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Curso NOVO CPC - MODULO I AULA 15 - NULIDADES DO PROCESSO E DA SENTENÇA

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Este material de apoio foi especialmente preparado por monitores capacitados com 
base na aula ministrada. No entanto, não se trata de uma transcrição da aula e não 
isenta o aluno de complementar seus estudos com livros e pesquisas de jurisprudência. 
 
MÓDULO I 
 
AULA 15 (NULIDADES DO PROCESSO E DA SENTENÇA) 
PROFESSOR JOSÉ ALEXANDRE MANZANO OLIANI 
 
ESCLARECIMENTOS INTRODUTÓRIOS: no sistema do CPC/73, a matéria está tratada nos 
arts. 243 a 250. No NCPC, o tema aparece nos arts. 276 a 283. 
 
DAS NULIDADES 
CPC/73 CPC/15 
Art. 243. Quando a lei prescrever determinada 
forma, sob pena de nulidade, a decretação 
desta não pode ser requerida pela parte que 
lhe deu causa. 
 
Art. 244. Quando a lei prescrever determinada 
forma, sem cominação de nulidade, o juiz 
considerará válido o ato se, realizado de outro 
modo, lhe alcançar a finalidade. 
 
Art. 245. A nulidade dos atos deve ser alegada 
na primeira oportunidade em que couber à 
parte falar nos autos, sob pena de preclusão. 
Parágrafo único. Não se aplica esta disposição 
às nulidades que o juiz deva decretar de 
ofício, nem prevalece a preclusão, provando a 
parte legítimo impedimento. 
 
 
 
Art. 246. É nulo o processo, quando o 
Ministério Público não for intimado a 
acompanhar o feito em que deva intervir. 
Parágrafo único. Se o processo tiver corrido, 
Art. 276. Quando a lei prescrever 
determinada forma sob pena de nulidade, a 
decretação desta não pode ser requerida pela 
parte que lhe deu causa. 
 
Art. 277. Quando a lei prescrever 
determinada forma, o juiz considerará válido 
o ato se, realizado de outro modo, lhe 
alcançar a finalidade. 
 
Art. 278. A nulidade dos atos deve ser 
alegada na primeira oportunidade em que 
couber à parte falar nos autos, sob pena de 
preclusão. 
Parágrafo único. Não se aplica o disposto 
no caput às nulidades que o juiz deva 
decretar de ofício, nem prevalece a 
preclusão provando a parte legítimo 
impedimento. 
 
Art. 279. É nulo o processo quando o 
membro do Ministério Público não for 
intimado a acompanhar o feito em que deva 
intervir. 
§1º Se o processo tiver tramitado sem 
	
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sem conhecimento do Ministério Público, o 
juiz o anulará a partir do momento em que o 
órgão devia ter sido intimado. 
 
 
 
 
 
Art. 247. As citações e as intimações serão 
nulas, quando feitas sem observância das 
prescrições legais. 
 
Art. 248. Anulado o ato, reputam-se de 
nenhum efeito todos os subseqüentes, que 
dele dependam; todavia, a nulidade de uma 
parte do ato não prejudicará as outras, que 
dela sejam independentes. 
 
Art. 249. O juiz, ao pronunciar a nulidade, 
declarará que atos são atingidos, ordenando as 
providências necessárias, a fim de que sejam 
repetidos, ou retificados. 
§1º O ato não se repetirá nem se lhe suprirá a 
falta quando não prejudicar a parte. 
§2º Quando puder decidir do mérito a favor da 
parte a quem aproveite a declaração da 
nulidade, o juiz não a pronunciará nem 
mandará repetir o ato, ou suprir-lhe a falta. 
 
Art. 250. O erro de forma do processo acarreta 
unicamente a anulação dos atos que não 
possam ser aproveitados, devendo praticar-se 
os que forem necessários, a fim de se 
observarem, quanto possível, as prescrições 
legais. 
Parágrafo único. Dar-se-á o aproveitamento 
dos atos praticados, desde que não resulte 
prejuízo à defesa. 
conhecimento do membro do Ministério 
Público, o juiz invalidará os atos praticados 
a partir do momento em que ele deveria ter 
sido intimado. 
§2º A nulidade só pode ser decretada após a 
intimação do Ministério Público, que se 
manifestará sobre a existência ou a 
inexistência de prejuízo. 
 
Art. 280. As citações e as intimações serão 
nulas quando feitas sem observância das 
prescrições legais. 
 
Art. 281. Anulado o ato, consideram-se de 
nenhum efeito todos os subsequentes que 
dele dependam, todavia, a nulidade de uma 
parte do ato não prejudicará as outras que 
dela sejam independentes. 
 
Art. 282. Ao pronunciar a nulidade, o juiz 
declarará que atos são atingidos e ordenará 
as providências necessárias a fim de que 
sejam repetidos ou retificados. 
§1º O ato não será repetido nem sua falta 
será suprida quando não prejudicar a parte. 
§2º Quando puder decidir o mérito a favor 
da parte a quem aproveite a decretação da 
nulidade, o juiz não a pronunciará nem 
mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta. 
 
Art. 283. O erro de forma do processo 
acarreta unicamente a anulação dos atos que 
não possam ser aproveitados, devendo ser 
praticados os que forem necessários a fim de 
se observarem as prescrições legais. 
Parágrafo único. Dar-se-á o aproveitamento 
dos atos praticados desde que não resulte 
prejuízo à defesa de qualquer parte. 
 
Para a boa compreensão das questões ligadas às nulidades do processo e da sentença, é 
preciso, antes, falar dos atos processuais e da sua forma (CPC/73, arts. 154 a 171; e 
NCPC, arts. 188 a 193). 
	
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CPC/73: Art. 154. Os atos e termos processuais não dependem de forma 
determinada senão quando a lei expressamente a exigir, reputando-se válidos 
os que, realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial. 
Parágrafo único. Os tribunais, no âmbito da respectiva jurisdição, poderão 
disciplinar a prática e a comunicação oficial dos atos processuais por meios 
eletrônicos, atendidos os requisitos de autenticidade, integridade, validade 
jurídica e interoperabilidade da Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira 
- ICP - Brasil. 
§2º Todos os atos e termos do processo podem ser produzidos, transmitidos, 
armazenados e assinados por meio eletrônico, na forma da lei. (Incluído pela 
Lei nº 11.419, de 2006). 
 
Art. 155. Os atos processuais são públicos. Correm, todavia, em segredo de 
justiça os processos: 
I - em que o exigir o interesse público; 
II - que dizem respeito a casamento, filiação, separação dos cônjuges, 
conversão desta em divórcio, alimentos e guarda de menores. 
Parágrafo único. O direito de consultar os autos e de pedir certidões de seus 
atos é restrito às partes e a seus procuradores. O terceiro, que demonstrar 
interesse jurídico, pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, 
bem como de inventário e partilha resultante do desquite. 
 
Art. 156. Em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso do 
vernáculo. 
 
Art. 157. Só poderá ser junto aos autos documento redigido em língua 
estrangeira, quando acompanhado de versão em vernáculo, firmada por 
tradutor juramentado. (...) 
 
NCPC: Art. 188. Os atos e os termos processuais independem de forma 
determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir, considerando-se 
válidos os que, realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade 
essencial. 
 
Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de 
justiça os processos: 
I - em que o exija o interesse público ou social; 
II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, 
união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes; 
III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à 
intimidade; 
	
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IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta 
arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja 
comprovada perante o juízo. 
§1º O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de 
justiça e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus 
procuradores. 
§2º O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz 
certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e de partilha 
resultantes de divórcio ou separação.Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é 
lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para 
ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, 
poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo. 
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das 
convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos 
casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que 
alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade. 
 
Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a 
prática dos atos processuais, quando for o caso. 
§1º O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos somente 
serão modificados em casos excepcionais, devidamente justificados. 
§2º Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a 
realização de audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário. 
 
Art. 192. Em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso da língua 
portuguesa. 
Parágrafo único. O documento redigido em língua estrangeira somente 
poderá ser juntado aos autos quando acompanhado de versão para a língua 
portuguesa tramitada por via diplomática ou pela autoridade central, ou 
firmada por tradutor juramentado. 
 
Art. 193. Os atos processuais podem ser total ou parcialmente digitais, de 
forma a permitir que sejam produzidos, comunicados, armazenados e 
validados por meio eletrônico, na forma da lei. 
Parágrafo único. O disposto nesta Seção aplica-se, no que for cabível, à 
prática de atos notariais e de registro. (...) 
 
FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS: quando se fala em forma dos atos processuais, a 
referência ocorre em relação a algumas solenidades, a alguns requisitos ou condições de 
tempo, lugar e espaço nos quais o ato processual deve ser praticado. O respeito à forma 
é essencial para manter alguma organização e permitir que o processo tenha começo, 
meio e fim. Entretanto, no curso do processo, pode ocorrer alguma desconformidade, 
	
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alguma desobediência à forma. O estudo das nulidades compreende, nesse aspecto, a 
investigação sobre essas situações específicas de desrespeito à forma e a conclusão 
sobre quais nulidades devem ou não ser decretadas. 
 
REGIME JURÍDICO DAS NULIDADES PROCESSUAIS: a doutrina já vem se debruçando 
sobre este tema há algum tempo (destaques para as seguintes obras: “Nulidades do 
processo e da sentença”, da Professora Teresa Arruda Alvim; “Da invalidade no 
processo civil”, de Roque Komatsu; e “Pressupostos processuais e nulidades no 
processo civil”, de José Maria Tesheiner). Muito embora utilizem nomenclaturas 
distintas para os mesmos fenômenos jurídicos, há certa uniformidade no tratamento do 
regime jurídico das nulidades processuais. 
 
Existem, portanto, três categorias (ou três regimes jurídicos) de vícios processuais, 
quais sejam: (i) anulabilidades (doutrina clássica): são vícios fracos, de menor 
importância, também chamados de nulidades relativas (Teresa Arruda Alvim) ou vícios 
preclusivos (Tesheiner). Caso não alegados na primeira oportunidade pela parte 
prejudicada, serão automaticamente “sanados” pela ocorrência da preclusão; (ii) 
nulidades absolutas (doutrina clássica): são defeitos fortes, também conhecidos como 
nulidades de fundo ou vícios rescisórios (Tesheiner). Não se sujeitam à preclusão, 
podem ser alegados em qualquer tempo e grau de jurisdição, bem como reconhecidos de 
ofício pelo juiz. Também sobrevivem à coisa julgada material, somente podendo ser 
combatidos com a desconstituição da sentença por meio de ação rescisória. Transcorrido 
o biênio rescisório, ocorreria um saneamento geral desses vícios mais graves; e (iii) 
inexistências (Teresa Arruda Alvim): também chamadas de vícios transrescisórios 
(Tesheiner). Impedem a própria formação da coisa julgada material, tornando o ato, e 
mesmo o processo em determinadas situações, juridicamente inexistente. Podem ser 
também alegados a qualquer tempo e grau de jurisdição, bem como reconhecidos de 
ofício pelo magistrado. Podem ser alegados incidentalmente (ex.: impugnação ao 
cumprimento de sentença) ou por ação autônoma (querela nullitatis – ação declaratória 
da inexistência jurídica). Deve-se destacar que inexistência jurídica não se confunde 
com inexistência fática. Embora não haja grande disputa doutrinária sobre o regime 
jurídico dessa categoria, existe divergência acerca dos vícios processuais que podem ser 
classificados como inexistentes. Um bom exemplo sobre o qual há certa uniformidade 
se refere à ausência (ou nulidade) de citação somada à revelia, que redundará numa 
inexistência jurídica. Outro exemplo claro é o da sentença proferida por quem não é juiz 
(a non judice – ex.: juiz já aposentado que ainda profere sentença). Alguns autores, 
como a Professora Teresa Arruda Alvim, numa posição atualmente quase que isolada, 
ampliam o rol das inexistências e incluem nelas os casos de ausência de uma das 
condições da ação, por exemplo (legitimidade, interesse e possibilidade jurídica do 
pedido, segundo o CPC/73). 
	
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SISTEMA TRAZIDO PELO NCPC: segundo o Novo Código, pode-se dizer que existirá 
apenas um regime jurídico para qualquer dos vícios processuais, sejam anulabilidades, 
nulidades ou inexistências, qual seja: TODAS AS NULIDADES SÃO SANÁVEIS, 
sejam elas fracas, médias ou fortes. 
 
Mesmo a inexistência jurídica pode ser sanável, desde que não traga prejuízo. E o 
exemplo mais claro disso é o da sentença liminar de improcedência do pedido (art. 332). 
Sempre que não houver prejuízo, o ato processual deve ser aproveitado. 
 
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, 
independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o 
pedido que contrariar: 
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior 
Tribunal de Justiça; 
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior 
Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; 
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas 
repetitivas ou de assunção de competência; 
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local. 
§1º O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se 
verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição. 
§2º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da 
sentença, nos termos do art. 241. 
§3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias. 
§4º Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, 
com a citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do 
réu para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias. 
 
O foco do NCPC é na performance (no desempenho) do processo, isto é, no 
cumprimento de sua função social, que é a pacificação dos conflitos. É altamente 
indesejável que seja proferida uma sentença terminativa, uma sentença sem resolução de 
mérito, porque isso significa que foram envidados esforços, foram gastos recursos 
públicos e privados para uma demanda que não gerou resultado social útil nenhum, que 
não resolveu um conflito de interesses que permanecerá vivo na sociedade. Nesse 
sentido, existe no Novo Código uma tentativa de busca incessante pela resolução de 
mérito das causas, com a extinção de muitas “armadilhas processuais” para o advogado, 
que também ficaram conhecidas como “jurisprudência defensiva”. 
 
Vamos ao estudo específico de cada um dos artigos do Novo Código. 
	
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O art. 276 do NCPC reproduz o art. 243 do CPC/73. Não há grandes novidades em 
relação a isso. Não se pode ser beneficiado alegando a nulidade de um ato processualque tenha dado causa. Em Direito Civil, costuma-se mencionar que ninguém pode se 
beneficiar da própria torpeza. 
 
Art. 276. Quando a lei prescrever determinada forma sob pena de nulidade, a 
decretação desta não pode ser requerida pela parte que lhe deu causa. 
 
O art. 277 traz uma novidade, qual seja: eliminou-se a expressão “sem cominação de 
nulidade” do art. 244 do CPC/73, dando maior “rendimento” ao princípio da 
instrumentalidade das formas, já que para o novo sistema, como já dito e agora 
reforçado, todas as nulidades são sanáveis. Alcançando, o ato processual, ainda que por 
outro modo, a sua finalidade, sem causar prejuízo, ele será considerado válido e deverá 
ser aproveitado. 
Art. 277. Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará 
válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade. 
 
E esta regra deve ser aplicada no processo em qualquer grau de jurisdição, a fim de 
eliminar todo e qualquer obstáculo formal que impeça o processo de chegar ao seu 
objetivo, qual seja: resolver a lide, o conflito social levado para análise do Poder 
Judiciário. Exemplo disso é a regra dos arts. 932, parágrafo único e 1.017, § 3º em 
relação ao agravo de instrumento. 
 
Art. 932. (...) 
Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator 
concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício 
ou complementada a documentação exigível. 
 
Art. 1.017. (...) 
§3º Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de algum outro vício que 
comprometa a admissibilidade do agravo de instrumento, deve o relator 
aplicar o disposto no art. 932, parágrafo único. (...) 
 
Outro exemplo muito interessante dessa busca pelo máximo desempenho do processo 
está na regra do art. 321 do NCPC, que exige do juiz, ao determinar a emenda da 
petição inicial, que também indique na decisão, com precisão, o que deve ser corrigido 
ou completado. 
	
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Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos 
dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de 
dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 
(quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve 
ser corrigido ou completado. 
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a 
petição inicial. 
 
O art. 278 do Novo Código, por sua vez, traz o regime jurídico das nulidades relativas, 
daqueles defeitos mais fracos, geralmente relacionados à forma dos atos processuais, 
que estão sujeitos à preclusão (exs.: citação em língua estrangeira numa petição; 
despacho do juiz com caneta de tinta clara, mas indelével e cuja grafia possa ser 
perfeitamente compreendida). 
 
Art. 278. A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em 
que couber à parte falar nos autos, sob pena de preclusão. 
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no caput às nulidades que o juiz 
deva decretar de ofício, nem prevalece a preclusão provando a parte legítimo 
impedimento. 
 
Também há uma novidade muito interessante no art. 279, que trata da nulidade 
decorrente da ausência de intimação do membro do Ministério Público em demanda na 
qual deva intervir obrigatoriamente. Pela nova sistemática processual civil, a nulidade 
somente poderá ser decretada nesses casos se o representante do Parquet, após 
intimado, manifestar-se pela ocorrência de prejuízo (§ 2º). Do contrário, isto é, havendo 
manifestação do Ministério Público no sentido de que, inobstante a ausência de sua 
participação na demanda, não houve prejuízo, não haverá nulidade a ser declarada. 
 
Art. 279. É nulo o processo quando o membro do Ministério Público não for 
intimado a acompanhar o feito em que deva intervir. 
§1º Se o processo tiver tramitado sem conhecimento do membro do 
Ministério Público, o juiz invalidará os atos praticados a partir do momento 
em que ele deveria ter sido intimado. 
§2º A nulidade só pode ser decretada após a intimação do Ministério Público, 
que se manifestará sobre a existência ou a inexistência de prejuízo. 
 
Os atos de comunicação processuais (citações e intimações) são importantíssimos, pois 
são eles que permitem às partes tomar ciência dos atos processuais e participar 
ativamente influenciando na formação do convencimento do juiz (contraditório e ampla 
defesa). Esta a ideia presente nos arts. 10 e 280 do NCPC. Mas, do mesmo modo, a 
	
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nulidade somente será decretada se houver efetivo prejuízo. Do contrário, os atos 
processuais praticados serão aproveitados (ex.: não há nulidade da citação em demanda 
cuja sentença foi de total improcedência dos pedidos). 
 
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em 
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se 
manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. 
 
Art. 280. As citações e as intimações serão nulas quando feitas sem 
observância das prescrições legais. 
 
O art. 281 trata do princípio da causalidade ou da concatenação, que se manifesta tanto 
entre atos processuais distintos, como entre as partes de um mesmo ato processual. 
Nesse sentido, havendo dependência entre os atos ou entre as partes de um ato, 
decretada a nulidade do “ato-premissa”, nenhum efeito terão os atos ou as partes do ato 
que sejam subsequentes. Haverá uma “contaminação” dos “atos-dependentes” (a 
doutrina italiana fala em “efeito expansivo externo”: a declaração de nulidade de um ato 
atinge os subsequentes que dele sejam dependentes). Em se tratando de atos ou partes 
independentes, por outro lado, a nulidade decretada não os afetará. 
Art. 281. Anulado o ato, consideram-se de nenhum efeito todos os 
subsequentes que dele dependam, todavia, a nulidade de uma parte do ato não 
prejudicará as outras que dela sejam independentes. 
 
Os parágrafos do art. 282 corroboram a ideia inicialmente exposta no sentido de que não 
há nulidade sem prejuízo. 
 
Art. 282. Ao pronunciar a nulidade, o juiz declarará que atos são atingidos e 
ordenará as providências necessárias a fim de que sejam repetidos ou 
retificados. 
§1º O ato não será repetido nem sua falta será suprida quando não prejudicar 
a parte. 
§2º Quando puder decidir o mérito a favor da parte a quem aproveite a 
decretação da nulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato 
ou suprir-lhe a falta. 
 
Da mesma forma, o art. 283, mais uma vez, repete este princípio segundo o qual sem 
prejuízo, não há nulidade a ser decretada. 
 
	
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Art. 283. O erro de forma do processo acarreta unicamente a anulação dos 
atos que não possam ser aproveitados, devendo ser praticados os que forem 
necessários a fim de se observarem as prescrições legais. 
Parágrafo único. Dar-se-á o aproveitamento dos atos praticados desde que 
não resulte prejuízo à defesa de qualquer parte. 
 
NULIDADES DA SENTENÇA: a sentença é um ato processual solene, que deve sempre 
conter três elementos, quais sejam: relatório, fundamentação (ou motivação) e 
dispositivo. Nesse sentido, os vícios da sentença podem ser intrínsecos (da própria 
sentença – ex.: falta de fundamentação da sentença – CF, art. 93, IX) ou extrínsecos (do 
processo na qual foi proferida – ex.: sentença íntegra proferida em processo nulo ou 
inexistente). 
 
CF: Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, 
disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: 
(...) 
IX – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e 
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar 
a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou 
somente a estes, em casosnos quais a preservação do direito à intimidade do 
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação. (...) 
 
A sentença não se sujeita a uma nulidade relativa, pois no momento de sua prolação o 
sistema de preclusões processuais já sanou todas as nulidades relativas. A sentença, 
portanto, estará sujeita a uma nulidade absoluta (exs.: falta de fundamentação; ser 
proferida por juiz absolutamente incompetente ou que se corrompeu; etc. – todas as 
causas de rescisão do art. 966 do NCPC) ou a uma inexistência jurídica (ex.: ser 
proferida por quem não é juiz ou em processo juridicamente inexistente – citação nula 
ou inexistente e revelia do réu). 
 
Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida 
quando: 
I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou 
corrupção do juiz; 
II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente; 
III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte 
vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a 
lei; 
IV - ofender a coisa julgada; 
V - violar manifestamente norma jurídica; 
VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo 
criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória; 
	
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VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja 
existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe 
assegurar pronunciamento favorável; 
VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos. 
§1º Há erro de fato quando a decisão rescindenda admitir fato inexistente ou 
quando considerar inexistente fato efetivamente ocorrido, sendo 
indispensável, em ambos os casos, que o fato não represente ponto 
controvertido sobre o qual o juiz deveria ter se pronunciado. 
§2º Nas hipóteses previstas nos incisos do caput, será rescindível a decisão 
transitada em julgado que, embora não seja de mérito, impeça: I - nova 
propositura da demanda; ou II - admissibilidade do recurso correspondente. 
§3º A ação rescisória pode ter por objeto apenas 1 (um) capítulo da decisão. 
§4º Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros 
participantes do processo e homologados pelo juízo, bem como os atos 
homologatórios praticados no curso da execução, estão sujeitos à anulação, 
nos termos da lei. 
 
Doutrina e jurisprudência em alguma medida já absorveram a expressão “capítulos de 
sentença”, que designam as partes distintas da fundamentação ou do dispositivo da 
sentença (ex.: ação declaratória de paternidade cumulada com alimentos – a sentença 
conterá partes distintas, na fundamentação e no dispositivo, para resolver a declaração 
de paternidade, o direito a alimentos e a sucumbência). 
 
Ressalte-se que a doutrina existente sobre o tema admite apenas a subdivisão do 
dispositivo, sob o argumento de que a divisão da fundamentação não é útil para resolver 
os problemas do processo civil. O Professor José Alexandre Oliani não concorda com 
essa conclusão, uma vez que considera importante considerar a correlação existente 
entre os capítulos do dispositivo e os seus respectivos capítulos da fundamentação. De 
nada adianta existir um capítulo do dispositivo sem o correspondente capítulo da 
fundamentação. Sendo independentes, a nulidade de um capítulo não alcança os demais. 
 
Há uma continuação polêmica e interessante dessa questão. Vejamos. Na teoria dos 
recursos, é sabido que se pode ter um recurso total (envolvendo toda a decisão) ou 
parcial (envolvendo parcela, ou capítulo, da decisão). Nesse sentido, por exemplo, a 
apelação pode ser total ou parcial. Imagine-se, então, a hipótese de interposição de uma 
apelação parcial. Apenas se devolverá ao tribunal a análise de parte da decisão 
impugnada (tantum devolutum quantum appellatum). A consequência disso é o trânsito 
em julgado imediato dos demais capítulos não impugnados (princípio da aquiescência). 
 
Mas e se o tribunal observa a existência de um vício no processo que atinge um capítulo 
não impugnado, por exemplo? A decretação dessa nulidade poderá superar o óbice da 
	
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coisa julgada? A resposta dependerá da gravidade do vício identificado pelo tribunal. Se 
se tratar de um vício rescisório, a coisa julgada acobertará aquela parte não impugnada 
da decisão e a decretação de nulidade pelo tribunal não poderá atingi-lo (mas tão 
somente o capítulo impugnado). Se, por outro lado, o vício for de inexistência jurídica 
e, portanto, muito mais grave, não só o capítulo impugnado, mas todos aqueles não 
impugnados serão afetados pela decretação do vício processual. Isto porque, conforme 
visto anteriormente, a inexistência jurídica é um vício que impede a formação da coisa 
julgada material. 
 
CONCLUSÃO: surge um novo sistema no qual, repita-se, TODAS AS NULIDADES 
SÃO SANÁVEIS, desde que o ato processual atinja a sua finalidade e não haja prejuízo 
a ser alegado. E isso vai ao encontro de toda a lógica da nova sistemática processual 
civil, qual seja: permitir que o processo alcance o seu objetivo, que é a resolução de 
mérito dos conflitos sociais submetidos ao crivo do Poder Judiciário. É indesejável e 
todos os esforços devem ser envidados para que não haja extinção do processo sem 
resolução de mérito.

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