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1/5 Subdivisão do risco do crédito Risco da Operação de Crédito Cada operação de crédito tem suas características próprias, que serão levadas em conta na análise do risco - não do cliente, mas da maneira como o negócio está sendo formalizado. Relacionamos abaixo os principais componentes de uma operação que devem ser analisados: a) Linha de Crédito – Vai ser concedido à empresa um empréstimo, financiamento ou adiantamento? É um crédito para possibilitar a produção de bens, para capital de giro ou para antecipar o recebimento de recursos de uma venda efetuada a prazo? A formalização será feita através de um contrato ou de um título de crédito? Deve ser analisado o tipo de linha mais adequada à necessidade do cliente e à finalidade do crédito. b) O valor – Têm que ser disponibilizado à empresa, recursos compatíveis com sua capacidade de pagamento e suficientes à finalidade do crédito. Não se pode esquecer, porém, que há uma assistência máxima que pode ser oferecida ao cliente, de acordo com seu limite de crédito, assunto de que trataremos mais adiante. c) O prazo – Assim como o valor, o prazo também tem que ser de acordo com a capacidade de geração de caixa do cliente. De nada adianta querer cobrar uma dívida num curto prazo se já se sabe que o devedor não tem essa capacidade de pagamento. Por outro lado, quanto maior o prazo para pagamento, maior será o risco da operação, pois novos eventos, não previstos, poderão ocorrer e mudar o rumo da empresa e/ou da economia. d) A forma de pagamento – O retorno do crédito concedido, assim como encargos e acessórios, ocorrerá ao longo do prazo ou somente no vencimento final da operação? e) As garantias – Deve ser escolhida a garantia mais adequada, tanto ao cliente quanto à operação, especialmente quanto à liquidez e suficiência da mesma. Para se chegar a mensuração do risco da operação, deverá ser feita uma análise de todas as características da mesma, principalmente aquelas citadas acima. O Banco Central do Brasil, através da Resolução 2.682, de 21.12.1999, estabeleceu critérios de classificação das operações de crédito e regras para constituição de Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa (PCLD). Segundo 2/5 o Bacen, as operações de crédito deverão ser classificadas em nove grupos, em ordem crescente de risco: AA, A, B, C, D, E, F, G e H. Para cada um dos grupos, o Bacen definiu que os bancos deverão constituir um provisionamento de despesas, de acordo com o percentual provável de inadimplência, conforme tabela a seguir. RISCO AA A B C D E F G H PCLD % 0,0 0,5 1,0 3 10 30 50 70 100 Ou seja, no último dia útil de cada mês, os bancos terão que registrar, em despesa, um percentual do volume total da carteira de crédito de cada grupo. Por exemplo, caso um banco tenha registrado no último dia do mês um volume total de operações de crédito classificadas como risco B no valor de R$ 500 milhões, será realizada uma provisão para créditos, de liquidação duvidosa, no total de R$ 5 milhões (1% de R$ 500 milhões). Assim deve ser feito mensalmente para o volume de todas as operações de crédito da instituição. Segundo o Bacen, a classificação da operação no nível de risco correspondente é de responsabilidade da instituição detentora do crédito e deve ser efetuada com base em critérios consistentes e verificáveis, amparada por informações internas e externas, contemplando, pelo menos, os seguintes aspectos: I – em relação ao devedor e seus garantidores: a) situação econômico-financeira; b) grau de endividamento; c) capacidade de geração de resultados; d) fluxo de caixa; e) administração e qualidade de controles; f) pontualidade e atrasos nos pagamentos; g) contingências; h) setor de atividade econômica; i) limite de crédito; II – em relação à operação: a) natureza e finalidade da transação; b) características das garantias, particularmente quanto a suficiência e liquidez c) valor. 3/5 A autoridade monetária determinou, também, que a classificação da operação nos níveis de risco deve ser revista, no mínimo: a) mensalmente, por ocasião dos balancetes e balanços, em função do atraso verificado no pagamento da parcela de principal ou de encargos, conforme a seguinte tabela: dias de atraso Entre 15 e 30 Entre 31 e 60 Entre 61 e 90 Entre 91 e 120 Entre 121 e 150 Entre 151 e 180 Acima de 180 risco B C D E F G H b) a cada seis meses, para operações de um mesmo cliente ou grupo econômico cujo montante seja superior a 5% do patrimônio líquido ajustado; c) uma vez a cada doze meses, em todas as situações, exceto para as operações de crédito contratadas com cliente cuja responsabilidade total seja de valor inferior a R$ 50.000,00. Na referida Resolução, o Bacen cita outras normas e procedimentos a serem adotados pelas instituições financeiras, a fim de que as carteiras de operações de crédito sejam acompanhadas de forma transparente, preventiva e eficaz. Risco do cliente (risco intrínseco) Analisaremos o risco do devedor (tomador) em função de suas características e particularidades, sem levar em consideração a operação de crédito em si. A análise do risco intrínseco é feita antes mesmo que qualquer operação de crédito seja concedida. Nesta análise, procura-se mensurar a real intenção do devedor em quitar sua dívida, bem como sua capacidade administrativa e habilidade gerencial para conduzir seu negócio de forma a poder honrar seus compromissos. A análise do risco intrínseco será realizada através do estudo de itens inerentes ao cliente, os quais são chamados de Cs do Crédito, quais sejam: 1. Caráter – Refere-se à análise da idoneidade do devedor e demais co- obrigados, bem como sua intenção de quitar a obrigação. 4/5 2. Capacidade – Diz respeito à análise da habilidade administrativa e gerencial dos dirigentes da empresa. 3. Condições – Indica de que forma a empresa reage aos fatores externos adversos, bem como aos concorrentes. 3. Capital – Indica a saúde econômico-financeira da empresa através da análise de seus indicadores contábeis. 4. Colateral – Representa a análise das garantias que podem ser oferecidas pela empresa e seus sócios. 5. Conglomerado – Diz respeito ao estudo de todas as empresas participantes de um mesmo grupo empresarial. Por ser muito importante no entendimento da análise do risco do clientes, todos esses Cs do Crédito serão estudados mais adiante de forma mais consistente. Risco de Concentração do Crédito As instituições financeiras devem, inclusive por determinação do Banco Central do Brasil, preocupar-se em não permitir que suas carteiras de crédito fiquem muito concentradas: a) num determinado segmento de atividade econômica; b) numa região geográfica; c) num produto específico; e/ou d) num mesmo grupo empresarial. A diversificação dos recursos aplicados pelas instituições diminui a possibilidade de perda, na medida em que o risco também se dilui. Dessa forma, o Bacen, em cumprimento de acordos assinados internacionalmente (Acordo da Basiléia), deve imputar aos bancos a responsabilidade de que as carteiras de crédito estejam pulverizadas, de forma a minimizar a possibilidade de quebra no sistema como um todo. Risco de administração do crédito 5/5 Os bancos devem se estruturar de tal forma que possam contar com profissionais experientes e qualificados para desempenharem seus papéis no processo de análise de crédito. Da mesma forma,devem manter uma estrutura física capaz de gerenciar, com agilidade e eficácia, os processos de estudo, liberação, formalização e acompanhamento dos créditos concedidos. Através de relatórios gerenciais e acompanhamento interno, os bancos devem deter o total controle das operações de crédito, desde antes de serem liberadas até o respectivo vencimento e liquidação. Para se ter uma idéia do quanto o acompanhamento da administração do crédito é fundamental, veja o que dispõe a Resolução 3.721, do Bacen, sobre o assunto: “ As instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil devem implementar estrutura de gerenciamento do risco de crédito compatível com a natureza das suas operações e a complexidade dos produtos e serviços oferecidos e proporcional à dimensão da exposição ao risco de crédito da instituição.” Segundo o Bacen, a estrutura a que se refere a norma deve possibilitar o gerenciamento contínuo e integrado do risco de crédito.
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