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FILOSOFIA - ROTEIRO DO LIVRO

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Graduação em Medicina
Déborah Brandão
Eliza Lavall
Jéssica Melo
João Pedro Araújo
Lúcio Brandi
Silvana Safar
ROTEIRO DE ESTUDOS DO LIVRO:
Doença do Corpo, Doença da Alma: Medicina e Filosofia na Grécia Clássica, Ivan Miranda Frias
Betim
2014
PARTE 1
A filosofia e a medicina embora possuam conceitos comuns são campos distintos do saber, quer pela natureza, quer pelos objetivos. Esclareça os pontos de convergência e divergência, além de estabelecer a correspondência com as correntes do racionalismo e empirismo.
A filosofia e a medicina são campos distintos do saber. A filosofia tem como objetivo a reflexão da natureza, é um saber eminentemente teórico, especulativo, enquanto a medicina, embora possua um corpo de teorias, é um conhecimento, por essência, de ordem prática, que almeja um fim determinado, a cura. O conhecimento médico é derivado da experiência, já o conhecimento filosófico é baseado em postulados apriorísticos de natureza abstrata e sem comprovação sensorial. Porém, a prática médica no século V a.C. encontra na racionalidade filosófica o instrumento necessário para elaborar sua teoria sobre a natureza humana. Além disso, alguns conceitos filosóficos influenciaram na linguagem médica.
Para uma melhor compreensão da relação entre filosofia e medicina clássica faça um quadro demarcando a “evolução” do pensamento grego e a repercussão dele na construção da entidade clínica.
Alcméon – autor da primeira doutrina médica ocidental sobre o binômio saúde-doença. para esse autor, a saúde é caracterizada pelo equilíbrio de potências opostas presentes no corpo, como o úmido e seco, frio e quente, amargo e doce. Já a “monarquia” de um deles é a causa da doença. A alma para esse filósofo é imortal e está sempre em movimento, pois é divino assim como os astros.
Empédocles - irmava que a natureza era constituída de quatro elementos (água, fogo, terra e ar) e dois princípios cosmogônicos (amor e ódio). Segundo o autor, o amor realiza atração entre os elementos e o ódio a separação. A partir dessa afirmação, o filósofo apresenta sua teoria causal do fenômeno visual pela união dos semelhantes. Além disso, Empédocles provou pela primeira vez a existência do ar e explicou a fisiologia da respiração com a entrada de ar pelas vias aéreas superiores e a respiração através dos poros da pele. Por fim, esse autor explicou os tipos de inteligência a partir da harmonia dos elementos.
Heráclito – filósofo pré-socrático que usava como princípio a consideração de que tudo está em movimento. Há uma alternância de contrários, em que as coisas quentes esfriam, coisas frias esquentam; coisas úmidas secam, coisas secas umedecem. Ele considera que, nessa harmonia, os opostos coincidem da mesma forma que o princípio e o fim, em um círculo. 
Sócrates – se baseia no antropocentrismo, que considera que a humanidade deve permanecer no centro do entendimento dos humanos. Para Sócrates a filosofia é uma forma de medicina que, por meio da dialética, diálogo crítico que se divide no momento da refutação (questionamento) e maiêutica (dar luz as ideias), é capaz de produzir na alma a temperança, a prudência, a sabedoria.
Hipócrates - a saúde depende do equilíbrio de humores e da boa distribuição de suas qualidades (amargo, doce, ácido) nos vários sítios humanos. Já em caso de doença, o equilíbrio deve ser restabelecido por dieta. Na doutrina da cocção ele explica que certos humores, à medida que a doença chega perto do fim, torna-se espesso e muda de cor. O humor nocivo é transformado pela cocção numa matéria menos nociva, sendo expulsa pelo suor, urina, vômitos, evacuação, expectoração ou fica retido no corpo. A cocção e a eliminação podem ser previstos e, portanto, é fundada no prognóstico. Hipócrates relata a importância do método de observação clínica para registrar os sinais e sintomas, e assim poder acompanhar a história clínica do doente. Além disso, relata que o meio ambiente de cada país condiciona as características físicas e morais de cada habitante e, por isso, os médicos devem observar as características ambientais para poder prever as doenças locais. 
Platão - formula o conceito de doença da alma ao perceber que o homem possui uma interioridade que também adoece. Há uma inter-relação entre corpo e alma. Tanto a doença do corpo causa a doença da alma como o inverso é verdadeiro. Os padecimentos circunscritos à esfera mental vêm sendo estudados e tratados das mais diversas formas, desde então até o advento da psiquiatria, há dois séculos atrás, e da psicanálise. Sabe-se que muitos desses padecimentos exteriorizam-se como sintomas físicos, sendo refratários ao tratamento médico (leia-se tratamento do corpo). Na atualidade há uma tendência em atribuir aos sintomas mentais uma causa orgânica e, com isso, tem havido uma crescente produção de drogas com ação no sistema nervoso central que visam à supressão de tais sintomas
Aristóteles - médico e filho de médico, cientista-filósofo, herdou a tradição socrática, hipocrática e platônica. Talvez devido à sua grande influência, ajudou a perpetuar a teoria das doenças, de Hipócrates, que relaciona os quatro humores (sangue, flegma, bile amarela e bile negra) aos temperamentos das pessoas (sangüíneo, flegmático, colérico e melancólico) e às quatro qualidades (frio, calor, úmido e seco). Toda a matéria era composta dos quatro elementos (terra, ar, fogo e água). Dando continuidade a inter-relação entre corpo e alma direcionada por Platão - tanto a doença do corpo causa a doença da alma como o inverso é verdadeiro - Aritóteles já atribuía à melancolia uma causa física: o excesso de bile negra. Mas ele não a considerava uma doença, e, sim, um estado de exceção, próprio do homem de gênio, do artista, do filósofo. Há, portanto, uma nosologia própria para cada época.
De acordo com Alcméon de Crotona, médico e filósofo do século V a.C., como é possível explicar o binômio saúde-doença?
Alcméon de Crotona define o binômio saúde-doença socorrendo o conceito de potências opostas. Essas encontram-se misturadas de forma balanceada, equalizada no corpo. Segundo Alcmén, o domínio de uma potência sobre as demais é responsável pelo estado de doença. Ou seja, se houver uma “monarquia” de uma das potêcias, já não há mais homeostase que define o estado de saúde. Dessa forma, excesso de calor ou frio, de umidade ou secura altera o equilíbrio natural do organismo.
Diferencie e analise o propósito central do fisiologismo dos pré-socráticos e do antropocentrismo socrático.
Alcméon utilizava a ciência do calor corporal para determinar a subordinação, os papéis sociais. O corpo quente era mais forte, reativo e ágil e o corpo frio era inerte. Empédocles explicou a fisiologia da respiração e usava como base dos seus pensamentos a existência dos 4 elementos: terra, fogo, ar e água. A fisiologia pré-socrática envolvia apenas a semiologia, o prognóstico e a terapêutica. Já Sócrates surgiu com a ideia de que talvez não fosse sangue ou fogo, mas sim o cérebro que nos da à sensação de sentir, cheirar, ver e ouvir, o que resultaria em memórias e opiniões, que ao adquirirem estabilidade, se tornariam conhecimento.
Qual a relação existente entre a estrutura política ateniense e a fisiologia grega (ciência do calor corporal)? Explique essa relação levando em consideração o fato de que o logos grego era contemplativo e visava à compreensão intelectual da ordem causal das coisas.
A fisiologia presente na cultura grega (teoria do calor corporal) endossa que diferentes níveis de calor corporal determinam diferentes posturas. Um corpo mais quente era mais forte, ao passo que um corpo mais frio era menos forte. Esse conceito fisiológico estende-se ao campo político-social, explicando a segregação sócio-espacial, discriminando homens (quentes) de seus opostos, as mulheres, consideradas versões frias dos homens. Vale ressaltarque os escravos eram, apriori, considerados objetos, não se enquadrando nessa classificação. Dessa forma, somente os homens de sangue quente estavam aptos a prática política, enquanto tarefas consideradas menos “sofisticadas” eram delegadas aqueles de sangue frio.
Comente sobre a importância da “excelência do olhar clínico” para a medicina hipocrática, moderna e contemporânea.
Medicina Hipocrática: A grande conquista da medicina hipocrática é o método de observação clínica (excelência do olhar clínico, pois não é qualquer sinal ou sintoma que deve ser registrado; é necessário que haja uma seleção do que é relevante para a história clínica de cada doente). O que dá exatidão ao saber médico é o testemunho dos sentidos. Essa preocupação com os dados objetivos e o esforço do médico grego em consignar suas observações com minúcia supriam as lacunas decorrentes do deficiente conhecimento anatômico. Dentre os sentidos, a visão ocupa o lugar de destaque. Segundo o autor do tratado “Da arte”: “o que é visível, por definição, se endereça aos olhos no ato de ver. Da mesma maneira, o que é invisível (mas que é) é objeto de conhecimento da inteligência”. Assim, pela decodificação dos sinais exteriores é possível o acesso, indireto, ao interior invisível. Os fenômenos observados precisam ser interpretados, ver a profundidade “é tomar o que se vê evidentemente não pelo ser, mas por um reflexo do ser, por um sinal”.
Medicina Moderna: Ocorreram importantes avanços teóricos e práticos devido a estudos iniciados no século XIX. Os microscópios foram aprimorados, a anestesia, técnicas cirúrgicas, e noções maiores de higiene foram desenvolvidas.. O diagnostico passou a ser baseado não só na observação clínica, mas também nos exames laboratoriais. Isso proporcionou a mecanização e automatização da medicina, alem da perda do humanismo, o foco do medico deixou de ser o doente, como era na medicina hipocrática, e passou a ser as doenças. Houve ganho tecnológico e perda do olhar clinico, que passou a ocupar lugar secundário, devido as novas opções para realização de diagnósticos. 
Medicina Contemporânea: Foram feitas diversas descoberta na biologia, química, psicologia, farmacologia e tecnologia. Isso trouxe novos tratamentos e curas para muitas doenças, o que erradicou epidemias, como a de varíola. Porém, novas doenças surgem como a AIDS. Houve aumento da expectativa de vida, gerando o envelhecimento da população, que passa a apresentar mais doenças crônicas, como câncer e doenças cardiovasculares. Logo, há um foco maior no tratamento e na prevenção dessas doenças. O olhar médico retorna a raiz hipocrática, principalmente na relação médico-paciente. O homem passa a ser visto integralmente (corpo, mente, social, religioso..). O foco da medicina deixa de ser a atenção terciária, tratamento de doenças e suas consequências e passa a ser a atenção básica, promoção de saúde e a prevenção de doenças. O olhar clínico volta ao foco, já que apesar de ser de baixa tecnologia, é de alto valor diagnóstico e de baixo custo.
Explique a importância do racionalismo dos médicos hipocráticos na compreensão da fisiologia e da fisiopatologia.
O racionalismo dos médicos hipocráticos se caracteriza pela dessacralização das doenças e pela busca de uma causa para elas. No cérebro, tem lugar o pensamento, a visão, o conhecimento, bem como a capacidade de discernir o belo do feio, o bem do mal, o prazer do desprazer. O cérebro é a sede da loucura, do delírio, do temor, dos sonhos, das inquietações sem motivo, dos erros inoportunos. A loucura deriva da umidade do cérebro. Ao tornar-se úmido, esse órgão, necessariamente, se move e, ao mover-se, nem a visão, nem a audição são adequadas – o paciente vê e ouve ora uma coisa, ora outra. Contudo, enquanto o cérebro mantém-se em repouso, o homem conserva a faculdade do conhecimento. No Livro I do tratado “Do regime” o médico hipocrático declara que o homem e os demais seres vivos são constituídos de duas substâncias primordiais: o fogo e a água; substâncias indissociáveis e complementares. O fogo, considerado, quente e seco, se caracteriza pelo movimento; a água, fria e úmida, pelo repouso. A diversidade dos seres vivos é explicada pelos vários tipos de mistura desses dois elementos. No homem, as diferenças entre as constituições corporais e entre os graus de inteligência dependem, igualmente, da variedade observada na mistura de fogo e água (elementos que compõem a alma).
PARTE 2
Cite e analise a teoria das ideias de Platão bem como sua repercussão na cultura ocidental.
Platão chegou a conclusão dualística, isso é, existiam duas realidades diametralmente opostas, baseadas no aspectos do mundo sensível e do mundo inteligível. O mundo sensível corresponde à matéria e compõe-se das coisas como percebemos na vida cotidiana (pelas sensações), as quais surgem e desaparecem continuamente. O mundo inteligível corresponde as ideias, que são sempre as mesmas para o intelecto, de tal maneira que nos permitem experimentar a dimensão do eterno, do imutal, do perfeito.
 A doença da alma, que antes era um sintoma de uma doença física, passa doravante a ser uma entidade nosológica definida: ánoia, desrazão. Essa descoberta de Platão é um marco na cultura ocidental. Ela anuncia no século IV a. C. desenvolvimentos que serão feitos algumas centenas de anos depois, tanto no campo da psiquiatria quanto no da psicanálise.
Qual a maior contribuição de Platão para a medicina?
Platão amplia a percepção do binômio saúde-doença ao introduzir o conceito de doença da alma. Em seu modelo, "parte e todo" formam um conjunto indissociável, sendo que o todo se refere ao conjunto corpo e alma. A alma exerce a soberania e é dela que provém o mal e o bem para o corpo. Em “Timeu”, Platão relata uma interdependência entre alma e corpo: tanto as doenças da alma afetam o corpo quanto às doenças do corpo atingem de alguma medida a alma. Assim, de acordo com ele, deve-se tratar o conjunto corpo-alma, já que a saúde depende da proporção ou harmonia entre eles.
Explique porque Platão, no “Timeu”, entende as doenças da alma como subproduto da ligação corpo-alma.
No “Timeu” as doenças da alma são, segundo Platão, derivadas de distúrbios provenientes do corpo. Elas se constituem em um subproduto da ligação corpo-alma. Denominadas pelo filósofo demência ou desrazão (ánoia), se subdividem em loucura (manía) e ignorância (amathía), estados que manifestam o bloqueio da ação da alma racional (noûs), que não consegue mais exercer o comando sobre as duas outras partes da alma.
Platão localiza anatomicamente tanto a alma imortal quanto as duas partes da alma mortal. A alma imortal está situada no segmento cefálico, cuja forma reproduz a esfera do Universo. Por essa razão, a cabeça é a parte mais nobre do homem e reina sobre as demais partes; ela é o habitáculo do que há de mais divino e de mais sagrado em nós, a alma racional. Na alma mortal, criada pelos deuses quando da formação do corpo, têm abrigo paixões terríveis e fatais: o prazer, a maior isca do mal; as dores, que afastam o bem; a temeridade e o medo, dois conselheiros imprudentes; a cólera, difícil de convencer; a esperança, fácil de burlar; o desejo, pronto a tudo arriscar. Para afastar tais paixões da parte divina da alma, os deuses construíram o pescoço, espécie de istmo que separa a cabeça do tronco. Neste último segmento corporal eles sediaram a alma mortal.
Para Platão não é possível tratar os olhos sem que se trate simultaneamente a cabeça, nem esta última separadamente de todo o corpo. Da mesma forma, prossegue o filósofo, não se pode curar o corpo separadamente da alma. Não é suficiente, de acordo com ele, o tratamento de apenas um dos componentes do conjunto corpo-alma, já que a saúde depende da proporção ou harmonia entre eles.
Platão não se interessa propriamente pelo corpo, pois seu ponto de vista não é médico; seu organicismo é antes psicológico/teleológico. Comente.
Para Platão a estrutura corporal é um simples abrigoe meio de locomoção para a alma. O corpo encontra sua razão de ser na alma. Cada segmento anatômico tem uma finalidade derivada da função que é desempenhada pela parte da alma que lhe corresponde. Há, portanto, um finalismo em cada passagem da anatomo-fisiologia do “Timeu” que também está presente na descrição das estruturas em que efetivamente ocorre a ligação da alma com o corpo.
Leia atentamente o fragmento de texto abaixo (de Eduardo Galeano) e identifique os diferentes modelos de racionalidade ocidental, assim como a noção de corpo na medicina clássica, medieval, moderna e contemporânea.
A igreja diz: o corpo é uma culpa.
A ciência diz: o corpo é uma máquina.
A publicidade diz: o corpo é um negócio.
O corpo diz: eu sou uma festa.
A razão mítica, pela qual a razão justifica o mundo, o kosmos, através da representação; a razão estética, pela qual essa representação é expressa na harmonia do cosmos ou da obra humana, na forma da intuição do belo na arte; e a razão epistêmica, demonstradora, pela qual a razão dá explicação da realidade.
A princípio, define-se como noção de corpo na medicina clássica a ideia de que o corpo é uma "coisa porosa”, atravessada por infindáveis orifícios e canais, perceptíveis ou não, nos quais fluem líquidos e ar. Já no medievo o corpo, devido à grande influência da Igreja na época, o corpo era considerado pecaminoso, impuro, constituindo uma prisão carnal para a alma, essa sim digna e pura ( para aqueles que seguiram as leis de Deus e da Igreja). Na modernidade, por meio de Descartes, surge um dualismo entre corpo e alma, desvinculando da alma o principio de conservação do corpo. De acordo com o filósofo moderno, "a morte nunca sobrevém por culpa da alma, mas somente porque alguma das principais partes do corpo se corrompe". Também de acordo com Descartes a alma não se encontra em determinada parte do corpo, em detrimento de outras. Na contemporaneidade, o corpo é visto pelo rebuscado escopo da ciência, como organismo dinâmico e complexo, repleto de minúcias e profundamente integrado em seus sistemas.
Leia atentamente o fragmento de texto que se segue e responda as questões propostas:
Medicalização da vida e do consumo (Gilles Lipovetsky, 2007, p. 53-55)
A competência médica estende-se a todos os domínios da vida para melhorar-lhes a qualidade. Enquanto um número crescente de atividades e de esferas da existência toma uma coloração sanitária, os bens de consumo integram cada vez mais a dimensão da saúde: alimentos, turismo, habitat, cosméticos, a temática da saúde tornou-se um argumento decisivo de venda.
Espiral de comportamentos preventivos, inflação das demandas de cuidados, avanço das despesas de saúde: fenômenos que mostram, sem nenhuma ambiguidade, a que ponto o paradigma da distinção tornou-se pouco operante, incapaz que é de explicar um consumo excrescente (saliente/ intumescente) centrado apenas no indivíduo, em sua saúde e sua conservação. Nada de lutas simbólicas e de vantagens de distinção: apenas a vigilância higienista de si, os medos hipocondríacos, o combate médico contra a doença e os fatores de risco. O hiperconsumo médico constitui a ponta extrema da tendência à dessimbolização, pois não resta mais que a busca da otimização da saúde pela autovigilância e pelas práticas tecnocientíficas – império do homo medicus. 
Em nome da religião da saúde, é preciso informar-se sempre mais, consultar os profissionais, vigiar a qualidade dos produtos, limitar os riscos, corrigir nossos hábitos de vida, retardar os efeitos da idade, passar por exames, fazer revisões gerais – o tempo é o da hipermercadoria medicalizada, reflexiva e preventiva, carregada de preocupações e de dúvidas, exigindo sempre mais atividade responsável dos atores. Nesse sentido pode-se dizer que a luta médica interminável e causadora de ansiedades faz recuar o conflito inter-humano.
Explique a(s) relação(ões) possível(is) entre a concepção de ciência do calor corporal grega com as ideias de hiperconsumo médico (medicalização da vida e do consumo) apontadas no fragmento de texto. 
No hiperconsumo médico da modernidade observa-se que pacientes e médicos usam o dinheiro como forma de poder para se conquistar a saúde e o corpo perfeitos. De modo semelhante ao papel de poder trazido pelo dinheiro na modernidade, na Grécia Antiga, o calor era tido como ditador de regras de dominação e subordinação: cidadãos homens são quentes e, portanto, adequados ao debate e à argumentação; mulheres são versões mais frias dos homens e, por isso, possuem menor importância social; condições de servidão tornam os escravos mais frios e com raciocínio mais lento. Assim é visto o dinheiro nas sociedades modernas: maior poder aquisitivo indica maior participação social e status; menor poder aquisitivo leva a posições mais inferiores e desfavorecidas, trabalhos mais árduos, menores condições de consumo e realização pessoal, saúde mais precária. 
Diante da medicalização da vida e do consumo (homo medicus) como fica a “excelência do olhar e da escuta clínica”? Justifique sua resposta ancorando-se na questão 6.
A cultura imediatista estende-se no campo da saúde de forma que instala-se uma “linha de produção” no consultório médico. Os pacientes passam com rapidez querendo a ‘cura’ instantânea de seus problemas, e os médicos respondem pedindo exames muitas vezes caros e desnecessários, sem ter a paciência e o cuidado de realizar uma ectoscopia e exame clínico adequados. Agravam-se as necessidades de se salvar tempo que refletidas no cuidado com o próprio corpo, geram radicalismos como plásticas milagrosas, remédios fabulosos e tratamentos alternativos que, eventualmente, são nocivos à saúde. Assim, negligenciando-se o costume de olhar e escutar que cada vez mais se perde com a cultura da pressa contemporânea.
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