Buscar

Farmaco aula 22

Prévia do material em texto

Raphael Simões Vieira – Medicina Veterinária 4º período
Antialérgicos
Os antialérgicos são também chamados de antiinflamatórios. A alergia é um tipo de inflamação. Qualquer espécie animal pode ter reação alérgica. Alergia tem muitas características individuais. Depende da genética. Existem alergias leve, média e grave. A mais grave das alergias é o choque. 
A alergia aguda/imediata é causada principalmente pela histamina. A histamina é uma amina biogênica armazenada nos mastócitos. Pode ter um pouco em basófilo também. Os locais predominantes são: pulmão, pele e TGI. A tendência é que a histamina esteja presente principalmente nas zonas de entrada do organismo. A histamina é uma substancia de defesa. Um processo inflamatório só é ruim quando há uma resposta exacerbada. 
A histamina está envolvida na resposta inflamatória, alérgica e anafilática (não é o principal agente do choque anafilático). É uma amina presente em todo o reino animal e vegetal. É liberada principalmente por duas formas: imunológica (reação antígeno-anticorpo, promove a exocitose de histamina), químico (substancia química na pele, por exemplo, rompe a parede do mastócito, há liberação de histamina por essa lesão), físico e citotóxico (drogas, como morfina, liberam histamina). Pacientes que tomam morfina, dependendo do derivado, usa-se previamente um anti-histamínico. Os agentes químicos, físicos e citotóxicos rompem os mastócitos, liberando grande quantidade de histamina. 
Atua em receptores: H1 (envolvido nas situações alérgicas), H2 (participa um pouco da reação alérgica), H3 e H4 (estão mais relacionados com o sistema nervoso central). 
Efeitos da histamina
No sistema imunológico: reações de hipersensibilidade, resposta inflamatória aguda. A vermelhidão e a dor da área inflamada é principalmente histamina. Aumenta a permeabilidade vascular, deixando a área edemaciada. Induz a migração de linfócitos para a área agredida. 
No TGI: estimula a secreção gástrica de HCl, aumenta o peristaltismo. O TGI depende de histamina para funcionar. 
Em tecidos em regeneração: sem histamina não ocorre mitose, é fundamental no processo mitótico. 
Na neurotransmissão e neuromodulação do SNC e periférico: é um dos neurotransmissores da vigília = mantém o animal acordado. Por isso que a maioria dos antialérgicos antigos dá sono. Regula sede, ingestão de alimento e temperatura corporal. Abaixa o limiar de excitabilidade dos nociceptores: estímulos que não causariam dor agora causa. É o caso de uma pessoa que tomou muito sol, fica sensível. Participa na secreção de alguns hormônios. 
No coração: aumenta inotropismo (força de contração) e freqüência. Uma reação alérgica com grande liberação de histamina pode dar irregularidade cardíaca. Reduz velocidade de condução átrio-ventricular. 
No músculo liso brônquico: promove contração. Apesar do gato ser o único animal que tem asma (com exceção do ser humano), a histamina relaxa os brônquios de felinos. O broncoespasmo causado em felinos é causado por outros neurotransmissores. 
Células hematopoiéticas: induz quimiotaxia, ajuda nos processos de defesa. As células vão para a área agredida. 
Na pele: edema, eritema e prurido. 
Nas glândulas gástricas: aumenta, via H2. Em outras glândulas, como lacrimais, também aumenta, mas é via H1. 
Vasos sanguíneos: aumenta a permeabilidade da vênula pós-capilar, por isso o edema. Dilata arteríolas e vênulas, isso ocorre principalmente no choque anafilático, sendo que a pressão pode cair a 0, nesse caso não é só histamina. Libera NO e libera prostaciclina (PGI2). Essa dilatação envolve receptores H1 e H2. Geralmente há contração de grandes vasos, ao invés de dilatar. Há reações alérgicas onde se observa hipertensão no paciente, ao invés de hipotensão. Isso varia de espécie. Pode contrair veias pulmonares (suínos e ruminantes). O órgão mais agredido pela reação alérgica = órgão de choque. Em suínos e ruminantes, o órgão de choque são os pulmões. Já no cão, o órgão de choque é o fígado, pois a histamina contrai veia hepática. 
Antagonistas da histamina
Nós queremos bloquear o efeito da ação do excesso da histamina. Se bloqueia o efeito da histamina bloqueando receptores. 
Inibidores da exocitose de histamina: cromoglicato dissódico e nedocromil sódico (pouco usado em animais). Derivados da xantina (aminofilina), que impedem a exocitose de histamina. Agonista beta2 adrenérgico (salbutamol). Bloqueadores de canais de cálcio. Esses grupos são usados somente em situações muito graves. Não são as drogas mais utilizadas. São utilizadas principalmente nas emergências histaminérgicas.
Antagonista fisiológica da histamina: é a adrenalina. A histamina faz broncoespasmo, a adrenalina broncodilatação. 
Antagonistas de receptores histaminérgicos do tipo 1 (H1): são os mais usados. São os anti-histamínicos/antialérgicos ou anti H1. 
Obs: cebola é tóxica para gatos. Chocolate tóxico para cão. 
Anti-histamínicos
Mecanismo de ação: antagonista competitivo do receptor H1. Acontece em uso de pomadas antialérgicas, a pessoa tem alergia à pomada. Isso acontece topicamente, é raro acontecer por outra via. Bloqueia os receptores, há liberação de histamina, a histamina retira esse bloqueador. Aqueles cremes pós-sol contêm anti-histamínico. Tem ações adicionais: impede a liberação dos mediadores de alergia, bloqueia receptores muscarínicos, bloqueadores de receptores alfa adrenérgicos, bloqueiam canal de sódio (anestesia local evidente com alguns anti-histamínicos). A lidocaína é um bloqueador de sódio. 
Ansiolíticos e antidepressivos possuem atividade anti-histamínica. Um anti-histamínico nesse caso potencializa a ação ansiolítica. 
Há dois grupos: os de primeira geração (pouco usados em humanos, mais usados em animais) e de segunda geração (muito usados em humanos). Os de primeira geração são usados em animais pois os efeitos colaterais não são tão indesejados: sono. Fenergan é um anti-histamínico de primeira geração, é usado como droga para acalmar paciente psiquiátrico agressivo. 
1ª geração: atravessam barreira hematoencefálica, por isso causa sono. Causam os bloqueios secundários. Exemplos: prometazina (fenergan) e clorfeniramina (polaramine). Prometazina é usada como MPA. Por causa dos efeitos secundários e sonolência, foram criados os de 2ª geração.
2ª geração: não entram no SNC. Não bloqueiam outros receptores além do H1. Loratadina e fexofenadina. São os mais usados na medicina humana. Não interfere na produção de HCl. 
Efeitos: antipruriginoso, broncodilatação (se o broncoespasmo estiver sendo causado somente pela histamina), redução da contratura muscular GI (algumas reações alérgicas dão cólicas intestinais), reverte a hipersecreção das glândulas exócrinas. Reverte parcialmente a vasodilatação (atua só em H1, a vasoconstrição ocorre por H1 e H2). Reduz a permeabilidade vascular. Diminui a vasoconstrição pulmonar em gatos. Antiemético: alguns anti-histamínicos tem ação antiemética, mas esses têm que ser de 1ª geração, pois essa ação é encefálica. Os mais eficientes são: dimenidrinato (dramin) e meclizina. Esses medicamentos são muito mais usados como antieméticos. Esses também são anticinetose. Animais só têm labirintite por lesão, como traumas. Na labirintite, o enjôo é porque está girando, essas drogas são usadas. Anestésico local: procaína, não é usada mais, pois a lidocaína é menos tóxica. 
Farmacocinética: oral, tópica, injetável (intravenoso só mesmo em situação mais grave). Se vai injetar, faz sub-cutâneo ou intramuscular. Metabolismo hepático. Excreção renal.
Efeitos colaterais (1ª geração): sedação ou excitação (em animais agitados como gatos e equinos). Inapetência (pode ser o contrário), é mais comum a inapetência. Efeitos anticolinérgicos (midríase, taquicardia, diminuição da motilidade GI, boca seca), tomar cuidado em pacientes cardiopatas. Alguns são teratogênicos; o grupo das piperazinas causam abortos, dependendo da espécie e do período da gestação – tende a ocorrer mais no início. Estimula enzimas microssomais hepática e como consequênciadrogas que sejam substratos dessas enzimas, são mais rapidamente metabolizadas, diminuindo seu efeito no organismo
Os de 2ª geração não entram no SNC, não são teratogênicos, por exemplo.
Uso clínico: alergia leve a moderada, pois na alergia grave estão envolvidas outras substancias além da histamina. Prevenir reação transfusional: cães na primeira transfusão não tem problema. Depois de receber a primeira transfusão, em uma segunda, há problema. Geralmente não se faz tipagem sanguínea na rotina, dá anti-histamínico para garantir. Antiemético. Cinetose (maior eficiência se usado preventivamente). Sedativo de curta duração. Neuroléptico = antipsicóticos, são ansiolíticos potentes, são usados como MPA (prometazina). 
Fenergan é fenotiazina não é piperazínico! Engov tem anti-histamínico, é antiemético. 
Analgésicos, antitérmicos e antiinflamatórios
Alguns são mais analgésicos, como dipirona, não é antiinflamatório. Benflogin é analgésico também. O grupo é um só, mas há variações nos efeitos. 
Eicosanóides: modulam funções fisológicas e patológicas. Patologia inflamatória: dor, febre, alergia e câncer (é uma reação inflamatória grave). Os eicosanóides são metabólitos dos ácidos graxos poli-insaturados. Os fosfolipídeos da membrana são quebrados pela fosfolipase A2, que dá origem ao acido araquidônico, que pode ser metabolizado por COX (prostaglandinas e tromboxanos) ou LOX (leucotrienos). Esses produtos são chamados de eicosanóides. Os radicais livres são intermediários que também são chamados de radicais livres. Ver por que a prostaciclina é separada das prostaglandinas*. Há também a lipoxina que é originada do ácido araquidônico, pela LOX. 
Vasodilatação: PGD2, PGI2, PGE2 (endotélio), reduzem agregação plaquetária.
Vasoconstrição: TXA2, PGF2alfa (plaquetas), aumentam agregação plaquetária. 
No TGI: PGE2 e PGI2 (prostaciclina). Isso não é patologia, é fisiologia. Contrai os músculos lisos, induz a produção de muco e HCO3 (bicarbonato). Esse muco e bicarbonato ficam colados na parede estomacal, com função de proteção. Essas prostaglandinas também aumentam o fluxo sanguíneo, preserva a microcirculação. reduz a produção de HCl. Receptor muscarínico é estimulado pela acetilcolina. Gastrina e histamina também estimula a secreção de HCl. As prostaglandinas inibem. Essa ação conjunta mantém a secreção dentro da normalidade. Os antiinflamatórios inibem essas prostaglandinas, por isso ataca o estomago. também induzem a renovação celular Cataflan e voltarem são proibidos para carnívoros, podem causar até perfuração gástrica. 
Nos rins
A função renal também depende muito das prostaglandinas, principalmente PGI2 e PGE2. I2 atua nos glomérulos. E2 atua na medula renal. Nos glomérulos, é para nutrir, é o sangue que chega com função de nutrição, não só para ser filtrado. Mantém a arteríola aferente dilatada = aumenta a filtração renal. Reduz reabsorção de água induzida pela vasopressina. 
Na reprodução
PGF2alfa e E2 é importante na reprodução. Aumenta motilidade uterina e dos espermatozóides, favorece a concepção. Induz luteólise, ovulação e parto. 
Células de defesa (leucotrienos são mais importantes)
LTB4 = promove ativação dos leucócitos e quimiotático para polimorfonucleares. 
LTC4, LTD4 e LTE4 = potentes constritores dos músculos lisos, participam das inflamações crônicas, desencadeiam as manifestações alérgicas (em excesso), aumentam a permeabilidade vascular, induzem secreção de muco nos brônquios. Tudo isso em excesso vai ser patológico, dentro da normalidade é fisiológico.

Continue navegando