a situação em comento se me afigura distinta daquela que 
então identifiquei no precedente acima transcrito, o que me leva a solução 
diversa. 
 
 
Verifica-se, portanto, que o assalto se desenrolou dentro do estabelecimento 
bancário, ainda que fora do horário do expediente, mas, pelas instalações 
internas e segurança dos usuários responde o réu, sem dúvida. Não foi na via 
pública, circunstância que me levaria, em princípio, salvo alguma peculiaridade, a 
decidir diferentemente. Por igual restou firmado que não houve culpa 
concorrente da vítima”. 
 
 
Assim, sintetizando tais entendimentos, poderíamos concluir que: 
 
Assalto ocorrido em terminais da própria agência, ainda que fora do horário de expediente 
bancário ���� responsabilidade civil do banco. 
 
Assalto ocorrido em terminais localizados em via pública (postos de auto-atendimento 24 
horas) ���� responsabilidade civil do Estado. 
 
 
 5 – Nossas Conclusões 
 
A despeito dos cultos argumentos expendidos nos referidos julgados, ousamos, ao menos em parte, 
divergir. 
 
Entendemos que, mesmo em assaltos ocorridos em terminais localizados em via pública, a 
responsabilidade civil do banco é manifesta, sem prejuízo de poder ingressar com ação regressiva 
contra o Estado. 
 
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O que não aceitamos é o argumento - teoricamente impactante, mas socialmente injusto - de que “a 
segurança pública toca ao Estado” e, por conseguinte, o banco não responde por danos decorrentes 
de assaltos ocorridos em terminais instalados em via pública. 
 
Ora, a instalação desses terminais obedece, sem sombra de dúvida, a uma estratégia comercial, com 
vista à conquista de mais emais clientes, que têm, nessa apontada “comodidade”, um fator decisivo 
de escolha de uma rede bancária. 
 
Algumas redes bancárias, inclusive, cobram, do usuário, uma “taxa” de utilização, muitas vezes 
pulverizada no próprio extrato, mas que, se multiplicada por milhares ou talvez milhões de clientes, 
traduzem uma receita colossal com a exploração deste tipo de serviço. Isso sem mencionar o 
“pacote de serviços” que, frequentemente, os clientes bancários são obrigados a adimplir. 
 
Por tudo isso, forçoso concluir que a exploração onerosa desta atividade de risco (rede de terminais 
eletrônicos) justificaria, por imperativo de justiça, a responsabilidade civil do banco em face de 
danos sofridos por seus usuários, mesmo que o assalto ocorra em via pública. 
 
É de raiz histórica, aliás, o princípio de que, no âmbito da teoria do risco, aquele que cria o perigo 
concreto de dano, é obrigado a suportar, independentemente de culpa, o prejuízo daí resultante. 
 
 
Esse é o norte doutrinário do grande ALVINO LIMA, quando preleciona: 
 
“a teoria do risco não se justifica desde que não haja proveito para o agente 
causador do dano, porquanto, se o proveito é a razão de ser justificativa de arcar 
o agente com os riscos, na sua ausência deixa de ter fundamento a teoria”.3 
 
 
Com absoluta precisão, e nessa mesma linha, demonstrando a mudança por que passou o 
tratamento da responsabilidade civil no Direito Brasileiro, concluímos com GUSTAVO TEPEDINO: 
 
“Com efeito, os princípios de solidariedade social e da justiça distributiva, 
capitulados no art. 3°, incisos I e III, da Constituição, segundo os quais se 
 
3
 LIMA, Alvino. Culpa e Risco. 2. ed. São Paulo: RT, 1999, pág. 198. 
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constituem em objetivos fundamentais da República a construção de uma 
sociedade livre, justa e solidária, bem como a erradicação da pobreza e da 
marginalização e a redução das desigualdades sociais e regionais, não podem 
deixar de moldar os novos contornos da responsabilidade civil. Do ponto de vista 
legislativo e interpretativo, retiram da esfera meramente individual e subjetiva o 
dever de repartição dos riscos da atividade econômica e da autonomia privada, 
cada vez mais exacerbados na era da tecnologia. Impõem, como linha de 
tendência, o caminho da intensificação dos critérios objetivos de reparação e do 
desenvolvimento de novos mecanismos de seguro social”.4 
 
 
É como pensamos. 
 
Fiquem com Deus! 
Um abraço! 
Até a próxima aula! 
O amigo, 
Pablo. 
 
Revisado.2007.2.OK C.D.S. 
 
4
 TEPEDINO, Gustavo. Temas de Direito Civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2001, págs. 175-176.

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