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Fundamentos da Educação de Jovens e Adultos e Educação Popular Letícia Fonseca Castro Aula 1 * Apresentação da aula 1.1. Educação Popular e Educação de Adultos no Período Colonial e Imperial da História do Brasil Período Colonial e Imperial que vai até o final do século XIX. 1.2. A Educação Popular e a Educação de Adultos a partir do século XX. Período a partir do século XX até o início dos anos de 1990 que coincidem com o processo de redemocratização do país. * * Definições: Educação Popular e Educação de Jovens e Adultos Educação Popular Educação oferecida a toda a população. Deve ser gratuita e universal. Por vezes compreendida como destinada às chamadas “camadas populares” da sociedade: a instrução elementar e ensino técnico profissional. Educação de Jovens e Adultos Parte da educação popular. Muitas vezes tratada como alfabetização e educação de base. * * Histórico: Educação Popular e Educação de jovens e adultos Vinda dos primeiros jesuítas ao Brasil em 1549. Os jesuítas passam a organizar as primeiras escolas de “ler e escrever”, destinadas inicialmente às crianças. A organização das escolas na colônia está diretamente ligada à “política colonizadora dos portugueses”. Para catequese era necessária a alfabetização e a transmissão da língua portuguesa. * * Educação Popular e Catequese Sistema de ensino cada vez mais direcionado às elites coloniais. 1759: Companhia de Jesus foi expulsa de Portugal e da colônia brasileira ( Reformas Marques de Pombal: transformações econômicas, políticas e culturais – Iluminismo). * * “Montado o sistema da educação popular com base no objetivo primordial da catequese e recrutamento de vocações religiosas necessárias à difusão da fé e consolidação do domínio português, puderam os jesuítas, uma vez lograda essas metas, enfatizar o ensino das elites: além da escola de ler e escrever, eles mantinham na época de sua expulsão diversos seminários e 24 colégios para a formação das elites.” (Paiva, 2003) * * Educação Popular As inovações reforçavam o caráter elitista e aristocrático da educação. A situação do ensino elementar ainda era precário. Independência do Brasil: Constituição 1824 que definiu a “gratuidade da instrução primária para todos os cidadãos.” (Paiva, 2003, p. 61). 1854 criação de escolas noturnas para adultos (províncias e município da corte) - pouco frequentadas. * * Reforma Leôncio Carvalho Transformada em lei por decreto em 1879. Obrigatoriedade do ensino entre 7 e 14 anos e eliminava a proibição aos escravos. Criação de escolas noturnas para a educação de adultos e cursos para o ensino primário de adultos analfabetos. Reforma eleitoral (Lei Saraiva), década de 1880, as escolas noturnas voltam a ser estimuladas. * * Segundo Paiva (2003): A Educação Brasileira, em especial a Educação Popular, anterior às primeiras décadas do século XX não apresenta uniformidade e o traço comum foi a precariedade quantitativa e qualitativa do sistema de ensino elementar e a realização de poucos esforços para sua expansão. Da mesma forma, com raras exceções, a Educação de Adultos não se distingue de maneira especial da problemática mais geral da Educação Popular. * * A Educação Popular e a Educação de Adultos: Século XX Nos primeiros anos da República será a continuidade da política imperial destinada à educação, isto é, a manutenção da descentralização do ensino elementar. Analfabetismo associado à incompetência: analfabeto visto como incapaz. * * A Educação Popular e a Educação de Adultos: Século XX Apesar da orientação descentralizadora, vemos surgir os primeiros trabalhos em torno da temática da educação nacional. Década de1920 inicia-se uma intensa campanha contra o analfabetismo - relacionada com as mudanças nos setores econômico, social e político do Brasil, ao fortalecimento do grupo industrial-urbano. * * A Educação Popular e a Educação de Adultos: Século XX Podemos afirmar que a educação no Brasil, durante o Período Imperial, esteve ligado aos interesses da elite. Para as eleições, a constituição republicana eliminou o voto censitário, isto é, a exclusão pela renda, mas manteve a seleção pela instrução e deu origem ao preceito contra o analfabeto. * * Referências PAIVA, V. História da Educação Popular no Brasil – 6 ed. – São Paulo: Edições Loyola, 2003. * Fundamentos da Educação de Jovens e Adultos e Educação Popular Letícia Fonseca Castro Atividade 1 * * Até o final do Império [...] “o não saber ler não afetava o bom senso, a dignidade, o conhecimento, a perspicácia, a inteligência do indivíduo [...] Somente quando a instrução se converte em instrumento de identificação das classes dominantes e que se torna preciso justificar a medida da seleção é que o analfabetismo passa a ser associado à incompetência. (Paiva, 2003) Analise o trecho acima e reflita: Qual a relação entre o analfabetismo e os interesses elitistas? Fundamentos da Educação de Jovens e Adultos e Educação Popular Leticia Fonseca Castro Aula 2 * Apresentação da aula 1.2. A Educação Popular e a Educação de Adultos a partir do século XX Período a partir do século XX até o início dos anos de 1990 que coincidem com o processo de redemocratização do país. * * A Educação Popular e a Educação de Adultos: século XX O sistema de ensino popular se mostrava no início do século XX profundamente insatisfatório (investimento financeiro baixo). As mobilizações não promoveram resultados satisfatórios e a educação popular na primeira república mantinha os mesmos níveis do período imperial. * * Cursos Populares Noturnos Distrito Federal em 1928: reorganização dos cursos elementares noturnos que passaram a ser chamados de Cursos Populares Noturnos. Cursos Populares Noturnos: ministrar o ensino primário elementar no período de dois anos para os adultos analfabetos, o ensino técnico elementar e o ensino de cultura geral. Esta reforma não foi totalmente posta em prática em virtude da Revolução de 1930, mas gerou um aumento do número de matrículas. * * (Re)democratização do ensino Em 1932, Anísio Teixeira terminou a implementação desta reforma, introduzindo algumas modificações. Após a Revolução de 1930, intensificam-se as “reivindicações em favor da democratização do ensino e da responsabilidade da União pela educação em todos os níveis através de uma política nacional.” * * Constituição de 1934 A educação passa a ser um direito de todos e o ensino primário deve ser integral, gratuito, de frequência obrigatória e extensivo aos adultos. 1939 - Getúlio Vargas: campanha de “Alfabetização do povo”. 1942 - Fundo Nacional do Ensino Primário (FNEP): destinado à ampliação e melhoria do ensino primário em todo o país. * * Cenário: Educação de Jovens e Adultos 1945 - EJA: passa a ter mais autonomia e ganha importância no cenário nacional. 1947: aprovado o plano para a Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA). “Preparar mão de obra alfabetizada nas cidades, de penetrar no campo e de integrar os imigrantes e seus descendentes [...] instrumento para melhorar a situação do Brasil nas estatísticas mundiais de analfabetismo.” (Paiva, 2003, p.206). * * Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA) A CEAA se orientou a partir das ideias de funcionamento da democracia liberal e da ampliação das bases eleitorais. A CEAA desenvolveu suas atividades a partir de um plano de ensino supletivo para adolescentes e adultos. Crítica: “Preparo de eleitores”. * * 1954 - inicia-se a fase de declínio da campanha e, em 1963, ela foi extinta. Razões: escassez dos recursos e verbas; baixos resultados na alfabetização de adolescentes e adultos; inexistente/ baixa remuneração dos professores; alto índice de evasão. * Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA) www.araras.sp.gov.br * Campanha Nacional de Educação Rural (CNER) Em 1952, foi criada a Campanha Nacional de Educação Rural (CNER). Missões educativas penetravam no interior para incentivar a elevação dos padrões de vida e a solução dos problemas coletivos através da organização comunitária. A campanha foi extinta em 1963. * * Nova perspectiva sobre Educação Popular 1961 - foi aprovada a Lei 4024 que estabelecia a LDB, que trouxe o Plano Nacional de Educação, e as Campanhas Nacionais de Alfabetização foram extintas. Criação do Movimento de Educação de Base (MEB), Centros Populares de Cultura (CPC) e os Movimentos de Cultura Popular (MCP). * * Segundo Paiva (2003), os movimentos ligados à promoção da cultura popular que surgiram na primeira metade da década de 1960 estavam preocupados com a possibilidade de promover a participação política da sociedade e da tomada de consciência sobre os problemas da realidade brasileira. Portanto, indo além da erradicação do analfabetismo. * * Nova perspectiva sobre Educação Popular Pretendia-se a “promoção do homem, sua conscientização e emergência na vida política brasileira através de uma ação pedagógica não diretiva.” (PAIVA, 2003, p. 279) O pensamento do educador pernambucano, Paulo Freire, por sua ampla difusão e pela publicação Educação como prática da liberdade, exerceu grande influência sobre os profissionais da educação neste período. * * No entanto... Com o Golpe Militar de 1964, a maior parte dos programas de educação de adultos desaparece ou sofre a repressão do governo militar. Os programas de alfabetização promovidos pelos movimentos de educação popular representavam uma ameaça ao novo governo ditatorial – um perigo à estabilidade do regime político que se impunha naquele momento. * * Mobral Em dezembro de 1967, foi criado pela Lei 5379 o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) – a proposta era erradicar o analfabetismo, através de uma alfabetização funcional. Em 1985, o MOBRAL foi extinto sob fortes denúncias de desvio de recursos e não tendo cumprido sua meta que era a erradicação do analfabetismo. Fim do período militar. * * Referências PAIVA, V. História da Educação Popular no Brasil. 6 ed. São Paulo: Edições Loyola, 2003. * Fundamentos da Educação de Jovens e Adultos e Educação Popular Leticia Fonseca Castro Atividade 2 * * A partir de meados da década de 1960, podemos afirmar que a Educação de Jovens e Adultos viveu a ascensão de uma nova perspectiva, fundamentada na: ( ) participação política da sociedade e da tomada de consciência sobre os problemas da realidade brasileira. ( ) participação eleitoral da sociedade nas eleições diretas. ( ) participação crítica através de uma alfabetização funcional. Letícia Fonseca Castro Aula 3 Fundamentos da Educação de Jovens e Adultos e Educação Popular * Apresentação da aula Nesta aula veremos como a Educação de Jovens e Adultos foi contemplada na Constituição de 1988 e na Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional de 1996. A Educação de Jovens e Adultos no contexto das Conferencias Internacionais promovidas pela UNESCO. * * EJA na Lei Em 1988 foi promulgada a nova Constituição brasileira. A Educação de Jovens e Adultos é contemplada nos artigos 208 e 214. De acordo com o artigo 208 da Constituição Federal é dever do Estado garantir a oferta gratuita, a todos àqueles que não tiveram acesso à educação na idade adequada. * * EJA na Lei No artigo 214 fica estabelecido que deverá ser elaborado um Plano Nacional de Educação para conduzir: erradicação do analfabetismo; universalização do atendimento escolar. * http://carlos-luz.blogspot.com.br * LDB Em 1996- Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDBEN) contempla a educação de Jovens e Adultos: IV. acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e médio para todos os que não os concluíram na idade própria; VII. oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com características e modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola. * * Direitos e Deveres A Constituição de 1988 e a LDB prevê que a educação deve ser garantida a Todos como um direito público subjetivo. A partir dessa promulgação a Educação de Jovens e Adultos passa a ser uma modalidade da educação básica nas etapas do Ensino Fundamental e Médio. Além da garantia legal as instâncias competentes elaboraram documentos com diretrizes educacionais dirigidas a esta modalidade de ensino. * * Plano Nacional de Educação (PNE) Pensado a partir da necessidade de se estabelecer metas para Educação para os próximos 10 anos. De acordo com o PNE os Estados, Municípios e o Distrito Federal deveriam elaborar “planos decenais” correspondentes para adequação do PNE em suas localidades. * http://noticias.ufsc.br * Alguns objetivos e metas relacionados a Educação de Jovens e Adultos Alfabetizar 10 milhões de jovens e adultos, em cinco anos e, até o final da década, erradicar o analfabetismo. Fornecimento, pelo MEC, de material didático-pedagógico, adequado à clientela. Realizar, anualmente, levantamento e avaliação de experiências em alfabetização de jovens e adultos. * * Alguns objetivos e metas relacionados a Educação de Jovens e Adultos Programas de formação de educadores de jovens e adultos, capacitados para atuar de acordo com o perfil da clientela. Estabelecer políticas que facilitem parcerias para com a comunidade. * * Plano Nacional de Educação (PNE) O PNE foi eficaz para a obtenção de melhorias na manutenção e desenvolvimento da educação – EJA, mas muitas metas estabelecidas não foram cumpridas por motivos relacionados a falta de recurso. * * EJA no contexto das Conferencias Internacionais promovidas pela UNESCO A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) foi fundada em 16 de Novembro de 1945, após o final da II Guerra Mundial com o objetivo de contribuir para a paz e segurança no mundo mediante a educação, a ciência, a cultura e as comunicações. Em 1990 foi realizada a Conferência Mundial sobre Educação para Todos, em Jomtiem na Tailândia. * * Educação para todos - UNESCO “A educação é um direito fundamental de todos, mulheres e homens, de todas as idades, no mundo inteiro” (UNESCO, 1990, p.2) “ A educação básica adequada é fundamental para fortalecer os níveis superiores de educação e de ensino, a formação científica e tecnológica e, por conseguinte, para alcançar um desenvolvimento autônomo” (UNESCO, 1990, p.2). * * Conferência Internacional sobre Educação de Adultos - CONFITEA Em 1997 foi realizada em Hamburgo, na Alemanha, a V Conferência Internacional sobre Educação de Adultos - V CONFITEA, com o tema “A educação das pessoas adultas, uma chave para o século XXI”. Segundo tal conferência cabe à EJA suscitar a autonomia e o sentido de responsabilidade nos indivíduos e comunidades para que sejam capazes de lidar com as mudanças socioeconômicas e culturais ocorridas na contemporaneidade. * * Referências BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. Brasília. 2000. ______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Contém as emendas constitucionais posteriores. Brasília, DF: Senado, 1988. LIBÂNEO, J.C.; OLIVEIRA, J.F.de; TOSCHI, M.S. Educação Escolar: Políticas, Estruturas e Organização. São Paulo:Cortez, 2012. * Letícia Fonseca Castro Atividade 3 Fundamentos da Educação de Jovens e Adultos e Educação Popular * Reflexão Vimos que o Plano Nacional de Educação propõe importantes objetivos e metas. Podemos dizer que ele foi eficaz nos aspectos que tangem a EJA? * * O PNAE foi eficaz para a obtenção de melhorias na manutenção e desenvolvimento da educação – EJA, mas muitas metas estabelecidas não foram cumpridas por motivos relacionados a falta de recurso. * Resposta – Comentário Fundamentos da Educação de Jovens e Adultos e Educação Popular Letícia Fonseca Castro Aula 4 * Apresentação da aula 2.3 - O Parecer CNE/CEB 11/2000 – Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos Nesta aula faremos uma analise do Parecer CNE/CEB 11/2000 que delibera sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. * * CNE/CEB O Parecer CNE/CEB 11/2000 delibera sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos que foi proposto pelo Ministério da Educação. Este documento foi resultado de inúmeras reuniões, audiências públicas e teleconferências. * www.araras.sp.gov.br * O Parecer esclarece e regulamenta as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos para os “sistemas de ensino e seus respectivos estabelecimentos que venham a se ocupar da educação de jovens e adultos sob a forma presencial e semi-presencial de cursos e tenham como objetivo o fornecimento de certificados de conclusão de etapas da educação básica.” (Brasil, 2000, p.4) * http://carlos-luz.blogspot.com.br * Importante Parecer considera que o Brasil ainda mantém um alto índice de analfabetismo e o mesmo se concentra no grupo de pessoas com “mais idade, de regiões pobres e interioranas e provenientes dos grupos afro-brasileiros.” (Brasil, 2000, p. 5). Desta forma a Educação de Jovens e Adultos significa uma dívida social que ainda não foi reparada. * * Crítica Crítica à visão que se tem do adulto não alfabetizado: "Muitos destes jovens e adultos dentro da pluralidade e diversidade de regiões do país, dentro dos mais diferentes estratos sociais, desenvolveram uma rica cultura baseada na oralidade da qual nos dão prova, entre muitos outros, a literatura de cordel, o teatro popular, o cancioneiro regional, os repentistas, as festas populares, as festas religiosas e os registros de memória das culturas afro-brasileira e indígena." (Brasil, 2000, p. 5) * * Funções da EJA: reparadora, equalizadora e permanente. Função reparadora: articula-se com o pleito postulado por inúmeras pessoas que não tiveram uma adequada correlação idade/ano escolar em seu itinerário educacional e nem a possibilidade de prosseguimento de estudos. Função equalizadora: - igualdade perante a Lei para se chegar a igualdade de oportunidades. * * Função permanente ou qualificadora: - poder se qualificar, se requalificar e descobrir novos campos de atuação como realização de si. Nesta linha, a educação de jovens e adultos representa uma promessa de efetivar um caminho de desenvolvimento de todas as pessoas, de todas as idades. * * Para conhecer mais sobre o conceito de conscientização, em Paulo Freire, você pode ler a obra: FREIRE, P. Conscientização: teoria e prática da libertação: uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Cortez & Moraes, 1979. A obra completa está disponível em: http://www.dhnet.org.br * * É muito importante que esta política pública seja articulada entre todas as esferas de governo e com a sociedade civil a fim de que a EJA seja assumida, nas suas três funções, como obrigação peremptória, regular, contínua e articulada dos sistemas de ensino dos Municípios, envolvendo os Estados e a União sob a égide da colaboração recíproca. (Brasil, 2000, p. 53) * * Diretrizes e Atenção específicas As Diretrizes Curriculares do Ensino Fundamental e Médio valem para a Educação de Jovens e Adultos, porém “não significa uma reprodução descontextualizada face ao caráter específico da Educação de Jovens e Adultos”, mas adoção dos “princípios da contextualização e do reconhecimento de identidades pessoais e das diversidades coletivas constituem-se em diretrizes nacionais dos conteúdos curriculares.” (Brasil, 2000, p.61) * * Referências BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. Brasília. 2000. ______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Contém as emendas constitucionais posteriores. Brasília, DF: Senado, 1988. _______. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação. Brasília. 2001. _______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº. 9394/96. Brasília, 20 dez. 1996. ______. Parecer CEB/CNE 11/2000. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos, 2000. * Fundamentos da Educação de Jovens e Adultos e Educação Popular Letícia Fonseca Castro Atividade 4 * * O Parecer CNE/CEB 11/2000 destaca três funções da Educação de Jovens e Adultos, quais são elas? * Resposta 1- reparadora; 2- equalizadora; e, 3- permanente ou qualificadora. 15 Fundamentos da Educação de Jovens e Adultos e Educação Popular Letícia Fonseca Castro Aula 5 * Apresentação da aula 3.1. Trajetória intelectual de Paulo Freire: Vida e Obra Nesta aula, tomaremos contato com a trajetória de Paulo Freire, abordando sua biografia, suas obras e suas contribuições à educação. * * A vida de Paulo Freire Paulo Reglus Neves Freire nasceu no dia 19 de setembro de 1921, no Recife. Cursou Direito na Universidade de Recife, mas não exerceu. Dedicou-se à filosofia da linguagem e preferiu trabalhar como professor. * http://cloud-ead.programmers.com.br * A vida de Paulo Freire Em 1946, Freire é indicado diretor do Departamento de Educação e Cultura do Serviço Social em Pernambuco. Em 1960, cria-se em Recife o MCP – Movimento de Cultura Popular - Freire desenvolve a sua metodologia de alfabetização de adultos. Em 1963, Freire desenvolve o Programa Nacional de Alfabetização de Adultos. * * Golpe Militar de 1964: extinção de vários movimentos relacionados à educação e da cultura popular. MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização) - Paulo Freire sempre afirmou que o Mobral havia sido criado para negar o seu método e para silenciar o seu discurso. * * A vida de Paulo Freire Em 1980, com a anistia, morando em Genebra, ele volta ao Brasil e filia-se ao PT, e trabalha como supervisor do programa do partido para a alfabetização de adultos de 1980 a 1986. Em 1988, o PT foi bem sucedido nas eleições municipais e Freire foi indicado Secretário da Educação de São Paulo. * * A vida de Freire Em 1997, Freire morre por problemas cardíacos em São Paulo. Com o intuito de dar continuidade e reinventar o legado de Freire, em 1991 foi criado o Instituto Paulo Freire. * * O Instituto Paulo Freire - IPF É uma associação civil, sem fins lucrativos, criada em 1991 e fundada oficialmente em 1992. Atualmente, há diversos IPF pelo mundo. O IPF é uma rede internacional que integra pessoas e instituições distribuídas em mais de 90 países, com o objetivo principal de dar continuidade e reinventar o legado de Paulo Freire. http://www.paulofreire.org * * Obra: Pedagogia do Oprimido Em 1966, Freire publicou vários livros, dentre eles o livro “Pedagogia do Oprimido”, seu livro mais famoso. Publicado no Brasil apenas em 1974. O livro foi traduzido para 17 línguas e revelou-se sucesso editorial em todos os países devido à perenidade e relevância das questões que aborda. * * Paulo Freire Destacou-se por trabalhar na área da educação popular e um de seus objetivos centrais era a formação da consciência crítica. É considerado um dos educadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica. * * Indicação de Vídeo As contribuições de Paulo Freire para a alfabetização de adultos: http://youtu.be/zeFogTRJiOs Especialistas como Emilia Ferreiro, José Eustáquio Romão, Vera Barreto e Vera Masagão comentam como o trabalho de Paulo Freire contribuiu para o desenvolvimento da teoria e da prática da Alfabetização de Jovens e Adultos. * * Vídeo: Paulo Freire Contemporâneo * * Referências - GADOTTI, M. & ROMÃO, J. "Educação de Jovens e Adultos: teoria, prática e proposta" São Paulo: Cortez, 2001. OLIVEIRA, I. Leituras freireanas sobre a educação. São Paulo: Ed. UNESP, 2003. Vídeo: Paulo Freire Contemporâneo - Direção: Toni Ventura. Disponível em www.dominiopublico.gov.br * Fundamentos da Educação de Jovens e Adultos e Educação Popular Letícia Fonseca Castro Atividade 5 * * De acordo com o trecho do filme, ainda em meados da década de 50, Paulo Freire teve como objeto de estudo e investigação: ( ) especializar-se em métodos de Alfabetização de jovens e adultos. ( ) estabelecer uma crítica mais ampla e profunda à educação brasileira. Reflexão Letícia Fonseca Castro Aula 6 Fundamentos da Educação de Jovens e Adultos e Educação Popular * Apresentação da aula 3.2. Conceitos freireanos de autonomia, conscientização e libertação. A concepção problematizadora da educação e de libertação. Conscientização: consciência crítica e consciência ingênua. 3.3. A EJA e a Educação Popular numa perspectiva freireana. Breve histórico do processo de alfabetização de jovens e adultos no Brasil. Paulo Freire e o sentido da alfabetização. * * A concepção problematizadora da educação e de libertação Pedagogia libertadora: estudos e propostas de Paulo Freire. Contrapõe-se à concepção “bancária” de educação. - Os educandos têm o papel de receber os depósitos e arquivá-los. * * Educação “bancária” Paulo Freire nos alerta que nessa concepção de educação os grandes arquivados são os homens, pois estão alijados da busca, da práxis, e sem isto “os homens não podem ser”. Ambos, educador e educando, arquivam-se nesse processo equivocado de educação isento de criatividade e de potencial transformador. * * Concepções: Bancária X Problematizadora/Libertadora Concepção Bancária: reflete a sociedade opressora, mantendo e estimulando a contradição. Os homens são vistos como seres da adaptação, bem ajustados. Concepção Problematizadora/ Libertadora: parte do pressuposto de que os homens são seres da busca e sua vocação ontológica é humanizar-se. * * Reconhece que a realidade é mutável, é indagadora, ama o diálogo e nutre-se dele. Conscientização é mais do que saber o que se passa ao seu redor, é acima de tudo um processo histórico. O homem se cria, se realiza como sujeito, porque esta resposta exige dele reflexão, crítica, invenção, eleição, decisão, organização, ação. Freire (1980) Consciência crítica * http://kobieta.onet.pl * Consciência ingênua Simplicidade na interpretação de problemas, tendência a aceitar formas massificadoras de comportamento, satisfaz-se com as experiências, afirma que a realidade é estática e é propensa a cair no fanatismo. * http://s3.amazonaws.com * Autonomia Freire pontua a autonomia como um ponto de equilíbrio que estabelece a legitimidade da autoridade e liberdade. O fim da opressão do ser humano e a sua libertação e o respeito à dimensão humana do educando, passam pela construção da autonomia do mesmo, que deve “estar centrada em experiências estimuladoras da decisão e da responsabilidade, vale dizer, em experiências respeitosas da liberdade” (FREIRE, 1997, p. 121). * * * Interessou-se em conhecer mais sobre o conceito de autonomia, em Paulo Freire? Você pode ler a obra: Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. Paulo Freire. A obra completa está disponível em: http://forumeja.org.br/files/Autonomia.pdf * Alfabetização de jovens e adultos no Brasil A alfabetização de jovens e adultos acompanha a história da educação no Brasil, que por sua vez, acompanha a história dos modelos políticos e econômicos. EJA ganhou maior destaque após a ditadura militar de Getúlio Vargas em 1945, em que o país vivenciava a efervescência política da redemocratização. * * Em 1947, é lançada a Campanha de Educação de Adultos: concepção de que o analfabetismo era a causa e não o efeito da situação econômica, social e cultural do país. Visão do adulto analfabeto como incapaz e marginal. Em 1950 a campanha se extinguiu. Paulo Freire: sua pedagogia inspirou os principais programas de Alfabetização e Educação Popular no início dos anos de 1960. * Alfabetização de jovens e adultos no Brasil * Paulo Freire e o sentido da alfabetização A alfabetização é um ato de criação construído por alfabetizando e educador. O papel do educador é fundamental: ensina, mas jamais anula o esforço criador do educando. É necessário tomar a alfabetização como consequência de uma ordem social injusta. • Compreender que o aprendizado da leitura e da escrita não pode ser feito como algo paralelo à realidade concreta dos alfabetizandos. * * Paulo Freire: propostas e ações para alfabetização Carteiras em círculos, não enfileiradas. Valorização do diálogo entre educador, educando e objeto do conhecimento. O conhecimento dos educandos deve ser transformado em palavras geradoras, para participação de todos. Apresentação de imagens relacionadas com os temas estudados como recursos facilitadores para o diálogo. O educador tem o papel de problematizar a situação, estimulando a relação dialógica. * * Reflexão Paulo Freire inverteu a lógica das décadas anteriores ao trabalhar com a concepção de que o adulto analfabeto não era a causa do subdesenvolvimento do país, mas era a sua consequência. Ele inverte também a visão do analfabeto como um sujeito sem cultura. A metodologia utilizada por Freire consistia em trazer a discussão do que é cultura e fazer com que as pessoas se reconhecessem como produtoras de cultura a partir de suas próprias situações cotidianas, nas quais a alfabetização e a concepção problematizadora de educação são utilizadas como instrumentos para a leitura do mundo em que se vive. * * Referências BARRETO, Vera. Paulo Freire para educadores. São Paulo: Arte & Ciência, 2004. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1997. ____________. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. GADOTTI, Moacir (org). Paulo Freire: uma biobibliografia. São Paulo: Cortez, 1996. * Letícia Fonseca Castro Atividade 6 Fundamentos da Educação de Jovens e Adultos e Educação Popular * * Reflita sobre os conceitos que definem o que é consciência crítica e ingênua de acordo com Paulo Freire e estabeça uma comparação entre ambas. * * “A consciência crítica é a representação das coisas e dos fatos como se dão na existência empírica. Nas suas correlações causais e circunstanciais. A consciência ingênua (pelo contrário) se crê superior aos fatos, dominando-os de fora e, por isso, se julga livre para entendê-los conforme melhor lhe agradar” Freire (1994, p.113). Consciência crítica e consciência ingênua Fundamentos da Educação de Jovens e Adultos e Educação Popular Letícia Fonseca Castro Aula 7 * Apresentação da aula Nesta aula iremos discutir sobre o perfil dos alunos que frequentam a EJA nas escolas brasileiras, buscando compreender as necessidades específicas para este segmento educacional, refletindo sobre as melhores maneiras de organizar novas aprendizagens e propor novos desafios aos estudantes que precisam conciliar o mundo do trabalho com o universo escolar. * * Perfil do aluno EJA São, na maioria, trabalhadores ou momentaneamente desempregados, idosos, donas de casa e também jovens, com as diferenças culturais, etnias, religião e crenças que por motivos diversos não puderam dar continuidade aos estudos no período comum. © Lisa F. Young | Dreamstime.com * * Perfil do aluno EJA É importante perceber que existem necessidades específicas para este perfil e para garantir frequência e empenho de tais alunos nos processos de aprendizagem é necessário que os professores tragam para a sala de aula assuntos sobre os quais eles se interessam e que estejam relacionados com o seu universo. * * Jovens na EJA http://www2.camarabarradogarcas.mt.gov.br/ * Quase 20% dos matriculados na EJA têm de 15 a 17 anos. Muitos jovens deixam os estudos no período comum para inserção no mercado de trabalho, buscando por uma identidade e independência financeira. Quando retornam aos estudos, optam pela modalidade da EJA devido aos horários de aula (geralmente noturnos) que favorecem a continuidade no trabalho. * Idosos na EJA * Representam cerca de 3% das matrículas do segmento no país e fazem parte de uma parcela da população que não teve oportunidade de frequentar a sala de aula na idade certa. http://cantinhodesugestoesparaeja.blogspot.com.br * Idosos na EJA http://cantinhodesugestoesparaeja.blogspot.com.br * Saber ler e escrever, aprender conteúdos de Língua Portuguesa e Matemática é associado a uma possibilidade de avanços e condição de vida melhor. Papel da escola: não apenas conduzir ao mercado de trabalho e possibilitar ascensão. * Desafios da EJA Preparar alunos para um mundo em transformação tem sido o maior desafio a ser enfrentado. O preparo destes alunos para as necessidades atuais da sociedade está diretamente relacionado à inserção de jovens e a permanência de adultos no mercado de trabalho. * * Evasão e Taxas de Permanência Necessário: Criação de projetos pedagógicos diferenciados e específicos, que sejam capazes de atender à enorme diversidade do público que compõe esta modalidade de ensino. Criação e manutenção de políticas públicas e governamentais, para que a escola possa se fazer um ambiente interessante para a construção de experiências significativas. * * Desafio EJA: PROEJA Integração entre a Educação de Jovens e Adultos (EJA) e segmentos da Educação Profissional - PROEJA (Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos), em todo o país, aplicado nas instâncias federal, estadual e municipal. O número de alunos matriculados no programa PROEJA ainda está muito abaixo da meta prevista. * * EJA Integrada com qualificação profissional (Educação e o mundo do trabalho parte 01) * * Referências CIAVATTA, M. Trabalho como princípio educativo na sociedade contemporânea. Disponível em: http://www.tvbrasil.org. ESTEBAN, M. T. Educação popular: desafio à democratização da escola pública. Cad. CEDES [online]. 2007, vol.27, n.71, pp. 9-17. ISSN 0101-3262. * Fundamentos da Educação de Jovens e Adultos e Educação Popular Letícia Fonseca Castro Atividade 7 * * Quais os principais desafios atuais para modalidade da EJA? Coloque V ou F. ( ) Preparar alunos para um mundo com poucas transformações. ( ) Combater a evasão e aumentar as taxas permanência. ( ) Criação de projetos pedagógicos diferenciados e específicos. ( ) Aumentar o número de matrículas no PROEJA. Fundamentos da Educação de Jovens e Adultos e Educação Popular Letícia Fonseca Castro Aula 8 * Apresentação da aula Nesta aula vamos dialogar sobre o currículo e as práticas curriculares de alfabetização na Educação de Jovens e Adultos, tentando compreender os desafios enfrentados pela EJA atualmente. * http://s.libertaddigital.com * EJA atualmente Segundo Ireland (2012), a EJA atualmente tem tido importantes avanços curriculares, possuindo agora objetivos maiores do que a simples alfabetização de jovens e adultos. Para o especialista inglês, na atualidade o maior desafio da modalidade de ensino é o de preparar jovens e adultos para um mercado de trabalho concorrente em um mundo em constante transformação. * * Indo além da alfabetização A alfabetização é uma parte fundamental quando se fala em EJA, mas não é a única e mais importante. Sabemos que tal questão associa-se ao fato de que no Brasil, a EJA tem sido, em geral, associada à escolaridade compensatória para pessoas que não conseguiram ir para a escola quando crianças, no entanto, tal perspectiva não se coloca coerente com o que se preconiza nas metas e princípios educacionais atuais. * * Investimentos na EJA Existe uma força política muito forte para reduzir as estatísticas de analfabetismo, visto que tal índice está relacionado a busca de um crescimento econômico e social - IDH EJA - incluída no Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) fonte estável de recursos para investimentos. Mas... ainda existem graves problemas referentes aos investimentos que muitas vezes não são distribuídos devidamente nas modalidades educacionais. * * Desafios EJA - Matrículas A queda nas matrículas em EJA suscita um leque de hipóteses relacionadas aos desafios para sua plena implementação no Brasil. “Existe uma multiplicidade de respostas para a questão, baseadas em fatores que atuam em conjunto: o formato ainda muito convencional da escola, poucos esforços e falta de estímulos a estados e municípios para investir em EJA, além da escassez de políticas intersetoriais das áreas de saúde, transporte, assistência social” (Catelli, apud, Sanches 2012) * * Uma nova cultura para EJA A cultura da educação de adultos ainda está por se construir, a demanda social é tênue e desorganizada. Para esta população, a são pensados programas simples, seguindo o modelo tradicional da escolarização, que acaba gerando evasão e resultados insatisfatórios. * * Desafios na prática Segundo a pesquisadora Francisca Izabel Pereira Maciel - do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale), o desafio para coordenadores de projetos e professores de EJA está em propiciar a articulação do ensinar a ler e escrever com suas funções e usos na sociedade. A começar por uma diferenciação da alfabetização para jovens e adultos em relação à que é destinada e formatada para crianças. * * Portanto... O desafio: Educação de Jovens e Adultos precisa ampliar a oferta, chegar aos lugares certos e encontrar maneiras de ensinar seu público respeitando sua experiência de vida. * * Dica * Assista ao vídeo “Os desafios da Educação de Jovens e Adultos ” disponível no link abaixo: http://youtu.be/vOyWBZuMHBQ * Referências IRELAND, T. Uma prática educativa com operários em construção. In: Construção Coletiva: Contribuições para a educação de Jovens e adultos. Brasília: UNESCO, MEC, RAAAB, 2005. SANCHES. L. O desafio da EJA nos dias atuais. In: Revista Escola Pública Uol. Disponível em http://revistaescolapublica.uol.com.br/ * Fundamentos da Educação de Jovens e Adultos e Educação Popular Letícia Fonseca Castro Atividade 8 * * Um dos desafios, talvez o principal, para a modalidade da EJA atualmente, está relacionado as taxas de matrículas. Sobre isso, quais os principais fatores que dificultam o acesso dos alunos nesta modalidade? * “Existe uma multiplicidade de respostas para a questão, baseadas em fatores que atuam em conjunto: o formato ainda muito convencional da escola, poucos esforços e falta de estímulos a estados e municípios para investir em EJA, além da escassez de políticas intersetoriais das áreas de saúde, transporte, assistência social”. (Catelli, apud, Sanches 2012) * Fundamentos da Educação de Jovens e Adultos e Educação Popular Letícia Fonseca Castro Aula 9 * Apresentação da aula Neste capítulo será possível refletir sobre os principais pontos que caracterizam a identidade do professor que trabalha com a Educação de Jovens e Adultos no Brasil. Poderemos compreender como os professores desta modalidade educacional devem pensar e organizar sua prática pedagógica e sua postura no cotidiano escolar. * * Especificidades do professor da EJA Os profissionais comprometidos com a pluralidade e com respeito à diversidade das culturas apresentadas pelos jovens e adultos precisam participar de uma formação continuada permanente, para poder ir de encontro às especificidades de cada educando na EJA. Arroyo (2006) "se esse perfil de educação de jovens e adultos não for bem conhecido, dificilmente estaremos formando um educador desses jovens e adultos" (p. 22). * * Em busca do próprio perfil Da mesma maneira, o professor da EJA deve buscar por si próprio traçar seu perfil na busca de ampliar suas habilidades e competências especificas para desenvolver uma boa prática pedagógica em seu trabalho, garantindo sua formação contínua também por meio de uma busca pessoal e particular. * * http://memoriaeja.blogspot.com.br/ * Algumas características peculiares à EJA, relacionadas às vivências dos alunos e outras questões de ordem emocional, interferem diretamente na postura e ação pedagógica do professor de adultos e jovens. Estes alunos são sujeitos de direito que têm responsabilidades sociais e familiares e tem já formados seus valores éticos e morais através de experiências e da realidade cultural em que estão inseridos. * Freire (1996, p. 30), “Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos, por isso mesmo pensar certo coloca ao professor ou, mais amplamente à escola, o dever de não só respeitar os saberes com que os educandos, sobretudo os das classes populares, chegam a ela saberes socialmente construídos na prática comunitária – mas também, como há mais de trinta anos venho sugerindo, discutir com os alunos a razão de ser de alguns desses saberes em relação com o ensino dos conteúdos. (...) Por que não estabelecer uma “intimidade” entre os saberes curriculares fundamentais aos alunos e a experiência social que eles têm como indivíduos?”. * * Identidade do professor Dentre as habilidades e outras atribuições que compõem o perfil do professor de jovens e adultos está o compromisso em mostrar que a EJA é uma educação possível e capaz de mudar significativamente a vida das pessoas, permitindo que ela possa reescrever sua história, motivando por tanto o aluno a buscar o seu crescimento pessoal e profissional. * * A construção de uma proposta de trabalho que reconheça as especificidades do público da EJA perpassa diversos aspectos como, por exemplo: A diversidade de educandos com características de vida específicas; A preocupação com a organização geral escolar que acolha a realidade desse público; * * Propostas curriculares que vão ao encontro das necessidades e interesses dos alunos; A disponibilidade de recursos didáticos que atendam e desenvolvam as potencialidades desses sujeitos; Iniciativas de formação inicial e continuada aos educadores que trabalham com a EJA especificamente; Implementação de políticas compensatórias de alimentação e transporte que favoreçam a permanência dos educandos. * * Referências ARROYO, M. G. Formar educadoras e educadores de jovens e adultos. In: Seminário Nacional Sobre Formação do Educador de Jovens e Adultos. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. IMBERNÓN, F. Formação docente e profissional: Formar-se para a mudança e a incerteza. São Paulo: Cortez, 2009. FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. * Fundamentos da Educação de Jovens e Adultos e Educação Popular Letícia Fonseca Castro Atividade 9 * * Reflexão... Defina quais os principais pontos para um perfil profissional coerente com as necessidades da EJA atual. * Foi possível perceber que é fundamental na prática pedagógica preservar as particularidades que envolvem a EJA, destacando as relações dialógicas entre educador e educando e tomando como ponto de partida para a ação pedagógica o respeito pelo conhecimento prévio e vivências do educando. * Fundamentos da Educação de Jovens e Adultos e Educação Popular Letícia Fonseca Castro Aula 10 * Apresentação da aula Pretendemos aqui refletir e pensar sobre as melhores maneiras de organizar novas aprendizagens e propor aos alunos da EJA atividades que sejam contextualizadas com suas experiências e vivências, bem como com os interesses e necessidades dos educandos. * * Experiências curriculares É necessário estabelecer uma relação direta com as especificidades que compõe toda esta modalidade, ou seja, paradigmas que relacionam o saber da experiência e vivências dos alunos e o mundo do trabalho. * * Organização de projetos e atividades Conteúdos disciplinares: não fragmentados e diferentes daqueles baseados na programação já estabelecida na modalidade de ensino para crianças e adolescentes. Organização curricular: Integração e não aglutinação das disciplinas. Temas transversais e interdisciplinaridade devem ser ponto de partida das propostas curriculares para EJA. * * Sugestão de atividade sequenciada (Adaptação da sequência publicada pelo Programa Escola que Vale, uma parceira entre Comunidade Educativa CEDAC e Fundação Vale) Literatura e leitura na EJA: leitura para os filhos ou netos na hora de dormir. Pretende-se trabalhar com os alunos da EJA a importância do hábito da leitura. Demonstrando que este hábito pode ser desenvolvido a partir de práticas cotidianas como ler histórias para as crianças na hora de dormir. * * Sugestão de atividade sequenciada Esta atividade também propõe apontar a relevância da leitura em voz alta para quem lê, como para quem ouve, de forma subjetiva e também compartilhada. * * Condição didática www.araras.sp.gov.br * A realização da leitura pelo professor de narrativas literárias é condição didática necessária para que esta sequência ocorra de maneira adequada. Além disso o professor deve realizar leitura habitual para os alunos, utilizando gêneros diversificados. * Desenvolvimento da sequência didática: Literatura e leitura na EJA Reflexão sobre a importância da leitura; Apresentação da proposta aos alunos; Em contato com a leitura (e leitores) em voz alta; Escolha e preparação dos textos a serem lidos pelos alunos em voz alta; Leitura e Comentários; Fechamento e continuidade. * * Trabalhar a linguagem oral com os alunos da EJA Cobramos muitos textos escritos, mas não consideramos o que costuma ser dito pelos alunos. É natural que haja essa ênfase, uma vez que um dos objetivos centrais do Ensino Fundamental é a alfabetização e aquisição de autonomia na leitura e na escrita. Mas... A oralidade é fundamental e deve ser considerada como tal! * * Saber oral e escrito É preciso distinguir o aluno que não aprendeu determinado conteúdo daquele que sabe, mas não consegue demonstrar isso por escrito. Esses dois tipos têm necessidades distintas e requerem intervenções diferentes do professor. Auxiliar esses jovens e adultos a aprenderem a se expressar melhor no trabalho; a não se intimidar em situações mais formais e a adequar sua fala ao meio onde está. * * Vídeo * Minhas tardes com Margueritte * Referências HADDAD, S. Por uma nova cultura de Educação de Jovens e Adultos, um balanço de experiências de poder local. Novos caminhos em Educação de Jovens e Adultos - EJA. São Paulo: Global, 2007. MOURA, T. A formação de professores (as) para a Educação de Jovens e Adultos em questão. São Paulo: Edufa, 2007. * Fundamentos da Educação de Jovens e Adultos e Educação Popular Letícia Fonseca Castro Atividade 10 * Reflexão Após assistir o trailer do filme “Minhas tardes com Margueritte” é possível afirmar que os adultos ditos analfabetos podem ter conhecimentos a respeito da escrita/leitura? * * * Pelo que vimos em nossa aula e no trailer do filme, pode-se dizer que mesmo não sabendo formalmente a ler e escrever, os adultos tem em sua bagagem muita sabedoria devido suas experiências e vivências, e que isto deve ser considerado e valorizado no momento do processo de ensino e aprendizagem. ... Afinal “ter memória auditiva é o mesmo que lembrar de tudo que ouve”!
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