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Farmacologia veterinária Fármacos que atuam sobre o sistema digestório Introdução O sistema digestório apresenta diversas funções para o organismo, e muitas patologias podem ocorrer neste sistema, com; o Azia o Má digestão o Refluxo gastroesofágico o Gastrite o Úlceras gástricas o Náusea e emêse o Constipações intestinais o Diarreias Estimulantes do apetite (Orexígenos) Esses medicamentos atuam estimulando o apetite, pela utilização de tônicos amargos que estimulam a produção de saliva e desta forma a ingestão de alimento. Nos cães e nos gatos o estímulo do apetite acontece pelo fornecimento de petiscos por varias vezes ao longo do dia em pequenas quantidades. Felinos não podem ficar em jejum prolongado pelo risco de esteatose hepática. Entre os tônicos amargos se incluem a noz-vômica, amargo de genciana e quássia (chá). Outros estimulantes do apetite são vitaminas do complexo B, corticosteroides e esteroides anabolizantes (sensação de bem estar que promovem a maior ingestão de alimentos). Da mesma maneira, o zinco melhora o paladar e repõe deficiências minerais. Os benzodiazepínicos como o elfazepam suprimem o centro da saciedade (hipotálamo ventromedial) principalmente para ruminantes, assim como o diazepam em felinos. Antiespumantes Alteram a tensão superficial de líquidos digestivos, impedindo a formação de bolhas ou rompendo das já formadas, favorecendo a eliminação de gases do sistema digestório. Estes medicamentos são utilizados principalmente na clínica médica de ruminantes, todavia, é utilizada nos pequenos para eliminação de gases para a realização de exames como ultrassonografia. A simeticona (luftal, panzinol, timpacur e ruminol) não possui farmacocinética, pois não é absorvido pelo organismo, tendo atuação apenas no lúmen intestinal. Na clínica de ruminantes é muito utilizada em quadros de timpanismo espumoso, em equinos pode ser utilizada em cólicas gástricas e em pequenos animais é utilizada antes de exames ultrassonográficos para melhorar a qualidade da imagem. Antifermentativos Os antifermentativos atuam prevenindo e diminuindo a fermentação da celulose no rúmen e cólon. Estes medicamentos são obrigatoriamente associados a antibióticos para reduzir a taxa fermentativa, seus exemplos são a terebintina e a formalina. Antiácidos Na medicina veterinária não é amplamente utilizado pela não identificação de azia (Hiperacidez) nos animais. Na clínica de grandes pode ser utilizada na prevenção de acidose ruminal provocada pela sobrecarga de concentrado (bicarbonato de sódio) Os mesmos atuam aumentando o pH gástrico e neutralizando o ácido clorídrico (HCL) produzida pelas células parietais. Podem ser divididos em; o Antiácidos sistêmico → absorvidos pelo trato digestivo e com atuação sistêmica (carbonato de sódio), provocando alcalose sistêmica. o Antiácidos não sistêmicos → são menos potentes e não possuem risco de alcalose (Hidróxido de magnésio, carbonato de cálcio e sais de alumínio) Sais de alumínio tem maior potencial pois neutralizam mais moléculas de HCL, sendo estes mais potentes. Os efeitos colaterais do uso de antiácidos incluem; o Manifestações alérgicas o Dificuldades de respirar o Tontura o Inchaço da face, língua lábios e garganta Bloqueadores da secreção de HCL “A acetilcolina e gastrina fazem feedback positivo na histamina, que estimula a liberação de ácido clorídrico. Quando há uma alta concentração de ácido clorídrico, o mesmo faz feedback negativo na gastrina.” Estes medicamentos são antagonistas dos receptores H2, agindo através da inibição competitiva nas células parietais, inibindo de 60 a 70% da secreção de HCL., atuam como protetores gástricos e de excreção renal. Alguns exemplos incluem; o Cimetidina o Ranitida o Famotidina o Nizatidina Dentre os efeitos colaterais apresentados por esses fármacos se incluem; o Diarreia o Cefaleia o Sonolência o Dor muscular o Bradicardia e hipotensão o Ginecomastia e galactorréia (cimetidina) o Impotência sexual (cimetidina) o Oligoespermia (cimetidina) o Redução de contagem de plaquetas o Confusão e ansiedade Inibidores da bomba de fármaco o Omeprazol São pró-fármacos ativados em meio ácido, alterando o pH do estômago e de excreção renal. Desta forma, não devem ser utilizados juntamente a antiácidos. Bloqueiam de forma irreversível a bomba (H+ ATPase) localizada na membrana das células parietais responsáveis pela secreção de HCL, inativando permanentemente a mesma. O mecanismo de bloqueio dessas bombas acaba estimulando a formação de novas bombas pela célula pois o organismo entende que a baixa produção de HCL deve ser compensada, podendo a longo prazo piorar os quadros de acidez do meio. Estes medicamentos são indicados no tratamento de; o Ulcera péptica duodenal o Ulcera péptica gástrica o Ulcera gástrica devido a Helicobacter pylori juntamente com antibióticos o Dispepsia o Prevenção de gastrite devido ao estresse em doentes com condições dolorosas crônicas o Refluxo gastresofágico Dentre os efeitos adversos a estes medicamentos podem estar presentes; o Náusea Vômito o Dor abdominal o Constipação o Flatulência o Diarreia o Crescimento de tumores o Efeito teratogênico Análogos das prostaglandinas Esses medicamentos estimulam a produção de muco, o que irá proteger as células parietais. Aumentam também a motilidade intestinal e deve ser utilizada com cautela em equinos pelo risco de quadros de cólica. Misoprostol → Aumenta a contratilidade uterina e pode causar aborto. Sucralfato (Sucrafilm) → é constituído por sacroes sulfatada mais hidróxido de alumínio, promovendo uma barreira protetora sobre a mucosa gástrica e estimulando a produção de prostaglandinas, sendo indicado seu uso para prevenção de úlceras gástricas induzidas por AINE’s Eméticos A êmese é um mecanismo de defesa do organismo, e ocorre primeiramente pela abolição da motilidade gástrica, abertura do cárdia e fechamento do piloro seguida de contração do diafragma que promove o vômito. Alguns estímulos podem provocar o vômito, com; Antieméticos São utilizados em casos de êmese prolongada que podem levar a exaustão, desidratação, hiponatremia, hipocloremia e alcalose, deve-se intervir para interromper o vômito. Outras situações onde pode haver o uso desses medicamentos são em pacientes epilépticos ou que estejam recebendo outras medicações que possam causar reações extrapiramidais escopolamina A escopolamina (buscopam) é um dos representantes dessa classe, sendo esta um anticolinérgico que atua inibindo a ação do neurotransmissor acetilcolina. Provoca excitação em felinos. Peridoxina A peridoxina (vitamina B6) apresenta também efeitos antieméticos, todavia, os mecanismos de ação deste fármaco são desconhecidos. Anti-histaminicos H1 Os anti-histaminicos H1 são fármacos que reduzem os impulsos provenientes do aparelho vestibular, que atingem o centro do vomito e também bloqueiam receptores H1 da zona deflagradora dos quimiorreceptores. Bloqueadores dos receptores dopaminérgicos Os bloqueadores dos receptores dopaminérgicos são potentes antieméticos, promovem esvaziamento gástrico e atuam também na zona deflagradora dos quimiorreceptores, outra característica destes fármacos é que os mesmos aumentam a motilidade intestinal. Dentre estes fármacos podemos citar a metoclopramida, bromoprida e a domperidona. A metoclopramida é indicada em casos de distúrbios da motilidade intestinal, náuseas e vômitos de origem central e periférica, sendo contraindicadas nos casos de hipersensibilidade ao principio ativo. Antagonistas de receptores da serotonina Essas medicações são mais potentes que os bloqueadoresdos receptores dopaminérgicos, utilizados em caso de êmese aguda. Tais medicações atuam pelo bloqueio de receptores 5HT3 da zona deflagradora dos quimiorreceptores e dos localizados perifericamente nos terminais nervosos vagais São classificados em fármacos de primeira e segunda geração; o Primeira geração → Ondasetrona e dolasetrona o Segunda geração → Alonosetrona A ondasetrona não apresenta interações medicamentosas, é utilizada em pacientes em regime de rádio e quimioterapia e apresenta efeitos colaterais como arritmias e cefaleia. Antagonistas de receptor de neurocinina 1 (NK1) O receptor NK1 faz parte da classe de receptores de superfície celular para as taquicininas com afinidade maior para a substância P., podem ser utilizados em combinação com antagonistas de 5HT3 e corticosteroides. São indicados na prevenção de náuseas induzidas pela quimioterapia, prevenção e tratamento do vômito. Seu principal representante é o Maropitant (Cerenia®) Hepatoprotetores O uso de hepatoprotetores é controverso de forma profilática, pois a maioria dessas moléculas já fazem parte da composição fisiológica do fígado, e são utilizados em casos de insuficiência hepática, são classificados em; o Hepatotrópicos → Afinidade pelo fígado o Lipotrópicos → aceleram a remoção de lipídeos ou reduzem sua deposição no fígado. Dentre os hepatoprotetores se incluem; o Colina → Lipotrópico, converte a gordura hepática em fosfolipídios que contem colina evitando a esteatose hepática (degeneração gordurosa) o Metionina → doadora de radical metila de efeito antinecrótico do fígado o Lectina e biotina → lipotrópicos, liberam colina através de hidrólise o Vitamina B12 → lipotrópico, favorece a síntese de proteína hepática, sendo esta percursora da colina. o Vitamina E e selênio → efeitos antioxidantes e antinecróticos o Silimarina → Estabilizadora das membranas dos hepatócitos e de ação antioxidante.
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