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Aulas 8,9 e 10 -> Título I - Dos crimes contra a pessoa Abortamento 1- Capítulo I - Dos crimes contra a vida 124 -> Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento - 125 e 126 -> Aborto provocado por terceiro - 127 -> Forma qualificada - 128 -> I - Aborto necessário; II - Aborto no caso de gravidez resultante de estupro - Artigos: Conceito: o abortamento é a interrupção da gestação com a morte do ovo (até a 3 semana),embrião (3 semana até 3 meses) ou feto (a partir do 3 mês). Havendo ou não a expulsão do produto dessa gestação haverá abortamento, porém é indispensável que haja a interrupção da gestação pela morte do produto. O aborto ocorre com a destruição da vida humana, desde o início da gravidez e antes do início do parto. "Ab" + "ortus" = Exclusão do nascimento Crime de mão própria, quando realizado pela própria gestante (autoaborto).- Sendo comum nas demais hipóteses quanto ao sujeito ativo; considera-se próprio quanto ao sujeito passivo, pois somente o feto e a mulher grávida podem figurar nessa condição. Pode ser comissivo ou omissivo (desde que a omissão seja imprópria) - Doloso- De dano - Material - Instantâneo de efeitos permanentes (caso ocorra a morte do feto, consumando o aborto) - Não transeunte - Monossubjetivo - Plurissubsistente - De forma livre - Classificação doutrinária Início e término da proteção pelo tipo penal do aborto A partir da concepção -> Concepção é a fecundação do óvulo pelo espermatozóide. Para esta corrente a gravidez se inicia quando se dá a fecundação do óvulo a) Nidação -> Adotada pelo nosso código - aninhamento = quando o ovo(óvulo fecundado) é implantado na parte uterina (14 a 15 dias depois da fecundação), só a partir desse momento é que começa o processo de divisão e subdivisão celular. b) A vida tem início a partir da concepção ou fecundação, isto é, desde o momento em que o óvulo feminino é fecundado pelo espermatozóide masculino.Porém para fins de proteção por intermédio da lei penal, a vida só terá relevância após a NIDAÇÃO, que diz respeito à implantação do óvulo já fecundado no útero materno o que ocorre 14 dias após a fecundação. O termo ad quem para essa específica proteção se encerra com o ínicio do parto, e este tem início com: a) dilatação do dolo do útero; b) com o rompimento da membrana amniótica ou ; c)tratando-se de parto cesariana, com a incisão das camadas abdominais. A partir de qual momento podemos afirmar que uma mulher esta grávida? Duas correntes decorrem sobre esse tema: Natural ou espontâneo: Este ocorre quando o próprio organismo materno se encarrega de expulsar o produto da concepção. Para fins de aplicação da lei penal não nos interessa, pois de acordo com um critério natural o próprio organismo se encarrega de leva a efeito a seleção dos óvulos fecundados que terão chances de vingar. a) Espécies de aborto Resumo Direto Penal Prova de 7,0 quinta-feira, 26 de outubro de 2017 19:12 Página 1 de Resumos terão chances de vingar. Provocado, sendo a provocação subdividida em -> dolosa e culposa, também reconhecida como acidental. As espécies dolosas estão previstas nos arts.124,125 e 126. Não há previsão legal para a modalidade culposa do aborto, razão pela qual, se uma gestante, com seu comportamento culposo, vier a dar causa à expulsão do feto, o fato sera considerado um indiferente penal. b) Bem jurídico tutelado: é a vida humana em desenvolvimento = vida humana intrauterina - tutela do nascituro ou tutela da vida do nascituro. Nos crimes de aborto sem consentimento da gestante a doutrina considera crime ACESSÓRIO, além da vida intrauterina também são objetos da tutela a vida da gestante, sua integridade física e saúde, sendo então crimes PLURIOFENSIVOS, ou seja, há mais de um bem jurídico tutelado. Objeto material: Pode ser o óvulo fecundado, o embrião ou o feto, portanto o aborto poderá ser considerado ovular, embrionário, ou fetal. Sujeitos Art.124 Aborto provocado pela gestante ou o aborto provocado com seu consentimento Ativo: No autoaborto por ser um crime de mão própria, temos apenas a gestante como sujeito ativo do crime. É um crime próprio quanto ao agente, aqui existe um pressuposto lógico do tipo, sendo esse a GRAVIDEZ, por isso só a gestante que pode ser sujeito ativo. Passivo: Para este existe uma divergência doutrinária - Uns entendem que o sujeito passivo é o NASCITURO, ou seja, o concepto, pois ele é o ser vivo que vai perder o bem jurídico vida, e essa proteção se anteciparia ao seu nascimento. Mas aqui surge a questão - E quando há pluralidade de conceptos? Haveria concurso de crimes ou não? Se existe essa pluralidade há concurso de crimes sendo formal,podendo ser ainda perfeito ou imperfeito dependendo do caso concreto. Outros entendem que não há sujeito passivo imediato, porque o concepto ainda não é titular de direitos, só passa a ser titular de direitos com o nascimento com vida, para esses o sujeito passivo então é o ESTADO, pois se trata de crimes que não possui sujeito passivo imediato. Art.125 Aborto provocado por terceiro, SEM o consentimento da gestante Ativo: Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo nesta modalidade, o tipo penal não exige nenhuma qualidade especial - Crime comum Passivo: O produto da concepção,e de maneira secundária, a própria gestante. Nessa espécie de aborto há dupla subjetividade passiva: o feto e a gestante. - Crime pluriofensivo No caso do art.125 provoca-se o aborto a revelia da vontade da gestante, ocorre violência contra o feto e contra a gestante. Essa modalidade admite concurso de pessoas? Sim, é crime unissubjetivo, ou seja, um só pode praticar o aborto na gestante, mas nada impede a união de dois ou mais para realizar o crime, pode haver participação acessória tanto moral quanto material. É preciso que haja o discenso da gestante, isso quer dizer que ela não deve consentir, então tanto será tipificado no art.125 aquele que a força e violentamente pratica o aborto na gestante, quanto aquele que pratica o aborto sem a gestante saber, ou seja, a gestante não sabe que está sendo submetida ao abortamento. Sem consentimento -> mediante violência ou por fraude também (quando é praticado sem o conhecimento da gestante) Art.126 Aborto provocado por terceiro, COM o consentimento da gestante Ativo: pode ser qualquer pessoa. Passivo: somente o fruto da concepção (óvulo fecundado, embrião ou feto) poderá gozar desse status. Se a gestante permitir que com ela sejam praticadas as manobras abortivas, as lesões de natureza leve porventura sofridas não o conduzirão a também assumir o status de sujeito passivo, dado o seu consentimento. Mas sendo graves as lesões ou ocorrendo a morte da gestante, ela também irá figurar como sujeito passivo, mesmo que secundariamente, haja vista a invalidade de seu consentimento, em decorrência da gravidade dos Página 2 de Resumos que secundariamente, haja vista a invalidade de seu consentimento, em decorrência da gravidade dos resultados. É considerado crime pluriofensivo aqui também, independente da teoria que será adotada. O consentimento deve perdurar durante a execução do aborto. Se a gestante inicialmente concorda mas de repente iniciada a execução ela se arrepende e o agente continua mesmo contra a vontade dela, o crime será o do art.125. Esse consentimento pode ser expresso ou tácito. Se o agente pensa que há o consentimento da gestante mas esse consentimento nào existe, ele incide em erro de tipo, e responderá pelo delito do art.126. A gestante não é maior de 14 anos: nesse caso o consentimento da gestante não possui valor jurídico.- Gestante alienada ou debil mental - Consentimento obtido mediante fraude ou violência física ou moral/grave ameaça (No par.unico do art.126 a fraude é para obter o consentimento da gestante para a realização damanobra, diferente da fraude do art.125) - Para que ocorra o crime do art.126 é preciso que haja um pressuposto de válidade do consentimento, o legislador equipara tal modalidade com o art.125 quando: Nesses 3 casos a pena aplicada será a do art.125 Admite tentativa, pois há possibilidade do início da execução sem ocorra o objetivo do agente. Ex: O médico pensa que a grávida não quer o aborto mas ele por uma razão ou outra pratica o aborto, mas a mulher quer sim que ocorra o aborto, o médico responderá pelo aborto com consentimento, ocorre crime putativo, ou seja, o médico pensa que esta cometendo um crime que na verdade é imaginário. Seria possível o concurso de pessoas? Os crimes próprios admitem concurso de pessoas. Por seguinte o delito estudado admite a participação secundária, mas não admite a participação conjunta. O código penal adotou como regra no caso de concurso de pessoas a teoria monista ou unitária, portanto todos que concorrem para um crime respondem pelo mesmo crime, e todos que participam como coautores respondem pelo mesmo crime. No caso do abortamento, excepcionalmente, o código penal adotou a teoria dualista, devido ao fato de que provocar aborto em si mesma ou consentir que outro o provoque, faz com que o terceiro não responda pelo art.124, mas sim pelo crime tipificado no art.126 (aborto com consentimento da gestante), desse modo o legislador teve a finalidade de dar uma pena mais branda para gestante, e uma pena mais severa para o terceiro que ajuda ou provoca o aborto da mulher grávida. *Conclusão: o concurso de pessoas é possível, mas com participação secundária -> Art.124 com o art.129 Provocar aborto: Dar causa -> delito de forma livre, é possível praticar o aborto por vários meios.i. Consentir: Dar permissão -> pressupõe vontade livre e consciente válido. Aqui a gestante não pratica o aborto, quem o faz é o terceiro, mas com a permissão dela. O terceiro não irá responder pelo art.124, mas sim pelo art.126, o crime da gestante nesse caso é permitir. ii. Consente também aquele que se cala diante do fato, não se opondo.Neste admite-se a forma omissiva, bastando não se opor e aceitando a medida de terceiro para realizar o aborto. Tipo objetivo do art.124: Delito de conteúdo variado alternativo, ou seja, é um crime de ação múltipla. Variado alternativo porque são duas as condutas incriminadas do mesmo tipo : Não. Alguns autores dizem que é impossível porque não dá para provocar o aborto por omissão. A inércia não pode provocar aborto. i. Sim. Quem tem o dever jurídico de impedir, por exemplo o médico que pode dar medicamento para impedir o aborto e não o faz. Aqui surge tal questão -> a gestante teria o dever de impedir o resultado? ii. Crime de provocar - é comissivo, mas poderia ser imputado a título de omissão? Tipo subjetivo: Dolo geral -> consciência+ vontade. Podendo ser dolo direto ou eventual. O abortamente não admite modalidade culposa. Consumação: Página 3 de Resumos Consumação: Provocar aborto-> Crime material- O momento consumativo ocorre com a morte do concepto em decorrência da manobra abortiva, haja, ou não, a expulsão. Pode ocorrer do feto nascer com vida e vir a morrer depois, o crime será de aborto desde que ele tenha morrido devido a manobra abortiva. Assim como ele pode morrer antes de ser expulso, depois de ser expulso e também depois de ser expulso com vida. Consentir -> divergência doutrinária - Para alguns autores é crime formal ou de conduta antecipada, com o fundamento de que a mãe apenas consenti, mas quem pratica o aborto é o terceiro. Para a doutrina marjoritária o crime é MATERIAL, consuma-se da mesma forma que o "permitir", incrimina-se a mãe que pratica o aborto em si mesma, e o crime se consuma com a interrupção da gravidez e morte do feto,pois não seria justo punir da mesma forma a mãe que apenas autoriza a prática do aborto. Tentativa: Na qualidade de crime material, podendo-se fracionar o iter criminis, é admissível a tentativa de aborto. Deverá ser apontado o início da execução, distinguindo-o dos atos meramente preparatórios, que são impuníveis de acordo com o art.14,inciso II CP. Modalidades comissiva e omissiva: Os tipos penais 124, 125 e 126 são de natureza proibitiva, portanto as condutas são comissivas. Mas é possível a prática do crime de aborto por omissão, desde que o agente goze do SATATUS DE GARANTIDOR. Causas especiais de aumento de pena -> ABORTO AGRAVADO -> Art.127 : A lesão corporal grave e a morte somente podem ter sido produzidas culposamente -> crime preterdoloso, ou seja, o dolo do agente era o de produzir somente o aborto e, além da morte do feto, produz lesão corporal grave na gestante ou lhe causa morte. Se o agente queria com seu comportamento inicial, dirigido à realização do aborto,produzir na gestante lesão corporal grave ou mesmo a sua morte, responderá pelos dois delitos (aborto+ lesão corporal grave ou aborto+homicídio) em concurso formal impróprio (art.70,caput,CP), devido ao fato de atuar com desígnios autônomos, aplicando-se a regra do cúmulo material de penas. Só incide a forma qualificada no delito do art.125 e 126, não se aplica ao autoaborto (art.124). Suspensão condicional do processo: Tanto no autoaborto (art.124), como no aborto provocado por terceiro com consentimento da gestante (art.126), será permitida a proposta de suspensão condicional do processo, presentes seus requisitos legais. Mas no delito de aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante,a proposta será inviável se houver a produção de lesões corporais grave ou a morte da gestante, pois serão aplicadas as majorantes do art.127, ultrapassando o limite de 1 a no previsto para a pena mínima cominada à infração penal - Lei 9.099/95, art.89. Ação penal: A ação penal em todas as modalidades de aborto, é de iniciativa pública incondicionada. Aborto terapêutico (curativo) ou profilático (preventivo) - caso especial de estado de necessidadea) Aborto sentimental, humanitário ou ético - No caso da gestante que sofreu estupro, nesta hipótese o legislador tratou de uma causa legal de exclusão de culpabilidade inexigibilidade de conduta diversa, não se podendo exigir da gestante que sofreu a violência sexual a manutenção da sua gravidez, razão pela qual, optando-se pelo aborto, o fato será típica e ilícito, mas deixará de ser culpável. b) Aborto legal - Art.128, CP - Nesse artigo há duas modalidades de aborto: Possibilidade de analogia in bonam partem quando o aborto não for realizado por médico i. Representante legal de incapaz que consente na realizaçào do aborto, contrariamente à vontade da gestante -> Para que seja realizado o aborto há necessidade imperiosa de que a gestante consinta a sua realização. ii. Outros aspectos merecem atenção ainda em relação ao borto legal: Autoaborto: Se a gestante dá início às manobras abortivas, mas as interrompe durante sua execução, temos aqui a aplicação da desistência voluntária,sendo atípicos os atos por ela realizados, que de alguma - Desistência voluntária e arrependimento eficaz : são aplicáveis ao delito de aborto em todas as suas modalidades. Página 4 de Resumos temos aqui a aplicação da desistência voluntária,sendo atípicos os atos por ela realizados, que de alguma forma vieram a lhe produzir lesões corporais, uma vez que a autolesão não é punida. Pode ocorre também que após ter esgotado todos os meios que estavam ao seu alcance para produzir o aborto, a gestante arrependida de seu ato, procure neutralizar com algum antídoto. Se nas hipóteses criadas não sobrevém o aborto, sendo eficaz a intervenção da gestante no sentindo de evitar a produção do resultado aborto, não será responsabilizada criminalmente por qualquer delito. Terceiro que inicia os atos de execução com fins de produzir o aborto COM o consentimento da gestante:se o agente nesse caso desiste de prosseguir com esses atos seu arrependimento eficaz também não deverá ser responsabilizado por qualquer infração penal,mesmo se os atos já praticados tiverem causado lesões corporais leves, pois houve o consentimento da gestante. Havendo lesões corporais graves o terceiro deverá responder por elas. - Aborto provocado por terceiro SEM o consentimento da mulher grávida: mesmo nas hipóteses de desistência e arrependimento eficaz responderá pelos atos já praticados. Se produzir lesões corporais leves deverá responder pelo delito do art.129 do CP; se produzir lesões corporais graves ou gravíssimas deverá responder respectivamente no par. 1 e 2 do art.129 do CP. - Crime impossível: poderá ocorrer pela absoluta ineficácia do meio ou pela absoluta impropriedade do objeto. Aborto de feto anencéfalo: Uma vez diagnosticada a anencefalia, poderá a gestante,se for de sua vontade, submeter-se ao aborto,sem que tal comportamento seja entendido como criminoso -> Conselho federal de medicina - Resolução n1 989, de 10 de maio de 2012. Lesões corporais - Art.129, CP 2- Aulas 11,12 e 13 Conceito: Lesão corporal é a ofensa à integridade corporal ou à saúde de outrem. Outrem = ser humano vivo Agressão e destruição a cadáver -> art.211,212 - delito de dano, art 163 Ser ainda em formação - feto ? Duas correntes -> A primeira descarta a possibilidade de lesão corporal contra o feto, para esta o objeto material do delito é o ser humano vivo, a partir do momento do início do parto até sua morte. Para uma segunda corrente é possível uma lesão corporal atingir o feto deixando íntegro o corpo ou a saúde da gestante, pois o elemento subjetivo do agente é que direcioona o seu comportamento, apontando para infração penal por ele pretendida. Então a proteção mediante o art.129 do CP tem início a partir do momento em que surge uma nova vida carregada dentro do útero materno - a partir da nidação. Lesão corporal leve - art.129,caput a) Lesão corporal grave -art.129, par.1 b) Lesão corporal gravíssima - art.129,par.2 c) Lesão corporal seguida de morte - art.129,par.3d) Lesão corporal culposa - art.129,par.6 e) Lesão corporal por violência doméstica ( lei 10.886/04) - art.129, par.9 f) Modalidades de lesões corporais Crime comum quanto ao sujeito ativo e em regra quanto ao sujeito passivo (exceção par.1,IV / par.2,V/par.9) - Crime material - De forma livre: qualquer meio apto a conduzir dano à saúde. - OBS- Se o agente disfere vários golpes a vítima NO MESMO CONTEXTO, não haverá concurso de crimes, será um crime só de lesão corporal. A multiplicidade de golpes e de meios em um mesmo contexto não dá delitividade de crime de lesão corporal, se configura apenas um crime. Comissivo- Omissivo impróprio: desde que o agente tenha o dever jurídico e a possibilidade material de impediro - Classificação doutrinária Página 5 de Resumos Omissivo impróprio: desde que o agente tenha o dever jurídico e a possibilidade material de impediro resultado lesão corporal e não o faz. O agente deve gozar do status de garantidor (art.13,par.2) - Instantâneo em regra (em algumas situações pode ser considerado como instantâneo de efeitos permanentes) - De DANO - Monossubjetivo - Plurissubsistente - Não transeunte: São aqueles que deixam vestígio. Conforme artigo 158, toda infração que deixar vestígios o exame de corpo de delito direito ou indireto é obrigatório, não podendo ser suprido pena confissão do acusado. - Ativo: Crime comum - pode ser qualquer pessoa.- É um crime unissubjetivo - Uma só pessoa pode causar a lesão corporal em outra. No entanto admite concurso EVENTUAL, tanto na forma de coautoria como também de participação acessória. Passivo: Regra - crime comum -> pode ser qualquer pessoa VIVA ( feto - a maioria da doutrina entende que deve ser pessoa que já nasceu e não morreu). - Exceções - par.1,IV e par.2,V -> aceleração do parto e aborto (respectivamente) - Apenas a gestante pode ser considerada sujeito passivo nesses casos Par.9 - violência doméstica - Sujeito passivo aqui é aquele que seja ascendente,descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, quando se prevalece o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade. Nos casos do par.1,IV/par.2,V/ par.9 os crimes são entendidos como PRÓPRIOS com relação ao sujeito passivo, pois os tipos penais os identificam. Sujeitos Bem jurídico tutelado: São a integridade corporal e a saúde do ser humano - Incolumidade física e psíquica do sujeito. Objeto material: É a pessoa humana, mesmo que com vida intrauterina, sobre a qual recai a conduta do agente no sentido de ofender-lhe a integridade corporal ou a saúde. Tipo objetivo: é um tipo de ação única - núcleo = ofender = causar dano, ofensa ou lesão a outrem. Elementares do tipo: integridade corporal ( sob o aspecto físico anatômico) e saúde (fisiológica ou mental) Exame do corpo de delito: por ser um crime que deixa vestígios, há necessidade de ser produzida prova pericial, comprovando-se a natureza das lesões -> Art.168, CPP Ausência do exame de copor de delito nos crimes que deixam vestígios configura-se caso de nulidade - art.564,III, alínea b, CPP - não sendo possível sua realização por desparecem os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta - art.167 co CPP Tipo subjetivo: Art.129, caput -> Dolo geral, podendo ser direto ou eventual. O dolo de causar lesão ocorre pelo animus laedendi ou animus vulnerandi = intenção de ferir. Par. 1: lesões graves - Par.2: lesões gravíssimas - Par.9 inserido pela lei 10.886/04: violência doméstica - Modalidades qualificadas São tipos derivados qualificados, pois o legislador cominou as penas mínima e máxima em patamares superiores àquelas cominadas no caput. Consumação: Por ser um crime de DANO, e material, consuma-se o delito com a efetiva produção da onfesa à integridade corporal ou à saúde da vítima. Tentativa: é admissível na hipótese de lesão corporal leve. Sendo grave ou gravíssimas as lesões, somente se admitirá a tentativa nos casos em que o delito não for classificado como preterdoloso. Perigo de vida i. Não há tentativa nas hipóteses de lesão corporal qualificad pelo: Página 6 de Resumos Perigo de vida i. Aceleração do partoii. Aborto iii. Lesão corporal seguida de morte - devido sua natureza preterdolosa. iv. Modalidades comissiva e omissiva: O delito de lesão corporal, em qualquer de suas modalidades - dolosa ou culposa -,pode ser coetido comissiva ou omissivamente (crime comissivo omissivo),desde que o agente,neste último caso, seja considerado garante. Lesão corporal LEVE - Art.129,caput. Sendo essa lesão de pequena intensidade, como a lei não define expressamente o que é,será obtida por exclusão, ou seja, será leve a lesão corporal que não se enquadrar em nenhuma hipótese de lesão grave ou gravíssima (aquelas lesões que não são do par.1 e do par.2). Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 dias I- Admite forma dolosa e culposa - Refere-se a qualquer ocupação de natureza habitual,atividade corporal, física ou intelectual - Não são abrangidas pelo inciso atividades ilícitas e imorais ( no caso da prostituta, ela pode ser sujeito passivo,pois a atividade praticada não é ilícita) - Pode ser sujeito passivo o ancião,criança ou o adolescente incapacitado de continuar sua preparação profissional - Para configurar a qualificadora, há a necessidade de realização do exame de corpo de delito. O exame complementar pode ser substítuido por prova testemunhal em casos justificáveis - art.168 CPP - Lesões corporais GRAVES - Art.129,par.1 Perigo de vidaII- Quando a lesão implica risco de morte- Verificação in concreto - Os peritos não podem realizar prognósticos, mas, sim, diagnósticos.-Esse resultado não pode ter sido querido pelo agente, ou seja, não pode ter agido com dolo de causar perigo à vítima contra a qual eram praticadas as lesões corporais. - Qualificadora de natureza CULPOSA - crime preterdoloso, havendo dolo no que diz respeito ao cometimento das lesões corporais e culpa quanto ao resultado agravador. - Dolo no sentindo de causar-lhe perigo de vida -> na verdade age com dolo do delito de homicídio,caso a vítima sobreviva, o agente deverá responder por tentativa de homicídio e não por lesão corporal qualificada pelo perigo de vida. - Debilidade permanente de membro,sentido ou funçãoIII- Tal resultado pode ser atribuído a título de dolo,direto ou eventual, ou mesmo culposamente, desde que tal resultado tenha sido previsível (art.19) - Debilidade = enfraquecimento ou redução da capacidade funcional - Permanência = aqui no sentindo de duradoutro, mesmo que reversível após longo tempo Debilidade permanente = redução duradoura da plena capacidade de um membro,sentido ou função Membros : superiores -> braço,antebraço e mão- inferiores -> coxa,perna e pé Sentidos: visão, olfato,audição,tato e paladar- Função: é a atuação específica exercida por qualquer órgão - digestiva,respiratória,circulatória,secretora,reprodutora,sensitiva e locomotora. - Aceleração de partoIV- Só pode ser atribuída ao agente a título de culpa - natureza preterdolosa - Se o agente tinha a inteção de interromper a gravidez com a expulsão do feto, seu dolo será o de aborto e não de lesão corporal qualificada pela aceleração de parto. - Somente poderá ser imputada ao agente, se seu dolo era apenas de produzir lesão corporal em uma mulher que ele sabia que estava grávida e que dada sua condição veio a dar a luz prematuramente ao feto, antecipando o parto. - Página 7 de Resumos feto, antecipando o parto. O resultado agravador deve ter sido previsível para o agente - Incapacidade permanente para o trabalho I- Perda ou inaptidão permanete para o trabalho- O resultado pode ter sido produzido dolosa (dolo direto ou eventual) ou culposamente (resultado previsível para o agente) - Incapacidade -> impossibilidade, de caráter duradouro para o trabalho, mas não perpétua. Incapacitação de acordo com a capacidade pessoal da vítima para o trabalho que ele exerce. - Enfermidade incurávelII- Pode resultar do comportamento doloso ou culposo do agente- A lesão produz um estado patológico para o qual não há cura, a incurabilidade deve ser conformada com dados da ciência atual, com um juízo de probabilidade. - AIDS, doença mortal, não se encaixa nessa qualificadora - a transmissão dolosa do HIV pode se amoldar ao art.121, consumado ou tentado. - Perda ou inutilização de membro,sentido ou função III- Pode ser atribuída ao agente a título de dolo direto ou eventual,ou culposamente- Não se admite a responsabilização puramente objetiva, sem que ao menos o agente tenha incorrido em culpa conforme o art.19 - Aqui falamos da perda ou inutilização TOTAL. A eventual substituição por prótese não desqualifica a lesão gravíssima. - Deformidade permanente IV- Pode ser atribuída a título de dolo direto ou eventual, ou culposamente - Deformar = modificar esteticamente a forma anteriormente existente. Há a necessidade de que a deformidade seja aparente,causando constrangimento à vítima perante a sociedade. - Permanência = sentindo duradouro- É necessário que seja uma deformidade relevante, podendo ser tanto no rosto quanto em outras partes do corpo. - Aborto V- Tal resultado não poderá ter sido querido,direta ou eventualmente pelo agente, sendo um resultado qualificador que somente poderá ser atribuído a título de CULPA. -> crime preterdoloso - A conduta deve ser dirgida finalisticamente a produzir lesões corporais na vítima,cuja gravidez era de conhecimento do agente.Contudo, o resultado aborto não estava abrangido pelo seu dolo,direto ou eventual,sendo-lhe,entretanto, previsível. - Caso o agente tenha praticado com dolo de produzir a expulsão do feto,seja direto ou eventual,o fato será classificado como aborto (art.125) - se houver dolo, haverá concurso de crimes - lesão corporal + aborto. - Lesões corporais gravíssimas - Art.129,par.2 Lesão corporal seguida de morte - Art.129,par.3 Homicídio preterdoloso -> hipótese em que haveria um "verdadeiro concurso formal" - lesão corporal+homicídio, porém trata-se de um crime só, não há concurso, pois da agressão resulta o homicídio do indivíduo. O agente age com dolo exclusivamente de lesão (animus laedende) e produz culposamente a morte da vítima. Não deve haver o dolo nem eventual e nem direto, o dolo é limitado a lesão corporal, e é preciso que o agente estrapole as regras do crime resultando na morte da vítima,sem sua vontade. É indispensável a culpa stricto sensu na causa da morte, ou seja, o agente deve ter culpa pelo resultado morte. Se ele agride a vítima, e esta morre por outra causa que não seja culpa do agente, não há imputação da lesãzo seguida de morte. Lesão corporal privilegiada - Causa especial de diminuição de pena - Art.129,par.4 Página 8 de Resumos Lesão corporal privilegiada - Causa especial de diminuição de pena - Art.129,par.4 Redação idêntica a da hipótese de homicídio. Porém, a redução de pena, obrigatória,se presentes os requisitos que a autorizam, é aplicável a todas as modalidades de lesão. Substituição da pena - Art.129,par.5 (complemento do par.4) A pena de detenção pode ser substítuida por multa no caso de lesões corporais leves, e da lesão do par.9. Na hipótese de violência doméstica ou familiar contra a mulher, não poderá haverd a substituição de pena privativa de liberdade pela pena de multa, aplicada isoladamente - Lei 11.340/06,art.17 Lesão corporal culposa - Art.129,par.6 Para a caracterização da lesão corporal culposa o que se exige é que estejam presentes todos os requisitos necessários à configuração do delito culposo,devendo o julgador realizar um trabalho de adequação à figura típica, haja vista tratar-se de tipo penal aberto. Lesões corporais de natureza culposa no trânsito na direção de veículo automotor -> art.303 CTB (devido ao princípio da especialidade) Causas majorantes - aumento de pena - Art.129,par.7 Doloso- em razão da idade da vítima Culposo - par.4 e par.6 do art.121 Perdão judicial - Art.129,par.8 : o juiz deixa de aplicar a pena quando a lei expressamente autoriza. Aqui remete-se ao art.121. Lesão corporal leve qualificada por violência doméstica - Art.129,par.9 No par.9 o que qualifica é a violência doméstica já no par.10 trata-se de lesões corporais graves e gravíssimas seguidas de morte. Não confundir essa hipótese com violência doméstica familiar CONTRA A MULHER. No par.9 há uma abrangência maior, ou seja, aplica-se a qualquer violência doméstica, se por exemplo a mulher agredir o marido aplica-se a qualificadora, não é caso da lei maria da penha. Marido que agride amulher, produzindo lesão leve -> ação pública incondicionada,não se aplica ás benéfices da lei 9.099 Mulher agride o marido -> ação pública condicionada - lesão corporal leve do par.9 Ação penal,transação penal, competência para julgamento e suspensão condicional do processo Lesão corporal leve e culposa -> a ação penal e investigações policias somente poderão ter início com a necessária representação do ofendido conforme determina o art.88 da lei 9.099/95. Com exceção da violência doméstica familiar contra a mulher, a lesão corporal leve e culposa são de competência dos Juizados Especiais Criminais, havendo possibilidade até de composição dos danos ou transação penal nos termos dos arts. 72 e 76 da lei 9.099/95. Para esses delitos ainda existe a possibilidade de ser procedida a proposta de suspensão condicional do processo conforme o art.89da referida lei. Lesão corporal grave,gravíssima e seguida de morte -> Ação penal de iniciativa pública incondicionada. Para a lesão grave pode ser proposta a suspensão condicional do processo. Lesão corporal X contravenção penal vias de fato (art.21 dec.lei 3.688/41): o que diferencia os dois é o dolo do agente. No primeiro a finalidade do agente é praticar um comportamento que venha,efetivamente ofender a integridade corporal ou a saúde da vítima; no segundo, embora a conduta também se dirija contra a vítima, não tem a magnitude da primeira. É possível a aplicação do princípio da insignificância ao delito de lesões corporais. Princípio da insignificância= tem por finalidade afastar do tipo penal os danos de pouca ou nenhuma importância, é entendido como um princípio auxiliar de interpretação. Consentimento do ofendido como causa supralegal de exclusão da ilicitude em sede da lesão corporal O bem deve ser disponível a) Requisitos : Página 9 de Resumos O bem deve ser disponível a) A vítima deve ter capacidade para consentir, capacidade penal e civil adquirida aos 18 anos.b) O consentimento deve ser prévio ou, no mínimo, concomitante ao comportamento do agente c) O consentimento do ofendido poderá afastar a ilicitude sendo considerado uma causa supralegal,desde que a lesão corporal praticada seja de natureza leve Página 10 de Resumos
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